VIII SOBER Nordeste
Novembro de 2013
Parnaíba- PI - Brasil
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NO SETOR SUCROALCOOLEIRO DE PERNAMBUCO
Carolina Juliana Lindbergh Farias (Universidade Federal Rural de Pernambuco) - [email protected]
Mestranda em Administração e Desenvolvimento Rural
Cézar Augusto Lins de Andrade (Universidade Federal Rural de Pernambuco) - [email protected]
Mestrando em Administração em Desenvolvimento Rural
José Reginaldo Moraes de Santos FIlho (Sindaçúcar ) - [email protected]
Economista
Rodolfo Moraes de Araújo Filho (Universidade Federal Rural de Pernambuco) - [email protected]
Pós-Doutorado em Administração e gestão territorial
VIII SOBER Nordeste
Pluralidades Econômicas, Sociais e Ambientais: interações para reinventar o Nordeste rural
Parnaíba – PI
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Responsabilidade Socioambiental no Setor Sucroalcooleiro de Pernambuco
Grupo de Pesquisa: Desenvolvimento Rural e meio Ambiente
RESUMO
A sustentabilidade no setor sucroalcooleiro está diretamente relacionada com o
desenvolvimento das dimensões empresariais frente a uma nova realidade mundial. Esses
novos paradigmas correspondem ao tripé da sustentabilidade denominado respectivamente
pelas dimensões: ambiental, social e econômica. Devido à necessidade de englobar esses
fatores nas organizações é repercutida a chegada de um novo momento, travado por diversas
transformações que englobam todos os tipos de organizações. No setor sucroalcooleiro
principalmente na região Nordeste do Brasil, a necessidade crescente de uma nova visão na
forma de gestão por parte dos gestores modifica cada vez mais o setor e trazem
consequentemente uma nova realidade frente à vivenciada anos atrás pelo setor. O presente
trabalho preocupa-se em identificar e analisar as usinas que estão ativas no estado de
Pernambuco para conhecer as ações que correspondem a essa nova realidade enfrentada pelo
setor, que engloba a responsabilidade socioambiental. Foram encontradas treze usinas ativas
no período de agosto a outubro de 2013, das quais oito foram entrevistadas, correspondendo a
aproximadamente 62% das usinas ativas no estado. Os resultados demonstram que apesar do
setor enfrentar profundas transformações, inclusive com mudanças nas atuações transferidas
do IBAMA para o CPRH, as atividades que estão sendo desenvolvidas são em sua maior parte
consideradas sustentáveis, tornando o ambiente bastante propício ao desenvolvimento de
pesquisas e a atuação de dinâmicas que geram inovações tecnológicas para o crescimento do
setor.
Palavras-chaves:
Gestão
Sustentável.
Setor
Sucroalcooleiro.
Responsabilidade
Socioambiental.
ABSTRACT
Sustainability in the sugarcane sector is directly related to the development of business
dimensions facing a new reality, especially those corresponding to the triple bottom line
called respectively the dimensions: environmental, social and economic. The need to include
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these factors correspond to a moment caught several changes in the biofuels industry
especially in the Northeast of Brazil. The growing need for a new vision in management by
managers, modify the sector and consequently bring a new reality facing the reality
experienced you years ago. The present study sought to identify and analyze the plants that
are active in the state of Pernambuco to know the actions that correspond to this new reality
faced by the sector, which encompasses environmental responsibility. Thirteen plants were
found active in the period August to October 2013, of which eight were interviewed,
representing approximately 80% of active plants in the state. The results demonstrate that
despite the industry be facing major changes, including changes in the performances of
IBAMA transferred to CPRH. The activities that are being developed are mostly considered
sustainable, making the environment very conducive to the development of research and the
role of dynamics that generate technological innovations for grow the industry.
Key words: Sustainable Management. Sugar and Alcohol Sector. Responsabilidade
Socioambiental.
1. INTRODUÇÃO
Historicamente a principal atividade econômica no estado de Pernambuco é advinda
do plantio da cana-de-açúcar, que vem sendo plantada na zona da Mata de Pernambuco há
quase cinco séculos.
Grandes transformações ocorridas na região desde o século XVI refletem atualmente
em elevadas melhorias, graças à necessidade de ampliação e crescimento da atividade
sucroalcooleira.
A agricultura baseada na cana de açúcar, uma das principais atividades nos dias atuais,
é detentora de um grande potencial para inovar e trazer maiores contribuições na esfera social,
econômica e ambiental. Através de um enfoque sistêmico, as usinas podem aumentar o
potencial produtivo, operando de forma a utilizar seus resíduos em geração de novas energias
voltados para o lado ambiental.
Segundo o Plano Nacional de Resíduos Sólidos: Diagnóstico dos resíduos Urbanos,
Agrosilvopastoris e a Questão dos catadores (2012):
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“Se todos os resíduos da indústria da cana no Brasil fossem
utilizados para a geração de energia, a potência instalada seria de 16.464
MW/ano, potencial que seria superior a usina de Itaipu. O setor já é
considerado auto-suficiente em termos energéticos, atendendo a mais de
98% da sua própria demanda de energia. Existe também um potencial para a
geração de excedentes que ainda é muito pouco utilizado”(Ipea 2012).
Verifica-se dessa forma que as usinas do estado de Pernambuco, podem realizar suas
atividades, com responsabilidade socioambiental empresarial, em consonância que
aproveitam um maior percentual dos resíduos gerados, trazendo maior rentabilidade.
No inicio da atividade canavieira no nordeste, vários fatores influenciaram para a
necessidade de uma mudança estrutural, pois a atividade era predominantemente intensiva no
meio ambiental e social.
Atualmente, várias mudanças foram inseridas na gestão e na cultura do Nordeste,
incluído a preocupação com o social, a escolha de uma melhor condição de vida, o respeito
aos direitos humanos, a preocupação com o ambiente, entre outras vertentes.
Essa mudança está caracterizada principalmente por novos métodos de gestão,
introduzidos no setor pela nova geração de administradores (filhos ou netos dos antigos
proprietários das usinas) formados nas universidades em diversas áreas das ciências sociais
(economia, administração, ciências agrárias, entre outras).
Através de uma gestão responsável e inovadora, incluindo a geração de novos
negócios com respeito ao meio ambiente e ao social, observa-se a modernização do setor que
trilha os caminhos de uma gestão que pode considerar-se como de responsabilidade
socioambiental empresarial.
Como resultado, as usinas ganham vantagem competitiva sustentável, atrelado à
geração de um maior número de empregos, maior renda, redução dos custos, entre outros
benefícios.
O presente trabalho visa estudar de que forma a gestão socioambiental tem se
caracterizado de fato como uma estratégia sustentável no setor sucroalcooleiro.
Pois, se considera que a gestão de forma sustentável pode gerar aumento da
produtividade da usina de cana-de açúcar, agregando valor e melhor qualidade na
empregabilidade, que em consonância com esses princípios atua com a preocupação
ambiental de forma inovadora e consciente.
Segundo Barbieri (2012), uma empresa sustentável é aquela que desenvolve uma gestão
com responsabilidade socioambiental empresarial, criando valor de longo prazo aos acionistas
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ou proprietários e contribuindo para a solução dos problemas ambientais e sociais, mais
especificamente segundo o autor, os negócios ou as empresas sustentáveis são as que
desenvolvem as seguintes ações:
• Satisfazem as necessidades socioambientais usando recursos de modo sustentável;
• Mantêm um equilíbrio em relação ao meio ambiente natural, com base em tecnologias
limpas, reuso de materiais, reciclagem ou renovação de recursos;
• Restauram qualquer dano ambiental por eles causado;
• Contribuem para solucionar problemas sociais em vez de exacerba-los; e
• Geram renda suficiente para se sustentar.
2. Setor Sucroalcooleiro em 2013
Segundo o Sindicato da indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco,
SINDAÇÙCAR, atualmente o setor representa a segunda matriz energética nacional
correspondendo a 18% da matriz principal, gerando exportações que somam US$ 15 bilhões
no território Brasileiro, correspondendo respectivamente a US$ 48 bilhões do PIB setorial.
O Brasil é considerado o principal produtor mundial de açúcar e o segundo produtor
mundial de etanol.
Segundo o Sindaçúcar em 2013 o Brasil detém em estrutura produtiva, 385 unidade
produtoras, que chegam a gerar aproximadamente 1,2 milhões de empregos diretos em todo o
território nacional, sendo aproximadamente 330.000 (trezentos e trinta mil) empregos diretos
só na região nordeste.
Os número de produtores de cana-de-açúcar em 2013 chegam a 70.000(setenta mil),
dos quais 18.000 (dezoito mil) estão localizados na região nordeste, ou seja , quase 26% do
total de produtores de cana-de-açúcar do Brasil estão localizados na região nordeste.
Abaixo na tabela 1- encontram-se os dados do setor sucroalcooleiro referente ao Brasil
em 2013, e os dados da região Nordeste/NE desde 2010. Esses dados foram apurados através
do banco de dados do Sindaçúcar e segundo o levantamento e acompanhamento da safra
brasileira da Companhia Nacional de Abastecimento, Conab.
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Tabela 1- Setor Sucroalcooleiro em 2013
Descrição
Produção
Brasil
Nordeste
Nordeste
Nordeste
(safra 2012/2013)
(safra 2010/2011)
(safra 2011/2012)
(safra 2012/2013)
de 589 milhões t
63 milhões t
67 milhões t
56 milhões t
de 38 milhões t
4,6 milhões t
5,2 milhões t
4,2 milhões t
de 23 milhões m ³
1,9 milhões m³
1,9 milhões m³
1,9 milhões t
cana-de-açúcar
Produção
Açúcar
Produção
Etanol
Produtividade
68 kg/ha.
56 kg/ha.
60 kg/ha.
49 kg/ha.
Área plantada
8.485 mil ha.
325 mil ha.
328 mil ha.
312,09 mil ha.
Fonte: Adaptado pelo autor com dados do SINDAÇÚCAR e CONAB.*( os dados correspondem a valores
aproximados)
No inicio da atividade açucareira o nordeste era o principal produtor nacional de
açúcar, foi a principal atividade econômica do país.
No inicio da década de 50, São Paulo ultrapassou a produção do Nordeste, pela intensa
necessidade de aumento de produção enfrentada durante a segunda Guerra Mundial e se
estendeu até os dias atuais. (MARANGONI, 2011).
A partir de 1964, onde o crescimento da demanda interna é acelerado a partir do final
da 2ª. Guerra Mundial, acarretando a redistribuição da produção, fazendo o Nordeste perder
mercado no Centro - Sul do Brasil.
Com o aumento da atividade advindas do PROALCOOL, o volume de produção se
reflete respectivamente nos resíduos gerados e nos problemas ambientais que passaram a ser
em grandes escalas.
Até então, ao longo do contexto histórico da atividade sucroalcooleira, não se observa
aspectos de envolvimento com o social e ambiental que motivassem discussões políticas sobre
a inserção dos mesmos na gestão do setor (GOMES, 2011).
Surgem concomitantemente com maior vigor as leis de proteção ambiental e
responsabilidade social empresarial em um setor caracterizado por utilização de intensa mãode-obra e recursos naturais, em uma cultura patriarcal, onde o proprietário da unidade
produtora de açúcar exercia um grande poder social em uma época marcada por grande
diferenciação social.
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Várias transformações ocorreram os antigos engenhos transformaram-se em usinas,
detentoras de alta tecnologia e hoje considera que o setor estabelece outra forma de gestão,
mais responsável e justa. Devido a vários fatores que influenciaram como: legislações mais
atuantes, uma nova geração de gestores dentro das usinas, decorridos através das novas
mudanças culturais, que as empresas precisam acompanhar para não se tornarem obsoletas.
Segundo Oliveira et al (2012), a temática socioambiental, principalmente sobre o foco
da sustentabilidade, está cada vez mais inserida nos diversos tipos de mercados e envolve
diversos stakeholders que impulsionam e direcionam as organizações para práticas de gestão
e estratégias visando a minimizar a degradação do meio ambiente e os problemas sociais.
3. Sustentabilidade Socioambiental
Nesse contexto a dimensão sustentabilidade se tornou um desafio para o setor,
pressionado pelos stakeholders, as empresas se viram obrigadas a rever suas estratégias,
tecnologias e produtos (MELO E FROES, 2010).
A junção da responsabilidade social, com a gestão ambiental de forma explícita e a
questão econômica de forma implícita, vem contribuindo para a formação de uma estratégia
sustentável que está cada vez mais se inserindo no setor.
A gestão sustentável passou a incorporar diversas dimensões e a estar presente no
planejamento estratégico das organizações, também é utilizada como instrumento de
agregação de valor à marca da empresa, definindo seu posicionando no mercado como uma
empresa comprometida.
Segundo Mattos (2009) cada vez mais influenciada pelas representações da sociedade,
as organizações, também formam e transformam as representações sociais, devendo
considerar a mudança na forma de pensar e agir das pessoas que constituem a comunidade, o
governo e demais instituições, que começam a valorizam a inserção as ações de
responsabilidade socioambiental nas empresas.
As empresas aderiram às chamadas ondas de sustentabilidade, caracterizada nos anos
80, com a criação do conceito de desenvolvimento social (DS) pelo World Conservation
Union – WCU, através do World Conservation Strategy, sob a perspectiva dominante: o
ambiental relacionado ao social (NETO E FROES, 2011).
Segundo Catalisa (2003) “Desenvolvimento sustentável é um modelo econômico,
político, social, cultural, ambiental equilibrado, que satisfaça as necessidades das gerações
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atuais, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias
necessidades,” (CATALISA, 2003).
Considera-se assim que uma atividade sustentável é aquela que pode ser mantida por
um longo período ou mesmo, um período indeterminado de tempo.
A sustentabilidade dentro de uma organização pode ser constatada através de ações
voltadas para três dimensões principais, que são: econômica, social e ambiental.
Denominando Triple Botton Line o modelo de sustentabilidade socioambiental que
engloba essas três dimensões, chamado de tripé da sustentabilidade, (JOHN ELKINGTON,
1990).
A sustentabilidade nesse artigo será analisada a partir destas dimensões representa no
Triple Botton Line, como mostra na figura1.
Figura 1- Triple Botton Line
ECONÔMICA
CRESCIMENTO ECONÔMICO
PROTEÇÃO AMBIENTAL
AMBIENTAL
COMUNIDADE E EQUIDADE
SOCIAL
Fonte: Elaboração própria
4. Metodologia
Quanto a sua natureza, pode-se classificar a presente pesquisa como sendo descritiva
de natureza qualitativa. Segundo Vergara (2009) “o tipo de pesquisa descritiva, expõe
características de determinada população. Pode também estabelecer correlação entre variáveis
a definir sua natureza. Mas não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve,
embora sirva de base para tal explicação”.
Para Leão (2006) a pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a descrição dos
fatos tal qual eles se encontram, o pesquisador estuda os fenômenos, mas não os manipula,
podendo apenas tentar estabelecer relações entre as variáveis.
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A pesquisa qualitativa segundo Lakatos e Marconi (2005) considera que a mudança
das coisas não pode ser indefinidamente quantitativa: transformando-se, em determinado
momento sofrem mudança qualitativa. A quantidade transforma-se em qualidade.
Segundo Silva e Menezes a pesquisa qualitativa considera que há uma relação
dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo
objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números.
Roesch (2005) afirma que as abordagens qualitativas e quantitativas podem ser
utilizadas em qualquer tipo de projeto.
A etapa inicial buscou-se estudar as teorias de gestão socioambiental empresarial e a
inserção desses conceitos nas organizações como estratégia competitiva.
O universo de pesquisa foi às usinas de cana-de açúcar e as destilarias do estado de
Pernambuco.
A metodologia adotada, para a construção de um referencial teórico, foi à pesquisa
bibliográfica buscando aprofundamento mais atual, partindo posteriormente para uma
entrevista in loco com o Instituto Brasileiro do meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA.
A definição da amostra se consagra por escolher aleatoriamente uma amostra das
usinas ativas no estado de Pernambuco que atualmente são treze, de forma que o percentual
ultrapassasse 50% das usinas ativas na região. A pesquisa se consagrou com entrevistas semidiretivas e aplicação de questionários estruturados em escala likert para futura análise de
dados em oito usinas, esse número representa um percentual de aproximadamente 62% do
total de usinas ativas em 2013 na região de Pernambuco.
5. Análise e Resultados
A
pesquisa
compreendeu
em
avaliar
três
dimensões
que
compreendem
respectivamente a dimensão ambiental, social e econômica do setor.
Através de entrevistas foram encontrados alguns fatores que podem se tornar entraves
na dinâmica do setor trazendo divergências na rentabilidade da região nordeste.
Dentre esses fatores podemos considerar como ponto forte a localização geográfica da
região que apresenta uma vantagem competitiva, pois por estar próxima ao porto de Suape
possui vantagens como: diminuição no custo de transporte, facilidade de escoação, redução de
perdas no transporte, contribuindo para a melhoria da viabilidade do negócio na região.
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Entretanto o setor apresenta ameaças que devem ser verificadas e analisadas para que
em um futuro próximo possam ser neutralizadas através de ações estratégicas de correção
aplicadas na região, mais especificamente em Pernambuco no Nordeste do Brasil. Esses
fatores que ameaçam o desenvolvimento do setor são compostos por topografias acidentadas e
clima instável, dificuldade de mão-de-obra, formas de colheita com baixa mecanização.
Na presente pesquisa foram questionadas oito usinas que através de um intervalo
Likert puderem averiguar como as ações correspondentes a cada variante estavam sendo
implementadas na usina. Na tabela 2 seguem as variantes questionadas em cada uma das três
dimensões citadas:
Tabela 2 - Variáveis analisadas da dimensão ambiental, social e econômica.
DIMENSÃO AMBIENTAL
Política Ambiental
Verificação da Política Ambiental
Parcerias com o meio ambiente
Grau de comprometimento com o ambiental
Avaliação do Impacto ambiental
Divulgação do desempenho ambiental
Manutenção de fauna e flora
Apoio voluntário de conservação ambiental
Uso de Defensivos Agrícolas Biodegradavéis
Uso de Herbicidas Biodegradáveis
Uso de ténicas eficientes com energia
Uso de adubo orgãnico no canavial
Párticas de técnicas de conservação do solo
Cuidados com a pulverização
Segurança e proteção nas pulverizações
Recolhimento e destinação de resíduos
Não utilização de queimadas
Cuidados nas queimadas
DIMENSÃO SOCIAL
Política Social
Clima interno da Usina
Compromisso voluntário com o social
Regulamentação interna
Regime salarial regional
Avaliação Interna dos funcinários
Comunicação com a comunidade
Estímulo da participação do funcionário com o social
Adaptação de deficientes e mulheres
Condições de segurança em equipamentos adequados
Ações sociais
Atendimento odontológico
Qualidade do plano de saúde
Treinamento dos funcionários
Mulheres na diretoria
Não utilização do trabalho infantil
Não utilização do trabalho forçado
Cumprimento do pagamento
Cumprimento das normas de saúde e segurança por lei
Legislação de contratação de deficiêntes
DIMENSÃO ECONÔMICA
Estratégia divulgada
Procedimentos de Qualidade
Relacionamento pós venda
Alinhamento dos objetivos com a estratégia
Lucro de novos negócios
Preocupação em gerar novos negócios
Importancia econômica dos resíduos
Realização de Pesquisas e Estudos
Fonte: Elaboração própria
Como resultado das respostas obtidas, os principais gestores das usinas entrevistadas
puderam analisar sob a ótica de cinco perspectivas que correspondem respectivamente:
discordar fortemente, discordar, não ter opinião, concordar ou concordar fortemente com os
levantamentos apontados durante a entrevista.
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Figura 2- Análise das dimensões Ambiental, Social e Econômica do Setor.
Fonte: Elaboração própria
Os dados obtidos revelam que na dimensão econômica nenhum gestor discordou
fortemente sobre a importância das ações levantadas para o setor, porém um total de 25% não
possui opinião formadas ou não desenvolvem ações como divulgação, pesquisas e estudos
sobre melhoramento e/ou mecanização, também não possuem normas de qualidade rigorosa
dos produtos oferecidos, bem como faltam desenvolver o relacionamento pós-venda e alinhar
os objetivos estratégicos com a geração de novos negócios através dos resíduos gerados na
busca do aumento da rentabilidade.
Entretanto os 62% das usinas entrevistadas chegam a atingir 75% das ações que foram
levantadas para que ocorressem sustentabilidade na dimensão econômica.
Dessa forma podemos considerar que existem ações que favorecem o desenvolvimento
econômico e não estão sendo postas em prática, porém, mais da metade de todo o setor
atingiram em média 75% das ações que favorecem a sustentabilidade da dimensão econômica.
Na análise da dimensão Social encontramos fortes evidências da atuação do setor,
pois, as usinas entrevistadas chegam a atingir 85% das ações sociais que são adequadas para
melhoramento do setor.
Na análise Ambiental a atuação das usinas em conformidade com a legislação e com a
preocupação ambiental chegam a atingir aproximadamente 65% das ações necessárias para
conquistar a sustentabilidade do setor, ficando em 17,4% o número de gestores que não
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souberam informar sobre as ações desenvolvidas na questão ambiental e apenas 18,8% das
ações consideradas necessárias para o desenvolvimento sustentável do setor não são
praticadas pelas usinas entrevistadas.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando consideramos o percentual de respostas obtidas, englobando as ações que são
praticadas em cada uma das três dimensões analisadas no setor, podemos constatar que a
pesquisa obteve uma amostra de 62% das usinas ativas no estado de Pernambuco. Dessa
amostra 75% das ações que correspondem à dimensão econômica são praticadas por essas
usinas. Na dimensão social, 85% das ações questionadas são desenvolvidas pelo setor. Na
dimensão ambiental, 63,9% das ações são praticadas efetivamente por 62% do total de usinas
ativas na região.
Fazendo uma média aritmética dos três percentuais levantados para encontrar um valor
geral que reflita o nível de sustentabilidade do setor, percebe-se que a amostra atingiu um
nível de sustentabilidade em 75%, considerando as variáveis levantadas em cada uma das três
dimensões.
7. Referências
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Plano Nacional de Resíduos Sólidos: Diagnóstico dos Residuos Urbanos
Agrosilvopastoris e a Questão dos Catadores ( Ipea,2012)
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