Educaçse Matematica n"50
Os currÃ-culode Matemática
como tê evoluÃ-do
Joana Porf'rio
Nos último tempos tem aumentado o
debate em tomo das questõe ligadas
ao curr'culo de MatemáticaNeste
artigo, depois de uma breve introduà § i em que se procuram clarificar os
diferentes significados com que tem
sido usado o termo curr'culo, salientam-se algumas das principais caracterÃ-sticados currÃ-culode Matemáti
caportuguesesdesdeosanos50atÃ
aos nossos dias. Finalmente, procurase sintetizar o modo como, do ponto
de vista curricular, os dados estã
lançados
CurrÃ-culoque significados?
Ao longo dos tempos os currÃ-culode
Matemátic têm-s alterado de forma
significativa. De uma forma geral
podemos dizer que estas mudança
reflectem, sobretudo, alteraçõao
nÃ-vedas necessidades de ordem
social e polltica, ao nÃ-veda forma de
encarar a Matemátic e ao nivel das
teorias educativas. De facto, o
desenvolvimento curricular éem
primeiro lugar, fortemente influenciado
pelo contexto social: principais
problemas, necessidades e caracterÃ-s
ticas. També a forma como se
encara o que à importante em matemátic e quais as principais caracterÃ-s
ticas da sua natureza influenciam a
prioridade dos temas a incluir no
currÃ-cul e a forma de os trabalhar.
Finalmente, todo o conjunto de ideias
ligadas ao modo como deve decorrer
o processo de aprendizagem (como
aprendem os alunos, qual o papel do
professor e dos alunos, quais as
estratégiaque contribuem para
facilitar a aprendizagem, ...1. desempenha també um importante papel
na construçÃdos cum'culos
Tanto os conteúdo currÃ-cularecomo
o entendimento do que à um currÃ-cul
tê mudado significativamente.
Durante bastante tempo este foi
identificado com o "programa", sendo
constituido por conteúdo organizados por temas, anos de escolaridade
e/ou ciclos. Posteriormente surgem
argumentos defendendo que os
conteúdo e os métodonã podem
ser vistos isoladamente e que ambos
sà podem ser planificados de forma
adequadaquandosãoclaroso
objectivos educacionais. em geral, e
os da educaçÃmatemáticaem
particular. D'Ambrósi (1994) ilustra
esta forma de entender o cum'culo
recorrendo a uma representaçÃ
cartesiana tridimensional em que os
eixos correspondem as trê dimensõe a considerar: objectivos (o),
conteúdo (c) e método(m). Neste
modelo, a cada "ponto" do currÃ-cul
està associado um temo (0,c.m).
Analisar o processo
curricular passado Ã
sobretudo importante na
Mais recentemente tem-se defendido
que
o conceito de currÃ-cul deve estar
medida em que pode
intimamente ligado 6 forma de
contribuir para
estruturar e desenvolver a prátic
educativa. O currÃ-cul n i o existe
perspectivar o futuro.
independentemente dos professores
Como evoluir de uma
e dos alunos. Pelo contrárioele
deverÃ
ser entendido como o conjunto
pratica curricular
de experisncias de aprendizagem
fortemente centralizada
(basicamente organizadas pelo
professor e que portanto reflectem a
para uma concepçà mais
sua intervençÃno que constitui o
descentralizada e
currÃ-culoe as actividades que os
alunos desenvolvem (e que reflectem
dinâmica O que deve ser
a intervençÃdo aluno no que à o
hoje o currÃ-cul de
currÃ-culo)
Matemátic do 1O ao 12 O
Procurando de alguma forma ultrapassar a questio do sentido a atribuir ao
anos de escolaridade?
termo currÃ-culoe encarando-ocomo
Qual deverà ser hoje a
orientaçÃunificadora do ' Este texto foi elaoofado a partir oe uma confer6ncia realizada no 1- Fbrum 'Maternatica qi.e
currÃ-culo oesafios7' organizado pela Csmara Municipa oe -ema e pe a APM em Aonl de 1997
32
Novembro/Dezernbro de 1998
EducaçS e Matemátic n"SO
um processo continuo de decisã em
que intervê diversos actores, vário
autores estabelecem distinç'e entre
diferentes nÃ-veide currÃ-culoPor
exemplo, o ICMI (1986) considera
que, num primeiro nivel, temos as
intençõdos autores expressas nos
documentos oficiais - o curr'culo
enunciado. Num segundo nivel.
temos o modo como as orientaçõ
oficiais sã concretizadas - o
curr'culo implementado. Finalmente.
num terceiro nÃ-veltemos o que de
facto os alunos aprendem - o
curr'culo adquirido.
TradiçÃcurricular portuguesa
A nossa tradiçÃtem-se baseado no
lançamentde reformas macro
incidindo sobretudo ao nÃ-vedas
mudançados conteúdo do currÃ-cul
nacional. Lançauma reforma tem
sido, em grande parte. entendido pelo
Ministérida EducaçÃ(ME) como
uma mudançpor decreto. A atençÃ
dada a aspectos como os da formaçÃe envolvimento dos professores,
da avaliaçãda organizaçÃda
escola, da divulgaçÃe produçÃde
diferentes tipos de materiais de apoio,
tem sido pouco cuidada ou, quanto
muito, bastante desarticulada. Embora
professores e educadores venham
criticando esta forma de encarar o
curr'culo e o seu desenvolvimento sÃ
recentemente o ME parece ter dado
corpo a uma perspectiva mais global.
De facto, em documentos publicados
recentemente, reconhece-se que o
currÃ-cul deve ser entendido como um
projecto de promoçÃde aprendizagens em que os professores devem
participar activamente.
Mesmo a nÃ-ve"oficial" a forma de
entender o currÃ-cul parece estar a
mudar. De uma atençÃfortemente
centrada no curr'culo enunciado
nacional, começa a delinear-se
processos de desenvolvimento
curricular que tenham em conta o
professor, as suas interpretaçõe
os
métodoque usa. os materiais que
utiliza e as condiçõparticulares em
que trabalha.
Como evoluir de uma prátic cumcular fortemente centralizada para uma
mais concepçÃmais descentralizada
e dinâmica Tradicionalmente o
professor tem sido encarado como
consumidordo currÃ-culoComo
evoluir para uma situaçÃde maior
intervençÃcurricular'?
Estamos sem dœvid numa fase de
mudançao nÃ-vecurricular. PoderÃ
pois ser importante conhecer o nosso
passado em termos curriculares. As
linhas que se seguem sã uma
tentativa de ajuda neste sentido.
Os currÃ-culo de matemática
breve incursã num passado
recente
A matemáticck.sica
Situemo-nos nos anos 50 e principios
dos anos 60. De uma forma geral,
podemos dizer que se esperava que
a escola proporcionasse aos jovens a
formaçÃnecessári para se tomarem
trabalhadores nos campos, nas
fabricas ou nas lojas. Era sobretudo
importante desenvolver, na generalidade dos alunos, competência
básica na leitura, na escrita e na
aritmetica. Os estudos mais avança
dos estavam destinados a um pequeno númer de alunos privilegiados
para os quais se desenhavam. desde
cedo, grandes possibilidades de virem
a ocupar lugares de destaque ao nivel
cultural, polÃ-ticou económico
De uma forma geral as principais
ideias relativas ao processo de ensino
aprendizagem da matemátic prendem-se com uma visã do professor
como algué que "explica a matéria
que deve ser compreendida pelo
aluno. Este, deve memorizar vário
factos e fazer tantos exercicios
quantos os necessário para dominar
as técnicaque lhe sã exigidas.
Os currÃ-culode Matemátic sã
essencialmente constituÃ-dopor uma
listagem de conteúdo organizadas
por anos e ciclos de escolaridade.
dado particular relevo ao domÃ-nide
técnicarotineiras de cálcul e as
caracterÃ-sticadedutivas da Matemáti
ca (sobretudo realçadana geometria).
c
Vejamos o que se passava nos vário
nÃ-veide ensino.
f
*
PROBLEMAS
a) de iniciaçÃ
Com os nossos livros fizemos 8 pacotes de 36 livros cada um.
Queremos saber quantos livros empacotámosque operaçÃdevemos
fazer?
Que nome tem nessa operaç' o
numero de livros de cada oacote?
Porquê
E o númer de pacotes? Porquê
Que nome se dà ao resultado?
Efectue a operaçã
Quantos livros empacotámos
b) de verificaç'
l0
- Num passeio escolar empregaram-se 14 camionetas e cada uma
transDortou 26 alunos.
k u a n t o s alunos foram de excursio?
1
Quadro 1 Livro de texto da 2' classe, 1962
O programa do ensino Primári
(decreto-lei no42 994, 28 de Maio de
1960) estava organizado em dois
grandes temas: Aritmétice Geometria. Na parte final, incluÃ-dano
subtÃ-tul Instruçóeeram apresentadas algumas consideraçõde
carácte metodológicoOs número e
operaçõeram o tema dominante e
grande parte do ensino era virado
para o domÃ-nide técnicade cálculo
Saber "fazer contas" era fundamental. Apó uma listagem de conteúdo
ligados a aprendizagem dos número
e das operaçõaritméticaelementares aparece no programa de cada
classe um item final de problemas ou
problemas de aplicaçÃdestes
conhecimentos, sobre o qual sã
dadas as seguintes instruçóe
Os programas de todas as classes
terminam com a rubrica "Problemas". Nãse trata de uma razãde
ordem. Pelo contrário sempre o
ensino da Aritméticdeve ser feito
por meio de problemas convenientemente preparados e oportunamente propostos.
(programado Ensino Primário1960)
Mas. se consultarmos os livros de
texto da altura, à sobretudo realçad a
ideia de que cada problema se resolve
por meio de uma operaçÃ(nos
problemas mais complicados mais do
que uma operaçãe que resolver um
EducaçÃe Matemátic n"50
problema significa identificar qual a
operaçÃque se deve usar e efectuaIa. O exemplo apresentadono quadro
1 Ã bastante esclarecedor.
^
Novembro/Dezembro de 1998
desenvolvimento do raciocÃ-nioa
valorizaçÃda Históri da Matemática
Nos quadros 2, 3 e 4 transcrevem-se
algumas dessas orientaçõe
l0
Ciclo (actuais 5' e 6
 anos)
\
Com o ensino da matemátic neste ciclo pretende-se que o aluno adquira o
hábit de observar factos e generalizar resultados; de sistematizar e classificar
as propriedadesestabelecidas experimentalmente; e, sem deixar de estimular a
curiosidade e o interesse, pretende-se ainda habituar a criança concentrar-se
sobrea matériem estudo, a executarcom ordemecuidadoasexperiênciasqu
constituem o fundodesteensinoea registarno seu livro ou no seu caderno, com
métode asseio e em linguagem adequada ao seu desenvolvimentomental. nã
apenas as experiência em que tomou parte ou viu fazer no curso, mas també
o que se pode inferir delas e esteja no âmbit do programa C..)
Recomenda-separticularmentetodo o cuidado com o rigor das definiç'e e com
o modo de sistematizar e coordenar os conhecimentos que os alunos vã
adquirindo por via experimental. E també indispensáve obrigá-lo a fixar
determinadas propriedades e conceitos.
Y
Quadro 2: Programa do Ensino Liceal, 1954
O estudo da Geometria, bem menos
desenvolvido que o de Aritmética
começav na 3' classe. Sobre este
tema eram dadas as seguintes
instruçóe
A geometria ... nã pode ser ensinada pelo métodque lheéprópri
isto édedutivamente. A isso se
opõ o carácte elementar do programa, por sua vez imposto pela
idade dos alunos. Os processos a
utilizar serãa observaçioa análi
se e ainda a imaginaçà criadora
das crianças
(programadoEnsinoPrimário1960)
Apó o Ensino Primárioos alunos
podiam optar por seguir o ensino
liceal ou o ensino técnicoeste último
com um carácte fortemente
profissionalizante.
Quanto ao programa de Matemátic
do Ensino Liceal (decreto-lei no39
807, de 7 de Setembro de 1954). ele
era essencialmente uma listagem de
conteúdo a tratar em cada ano. No
final desta listagem incluÃ-am-s
algumas observaçõpara cada um
dos ciclos (o 1' Ciclo correspondia ao
2 ciclo correspondia
1 e 2' anos; o '
Â
aos 3'. 4' e 5' anos e o 3 O ciclo ao 6
e 7' anos). E interessante verificar que
nestas observaç6e se focam aspectos que ainda hoje sã actuais: a
importãnci da experimentação
No entanto, à de realçaque algumas
destas boas intenç'e eram
justificadas atravéde uma visã da
Matemátic e da sua aprendizagem
que hoje se contesta. O exemplo da
geometria à elucidativo. De facto, o
recurso a observaçãexperimentaçÃe anális justificavam-se enquanto
a idade dos alunos nã permitia o uso
do métodpmprio da geometria: o
dedutivo.
Serà també interessante verificar a
forma como o currÃ-cul era interpretado nos compêndio aprovados
oficialmente (livro único) E. se
observarmos o compêndi de Z0 ano
do liceu ( I o ciclo) nã se identifica, por
exemplo, nenhum apelo a experimentaçÃpor parte dos alunos. Cada
propriedade a estudar era ilustrada
com base num exemplo. Depois, a
propriedade era enunciada e faziam-se
exercÃ-cioem que ela era aplicada. O
exemplo da figura 1 ilustra a organizaà § i geral seguida ao nÃ-veda prátic
escolar:
1' -apresenta-se um desenho de um
prisma recto e a sua planificaçã
Define-seáre lateral e áre total:
'
2 - apresenta-se a conclusã de que
a áre do prisma tem por medida o
produto da medida do perÃ-metr da
base pela medida da aresta lateral;
3' - calcula-se, para o exemplo
apresentado, a áre lateral;
4Â - apresentam-se exercÃ-ciopara
calcular a áre lateral de diferentes
prismas.
Ainda no campo da geometria, muitos
se lembrarãda sucessã de
teoremas e demonstraç'e que eram
ensinados no 5-ano dos liceu. O
tratamento formal era de tal forma
vincado que poucos "viam" alguma
coisa de geometria no espaço
Mas, a verdade à que ao longo de
todo o ensino liceal. a grande ênfas
se situava no domÃ-nide técnicade
cálculoAo cálcul numéricda
aritméticseguia-se o cálcul algébri
co, as regras de derivação cálcul
com express'es trigonométricae
com logaritmos. As horas dedicadas
a exercitar as técnicade cálculo
resolvendo os exercÃ-ciodo "Palma
Femandes" (figura 2). fazem ainda
parte da memóri de alguns de nós
Apesar de o ensino ser fortemente
orientado para o domÃ-nide técnica
de cálculotanto em Portugal como
noutros paÃ-seso ensino da matemáti
ca era contestado oor se identificarem
poucas competência nos alunos,
precisamente ao nÃ-vedo domÃ-nido
2'
-^s
Ciclo (actuais 7' € e 9Âanos)
Na organizaçãodes
programa teve-seem vista que0 papel formativo da geometria
supera, e muito, o da álgebra
O rigore o sentido lógic das demonstraç'e de geometria elementardio aos alunos
hábito de precisã de ideias e de linguagem, permitindo-lhes aplicar com êxit o
raciocÃ-ni lógico-dedutiv nã sà a outras ciência como a questõeda vida real.
O professor deve acautelar os alunos, por meio de exemplos adequados, contra os
usadas no lociclo.levandoperigosdaintuiçi3osensÃ-veledaverificaçãoexperime
(os deste modo a criar no espÃ-rita necessidade da demonstraçÃlógica
Quadro 3: Programa do Ensino Liceal. 1954
EducaçÃe MatemAtica n"50
Novembro/Dezembro de 1998
-
palavras matemática tã
comuns como as de conjunto, relaçá grupo ou
espaçvectorial. Nãadmiraqueele sesintadesanimado quando contacta
com a matematica ao nÃvel do ensinosuperior (discursode Dieudonnétrans
crito em Howson, Keitel e
Kilparick, 1980, p. 102)
defendiam um maior desenvolvimento
tecnológic (em grande parte devido a
apreensá que o lançamentdo
primeiro satélitartificial pela Uniã
Soviéticcausou no Ocidente e
sobretudo nos Estados Unidos da
América)originaram um movimento
de modernizaçÃdo ensino da
matemática De acordo com as ideias
bourbakistas, a matemátic escolar
devia traduzir a própri essênci da
matemáticadevendo ser apresentada
O trabalho realizado por
de
uma forma unificadora recorrendo
um grupo de matemático
a linguagem da teoria de conjuntos e
franceses
(do
qual
Figura 1
da lógic e privilegiando o papel das
Dieudonnà fazia parte).
estruturas algebricas. Por outro lado,
cálculo Entretanto, no ensino univerassinadocom o pseudónim de
investigaç'e
psicológica sobre a
sitári tinham sido introduzidos temas
~
i~ ~ ~~ ~realçav
b ~~ aknecessi.
il ,
~
~
forma
como
as
criançaaprendem,
resultantes da investigaçÃmatemati- dade desta nova linguagem
que
suportavam
ca mais recente
també a imporcomo a teoria de
3' Ciclo (actuais 10- e 11" anos)
tánci
das estrutuconjuntos, a lógic
Oestudoda matemátic no3°ciclodevecontribuirpar uma ginástic intelectualque ras. No trabalho
e a teoria probabililhepermitaraciocinarcom precisãeclareza, tantonocampocientÃ-ficocomnavida desenvolvido por
dades e os mateprática
Piaget, era bem
mático reclamaPretende-seque o aluno nã sà fique de posse de um certo númer de princÃ-pioe patente a corresvam a necessidade
teorias, em que serà geralmente exigido o rigor pr6prio desta disciplina, mas que pondênci entre
de o ensino da
tenha desenvolvido a iniciativa pessoal e a faculdade de raciocinio, de modo a poder as estruturas
matematica nos
iniciar com confianços estudos superiores Ã-...
niveis mais elealgébricae os
Como a assimilaçÃde uma ciênci sà à perfeita se a teoria e a prátic se auxiliarem mecanismos
mentares preparar
e complementarem mutuamente, um dos tempos semanais seri destinado a aula
devidamente os
operatório da
prática
alunos para o
inteligência
estudo destes
Os factos da históri da matemátic relacionados com os assuntos a estudar.
Em Portugal, nos
novos temas.
quando adaptados a mentalidadedos alunos, constituem um poderoso auxiliar para
Dieudonnéno
uma boa compreensãde certas questõee, porvezes, també um incitamento ao anos 60. foi
introduzida a
seminári de
trabalho.
matemátic
Royaumont
Quadro 4: Programa do Ensino Liceal, 1954
moderna em
realizado em 1959.
alaumas turmas
argumentava:
do 3Âciclo do ensino liceal, numa
permitia integrar de uma forma
Nos ultimos 50 anos, os matemáti
experiênci conduzida por Sebastiã e
cos foram-seorientandonãso para
coerente e rigorosa os principais
Silva. A partir do inicio dos anos 70.
a introduçà de novos conceitos
desenvolvimentos da matemática
foi
feita a sua generalizaçÃa todos
matemático como para a introduArgumentavam que, contrariamente
os
nÃ-vei
de ensino. Os programas
çà de uma nova linguagem, uma
ao que acontecia anteriormente em
linguagem que se mostrou necesque a cada ramo das
sári a investigaçÃmatematica e
matemática estava
cuja eficáci de representar as ideiassociada uma linguagem
as matemática de uma forma preformal que lhe pertencia
cisa eclara tem sidosucessivamenexclusivamente, hoje se
te testada e que tem neste momensabia que, logicamente
to uma aprovaç' universal.
falando, quase toda a
Mas ate agora a introduçÃdesta
matemátic podia derivar
nova terminologianãtemtidoqualde uma fonte únic - a
quer repercussã nas escolas seTeoria de Conjuntos.
cundária onde se continua a usar
uma linguagem obsoleta e
A Matemátic Moderna
desadequada. Logo. quandoumalunoentra nauniversidade, muitoprovavelmente nunca ouviu falar de
Novembro/Dezembro de 1998
EducaçÃe Matemátic n"50
desta épocacom pequenos ajustes
realizados apó o 25 de Abril, estiveram em vigor atà a reforma iniciada
em 1989.
A introduçÃda matemátic moderna
começopor uma fase experimental,
coordenada por Josà Sebastiã e
Silva. Nesta fase experimental, a
mudançao nÃ-vedos conteúdo foi
acompanhada de uma reflexã em
tomo dos metodos a usar. No guia
para a utilizaçÃdo compêndi de
matemátic eram indicadas 16 normas
gerais, muitas das quais continuam
actuais passados cerca de 35 anos. A
tÃ-tul de exemplo, veja-se o quadro 5.
No entanto, na fase de generalizaçÃ
dos programas da matemátic moderna, esta preocupaçÃcom os méto
dos nã foi valorizada. No inÃ-ci dos
anos 70 realizaram-sevária acç'e
de formaçÃcontÃ-nu de professores,
mas o grande objectivo destas
formaç'e era uma actualizaçÃ
cientÃ-fic relativa aos novos temas
introduzidos nos programas: teoria de
conjuntos, relaçõbináriaslógic
matematica, transformaç'e geomé
tricas.
No Ensino Primáriodesde 1975 atà a
reforma iniciada em 1989 sã publicados 3 programas onde à clara a
introduçÃdesta renovaçÃda
Matemática Estes programas,
f
Normas Gerais
1. A modernizaçÃdo ensino da matemátic terà de ser feita nã sà quanto
a programas, mas també quanto a
metodos de ensino. O professor deve
abandonar, tanto quanto possÃ-velo
métodexpositivo tradicional, em que
o papel dos alunos à quase cem por
cento passivo, e procurar, pelo contrá
rio, seguir o métodactivo, estabelecendo diálog com os alunos e estimulando a imaginaçÃdestes, de modo a
conduzi-los, sempre que possÃ-vela
redescoberta.
2. A par da intuiçÃe da imaginaçÃ
criadora, hà que desenvolver ao máxi
mo no espÃ-rit dos alunos o poder de
anális e o espÃ-rit critico. C.. )
Quadro 5: Guia para a UtilizaçÃdo
Compêndi de Matemática 1964
conhecidos pelo nomes das cores das
suas capas (laranja, limã e verde)
diferem essencialmente na filosofia
quanto ao regime de fases: programa
laranja - duas fases; programa limã fase única programa verde - regime
de 4 classes.
Nos restantes nÃ-veide ensino os
programas publicados sã reajustados
por diversas vezes sobretudo com o
objectivo de diminuir a sua extensão
Nos compêndio escolares, entretanto publicados, à bem visÃ-vea introduçÃdos conteúdo mais ligados a
matemátic moderna. Por exemplo, se
folhearmos os livros de Matemátic
do Ciclo Preparatóriopodemos ver a
grande importãnci dada aos conjuntos e aos sÃ-mbolologicos.
De uma forma geral, podemos dizer
que passaram a ser tratados outros
conteúdo mas que continuou sempre
presente a ênfas no domÃ-nide
técnicasO "Palma Fernandes",
embora com algumas actualizaç'es
continuava a constituir o exemplo do
tipo de trabalho que o aluno devia
fazer.
Os anos 80
A nÃ-veinternacional, nos anos 80,
assistiu-se a um importante movimento de reforma no ensino da Matemáti
ca. O inÃ-cideste movimento e
marcado pela publicaçÃda "Agenda
para Acçã(1980). Segue-se a
publicaçÃdo relatóri Mathematics
Counts (1982) e das Normas para o
currÃ-cul e avaliaçÃescolar C1 989).
Nesta altura o afastamento da comunidade portuguesa ligada ao ensino da
matematica relativamente ao que se
passava a nÃ-veinternacional diminui
significativamente. Em Portugal
realizam-se vário encontros importantes sobre o ensino da Matemática
o primeiro encontro nacional da
Sociedade Portuguesa de Matemátic
C1 980). o colóqui de homenagem a
Sebastiã e Silva (1982). o 35'
CIEAEM (19831, um encontro sobre a
utilizaçÃdos micro computadores no
ensino, organizado pelo Departamento de EducaçÃda FCUL e em 1985 o
1' PmfMat. Em 1986 foi criada a
AssociaçÃde Professores de
Matemátic (APM). Um númer
crescente de professores começ a
discutir os vário aspectos relacionados com o ensino da Matemática Em
Portugal, tal como noutros paÃ-ses
gera-se um movimento que reclama
uma renovaçÃcurricular. No Seminá
rio de Vila Nova de Milfontes, realizado em 1988 e promovido pela APM,
um grupo de 25 professores de todos
os nÃ-veide ensino, organiza o
documento "RenovaçÃdo CurrÃ-cul
de Matemática" Nele, estã
indicadas as principais orientaç'e
curriculares dos anos 80.
Em primeiro lugar, destaca-se a
importânci central a atribuir a resoluçÃde problemas, entendida como
um meio de proporcionar aos alunos
uma verdadeira experiênci matemáti
ca com bastantes semelhançacom a
actividade criativa dos matemáticos
Nesta altura a resoluçÃde problemas era um aspecto bastante debatido por professores e educadores
matemáticosa partir do trabalho
desenvolvido por Polya.
Outro aspecto muito forte nas recomendaçõcurriculares dos anos 80
resulta do desenvolvimento
tecnológico No processo de ensinoaprendizagem devem ser usadas as
calculadoras e os computadores que
entretanto sã cada vez mais acessÃveis a todos. A possibilidade da sua
utilizaçÃaltera significativamente a
ênfas a colocar em alguns conteúdo
e toma certos tópico mais relevantes.
Defende-se també que a evoluçÃ
da própri matemáticaonde assumem importãnci novos temas, deve
ter influênci nos currÃ-culosEstes
devem dar ênfas a tópico como a
matemátic discreta, a estatÃ-stic e as
probabilidades.
Finalmente, salienta-se que os
resultados das investigaç'e sobre o
processo de aprendizagem devem
influenciar a forma como se organiza o
trabalho com os alunos. Se à dada
ênfas a resoluçÃrepetitiva de
exercicios, os aiunos
aprendem um
conjunto de técnicaque lhes permitem resolver exercÃ-cios-tipe à essa
a imagem com que os alunos ficarã
Eduwç' e Matemátic n¡5
Novembro/Dezembro de 1998
,
Umagrandedescoberta resolve um grande problema, mas hÃsempre uma pitada
de descoberta na resoluçà de qualquer problema. O problema pode ser
modesto, mas se ele desafiar a curiosidade e puser em jogo as faculdades
inventivas, quem o resolver por seu próprio meios, experimentarà a tensã e
gozarà o triunfo da descoberta. Experiência tais, numa idade susceptÃ-vel
poderãgeraro gosto pelo trabalho mental e deixar, portoda a vida, a sua marca
na mente e no carácter
Um professor de matemátic tem uma grande oportunidade. Se ele preenche o
tempo que lhe à concedido a exercitar os seus alunos em operaçõrotineiras,
aniquila o interesse e tolhe o desenvolvimento intelectual dos estudantes,
desperdiçandodessa maneira, a sua oportunidade. Mas se desafiara curiosidade dos alunos, apresentando-lhes problemas compatÃ-veicom os conhecimentos destes e auxiliando-os por meio de indagaçõestimulantes, poderà incutirlhes o gosto pelo raciocÃ-ni independente e proporcionar-lhes meios para
alcançaesse objectivo.
Quadro 6: A arte de resolver problemas, George Polya
da MatemáticaSerà pois importante
criar ambientes de aprendizagem que
possam ser significativos para o
aluno, que tenham em conta os seus
interesses e vivência e que permitam
ao aluno um papel activo na construçÃdo seu conhecimento matemático
Nos finais dos anos 80. estas perspectivas contrastavam fortemente
com os programas ainda em vigor na
épocatomando urgente uma profunda renovaçÃcurricular.
Os currÃ-culoactuais
A reforma curricular portuguesa
iniciada em 1989 parece ter tido em
conta, pelo menos do ponto de vista
teóricoque os processos de inovaçÃcurricular vã bem mais longe que
uma simples mudançde programas.
Por exemplo, divulgaram-se documentos teórico sobre a reforma, foram
pedidos pareceres a diferentes
organismos e associaçõprofissionais. foram testados alguns programas antes da sua generalizaçãMas
a coerênci global do processo de
reforma e da sua implementaçÃfoi
justamente questionada. Mais uma
vez. apesar das intençõiniciais em
contrárioao nÃ-vedos professores,
esta reforma assumiu a forma de
mudançpor decreto. Foram chegando as escolas os novos curr'culos.
novas directrizes em relaçÃa
avaliaçÃe ao processo de ensinoaprendizagem. Mas na sua
globalidade o processo continuou a
ignorar a necessidade de envolvimento dos professores.
Vejamos algumas das principais
caracteristicas dos actuais currÃ-culo
de Matemática
Ao nÃ-veda forma passaram a incluir
finalidades, objectivos gerais e
especÃ-ficosorientaç'e
metodológica e normas para a
avaliaçãAs orientaçõ
metodologicas, bastante mais desenvolvidas do que nos currÃ-culoanteriores (em que basicamente tinham
como objectivo precisar o desenvolvimento a dar aos conteúdos)prop'em
exemplos concretos que podem ser
explorados na aula. materiais que
podem ser utilizados e clarificam
algumas conexõeentre os tópicos
De acordo com as tendência actuais
sobre a natureza do processo de
aprendizagem, apontando no sentido
de que o desenvolvimento de capacidades cognitivas nã pode ser
desligado de diversos aspectos nã
cognitivos, no actual currÃ-cul considera-se que os conteúdo da aprendizagem integram aspectos dos domÃ-ni
os. nã sà dos conhecimentos, mas
també das atitudes e das capacidades.
E atribuÃ-dgrande importãncia
resoluçÃde problemas. Nomeadamente no l0ciclo, ela à claramente
assumido como actividade central que
integra e dà sentido a todo o processo de aprendizagem.
Ao nÃ-vedos conteúdo realça-s a
integraçÃda estatÃ-stic e das
probabilidades nos nÃ-veimais
elementares de escolaridade e a
importãnci dada a geometria.
Nas indicaç'e relativas ao processo
de ensino e dado relevo a observaçãexploraçÃe experimentaçÃ
associadas aos aspectos intuitivos da
matemátic e a importânci da
Matemátic enquanto instrumento de
interpretaçÃdo mundo real. Finalmente reconhece-secomo importante
a utilizaçÃde calculadoras, computadores e de diversos materiais
manipulativos.
Em muitos aspectos, podemos pois
considerar que neste currÃ-cul estã
presentes muitas das recomendaçõ
preconizadas nos anos 80. No
entanto, vário sectores defendem
que seria possÃ-veexigir mais sobretudo ao nÃ-veda articulaçÃentre os
conteúdosobjectivos e metodologias
e ao modo como a tratados, por
exemplo, a resoluçÃde problemas e
a utilizaçÃde tecnologias (APM,
1990).
Na práticadesde 1991, ano em que
se iniciou a generalizaçÃda reforma.
muitas tê sido as alteraç'e que se
tê vivido ao nÃ-vedo processo de
ensino aprendizagem da matemática
Sã trabalhados novos temas.
exploram-se muitas das potencialidades da calculadora, os alunos trabalham mais em grupo. Em muitas salas
de aula a rotina toque de entrada, o
professor explica a matériaos alunos
resolvem exerckios repetitivos, toque
de sa'da foi significativamente alterada. Hoje. em muitas aulas de matemá
tica e possÃ-veidentificar um ambiente
de aprendizagem que estimula os
alunos a realizar uma verdadeira
experiênci matemática Em muitas
escolas hà mais materiais para apoiar
a aprendizagem da matemática Em
alguns livros de texto, que de uma
forma geral sã bem diferentes dos
compêndio da "épocdo livro
único" sã apresentadas sugest'es
de trabalho bastante interessantes.
No entanto, muitos sã també os
EducaçÃe Matemátic n050
sinais de que os grandes objectivos
traçadona décadde 80, estã
longe de terem sido atingidos de uma
forma generalizada. veja-se por
exemplo algumas das conclusõedo
projecto Matemátic 2001(APM,
1998) que indicam, por exemplo, que
o trabalho de grupo ainda à ignorado
em muitas turmas, que as actividades
de exploraçÃainda tê uma expressã muito reduzida ou que os testes
ainda dominam nas prática de
avaliaçã
Em jeito de conclusã
Ao nivel da opiniã públicaa reforma
tem sido bastante questionada
sobretudo a partir dos resultados
obtidos pelos alunos em exames
nacionais e estudos nacionais e
internacionais. Ao nivel dos professores, as justas apreensõe causadas
tanto pela total ausênci de apoio por
parte da administraçÃcentral h
implementaçÃda reforma, como pela
completa descoordenaçÃcom que
muitas das regulamentaçõposteriores foram chegando As escolas, tê
gerado um certo desânimo
O que deve ser um curr'culo? Em
particular, o que deve ser o currÃ-cul
de Matemátic do l 0 ao 1 2 O anos de
escolaridade?
Analisar o processo currÃ-culapassado à sobretudo importante na medida
em que pode contribuir para perspectivar o futuro. Esta anális permite
identificar os seguintes aspectos:
1. O tipo de curr'culo a adoptar
Nos anos 50 o currÃ-cul era essencialmente uma listagem de conteúdos
Nos anos 70 passaram a incluir
objectivos e algumas consideraçõ
metodológica de carácte geral. Nos
anos 90, para alé de um maior
desenvolvimento das orientaçõ
metodológicastambé integram o
currÃ-cul aspectos gerais relativamente a avaliaçãDe alguma forma tem
estado presente que elaborar um
currÃ-cul à listar objectivos, conteú
dos, metodologias. Num determinado
sentido podemos dizer que tem vindo
a aumentar o nÃ-vede intencionalidade
do currÃ-culo
Hoje muitas questõese poderã
levantar sobre o tipo de curr'culo a
adoptar: Qual o nÃ-vede pormenor
desejável Deve especificar tudo
(objectivos, metodologias, materiais,
etc.)? Ou deve apenas incluir as
competência consideradas fundamentais, dando liberdade As escolas e
aos professores de decidir sobre os
meios de as concretizar? Deve ser um
documento vinculativo de âmbit
nacional como atà agora? Ou deve ser
um documento mais flexÃ-veque
possa ser gerido pela escola e pelo
professor? Deverà haver diferença
de fundo entre a forma de conceber
um currÃ-cul para a escolaridade
obrigatóri e a nã obrigatória
2. As orientaçõcentrais do curr'culo
No currÃ-cul dos anos 50 o papel do
cálcul era fundamental. No dos anos
70 eram os conjuntos e as estruturas.
E hoje qual deverà ser a orientaçÃ
unificadora do currÃ-culoAs aplicaçõda Matemática O desenvolvimento do poderrnaternátic tal como
à definido nas Normas? Os hábito de
pensamento como defende
Goldenberg num artigo publicado nos
número 47 e 48 desta revista?
3. O papel do professor
De uma forma geral a renovaçÃ
curricular no nosso pais tem seguido
um processo de cima para baixo. Nos
último anos teremos dado os
primeiros passos no sentido de
inflectir esta tradiçãDe facto, na
últim reforma o debate em tomo do
currÃ-cul de matemátic no
' ficou
confinado h equipa responsávepela
sua redacçãNo ajuste do programa
do Secundári tem funcionado um
acompanhamento a sua implementacãoMas de uma forma substancial o
processo ainda nã foi perspectivado
de forma a incluir o professor no
desenvolvimento curricular.
De uma noçÃde currÃ-cul ligada aos
documentos publicados oficialmente
passou-se mais recentemente a
defender uma perspectiva de cum'culo
como um conjunto de experiência de
aprendizagem. O papel do professor
altera-se substancialmentepassando
a intervir directamente na elaboraçÃ
e reformulaçÃdo curr'culo. Como
operacionalizar esta mudançaComo
articular esta perspectiva com a de
uma Matemátic para Todos?
Referência
APM (1 988). RenovaçSdo cumkulo de MatemáticaLisboa: APM.
APM (1990). Parecer relativos aos projectos
deprogramas de Matemáticapar o 1: 2Â
e 3°ciclodo EnsinoBásicoLisboa:APM.
APM (1 998). Matemática200-relat6rfoprelimi
nar. Lisboa: APM
Cockcroft, W. (1982). Mathematics counts
(report on the Committee of Inquiry into
the Teaching of Mathematics in Schoois).
Londres: Her Majesiy Stationery Ofice.
D'Ambrosio. U. (1994). Avaiiação:eliminou
manter? Ou reconceptualizaff Em Actas
do Prof'natIpp. 137-141). Lisboa: APM.
Howson, G.. Keitel, C. e Kliparick, J. (1980).
Cum'cuium development in mathematics.
Cambridge: Cambridge University Press.
International Commission on Mathematics
lnstruction.(1986).Schwlmathematicsin
the 1990s. Cambridge: Cambridge
University Press.
NCTM (1980). An Agenda for action:
racomendations for schwl mathematics
of the 1980s. Reston: NCTM.
NCTM (1989). Curricuium and evaiuation
standards forschoolmathematics. Reston:
NCTM. (a traduçÃportuguesa. Normas
para o curr'culo e avaliaçÃem Matemáti
ca escolar, foi editada em 1991 porAPM/
IID.
Poiya, G. (1975). A artede resolverproblemas.
SãPaulo: Intercihcia. (traduçÃbrasileira da ediç' original de 1945).
Sebastiãe Silva. J. (19 6 t ' Guiaparaa utiliza@o do compèndi de Matemática volume. Pano. Lisboa: MinistbriodaEducaçã
Joana Porf'rio
ESE de Setúba
Aescola naliteratura
tu tlim matemática
ele tlim trabalhos manuais
n6s tllm recreio
v66 tllm senhora
eles tlim castigo
l
3
Download

pp. 32-38