CARACTERIZAÇAO DAS PRAIAS ARENOSAS DE ILHABELA - SP
Autores
GABRIELA TIEME ARAMAQUI, PAULO CÉSAR FONSECA GIANNINI, CHRISTINE LAURE MARIE BOUROTTE
Resumo
Com uma área de 337 km² e maior ilha do sudeste brasileiro, Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, é pouco estudada quanto
a suas praias arenosas. O objetivo deste trabalho é caracterizar as praias, em relação ao tipo de rocha, incidência de ondas,
morfodinâmica e granulometria.
Sedimentos de face praial de 32 praias da ilha foram coletados (61 amostras no total), compostas a partir de pontos de coleta
dispostos em planta nos vértices de um "w", com lados de cerca de 8m. Praias de até 1km de extensão foram amostradas por
este método em suas extremidades e parte central; em praias maiores, o número de amostras foi aumentado
proporcionalmente à sua extensão. As características do local de coleta (declividade, largura, tipo morfodinâmico da praia e
rocha aflorante) foram descritas e documentadas fotograficamente. Em laboratório, as amostras foram elutriadas, secas e
quarteadas. Para a análise granulométrica, utilizou-se o peneiramento mecânico em intervalos de 0,5phi. Medidas estatísticas
da distribuição granulométrica foram calculadas pelo método analítico dos momentos de Pearson.
As ondas que incidem com maior frequência e intensidade sobre a ilha são as de E e S, com influência subordinada das de
SE e NE. Diante deste padrão de ondas, fisiografia e geologia, a ilha foi setorizada em norte, sul, leste e oeste. O setor sul, sob
influência direta das ondas dominantes de S, margeia intrusões de rochas alcalinas e apresenta praias com morfologia
principalmente reflexiva. O setor leste, exposto a ondas de E e SE, é dominado por praias reflexivas intermediárias, cercadas
por rochas granito-gnáissicas. O setor oeste, também margeado por granito-gnaisses, sofre influência de ondas de S e NE e
de correntes de maré confinadas no canal de São Sebastião, com predominância de praias reflexivas intermediárias. O setor
norte é exposto às ondas de E e NE, com praias variando de dissipativas intermediárias a reflexivas intermediárias e
avizinha-se de rochas alcalinas.
Nos resultados granulométricos agrupados dos setores norte e leste, nota-se tendência de afinamento (r=0.5404, erro I=0.01),
melhora de seleção (r= 0.8114, erro I=0.005) e queda de assimetria (r=0.2022, erro I=0.2) de Pacuíba para Castelhanos (N
para S), o que pode ser atribuído ao aumento do ângulo de incidência das ondas dominantes de E e ao incremento gradual da
largura da zona de interação das ondas com o fundo (distância até a costa da isóbata de 20m). Desse modo, para S as ondas
viajam por maior distância, o que torna o sedimento aportado à costa mais fino e selecionado. No setor oeste, a mesma
tendência de variação granulométrica é observada de N para S, provavelmente devido ao assoreamento da porção sul do canal
de São Sebastião, por sedimentos trazidos pelas ondas dominantes de S. Estas ondas, por apresentarem maior energia e
frequência que as de NE, possuem faixa mais larga de interação com o fundo e conseguem assim, analogamente, aportar à
costa sedimentos mais finos e selecionados.
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Autores Resumo CARACTERIZAÇAO DAS PRAIAS