FUNDAMENTOS E DIDÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA 1 Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa SOMESB Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia S/C Ltda. Presidente ♦ Vice-Presidente ♦ Superintendente Administrativo e Financeiro ♦ Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão ♦ Gervásio Meneses de Oliveira William Oliveira Samuel Soares Germano Tabacof Superintendente de Desenvolvimento e>> Planejamento Acadêmico ♦ Pedro Daltro Gusmão da Silva FTC - EaD Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ Coord. de Softwares e Sistemas ♦ Coord. de Telecomunicações e Hardware ♦ Coord. de Produção de Material Didático ♦ Diretor Geral Diretor Acadêmico Diretor de Tecnologia Diretor Administrativo e Financeiro Gerente Acadêmico Gerente de Ensino Gerente de Suporte Tecnológico Waldeck Ornelas Roberto Frederico Merhy Reinaldo de Oliveira Borba André Portnoi Ronaldo Costa Jane Freire Jean Carlo Nerone Romulo Augusto Merhy Osmane Chaves João Jacomel EQUIPE DE ELABORAÇÃO/PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO: ♦ PRODUÇÃO ACADÊMICA ♦ Gerente de Ensino ♦ Jane Freire Autores (as) ♦ Adriana dos Reis, Luciene S.S.Cerqueira e Virgínia Silva Supervisão ♦ Ana Paula Amorim Coordenação de Curso ♦ Tatiane de Lucena Lima ♦ PRODUÇÃO TÉCNICA ♦ Revisão Final ♦ Carlos Magno Coordenação ♦ João Jacomel Equipe ♦ Ana Carolina Alves, Cefas Gomes, Delmara Brito, Fabio Gonçalves, Francisco França Júnior, Israel Dantas, Lucas do Vale, Marcus Bacelar e Yuri Fontes. Editoração ♦ Delmara Brito dos Santos Ilustração ♦ Francisco França e Yuri Fontes Imagens ♦ Corbis/Image100/Imagemsource copyright © FTC EaD Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98. É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito, da FTC EaD - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância. www.ftc.br/ead 2 Sumário O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA ○ ○ ○ ○ ○ ○ ANÁLISE E REFLEXÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA Língua Portuguesa: Retomada Histórica e Novas Perspectivas Consciência e Mudança no Ensino de Língua Materna Prática Pedagógica do Ensino de Língua Portuguesa ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07 ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 09 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 10 ○ 12 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ LEITURA DA EXPRESSÃO LITERÁRIA Texto Literário e Não-Literário: Especificidades ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Panorama Literário: do Trovadorismo ao Romantismo ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07 ○ Atividades Complementares ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ O Que, Por Que e Como Ensinamos e Aprendemos a Nossa Língua ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 13 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 19 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 19 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 21 ○ Panorama Literário: do Realismo ao Modernismo ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 28 Panorama Literário: Autores Contemporâneos ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 33 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 36 ○ ○ 41 Atividades Complementares ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ LITERATURA E PRÁTICA EDUCATIVA NO ENSINO FUNDAMENTAL ○ ○ ○ ○ ○ LITERATURA INFANTO-JUVENIL: PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 41 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 41 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Literatura Infanto-Juvenil e Habilidades de Leitura ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 50 A Arte de Narrar ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 52 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 55 ○ História da Literatura Infanto-Juvenil ○ ○ ○ ○ ○ ○ A Classificação da Literatura Infanto-Juvenil ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Atividades Complementares ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 46 3 PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO FUNDAMENTAL Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa Planejar é Preciso! ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Projeto de Trabalho em Língua Portuguesa: Um Caminho a Seguir ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 58 ○ ○ ○ ○ 58 ○ ○ ○ ○ 61 ○ ○ Projeto de Trabalho: Dando Forma aos Conteúdos de Língua 63 Portuguesa ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Avaliação em Língua Portuguesa no Ensino Fundamental ○ ○ ○ ○ ○ 67 Atividades Complementares ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 69 Atividade Orientada Glossário ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 75 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 80 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 81 Referências Bibliográficas 4 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Apresentação da Disciplina Caro aluno ! Somos frutos de um mundo composto por linguagens. É a dança, o filme, a música, o olhar, as palavras, o silêncio, tudo misturado dando forma à comunicação que se constrói através da interação indivíduo/ linguagem/objeto/indivíduo. Mas, à medida que vamos explorando esse universo é que percebemo-nos sujeitos construtores de conhecimento, é que nos humanizamos, nos tornamos mais sensíveis diante do conhecimento produzido pelos indivíduos ao longo dos séculos. É a relação Fala, Escrita e Leitura que nos possibilita o contato com as ferramentas (conteúdos acadêmicos) necessárias para o cumprimento da função social da escola, que é o de tornar o educando um cidadão funcionalmente letrado, um sujeito capaz de fazer uso da linguagem escrita para sua necessidade individual, de crescer cognitivamente e atender às várias demandas de uma sociedade que prestigia esse tipo de linguagem como um dos instrumentos de comunicação. A chamada norma padrão, ou língua falada culta, é conseqüência do letramento, motivo por que, indiretamente, é função da escola desenvolver no aluno o domínio da linguagem falada institucionalmente aceita. É pretensão desse módulo de estudo, discutir a mudança sofrida pelo ensino de língua materna em que a tríade - leitura, análise lingüística e produção de textos - serve como tripé para sustentação da mesma, além de realizar estudo literário comparativo nas áreas de literatura infantojuvenil e adulta. Estudaremos através de atividades práticas essas nuances da Língua Portuguesa e perceberemos que enxergar o ensino de língua numa outra perspectiva é um primeiro passo para construir o saber. A tarefa que apresentamos não é das mais simples, mas quando aprendemos a não tirar os olhos dos nossos objetivos, cada obstáculo se transforma em impulso para a vitória. Acreditamos em vocês e deixamos como reflexão as palavras de Francis Bacon in Essays of Studies: Ler dá ao homem completude, falar lhe dá prontidão e escrever o torna preciso. Sejam todos bem-vindos! Profª Adriana dos Reis Profª Luciene S.S. Cerqueira Profª Virgínia Silva 5 Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa 6 O ENSINO DA LÍNGUA MATERNA ANÁLISE E REFLEXÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA Língua Portuguesa: Retomada Histórica e Novas Perspectivas [...] nas circunstâncias atuais – que parecem ser de um deliberado esvaziamento de todo esforço educacional autêntico – devese ter em mente que não estamos diante de uma discussão teórica, mas sim de uma questão prática, à qual é preciso responder também com soluções práticas. Pode-se tratar a queda de uma telha como um problema dinâmico, formulando hipóteses teóricas alternativas e debatendo a adequação destas últimas. É uma abordagem legítima, mas não é melhor do ponto de vista de quem está embaixo. (RODOLFO ILARI, 2001) Durante muito tempo, o acesso à escola foi privilégio de poucas pessoas. A justificativa para tanto é que o raciocínio da sociedade sempre esteve estruturado na base do poder. Por isso, as normas cultas sempre foram um forte instrumento desse poder e, assim, é necessário que uma grande massa de falantes seja analfabeta para não ter consciência da dominação, ou, pelo menos, ser incapaz de qualquer reação. Do século XVIII têm-se dados comprobatórios disso, tanto na escolarização no Brasil, como em Portugal. No começo do século, alguns poucos tinham acesso à alfabetização em português, depois em latim, e ali aprendiam gramática, retórica e poética. Em 1759, na Reforma Pombalina, impôs-se que no Brasil deveria ensinar língua portuguesa, e os professores ensinar com a mesma estrutura do ensino de latim. Em 1857, foi criado, no Rio de Janeiro, o colégio Pedro II, que foi padrão de ensino no país por décadas, onde o ensino da Língua Portuguesa era dividido em retórica e poética, junto com literatura. Em 1858, começou-se a ensinar mais a gramática normativa, até o fim do Império, quando voltamos ao ensino de retórica, poética e gramática. Em meados do século XIX, a gramática ganha o nome de Língua Portuguesa. Em 1871, foi criado por decreto-lei o cargo de “professor de português”, porque, até então, quem ensinava a disciplina eram os padres, preceptores, pensadores (advogados, engenheiros, etc.). Só que aí não havia escolas formadoras de profissionais. Até 1940 continua o ensino de retórica, gramática e poética. O dado interessante é que a função maior deste ensino era levar escrita, poética e retórica a quem já dominava a norma culta. Aqui nascem as gramáticas e as seletas (textos de literatura com altíssimo nível). Isto para os alunos que já mantinham contato íntimo com a literatura. Em 1950, começam as mudanças no ensino. Em 1960, triplica o número de alunos no Ensino Médio, duplica o número de alunos do primário, surgem às primeiras faculdades de Filosofia, que formam professores. Começam a aparecer os manuais didáticos, como os que temos hoje, e isso facilita a vida do professor, que encontra programas prontos, livros com aquilo que deve ser explanado para o aluno. Porém, os salários vão ficando cada vez mais baixos. 7 DIANTE DESSE HISTÓRICO, E OBSERVANDO O QUADRO ATUAL DA VIDA DOCENTE, REFLITA: QU AL É O P APEL DO PROFESSOR (EM ESPECIAL,O QUAL PAPEL DE LÍNGU A POR TUGUESA)? LÍNGUA PORTUGUESA)? Fundamentos e Didática Sabemos que o professor deve estar atualizado, envolvido nas da Língua discussões da Lingüística e analisando posturas como a da substituição do Portuguesa “certo” e do “errado”, por “adequado” e “inadequado”, ter uma atitude epilingüística, ou seja, reflexiva, a respeito do uso da língua, em sua sala de aula, ao invés de ficar tentando ensinar metalinguagem a quem não conhece nem a língua que está sendo desestruturada na análise. O professor deve perceber que a sociedade é um dos maiores fatores condicionantes para a variação das línguas, e que temos uma população imensa de diglossias convivendo normas cultas de um lado, normas vernáculas de outro lado e que o professor não consegue dar conta e o aluno menos ainda. A língua é produto social que apresenta diferenças decorrentes de vários fatores geográficos e sócio-culturais. A língua escrita envolve o registro de um pensamento e a compreensão do pensamento registrado graficamente. O domínio da língua portuguesa é muito mais do que simples domínio psicológico e mecânico de técnicas de ler e escrever. É entender o que se lê e o que se escreve. É comunicar-se oral e graficamente com espírito crítico e reflexivo, dominando o uso da língua em situações concretas. Nosso objetivo é que aprenda a ler e escrever eficientemente, desenvolvendo ao mesmo tempo sua sensibilidade em relação ao mundo que o cerca. Sabemos que ler e escrever não são atividades fáceis. Mas sabemos, também, que são maravilhosas e que ninguém sobrevive de maneira digna, no mundo de hoje, se não tiver um bom nível de leitura e de escrita. O aprimoramento da linguagem vai lhe permitir aprimorar sua capacidade de interagir com as pessoas e com o mundo em que vive. A finalidade do ensino de Língua Portuguesa não é somente lhe proporcionar o domínio do código lingüístico, mas é também, e principalmente, por meio deste domínio, criar condições favoráveis para que você – indivíduo e ser social, co-detentor e co-construtor da cultura – possa desenvolver ao máximo suas potencialidades; adquirir o hábito de buscar por si só os meios de superar seus bloqueios e dificuldades; aprimorar a sua capacidade de reflexão individual e coletiva; desenvolver o senso de responsabilidade; aprimorar sua capacidade de interagir, de participar, de cooperar; avançar o máximo possível na construção do saber; tornar-se cada vez mais capaz de enfrentar, com o máximo de realização, o seu destino de homem e cidadão. 8 Consciência e Mudança no Ensino da Língua Materna Constata-se, com efeito, o crescente fracasso do ensino da língua portuguesa, particularmente no ensino de gramática, revelado pelo baixo desempenho dos estudantes em geral. Daí indagarmos os porquês do fracasso, já que realidades apontam que à gramática é atribuído o grau de importância muito alto pelos professores de Ensino Fundamental e Médio e nos programas do curso de Ensino Superior, que, revelam uma preocupação com a articulação entre as disciplinas do currículo e a escola, além de uma visão científica da língua. É através das práticas escolares que a classe hegemônica se utiliza da escola para transmitir suas ideologias. Essas práticas separadas – práticas escolares e práticas produtivas – devido à divisão do trabalho, contribuem para a divisão do conhecimento de modo que o saber se apresenta dividido em teoria e prática. Em geral, o fracasso escolar é explicado em termos de falta de base, habilidades, capacidades, mau desempenho, condição da família, colocando-se o sistema como árbitro neutro, sem uma parcela maior de responsabilidades sobre ele. A sociedade política formula, impõe e fiscaliza a legislação educacional, absorvendo e traduzindo para outra linguagem, a concepção de mundo da classe dominante, transformando-a em senso comum, que é a forma mais adequada de atuação das ideologias. Por isso, torna-se cada vez mais freqüente a atuação de “modelos gramaticais” a serem seguidos e reverenciados na mídia e em outro veículo de acesso rápido com finalidades imediatistas. Por mais difícil que seja ir de encontro a esta situação, não devemos fechar os olhos ao fato de que a reprodução não é um processo totalizador. A eficácia plena não acontece porque a reprodução se dá no conjunto de contradições inerentes à redução e atenuação de conflitos lingüísticos, de modo mecânico, confirmando antagonismos e empurrando para sua superação. Os estudantes da atualidade passam por um processo dentro da evolução das sociedades modernas, com uma quantidade considerável de informações, em todos os domínios, que exige, para ser assimilada, um poder de síntese considerável. Mas isto não significa que ele deva abarcar simplesmente a massa de informações lançada sobre um receptor relativamente passivo que pode constituir um elemento de desorientação e de enfraquecimento da compreensão. A escola ainda mantém essa postura, justamente pela falta de compromisso com posturas e teorias, ela deveria ter, portanto, como objetivo primordial não o fornecimento de informações, mas a organização de sua compreensão. Assim, o processo educacional deveria ser antes para formar, depois para informar. E na Escola, como isso acontece? Em língua portuguesa, dos Ensinos Fundamental e Médio, por exemplo, o processo caracteriza-se pelo predomínio da metalinguagem sobre o da linguagem (por exemplo, os alunos aprendem análise sintática para desmontar períodos e classificar orações e não para montar períodos bem articulados); pelo estudo das categorias lingüísticas sem compreensão de seu papel na produção de efeitos de sentidos (por exemplo, não se estudam os modos verbais para perceber os diferentes efeitos de sentido em frases como espero uma resposta que me faz sentir melhor e espero uma resposta que me faça sentir melhor); pela ausência de ensino sistemático dos mecanismos de produção e de interpretação de textos (por exemplo, não sabe como achar adequadamente o tema de um texto, não se estudam os mecanismos responsáveis pela coerência textual). Infelizmente, as conclusões são duras. Depois de onze anos de ensino de português, o aluno não é capaz de produzir um texto adequadamente estruturado e tem dificuldade de 9 compreender o que lê. Isso é muito grave, quando se pensa que o domínio da língua é uma das habilidades centrais na formação de qualquer profissional e de qualquer ser humano que se comunique. Ainda que domine bem a sua variedade de origem, aquela que é falada no seu convívio, a função da escola Fundamentos é mostrar-lhe a outra variedade, que é a escrita, e esta é apenas uma vertente e Didática da língua decorrente da falada, porém é a vertente que sugere prestígio social, da Língua pertencimento a uma elite cultural que ainda assim não se utiliza totalmente de Portuguesa todas as regras que regem o “o bem escrever” quando falam. As atividades metalingüísticas parecem estar desvinculadas do processo discursivo. A atividade metalingüística deve ser resultante da atividade produtora de texto, de forma que possibilite ao aluno do Ensino Fundamental a observação e o estabelecimento de regras que resulta da construção conjunta entre texto, aluno e professor. É necessário ressaltar que a questão aqui não é apenas o uso intensivo de conceitos gramaticais em detrimento da utilização da linguagem na interação, para que disto abstraiam-se os conceitos gramaticais; não se quer abolir a análise lingüística do ensino de língua. O que é viável é a mudança de postura em relação à produção textual, análise lingüística e à prática de leitura. Se ensinar gramática foi sempre questão discutida, o debate entre um ensino prescritivo, descritivo e, mais modernamente, produtivo, ainda é questão não resolvida. Apesar de diferenças entre metodologias estruturalistas pragmáticas, o problema comum ainda é como encontrar uma forma de coordenar a sistematização explícita de noções gramaticais com seus objetivos fundamentais, a saber, respectivamente: aquisição de uma competência lingüística, resultado de automatização de estruturas lingüísticas ou aquisição de competência comunicativa. A produtividade de uma reflexão gramatical, de uma tomada de consciência das regras de funcionamento da língua é inerente à sua utilização dinâmica na automatização da comunicação, própria da atividade lingüística, que é interativa. Prática Pedagógica do Ensino de Língua Portuguesa Se pudéssemos nos perguntar sobre qual é a nossa maior contribuição profissional como professores, em especial, pensando no ensino da Língua Materna, responderíamos o quê? Ninguém ousaria duvidar que o ensino de língua portuguesa é muito importante para a formação do aluno e para a sua vida escolar. Mas é necessário questionar sobre até que ponto o ensino de língua portuguesa contribui de fato para a formação dos alunos como pessoas e como cidadãos, já que a escola tem se preocupado, na maioria das vezes, em garantir o conhecimento acerca da gramática normativa. 10 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456 É POSSÍVEL AFIRMAR QUE O ENSINO QUE TEMOS OFERECIDO A NOSSOS ALUNOS CONTRIBUI PARA QUE TENHAM MELHOR QUALIDADE DE VIDA COMO ALUNOS, COMO PESSOAS E COMO CIDADÃOS? Bem, como sabemos, o papel do professor é despertar o gosto do aluno pelos conteúdos que ensina, e isso não é diferente para quem trabalha com o ensino de língua materna. Sendo assim, é necessário que o educador considere: • a interferência da relação pessoal do professor com aquilo que ensina na relação dos alunos com aquilo que aprendem; • a importância de condições favoráveis para a aprendizagem; • a importância da escola (e do professor) nas escolhas profissionais dos alunos. Observando essas três premissas o educador conseguirá promover, com mais competência, a aprendizagem. Sabemos bem que quando não há aprendizagem, não se pode afirmar que houve ensino e, como a função de todo profissional que ensina é promover a aprendizagem, acreditamos que: • O entendimento de como o conhecimento se dá é, hoje, muito diferente do que se tinha na época em que estudaram os nossos professores, tanto do Ensino Fundamental como da escola em que nos formamos também professores. Somos “fruto” de uma escola orientada por uma concepção de conhecimento que não coincide com aquilo que hoje se sabe a respeito dos processos de aprendizagem, o que nos faz, muitas vezes, duvidar até mesmo do que já foi provado cientificamente. • Há erros de fato e erros que fazem parte do processo de aprendizagem, os chamados “erros construtivos”. Não é pedagógico tratá-los como se fossem a mesma coisa, pois são muito diferentes. • Nós, adultos, também cometemos erros construtivos quando nos esforçamos por compreender coisas que são novas para nós. Quando dizemos, por exemplo, “Agora a proposta é não corrigir mais os alunos” ou “Não podemos interferir nos textos dos alunos, pois isso tolhe a sua criatividade”, pode-se dizer que, de certa forma, estamos cometendo um erro construtivo: buscando entender a mudança de enfoque no nosso papel de professores, acabamos por “distorcer” o que é proposto, que não é coincidente com o entendimento de que não se deve mais corrigir os textos produzidos pelos alunos nem interferir neles, mas, fazê-lo a partir de uma outra ótica. Mesmo percebendo que ainda precisamos melhorar a qualidade do ensino de língua materna, conseguimos enxergar uma tomada de consciência coletiva tanto na escola básica quanto nos cursos de formação de professores. Os currículos estão sendo re-elaborados, a ênfase na gramática está perdendo espaço para a lingüística aplicada e a gramática de uso da língua tem servido de base para o ensino do português. 11 Ainda há muito que ser feito para que o ensino de Língua Portuguesa abandone alguns ranços, tais como: a utilização de livros didáticos como único suporte de estruturação dos conteúdos curriculares da escola, a ênfase no Fundamentos estudo de gramática normativa, a banalização da literatura com exercícios e Didática gramaticais; e passe a valorizar o trabalho com a da Língua leitura, a literatura, a oralidade, como componentes Portuguesa enriquecedores do domínio da língua materna. Para isso, é necessário um trabalho pautado nos Parâmetros Curriculares Nacionais, nos teóricos da lingüística aplicada e nos estudos acerca do letramento. É através de um processo de formação continuada aliado a prática de planejamento coletivo que o professor conseguirá internalizar essa visão do ensino de língua e, promover a aquisição do conhecimento como instrumento que garante o exercício da cidadania. O Que, Por Que e Como Ensinamos e Aprendemos a Nossa Língua? Ter de fato uma proposta de ensino de Língua Portuguesa seja ela para qualquer segmento da educação básica, faz-se necessário, pressupor uma discussão coletiva sobre ‘quem vai ensinar o que, quando e de que maneira’, ou seja, uma reflexão acerca do trabalho didático. Esse deve ser o olhar sobre todos os conteúdos propostos no currículo da escola, mas para isso, é fundamental que a equipe de educadores defina, coletivamente, objetivos e conteúdos específicos de cada série ou ano do ciclo. Para fazer valer, por exemplo, a orientação de trabalho com a diversidade textual em todas as séries, não se pode deixar de definir as prioridades do ensino em cada uma delas. O propósito de garantir a diversidade textual na sala de aula não pode ter como conseqüência – a subestimação do papel do professor: só o contato com os textos não garante as aprendizagens necessárias, pois, nesse sentido, não há nada que tenha efeito mais profícuo do que uma intervenção pedagógica eficaz. E isso só é possível com um planejamento cuidadoso e com uma seqüência didática adequada. Mas bor ar uma seqüência didática adequada? Mas,, como ela elabor borar A princípio, é preciso conhecer bem o educando: sua história de vida, o meio social em que vive, seu histórico escolar, o que esse aluno já sabe sobre o tema a ser trabalhado e o que ele ainda precisa saber sobre o mesmo. É o que muitos professores costumam chamar de Sondagem. A sondagem é um dos recursos de que o professor dispõe para conhecer o nível cognitivo em que os alunos se encontram. É um momento em que também o aluno tem oportunidade de refletir enquanto produz conhecimento a respeito da língua materna, com a ajuda do professor. A sondagem pode ser uma atividade elaborada com inúmeros objetivos: perceber se o aluno traz, no início do ano letivo, os pré-requisitos mínimos para a série em que se encontra, avançar de um conteúdo/tema para outro, de maneira seqüenciada e serve ainda para realizar uma avaliação geral da turma. 12 Esse tipo de atividade pode tomar várias formas, desde uma produção textual, atividades de leitura ou até mesmo seqüências que estimulem o trabalho com a oralidade. O importante é que a sondagem não tome a forma de uma atividade desprovida de sentidos, que ela não seja mais uma ação sem reflexão, concentrada no início do ano letivo e sem nenhuma função significativa. As pesquisas sobre ensino da língua materna têm-se voltado, a partir da década de 80, para o estudo do processo ensino/aprendizagem em si mesmo, ou seja, para a análise do cotidiano da sala de aula (diferentemente de pesquisas anteriores, que se preocupavam com o produto). O foco, sempre concentrado em “como ensinar o aluno”, desloca-se para o “como o aluno aprende” e, é a partir dessa reflexão que todas as áreas do conhecimento começam a se preocupar com questões antes ignoradas: erro construtivo, interação, mediação etc. Nesse sentido, a Lingüística Aplicada, área em que se concentram muitas dessas pesquisas, amplia seus interesses, contemplando como objetos de estudo a língua e suas variações, seus registros, a interação professor/aluno, o discurso e seus interlocutores, as relações entre modalidades da língua e seu estudo escolar, entre outros. No que diz respeito às relações entre modalidades da língua e seu estudo escolar, observamos que embora falantes do português, os alunos da educação básica ainda apresentam dificuldades na compreensão de textos, principalmente formais, que circulam nas ruas, na mídia e nas escolas. Somente através de um trabalho mais dialético, com a utilização de textos significativos e atividades próximas da realidade do aluno teremos um ensino de língua que saberá o que, por que e como ensinar e aprender a nossa língua materna. Atividades Complementares 1. REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA NO BRASIL O acesso à escolarização, durante muito tempo, foi privilégio de poucas pessoas. Apenas os mais ricos, os filhos das pessoas com alto poder aquisitivo tinham o direito de estudar. Em que época específica essa situação era realidade? Fale um pouco sobre esse período histórico. 13 Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa 2. O ensino da língua portuguesa na década de 40 tinha características bem específicas. Escreva uma síntese com tais características e trace um contraponto entre aquela época e os dias atuais. 3. Agora, é a vez de pensar sobre o professor de língua materna. Esse profissional apresentou posturas tradicionais e inovadoras no corpo do tempo. Tomando como base as leituras realizadas sobre o histórico do ensino da língua portuguesa no conteúdo 1 deste bloco, construa um quadro comparativo e registre características tradicionais e inovadoras do professor de língua portuguesa. POSTURAS TRADICIONAIS 14 POSTURAS INOVADORAS PRODUZINDO TEXTO REFLEXIVO... Observe o seguinte questionamento: O QUE, POR QUE E COMO ENSINAMOS E APRENDEMOS TERN A? A NOSSA LÍNGU LÍNGUA MATERN TERNA? A MA Agora, reflita sobre tudo o que foi lido até então e produza um texto que busque responder a esta questão, argumentando seus pontos de vista sobre o ensino da nossa Língua. Exercitando a tríade metodológica do ensino de língua portuguesa As Cores e as Palavras Há palavras azuis: Céu, encontro, amigo, Beleza, sorriso, serenidade... Há palavras brancas: comunhão, véu, vôo, pureza, solidão, paz... Há palavras vermelhas: samba, sangue, guerra, Futebol, lábios, paixão... Há palavras cinzentas: pesadelo, indiferença, nunca, finados, inverno, poluição... Há palavras amarelas: girassol, luar, inteligência, poder, luz, sucesso... Há palavras rosadas: vinho, vela, mocidade, namoro, noivado, jardim... Há palavras verdes: mar, mata, esperança, novo, brotação, vida... Há palavras multicoloridas: arco-íris, jardim, lápis, Festa, feriado, floricultura... (O jogo das palavras mágicas. São Paulo: Paulinas, 1996). 15 Produzindo... 1. Observe as “palavras coloridas” e indique a classe gramatical a que Fundamentos elas pertencem. e Didática da Língua Portuguesa 2. Em sua opinião, o uso desta classe gramatical contribui para dar um tom de verdade à afirmação da existência de cores nas palavras? 3. Na oralidade, é comum as pessoas dizerem “tem” no lugar de “há”. Em sua opinião, esta troca altera o sentido do que é dito? Qual é o sentido real de cada verbo? O sentido do que é dito? Explique: 4. Observe que, em todas as estrofes, cada palavra do segundo verso, respectivamente, nos dá uma idéia de correspondência com uma palavra do terceiro verso, veja: Céu, encontro, amigo, Idéia de beleza, sorriso, serenidade... Escolha uma estrofe e explique esta relação através de um pequeno parágrafo. 16 5. As palavras podem carregar muito mais significados que o dicionário lhes atribui... Daniela Mercury, por exemplo, diz em “O canto da cidade” que, “A cor dessa cidade sou eu O canto dessa cidade é meu” Agora é a sua vez de brincar com as cores. Faça como Fernando Pessoa, seja um fingidor, faça de conta que é um poeta e escolha as cores com as quais pintará o seu poema. Em seguida, escreva um texto (pode ser em prosa ou em verso) sobre como você vê e sente essas cores. 17 Leirura Recomendada ENSINO DE LINGUA PORTUGUESA E DOMINAÇÃO: POR QUE NÃO SE APRENDE PORTUGUÊS? Ler é um complemento indispensável à vida de qualquer pessoa. Complementar o conhecimento através da leitura é algo que nos traz a chave daquilo que todo educando busca: o conhecimento. Como estudamos bastante sobre a história do ensino de língua materna, segue a indicação de alguns livros para que você possa complementar os seus estudos a partir da mesma. O livro indicado, Ensino de Língua Portuguesa e Dominação: Por que não se Aprende Português? - de Sergio Simka - trata-se de um livro que visa polemizar, abalar o dogmatismo, a romper a crença que muitos têm na dificuldade da língua portuguesa. Trata-se, de uma obra corajosa, na medida em que coloca não só a contradição da prática lingüística no seio do ensino de língua portuguesa, mas o viés ideológico constitutivo dessa contradição. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ SIMKA, Sergio. Ensino De Língua Portuguesa e Dominação: por que não se aprende português? Musa Editora: Curitiba, 2001. Filme Recomendado ESCOLA DA VIDA O filme também é uma forma de ler e se manter informado. Através da leitura fílmica, sentimos emoção, aprendemos e nos transportamos até o mundo da ficção. Esta sensação não é diferente com a Escola da Vida. Essa é uma história em que há um novo professor na cidade, e ele está promovendo um verdadeiro pandemônio na Fallbrook Middle School. Ele é atraente, simpático e informal. Os alunos amam o sr. D (Ryan Reynolds, de Horror em Amityville). Os professores também o admiram... com exceção de Matt Warner (David Paymer, de Em Boa Companhia), o ansioso professor de biologia, que sonha em ganhar o prêmio de Professor do Ano. Seu pai, Stormin Norman (John Astin, de Os Espíritos), foi Professor do Ano durante 43 temporadas seguidas, e Matt está determinado a fazer deste o seu ano. Mas com o sr. D (Michael D.Angelo) em cena, Warner vê sua chance escapar. Ele não consegue competir com quem até seu próprio filho admira. Mas há um segredo que pode mudar o jogo. FICHA TÉCNICA Título no Brasil: Escola da Vida Título Original: School of Life 18 País de Origem: Canadá / EUA Gênero: Aventura Tempo de Duração: 90 minutos Ano de Lançamento: 2005 Site Oficial: http://abcfamily.go.com/schooloflife/index.html Estúdio/Distrib.: California Home Vídeo Direção: William Dear LEITURA DA EXPRESSÃO LITERÁRIA Texto Literário e Não-Literário: Especificidades Sabemos que no mundo em que vivemos somos cercados por evidências da presença das inúmeras formas de linguagem. Dessa maneira é que percebemos que a linguagem pictórica, a linguagem publicitária, a linguagem cinematográfica, a linguagem gestual, a linguagem literária, ou seja, aquelas que têm como expressão a palavra ou não, necessariamente, são, em alguma medida, a “tradução” do que pensamos, realizadas a partir de signos característicos para possibilitar a comunicação entre as pessoas. No mundo contemporâneo, devido à valorização e à preferência pela comunicabilidade imediata da informação – por isso, a atenção especial que a sociedade dá à imagem, por exemplo – sintomaticamente, não percebemos com maior nitidez um ambiente que privilegie momentos para a leitura ou, até mesmo, para o estudo da expressão literária, com um enfoque mais aprofundado. No entanto, pensar em literatura, bem como estudá-la, é investir no entendimento de como se configuraram e estruturaram o pensamento e as emoções do homem durante os inúmeros momentos históricos que atravessou. Outrossim, constitui-se um aprendizado rentabilíssimo para “(...) aprender a ler textos, extrair-lhes o sentido mais profundo e perceber de que forma eles estão relacionados com o momento histórico em que foram criados, com a estrutura da sociedade e com a tradição cultural” , como afirmam os autores, William Cereja e Theresa Magalhães. A importância da manifestação literária foi observada também por René Welleck e Austin Warren, no livro Teoria da Literatura: A linguagem literária é o material da literatura, tal como a pedra ou bronze o são da escultura, as tintas da pintura, os sons da música. Mas importa ter presente que a linguagem não é uma matéria meramente inerte como a pedra, mas já em si própria uma criação do homem. Neste estudo da expressão literária far-se-á necessário, então, um entendimento mais concreto do que é especificamente a linguagem literária (uma das formas de utilização da língua) e perceber como este texto literário se diferencia do não-literário, refletindo as possibilidades de aplicação na sala de aula. Primeiramente, definamos o que é o texto não-literário. O texto abaixo, será extremamente significativo para delinearmos esta noção: É recente a tomada de consciência sobre a importância da alfabetização inicial como a única solução real para o problema da alfabetização remediativa (de adolescentes e adultos). Tradicionalmente, a alfabetização inicial é considerada em função da relação entre o método utilizado e o estado de “maturidade” ou de “prontidão da criança”. Os dois pólos do processo de aprendizagem (quem 19 ensina e quem aprende) têm sido caracterizados sem que se leve em conta o terceiro elemento da relação: a natureza do objeto de conhecimento envolvendo esta aprendizagem... O fragmento, extraído do livro Reflexões sobre Alfabetização, de Emília Fundamentos Ferreiro, com uma linguagem mais direta, objetiva, tem como maior “missão” e Didática da Língua transmitir este conteúdo específico: discutir questões relativas ao processo de alfabetização, para o seu público-alvo, constituído em sua maioria por Portuguesa professores e pesquisadores do assunto. Normalmente, o texto não-literário, apoiado em contruções denotativas, tem como função evidenciar informações sobre uma determinada realidade, mostrar enfaticamente uma notícia ou um conteúdo que precisa ser discutido e/ou tornar-se conhecido a uma comunidade. É assim, por exemplo, que o discurso jornalístico, em geral, funciona: a partir de temas constantes da realidade das pessoas, textos com contornos utilitários são construídos. Já o texto literário vai em outra direção, possui outra funcionalidade. O exemplo, a seguir, da obra de Cecília Meireles, por si, revela especificidades deste tipo de linguagem: O Mosquito Escreve O mosquito pernilongo trança as pernas, faz um M, depois, treme, treme, treme, faz um O bastante oblongo, faz um S. O mosquito sobe e desce. Com artes que ninguém vê, faz um Q, faz um U e faz um I. Esse mosquito esquisito cruza as patas, faz um T. E aí, se arredonda e faz outro O, mais bonito. Oh! Já não é analfabeto, esse inseto, pois sabe escrever seu nome. Mas depois vai procurar alguém que possa picar, pois escrever cansa, não é, criança? E ele está com muita fome. No poema, pudemos entrever que uma linguagem mais próxima da linguagem pessoal foi utilizada. Cecília Meireles procura sensibilizar o leitor (que aqui também, e 20 principalmente é a criança); procura emocioná-lo e convidá-lo a, através da ludicidade, viajar com o mosquito e o ensino das letras do alfabeto. Assim é a linguagem literária, recheada de intencionalidade estética, plena de plurissignificações, pois sua funcionalidade evidencia-se a partir da conotação e volta-se para uma possível recriação do real, recriação de uma expressão do real, aquela que o escritor enxerga. Cabe ressaltar que este tipo de linguagem não precisa ficar restrito ao texto escrito (embora estejamos tratando dele com maior profundidade). No dia-a-dia todo e qualquer falante pode trazer em sua linguagem indícios, elementos do discurso literário. Dessa maneira, fica mais fácil entender a utilização das rimas, das metáforas, do lirismo, da expressão estética, enfim, no cotidiano, uma vez que qualquer cidadão falante da língua portuguesa pode adotar este tipo de expediente. No dia-a-dia das crianças, por exemplo, dentro ou fora da sala de aula, o trabalho com a ludicidade, evidenciada nos desenhos, nos jogos e brincadeiras infantis, a percepção que elas podem ter da realidade em que estão inseridas, concorre para uma caracterização e utilização contumazes dos recursos estilísticos da literatura. Panorama Literário: do Trovadorismo ao Romantismo Durante muitos séculos, homens e mulheres escreveram em prosa e poesia o pensamento de suas épocas. Foram poetas e escritores que, através de poesias, romances, crônicas, novelas, deixaram sua marca na história e atravessaram o tempo até os nossos dias. 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 (FERNANDO PESSOA) 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901 “VALEU A PENA? TUDO VALE A PENA SE A ALMA NÃO É PEQUENA”. Esses escritos foram organizados no corpo do tempo pelo período histórico e pelo estilo de época - período que marca um estilo, a moda de uma época, do ponto de vista artístico, literário, sociológico, etc. – e, esses grandes autores parecem circular em nossos dias, através de seus textos, com o intuito de nos fazer lembrar sempre do que viveram em suas gerações. O esquema a seguir revela com precisão a organização das chamadas escolas literárias que ainda serão detalhadas: ESTILOS DE ÉPOCA NA LITERATURA TROVADORISMO/HUMANISMO Séculos XII a XV:Idade Média, teocentrismo ANTIGÜIDADE CLÁSSICA Autores greco-latinos:mitologia, paganismo. RENASCIMENTO (CLASSICISMO) Século XVI: retorno aos preceitosclássicos, antropocentrismo 21 Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa BARROCO Século XVII: homem em conflito. ARCADISMO (NEOCLASSICISMO) Século XVIII: homem em equilíbrio ROMANTISMO Primeira metade do século XIX: liberdade,sentimentalismo REALISMO / NATURALISMO / PARNASIANISMO Segunda metade do século XIX: cientificismo, domínio da razão. SIMBOLISMO Final do século XIX, início do século XX: psicologismo. MODERNISMO Século XX: Dadaísmo, Surrealismo, Concretismo, Cubismo, Futurismo, Purismo, Pluridimensionalidade, liberdade de criação. PRODUÇÃO CONTEMPORÃNEA Segunda metade do século XX: atomização da palavra, discurso descontínuo, denúncia do capitalismo desumano e das tiranias, existencialismo, experimentalismo, realismo fantástico, psicanálise, mescla de gêneros e estilos. Qual é a importância do estudo da literatura geral para a formação do educador do curso normal superior? É imprescindível para o professor de língua materna, o conhecimento sobre as obras literárias que marcaram a nossa história. Dessa forma, ele poderá compreender com maior propriedade aspectos da Literatura Infanto-Juvenil (recorte da Literatura Geral) e da construção gramatical da Língua Portuguesa, afinal, a nossa gramática é fruto dos textos literários desses poetas. Na busca pela compreensão do que somos hoje, no conhecimento de nossas raízes culturais e lingüísticas, o estudo da literatura, principalmente no que tange à literatura brasileira, é importantíssimo e indispensável. Desde as origens da literatura brasileira, que primeiro esteve pautada nos moldes portugueses, até a contemporaneidade, um retrato da sociedade brasileira pode ser vislumbrado, em suas diversas nuances. O TROVADORISMO Em linhas gerais, o Trovadorismo, expressão da primeira época Medieval, teve na poesia um grande exponencial, pois entre os nobres e o povo alcançou visibilidade extrema, pelo fato de a escrita não ser tão disseminada naquele contexto histórico. Por conta disso é que surgiram as conhecidas cantigas, uma vez que os poemas eram cantados e acompanhados por danças e instrumentos musicais. Os que produziam as cantigas ficaram 22 conhecidos como Trovadores; estas cantigas, escritas por eles, chegaram até às pessoas através dos Cancioneiros. Tanto no gênero lírico, quanto no satírico foram produzidas as chamadas cantigas, que conforme suas características podem assumir vários tipos. Assim, no gênero lírico aparecem as cantigas de amigo e as cantigas de amor, enquanto no satírico evidenciam-se as cantigas de escárnio e as cantigas de maldizer. Os homens, normalmente, os nobres portugueses, eram os principais autores das cantigas. As cantigas de amigo, contudo, estruturadas numa linguagem simples, evidenciavam um eu lírico feminino e, ambientados no espaço rural, demonstravam o lamento da donzela, cujo namorado foi para a guerra. Já as cantigas de amor, denotavam um eu lírico masculino e expressavam a tentativa do aristocrata em fazer com que a mulher, objeto do amor cortês, recebesse seus sentimentos; eram ainda mais laboradas que as cantigas de amigo. Leia, abaixo, a cantiga do Trovador Fernando Esguio, que viveu entre os séculos XIII e XIV e tente identificar sua natureza, a partir das características mostradas. Trata-se de uma cantiga de amor ou de amigo? Vaiamos, irmã, vaiamos dormir (en) nas ribas do lago, u eu andar vi a las aves meu amigo. Vaiamos, irmã, vaiamos folgar (en) nas ribas do lago, u eu vi andar a las aves meu amigo. En nas ribas do lago, u eu andar vi, Seu arco na mãao as aves ferir, a las aves meu amigo. En nas ribas do lago, u eu vi andar Seu arco na mãao as aves tirar, a las aves meu amigo. Seu arco na mãao as aves ferir, a las que cantavam leixa-las guarir, a las aves meu amigo. Seu arco na mão as aves tirar, a las que cantavam non nas quer matar, a las aves meu amigo. amigo: namorado. folgar: descansar, divertir-se. vaiamos: vamos. u: onde. tirar: atirar deixá-las guarir: deixava-as salvar-se. 23 A partir da leitura, podemos fazer algumas inferências... Trata-se de uma cantiga de amigo em que o eu lírico de quem fala é o de uma moça Fundamentos que se dirige à irmã convidando-a para um e Didática descanso à beira do lago, ambiente rural por da Língua excelência. No entanto, no decorrer da leitura, Portuguesa vemos que o passeio termina se constituindo numa desculpa para um encontro da donzela com seu namorado que caça, às margens do lago. Este eu lírico feminino termina pondo em destaque a sensibilidade e bondade do ser amado, pois, segundo ele, apenas as aves que não cantam é que são abatidas. As cantigas de escárnio e as cantigas de maldizer retratam momentos da sociedade portuguesa da época; aspectos nos mais variados planos. Iam desde a crítica a membros da sociedade como nobres, prostitutas, padres até os próprios trovadores. Enquanto nas cantigas de maldizer a linguagem é mais dura, mais grosseira, mais “crua”, tendo a pessoa, motivo de objeto da cantiga, seu nome identificado e sua vida e atitudes criticados e zombados, na cantiga de escárnio este nome é preservado, na maioria das vezes e o tom é mais sutil, recheado de ironias, ambigüidades e trocadilhos. Na segunda época medieval, marco da transição do mundo medieval para o moderno, vindo com o Renascimento, destaca-se uma literatura voltada para a visibilidade da prosa historiográfica e do teatro; a poesia, “tema“ principal da primeira época, passa a ser tratada com um novo ponto de vista. Não é mais tanto a música: a formalidade é que aparece. São exemplos característicos a Poesia palaciana (que tem maior preparação que as cantigas); a Prosa historiográfica (crônicas portuguesas de cunho histórico, que tiveram como principal representante Fernão Lopes) e o teatro (inicialmente ligado à Igreja, suas atividades, a Bíblia e os santos e posteriormente, com o trabalho crítico e de cunho moralizante de Gil Vicente, autor de Auto da barca do inferno, um de seus textos mais conhecidos). Você sabia ? que Gil Vicente é um dos autores mais importântes desta época? Ele falou sobre a sociedade portuguesa como ninguém. Foram alvo de suas críticas, diversas camadas e grupos daquela sociedade, pessoas inescrupulosas e corruptas que dela faziam parte. Gil Vicente influenciou muita gente com seus autos; pessoas como Padre José de Anchieta e mais contemporâneamente, Ariano Suassuna (autor do famoso Auto da Compadecida) e João Cabral de Melo Neto (que escreveu Morte e Vida Severina). 24 CLASSICISMO OU QUINHENTISMO Características O classicismo, expressão artística do Renascimento, teve como características principais as que acima foram listadas, originadas a partir de um contexto histórico de transformação da sociedade. O homem desta época, contrariamente ao medieval, esquece as coisas do espírito e volta-se para o pensamento racional e realista para uma modificação do mundo. A inspiração na tradição da cultura greco-latina e dos pensadores italianos é a base do que ficou conhecido como Era Clássica, a vigência, a partir do Classicismo, do Barraco e do Arcadismo. A literatura Portuguesa, nesta Era, termina sendo projetada para o mundo, a partir do famoso poema Os Lusíadas, de Luís de Camões. Nesta obra, Camões narra as conquistas portuguesas (tratava-se do momento mais proeminente do país: sua expansão marítima e comercial). Estruturada em dez cantos, Os Lusíadas é uma das maiores obras da literatura. 1 As armas e os Barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana Por mares nunca de antes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram; 2 E também as memórias gloriosas Daqueles Reis que foram dilatando A Fé, o Império, e as terras viciosas De África e de Ásia andaram devastando, E aqueles que por obras valerosas Se vão da lei da Morte libertando, Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte. Saiba mais... Acesse o site: http://www.instituto-camoes.pt/cvc/bvc/lusiadas/index.html Neste poema, o poeta apresenta, dentre outras coisas a bravura, o heroísmo dos portugueses e suas conquistas; pede inspiração a seres fantásticos como as ninfas, as Tágides; faz uma homenagem ao rei de Portugal, D. Sebastião, a quem dedica o eloqüente poema. 25 Leia, agora, o texto de Walnice Nogueira Galvão. A literatura brasileira evoluiu através de fases tão distintas que seu único fator de unidade se atribui à continuidade do exercício da língua portuguesa. Fundamentos Pois aí reside sua origem: na literatura de expressão portuguesa, da qual começou e Didática como um prolongamento, levando vários séculos para adquirir um perfil próprio. da Língua Considera-se como primeiro documento literário brasileiro a Carta de Portuguesa Pero Vaz de Caminha, dando conta ao rei português da descoberta da nova terra, em 1500. Essa carta, de certo modo, definiu a linha dominante das letras coloniais nos primeiros séculos, ao fazer a propaganda das riquezas naturais em florestas, abundância de águas, fauna, solo fértil, clima ameno bem diferente dos rigores do hemisfério norte, e índios amigáveis. Esse foi o tom, durante muito tempo, do que se escrevia para exaltar o espaço tropical recentemente anexado. Em meio a toda essa louvação um tanto formular e empertigada soaram, contudo, algumas vozes de fortes acentos, que dariam uma fisionomia mais vivaz ao barroco do segundo século. Entretanto, é só no final do terceiro século que aparece o primeiro movimento literário propriamente dito, quando um grupo de poetas de Minas Gerais, em consonância com o cânone estético europeu de sua época – o arcadismo -, trata de adaptá-lo à sensibilidade local. Também eram partidários de um rompimento com a metrópole e passaram à história por sua participação na Inconfidência Mineira, em 1789. A essa altura, as reivindicações de autoctonia e autonomia dos intelectuais tornavam-se abertamente nativistas, numa fase ainda anterior à consciência de pertencer a uma nação. Eles passam a dar voz ao sentimento de serem filhos de outra terra que não a Europa, mesmo se sua expressão se veicula numa língua européia. O romantismo vai atingir o ponto mais alto da realização e da teorização de uma literatura agora em secessão com sua matriz portuguesa, e não é coincidência que tal tendência se acentue na esteira da independência política efetivada em 1822. Os escritores românticos já estimam que é sua missão histórica construir uma literatura que seja nacional. E cogitam que vincar sua diferença dando vazão ao pitoresco pode implicar uma falácia, a de atender às exigências da alteridade européia. O indianismo, a mais saliente criação nativista, confrontou-se com esse risco. Esse é o debate que ocupa a maior parte do século XIX, quando, após o grito do Ipiranga, torna-se cadente a questão de definir os parâmetros de uma literatura que fosse esteticamente autônoma, a exemplo do País, que agora o era politicamente. A questão em pauta não era das mais simples. Por um lado, havia o argumento de que os autóctones deveriam praticar uma arte que se concentrasse em assuntos locais, na natureza luxuriante dos trópicos e em personagens típicos que não existiam na metrópole, como bandeirantes, gaúchos, sertanejos, escravos negros, índios. É verdade que isso precisava ser feito, e o foi. Por outro lado, insinuava-se a dúvida de que, ao agir assim, os escritores estariam produzindo exotismo para consumo externo. A via que evitasse esses dois escolhos, ou seja, não seguir os padrões alienígenas nem se restringir à cor local, revelava-se extremamente complexa e iria depender de uma construção gradativa, que congregaria os esforços de mais de uma geração de homens de letras. É com a prosa realista que finalmente se atinge a maturidade de uma visão crítica interna, feita de dentro e dirigida àquilo que conferia à nação seu perfil peculiar, após três séculos de desvio do ponto de partida em outro continente. Um tal perfil era a resultante específica de fatores heteróclitos, conflituosamente interagindo numa sociedade colonial nos trópicos, agrícola, patriarcal, escravocrata e mestiça. A superação do realismo é levada a termo pelo modernismo, no século XX. Exorcizados os fantasmas do século anterior através da aquisição daquela maturidade, 26 os modernistas vão encarar de uma outra maneira as relações com a matriz. Ou seja, declaradamente afinando-se com a Europa e ao mesmo tempo em disjunção com ela. Assim, pregaram e praticaram uma arte que abalou iconoclasticamente as bases de um academismo que se institucionalizara nas letras pátrias, representado, sobretudo pelos epígonos do naturalismo, do parnasianismo e do simbolismo. Puseram-se em dia com as vanguardas contemporâneas além-fronteiras. E lançaram uma plataforma inédita para lidar com o peculiar paradoxo que sempre inquietara os intelectuais nativos: como afirmar sua personalidade sem cair no pitoresco. A realização de tal projeto cabe a toda a obra, em prosa e verso, do conjunto dos modernistas. Mas encontrou sua particular explicitação no antropofagismo. Este propõe uma atitude não colonizada, onde a devoração sem culpa dos bens da civilização européia ande a par da rejeição de tudo aquilo que não atenda aos interesses do devorador ou que o ponha na posição subalterna do exibicionismo exótico. O percurso estava cumprido e a literatura brasileira pronta para enfrentar outras batalhas. Como aquelas, entabuladas, mas ainda não resolvidas, decorrentes do advento da indústria cultural e do impacto da influência norte-americana. E isso, após ter passado tanto tempo a definir-se como específica enquanto floração de entrechoques de culturas. O texto é extramente importante e perpassa os vários momentos de nossa literatura. Primeiramente, a autora nos fala sobre a Carta de Pero Vaz de Caminha, nosso primeiro cronista e um dos representantes da chamada literatura de informação ou de expansão, que teve ainda como expoentes Pero M. Gândavo, Gabriel Soares de Sousa e José de Anchieta (que se escrevia em Tupi Guarani com vistas à catequização dos índios). Bento Teixeira é um dos nomes que ganha visibilidade logo a seguir. Sua obra Prosopopéia é considerada a primeira obra literária legitimamente brasileira e é um marco do chamado SEISCENTISMO OU BARROCO, cujo maior nome no Brasil foi Gregório de Matos, o conhecido “Boca do inferno”. Matos, soteropolitano de nascimento, tornou-se célebre com sua conhecida irreverência e foi o introdutor da poesia lírica e satírica no Brasil. Atacando todas as classes da sociedade baiana da época, não poupou, com sua língua ferina, o governador, o clero, os mulatos, só para citar alguns. Eis um trecho de um de seus poemas satíricos mais famosos: Que falta nesta cidade? ................Verdade Que mais por sua desonra............ Honra Falta mais que se lhe ponha.......... Vergonha. O demo a viver se esponha, por mais que a fama a exalta, numa cidade onde falta Verdade, Honra, Vergonha. Na prosa podemos destacar nitidamente o Padre Antonio Vieira, famoso por seus sermões, conhecido pela oratória veemente. Apesar de sua religiosidade, nunca se prendeu apenas a ela, dedicando grande parte de seus esforços à defesa de causas políticas, como a dos colonizados por Portugal. Em seguida, Galvão discorre sobre o ARCADISMO. Este movimento terminou por refletir a condição do intelectual brasileiro da época. Em variados momentos recebia inspiração da literatura e dos ideais iluministas europeus e, em outros tantos, voltava-se às coisas da terra e se figurava como idealizador da vida no campo. Em Minas, esta tendência destacou-se sobremaneira. Nomes como Cláudio Manuel da Costa (poesia lírica), Tomás Antônio Gonzaga (sátira), célebre por seus versos Marília de Dirceu: 27 Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro, Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa fui honrado pastor da tua aldeia; vestia finas lãs e tinha sempre a minha choça do preciso cheia. Tiraram-me o casal e o manso gado, nem tenho a que me encoste um só cajado. Para ter que te dar, é que eu queria de mor rebanho ainda ser o dono; prezava teu semblante, os teus cabelos ainda muito mais que um grande trono. Agora que te oferte já não vejo, além de um puro amor, de um são desejo. São ainda expoentes Santa Rita Durão, que escreveu o épico Caramuru, Basílio da Gama que escreveu O Uraguai, Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto. O ROMANTISMO Tem como marco a publicação de Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães. Seus principais autores são nomes como: Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire, Fagundes Varela, Castro Alves, José de Alencar, Manuel Antônio de Almeida Joaquim Manuel de Macedo, Visconde de Taunay, Bernardo Guimarães e Franklin Távora. As características fundamentais do movimento residem na simplicidade da linguagem, saudosismo, subjetivismo, sentimentalismo, ideal de natureza, nacionalismo, indianismo, religiosidade, byronismo e condoreirismo. Dentre tantos autores como os que foram citados, podemos destacar a presença da voz de Castro Alves que se configurou como o poeta marginal ao opor-se ao indianismo, expressão corrente do romantismo, e defender os escravo em poemas como Navio Negreiro e Vozes d'África. Era um sonho dantesco!... o tombadilho , Que das luzes avermelha o brilho, Em sangue a se banhar. Tinir de ferros...estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... (In: Espumas Flutuantes. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, s.d.) Panorama Literário: do Realismo ao Modernismo REALISMO Seguindo o rumo dos conhecidos romances urbanos (que, na maioria das vezes, tratavam das peculiaridades da vida da burguesia no século XIX), vários autores se destacaram, dentre eles: Manuel Antonio de Almeida, autor de Memórias de um Sargento de Milícias, Joaquim Manuel de Macedo, que escreveu a famosa obra A Moreninha e ainda O Moço Loiro, As Vítimas-Algozes, As Mulheres de Mantilha, etc., José de Alencar, autor 28 de Senhora, A Pata da Gazela, A Viuvinha, etc. O marco considerado desta época, porém, é a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Segundo críticos, Machado termina por levar o romance e conto realistas ao ápice do sucesso com Memórias Póstumas e outros de seus títulos, como, por exemplo: Quincas Borba, Dom Casmurro, Memorial de Aires, Esaú e Jacó, só para citar alguns de seus sucessos mais retumbantes. Eis um fragmento de Memórias Póstumas: Ao leitor Que Sthendal confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, coisa é que admira e consterna. O que não admira, nem provavelmente consternará é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal, nem cinqüenta, nem vinte e, quando muito, dez. Dez? Talvez cinco. Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne, ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo. Pode ser. Obra de finado. Escrevi-a com a pena de galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio. Acresce que a gente grave achará no livro umas aparências de puro romance, ao passo que a gente frívola não achará nele o seu romance usual; ei-lo aí fica privado da estima dos graves e do amor dos frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião. Mas eu ainda espero angariar as simpatias da opinião, e o primeiro remédio é fugir a um prólogo explícito e longo. O melhor prólogo é o que contém menos coisas, ou o que as diz de um jeito obscuro e truncado. Conseguintemente, evito contar o processo extraordinário que empreguei nas composições destas Memórias, trabalhadas cá no outro mundo. Seria curioso, mas nimiamente extenso, e aliás desnecessário ao entendimento da obra. A obra em si é mesma tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se não te agradar, pago-te com um piparote, e adeus. Brás Cubas Como podemos observar, este excerto trata-se de uma introdução que o autor-defunto ou defunto-autor, Brás Cubas, escreve endereçando-a ao possível leitor de sua obra; são suas memórias que ele tenta explicar a este leitor iminente. NATURALISMO O naturalismo tem como características expressivas a observação da realidade sob uma ótica científica. Possui entre suas características o chamado Determinismo (os seres não possuem o livre-arbítrio para gerir suas atitudes, que são controladas pelo destino); a preferência por temas da patologia social (segundo eles, os vícios, problemas oriundos de doenças, dentre outros, podem interferir no caráter do homem); literatura engajada (existe uma intenção em, através dos escritos, operar uma reforma na sociedade). O marco do naturalismo brasileiro é a publicação de O Mulato, de Aluísio de Azevedo, mas nomes como Raul Pompéia, escritor de O Ateneu, livro altamente peculiar por possuir contornos de várias estéticas daquela época (possuía traços realistas, naturalistas, parnasianistas), também se destacam. Aluísio de Azevedo igualmente se destacou pela criação do conhecido O Cortiço. Segue trecho de O Mulato, que trata da caracterização da cidade de São Luis, no Maranhão: 29 Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 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A pobre cidade de São Luís do Maranhão parecia entorpecida pelo calor. Quase que se não podia sair à rua: as pedras escaldavam, as vidraças e os lampiões faiscavam ao sol como enormes diamantes, as paredes tinham reverberações de prata polida; as folhas das árvores nem se mexiam; as carroças d’água passavam ruidosamente a todo o instante, abalando os prédios, e os aguadeiros, em mangas de camisa e pernas arregaçados, invadiam sem cerimônia as casas para encher as banheiras e os potes. Em certos pontos não se encontra vã viva alma na rua; tudo estava concentrado, adormecido; só os pretos faziam as compras para o jantar ou andavam no ganho. PARNASIANISMO Ao contrário dos dois movimentos estéticos anteriores, o Realismo e o Naturalismo, o Parnasianismo configurou-se como uma tentativa de busca aos temas da Antiguidade Clássica. Buscavam a perfeição formal, uma linguagem culta, rimas raras e tinham preferência pela descrição. Não buscavam tratar de temas da realidade brasileira, os problemas sociais e humanos, mas, antes, voltavam-se para si, para um trabalho esmerado com a construção da arte, com a confecção do texto artístico e sua forma perfeita. Por conta disso, ficaram conhecidos como os defensores da “arte pela arte”. Olavo Bilac, Raimundo Correa, Alberto de Oliveira e Vicente de Carvalho, foram os nomes mais representativos desta corrente. Profissão de fé Invejo o ourives quando escrevo: Imito o amor Com que ele, em ouro, o alto-relevo Faz de uma flor. Imito-o. E, pois nem de Carrara A pedra firo: O alvo cristal, a pedra rara, O ônix prefiro. Por isso, corre, por servir-me, Sobre o papel A pena, como em prata firme Corre o cinzel. Neste excerto de Poesia, de Olavo Bilac (1957), o projeto estético do autor, bem como o da escola parnasianista, podem ser vislumbrados com alguma nitidez. O SIMBOLISMO O Simbolismo no Brasil é um movimento bastante tímido. Ele ocorre, principalmente, em províncias como Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e os textos dos seus autores apresentam imagens do frio presente nesses locais. Alphonsus de Guimarães produz 30 seus textos nas cidades de Minas Gerais e se deixa influenciar pelo aspecto nebuloso da geografia dessa região. No Rio de Janeiro, de grandes sóis e clima tropical, o agrupamento simbolista, mesmo com o reforço de Cruz e Sousa - que emigrara da antiga cidade do Desterro (hoje Florianópolis) -, acaba sufocado pela luz, pelo calor e pela onda parnasiana. Os que acreditam nessa corrente literária sofrem discriminação, zombarias e desprezo. Boa parte dos críticos não os compreende e o público leitor mostra-se indiferente frente a uma poética aristocrática, complicada, pretensiosa. Somente depois do triunfo modernista, alguns desses poetas são valorizados. Essa crítica acirrada acontece porque os simbolistas transplantam uma cultura que pouco tem a ver com a nossa (com exceção de Cruz e Souza, maior nome do Simbolismo). Os textos que verdadeiramente inauguram o Simbolismo pertencem a Cruz e Souza que, em 1893, lança duas obras renovadoras: Broquéis e Missal. A primeira compõe-se de poemas em versos e a segunda de poemas em prosa. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 SUGERIMOS A LEITURA DOS LIVROS DE MACHADO 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 DE ASSIS, UM DOS MAIORES NOMES DA NOSSA 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 LITERATURA, RECONHECIDO, TAMBÉM, FORA DO BRASIL. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 ALÉM DELE, INDICAMOS O CORTIÇO, DE ÁLVARO DE 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 AZEVEDO, PARA QUEM GOSTA DA FICÇÃO NATURALISTA. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 DESSA FORMA, O LEITOR TERÁ A OPORTUNIDADE DE SE 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 DIVERTIR COM OS GRACEJOS DE RITA BAIANA E COM OS 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 INÚMEROS PERSONAGENS PRESENTES NESSE LIVRO. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123 O pré-modernismo foi a época representada na literatura por um entrecruzar de várias correntes estéticas. Por um lado, existiu a queda da proposta realista-naturalista-parnasiana, e de outro uma afirmação da poesia simbolista. Na mesma época, então, surge uma prosa de ficção que, ligada à tradição realista, vai revelar criticamente as tensões da sociedade brasileira. Mesmo tendo a sua importância, este movimento não pode ser considerado como um movimento literário, mas sim um período de transição para o Modernismo. Canto de Regresso à Pátria Oswald de Andrade Minha terra tem palmares Onde gorjeia o mar Os passarinhos daqui Não cantam como os de lá Minha terra tem mais rosas E quase que mais amores Minha terra tem mais ouro Minha terra tem mais terra Ouro terra amor e rosas Eu quero tudo de lá Não permita Deus que eu morra 31 Sem que volte para lá Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa Não permita Deus que eu morra Sem que volte pra São Paulo Sem que veja a Rua 15 E o progresso de São Paulo Oswald de Andrade (1890-1954) é um dos mais significativos autores modernistas da literatura brasileira. Participou da Semana de Arte Moderna, editou o jornal "O Homem do Povo" e ajudou a fundar "O Pirralho" e a "Revista Antropofágica". É de sua autoria o Manifesto Antropófago de 1928. http://www.releituras.com/oandrade_menu.asp Oswald de Andrade é um dos poetas mais importantes do modernismo. Em parceria com outros artistas das mais variadas áreas, inauguram o movimento através da Semana de Arte Moderna. É na realização da Semana de Arte Moderna e ainda sob os ecos das vaias e gritarias, que tem início a primeira fase modernista, que se estende de 1922 a 1930, caracterizada pela tentativa de definir e marcar posições. Constitui, portanto, um período rico em manifestos de um grupo em busca de definição. Nessa década, a economia mundial caminha para um colapso, que se concretizaria na quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. O Brasil vive os últimos anos da chamada República Velha, ou seja, o período de domínio político das oligarquias ligadas aos grandes proprietários rurais. Não por mera coincidência, a partir de 1922, com a revolta militar do Forte de Copacabana, o Brasil passa por um momento realmente revolucionário, que culminaria com a Revolução de 1930 e a ascensão de Getúlio Vargas. Assim é que, de 1930 a 1945, o movimento modernista vive uma segunda fase, refletindo as transformações por que passou o país. Tem início uma outra etapa de sua vida republicana, levando os artistas nacionais a se posicionarem diante dessa nova realidade. A terceira fase modernista só acontece no ano de 1945, um dos mais marcantes da história da humanidade. Nessa data, com as explosões atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasáki, terminava a Segunda Guerra Mundial e começava um período de reestruturação geográfica, política e econômica que dividiu o mundo em blocos capitalistas, sob a liderança dos Estados Unidos, e comunistas, guiados pela ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Ao mesmo tempo em que se procura o moderno, o original e o polêmico, o nacionalismo se manifesta em suas múltiplas faces: volta às origens, pesquisa de fontes quinhentistas, busca de uma língua falada pelo povo nas ruas, paródias, numa tentativa de repensar a história e a literatura brasileiras, e valorização do índio verdadeiramente brasileiro. Entre os principais nomes do Modernismo estão: • • • • • • • • • 32 Mário de Andrade; Oswald de Andrade; Manuel Bandeira; Antônio de Alcântara Machado; Cassiano Ricardo; Plínio Salgado; Carlos Drummond de Andrade; Murilo Mendes; Cecília Meireles; • • • • Jorge de Lima; Vinicius de Moraes; João Cabral de Melo Neto; Ledo Ivo, entre outros. 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234 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UM POEMA DE AMOR DE VINÍCIUS, UM POEMA INFANTIL DE CECÍLIA OU, ATÉ MESMO, A POESIA MAIS SECA DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO SERVEM PARA GERAR CONHECIMENTO E PARA HUMANIZAR AS PESSOAS. ENTÃO, O QUE ESTAMOS ESPERANDO PARA ABRIR O LIVRO DE UM DELES? Panorama Literário: Autores Contemporâneos Após a Segunda Grande Guerra Mundial, uma nova sociedade brasileira aparece, sendo caracterizada por mudanças significativas em vários de seus setores. As manifestações artísticas e culturais também seguem este caminho e a primeira expressão significativa que é evidenciada para traduzir esta nova seara na literatura é a chamada “geração de 45”, que vai em busca de uma renovação da expressão literária, como fez Clarice Lispector, por exemplo. Além da escritora, que publicou o marco desta época, o conhecido Perto do Coração Selvagem, é imprescindível ressaltar a presença dos trabalhos magníficos de Guimarães Rosa (autor de Grande Sertão: Veredas, para citar uma de suas obras) e João Cabral de Melo Neto (considerado o maior poeta desta geração). Leia os seguintes fragmentos e reflita sobre a expressão literária de dois destes escritores. O primeiro, Guimarães Rosa; o segundo, João Cabral de Melo Neto: 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 TEXTO I 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja: que situado sertão é 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 por os campos-gerais a fora a dentro, ele dizem, fim de rumo, terras altas, demais do 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 Urucúia. Toleima. Para os de Corinto e do Curvelo, então, o aqui não é o dito sertão? 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 Ah, que tem o maior! Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; e onde 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade. O Urucúia vem 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 dos montões oestes. Mas, hoje, que na beira dele, tudo dá – fazendões de fazendas, 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 almargem de vargens de bom render, as vazantes; culturas que vão de mata em mata, 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 madeiras de grossura, até ainda virgens dessas lá há. O gerais corre em volta. Esses 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 pães, é questão de opiniões...O sertão está em toda a parte. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 (Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.) 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 33 Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 TEXTO II 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 Catar feijão 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 Catar feijão se limita com escrever: 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 joga-se os grãos na água do alguidar 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 e as palavras na folha de papel; 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 e depois, joga-se fora o que boiar. 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 Certo, toda palavra boiará no papel, 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 água congelada, por chumbo seu verbo 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 pois para catar esse feijão, soprar nele, 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 e jogar fora o leve e oco, palha e eco. 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 (MELO NETO, João Cabral de. Antologia Poética. Rio de Janeiro: José 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 Olympio/Sabiá, 1973). 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789 A partir dos anos 50, verificou-se uma tendência marcante na literatura: o aparecimento dos mais variados estilos, tendo a crônica e o conto surgido com uma expressividade significativa, tanto que são considerados os gêneros literários mais lidos no Brasil. Nesta época, não podemos deixar de mencionar a presença do Concretismo (que não se ateve apenas a esta época e estendeu-se até os nossos dias). Segundo esta corrente, cujos criadores foram Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos, a poesia precisa ter uma relação com outras artes, por isso seu caráter altamente multimidiático, o que representou um avanço para aquele contexto. Hoje, pensamos em como isto é tão conhecido e possibilitado pela tecnologia. Compositores como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Arnaldo Antunes, também tiveram um apreço pela poesia concretista. Entretanto, não apenas o concretismo se destaca; a presença da poesia-práxis e sua base na emoção e fato externos à poesia, também são característicos da cena contemporânea; e, em 57, a poesia social vem tratar dos problemas do Brasil e repudia o concretismo. Veja um exemplo de poema concretista a seguir: mar azul mar azul mar azul mar azul mar azul mar azul marco azul marco azul marco azul marco azul barco azul barco azul arco azul barco azul arco azul ar azul (GULLAR, Ferreira. mar azul. In Poemas Concretos/neoconcretos, 1956) Podemos pôr em destaque, ainda, na década de 60, um dos movimentos culturais mais importantes, que se estendeu até o fim do século XX: o Tropicalismo. O golpe militar de 64 fez com que vários compositores, poetas e artistas ligados ao movimento, sofressem a censura, perseguições e exílios. Uma década depois, o poeta social ainda tentava driblar o controle da censura. A poesia, considerada marginal, denunciava a situação de medo que o país ainda atravessava e mostrava a preocupação em expressar, do que em construir alguma coisa. 34 Acompanhe agora um trecho da composição de Caetano Veloso intitulada Tropicália, se puder tente ouvi-la em casa. Neste texto, o cantor fala sobre o próprio movimento, o Tropicalismo, e o momento histórico daquele contexto: Tropicália sobre a cabeça os aviões sob os meus pés os caminhões aponta contra os chapadões meu nariz eu organizo o movimento eu oriento o carnaval eu inauguro o monumento no planalto central do país viva a bossa sa sa viva a palhoça ça ça ça ça (...) (VELOSO, Caetano. Literatura Comentada. Org. Paulo Franchetti e Alcyr Pécora. São Paulo: Nova Cultural, 1987). Aparece, também, na literatura contemporânea, com expressividade, a literatura infanto-juvenil e a de mulheres, como Lygia Fagundes Telles (cronologicamente também ligada à geração de 45) e Lygia Bojunga Nunes. As crônicas do cotidiano, tais quais as de Rubem Braga e as de Fernando Sabino, e os contos de Rubem Fonseca são característicos desta nossa literatura. De 1956 até hoje, inúmeros autores trouxeram suas contribuições à nossa literatura. Alguns desses nomes podem ser observados a seguir: Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Ferreira Gullar, Mário Chamie, Torquato Neto, Lygia Fagundes Telles, Osman Lins, Mário Quintana, Murilo Rubião, Fernando Sabino, Rubem Braga, Dalton Trevisan, Autran Dourado, Otto Lara Resende, Manoel de Barros, José J. Veiga, João Antônio, Ricardo Ramos, Sérgio Porto, Antônio Callado, Adonias Filho, Rubem Fonseca, João Ubaldo Ribeiro, Luís Fernando Veríssimo, Ignácio de Loyola Brandão, Nélida Piñon, Lya Luft e Carlos Heitor Cony. ACREDITAMOS QUE O ESTUDO DA LITERATURA GERAL APRESENTADO SERVIRÁ DE REFERENCIAL PARA O TRABALHO COM A LÍNGUA PORTUGUESA EM SALA DE AULA. ALÉM DISSO, ATRAVÉS DESTA, SERÁ DESENCADEADA UMA REFLEXÃO EM TORNO DO APROFUNDAMENTO DO ESTUDO DA LITERATURA INFANTO-JUVENIL, INSTRUMENTO LÚDICO, QUE TORNA A AULA DE LÍNGUA MATERNA MAIS RICA E PRAZEROSA. 35 Atividades Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa Complementares ESTUDO COMPARATIVO DE TEXTOS TEXTO I CANÇÃO DO EXÍLIO Gonçalves Dias Minha terra tem palmeiras, Onde canta o sabiá; As aves que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossas vias mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar – sozinho – à noite – Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem Palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. TEXTO II AQUARELA DO BRASIL Ary Barroso (1939) (traditional version) Brasil, meu Brasil brasileiro Meu mulato inzoneiro Vou cantar-te nos meus versos O Brasil, samba que dá Bamboleio que faz gingá O Brasil do meu amor Terra de Nosso Senhor Brasil! Brasil! Prá mim... prá mim... Ô, abre a cortina do passado Tira a mãe preta do serrado Bota o rei congo no congado Brasil! Brasil! Deixa cantar de novo o trovador 36 A merencória luz da lua Toda a canção do meu amor Quero ver a “sá dona” caminhando Pelos salões arrastando O seu vestido rendado Brasil! Brasil! Prá mim... prá mim... Brasil, terra boa e gostosa Da morena sestrosa De olhar indiscreto O Brasil, verde que dá Para o mundo se admirá O Brasil do meu amor Terra de Nosso Senhor Brasil! Brasil! Prá mim... prá mim... Ô, esse coqueiro que dá côco Ôi onde amarro a minha rêde Nas noites claras de luar Brasil! Brasil! Ô, ôi essas fontes murmurantes Ôi onde eu mato a minha sede E onde a lua vem brincá Ôi, esse Brasil lindo e trigueiro É o meu Brasil brasileiro Terra de samba e pandeiro Brasil! Brasil! 1. Prá mim... prá mim... O texto I foi escrito no período do Romantismo, por Gonçalves Dias, e deixa evidente o amor do poeta pelo nosso país. O texto II é uma canção escrita por Ari Barroso, no início do século XX e declara este mesmo amor ressaltando outros pontos de nossa nação. Identifique alguns elementos que foram citados sobre o Brasil, no texto II, que não constam no texto I e que também podem ser vistos como marcas de enaltecimento para o Brasil. 2. Se você fosse Gonçalves Dias e tivesse a oportunidade de escrever, hoje, um texto homenageando o Brasil, você acha que ele escreveria da mesma forma? Por quê? O que você acha que ele tomaria como elementos de homenagem ao Brasil na atualidade? 3. Comente sobre a diferença entre a linguagem de Gonçalves Dias, no século XIX (Coimbra, julho de 1843), e a linguagem da música. Que semelhanças na forma de dizer, que diferenças, o que fora atualizado na língua do período até os nossos dias. 37 A PEDRA DE DRUMMOND E A PRÁTICA DA SALA DE AULA Leia o texto abaixo: Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa O MEIO DO CAMINHO No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento Na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho Tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra. 1. (Carlos Drummond de Andrade) Escreva um pequeno texto relatando as suas impressões sobre este poema de Drummond. Seu texto deve ser pautado na sua percepção pedagógica, explicando como ele poderia ser aproveitado em sala de aula no enriquecimento da aula ou como fonte geradora de projetos de produção textual. 38 ESTUDO COMPARATIVO: TEXTO E IMAGEM ATENÇÃO! Observe a imagem abaixo. É uma tela de Basquiat, gênio de origem humilde que saiu de casa ainda adolescente para viver nas ruas de Manhattan, Nova Yorque. Seu sucesso instantâneo deveu-se em parte ao auxílio de artistas como Andy Warhol, de quem se tornou amigo. Quando morreu, aos vinte e sete anos de idade, deixou um impressionante volume de obras artísticas. Sua grandeza reside na habilidade para integrar as culturas americana e africana, no amor pela cultura pop e em sua extraordinária linguagem visual. Agora, leia a letra da música BIENAL de Zeca Baleiro, poeta contemporâneo que tem como característica maior o trabalho com a diversidade de ritmos e gêneros musicais envolvidos. Esse fato faz desse músico um dos cantores que sabem valorizar a terra onde vive. Suas canções vão do simples ao rock pesado, passando pelo samba, embolada, balada, baião, reggae, pagode, blues, etc. Baleiro não costuma dar rótulos ao tipo de música que toca. Para ele, o universo musical brasileiro é muito mais abrangente do que isso. Bienal Zeca Baleiro Composição: Zeca Baleiro / Zé Ramalho Desmaterializando a obra de arte do fim do milênio Faço um quadro com moléculas de hidrogênio Fios de pentelho de um velho armênio Cuspe de mosca, pão dormido, asa de barata torta Teu conceito parece, à primeira vista, Um barrococó figurativo neo-expressionista Com pitadas de arte nouveau pós-surrealista Ao cabo da revalorização da natureza morta Minha mãe certa vez disse-me um dia, Vendo minha obra exposta na galeria, "Meu filho, isso é mais estranho que o cu da gia E muito mais feio que um hipopótamo insone" 39 Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa Pra entender um trabalho tão moderno É preciso ler o segundo caderno, Calcular o produto bruto interno, Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone, Rodopiando na fúria do ciclone, Reinvento o céu e o inferno Minha mãe não entendeu o subtexto Da arte desmaterializada no presente contexto Reciclando o lixo lá do cesto Chego a um resultado estético bacana Com a graça de Deus e Basquiá Nova York, me espere que eu vou já Picharei com dendê de vatapá Uma psicodélica baiana Misturarei anáguas de viúva Com tampinhas de pepsi e fanta uva Um penico com água da última chuva, Ampolas de injeção de penicilina Desmaterializando a matéria Com a arte pulsando na artéria Boto fogo no gelo da Sibéria Faço até cair neve em Teresina Com o clarão do raio da siribrina Desintegro o poder da bactéria Com o clarão do raio da siribrina Desintegro o poder da bactéria Agora, compare o texto literário da poesia de Zeca Baleiro com o texto visual da obra de Basquiat. O que há de comum entre eles? O que há de diferente? É a sua vez de brincar de artista. Escolha a linguagem que preferir: poema, desenho, crônica, cordel, etc., abuse da criatividade e apresente a sua interpretação desse estudo comparado da foma mais criativa possível. Leirura Recomendada “LITERATURA BRASILEIRA” - DAS ORIGENS AOS NOSSOS DIAS “Literatura Brasileira" - das origens aos nossos dias, continua sendo um grande aliado tanto de professores quanto de alunos, que encontram nele um material consistente e completo, ricamente ilustrado, cujas grandes marcas são o trabalho com a intertextualidade e os painéis de época, que trazem o contexto histórico-artístico de algumas das principais escolas literárias, além dos capítulos que já haviam sido inseridos na última reedição. NICOLA, Jose de. Literatura Brasileira (Das Origens Aos Nossos Dias). Editora Scipione: São Paulo, 2004. 40 Filme Recomendado MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS Um grande clássico da literatura brasileira transformado em filme. Após ter morrido, em pleno ano de 1869, Brás Cubas (Reginaldo Faria) decide por narrar sua história e revisitar os fatos mais importantes de sua vida, a fim de se distrair na eternidade. A partir de então, ele relembra de amigos como Quincas Borba (Marcos Caruso), de sua displicente formação acadêmica em Portugal, dos amores de sua vida e ainda do privilégio que teve de nunca ter precisado trabalhar em sua vida. FICHA TÉCNICA Título Original: Memórias Póstumas Gênero: Drama Tempo de Duração: 101 minutos Ano de Lançamento (Brasil): 2001 Site Oficial: www.memoriaspostumas.com.br Estúdio: Cinemate Material Cinematográfico / Cinematográfica Brasileira / IPACA/ Lusa Filmes / PIC-TV / Secretaria de Estado da Cultura / Superfilmes Distribuição: Lumière Direção: André Klotzel Roteiro: André Klotzel, baseado em livro de Machado de Assis Produção: André Klotzel Música: Mário Manga Fotografia: Pedro Farkas Desenho de Produção: Marjorie Gueller Direção de Arte: Adrian Cooper Edição: André Klotzel LITERATURA E PRÁTICA EDUCATIVA NO ENSINO FUNDAMENTAL LITERATURA INFANTO-JUVENIL: PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS História da Literatura Infanto-Juvenil Você já parou para pensar de onde veio a Literatura Infanto-Juvenil? Quem foram os primeiros contadores de histórias? E o que veio primeiro: a história lida ou a história contada? Wiliam Shakespeare 41 A célula máter da literatura infanto-juvenil pode ser encontrada na Novelística Popular Medieval que tem suas origens na Índia. Descobriram que desde essa época a palavra impôs-se ao homem como algo mágico, como um poder misterioso, que tanto poderia proteger, como ameaçar, construir ou Fundamentos destruir. São, também, de caráter mágico ou fantasioso, as narrativas e Didática conhecidas, hoje, como literatura primordial. Nelas foi descoberto o fundo da Língua fabuloso das narrativas orientais, que surgiram séculos antes de Cristo e Portuguesa difundiram-se por todo o mundo, através da tradição oral. A primeira obra realmente direcionada ao público infantil foi uma coletânea de cantigas infantis publicada por Mary Cooper em 1744. O seu exagerado título era: “Para todos os pequenos senhores e senhoritas, para ser cantado para eles por suas babás até que possam cantar sozinhos”. Uma segunda coletânea era intitulada “Melodia da Mamãe Gansa”, provavelmente do livreiro John Newbery - 1760, por isso ele é considerado o precursor na descoberta e exploração do mercado de livros para crianças. Com a ascensão da família burguesa, do novo "status" concedido à infância na sociedade e da reorganização da escola, aparece a Literatura Infanto-Juvenil que traz características próprias. Sua força surge, antes de tudo, por estar associada com a Pedagogia, já que as histórias tinham o firme propósito de ensinar. É a partir do século XVIII que a criança passa a ser considerada um ser diferente do adulto, com necessidades e características próprias, distanciando-se desta forma da vida dos mais velhos e recebendo uma educação especial, que a preparasse para a vida adulta. É importante distinguir a literatura propriamente infantil da ficção adaptada, esta última servindo-se de grandes produções da Literatura Geral. Essas obras sofrem uma releitura e acomodam-se a linguagem e maturidade das crianças, a fim de oferecer-lhes o conhecimento das mesmas e, sem dúvida, alargar-lhes o horizonte cultural. Obras como Dom Quixote, de Cervantes não se destinam intencionalmente às crianças, assim como as lendas de que compõe as mitologias clássicas e pagãs. Monteiro Lobato, para citar um exemplo, adaptou para a versão infantil, textos dessa densidade: "D. Quixote das Crianças", "Hans Staden", "Minotauro" e "Os Doze Trabalhos de Hércules”. A literatura infantil tem o seu ponto de partida, sob o aspecto de consagração universal, na França do século XVII. E vamos encontrar essa consagração na obra fantasiosa de Perrault e na obra de caráter didático de Fénelon. CHARLES PERRAULT (1628-1703), COLHENDO E ADAPTANDO AS LENDAS E NARRAÇÕES ORIUNDAS DA TRADIÇÃO E DO FOLCLORE, IMORTALIZOU-SE ATRAVÉS DE CONTOS MARAVILHOSOS COMO O DO GATO DE BOTAS E O DA GATA BORRALHEIRA, SENDO HOJE CONSIDERADO AUTOR CLÁSSICO DO GÊNERO, AO LADO DE ANDERSEN E DOS GRIMM. O PRIMEIRO LIVRO DE PERRAULT DATA DE 1697. FÉNELON (1651-1715). SUAS QUALIDADES PEDAGÓGICAS FORAM APLICADAS NA EDUCAÇÃO DO DUQUE DE BORGONHA, NETO DO REI LUÍS XIV. EM "TELÊMACO" SUA OBRA MAIS FAMOSA, RELATA AS AVENTURAS DO FILHO DE ULISSES. NOTAMOS QUE O AUTOR, DISFARÇADO NA FIGURA DE MENTOR, SERVIA-SE PARA ENSINAR AO DUQUE OS DEVERES DE UM PRÍNCIPE. 42 Mas, há ainda inúmeros autores da literatura infanto-juvenil que merecem destaque, são eles: • La Fontaine (1621-1695). O clássico moderno das fábulas. Adaptadas, elas constituem o encanto da garotada. • Mme. D'Aulnoy, cujo nome real é Maria Catarina Jumel de Berneville. A condessa D'Aulnoy foi autora de contos de fadas muito populares, como "O Delfim", "A Ave Azul", "A Bela dos Cabelos de Ouro" etc. Faleceu em 1705. No século XVIII, nós temos: • Jonathan Swift (1667-1745), com suas "Viagens de Gúliver". • Daniel Defoe (1660-1731), com o "Robinson Crusoe". • Mme. Leprince de Beaumont (1711-1780), cuja obra denuncia preocupação educativa. Entre suas produções salientamos "A Fada das Ameixas", "A Bela e a Fera", "O Príncipe Encantado", "Loja dos Adolescentes", "O Manual da Juventude". • Mme. de Genlis (1749-1830). Deixou-se influenciar por Rousseau. Assumindo atitude realista, procurou banir a fantasia, substituindo-a por assuntos de natureza informativa e científica. • Berquin (1749-1791). Fiel discípulo de Rousseau e considerado por muitos o verdadeiro fundador da literatura infantil. Sua obra fundamenta-se na realidade e não na ficção imaginosa. "Literaturas Escolhidas", série de contos vários, constitui um de seus trabalhos mais apreciados. No século XIX, destacamos: HANS CHRISTIANO ANDERSEN (1805-1875). O ESCRITOR E POETA DINAMARQUÊS É, SEM DÚVIDA, UM DOS MAIS SENSÍVEIS E DEDICADOS ESCRITORES DO GÊNERO. EM SEU ESTILO ESTÁ SEMPRE PRESENTE A POESIA, QUE DENOTA SUAVE E CONTAGIANTE TERNURA. É AUTOR DE 156 CONTOS MARAVILHOSOS, ENTRE OS QUAIS FIGURAM "O PATINHO FEIO" (AUTOBIOGRÁFICO), "O CARACOL E A ROSA", "O PINHEIRO", "O ROUXINOL", "A SEREIAZINHA", "O SOLDADINHO DE CHUMBO", "A ROUPA NOVA DO IMPERADOR", "A PEQUENA VENDEDORA DE FÓSFOROS", "SAPATINHOS VERMELHOS" ETC. IRMÃOS GRIMM, QUE SÃO LUÍS JACOB (1785-1863) E GUILHERME CARLOS (1786-1859). ALÉM DE FILÓLOGOS E LEXICÓGRAFOS, FORAM OS PIONEIROS DOS ESTUDOS FOLCLÓRICOS. OS CONTOS QUE ESCREVERAM E OS CELEBRIZARAM, EMANAM DIRETAMENTE DAS FONTES PRIMITIVAS E GENUÍNAS DA TRADIÇÃO E SABER POPULAR. PUBLICARAM "CONTOS POPULARES" E "LENDAS ALEMÃS". 43 Além de Andersen e dos Grimm, outros autores merecem destaque: Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa • Frances Hodon Burnet é o autor de "O Pequeno Lorde", conhecida obra de conteúdo romântico. • Collodi, cujo verdadeiro nome é Carlos Lorenzini, imortalizou-se com seu boneco de pau, o "Pinocchio". • Edmundo de Amicis deixou-nos o primoroso "Cuore". • Charles Dickens pode ser aqui representado com seu "David Copperfield". • Mattew J. Barrie, escritor escocês, criador de "Peter Pan", símbolo da infância eterna, corporificado no menino que não quis crescer. • Condessa de Ségur, autora de obras bem conhecidas como "Memórias de um Burro", "Que Amor de Criança!", "As Férias", etc. • Lewis Carrol, pai da célebre "Alice no País das Maravilhas", obra de crítica ao esnobismo de uma época, e impregnada daquilo que os ingleses chamam de "nonsense". • Mark Twain, com seu "Tom Sawyer". • Fenimore Cooper, com o "O Último dos Moicanos", "O Corsário Vermelho" etc. • Lyman Frank Baum, imortalizado com seu "Mágico de Oz". • Rudyard Kipling, que também nos deu excelentes fábulas com seus curiosos "Jungle Books" e aventuras atraentes como no "Kim". • Selma Lagerlof, ganhadora do prêmio Nobel. É chamada a "rainha da fantasia sueca". • Júlio Verne, autor de obras engenhosas e ao mesmo tempo instrutivas. Sua ficçãocientífica popularizou-se em trabalhos como "Vinte Mil Léguas Submarinas", "A Ilha Misteriosa", "Cinco Semanas em Balão", "A Volta ao Mundo em 80 Dias", "Os Filhos do Capitão Grant". • Otávio feuillet, com o "Polichinelo". • Maeterlink, admirável escritor belga, estilizador do famoso "Pássaro Azul". • Tchekov, com os "Álbuns de Contos Russos". • Alex Pusckin, grande escritor poeta romântico, com seus contos melancólicos e ternos, como: "O Pescador e o Peixinho", "A Princesa Morta e os Sete Cavalheiros”. • Ivan Krylov escreveu fábulas, calcadas em Esopo e Fedro. É considerado o La Fontaine russo. • Antoine Exupéry , criador de "O Pequeno Príncipe", verdadeira obra-prima de lirismo e sutileza crítica. Esses são grandes nomes da literatura infanto-juvenil, homens e mulheres que contribuíram para que as crianças tivessem a oportunidade de ampliar, transformar e enriquecer suas vidas. Dessa forma, é preciso atentar para o fato de que essa literatura nos foi apresentada não só como veículo de manifestação de cultura, mas também de ideologias de quem as escreveu. Por iniciar o homem no mundo literário, a literatura infantil deve ser utilizada como instrumento para a sensibilização da consciência, para a expansão da capacidade e interesse de analisar o mundo. Assim sendo, é fundamental perceber que a literatura deve ser encarada, sempre, de modo global e complexo em sua ambigüidade e pluralidade. 44 Para refletir... Reflita sobre estas questões: Como v ocê ffoi oi intr oduzido no m undo da você introduzido mundo Literatura Infanto-Juvenil? Você costuma tr ansmitir a paixão pela liter a tur a Inf anto-Juv enil Infanto-Juv anto-Juvenil transmitir litera tura entre as crianças que estão próximas de você? Leitura de texto literário é um direito ou um dever? Daniel Pennac, em seu livro “Como um Romance”, da editora Rocco, discute um pouco essas questões e nos ajuda a perceber que o verbo ler, assim como o verbo amar, não aceita imperativo. É preciso incentivar a paixão pela Literatura Infanto-Juvenil desde a mais tenra idade, mas é necessário, também, não criar uma aura de obrigação em torno dos clássicos para que o público infanto-juvenil não se afaste de textos tão importantes para o desenvolvimento do imaginário humano. Direitos do Leitor Você sabia que os Direitos imprescritíveis do leitor são: O direito de não ler. O direito de pular páginas. O direito de não terminar um livro. O direito de reler. O direito de ler qualquer coisa. O direito ao "bovarismo" (doença textualmente transmissível). O direito de ler em qualquer lugar. O direito de ler uma frase aqui e outra ali. O direito de ler em voz alta. O direito de calar. (Extraído de "Como um Romance", de Daniel Pennac, editora Rocco). 45 A Classificação da Literatura Infanto-Juvenil Antes de abrirmos a próxima discussão, vale a pena refletir: Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa 123456 123456 123456 123456 123456 123456 1 Existe uma literatura para criança? Se existe, a criança não 1234567 1234567 1234567 1234567 1234567 1234567 1234567 2 123456 123456 123456 123456 123456 123456 pode ler um texto escrito para o adulto? Os livros escritos para crianças podem ser lidos para elas em qualquer idade? 3 Podemos afirmar que existe uma Literatura Infanto-Juvenil ou tudo é apenas Literatura? Até bem pouco tempo, ainda no século XX, a literatura infanto-juvenil era considerada como um gênero secundário e vista pelo adulto como algo no mesmo nível que o brinquedo ou como forma de entretenimento. A valorização da literatura infanto-juvenil, como formadora de consciência dentro da vida cultural das sociedades, passou a acontecer a bem pouco tempo. Sendo assim, é preciso pensar nessa arte e, investir na relação entre a interpretação do texto literário e a realidade. Para isso, não há melhor sugestão do que obras infantis que abordem questões de nosso tempo e problemas universais, inerentes ao ser humano. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 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12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 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Para isso, é necessário organizar o trabalho com a literatura infanto-juvenil a partir de um repertório que pode ser classificado de acordo com vários critérios, dos quais salientamos dois: 1. DE ACORDO COM A IDADE; 2. DE ACORDO COM AS ESPÉCIES E GÊNEROS LITERÁRIOS. DE ACORDO COM A IDADE Fase Pré-Escolar ou Pré-Mágica: • Período maternal (dos 2 aos 4 anos ) • Período Pré-Primário (dos 4 aos 6 anos) O período maternal é a fase pré-mágica. Nesse período, o mundo da criança limitase ao ambiente em que ela vive. Sua imaginação se acha ainda latente, e por isso, somente os seres, as coisas e as pessoas com que convive, podem ocupar-lhe a atenção. No período denominado pré-primário, que se inicia aos 4 anos, a criança entra na fase mágica e a fantasia aparece de forma criadora e atuante. Abrange os 3 períodos: o 1.º aos 4 anos; o 2.º aos 5; e o 3.º aos 6 anos. Neles já entram as narrações clássicas, como as estórias de Dona Baratinha, Os Três Porquinhos, Chapeuzinho Vermelho etc. 46 Fase Escolar: • 1.º Período (dos 7 aos 8 anos) • 2.º Período (dos 8 aos 9 anos) • 3.º Período (dos 9 aos 10 anos) Na fase escolar a criança começa o aprendizado da leitura, que ocorre, geralmente, nas escolas primárias. O enredo gira em torno de histórias de animais, de aventuras e de encantamento, desperta o interesse pelos conflitos e lances culminantes que chamam a sua atenção. Fase preparatória (dos 10 aos 12 anos) Idade Juvenil Fase da adolescência (dos 13 aos 18 anos) Nesta fase, o adolescente começa a demarcar os seus gostos. Ainda costumam se entreter com as histórias de aventura, mas são as relações de gênero que demarcam com maior propriedade os gostos literários nesse período da vida desses leitores. CONFORME AS ESPÉCIES E GÊNEROS LITERÁRIOS A literatura infantil comporta as mesmas espécies e gêneros da Literatura Geral, sendo assim, há modalidades em prosa (contos, novelas, romances, fábulas, apólogos, peças teatrais etc.) e em verso (narrativas ritmadas ou rimadas como os romances, as parlendas, e todas as composições que compõem o patrimônio da chamada "poesia infantil"). Destacaremos algumas espécies, que informam particularmente características de textos infantis. Contos de Encantamento - são narrações em que ocorrem fatos extraordinários ou inverossímeis, tais como as metamorfoses fantásticas, sortilégios estranhos, fórmulas cabalísticas, talismãs invencíveis, etc. Enfim, é impossível, a mágica e o imprevisto acontecendo. Podemos exemplificar os contos de encantamento com: "Aladim e a Lâmpada Maravilhosa, "O Pássaro de Ouro", "A Bela Adormecida no Bosque", "A Gata Borralheira", "O Pescador e o Gênio", etc. Numa dessas ficções basta uma senha ser proferida para que algo incrível ocorra. É o caso do Ali Babá com o seu "Abra-te, Sésamo!", palavra-chave que remove o obstáculo que impede a entrada na caverna dos tesouros. Numa outra, é um sapo que depois de beijado por uma bela princesa se transforma num príncipe encantado em 47 como “A Princesa e a Bola de Ouro”. Naquela outra, uma linda donzela, ao ser espetada na cabeça por um alfinete, vira uma pomba branca, e numa pomba que fala, como sucede na "Moura Torta". Fundamentos e Didática Contos de Fadas - são também contos de encantamento, nos quais da Língua Portuguesa as fadas ocupam lugar de destaque. MAS AD AS? MAS,, O QUE SÃO F FAD ADAS? O TERMO REMONTA AO GREGO, COM A SIGNIFICAÇÃO DE "BRILHO", "FULGOR", TENDO CHEGADO ATÉ NÓS PELO LATIM ATRAVÉS DE "FATUM", A QUE SE PRENDEM NA MESMA FAMÍLIA ETIMOLÓGICA, OUTRAS PALAVRAS COMO: FADO, FATAL, FATALIDADE, FÁBULA, ETC. A PALAVRA "FADA" AINDA INTEGRA O LÉXICO EM EXPRESSÕES DE SENTIDO DELICADO E LAUDATÓRIO: TRABALHO DE FADA, MÃOS DE FADA, DEDOS DE FADA, ETC. As fadas, conforme as lendas que as inspiram, dispõem de poderes mágicos. De preferência, elas os utilizam para beneficiar um afilhado, ou seja, um indivíduo que, ao nascer, lhes é confiada a proteção. Podem atribuir-lhe dons admiráveis, como riqueza, beleza, fortuna, poder, etc. São responsáveis, assim, pelo desenrolar de um destino, e daí a origem do nome latino "fatum", - destino. Estórias Acumulativas - São narrações em que os episódios sucedem-se consecutivamente encadeados, numa seqüência pela qual os casos anteriores se repetem face à representação de outro. Os casos acumulam-se, então, gradualmente até o desfecho, que afinal refere-se ao próprio início da narrativa. O exemplo comum dessa espécie você pode encontrar na estória da formiguinha, cujo pé ficou preso na neve. São estórias que agradam, particularmente, a crianças novas, pois sua técnica baseada na repetição possibilita maior facilidade ao acompanhamento do enredo. Estórias de Aventuras - Narrações entremeadas de acidentes e episódios empolgantes pelo qual passam personagens destacadas, centralizadas na figura de heróis, caso seja mais de um. O assunto dessa espécie é bem variável: ora se prende a lances épicos e dramáticos (como no caso de cavaleiros medievais de marinheiros e piratas, de vaqueiros e bandoleiros, de espadachins, etc.), ora a casos envolvendo enigmas e surpresas (como nas narrativas de mistério e nos contos policiais), por vezes a fatos simplesmente engraçados ou curiosos (como nas ficções de fundo cientista ou nas de conteúdo humorístico). 48 Fábulas - Narrações que visam explicar a origem de certas particularidades de um ser ou coisa. Por exemplo, o porquê da rivalidade ou animosidade entre animais como o cão e o gato, o motivo da existência do rabo nos macacos, a razão pela qual a goela da baleia é estreita, etc. Uma fábula bastante conhecida é "A Festa no Céu", que nos informa a causa do aspecto característico do couro do sapo, tão salpicado à maneira de remendos. É importante conhecer a classificação da literatura infanto-juvenil, porém, é imprescindível pensar em como despertar nas crianças, jovens e adultos o gosto e a valorização por este tipo de texto. Pensando dessa forma, a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro distribuiu um folheto informativo divulgando algumas maneiras de incentivar a leitura em casa. São dicas que podem ser acrescidas por ações que você já desenvolve. Algumas se referem à leitura de modo geral, mas muitas podem ser adaptadas para despertar o gosto pela literatura infantojuvenil. COMO INCENTIVAR A LEITURA EM CASA OS PAIS SÃO OS PRIMEIROS – E OS MAIS IMPORTANTES – PROFESSORES DAS CRIANÇAS. POR ISSO, AQUI ESTÃO NOVE MANEIRAS DE VOCÊ AJUDAR O SEU FILHO A SE TORNAR UM BOM LEITOR. A. Leia sempre. Ações significam mais do que palavras. Quando seus filhos o vêem lendo um jornal ou folheando um livro, vão querer seguir o seu exemplo; B. Incentive o seu filho a ler todos os dias. Ler – como praticar esportes ou tocar piano – pressupõe exercício. Pesquisas revelam que crianças que despendem pelo menos 30 minutos do dia lendo por lazer – livros, jornais ou revistas – desenvolvem essa prática e tornam-se bons leitores na escola; C. Incentive em seus filhos o hábito de freqüentar bibliotecas, livrarias e bancas de jornal. Enquanto estiver numa livraria ou numa banca de jornal, manuseie livros, jornais e revistas na presença deles; Leia em voz alta para os seus filhos. Esse ato ajuda os filhos a se tornarem bons leitores. Portanto: D. • Comece a ler para os seus filhos desde pequenos. Nunca é cedo para começar a ler para as crianças; • Reserve um tempo do seu dia para ler alto – 10 (dez) minutos podem produzir um grande im- 49 continuando... Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa pacto. A hora de dormir é o momento propício para a leitura em voz alta. Algumas têm hábito de ler no café da manhã ou logo após o jantar; • Não pare de ler para os seus filhos porque eles cresceram. Ambos se sentirão satisfeitos de fazerem algo importante juntos e descobrirão novas oportunidades de convívio; • Leia os livros de que você realmente gosta. Seus filhos perceberão se estiverem tapeando; Use o jornal para incentivar a leitura. Dê a seu filho uma lista de coisas para ele procurar no jornal do dia. Algumas idéias: E. • O mapa do Brasil ou do Estado em que mora; • A foto do atleta favorito dele; • A temperatura da cidade onde se encontra um parente; • Três palavras que começam por M; • Um filme que esteja passando num cinema próximo de casa. F. Oriente seus filhos nas pesquisas escolares. Não faça o trabalho para eles. Ensineos a procurar em enciclopédias, livros e jornais informações de que necessitem; G. Dê livros de presente. Depois, indique um lugar especial para que seus filhos os guardem e conservem, formando a biblioteca deles; H. Faça da leitura um privilégio. Você pode dizer: “Como você me ajudou a lavar o carro, estou com tempo para ler esta história”. Ou: “Você pode ficar acordado mais 15 (quinze) minutos esta noite, se for ler na cama”; I. Ainda que você não seja um bom leitor, pode encorajar seus filhos a sê-lo. Peça a eles para lerem para você. Fale dos livros que leram. Peça a amigos ou parentes para ler alto para seus filhos. Literatura Infanto-Juvenil e Habilidades de Leitura Quando pensamos em formação do sujeito-leitor são muitas as idéias, reflexões e inquietações que afloram sobre o processo de ensino-aprendizagem da leitura literária no espaço escolar. Sabemos que livros e histórias auxiliam o educando em seu desenvolvimento cognitivo e afetivo, em especial, quando isso acontece através da exploração da linguagem enquanto representação simbólica nas várias oportunidades em que o leitor estabelece relações entre texto lido e suas experiências particulares. Além disso, percebemos o quanto é preciso discutir acerca das dificuldades que o educando enfrenta ao ser introduzido no mundo da leitura e como, infelizmente, a escola tem desfavorecido o encontro de seus alunos com o texto literário, ao empregá-lo como pretexto para diferentes conteúdos curriculares e ao fazer uso de estratégias mecânicas de leitura. Embora muitos equívocos sejam cometidos, o que todo educador de fato deseja é que o sujeito leia, aprenda a ler e viva lendo. Mas... como? 50 O QUE É NECESSÁRIO P ARA A FORMAÇÃO DE PARA UM LEITOR PROFICIENTE? Sem deixar de lado os aspectos afetivos e relacionais que envolvem o ato da leitura, como a parceria entre o imaginário do texto e o imaginário do leitor, cabe esboçar uma prática pedagógica a partir da compreensão do processo múltiplo que é a própria construção do ato de ler, tentando "ver o detalhe" de cada face, fase, etapa ou movimento que impulsiona o leitor rumo à revelação do texto e seus muitos sentidos. Movimento que é mesmo uma ação (aproximação, interpretação) e envolve um saber-fazer. Sendo um saber, a leitura é algo possível de ensinar e aprender -- o que pode soar como óbvio, mas exige do professor atenção redobrada sobre seu processo. Seguindo os eixos norteadores dos PCN, em diversos momentos, podemos promover a Análise e Reflexão sobre a Linguagem, ao trabalhar conteúdos de Língua Escrita - Leitura, o que permite que a atividade ganhe um sentido mais amplo. É importante que, através das situações vivenciadas em sala de aula, o educando sinta-se como alguém hábil em aprender a aprender, processualmente. De tal modo, as questões direcionadas a ele devem primar: • Pelo desafio possível de ser vencido; • Pela clareza; • Pela articulação que evidencie um caminho lógico e seguro para sua inteligência. Mas, ouvimos, ainda, reclamações sobre a falta de motivação de nossos alunos em relação ao desejo de aprender. Certamente, para que os educandos tenham interesse e passem a compreender melhor as propostas de que são parceiros, primeiramente têm o direito de saber o que se pretende, isto é, conhecer os objetivos para a realização de uma atividade. Com isso, talvez consigam sentir e pressentir que suas ações preencherão uma necessidade: • Necessidade de saber; • Necessidade de realizar e realizar-se; • Necessidade de formar-se e se informar; • Necessidade de dar vazão ao próprio imaginário represado (diante de textos literários). Para que essas necessidades sejam atingidas, é preciso perceber que as competências gerais (apresentadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais), como certos níveis de raciocínio lógico, inteligência e memória, são o que permitem e franqueiam o sucesso que o educando sentirá durante o seu processo de formação como leitor. Assim, dosar atividades para atender a esse sujeito, pensar estrategicamente a aprendizagem para não estabelecer conteúdos e ações nos limites de um nível muito baixo ou alto demais, é tarefa do professor em sua atuação. Sobretudo porque as estratégias também são aprendidas pelos alunos, afinando e sintonizando sua leitura e compreensão do mundo. LITERATURA É APRENDIZAGEM SOMENTE QUANDO NOS MOSTRA QUE HÁ O DIFERENTE, A VARIEDADE E NOVAS POSSIBILIDADES DE DESCOBERTA, DANDO-NOS, DE UM ALGUM JEITO, ALGO QUE JÁ ESPERÁVAMOS. 51 A Arte de Narrar É hora de rememorar histórias: Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa 1) Quando pequeno você costumava ouvir histórias? Quem as narrava? 2) Você ainda lembra da primeira história que lhe contaram? Qual foi? 3) Você acha que existe relação entre ouvir histórias e gostar de ler? NARRAR HISTÓRIAS É COMO TECER. NÃO O FIO DA MEMÓRIA, MAS O DA VIDA. ENQUANTO O TEMPO PASSA, MANTÊ-LO PARADO, NA IMERSÃO DAS MUITAS HISTÓRIAS QUE OUVIMOS, RETOMADAS FIO A FIO, GERAÇÃO A GERAÇÃO, COMO OS GALOS QUE JOÃO CABRAL (MELO NETO, 1973) FEZ TECEREM A MANHÃ. TECENDO A MANHÃ Um galo sozinho não tece uma manhã: Ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito que ele o lance a outro; de um outro galo que apanhe o grito de um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos. E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, se entretendo para todos, no toldo (a manhã) que plana livre de armação. A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão. João Cabral de Melo Neto Nas narrativas populares são freqüentes os tecelões, as tecelãs, aqueles que tecem. Por exemplo: Rumpelstiltskin salva a filha do moleiro ao tecer palha e fazê-la virar ouro. A moça salva da mentira que seu pai inventara - a de que esta transformava palha em ouro casou-se com o rei e, por dívida, teria que dar seu primogênito ao homenzinho que a salvou da morte. Embora tenhamos começado a discussão sobre a arte de narrar exaltando a figura do tecelão, da tecelã, são os camponeses e os marinheiros comerciantes que, com o seu ofício de contar histórias, atravessam espaço e tempo e instaura as suas narrativas no 52 imaginário dos nossos educandos. Do primeiro grupo – narradores verdadeiros - vieram os contos de fadas, como forma de resistência aos desmandos dos senhores feudais (Barbosa, 1991). Isto porque os contos de fadas davam bons conselhos, e isso funcionava como ajuda numa situação de emergência provocada pelo mito. Segundo Benjamin (1936), o conto de fadas é uma das primeiras medidas que a humanidade tomou para se libertar do mito. É uma forma de sobreviver à morte, pela narrativa: "e viveram felizes para sempre". Ainda existem outros narradores, eficazes por seu distanciamento: as mulheres e os velhos. As mulheres, contadoras de histórias, fiandeiras, bordadeiras, doceiras, faziam de suas narrações ofício de transmitir ao outro as histórias oriundas de muitas gerações. Eram mulheres de mãos cheias e pensamento livre para tecer os relatos da sua memória, como a Cora Coralina, por exemplo, que com doçura e poesia teceu pedras e versos que emocionam gerações. Das Pedras Ajuntei todas as pedras que vieram sobre mim. Levantei uma escada muito alta e no alto subi. Teci um tapete floreado e no sonho me perdi. Uma estrada, um leito, uma casa, um companheiro. Tudo de pedra. Entre pedras cresceu a minha poesia. Minha vida... Quebrando pedras e plantando flores. Entre pedras que me esmagavam Levantei a pedra rude dos meus versos. Já os velhos, que numa sociedade capitalista são tidos como improdutivos, fazem do preconceito que sofrem a liberdade de poder lembrar. Liberdade que, nas comunidades indígenas, serve como elemento desencadeador do respeito. Para o velho, a memória é algo distinto da vida prática: é sonho, fuga, arte, lazer, contemplação. Este, por findar um ciclo de vida, busca na memória se tornar eterno, através das muitas histórias deixadas de herança para as novas gerações. Contar, para o velho, é viver. Seu único sentido em nossa sociedade. E os narradores homens: que espaço é reservado a eles no mundo do narrativo? Ao homem, o contar histórias só é permitido se este for viajante, artesão ou velho. Ao homem jovem, sobra o espaço da produção material, 53 do trabalho. A origem da narrativa está na experiência que passa de pessoa para pessoa. No mundo moderno, a experiência não é valorizada, por isso, a narrativa, de tradição oral, perde importância e, junto com ela, os contadores de histórias. É o homem perdendo a capacidade de ouvir, de narrar, desde o Fundamentos advento da sociedade burguesa e da difusão da imprensa até os dias de hoje. e Didática O mundo pós-moderno carece, e muito, da oralidade, e, tem se da Língua intensificado, num movimento velado, em torno da ascensão dessa oralidade Portuguesa pela veia da Literatura Infanto-Juvenil. No caso do Brasil, a Literatura InfantoJuvenil começou a ganhar força ainda na década de 60. Portadora de um discurso que defendia as idéias das minorias se mostrou terreno livre de censura, porta para as críticas sociais, difíceis de serem feitas durante o governo militar. Ao falar das minorias sociais, a literatura infantil brasileira resgatou sua forma de expressão, a oralidade. Um exemplo belíssimo da utilização da Literatura Infanto-Juvenil é a peça Os Saltimbancos de Chico Buarque que, retratava a união entre os ditos “mais fracos” para enfrentarem com coragem os donos do poder: Junte um bico com dez unhas Quatro patas, trinta dentes. E o valente dos valentes Ainda vai te respeitar Todos juntos somos fortes Somos flecha e somos arco Todos nós no mesmo barco Não há nada pra temer - Ao meu lado há um amigo Que é preciso proteger Todos juntos somos fortes Não há nada pra temer Agora já sabemos, contar é estar em linha, é estar em trança, como Rapunzel: "trança de gente", senda de história. É saber passado, presente, futuro: num mundo em que o espaço do masculino vem se restringindo, pois a mulher vem conquistando espaços que antes lhes eram negados, o contar histórias, tantas vezes atribuído ao feminino (Dona Benta, Sherazade, Emília...), passa a ser também uma necessidade dos homens. Afinal, numa sociedade que busca cada vez mais, no mercado de trabalho, trabalhadoras mulheres, os homens muitas vezes vêem-se responsáveis pela casa, pelos filhos, envolvendo-se com atividades que exigem a ação tranqüilizadora da narrativa. No mundo pós-moderno, a indefinição dos papéis sexuais muda os papéis dos casais e dos casamentos: homens e mulheres em busca de seus gêneros. O que é ser homem e o que é ser mulher na sociedade atual? O contar, sempre, é relacionado à esfera da paciência. Tinha paciência a mulher que tecia o fio, Penélope esperando Ulisses com seu manto interminável; tinha paciência o marítimo que viajava, Ulisses vivendo anos longe de sua Ítaca... E, nesta tecelagem que é a criação, importa o narrar, o contar. Ameaçado por um mundo de clones e robôs, em que o homem pós-moderno resgata o ofício de narrar: desta vez, sua própria história em homepages, em histórias ouvidas e recontadas de muitas formas. 54 Atividades Complementares REMEMORANDO A HISTÓRIA DA LITERATURA INFANTO-JUVENIL A história da literatura infanto-juvenil data de períodos longínquos. Mas, através dessa arte, crianças e adultos puderam sentir emoção, dor, raiva, medo, paixão e muitos outros sentimentos. Retome as leituras feitas neste bloco e responda as questões que seguem: 1. Qual o título e o autor da obra que consagrou a literatura infantil? E Quando esse fato ocorreu? 2. Quais foram os principais autores e suas respectivas obras da literatura infantojuvenil estudadas por você? Relacione-as: OUVIR HISTÓRIA: UMA ARTE SEM IDADE Desde os primórdios da humanidade, contar histórias é uma atividade privilegiada na transmissão de conhecimentos e valores humanos, além de incentivar a imaginação e a criatividade. Que tal compartilhar com a turma uma experiência inesquecível? Escolha uma pessoa de sua família e peça que a mesma lhe conte uma história. Valorize a experiência, busque alguém mais velho, que já tenha ouvido e vivido muitas narrativas. Depois disso, registre a história no espaço que segue e, se possível, conte para os seus colegas o que você vivenciou nesse momento mágico. 55 UMA CARTA DE AMOR Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa TODAS AS CARTAS Todas as cartas de amor são Ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor, Como as outras, Ridículas. As cartas de amor, se há amor, Têm de ser Ridículas. Mas, afinal, Só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amor É que são Ridículas. Quem me dera no tempo em que escrevia Sem dar por isso Cartas de amor Ridículas. A verdade é que hoje As minhas memórias Dessas cartas de amor É que são Ridículas. (Todas as palavras esdrúxulas, Como os sentimentos esdrúxulos, São naturalmente Ridículas.) Álvaro de Campos, 21-10-1935 56 Que tal voltar a ser criança? Dirija-se a uma biblioteca infantil ou a qualquer outro lugar onde você possa ter acesso a um livro de literatura infanto-juvenil. Antes de escolher, folheie o livro, leia a orelha do mesmo e as suas imagens. Depois disso, faça a sua escolha de coração, leve para casa o livro que mais chamou a sua atenção, aquele que, de alguma forma, dialogou com você. Em seguida, provocado pelo poema do Fernando Pessoa, leia o livro como se fosse criança e, em seguida, redija uma carta contando a sua experiência com a literatura InfantoJuvenil. Não economize imaginação e sentimentos. Aí vão algumas dicas: • Fale sobre os personagens; • Registre emoções e expectativas a cada parte contada; • Deixe as suas impressões sobre o desfecho da história; • Não deixe de comentar as ilustrações, elas sempre nos marcam; Leirura Recomendada O QUE É QUALIDADE EM LITERATURA INFANTIL E JUVENIL Você sabe escolher um livro de literatura? Será que identifica quando o mesmo tem qualidade literária ou não? Esse livro é uma boa dica para quem não quer errar na hora da escolha. Este livro nasceu do desejo de se refletir sobre a questão da qualidade em literatura infantil e juvenil. Para tanto, nada melhor do que ouvir a voz de quem a produz. Foram reunidos, pela primeira vez em um mesmo livro, alguns dos mais conceituados escritores brasileiros e portugueses que, através de artigos e depoimentos, apresentam sua visão sobre este assunto. Oliveira, Ieda de. O que é Qualidade em Literatura Infantil e Juvenil. Editora DCL: São Paulo, 2005. Filme Recomendado PAGEMASTER, O MESTRE DA FANTASIA Tyler (Culkin) é um garoto que sabe tudo sobre acidentes e, por causa disso, tem medo de fazer qualquer coisa que possa colocá-lo em perigo ou que possa machucá-lo. 57 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa Certo dia, ao tentar fugir de uma tempestade, Tyler se abriga numa biblioteca. Mas, como num passe de mágica, o menino é transportado para o mundo mágico dos livros. Lá, ele conhece três livros e, juntos, eles enfrentarão as maiores aventuras para fazer com que Tyler retorne para sua casa em segurança. FICHA TÉCNICA Local/Data: EUA - 1994 Tempo de Duração: 80 minutos Tipo: Animação/Aventura Direção: Maurice Hunt e Joe Johnston Com: Macaulay Culkin, Christopher Lloyd, Ed Begley Jr. e outros Vozes de: Woopi Goldberg, Patrick Stewart e outros PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO FUNDAMENTAL Planejar é Preciso! Planejar sempre foi um instrumento imprescindível para as pessoas, esteja ela em qualquer setor da vida em sociedade: à frente do governo de um país, dirigindo uma grande empresa, administrando um comércio, organizando uma casa ou comandando uma escola. Através do planejamento é possível definir o que queremos a curto, médio e longo prazo; prever situações e obter recursos; organizar atividades; dividir tarefas; avaliar. Nem sempre enxergamos que o planejamento está presente em nosso dia-a-dia. Quando vamos ao mercado planejamos para evitar exageros em relação às compras e, quando vamos ao aniversário de alguém, organizamos melhor a nossa ida para sabermos como iremos nos vestir, com quem vamos até o local, que presente iremos comprar. Isso não significa que, através do planejamento, afastaremos os improvisos que fazem parte da vida e também são esperados. MAS, E NA ESCOLA, COMO É O PLANEJAMENTO? • • • • Uma exigência burocrática de gestores e coordenadores pedagógicos; Algo que existe para tomar tempo e ser engavetado; Um documento sem funcionalidade, organizado sem nenhuma reflexão; Um plano complexo, difícil de ser sistematizado na prática. Muitas são as reclamações de professores em relação ao tempo que “perdem” elaborando um plano de trabalho. Na maioria das vezes, eles afirmam, nem chegam a consultá-lo ao longo do ano. 58 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 UM DOCUMENTO PREPARADO COM ESSA PERSPECTIVA NÃO TEM 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 FUNÇÃO NO COTIDIANO, POIS NÃO ATENDE A UMA NECESSIDADE 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 PRÁTICA. E O QUE ACABA ACONTECENDO, ENTÃO? 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678 A sala de aula acaba se tornando um grande espaço de improviso, onde o professor “resolve na hora” o que colocará em prática com os alunos. Outros professores assumem o livro didático como único instrumento a ser seguido e, com o argumento da praticidade, aplicam textos e exercícios sem refletirem sobre o que fazem e, sem levarem em consideração o que o aluno sabe sobre o que está sendo trabalhado. Outros ainda copiam todos os anos o mesmo planejamento, pois acreditam que este será engavetado antes mesmo da sua leitura e, há aqueles que maquiam os planejamentos dos anos anteriores, mas não atribuem nenhuma mudança significativa nessas alterações. Resultado, no final o planejamento se torna um grande “faz de conta”. COMO SERIA, ENTÃO ANEJ AMENT O DE VERD ADE? ENTÃO,, UM PL PLANEJ ANEJAMENT AMENTO VERDADE? Um planejamento consciente, pautado na ação, reflexão ação, leva em consideração: • • • • O tipo de aluno que a escola pretende formar; As exigências colocadas pela realidade social; Os resultados de pesquisas sobre aprendizagem; As contribuições das áreas de conhecimento e da didática. Para que isso aconteça, é preciso que o professor perceba que o planejamento é um instrumento de fato – um meio de organizar o trabalho e contribuir para o aprendizado dos alunos, como no exemplo que segue: VEJAMOS COMO ISTO ACONTECE COM FÁTIMA, UMA PROFESSORA DE 1ª SÉRIE Fátima é professora há dezoito anos e, a cada ano, sente necessidade de aprimorar seu trabalho. Além disso, apesar de dar aula em duas classes, sempre achou tempo para ler materiais que considera significativos para sua prática e, com freqüência, participa de cursos de atualização. A certa altura, achou que era preciso pensar em uma nova forma de planejar o trabalho. Compartilhou sua insatisfação com seus colegas e, todos juntos, resolveram que o plano daquele ano não seguiria o esquema convencional. E o que fizeram de tão diferente? Na verdade, não mudou muita coisa, aparentemente; como qualquer plano, esse também incluía objetivos, conteúdos, procedimentos didáticos e avaliação. Mas Fátima não estava tão preocupada com o conteúdo do plano, e sim com a maneira de elaborá-lo, de forma a torná-lo útil de fato para ela e seus colegas. Na escola em que Fátima trabalhava, os professores tiveram dois dias de reunião, antes do início das aulas, para discutir os objetivos da escola e preparar as atividades dos primeiros quinze dias de aula. Nessas duas semanas, os professores teriam a chance de conhecer seus alunos, identificar suas dificuldades e seu nível de conhecimento. 59 Feito isso, haveria cinco dias de planejamento da série. Quando os professores se reuniram, após os primeiros quinze dias de aula, a diretora resolveu organizar as reuniões de planejamento por área (reivindicação feita no ano anterior), Fundamentos discutindo os objetivos de cada uma delas. Para ajudar nessa discussão, levou os Parâmetros Curriculares Nacionais, do Ministério e Didática da Educação. Depois disso, os professores se reuniram por ciclo e, da Língua considerando o diagnóstico feito em cada classe, traçaram os Portuguesa objetivos da área para aquele ano, no ciclo e nas respectivas séries. Definidos os objetivos, levantaram a próxima questão: como proceder para atingi-los? No caso de Língua Portuguesa, Fátima comentou a importância do trabalho com linguagem oral e linguagem escrita. O grupo de professores resolveu, então, discutir o que cada um sabia a respeito. Enquanto isso, foram folheando os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa, chamando a atenção uns dos outros para alguns trechos que enriqueciam a discussão. Por fim, decidiram fazer uma lista do que achavam fundamental utilizar e produziram um relatório, com tudo que haviam discutido: objetivos, conteúdos, atividades e propostas de avaliação. Estava pronto um plano de ensino útil. (...) Em seguida, planejaram como distribuir o trabalho de Língua Portuguesa dentro do horário previsto. Além de especificar o gênero de texto, precisariam definir as atividades – ler, ouvir, escrever de memória, reescrever, criar, revisar. Ficou assim: • Leitura pelo professor de diferentes tipos de texto. • Leitura pelos alunos – inclusive propostas para alunos ainda não-alfabetizados. • Produção de texto (oral ou escrito) coletiva e individual. Organizaram as atividades de Língua Portuguesa para a primeira semana, tendo como preocupação central garantir a realização de todas as atividades necessárias, com diferentes tipos de texto. A tabela que fizeram pode servir de exemplo: BONS RESULTADOS Esse planejamento simplificou bastante o trabalho de todos, que, assim, ganharam mais tempo para debater outras questões importantes: o trabalho em grupo, por exemplo. O exemplo dado é apenas uma ilustração das vantagens de um trabalho planejado coletivamente, de um projeto curricular elaborado e desenvolvido de forma compartilhada. São essas práticas que contribuem para o prazer de ensinar cada vez mais e melhor. Em suas discussões, os professores descobriram que a maneira de organizar os grupos na classe depende de várias coisas; depende do objetivo da atividade proposta, dos conhecimentos prévios dos alunos e da possibilidade de os alunos cooperarem entre si. Organizar o trabalho a partir desses critérios foi um exercício difícil, mas os professores acreditavam no que estavam fazendo e isso 60 garantiu o envolvimento de todos. Começaram a avaliar o que não dava certo, a discutir novos encaminhamentos e a reformular a prática pedagógica, de acordo com as necessidades identificadas. Assim transcorreu o ano. As reuniões quinzenais se tornaram mais produtivas e foram ocorrendo reformulações no plano de trabalho, resultantes do aprendizado dos professores com cursos, leituras, discussões coletivas, análise das propostas realizadas na sala de aula e outras atividades. Foi um ano trabalhoso, mas muito mais gratificante. (BRASIL, PCN em Ação, Módulo de Alfabetização, 1999, p. 93-96) Projeto de Trabalho em Língua Portuguesa: Um Caminho a Seguir William Shakespeare Trabalhar com projetos é uma prática pedagógica que integra alunos, professores, funcionários, comunidade escolar, se assim o for possível. O ambiente de aprendizagem onde isso acontece é propício à interação e deve promover o desenvolvimento da atuação do aluno como sujeito do seu conhecimento. A autonomia que isto proporcionará ao aluno será de grande valia em sua vida pessoal e profissional, de seu crescimento, que se dará por meio de buscas constantes de informações significativas para a sua compreensão representação e resolução de uma situação-problema. Trata-se de uma cultura do aprendizado que não se perfaz por reformas ou novos métodos e conteúdos definidos por especialistas que pretendam impor melhorias ao sistema educacional vigente. É uma mudança radical que deve tornar a escola capaz de atender às demandas da sociedade, considerando as expectativas, potencialidades e necessidades dos alunos. Deve também criar espaço para que professores e alunos tenham autonomia para desenvolver o processo de aprendizagem de forma cooperativa, com trocas recíprocas, solidariedade e liberdade responsável, com o desenvolvimento das capacidades de trabalhar em equipe, tomar decisões, comunicar-se com desenvoltura, formular e resolver problemas relacionados com situações contextuais. Enfim, o projeto deve visar desenvolver a habilidade de aprender a aprender, de forma que cada um possa reconstruir o conhecimento, integrando conteúdos e habilidades segundo o seu universo de conceitos, estratégias, crenças e valores, incorporar as novas tecnologias e não apenas para expandir o acesso à informação atualizada, mas principalmente para promover uma nova cultura do aprendizado por meio da criação de ambientes que privilegiem a construção do conhecimento e a comunicação. 61 Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa A aprendizagem por projetos ocorre por meio da interação e articulação entre conhecimentos de distintas áreas, conexões estas que se estabelecem a partir dos conhecimentos cotidianos dos alunos, cujas expectativas, desejos e interesses são mobilizados na construção de conhecimentos científicos. Os conhecimentos cotidianos emergem como um todo unitário da própria situação em estudo, portanto sem fragmentação disciplinar, e são direcionados por uma motivação intrínseca. Cabe ao professor provocar a tomada de consciência sobre os conceitos implícitos nos projetos e sua respectiva formalização, mas é preciso empregar o bom-senso para fazer as intervenções no momento apropriado. Trabalhar com projetos significa lidar com ambigüidades, soluções provisórias, variáveis e conteúdos não identificáveis a priori e emergentes no processo. Tudo isso se distingue de conjecturas pela intencionalidade explicitada em um plano que inicialmente é um esboço caracterizado pela plasticidade, flexibilidade e abertura ao imprevisível, sendo continuamente revisto, refletido e re-elaborado durante a execução. O desenvolvimento de um projeto envolve um processo de construção, participação, cooperação e articulação, que propicia a superação de dicotomias estabelecidas pelo paradigma dominante da ciência e as inter-relaciona em uma totalidade provisória perpassada pelas noções de valor humano, solidariedade, respeito mútuo, tolerância e formação da cidadania, que caracteriza o paradigma educacional emergente (Moraes, 1997). O professor que trabalha com projetos de aprendizagem respeita os diferentes estilos e ritmos de trabalho dos alunos desde a etapa de planejamento, escolha do tema e respectiva problemática a ser investigada. Não é o professor quem planeja para os alunos executarem, ambos são parceiros e sujeitos de aprendizagem, cada um atuando segundo o seu papel e nível de desenvolvimento. As questões de investigação são formuladas pelos sujeitos do conhecimento levando em conta suas dúvidas, curiosidades e indagações e, a partir de seus conhecimentos prévios, valores, crenças, interesses e experiências, interagem com os objetos de conhecimento, definem os caminhos a seguir em suas explorações, descobertas e apropriação de novos conhecimentos. O professor é o consultor, articulador, mediador, orientador, especialista e facilitador do processo em desenvolvimento pelo aluno. A criação de um ambiente de confiança, respeito às diferenças e reciprocidade, encoraja o aluno a reconhecer os seus conflitos e a descobrir a potencialidade de aprender a partir dos próprios erros. Da mesma forma, o professor não terá inibições em reconhecer seus próprios conflitos, erros e limitações e em buscar sua depuração, numa atitude de parceria e humildade diante do conhecimento que caracteriza a postura interdisciplinar. A partir de uma mudança pessoal e profissional é que se começa a refletir sobre a mudança da escola para uma escola que incentive a imaginação criativa, favoreça a iniciativa, a espontaneidade, o questionamento e a inventividade, promova e vivencie a cooperação, o diálogo, a partilha e a solidariedade. Mas, para transformar o sistema educacional é preciso que essa reciprocidade extrapole os limites da sala de aula e envolva todos que constituem a comunidade escolar: dirigentes, funcionários administrativos, pais, alunos, professores e a comunidade na qual a escola encontra-se inserida. 62 Projeto de Trabalho: Dando Forma aos Conteúdos de Língua Portuguesa O trabalho com projetos pode dar conta de alguns objetivos educacionais com maior profundidade, em particular o desenvolvimento da autonomia intelectual, o aprender a aprender, o desenvolvimento da organização individual e coletiva, bem como a capacidade de tomar decisões e fazer escolhas com o propósito de realizar pequenos ou grandes projetos pessoais. Para que o trabalho com projetos dê bons resultados, o professor deve tomar alguns cuidados, além daqueles necessários em qualquer situação de ensino: • O projeto precisa estar bem definido, ou seja, alunos e professores devem ter uma idéia bem clara daquilo que será feito, a meta: um objeto (livro, maquete, desenho, cartaz, escultura) ou uma ação (passeio,campanha, seminário, show musical). • É a idéia básica do projeto (a meta, o sonho) que determina e justifica as fases do projeto. Essas fases podem envolver estudo, pesquisa, construção, ensaio, e todas as ações que forem necessárias para a realização do projeto. Nesse sentido, costuma-se dizer que, para ser um projeto, o desenvolvimento do trabalho na sala de aula deve ter a participação dos alunos em algumas decisões, para que eles aprendam também a analisar situações, tomar decisões e ter a experiência de pôr em prática o que foi planejado. Dizendo de outro modo: no desenvolvimento de um projeto, as decisões devem ser partilhadas entre professor e alunos. Mesmo as decisões que são tomadas previamente pelo professor devem ser explicadas e justificadas, ou seja, partilhadas com os alunos, tendo como referência a realização do projeto. Para melhor ilustrar o trabalho com a interdisciplinaridade, apresentaremos um projeto em que o estudo da língua materna se torna bastante significativo. “AGÊNCIA DE PUBLICIDADE”. Projeto em que o aluno terá a oportunidade de falar e ouvir em situações específicas de comunicação nas quais faz sentido expor opiniões, ouvir com atenção, sintetizar idéias, defender ponto de vista, replicar, etc.; utilizar as convenções da escrita como uma exigência social; perceber as finalidades e funções do texto publicitário; e, observar e utilizar a linguagem específica do texto publicitário: seus recursos lingüísticos e não-lingüísticos. 63 Agência de Publicidade 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 Fundamentos 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 Assunto 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 e Didática da Língua O texto publicitário Portuguesa 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 Autor Alfredina Nery: graduada em Letras e mestre em Psicologia da Educação. 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 Série a partir da 2ª série do 1º ciclo do Ensino Fundamental 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 Tempo necessário cinco aulas 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 Introdução Na sociedade de hoje, sofremos constante bombardeio publicitário por meio de cartazes na rua, comerciais na televisão e no rádio, propagandas em revistas e jornais sempre com o objetivo de promover o consumo de produtos (e idéias). Ao trazermos para a sala de aula o texto publicitário como uma unidade de trabalho, a criança passa a conhecer não só as finalidades e características lingüísticas e textuais deste tipo de texto, mas também pode tornar-se um consumidor mais atento e crítico, pois passa a conhecer os elementos de persuasão que a publicidade usa para conquistar seu público. Nessa atividade, vamos selecionar produtos e marcas de conhecimento dos alunos e reescrever seus textos publicitários e slogans. Com relação ao conhecimento do sistema alfabético de escrita, o enfoque será o de relacionar a grafia convencional de palavras de maior utilização, segmentação de palavras e frases, uso de maiúscula e de alguns sinais de pontuação. 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 123456789012345678901234567890121234567890 Objetivos Com este trabalho, pretende-se que os alunos sejam capazes de: a) falar e ouvir em situações específicas de comunicação nas quais faz sentido expor opiniões, ouvir com atenção, sintetizar idéias, defender ponto de vista, replicar etc.; b) utilizar as convenções da escrita como uma exigência social; c) perceber as finalidades e funções do texto publicitário; d) observar e utilizar a linguagem específica do texto publicitário: seus recursos lingüísticos e não-lingüísticos. 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 Recursos Didáticos Revistas, jornais, cola, papel pardo, tesoura, folha sulfite, lápis de cor/cera, canetas coloridas. 64 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 Organização da Sala Haverá momentos de trabalho em que as crianças deverão estar em pequenos grupos, em outros que trabalharão individualmente e, em outros, em que todos da classe deverão formar um círculo para a discussão ou síntese coletiva. 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 Desenvolvimento da Atividade/Procedimentos 1) Faça com os alunos uma pesquisa sobre as marcas e os produtos que conhecem, listando-os na lousa, a partir de algumas categorias como laboratórios farmacêuticos, empresas automobilísticas, lojas de eletrodomésticos, produtos infantis, produtos alimentícios etc.; 2) Organize os alunos em duplas e peça que levantem os "slogans" que conhecem e que correspondem a cada marca levantada no item anterior. Exemplos: "Nestlé - Nossa vida tem você"; "M&M's - O chocolate que derrete na sua boca e não na sua mão"; "McDonald's - Gostoso como a vida deve ser"; 3) Solicite que os alunos, ainda em duplas, procurem nas revistas e jornais trazidos para a classe os vários produtos e seus slogans, recortando-os; 4) Proceda em seguida à triagem dos produtos que serão colados no papel pardo coletivo, tendo em vista os critérios de classificação do item 1 deste roteiro, de forma a obter uma variedade grande de textos publicitários; 5) Afixe o papel pardo na sala de aula para divulgação do trabalho feito e para consulta e análise lingüística das crianças (Onde está escrito tal palavra? Como se escreve tal palavra? tal palavra começa com a mesma letra do nome de fulano da classe? Há alguma palavra estrangeira? Como se escreve e como se pronuncia?); 6) Com os produtos colados no papel pardo, proceda à análise das propagandas quanto à relação entre o texto escrito e a imagem, Por exemplo, o logotipo da Nestlé (símbolo que representa o nome da empresa ou do produto) é um ninho com três pássaros de tamanhos diferentes, sendo que um está na posição de ter chegado ao ninho, trazendo alimento. Os pássaros podem estar representando o pai, a mãe e o filho, ou seja, a proteção que vem da família, uma vez que os produtos desta marca referem-se à alimentação: leite, chocolate, bolacha etc. Garanta na análise que os alunos percebam que as cores e o tipo de letra utilizados são também importantes nas propagandas para chamar a atenção do consumidor; 7) Solicite que os alunos criem outros "slogans" para os produtos já trabalhados (e outros), atentando para as características específicas da linguagem da propaganda, como uso de qualificativos ("Só Omo lava mais branco"), uso de verbo no imperativo ("Abuse e use C&A"), rimas ( "Danoninho, vale por um bifinho", "Tomou Doril, a dor sumiu"), linguagem argumentativa ( "Se a marca é CICA, bons produtos indica", "Quem come um, pede BIS"); 8) Escolha junto com as crianças uma das marcas ou produtos para criarem um anúncio publicitário que contenha os três elementos desse tipo de texto: texto escrito (que ofereça informações sobre o produto, destaque as qualidades positivas do produto e procure convencer o consumidor a adquirir o produto), ilustração (fotografia, gravura, desenho, gráfico) que qualifique bem o produto e "slogan"(frase sintética e atraente, de fácil memorização). Atentar também para as cores e os tipos de letras escolhidos para atrair o leitor; 9) Organize junto com os alunos a divulgação das propagandas elaboradas. Pesquisar os endereços das marcas e produtos e enviar as propagandas feitas pelos alunos aos respectivos fabricantes (é sempre interessante que os alunos passem por situações de produção de texto com interlocutores reais). 65 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 Avaliação Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa Ao longo do desenvolvimento da atividade, é possível avaliar: - como o aluno utilizou a linguagem (oral e escrita) de forma contextualizada, ou seja, em determinadas situações nas quais faz sentido falar,ouvir ler, escrever; - o que o aluno já conhecia sobre o texto de propaganda: quais marcas e produtos conhecia, para que servem os produtos e suas propagandas, quais "slogans" têm de memória; - o que o aluno passou a conhecer: por que neste tipo de texto o tamanho e o tipo das letras são importantes, quais cores são usadas em cada propaganda, por que, como é possível convencer o outro a comprar, quais palavras representam as qualidades dos produtos, o que a ilustração tem a ver com o texto escrito; - o que o aluno conhecia e o que passou a saber sobre as convenções da escrita, quais convenções foram garantidas a cada etapa de trabalho; - quais oportunidades foram dadas aos alunos para que reflitam sobre o mundo em que vivem e sobre a própria linguagem que expressa e constitui este mundo. 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 12345678901234567890123456789012123456789 Contextualização Esta atividade propicia que a criança amplie seus conhecimentos sobre a escrita e suas convenções e que conheça mais e melhor o mundo em que vive, através do estudo dos usos e formas do texto publicitário que é um indicador da sociedade de consumo, pois cria no leitor a necessidade de comprar/consumir. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345 Sugestões para Trabalho Interdisciplinar Esta atividade guarda estreita relação com os temas transversais "Trabalho e Consumo" e "Ética" (Parâmetros Curriculares Nacionais - MEC), uma vez que possibilita que os alunos tenham uma visão mais crítica do mundo de hoje e suas linguagens. Para isto, é possível fazer uma visita a uma agência de publicidade para conhecer seus profissionais ou então escrever a uma delas. Planeje com seus alunos a visita à agência elaborando em conjunto um roteiro de perguntas e de fatos a serem observados. Por exemplo: observar como se faz uma propaganda, entrevistar as várias pessoas envolvidas, discutir sobre formação, experiência de trabalho, instrumentos de trabalho necessários, fonte de inspiração, dificuldades da profissão etc. Aproveite para conhecer também os códigos de ética da profissão. Após a visita, solicite aos alunos um registro escrito com os dados levantados e peça para relacioná-los com as propagandas de televisão. A área de Educação Artística também pode contribuir para uma análise da propaganda como forma de expressão. Escolha uma propaganda e analise com os alunos quais recursos ela utiliza (música, artes plásticas, artes da computação). Em História, é possível contextualizar a publicidade dentro das transformações científicas, técnicas e econômicas do mundo moderno. Pesquise em publicações mais antigas, como eram as propagandas (pasta de dente "Kolynos e seu sorriso refrescante", absorvente Modess com uma mulher trabalhando em máquina de escrever antiga). 66 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890 Aprofundamento de Conteúdo Este trabalho propõe uma articulação entre as duas aprendizagens que o aluno em processo de alfabetização precisa empreender: os conhecimentos sobre as convenções da escrita e os vários textos presentes na sociedade. Na sociedade de consumo, a publicidade ocupa lugar de destaque, pois é uma linguagem elaborada para influenciar as pessoas na compra de produtos (e idéias). Para isto, este tipo de texto se organiza, basicamente, a partir de três elementos: o texto escrito (sons característicos, onomatopéias, termos novos, construção/desconstrução de palavras, mudança de significados, jogos de palavras, grafia inusitada, flexões diferentes, sintaxe não linear), o "slogan" (frase curta, de impacto, que de tanto ser repetida, é facilmente memorizada pelo consumidor) e ilustração (imagem que destaca a qualidade do produto a ser vendido). No que se refere à aprendizagem do sistema de escrita, é necessário continuar o trabalho de aquisição da base alfabética de alunos que o necessitarem, bem como do processo de reflexão e utilização das convenções da escrita. 1234567890123456789012345678901212345 1234567890123456789012345678901212345 1234567890123456789012345678901212345 1234567890123456789012345678901212345 1234567890123456789012345678901212345 1234567890123456789012345678901212345 Bibliografia CARVALHO, Nelly de. Publicidade: a linguagem da sedução. São Paulo: Ática, 1996 JOLIBERT, Josette. Formando crianças produtoras de texto. volume II. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994 KAUFMAN, Ana Maria e RODRIGUEZ, Maria Elena. Escola, leitura e produção de textos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995 VESTERGAARD, Torben e SCHRODER, Kim. A linguagem da propaganda. São Paulo: Martins Fontes, 1994. http://revistaescola.abril.com.br/planos/lingua_portuguesa/agencia_publicidade.shtml Avaliação em Língua Portuguesa no Ensino Fundamental Seja avaliando uma criança, um adolescente, um adulto, seja discutindo em casa, num conselho de classe, na rua, o processo de avaliação é uma constante em nossa vida. Em quaisquer destas situações, ele é sempre um processo acompanhado de dúvidas e incertezas e, muitas vezes, de incoerências. Nossa sociedade reserva às instituições escolares o poder de conferir notas e certificados que, supostamente, atestam o conhecimento ou capacidade dói indivíduo, o que torna imensa a responsabilidade de quem avalia. Muito se tem analisado a avaliação com uma visão crítica e afirmase que ela pode exercer duas funções: a diagnóstica e a classificatória. Da primeira, supõe-se que permita ao professor e ao aluno detectarem 67 Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa os pontos fracos deste e extrair as conseqüências pertinentes sobre onde colocar posteriormente a ênfase no ensinoaprendizagem. A segunda tem o efeito de hierarquizar e classificar os alunos. A escola prega em parte a avaliação com base na primeira função, mas a emprega fundamentalmente para a segunda. Mariano Enguita A opção por um trabalho dentro da área procura considerar as intersecções que as linguagens estabelecem por sua natureza de articulação de significados culturais e sociais e função comunicativa. A fala, a escrita, os movimentos corporais, a arte estão intimamente ligados à cognição, à percepção, à ação, sendo expressões da cultura. Todos os sistemas procuram tornar os significados comunicáveis. As linguagens se afastam no plano da expressão, constituindo formas próprias de manifestação, e voltam a se encontrar no plano do conteúdo, pano de fundo da construção humana dos símbolos. A objetivação do simbólico em situação escolar pode permitir ao aprendiz a compreensão de sua visão de mundo e de outras, as classificações arbitrárias de fazer ver, crer, pensar, sentir e agir que se articulam sob forma de linguagem. A língua materna ocupa na área o papel de viabilizar a compreensão e o encontro dos discursos utilizados em diferentes esferas da vida social. É com a língua e pela língua que as formas sociais arbitrárias de visão e divisão de mundo são utilizadas como instrumentos de conhecimento e comunicação. Aprende-se com a língua um “sentido imediato do mundo”, que deve ser desvendado no decorrer de um processo de resgate desse e de outros sentidos possíveis; as identidades e as diversidades se cruzam nos discursos. As relações lingüísticas marcam o poder simbólico acumulado pelos seus protagonistas. Não existe uma competência lingüística abstrata, mas sim uma competência limitada pelas condições de produção/interpretação dos enunciados e modos de enunciação e pelos contextos de uso da língua. Ela utiliza um código, ao mesmo tempo com função comunicativa e legislativa. Apenas o domínio de parte do código não deriva no sucesso da comunicação. Algumas situações de fala ou escrita podem inclusive produzir o total silêncio daquele que se sente pouco à vontade no ato interlocutivo. O desenvolvimento da competência lingüística do aluno do Ensino Médio e no Magistério de 1º grau, dentro dessa perspectiva, não está pautado na exclusividade do domínio técnico de uso da língua legitimada pela norma, mas, principalmente, na competência de saber usar a língua em situações subjetivas e/ou objetivas que exijam graus de distanciamento e reflexão sobre contextos e estatutos de interlocutores – a competência comunicativa vista pelo prisma da referência do valor social e simbólico da atividade lingüística. A intervenção pedagógica busca o aprofundamento dos saberes considerados escolares e daqueles trazidos do social, ampliando as esferas de atuação dos alunos. No ensino da Língua Portuguesa, passamos muito tempo avaliando conteúdos fragmentados e descontextualizados. Avaliávamos, e ainda avaliamos, em muitos casos, se os alunos sabem definir, classificar, aplicar regras gramaticais. Hoje, em decorrência das mudanças provocadas pelos estudos sobre a linguagem, observamos a necessidade de avaliar melhor se os alunos conseguem agir lingüisticamente, ou seja, se eles estão ampliando as capacidades de compreender e de produzir textos orais e escritos, dentre outros objetivos menos centrais. 68 Embora esse lembrete possa parecer óbvio, temos observado situações em que são cobrados dos alunos "conhecimentos" que não foram tematizados na escola. No ensino da ortografia, por exemplo, temos visto situações em que os alunos, mesmo não tendo acesso a atividades de exploração / construção de determinadas normas ortográficas, são avaliados quanto a esse aspecto. O mesmo podemos dizer com relação à produção dos diferentes gêneros textuais. Observamos, algumas vezes, que alunos que não foram estimulados a produzir e a explorar determinado gênero textual (carta, ensaio argumentativo, notícia ou outro qualquer), são avaliados, em um determinado momento, quanto à produção desse gênero de texto. Mais uma vez, estamos cobrando o que não foi ensinado. Para avaliar, por exemplo, as capacidades de produzir textos, precisamos decidir, dentre muitos aspectos, os que naquele momento queremos investigar, seja porque foram tema de reflexão naquele período, seja porque são capacidades já construídas nos anos anteriores ou, ainda, porque queremos avaliar os conhecimentos prévios para planejar o processo pedagógico. No entanto, não podemos realizar a avaliação dessas capacidades mais específicas sem considerar a situação em que tal texto foi gerado. Atividades Complementares PROJETO DE LEITURA PROJETOS Os projetos são excelentes atividades para propiciarem condições para que professores de Língua Portuguesa realizem um bom trabalho. Isso por que: • Contribuem para que se estabeleça uma conexão entre os conteúdos das práticas de escuta e de leitura, produção de textos e análise lingüística; • Viabilizam a possibilidade de trabalhar, simultaneamente, os conteúdos das diferentes práticas; • Estabelecem conexão com outras áreas e temas tendo em vista o alcance de objetivos. Vamos agora trabalhar com a pedagogia de projetos. Em grupo, construam um projeto de Língua Portuguesa que contemple as três vertentes da língua – leitura, produção textual e análise lingüística. Aqui eis um projeto de leitura, desenvolvido com professores de ensino fundamental, que pode ser tomado como exemplo. Lendo o livro... antes de ler a história do livro Objetivo A aula aqui sugerida é um dos caminhos para possibilitar a formação de leitores capacitados a transitar nas práticas de leitura da nossa sociedade. Se quisermos formar alunos-leitores que transcendam a sala de aula e o espaço escolar, devemos mostrar os mecanismos que devem dominar para se tornar leitores efetivos. Esta atividade visa a 69 possibilitar que os alunos levem não só seus livros para casa, mas junto com eles a capacidade de buscar outros livros e, assim, traçar seus próprios caminhos de leitores. Fundamentos Embasamento Teórico e Didática Para entender melhor o embasamento da atividade aqui proposta, da Língua algumas concepções de leitura devem ser levadas em consideração: Portuguesa primeiramente, a noção de que a leitura não é um ato puramente individual; é uma prática social e, assim sendo, não ocorre apenas no instante da leitura propriamente dita. Numa analogia com uma peça de teatro, podemos dizer que esse momento é apenas um dos atos que compõem a peça. Assim, além da leitura da história que o livro apresenta, devemos desvendar toda a leitura que o livro nos possibilita: Que editora publicou a história? Pertence a alguma coleção? Qual? Para que tipos de leitores? Que informações se encontram na quarta-capa? O livro tem orelha? Que informações lá se encontram? Da mesma forma, os alunos podem descobrir que a história de um livro é escrita por um autor, pode ser ilustrada, revisada e diagramada, antes de chegar às mãos do leitor. Quem é o autor do livro? Quando essa história foi escrita? Para quem? O livro possui gravuras? Quem o ilustrou? Houve revisão? O que é fazer revisão de um livro? Além dessas informações, devemos possibilitar que o aluno se enxergue como leitor ativo que interage com o livro, que participa do processo de leitura. O que ele sabe sobre o tema do livro? Conhece alguém que já o leu? Sobre o que ele imagina que seja a história? Após a leitura da história, a leitura do livro continua na conversa com os amigos sobre as impressões da história, se gostou, não gostou, se o recomendaria ou não e porquê. Assim, o professor pode e deve promover a familiarização do aluno com o mundo das práticas de leitura, começando, antes de tudo, com o próprio objeto livro. Recursos Didáticos Os livros doados pelo Ministério da Educação aos alunos da 4a série do Ensino Fundamental. Organização da Sala Pequenos grupos de alunos que receberam coleções diferentes. Desenvolvimento da Atividade 1. Peça aos alunos que manuseiem os livros recebidos e descubram informações sobre os mesmos: a) Quem é o autor? (brasileiro/estrangeiro) b) Qual é o título do livro? c) Que tipo de livro é este? (de contos, poemas, lendas, romance). Por quê? (Pelo título? Figura da capa? Conhecimento do autor?) d) Qual é a editora do livro? Onde se encontra essa informação? 2. Após essa leitura inicial, peça aos alunos que escolham o livro que mais chamou a atenção deles – entre todos os que receberam – e que gostariam de ler primeiro. Peça que justifiquem para o grupo a escolha (pelo título, tema, autor conhecido - já leu livros dele antes -, gravura). 70 3. Peça à turma que imagine como são as histórias dos livros escolhidos, com base na imagem, no título, no conhecimento que cada um já possui sobre o assunto ou no interesse pelo tema. Peça que exponham suas idéias para o grupo. 4. Peça aos alunos para folhear o livro e descobrir se há alguma informação sobre o autor. Onde se encontra essa informação? O autor ainda vive? Escreveu outros livros? Onde nasceu? 5. Pergunte aos alunos por que eles acham que é importante fazer essa leitura do livro antes de ler á história. Esclareça que é assim que geralmente as pessoas escolhem livros para ler: baseando-se no autor de que gostam e cujos livros querem conhecer mais, ou que desconhecem, mas cujo tema ou título lhes chamou a atenção; na editora que costuma publicar livros interessantes; na indicação que receberam de alguém que conhece o livro, o autor ou a editora; entre outras coisas. Os alunos estão se formando leitores e precisam ter claros os mecanismos para escolher um livro, que podem guiá-los em suas próprias escolhas. Atividades complementares ao longo do ano letivo: Programe atividades de ida à biblioteca ao longo do ano, para escolha de outros livros, sempre justificando para a classe; para descoberta de outros livros, na biblioteca, dos autores que mais gostaram de ler; para verificação de outras informações existentes nos outros livros, além daquelas já sabidas. Eles verão que há muitos exemplares com orelhas – explore com eles o que contém a orelha do livro e a quarta-capa do livro. Sugestão de atividade para explorar a quarta-capa de livro: As informações que se encontram em uma quarta-capa variam conforme a edição. No entanto, costumam trazer um pequeno texto sobre o enredo da história, trechos da mídia ou, ainda, trechos do próprio livro. Às vezes, uma dessas informações vem junto com outra. a) Peça aos alunos para ler diferentes quartas-capas e procurar esses três tipos de informação ou alguma outra (fotografia do autor, dados biográficos, outras obras do autor, etc.). b) Anote os dados encontrados na lousa. Veja, juntamente com eles, os dados mais recorrentes nos livros analisados. c) Discuta a diferença da quarta-capa dos livros recebidos (informações da editora sobre a coleção) e dos livros da biblioteca analisados. d) Os alunos podem escrever uma outra quarta-capa para um dos livros que leram. Trabalho semelhante pode ser feito com a orelha de livros: 1) Na troca de livros entre eles, programe atividades em que os alunos deverão dizer para os colegas suas impressões sobre o livro que leram, se era o que imaginaram ou não, se o recomendam ou não. 2) Se houver condições, programe a elaboração de um pequeno livro com a sala: 3) Que tipo de texto os alunos gostariam de publicar? Poemas, contos, crônicas, lendas, romance? • Como será escrito? Quem irá escrever? • Quem ilustrará? • Quem fará a revisão de língua? • Como se chamará a “editora”? • O livro terá orelha? O que escreverão nela? Em que momento da elaboração do livro a orelha será escrita? 71 Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa • O que escreverão na quarta-capa? Quando? • Como será a pequena biografia que os autores colocarão no livro? • O livro terá um custo? De quanto? Como farão para custear o livro e conseguir o material necessário? • Terá um preço? De quanto? Será distribuído gratuitamente? Para quem? Bibliografia: Cristovão, V.L.L. (2001) Gêneros e ensino de leitura em LE: os modelos didáticos de gêneros na construção e avaliação de material didático. Tese de Doutoramento não publicada. PUC-SP. Privat, J.-M (1995) Socio-logiques des didactiques de la lecture. IN: Jean-Louis Chiss; Jacques David & Yves Reuter (direction). Didactique du Français: état d’une discipline. Paris: Nathan, 1995 (Pédagogie).: 133-145. Autora: Lília Santos Abreu é professora de Língua Inglesa e Língua Portuguesa, co-autora de materiais didáticos e paradidáticos, assessora na formação contínua de professores e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem da PUC-SP. VERIFICAÇÃO DA APRENDIZAGEM: UMA PRODUÇÃO POSSÍVEL A prática de escuta de textos orais/leitura de textos escritos, a prática de produção de textos orais e escritos e a prática de análise lingüística formariam um tripé em cima do qual se sustentaria o ensino de língua portuguesa, funcionando como um bloco na formação dos alunos. Os conteúdos partem, portanto, de textos, sempre, valorizando e destacando diferenças e semelhanças, fazendo com o aluno discuta o que vê / lê para conseguir se sentir usuário da língua e participante do processo de aprendizagem. Diante da discussão sobre o uso da tríade metodológica de língua portuguesa, não há mais que se pensar em uma avaliação do tipo exame metalingüístico. Elabore uma avaliação final de unidade para qualquer série, do Ensino Fundamental, considerando as três vertentes da língua – leitura, análise lingüística e produção textual. PLANO DE AULA SEM MISTÉRIOS 1. PARA COMEÇAR... Como você definiria o ato de avaliar, tanto numa concepção mais ampla, como no âmbito escolar? 72 2. A avaliação é um processo que não pode se basear apenas no exame de regras gramaticais e atividades que promovam a pura repetição das análises do professor como instrumento de medida de apreensão de conteúdo. Comente a afirmativa. 3. A produção textual é o elemento mais contundente de avaliação do aluno. Você concorda? Justifique sua resposta. AGORA... Você seria capaz de descrever uma aula de língua portuguesa com a concepção tradicional de ensino de língua? Então, faça-o. Logo em seguida, pense em atividades que privilegiem todas as vertentes do estudo de língua portuguesa, reformulando esta descrição de modo a dar a ela uma nova base pedagógica para maior eficácia. Assim, você estará mostrando o “antes” e o “depois” de sua atuação como novo educador, que transita entre as novas concepções de ensino de língua com bastante eficiência. 73 Leirura Recomendada DIDÁTICA DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Este livro nasceu de um balanço dos 26 anos de vida profissional da autora como professora de Português e como assistente de Língua Portuguesa da Oficina Pedagógica de Bauru. Questionando a própria prática, no sentido de compreender porque mesmo com todo o esforço, havia sempre alunos cujo desempenho lingüístico deixava muito a desejar. ANDALO, Adriane. Didática de Língua Portuguesa para O Ensino Fundamental. Editora FTD: São Paulo, 2001. Filme Recomendado A ILHA DAS FLORES Como discutimos bastante acerca das mudanças do ensino de língua materna, como elemento imprescindível à melhoria da qualidade de vida dos educandos deste país, escolhemos a ILHA DAS FLORES - Um ácido e divertido retrato da mecânica da sociedade de consumo. Acompanhando a trajetória de um simples tomate, desde a plantação até ser jogado fora, o curta-metragem escancara o processo de geração de riqueza e as desigualdades que surgem no meio do caminho – com o intuito de nos fazer refletir sobre “A educação que temos e a educação que queremos”; FICHA TÉCNICA Gênero: Documentário, Experimental Diretor: Jorge Furtado Elenco: Ciça Reckziegel Ano: 1989 Duração: 13 min Cor: Colorido Bitola: 35mm País: Brasil 74 Atividade Orientada Caro(a) educando(a), O nosso período de estudo começa a ser sistematizado. É momento de pensar em tudo que você leu neste material impresso e na sua experiência para realizar a Atividade Orientada. A Atividade Orientada deve ser realizada em três etapas que estão descritas a seguir. Lembre-se de que, ela pertence à disciplina, tem caráter obrigatório e avaliativo, devendo ser realizada e direcionada para a construção do seu conhecimento. Acreditamos que depois do estudo acerca da Língua Portuguesa, a partir da tríade leitura, análise lingüística e produção textual, você tenha percebido que o ensino de língua materna é algo vivo próximo da maneira de falar e de escrever dos indivíduos. Esperamos também que, os possíveis preconceitos lingüísticos tenham sido quebrados e, o espaço da sala de aula se torne significativo e prazeroso para os que estudam a Língua Máter. Etapa 1 O ensino de língua, desde as suas origens até os dias atuais, está sendo bastante questionado em nossa disciplina. Neste contexto, as dificuldades de produção textual. Acabam se tornando empecilhos para o desenvolvimento de um trabalho eficaz com a língua portuguesa em sala de aula. Para continuar a nossa discussão sobre o assunto, você deverá ler e interpretar um trecho do texto abaixo de Honoralice de Araújo Mattos Paolinelli e Sérgio Roberto Costa. Práticas de Leitura e Escrita em Sala de Aula Ensinar a ler é uma tarefa de todo professor, não sendo exclusividade do de Língua Portuguesa, quase sempre responsabilizado pela dificuldade do aluno de interpretar questões de outras disciplinas. O desconhecimento do que seja leitura e dos processos sócio-cognitivos nela envolvidos leva as pessoas a construírem um conceito limitado desta ação de linguagem. A noção textual usualmente presente na escola empobrece o trabalho com a leitura/escrita, pelo fato de tratar de maneira idêntica qualquer texto, desconsiderando suas especificidades e intenções. No ambiente escolar, o texto é abordado como um produto, ignorandose, assim, a dinamicidade de seu processo de significação, que inclui a consideração de estruturas, de conhecimentos prévios partilhados, de múltiplos recursos semióticos, como a imagem e, ainda, as condições de produção: o contexto, os sujeitos envolvidos nessa ação de linguagem, as intenções comunicativas, o meio de circulação do texto. 75 Apesar do surgimento das novas teorias que sustentam a produção textual, a partir dos anos 80, a qualidade das redações dos alunos pouco alterou. Os textos continuam artificiais, Fundamentos padronizados, mal seqüenciados, intraduzíveis e fora de seu e Didática contexto de produção. Para que haja mudança no quadro é necessário que o da Língua professor passe a olhar a produção escrita do aluno não atrás Portuguesa de erros, atentando apenas para a linearidade do texto, mas buscando ver o significado e as formas de construção desse significado. A escola é tomada como um autêntico lugar de comunicação e as situações escolares como ocasiões de produção/ recepção de textos. Portanto, no ambiente escolar, a produção de textos deve inserir-se num processo de interlocução, o que implica a realização de uma série de atividades mentais - de planejamento e de execução - que não são lineares nem estanques, mas recursivas e interdependentes. “É impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum gênero, assim como é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum texto.” Essa posição defendida por Bakhtin (1997) e também por Bronckart (1999) é adotada pela maioria dos autores que tratam a língua em seus aspectos discursivos e enunciativos e não em suas peculiaridades formais. Essa visão segue uma noção de língua como atividade social, histórica e cognitiva. É nesse contexto que os gêneros textuais se constituem como ações sócio-discursivas para agir sobre o mundo e dizer o mundo, constituindo-o de algum modo. O trabalho com gêneros textuais é uma excelente oportunidade de se lidar com a língua em seus mais diversos usos no dia-a-dia, pois nada do que fizermos lingüisticamente está fora de ser um gênero. No trabalho com produção de textos é importante ainda fazerse uma distinção entre gêneros textuais e tipos textuais. O primeiro é usado para designar uma espécie de construção teórica definida pela natureza lingüística de sua composição, ou seja, aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas. Cada tipo textual possui pistas lingüístico-discursivas características e as seqüências lingüísticas são norteadoras. Já a expressão gênero textual refere-se a textos materializados, encontrados em nossa vida diária e que representam características sócio-comunicativas definidas por seus conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição próprios. Enquanto os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são inúmeros, devido à enorme diversidade das atividades enunciativo-discursivas das esferas sociais, ou seja, domínios discursivos. Esses domínios não são textos nem discursos, mas propiciam o surgimento de discursos bem específicos. Assim, falamos em discurso religioso, discurso jurídico, discurso jornalístico. As atividades sociais é que dão origem a vários deles, constituindo práticas discursivas dentro das quais podemos identificar um conjunto de 76 gêneros textuais. Os domínios discursivos são as grandes esferas da atividade humana em que os textos circulam. Para aprender a escrever um gênero determinado de texto é necessário que os alunos sejam postos em contato com um corpus textual desse mesmo gênero, que lhes sirva de referência em situações de comunicação bem definidas e reais. É função do professor, fornecer ao aluno condições adequadas de elaboração, permitindo-lhe empenhar-se na realização consciente de um trabalho lingüístico que realmente tenha sentido para si, e isso só é conseguido à medida que a proposição de produção textual seja bem clara e definida, apresentando-se as “coordenadas” do contexto de produção. É necessário que o aprendiz possa sentir que realmente está produzindo para um leitor (que não deve ser apenas o professor), eliminando a exclusividade das situações artificiais de produção textual tão presentes no cotidiano da escola. Referência: PAOLINELLI, Honoralice de Araújo Mattos; COSTA, Sérgio Roberto. Práticas de leitura e escrita em sala de aula. Disponível em: http:// www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno09-13.html. Acesso em: 07 abr. 2006. 1. 2. 3. Segundo o texto, ensinar a ler não é atividade apenas de língua portuguesa e sim, de todas as disciplinas. Você concorda com essa afirmação? Justifique. O texto deve ser abordado apenas como um produto do trabalho de desenvolvimento do conhecimento lingüístico em sala de aula? Por quê? Comente alguma experiência de produção textual realizada em sala de aula, na qual você tenha percebido uma postura inovadora e progressista do(a) educador(a), conforme discutida no texto Práticas de Leitura e Escrita em Sala de Aula. 4. É importante não confundir as noções de gêneros e de tipos textuais. Faça um contraponto entre gêneros e tipos textuais, utilizando-se das características levantadas no texto lido. GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS 77 5. Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa Releia o último parágrafo do texto e relacione-o a suas experiências lingüísticas. Explique qual deve ser, verdadeiramente, a função do educador, no contexto do trabalho lingüístico com relação aos alunos. Etapa 2 Com o objetivo de trabalhar diversidade de textos em situações concretas e reais de comunicação, será apresentada uma proposta prática de produção de texto em sala de aula. O tema da produção textual é autodefinição. Prepare-se para autodefinir-se. Porém, isto não se dará de forma explícita. Você terá que se definir utilizando elementos, que por metáfora, mostrarão suas características pessoais. Todo ser humano se mostra numa de suas faces, num de seus “eus”. Você é um todo composto de partes que nem sempre aparecem aos outros com a mesma intensidade. Nós somos o que somos, o que nos mostramos e o que os outros vêem. A - Autodefina-se construindo parágrafos nos quais você se mostre como sendo: Um som Um sabor Uma cor Uma dimensão Uma imagem B - Agora, transforme estes parágrafos em estrofes de um poema. C - Ilustre-o de maneira que os elementos visuais aplicados, ajudem na construção de sentidos para o texto. Etapa 3 Agora que, com base nas etapas anteriores, você já discutiu, refletiu e produziu um poema, elabore um plano de aula para ser aplicado em turmas das séries iniciais do Ensino Fundamental, e que privilegie o que foi estudado em nossa disciplina sobre a postura do professor de língua portuguesa, diante da tríade - leitura, análise lingüística e produção textual. Sabemos que o plano de aula é um instrumento do trabalho docente. No entanto, considerando o que você já sabe sobre tipos e gêneros textuais, seu plano de aula terá como objetivo a produção de um CONTO por seus educandos. Para tanto, você poderá eleger um tema à sua escolha e uma das séries (1ª à 4ª) que deve ser aplicado. Não é demais ressaltar que, em sua atividade cotidiana, trabalhar com os diversos gêneros textuais é algo necessário e de suma importância. Para auxiliá-lo em sua tarefa, vamos relembrar a estrutura de um plano de aula, no modelo a seguir: 78 Colégio: Disciplina: Série/Turma : Professor(a): PLANO DE AULA TEMA: 1.OBJETIVOS 2.CONTEÚDO DURAÇÃO: 3.MÉTODO 4.RECURSOS 5.AVALIAÇÃO 6.REFERÊNCIAS 7.OBSERVAÇÕES 1.1 Geral: 3.1 Introdução 1.2 Específico: 3.2 Desenvolvimento 3.3 Conclusão * Pronto, agora que você já viu uma sugestão sobre como organizar sua aula, planeje-se! Este é, sem dúvida, o primeiro e mais importante passo para o sucesso de seu trabalho. 79 Fundamentos e Didática da Língua Portuguesa Glossário ANTAGONISMO – s.m.. Oposição de idéias ou de sistemas. Rivalidade, incompatibilidade. COMPROBATÓRIO – adj. Que contém prova ou provas do que se diz; que serve para comprovar; comprobativo, comprovativo. DIGLOSSIA – s.f. Estado de quem é bilíngüe. Utilização corrente de duas línguas. EU-LÍRICO – s.m. É a voz que fala no poema. IDEOLOGIA – s.f. Ciência da formação das idéias; tratado das idéias em abstrato; sistema de idéias. INVEROSSÍMEL – adj. Sem verossimilhança; que não parece, não tem visos de verdadeiro, inacreditável. PICTÓRICO – adj. Referente à, ou próprio da pintura; pictorial, pitoresco, pictural. PLURISSIGNIFICAÇÃO – s. f. Muitos significados de uma só palavra. POMBALINO – adj.. Relativo ao, ou próprio do primeiro Marques de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782), estadista português ou à sua época. PRAGMÁTICA – s. f. – Conjunto das normas formais e rigorosas. PRECEPTOR – s.m. Aquele que ministra preceitos ou instruções. PROFICIENTE – adj. Que tem perfeito conhecimento; competente, capaz, hábil, destro. RETÓRICA – s. f. Eloqüência, oratória. SEARA – s.f. Agremiação, associação, partido. 80 Referências Bibliográficas AZEVEDO, Aluísio de. O Mulato. Rio de Janeiro: Ática, 1987. BARBOSA, Maria T. Mitologia Poética dos Contos de Fadas no Brasil. Dis. Mestrado. Porto Alegre: PUCRS, 1991. BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. 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