EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E MUNDO DO TRABALHO:
DIÁLOGOS DISCENTES E DOCENTES NA ESCOLA MUNICIPAL
SOLANGE COELHO
Edivânia Maria Barros Lima1 - SEC(BA)
Nilton de Oliveira2-SEC(BA)
Vladson Santos da Paz3 - SEMEDLF(BA)
Grupo de Trabalho - Educação de Jovens e Adultos
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
Dentre os diversos assuntos relacionados à Educação de Jovens e Adultos (EJA), um dos mais
discutidos diz respeito à necessidade de as escolas envolvidas com esta modalidade de ensino
contemplarem concepções, currículos e metodologias voltados para o mundo do trabalho.
Tanto os jovens, quantos os adultos, ao matricularem-se em uma escola desta modalidade
precisam ser preparados e qualificados para um mercado de trabalho que é cada vez mais
exigente, desafiador e competitivo. Todavia, observa-se que ainda hoje o ensino da EJA
abriga um grande tradicionalismo curricular e metodológico que acaba por oferecer ao
estudante um número excessivo de conteúdos dissociados de sua vida profissional. Este artigo
discute a importância do tema mundo do trabalho na Educação de Jovens e Adultos a partir
de uma experiência entre professores e alunos na Escola Municipal Solange Coelho,
localizada em Lauro de Freitas, na Bahia. Trata-se de um relato de experiência envolvendo
debates entre grupos discentes e docentes da instituição e aplicação e interpretação de
questionários respondidos pelos estudantes. O artigo objetiva levantar uma reflexão sobre
como vem sendo abordado o tema mundo do trabalho nas turmas de EJA dessa instituição,
refletindo sobre as principais necessidades dos estudantes envolvidos na pesquisa. Aponta,
ainda, caminhos para que temas relacionados ao mundo do trabalho sejam oferecidos na
Escola Solange Coelho de modo a atender às reais necessidade dos estudantes. O trabalho
expõe os principais temas voltados para o tema mundo do trabalho abordados na escola
durante o ano de 2015 e descreve aqueles que os estudantes desejam aprofundar no futuro.
Palavras-chave: EJA. Mundo do Trabalho. Escola Municipal Solange Coelho.
1
Mestre em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Profªda Prefeitura
de Lauro de Freitas, do Centro Juvenil de Ciência e Cultura, Salvador (SEC - BA) e do Plano Nacional de
Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR). E-mail: [email protected].
2
. Mestre em Geografia pela Universidade Federal da Bahia. Professor da Escola Solange Coelho (Prefeitura
Municipal de Lauro de Freitas) E-mail:[email protected]
3
Geógrafo e professor da Escola Solange Coelho (Prefeitura Municipal de Lauro de Freitas) e do Colégio
Adventista de Salvador. E-mail: [email protected]
ISSN 2176-1396
16528
Introdução
A Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB) define a Educação de Jovens e Adultos
(EJA) enquanto modalidade de ensino destinada às pessoas que não puderam ter acesso ou
continuidade aos estudos no ensino fundamental ou no ensino médio na idade própria
(BRASIL, 1996). Desde que foi implementada no Brasil, a EJA tem o objetivo de propiciar a
milhares de discentes a oportunidade de se alfabetizarem e/ou de crescerem intelectualmente a
partir de um tipo de ensino que deve estar voltado para as necessidades de uma vida juvenil e
adulta. Ainda assim, não são poucas as dificuldades pelas quais passam os estudantes dessa
modalidade.
Podem ser muitos os motivos que levam um aluno a abandonar seus estudos, sejam
eles de ordem social, econômica, emocional e, até mesmo, pedagógica. O fato é que retornar à
escola após anos fora dela ou depois de sequenciadas reprovações é um ato marcante e nem
sempre fácil para quem decide prosseguir sua vida escolar, pois, não raramente, discentes
nessa situação são levados a se acharem "incapazes", "atrasados" — pelos próprios rótulos
que a sociedade impõe aos não letrados.
Por outro lado, o ato de voltar a estudar pode ser motivado por diversas razões. Dentre
muitas, o desafio de estar cada dia mais qualificado e preparado para o mercado profissional é
uma das que mais determinam jovens e adultos a se matricularem na EJA. Nesse sentido, é
muito importante que as escolas estejam preparadas para acolherem os que decidem continuar
a jornada escolar e, principalmente, para lhes oferecer um tipo de ensino mais conectado às
suas necessidades profissionais.
Este artigo dialoga com as questões acima levantadas abordando a importância do
tema mundo do trabalho na EJA, tomando como ponto de partida o relato de uma experiência
entre professores e alunos de uma escola municipal em Lauro de Freitas, na Bahia. O trabalho
propõe uma investigação de como vem sendo abordado o tema mundo do trabalho em dez
turmas de EJA na escola supracitada e tem o objetivo de refletir sobre as principais
necessidades dos estudantes envolvidos na pesquisa, apontando caminhos para que temas
relacionados ao mundo do trabalho sejam oferecidos de modo a atender às reais necessidades
dos estudantes. A experiência foi proposta e sucedida por três professores da escola e
realizou-se através de debates entre grupos discentes e docentes da instituição; por meio da
aplicação e interpretação de questionários respondidos pelos estudantes; e pelo levantamento
de conteúdos relacionados ao mundo do trabalho mais explorados pela escola.
16529
Além deste tópico introdutório, o artigo será dividido da seguinte forma: inicialmente
far-se-á uma discussão sobre o tema mundo do trabalho na EJA; sequencialmente será
descrita e analisada a experiência realizada nas turmas de EJA da Escola Solange Coelho; e
nas considerações finais, refletiremos sobre a realização deste trabalho apontando alguns
caminhos possíveis para abordar de forma mais relevante o tema mundo do trabalho na escola
pesquisada.
A importância do mundo do trabalho na da Educação de Jovens e Adultos
Na sociedade globalizada e competitiva deste século XXI, estar preparado para o
mundo do trabalho é uma obrigação natural. Desde criança somos motivados e, muitas vezes,
pressionados a "escolher" uma profissão. Quando conseguimos um ofício e somos bem
sucedidos, temos o reconhecimento social; porém, quando ocorre o contrário, somos
comumente julgados como aqueles que não se esforçaram. Não raramente quando alguém se
encontra numa situação de desprestígio socioeconômico é muito comum ouvir frases do tipo:
"não tem sucesso profissional porque não estudou"; ou, "não levou a escola a sério, por isso é
um fracassado". Ou seja, questões desse tipo, relacionadas ao trabalho, são quase sempre
associadas à vida escolar dos sujeitos.
Trabalho e educação são temas convergentes abrigando vários pontos de intersecção,
ainda mais quando estamos nos referindo à EJA: “emprego”, "mercado profissional" e
"qualificação"são os tópicos usualmente associados à EJA e presentes em seu currículo. Com
o aumento da precarização do trabalho nas últimas décadas, os estudantes e também
trabalhadores dessa modalidade de ensino passaram a viver em condições sociais e
econômicas cada vez mais instáveis, trabalhando em condições parciais ou temporárias, sendo
alvo do desemprego no país (COSTA,2013).
Não obstante aos vários problemas sociais, não são raros os casos em que estudantes
voltaram a frequentar ou continuam frequentando a escola através da EJA para buscarem
qualificação e terem mais sucesso em suas vidas profissionais. Portanto, com um mercado
mais competitivo, instituições envolvidas com a EJA “devem suprir essa necessidade, visto
que o trabalho é o contexto mais importante da experiência curricular".(PARECER
CNE/CEB, 11/ 2000).
Segundo Méndez (2013), a EJA se depara com a exigência do mercado por uma
educação formal que contribua para a formação de sujeitos dotados de multifuncionalidade,
16530
adaptabilidade, disciplina e alta produtividade. (MÉNDEZ, 2013, p. 51).Portanto, professores
envolvidos com a EJA passam a ter uma responsabilidade ainda maior, pois não são poucos
os desafios para qualificar seu público-alvo a partir de uma nova lógica de mercado, a qual
exige cada vez mais, um perfil profissional conhecedor de múltiplas linguagens e habilidades.
Apesar dessas exigências, observa-se que ainda hoje o ensino da EJA abriga um
exacerbado tradicionalismo curricular e metodológico que acaba por oferecer ao estudante um
número excessivo de conteúdos dissociados de sua vida profissional. E estando os conteúdos
desconectados do mundo do trabalho do estudante, fará algum sentido estudar apenas para
concluir oficialmente o ensino fundamental ou o médio, por exemplo? Será útil ao aluno que
já se encontra fora da faixa etária recomendada frequentar a escola apenas para se deparar
com conteúdos e metodologias desfragmentadas de seu cotidiano profissional?
Acredita-se que não, pois toda aprendizagem deve ser dotada de significados e
sentidos. E para as escolas de EJA uma aprendizagem dotada de significados e sentidos é
aquela que acontece a partir da realidade dos estudantes, sujeitos imersos em uma sociedade
que a todo instante se transforma e que exige dos mesmos, novas formas de sociabilidade e
qualificação.
Assim, é muito importante que cada escola conheça sua realidade e conheça seus
estudantes a fim de poder fazer melhores intervenções e de propor projetos e metodologias
que auxiliem significativamente os estudantes naquilo que eles mais necessitam em relação ao
mundo do trabalho.
Diálogos Discentes e Docentes sobre o Mundo do Trabalho na Educação de Jovens e
Adultos da Escola Municipal Solange Coelho
Entendendo que é de suma importância que as instituições escolares de EJA conheçam
sua realidade, três professores da Escola Municipal Solange Coelho, localizada no município
de Lauro de Freitas, na Bahia, vem realizando no ano de 2015 uma experiência de diálogos
discentes e docentes a fim de propor intervenções que auxiliarão continuamente à comunidade
estudantil naquilo que mais anseiam em relação ao mundo do trabalho.
Proposta por uma professora de Língua Portuguesa e por dois professores de
Geografia do turno da noite da escola supracitada, a experiência, vem sendo fomentada
através da realização e mediação de debates entre grupos discentes e docentes da instituição e
por meio da aplicação de questionários. Os principais objetivos desta experiência são:refletir
16531
sobre as principais necessidades dos estudantes em relação ao mundo do trabalho e apontar
alguns caminhos para que temas associados ao mercado profissional sejam oferecidos nesta
instituição de modo a atender os anseios do corpo discente.
A Escola Solange Coelho está localizada no bairro da Itinga, na cidade de Lauro de
Freitas, na Bahia, e pertence ao quadro de escolas da secretaria de Educação dessa mesma
prefeitura. Com cerca de mil alunos matriculados em 2015, trata-se de uma instituição com
trinta e três anos de existência e com grande proximidade e reconhecimento da comunidade.
Funciona nos três turnos, sendo o turno da noite o que abriga a EJA. Nesta modalidade a
escola possui dez turmas de ensino fundamental, sendo quatro do ciclo III e seis do ciclo IV.
No ano de 2015 os professores envolvidos com a pesquisa decidiram dedicar um
maior tempo a temas voltados para o mundo do trabalho. Assim buscaram rever o
planejamento anual para atingir esse objetivo inserindo mais conteúdos sobre mercado
profissional e pensando em metodologias que fossem mais eficazes para qualificar os jovens e
adultos. Além disso, sentiram a necessidade de buscar um diálogo mais aberto tanto com
grupos de alunos como com grupo de professores a fim de mapearem a realidade EJA versus
mundo do trabalho na escola pesquisada.
No que diz respeito ao diálogo com os professores foram ouvidos quatro docentes,
além dos três responsáveis pelo estudo. Desses diálogos foi aprendido que os educadores tem
uma grande preocupação com o mundo do trabalho, mas que esta temática precisa ser muito
mais reforçada. Em depoimento, uma professora fez a seguinte afirmação: "acho que trago
muitos temas sobre o trabalho para a minha disciplina, mas sinto que esses temas precisam ser
reforçados envolvendo mais estudos de leitura e interpretação, pois os estudantes tem muita
deficiência em conhecimentos que são básicas".
Dos conteúdos relacionados ao mundo do trabalho mais abordados pelos professores
da escola estes foram os mais utilizados nas turmas de EJA na escola: currículos; entrevistas;
cartas de intenção de emprego; relatórios técnicos; tabelas; gráficos; legislação profissional;
direitos trabalhistas; matemática financeira; e economia. Como exemplo, cita-se o projeto
intitulado "A importância da Língua Portuguesa no Mercado de Trabalho", através do qual
uma das educadoras envolvida nesta pesquisa aborda uma série de gêneros textuais que
poderão ser utilizadas no dia-a-dia profissional dos estudantes.
No que se referem aos debates com os estudantes, foram muito proveitosos, pois
serviram para que os discentes percebessem que são importantes no processo de construção
16532
de propostas pedagógicas. Além dos debates realizados em sala de aula pelos professores
envolvidos na pesquisa, estes também aplicaram um questionário ao corpo discente em busca
de diagnosticar como o tema mundo do trabalho vem sendo abordado na escola.
Como fonte de pesquisa para analise 100 alunos da Escola Municipal Solange Coelho
(E.M.S.C) foram entrevistados nos meses de maio e junho de 2015. Como resultados
quantitativos serão apresentados dados das perguntas objetivas do questionário. Como analise
qualitativa será usada nesse tópico a analise dos resultados das perguntas subjetivas e dos
diálogos da professora Edivânia Barros e dos professores Nilton de Oliveira e Vladson Paz
com todos os alunos entrevistados.
Na análise quantitativa do questionário, fica explicito que o número de alunos do sexo
masculino que trabalha é maior que o de estudantes do sexo feminino (ver Figura 1 e 2).
Figura 1: Número de alunos do sexo masculino que trabalham
Fonte: Pesquisa – Escola Municipal Solange Coelho, 2015
Figura 2: Número de alunos do sexo feminino que trabalham
Fonte: Pesquisa – Escola Municipal Solange Coelho, 2015
16533
Os dados levantados corroboram para o entendimento de que na sociedade brasileira
existe uma continuidade das desigualdades de gênero, principalmente em áreas e/ou
comunidades de baixa renda.Em pleno século XXI, ainda é fácil perceber e dialogar com
problemas sociais típicos das primeiras décadas do século passado no Brasil, como, altas
taxas de fecundidade, gravidez e trabalho na adolescência, baixa especialização de mão de
obra. Nesse contexto, aplicar conteúdos que apresentem uma integração do alunado dessa
modalidade escolar (EJA) ao mundo do trabalho, não só amplia e valoriza a EJA, como pode
permitir uma mudança significativa em algumas das estruturas da sociedade brasileira. Assim,
escolas de EJA que primam por uma qualificação educacional voltada para o mundo do
trabalho, também passam a fazer parte de uma construção cidadã concomitante à construção
de um ensino fundamental/médio voltado para uma pré-qualificação profissional. Afinal de
contas, a maior parte dos alunos entrevistados e matriculados na EJA da Escola Municipal
Solange Coelho está na faixa etária de 15 a 19 anos (ver Figura 3).
Figura 3: quantidade de alunos por faixa etária e sexo
Fonte: Pesquisa – Escola Municipal Solange Coelho, 2015
Entre os entrevistados do sexo masculino, mais de 62% estão na faixa etária de 15 a 19
anos. Já, entre os do sexo feminino, essa quantidade em percentual cai para um pouco menos
de 32%. Nos diálogos com algumas entrevistadas, pode-se aferir uma análise qualitativa a
esses números. A maioria das mulheres tem ou tiveram filhos na adolescência, o que dificulta
tanto a inserção das mesmas no mundo do trabalho, como no próprio mundo acadêmico
(escola): “eu não tenho com quem deixar meus filhos, professor”, disse uma delas. Entretanto
é pertinente observar que muitas voltam à escola num tempo a posteriori, quando os filhos já
tem certa autonomia e “podem" ficar sozinhos, ou aos cuidados de uma vizinha ou uma
amiga.
16534
Essa árdua realidade pode explicar porque apenas 54,4% das mulheres com idade para
o trabalho responderam sim quando perguntadas se trabalham ou não. Dentre os homens
entrevistados, esse número é de 71,42% - (ver gráficos 1 e 2 ). Contudo, no contexto da EJA
versus do mundo do trabalho, o gráfico 4 é aquele que apresenta um resultado mais pertinente
para a construção desse artigo.
Figura 4: Tipo de ocupação por sexo
Fonte: Pesquisa – Escola Municipal Solange Coelho, 2015
Onde nossos alunos trabalham? Que trabalhos exercem? Quais os objetivos traçados
para o futuro? Dentro desse contexto, uma EJA que dialogue com a vida cotidiana dos alunos
bem como com suas expectativas em relação ao mundo do trabalho − aliadas a uma
conscientização de todos os atores envolvidos no processo de construção educacional de que a
escola deve ser a direcionadora para um conteúdo prático e associado ao mundo real do
educando−, não deve ser apenas de ações pontuais. Deve ser um projeto predominante,
contínuo e prioritário.
Uma das perguntas do questionário foi: "diga como a escola pode te ajudar a ter mais
sucesso na sua vida profissional". Dentre as respostas, observa-se que a maior necessidade
dos estudantes é que a escola traga para eles mais conhecimentos de tecnologia e línguas
estrangeiras, pois julgam que são linguagens muito cobradas no mercado profissional atual,
como se pode perceber: "gostaria que a escola me envolvesse mais com a tecnologia e com a
língua inglesa, pois todas as empresas cobram isso". Outro considerou: "a escola poderia
oferecer cursos de informática e curso de inglês para eu me empregar melhor no mercado de
trabalho". Alguns consideram que a escola "poderia oferecer cursos profissionalizantes".
Outras propostas são colocadas pelos estudantes, dentre as quais destacamos as seguintes:
16535
'a escola pode preparar mais a gente com atividades de leitura e escrita'; '
ensinando mais matemática voltada para o trabalho'; 'através de cursos ou oficinas
de pequena duração'; 'fornecendo mais conhecimentos sobre as diversas profissões'
'fazendo para os estudantes um guia para o mercado de trabalho; 'trazer assuntos
que me preparem para o mercado de trabalho'; 'a escola pode reforçar para que eu
me expresse melhor'; 'a escola pode me ajudar com mais internet'; ' conversando
mais com os alunos sobre emprego'; "ajudando no desenvolvimento do raciocínio e
nas coisas que vamos usar no futuro' ';"com técnicas de venda e comércio";gostaria
que a escola trocasse as matérias por conhecimentos na área do trabalho'; 'me
ensinando a ter mais responsabilidade'.4
Um estudante entrevistado faz uma crítica ao seu livro didático− "gostaria que tivesse
mais assuntos no livro sobre mercado de trabalho" − considerando que este material
pedagógico aborda superficialmente assuntos relacionados ao seu universo profissional.
É interessante também perceber que apesar das propostas, há alunos que já apontam
algumas atividades sobre o mundo do trabalho como positivas na escola: "a escola já vem me
ensinado, pois nas aula já estudo coisas muito importantes sobre o mundo do trabalho, como,
produção de currículo, ensaio de entrevistas para emprego, análise de gráficos e produção de
relatórios; um outro coloca: "já estou satisfeita em relação à escola me ensinar coisas
interessantes para o mercado de trabalho". Mesmo assim, espera-se que os dados levantados
nesta experiência sirvam para aprofundar o que já existe de positivo em relação à abordagem
sobre o mundo do trabalho na Escola Solange Coelho.
Considerações Finais
A problemática sobre EJA versus trabalho motivou três professores de uma escola
municipal em Lauro de Freitas, na Bahia, a debaterem sobre a importância deste tema na
Educação de Jovens e Adultos e a realizarem uma experiência entre professores e alunos em
uma escola municipal localizada em Lauro de Freitas, na Bahia. Os diálogos realizados por
meio de debates (com docentes e discentes) e aplicação de questionários (com discentes)
serviram de experiência para diagnosticar uma determinada realidade sobre o que pensam e
desejam os estudantes sobre o tema mundo do trabalho na Escola Solange Coelho.
Sobre o diagnóstico de como vem sendo abordado o tema mundo do trabalho na
escola pode-se perceber que já existe uma série de conteúdos incorporados aos currículos das
diversas disciplinas. Através de entrevistas aos estudantes percebeu-se que a escola vem
realizando: aulas que estimulam a produção de currículos, de cartas de intenção de empregos
4
Depoimentos retirados do questionário aplicado aos estudantes
16536
e simulam entrevistas para o mercado profissional; aulas em que os estudantes são
estimulados a produzir relatórios técnicos e a interpretar gráficos; que discutem direitos
trabalhistas, legislação profissional, etc.
Ainda assim, a escola tem um grande desafio pela frente, pois apesar de já abordar
temas sobre mundo do trabalho, faz-se importante a compreensão dos próprios anseios dos
estudantes, que revelaram na pesquisa um desejo por aulas mais relacionadas a assuntos como
“informática, ‘língua estrangeira”, por considerarem tais temas imprescindíveis para uma préqualificação profissional.
A experiência de realizar este estudo na Escola Solange Coelho foi muito proveitosa
para os professores envolvidos, pois através desta experiência pode-se vislumbrar a realização
de futuros projetos, mais aprofundados sobre a EJA e o mundo do trabalho, envolvendo
gestores, professores, estudantes e toda a comunidade escolar.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Brasília. 1996.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Parecer nº 11, de 10
de maio de 2000. Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação de Jovens e Adultos.
Diário Oficial da União, Brasília (DF), 10 de maio de 2000. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/eja/legislacao/parecer_11_2000.pdf Acesso em: 9
de julho de 2015.
COSTA, Claudia. Borges. Educação de Jovens e Adultos (EJA) e o mundo do trabalho:
trajetória histórica de afirmação e negação de direito à educação. Belo
Horizonte:Universidade Fumec, ano 10, nº 15. 2013.
MÉNDEZ, Natalia Pietra. Educação de Jovens e Adultos e o mundo do trabalho. In:
STECANELA, N. (org.) Cadernos de EJA 1. Caxias do Sul, RS: Educs, 2013, p.42-53.
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