UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
MANCHA PRETA DOS CITROS: EXPRESSÃO DOS
SINTOMAS EM FRUTOS PELA INOCULAÇÃO COM CONÍDIOS
E CONTROLE DO AGENTE CAUSAL (Guignardia citricarpa)
Taís Ferreira de Almeida
Engenheira Agrônoma
JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL
2009
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
MANCHA PRETA DOS CITROS: EXPRESSÃO DOS
SINTOMAS EM FRUTOS PELA INOCULAÇÃO COM CONÍDIOS
E CONTROLE DO AGENTE CAUSAL (Guignardia citricarpa)
Taís Ferreira de Almeida
Orientador: Prof. Dr. Antonio de Goes
Co-Orientador: Dr. Renato Ferrari dos Reis
Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias – Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como parte
das exigências para a obtenção do título de Doutora em
Agronomia (Produção Vegetal).
JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL
Maio de 2009
A447m
Almeida, Taís Ferreira de
Mancha preta dos citros: expressão dos sintomas em frutos pela
inoculação com conídios e controle do agente causal (Guignardia
citricarpa) / Taís Ferreira de Almeida – Jaboticabal, 2009.
xii, 66 f. : il.; 28 cm
Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias, 2009.
Orientador: Antonio de Goes
Banca examinadora: Jaime Maia dos Santos, Edson Luiz Furtado,
Rita de Cássia Panizzi, Marcel Bellato Spósito
Bibliografia
1. Citrus. 2. Fungicidas. 3. Patogenicidade. I. Título. II. Jaboticabal Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
CDU 634.3:632.4
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação –
Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
DADOS CURRICULARES DA AUTORA
TAÍS FERREIRA DE ALMEIDA – Nascida aos 19 de agosto de 1977, na cidade
de Brasília - DF. Filha de Marly Ferreira de Almeida e Celso Braga Corrêa de Almeida.
Em março de 2001 obteve o grau de Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal
de Goiás – GO (UFG). No período de 2001 a 2003, dedicou-se ao ensino, na Escola
Agrotécnica Federal de Urutaí (CEFET) e na Universidade Estadual de Goiás (UEG).
Em agosto de 2003 concluiu o curso de Produção e Tecnologia de Sementes na
Universidade Federal de Lavras (UFLA), obtendo o título de especialista. Em fevereiro
de 2005, na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias FCAV – UNESP –
Jaboticabal, sob orientação da Profa. Dra. Margarete Camargo e Co-Orientação da
Profa. Dra. Rita de Cássia Panizzi, obteve o título de mestre, no curso de Produção
Vegetal com o trabalho intitulado: Extratos vegetais no controle de Colletotrichum
acutatum, agente causal da flor preta do morangueiro. Em março de 2005, ingressou no
curso de Produção Vegetal dessa mesma instituição para realização do Doutorado
estudando epidemiologia e o controle da mancha preta dos frutos cítricos (MPC). Desde
fevereiro de 2008 é responsável pela disciplina de Fitopatologia na Escola Superior de
Agronomia de Paraguaçu Paulista (ESAPP) da Fundação Gammon de Ensino.
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AGRADECIMENTOS
Ao Professor Dr. Antonio de Goes, acima tudo pela sua amizade, pela
oportunidade do convívio, paciência, dedicação e por compartilhar generosamente
comigo suas idéias e recursos.
Ao Dr. Renato Ferrari dos Reis, pela amizade e ajuda na condução e melhoria
deste trabalho.
Ao Professor Dr. Jaime Maia dos Santos, pelo carinho, amizade e ensinamentos.
Aos Professores do Departamento de Fitossanidade Dra. Margarete Camargo,
Dra. Rita de Cássia Panizzi e Dr. Modesto Barreto, pelo convívio e aprendizado.
A Gabriella, minha “irmã”, a ti minha gratidão pela amizade sincera dedicada
durante esses anos, com palavras encorajadoras e principalmente pelo carinho. Por
estar sempre presente e me incentivando em todos os momentos.
Aos meus sobrinhos Mathilde e Anselme, que trouxeram mais alegria a minha
família.
Aos amigões Étore, Pedro, Eduardo, Vanessa (Rapidex), Ana Elisa (Istaka),
Ronilda, Fabiana, Eliana, David e Bruno pela prestimosa colaboração e carinho,
prevalecendo sempre o cultivo da nossa amizade que tornaram os momentos difíceis
em alegria. A presença de vocês é extremamente prazerosa.
Ao engenheiro agrônomo Ricardo Baldassari pela amizade e troca permanente
de idéias.
Ao Rodrigo pelo carinho e a sua família, sempre acolhedora e prestativa.
A todos os colegas do Laboratório de Fitopatologia, pela agradável convivência
nestes anos.
Aos funcionários do Departamento de Fitossanidade, pela colaboração. Em
especial a Lúcia Rita pelo momento do “café filosófico” e ao Wanderlei, exemplo de
prestatividade e alto astral.
À UNESP – Universidade Estadual Paulista, pela oportunidade da realização do
curso.
À Coordenadoria de Aperfeiçoamento e Pesquisa do Ensino Superior (CAPES),
pela concessão da bolsa de estudo.
À ESAPP – Escola Superior de Agronomia de Paraguaçu Paulista pelo apoio e
incentivo.
Aos meus alunos, pelo prazeroso convívio.
A todos que diretamente ou indiretamente contribuíram na realização deste
trabalho.
vii
SUMÁRIO
Página
RESUMO...................................................................................................
ix
SUMMARY.................................................................................................
xi
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS............................................
01
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................
01
2. REVISÃO DE LITERATURA..................................................................
03
2.1 Histórico da doença..................................................................
03
2.2 Etiologia e Epidemiologia..........................................................
04
2.3 Sintomatologia..........................................................................
07
2.4 Controle....................................................................................
09
2.5 REFERÊNCIAS...................................................................................
11
CAPÍTULO 2 – Expressão de sintomas de Guignardia citricarpa em
frutos cítricos inoculados com suspensão conidial....................................
17
RESUMO...................................................................................................
17
2.1 INTRODUÇÃO.....................................................................................
18
2.2 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................
21
2.2.1 Preparo do inóculo................................................................
21
2.2.2 Metodologia de inoculação....................................................
21
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................
22
2.4 CONCLUSÕES...................................................................................
28
2.5 REFERÊNCIAS...................................................................................
29
CAPÍTULO 3 – Período de suscetibilidade de frutos de laranjeira doce a
Guignardia citricarpa e efeito da aplicação de endofíticos na supressão
de sintomas da mancha preta do citros ....................................................
32
RESUMO...................................................................................................
32
3.1 INTRODUÇÃO.....................................................................................
34
3.2 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................
38
3.2.1 Período de suscetibilidade de frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’
a conídios de Guignardia citricarpa................................................
38
viii
3.2.2 Influência da forma endofítica de Guignardia mangiferae na
supressão de sintomas de Guignardia citricarpa (Phyllosticta
citricarpa)........................................................................................
39
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................
40
3.3.1 Período de suscetibilidade de frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’
a conídios de Guignardia citricarpa................................................
40
3.3.2 Influência da forma endofítica de Guignardia mangiferae na
supressão de sintomas de Guignardia citricarpa (Phyllosticta
citricarpa)........................................................................................
43
3.4 CONCLUSÕES...................................................................................
45
3.5 REFERÊNCIAS...................................................................................
46
CAPÍTULO 4 – Avaliação de fungicidas no controle de Guignardia
citricarpa em frutos cítricos........................................................................
51
RESUMO...................................................................................................
51
4.1 INTRODUÇÃO.....................................................................................
53
4.2 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................
55
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................
57
4.4 CONCLUSÕES...................................................................................
63
4.5 REFERÊNCIAS...................................................................................
63
ix
MANCHA PRETA DOS CITROS: EXPRESSÃO DOS SINTOMAS EM FRUTOS PELA
INOCULAÇÃO COM CONÍDIOS E CONTROLE DO AGENTE CAUSAL (Guignardia
citricarpa)
RESUMO – A mancha preta dos citros (MPC) doença causada pelo fungo
Guignardia citricarpa Kiely [anamorfo: Phyllosticta citricarpa (McAlp.) Van der Aa], é a
principal doença fúngica da cultura no Brasil. Todas as variedades de laranjeiras doces
são suscetíveis ao patógeno, que deprecia comercialmente os frutos, além de provocar
sua queda prematura e elevar substancialmente o custo de produção. Até o presente
momento, informações acerca da etiologia da doença são escassas. Portanto, o
presente trabalho teve como objetivos: determinar os tipos de sintomas expressos por
G. citricarpa em frutos cítricos inoculados com suspensão de conídios; desenvolver uma
metodologia de inoculação de G. citricarpa a qual seja eficiente e permita estabelecer
relações qualitativa e quantitativa, tanto em termos de níveis de severidade e tipos de
inóculo; determinar em casa de vegetação o período de suscetibilidade dos frutos de
laranjeira ‘Pêra-Rio’ a G. citricarpa; verificar a influência da forma endofítica de G.
mangifera na expressão de sintomas de G. citricarpa e; avaliar a relação da eficiência
de controle químico da MPC versus o tempo de exposição dos frutos à descarga de
conídios de G. citricarpa. Foi observado que G. citricarpa inoculada em suspensão
conidial em frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’ produzem sintomas do tipo mancha dura,
mancha sardenta, mancha virulenta e falsa melanose. Quando inoculada em frutos de
tangor ‘Murcott’ produzem sintomas do tipo falsa melanose e mancha dura. Frutos de
laranjeira ‘Pêra-Rio’ mostraram-se mais suscetíveis a G. citricarpa que o tangor
‘Murcott’. A metodologia de inoculação de conídios de G. citricarpa, mostrou-se
eficiente, prática e rápida, permitindo quantificar o inóculo, fato inovador. Em relação à
suscetibilidade, os frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’ quando inoculados com a G. citricarpa
apresentaram 56,94% dos frutos com sintomas de MPC quando inoculados com 4,5 cm
de diâmetro, 50% com 5,5 cm de diâmetro e 27,75% quando inoculados com • 7 cm de
diâmetro, sendo observado apenas sintomas do tipo mancha dura e mancha sardenta.
x
Foi observado que os frutos inoculados G. mangiferae apresentaram menor índice de
doença, sendo expresso apenas lesões do tipo mancha dura as quais, não evoluíram
com o passar do tempo. Em relação à eficiência de controle químico versus tempo de
exposição dos frutos à descarga de conídios, independente do período de exposição ao
inóculo, a maior eficiência foi obtida com carbendazim, benomyl e pyraclostrobin.
Palavras-chave: Citrus, fungicidas, Guignardia mangiferae, Phyllosticta citricarpa
xi
CITRUS BLACK SPOT: EXPRESSION OF SYMPTOMS IN FRUITS BY
INOCULATION WITH CONIDIA AND CAUSAL AGENT CONTROL (Guignardia
citricarpa)
SUMMARY - Citrus black spot (CBS), caused by Guignardia citricarpa Kiely
[anamorph: Phyllosticta citricarpa (McAlp.) Van der Aa], is of the most import citrus
disease in Brazil. Practically, all varieties of sweet oranges are susceptible to pathogen,
which depreciates commercially the fruits, causes drop prematurely and increase
substantially the cost of production. Until now, information about the etiology of the
disease is scarce. Therefore, this study aimed to determine the types of symptoms
expressed by G. citricarpa in citrus inoculated with conidial suspension, to develop a
method of inoculation with G. citricarpa which to be efficient and allow a qualitative and
quantitative relations with levels of severity and inoculum types, to determine in
greenhouse the period of susceptibility sweet orange fruits of 'Pêra-Rio' to G. citricarpa;
the influence of endophytic form of G. mangiferae in the suppression of symptoms of G.
citricarpa; and to evaluate the efficiency of chemical control of CBS vs exposure time of
fruit to discharge of conidia of G. citricarpa. Conidia of G. citricarpa inoculated in sweet
orange Pêra-Rio produced symptoms of the types: hard spot, freckled spot, virulent spot
and false melanose. When conidia inoculated in ‘Murcott’ tangor fruits the symptoms
were of the type false melanose hard spot. Sweet orange fruits showed more
susceptible than ‘Murcott’ tangor. The methodology of inoculation of conidia used in this
work showed very efficient and practice allowing discriminative studies related to the
inoculum and, additional alternative to studies related to Citrus-G. citricarpa
pathosystem. For the susceptibility, sweet orange fruits with 4.5 cm diameter, inoculated
with G. citricarpa showed 56.94% of fruit with symptoms of MPC, 50% of fruits with 5.5
cm diameter and 27.75% when inoculated with • 7 cm in diameter, is only observed
symptoms of type hard spot and freckled spot. All endophytic inoculation showed a
reduction in severity of the disease inoculated G. citricarpa, observing just hard spot
lesion. Regarding the efficiency of chemical control vs time of exposure of fruit to the
xii
discharge of conidia, regardless of period of exposure to inoculum, the best efficiency
was obtained with carbendazim, benomyl and pyraclostrobin.
Keywords: Citrus, fungicide, Guignardia mangiferae, Phyllosticta citricarpa
1
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
1. Introdução
Atualmente a citricultura brasileira ocupa uma área de aproximadamente 800 mil
hectares, tendo o Estado de São Paulo cerca de 565 mil hectares, distribuídos em 330
municípios e em 29.000 propriedades (AGRIANUAL, 2008). A produção destinada à
industrialização corresponde a cerca de 85%, cujo suco produzido é exportado para
vários países, incluindo-se principalmente Países Baixos, Estados Unidos, Japão e
China. O Brasil exportou em 2007 mais de 1 milhão de toneladas de suco de laranja,
refletindo em aumento de 6,8% em relação ao ano anterior (ASSOCITRUS, 2008).
O Brasil detém 30% da produção mundial de laranja e 59% da produção de suco,
sendo o Estado de São Paulo e a Flórida os maiores detentores da oferta mundial, um
caso raríssimo tratando-se de commodities agrícolas (NEVES & JANK, 2006). As
exportações de suco concentrado de laranja (Fcoj) na safra 2007/2008 representaram
um volume de produção de 1.271.634 de toneladas, tendo os mercados NAFTA (EUA,
Canadá e México) e União Européia como os maiores importadores. Em relação às
exportações de laranja in natura, o volume registrado da safra 2007/2008 correspondeu
a 53 mil toneladas (ABECITRUS, 2009).
O sistema agroindustrial da laranja, no Brasil, atende cerca de 50% da demanda
e 75% das transações internacionais, trazendo anualmente mais de US$1 bilhão em
créditos de exportação para o Brasil, e uma parcela do PIB equivalente a US$ 5 bilhões
de dólares (ABECITRUS, 2009).
Atualmente a citricultura nacional enfrenta vários problemas, com o conseqüente
aumento do custo de produção, pela elevação do preço da terra, pela manutenção dos
contratos nos moldes atuais e pela pressão crescente da cultura da cana-de-açúcar. A
área ocupada por canaviais no país é de aproximadamente 6,7 milhões de hectares,
2
sendo 3,5 milhões só no Estado de São Paulo. Os pomares de citros, porém, não
chegam a 800 mil ha no País e ocupam menos de 600 mil ha no Estado de São Paulo.
O poder de sobreposição dos canaviais acentua a competição com os citros
pelas mesmas regiões produtoras, especialmente no Estado de São Paulo. Frente a
tais fatores, a citricultura paulista encontra-se em queda, sendo o custo de produção da
laranja para indústria maior que a remuneração do produtor (AGRIANUAL, 2008).
Apesar da grande importância social e econômica, a citricultura ressente-se de
vários problemas fitossanitários, em especial a Mancha Preta dos Citros (MPC), doença
causada pelo fungo Guignardia citricarpa Kiely, cuja forma imperfeita corresponde a
Phyllosticta citricarpa McAlp. Van der Aa (SUTTON & WATERSTON, 1966). Os
principais sintomas apresentados por essa doença são as lesões no fruto, que os
depreciam para o mercado de frutas in natura, o amadurecimento precoce e a queda
acentuada (CALAVAN, 1960; KLOTZ, 1978). Nos frutos as lesões restringem-se à
casca, prejudicando dessa forma a sua aparência, inviabilizando a sua comercialização
para o mercado de frutas frescas (MAUCH-MANI & METRAUX, 1998).
Em áreas com alta pressão de inóculo, e ausência de controle da doença, pode
resultar em mais de 80% de queda dos frutos (KLOTZ, 1978; SPÓSITO, 2003). Dada à
possibilidade de contaminação microbiológica, muitas vezes os frutos caídos tornam-se
rejeitados pela indústria, aumentando significativamente os prejuízos. Um outro
agravante redunda da condição de ser uma “praga” quarentenária A1 para os países da
União Européia e nos Estados Unidos da América, o que resulta em grande restrição às
exportações de frutos in natura para os mesmos (AGUILAR-VILDOSO et al., 2002). No
caso de frutos exposrtados e, de acordo com a Normativa ora em vigor, a simples
presença de um fruto com sintoma já implica em rechaço da carga, já que o nível de
tolerância à doença é zero (SPÓSITO, 2003).
Diante do exposto, e dada à gravidade da MPC e os elevados prejuízos
causados os objetivos do presente estudo foram: (i) Determinar os sintomas expressos
por G. citricarpa em frutos cítricos inoculados com suspensão conidial; (ii) Determinar
uma metodologia eficiente para inoculação de G. citricarpa; (iii) Determinar em casa de
vegetação o período de suscetibilidade dos frutos de laranja “Pêra-Rio” a G. citricarpa;
3
(iv) Determinar a influência de G. mangiferae na supressão de sintomas de G.
citricarpa; (v) Determinar a eficiência de fungicidas de diferentes grupos, isoladamente,
em relação ao controle de G. citricarpa.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Histórico da doença
Os primeiros relatos da presença de sintomas da doença datam-se em 1895, em
regiões próximas a Sidney, Austrália, afetando frutos de laranja ‘Valência’ nas fases de
pré e em pós-colheita (SUTTON & WATERSTON, 1966).
Atualmente a MPC encontra-se assinalada em vários países da África como
Moçambique, Zimbábue, África do Sul, Quênia, Swazilândia, Nigéria e Rodonésia; da
Ásia, como na China, Coréia, Hong-Kong, Filipinas, Taiwan e Japão; da Oceania como
a Austrália e da América do Sul, como Argentina, Peru, Uruguai, Venezuela e Brasil
(KOTZÉ, 1988; ROBBS & BITTENCOURT, 1995; TIMMER et al., 2000). Dentre esses
países, as maiores perdas têm sido registradas na África do Sul, Japão, Argentina e
principalmente no Brasil (GOES, 2005).
No Brasil, os primeiros relatos da MPC datam entre os anos de 1938 e 1940
(AVERNA-SACCÁ, 1940) em frutos expostos em uma feira livre no município de
Piracicaba, no Estado de São Paulo. Por várias décadas a doença permaneceu
esquecida, ressurgindo no início da década de 80, quando foi relatada no Estado do Rio
de Janeiro, causando perdas consideráveis em mexerica do ‘Rio’. Uma década depois,
ainda nesse Estado, GOES et al. (1990) relataram a presença sintomas da MPC em
frutos de laranjas ‘Lima’, ‘Seleta’, ‘Folha Murcha’, ‘Natal’, ‘Pêra-Rio’ e ‘Valência’. No
início da década de 90 a doença foi verificada em frutos cítricos de pomares localizados
nos municípios de Mogi-Guaçu, Mogi-Mirim e Conchal (GOES & FEICHTENBERGER,
1993). Nos anos subseqüentes, de forma rápida a doença ampliou a sua distribuição
4
geográfica, estendendo-se para vários outros municípios da região. Atualmente a
doença encontra-se presente em praticamente todos os municípios produtores do
Estado de São Paulo, e também em todos os Estados das regiões Sul, Sudeste
(COSTA et al., 2003; ANDRADE et al., 2004; BALDASSARI et al., 2004;
GASPAROTTO et al., 2004; THEODORO et al., 2004 e CAIXETA et al., 2005), CentroOeste e em dois outros Estados da região Norte: Amazonas e Rondônia (A. Goes,
março de 2009, Informações pessoais). No momento apenas a região Nordeste pode
ser considerada como área livre da doença.
2.2 Etiologia e Epidemiologia
A mancha preta do citros é causada por Guignardia citricarpa (KIELY, 1948), cuja
forma imperfeita corresponde a Phyllosticta citricarpa (Van der Aa, 1973). Esse
patógeno produz dois tipos de inóculo: conídios e ascósporos (McONIE, 1964; KOTZÉ,
1981), cuja importância individual nas epidemias não foi completamente esclarecida.
Segundo SIVANESAM (1984), G. citricarpa é um Ascomicota, da ordem
Dothideales e família Dothideacea. Este fungo possui estroma plectenquimatoso,
pseudotécio globoso a subgloboso, ascas medindo 125 a 360 ȝm de diâmetro contendo
forma de clava, sendo arredondado e bitunicado na extremidade superior. Seu interior
contém oito ascósporos unicelulares, hialinos, ligeiramente cinzentos, rombóides,
contendo grânulos e um grande vacúolo central. Os ascósporos são cobertos por um
quepe gelatinoso na extremidade, medindo 8 a 17ȝm x 3,3 a 8ȝm. Nos pseudotécios
maduros podem ainda ser encontrados pseudoparáfises.
De acordo com JOHNSTON e FULLERTON (1988), as formas anamórficas e
teleomórficas geralmente são encontradas associadas, embora não seja uma regra
para G. citricarpa sob condições de laboratório. As estruturas de frutificação da forma
assexuada (P. citricarpa) são representadas pelos picnídios, que são estruturas
reprodutivas pequenas, globosas, pretas e semi-eruptivas. Em corte vertical
5
apresentam 70 a 330ȝm de diâmetro, com parede marrom escura e células
pseudoparenquimatosas.
De acordo com McONIE (1964), na fase perfeita o fungo produz pseudotécios e
ascósporos somente em folhas em decomposição no solo, não sendo encontrados em
lesões de frutos e em folhas ainda aderidas às plantas. Os pseudotécios são globosos
(100-175ȝm de diâmetro), apresentando ostíolo circular e não papilado, podendo
encontrar-se isolados ou agregados (SUTTON & WATERSTON, 1966).
De acordo com KOTZÉ (1981), para as condições da África do Sul os
ascósporos constituem-se na principal fonte de inóculo, e se desenvolvem em folhas
em decomposição, de 40 a 180 dias depois da sua queda no solo. A produção dos
ascósporos é favorecida pela alternância entre períodos de molhamento e secagem das
folhas, condição freqüente durante a estação chuvosa do ano. Sua morfologia favorece
sua disseminação a longas distâncias pelo ar, ou a curtas distâncias através do
respingo de gotas d´água das folhas caídas ao solo, até a superfície de órgãos da parte
baixa das plantas (FEICHTENBERGER et al., 1997).
Na fase anamórfica o fungo produz picnídios em lesões contidas em frutos e
pedúnculo, assim como em folhas aderidas (SIVANESAN, 1984). São também
produzidos em grande quantidade em folhas cítricas caídas sob a copa das plantas
(McONIE, 1964) e, principalmente, em ramos secos. Os conídios apresentam forma
obovóide a elíptica (8-10,5 x 5,5-7ȝm de diâmetro), são hialinos, unicelulares,
multigutulados, com um apêndice hialino numa das extremidades, que é facilmente
destacado
dos
conídios
(PUNITHALINGAM
&
WOODHAMS,
1982;
FEICHTENBERGER et al., 1997).
Os conídios são disseminados mais apropriadamente a curtas distâncias. Esses
emergem através do ostíolo e são envolvidos por uma substância mucilaginosa. Em
condições naturais essa mucilagem apresenta coloração creme claro, de aspecto
brilhante, servindo de proteção contra o ressecamento das estruturas do fungo, quando
expostas em ambiente adverso (PUNITHALINGAM & WOODHAMS, 1982).
Os esporos germinam na superfície de órgãos suscetíveis, produzindo
apressórios. Uma delgada hifa de infecção é então formada a partir do apressório, que
6
penetra através da cutícula e forma uma pequena massa de hifas entre a cutícula e a
epiderme (KOTZÉ, 1981). Nessa forma de micélio subcuticular quiescente, o fungo
pode permanecer dormente por até 12 meses. Esse período de dormência pode ser
interrompido quando o fruto atinge seu tamanho final e inicia a maturação, ou com
condições ambientais representadas por exposição dos frutos à intensa radiação.
Em particular para o Estado de São Paulo, os conídios são importantes na
epidemiologia da doença, dado ao reduzido número de variedades cultivadas e à sua
elevada suscetibilidade, e ao clima favorável para o desenvolvimento da doença. Além
disso, dada à ocorrência de vários fluxos de florada, propicia-se a formação de frutos de
forma extemporânea, o que redunda na coexistência de frutos de diferentes tamanhos e
idade. Tal fato faz com que na presença de inóculo e com ambiente favorável para as
infecções haja um forte incremento dos níveis da doença, possibilitando o seu
progresso ao longo dos anos.
Com exceção da laranja azeda e seus híbridos, os quais são resistentes G.
citricarpa (KOTZÉ, 1981), e a lima ácida ‘Tahiti’, a qual é insensível ao mesmo
(BALDASSARI et al., 2008), praticamente todas as demais espécies cítricas de
importância econômica são suscetíveis ao patógeno.
2.3 Sintomatologia
A MPC é uma doença praticamente exclusiva de frutos, donde redunda a
produção de quatro tipos de sintomas (HERBERT,1989),sendo: (i) mancha dura:
sintoma mais comum e típico da doença. Em geral aparece quando os frutos iniciam a
maturação. Em frutos verdes, um halo amarelado aparece circundando as lesões,
enquanto que no caso de frutos maduros ocorre o contrário, sendo produzido um halo
verde ao redor das lesões, que apresentam o centro deprimido de cor marrom-claro ou
cinza-escuro e as bordas salientes, de coloração marrom-escura. No interior dessas
lesões aparecem pequenas pontuações negras, que são os picnídios do fungo; (ii)
manchas sardentas: aparecem depois que os frutos já atingiram a maturação, estando
7
com a casca apresentando coloração amarelada ou alaranjada. As lesões são
levemente deprimidas e avermelhadas. Elas podem coalescer, formando uma grande
lesão, ou permanecerem pequenas e individualizadas; (iii) manchas virulentas:
desenvolvem-se normalmente no final da safra, quando os frutos estão maduros e as
temperaturas mais elevadas, e podem também ocorrer após a colheita, durante o
transporte e o armazenamento dos frutos. As lesões aparecem como resultado do
desenvolvimento e coalescência de lesões dos dois tipos anteriores, dando origem a
grandes lesões deprimidas, de centro acinzentado e bordos salientes de coloração
marrom-escuro ou vermelho-escuro. No centro dessas lesões aparecem muitas
pontuações escuras, que são os picnídios. A casca do fruto fica necrosada na área da
lesão, mas a parte interna do fruto não é afetada; (iv) manchas do tipo falsa melanose:
normalmente aparecem quando o fruto encontra-se com cerca de 4-5 meses após a
queda das pétalas.
Segundo McONIE (1964), os sintomas da falsa melanose, nas condições da
África do Sul, aparecem quatro a cinco meses após a queda das pétalas. Caracterizamse pela presença de manchas irregulares, com textura áspera ao tato, de tamanho
variado, mas predominantemente pequenas, com cerca de 2mm de diâmetro. Nas fases
subseqüentes, as lesões individualizadas são normalmente circundadas por numerosos
pontos escuros, constituindo as lesões satélites. Em tais lesões, ao contrário das
anteriores, não são formados picnídios.
Além dos sintomas anteriores, no Brasil encontra-se descrito o sintoma
designado mancha trincada (GOES et al., 2000). Tal sintoma é inicialmente observado
em frutos ainda verdes, onde são produzidas manchas de aspecto oleoso.
Posteriormente, quando da maturação dos frutos as regiões exibindo as manchas
apresentam trincas. Hoje já se sabe que o sintoma tipo mancha trincada redunda do
efeito da interação G. citricarpa e o ácaro da falsa ferrugem (Phyllocoptruta oleivora),
(NOZAKI, 2007). Há, também, outro tipo de sintoma descrito, designado mancha
rendilhada (FUNDECITRUS, 2003), o qual aparenta ser um variante do sintoma tipo
falsa melanose.
8
Os sintomas da MPC em geral são observados em maior freqüência na fase
inicial de maturação dos frutos. Posteriormente, quando nas fases de maturação e, sob
elevada temperatura, estresse hídrico e plantas debilitadas, os sintomas aparecem com
maior severidade. Também, quando na presença de pragas como ácaros e
cochonilhas,
especialmente
Parlatoria
ziziphus
e
P.
pergandii,
pode
haver
agravavamento dos sintomas nos frutos, com conseqüente queda prematura dos
mesmos. Em folhas os sintomas são pouco freqüentes, mas quando presentes
assemelham-se àqueles do tipo mancha dura dos frutos, com centro deprimido e os
bordas salientes escuros.
Um fato de importância relevante trata-se do aparecimento de sintomas de MPC
nas fases de pós-colheita. Tem-se verificado que frutos, mesmo após criteriosa seleção
e tratamento pós-colheita, têm exibido sintomas nas fases de transporte e durante o
armazenamento, no local do destino. Esse aspecto assume importância muito relevante
quando no caso de exportações, dada à possibilidade do rechaço da carga. Assim, o
conhecimento dos mecanismos envolvidos na expressão dos diferentes tipos de
sintomas, assim como a determinação de alternativas que viabilizem a sua supressão
tornam-se de importância relevante, podendo significar a possibilidade de aumento das
exportações de frutos pelas empresas brasileiras (SCALOPPI, 2006).
Até o presente não foram encontrados relatos relacionados à origem dos
diferentes tipos de sintomas. Admite-se que, alguns deles, devido à individualização
das lesões, estejam relacionados às infecções originárias de ascósporos, já que esses
podem ser levados pelo vento e dessa forma serem espalhados aleatoriamente. Outros
tipos de sintomas, em razão do baixo nível de individualização das lesões, pressupõemse sejam originários de conídios, já que os mesmos, após dispersão da mucilagem
possam ser espalhados na superfície dos frutos, na maioria das vezes apresentam-se
concentrados.
Para McONIE (1967), apenas os tecidos tenros dos frutos cítricos mostram-se
suscetíveis à infecção por G. citricarpa e, portanto, com o passar do tempo, os frutos
vão se tornando naturalmente resistentes. Para KELLERMAN & KOTZÉ (1977), os
frutos estão suscetíveis do período compreendido entre a antese até as 16 semanas
9
subsequentes. Por outro lado, para KIELY (1948) e KOTZÉ (1981), o período crítico de
suscetibilidade do fruto, nas condições da África do Sul, varia de 17 a 21 semanas após
a queda de pétalas. Por outro lado, de acordo com CALAVAN (1960), para as
condições da Austrália, a extensão do período de suscetibilidade para a laranja
‘Valência’ não é completamente esclarecida, podendo, no entanto, alcançar cerca de
seis meses após a queda de pétalas. Tal ponto de vista quanto ao longo período de
suscetibilidade é também compartilhado por KLOTZ (1978) e BALDASSARI et al.
(2006), os quais obtiveram sintomas em frutos inoculados com pelo menos até 24
semanas após a queda das pétalas.
2.4 Controle
A MPC pode ser originada por dois tipos de inóculo: conídios ou ascósporos.
Não existe um consenso sobre quais das formas, entre conídios e ascósporos,
mostram-se de maior importância uma vez a doença já tenha sido estabelecida. Dessa
forma, o controle deve ser voltado para a eliminação e/ou supressão das duas fontes de
inóculo, ou pelo menos, minimizar a produção dos mesmos.
No caso do controle voltado para os ascósporos faz-se importante reduzir a sua
produção mediante: (i) manejo da vegetação verde (gramíneas e leguminosas) em ruas
de plantio, com roçadeiras ecológicas; (ii) uso de decompositores de folhas como a
uréia ou formulações prontas, como Compostaid® e Stable Aid®, aplicados por meio das
barras de herbicidas; (iii) eliminação física das folhas com o uso de “flammer”
(queimador à gás) ou rastelos mecânicos conjugados com trinchas e; (iv) supressão ou
minimização da queda de folhas das plantas. Para o caso dos conídios, já que esses na
sua maioria são formados em galhos secos recomenda-se controlar os fatores que
predispõem à sua formação, como (i) bom manejo nutricional das plantas, notadamente
quanto ao adequado fornecimento de cobre, (ii) controle de rubelose (Erytricium
salmonicolor) e demais doenças que causam o secamento de galhos e ramos; (iii)
10
minimizar e/ou evitar a quebra de galhos e ramos (GOES & ALMEIDA, 2007) e; poda de
galhos secos.
Outra alternativa empregada e que tem redundado em melhores resultados de
controle baseia-se no uso de fungicidas. Entretanto, além do custo consideravelmente
elevado,nem sempre os resultados alcançam o nível desejável.
Dentre os fungicidas adotam-se os de modo de ação dos tipos protetores, ou da
mistura desses com fungicidas sistêmicos, sempre associados com óleo mineral ou
vegetal. Normalmente bons resultados de controle são obtidos mediante ao emprego de
duas pulverizações com fungicidas cúpricos, em intervalo de 25 a 28 dias, iniciando na
fase de ¾ de pétalas caídas. Posteriormente são necessárias pulverizações adicionais
envolvendo a mistura anteriormente mencionada, iniciando aos 30-35 dias após a
segunda pulverização com fungicida cúprico, complementando-se com outras
pulverizações em intervalos de 35-42 dias, em número dependente da uniformidade do
florescimento, desenvolvimento dos frutos, pluviosidade e destino final dos frutos. No
caso de variedades de laranjas tardias e as de meia-estação, dependendo do nível de
inóculo da área, são necessárias três aplicações da combinação de fungicidas.
Dentre os fungicidas sistêmicos, os que proporcionam bom controle do patógeno
e que possuem registro junto ao Ministério da Agricultura incluem-se os pertencentes
aos benzimidazóis, como tiofanato metílico e carbendazim, e os do grupo das
estrobilurinas, como azoxystrobin, pyraclostrobin e trifloxystrobin. Todos os grupos
químicos mostram-se eficientes, porém devem ser utilizados em mistura com fungicidas
protetores e nas dosagens recomendadas pelos respectivos fabricantes. Dentre os
protetores incluem os fungicidas cúpricos e ditiocarbamatos. Um detalhe importante
refere-se à qualidade dos óleos, os quais devem conter emulsificantes em quantidade e
de qualidade necessárias para propiciar boa miscibilidade em água, proporcionando
uma mistura uniforme e estável (GOES & ALMEIDA, 2007).
Como os esporos produzidos pelo patógeno podem-se disseminar ou
dispersarem de forma aleatória, os mesmos podem atingir diferentes regiões dos frutos,
incluindo aqueles que eventualmente estejam em locais difíceis de serem alcançados
quando das pulverizações, de tal forma que a pulverização deve ser feita com
11
equipamentos de boa qualidade, calibração adequada e velocidade compatível, de tal
forma que proporcione uma excelente cobertura dos frutos. O número e tamanho das
gotas devem ser bem dimensionados para que o alvo seja uniformemente atingido.
2.5 Referências
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17
CAPÍTULO 2 - EXPRESSÃO DE SINTOMAS DE Guignardia citricarpa EM FRUTOS
CÍTRICOS INOCULADOS COM SUSPENSÃO CONIDIAL
RESUMO - A mancha preta dos citros (MPC), doença causada pelo fungo
Guignardia citricarpa (Phyllosticta citricarpa), causa lesões nos frutos depreciando-os
comercialmente e restringindo as exportações para países onde a doença é
considerada praga quarentenária A1. O objetivo deste trabalho foi analisar os tipos de
sintomas de mancha preta do citros em frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’ e tangor ‘Murcott’
inoculados com suspensão conidial. Foram empregadas as concentrações de inóculo
contendo 104 e 108 conídios.mL-1. A inoculação deu-se em frutos com 2,5-3,0 cm de
diâmetro, utilizando-se atomizador manual do tipo De Vilbs®. Após a inoculação as
plantas foram submetidas a duas condições: (i) câmara úmida por 48h e transferidas
para casa de vegetação e, (ii) mantidas a céu aberto. Os frutos foram avaliados
semanalmente quanto à presença e ausência de sintomas, tipos de sintomas expressos
e, incidência da doença. Após 40 dias da inoculação verificou-se que a maioria dos
frutos apresentava sintomas. Em frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’ inoculados à
concentração de 104 conídios.mL-1, os sintomas foram do tipo mancha dura, os quais,
em alguns casos, evoluíram para mancha virulenta. Na concentração de 108
conídios.mL-1 foram observados sintomas do tipo falsa melanose e, esporadicamente,
sintomas do tipo mancha sardenta. Em frutos de tangor ‘Murcott’, independente da
concentração da suspensão de inóculo empregada, os sintomas produzidos foram do
tipo falsa melanose, com algumas lesões do tipo mancha dura. A metodologia de
inoculação empregada no presente trabalho mostrou-se eficiente, sendo, portanto, uma
alternativa adicional para estudos relacionados ao patossistema Citrus-G. citricarpa.
Palavras-chave: Citrus reticulata, Citrus sinensis, Phyllosticta citricarpa
18
2.1 Introdução
A mancha preta dos citros (MPC), causada por Guignardia citricarpa (Phyllosticta
citricarpa), causa lesões na casca dos frutos, depreciando-os comercialmente e
restringindo as exportações por tratar-se de praga quarentenária A1 para vários países.
Além disso, o seu controle é oneroso e, dependendo do nível de severidade dos
sintomas, pode causar significativa queda prematura dos frutos.
Com exceção da laranja azeda (Citrus aurantium L.) e seus híbridos e a lima
ácida ‘Tahiti’ (C. latifolia), todas as variedades de laranja doces (C. sinensis L.),
especialmente as de maturação tardia, são suscetíveis ao patógeno. Incluem-se
também como espécies suscetíveis os limões verdadeiros (C. limon L.), pomelos (C.
paradisi Macfad.), algumas tangerinas como a ‘Ponkan’ (C. reticulata Blanco), ‘Cravo’
(C. reticulata) e mexerica do ‘Rio’ (C. deliciosa), a lima da ‘Pérsia’ e tangor,
especialmente o ‘Murcott’ (C. reticulata x C. sinensis L.).
Segundo a literatura, G. citricarpa é responsável por cinco tipos de sintomas
designados falsa melanose, mancha dura, mancha sardenta, mancha virulenta
(HERBERT, 1989) e mancha trincada (GOES et al., 2000). E ainda, de acordo com
FUNDECITRUS (2008), um sexto tipo de sintoma também encontra-se associado,
denominado mancha rendilhada, caracterizada pela presença de lesões superficiais,
sem borda definida, e textura lisa, que aparecem quando os frutos ainda estão verdes.
Existem dois tipos de inóculo responsáveis pela doença. A primeira via é
representada
pelos
ascósporos
(fase
sexual),
formados
exclusivamente
em
pseudotécios nas folhas caídas (McONIE, 1964a). A segunda é representada pelos
conídios (fase assexual), os quais são formados nas lesões existentes nos frutos, em
folhas ainda aderidas nas plantas e, também, em ramos secos (KOTZÉ, 1981).
Na África do Sul, McONIE (1964b) demonstrou mediante experimentos
envolvendo armadilhas caça-esporos, ensacamento de frutos e pulverizações com
fungicidas, que as infecções iniciais dos frutos coincidiram com um período de elevada
descarga de ascósporos. Posteriormente outros pesquisadores convenceram-se de que
19
os ascósporos constituíam-se na principal fonte de inóculo nesse país (McONIE, 1967;
KELLERMAN & KOTZÉ, 1977; SCHUTTE et al., 1997).
No Brasil, apesar da escassez de informações quanto ao caráter epidemiológico
de G. citricarpa, o comportamento da MPC aparenta ser diferente. Neste país, o papel
dos conídios é tão importante quanto o dos ascósporos em virtude da ocorrência
simultânea de frutos sintomáticos e frutos jovens suscetíveis, principalmente nas
variedades que apresentam vários surtos de florescimento e nas de maturação tardia
(FEICHTENBERGER,1996, BALDASSARI et al., 2006). Outro agravante é o longo
período de condições favoráveis à liberação de ascósporos (REIS et al., 2006) e
produção de conídios. Dessa forma, o conhecimento dos mecanismos envolvidos na
expressão dos diferentes tipos de sintomas de G. citricarpa é fundamental para
determinação de alternativas que viabilizem a sua supressão.
Embora a primeira citação quanto à ocorrência de G. citricarpa em frutos cítricos
tenha ocorrido em 1895, na Austrália, ressente-se ainda da falta de uma metodologia
de inoculação prática, eficiente e que permita o estabelecimento de relações de caráter
qualitativo e quantitativo. As metodologias disponíveis no momento baseiam-se na
deposição de folhas cítricas, infectadas e secas, sobre frutos na fase crítica de
suscetibilidade (McONIE, 1964a), emprego de suspensão de ascósporos (LEMIR et al.,
2000), ou na deposição de discos foliares previamente colonizados por G. citricarpa,
contendo picnídios, conídios e possivelmente pseudotécios e ascósporos sobre frutos
em estádios suscetíveis (BALDASSARI et al., 2008). Dentre tais metodologias, a
primeira foi utilizada por vários anos, mas, ultimamente, a que vem prevalecendo é a
última, a qual, embora eficiente e prática, apresenta a limitação do estabelecimento de
relações quanto a concentrações de inóculo, tipos de sintomas e aspectos
fitopatométricos.
O objetivo do presente trabalho foi: (i) determinar os tipos de sintomas expressos
por G. citricarpa em frutos cítricos inoculados com suspensão conidial e (ii) desenvolver
uma metodologia de inoculação de G. citricarpa eficiente que permita estabelecer
relações qualitativa e quantitativa, tanto em termos de níveis de severidade e quanto
aos tipos de inóculo empregados.
20
2.2 Material e Métodos
Os experimentos foram conduzidos no laboratório e casa de vegetação do
Departamento de Fitossanidade da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias
UNESP, Jaboticabal, São Paulo, Brasil.
2.2.1 Preparo da suspensão conidial de Guignardia citricarpa
Todas as inoculações foram realizadas com o isolado 315 de G. citricarpa, de
cultura monospórica, obtido da região de Conchal/SP, reconhecidamente patogênico,
conforme testes de inoculação realizados por Baldassari (2001). O fungo foi cultivado
em meio de cultura batata-dextrose-ágar (BDA) contido em placas de Petri, e mantido
em estufas para B.O.D. a 25°C, com fotoperíodo alte rnado (12h luz/12h escuro) por 30
dias. A partir dessa cultura obteve-se suspensão conidial a qual foi calibrada para a
concentração desejada.
Os conídios foram removidos das colônias mediante a deposição de 10 mL de
água esterilizada, seguido da raspagem superficial com pincel de cerdas duras.
Posteriormente, a suspensão foi filtrada em camada dupla de gaze e ajustada para
duas concentrações: 104 conídios.mL-1 e 108 conídios.mL-1, aferidas em câmara de
Neubauer. No momento da inoculação foi adicionada à suspensão suco de laranja (1%
v/v) + 10g/L de sacarose.
2.2.2 Metodologia de inoculação
A inoculação foi realizada em frutos de plantas de laranjeiras ‘Pêra-Rio’ e
tangoreiro ‘Murcott’, com aproximadamente três anos de idade, enxertadas em limoeiro
‘Cravo’ e mantidas em vaso, em casa de vegetação. Foram empregados quatro plantas
de laranjeiras ‘Pêra-Rio’ e quatro plantas de tangoreiro ‘Murcott’. A inoculação deu-se
21
em frutos com cerca de 2,5-3,0 cm de diâmetro, utilizando-se atomizador manual do
tipo De Vilbs®. Para tal, foram empregados 12 frutos, previamente selecionados para
cada uma das concentrações mencionadas. Foram realizados dois experimentos: no
primeiro, os frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’ e tangor ‘Murcott’, após a inoculação foram
ensacados com saco de papel cristal 15x15cm, sendo as respectivas plantas mantidas
em câmara úmida durante 48 h em sala de nebulização com umidade aproximada de
100%. Posteriormente, os sacos de papel foram retirados e as plantas transferidas para
casa de vegetação. No segundo experimento, utilizou-se a mesma metodologia descrita
anteriormente, porém, as plantas após a inoculação foram mantidas à céu aberto, não
sendo submetidas à condição de câmara úmida. Os frutos permaneceram ensacados
até o final do experimento. A inoculação-controle foi realizada em paralelo, sendo
empregado apenas água destilada. Os experimentos foram repetidos três vezes, nos
períodos 02/2007, 05/2007 e 08/2007, em frutos da mesma idade, obtidos com indução
da florada. As interpretações dos resultados deram-se de forma qualitativa, avaliandose quanto à presença ou ausência e tipos de sintomas expressos e, quantitativa,
determinando o número de frutos sintomáticos.
2.3 Resultados e Discussão
Os primeiros sintomas de MPC foram observados em alguns frutos, aos 40 dias
após a inoculação de laranjeiras ‘Pêra-Rio’ e tangor ‘Murcott’. Porém, aos 90 dias após
a inoculação praticamente todos os frutos inoculados exibiam sintomas de MPC.
Ambas as concentrações de inóculo avaliadas foram altamente eficientes na
indução de sintomas da MPC. Os frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’ apresentaram maior
número de frutos sintomáticos que os de tangor ‘Murcott’ (Tabela 1 e 2). Todas as
épocas de inoculação mostraram-se eficientes para expressão de sintomas de MPC.
22
Tabela 1. Número de frutos de laranjeiras ‘Pêra-Rio’ apresentando sintomas de mancha preta
do citros, inoculados com suspensão conidial de Phyllosticta citricarpa nas
concentrações de 104 e 108 conídios.mL-1, avaliados aos 40 e 90 dias após a
inoculação (DAI). Jaboticabal/SP, 2009
Época de
Inoculação
Total de
frutos
avaliados
Número de frutos sintomáticos
104 conídios.mL-1
108 conídios.mL-1
02/2007
12
40 DAI
08 bB
90 DAI
12 aA
40 DAI
10 bB
90 DAI
12 aA
05/2007
12
06 cB
10 aA
10 bB
12 aA
08/2007
12
10 aB
12 aA
12 aA
12 aA
*Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas ou maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente entre si (Tukey,
P•0,05).
A maior expressão de sintomas em tangor ‘Murcott’, semelhante ao observado
para frutos de laranjeiras ‘Pêra-Rio’, foi obtida na concentração contendo 108
conidios.mL-1, aos 90 dias após a inoculação. Entretanto, em frutos dessa espécie
cítrica a expressão de sintomas foi 83,3% àquela observada em frutos de laranjeira
‘Pêra-Rio’ (Tabela 2).
Tabela 2. Número de frutos de tangor ‘Murcott’ apresentando sintomas de Guignardia citricarpa,
inoculados com suspensão conidial nas concentrações de 104 e 108 conídios.mL-1,
avaliados aos 40 e 90 dias após a inoculação (DAI). Jaboticabal/SP, 2009
Época de
Inoculação
Total de
frutos
avaliados
Número de frutos sintomáticos
104 conídios.mL-1
108 conídios.mL-1
02/2007
12
40 DAI
06 aB
90 DAI
09 aA
40 DAI
08 bB
90 DAI
09 bA
05/2007
12
06 aB
09 aA
05 aB
10 aA
08/2007
12
06 aB
10 aA
06 aB
11 aA
*Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas ou maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente entre si (Tukey,
P•0,05).
Quando das avaliações realizadas aos 40 e 90 dias após a inoculação, em frutos
de laranjeira ‘Pêra-Rio’ inoculados com G. citricarpa na concentração de 104
conídios.mL-1 houve predomínio dos sintomas do tipo mancha dura. Entretanto, nos
estádios subseqüentes, até a colheita, houve incremento nos níveis de severidade dos
sintomas, dando origem aos do tipo mancha virulenta (Figura 1). Quando da
23
concentração de 108 conídios.mL-1 predominaram os sintomas do tipo falsa melanose,
e, em menor freqüência, os do tipo mancha sardenta (Figura 2).
A
B
B
Figura 1. Sintomas de mancha preta do citros em frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’ inoculados com
suspensão de conídios de Phyllosticta citricarpa contendo 104 conídios.mL-1. A –
Sintoma do tipo mancha dura (lesões levemente arredondadas, deprimidas e com centro
acinzentado) e, B - Sintomas dos tipos mancha dura e mancha virulenta (manchas
coalescentes).
24
A
B
Figura 2. Sintomas de mancha preta do citros em frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’ inoculados com
suspensão de conídios de Phyllosticta citricarpa contendo 108 conídios.mL-1. A –
sintomas do tipo falsa melanose (manchas escuras e superficiais) e, B - sintomas dos
tipos falsa melanose e mancha sardenta (manchas avermelhadas).
Para o caso de frutos de tangor ‘Murcott’, independente da concentração
avaliada predominou o sintoma do tipo falsa melanose, embora os do tipo mancha dura
estivessem também presentes, porém com freqüência muito baixa (Figura 3). Nessa
espécie, independente do desenvolvimento fenológico dos frutos, não houve alterações
dos tipos de sintomas originalmente observados.
25
A
B
Figura 3. Sintomas de mancha preta do citros em frutos de tangor ‘Murcott’ inoculados com
suspensão de conídios de Phyllosticta citricarpa contendo 106 e 108 conídios.mL-1. A –
Aos 40 dias após a inoculação e B – Aos 90 dias após a inoculação.
Em folhas de laranjeira ‘Pêra-Rio’, próximas e logo abaixo dos frutos inoculados
com suspensão de conídios de P. citricarpa a108 conídios.mL-1, foram observados
sintomas de MPC, caracterizados pela presença de manchas escuras, de diferentes
formas, sendo algumas do tipo mancha dura e outras de aspecto oleoso, irregulares,
dispersas, assemelhando às do tipo falsa melanose. Provavelmente tais infecções
26
resultaram do respingo e/ou escorrimento da suspensão conidial (Figura 4), com
demonstração, assim, da expressão de sintomas resultantes da inoculação artificial.
Isolamentos realizados a partir de algumas das lesões comprovaram a presença do
patógeno.
Figura 4. Sintomas mancha preta do citros em folhas de laranjeira ‘Pêra-Rio’ localizadas
próximas aos frutos inoculados com suspensão de conídios de Phyllosticta citricarpa
contendo 108 conídios.mL-1 .
Independente do ambiente pós-inoculação, em casa de vegetação ou ambiente à
céu aberto, não houve diferença em relação à incidência da doença. No caso da
testemunha, em nenhuma das circunstâncias avaliadas foi observada a presença de
sintomas de MPC.
Atualmente, a metodologia de inoculação mais usualmente utilizada é a
desenvolvida por BALDASSARI et al. (2008), a qual consiste na deposição de discos de
folhas cítricas colonizados por G. citricarpa sobre frutos cítricos. Entretanto, nessa
metodologia as respostas da inoculação são, de modo geral, de caráter quase que
exclusivo de natureza qualitativa, visto a inviabilidade da quantificação do inóculo
presente nos discos foliares.
A metodologia de inoculação empregada no presente trabalho também mostrouse muito eficiente como alternativa para a discriminação dostipos de sintomas
conseqüentes do inóculo empregado, sendo, portanto, uma alternativa adicional para
estudos relacionados ao patossistema Citrus-G. citricarpa. Além disso, a metodologia
ora proposta, com o emprego exclusivo de conídios, dada à facilidade da padronização
27
do inóculo empregado permite avaliar simultaneamente isolados de diferentes
procedências quanto ao seu comportamento patogênico, tipos de sintomas produzidos
e níveis de severidade da doença.
Os conídios de G. citricarpa são produzidos em picnídios, e quando da sua
maturidade são extruídos pelo ostíolo. Posteriormente, através da água os mesmos são
removidos e dispersos para o plano mais baixo da copa das plantas. Devido à
arquitetura das plantas cítricas, esses conídios são dispersos na forma de cascata,
sendo espalhados por toda a planta, especialmente nas partes mais externas da planta.
Dada à forma de dispersão dos conídios, envolvidos em mucilagem, mesmo
quando da presença de chuvas de grande intensidade, há a tendência de muitos
conídios encontrarem-se agrupados. Em conseqüência disso, sob condições ambientais
favoráveis há a sua germinação e infecção. Em termos gerais, o sintoma predominante
nessa situação é o do tipo falsa melanose. No presente estudo, esse ponto de vista,
anteriormente não comprovado, mostrou-se coerente e convergente, já que quando do
emprego de concentração de inóculo a 108 conídios.mL-1 houve predominantemente a
produção de tal tipo de sintoma . Por outro lado, quando do emprego da concentração a
104 conídios.mL-1 houve predomínio dos sintomas dos tipos mancha dura e mancha
virulenta.
No presente estudo, mesmo com o emprego exclusivo de conídios, com exceção
do sintoma do tipo mancha trincada, todos os demais citados pela literatura foram
observados, incluindo o do tipo mancha virulenta, que, conforme a literatura, resulta da
coalescência de lesões dos tipos mancha dura e mancha sardenta (HERBERT, 1989;
FUNDECITRUS 2008; THE BRITISH SOCIETY FOR PLANT PATHOLOGY, 2009).
Conforme HERBERT (1989), algumas lesões superficiais, do tipo falsa melanose, pode
evoluir para as do tipo mancha dura. Entretanto, embora este aspecto transicional não
possa ser descartado em algumas situações, no presente estudo isso não foi observado,
com exceção apenas quanto à formação do sintoma do tipo mancha virulenta a partir
dos sintomas do tipo mancha sardenta, quando a concentração do inóculo foi 104
conídios.mL-1. Em tangor ‘Murcott’ houve predominância de sintomas do tipo falsa
melanose.
28
Embora ainda não exista um consenso sobre quais das duas formas de inóculo
de G. citricapa, conídios ou ascósporos, mostram-se de maior importância uma vez à
doença tenha já sido estabelecida, os resultados aqui apresentados tornam evidentes a
relevância dos conídios. Neste caso, preconizando minimizar o impacto resultante da
sua disponibilidade, já que esses são formados em galhos secos, recomenda-se
controlar os fatores que predispõem à sua formação, como (i) bom manejo nutricional
das plantas, notadamente quanto ao adequado fornecimento de cobre, (ii) controle de
rubelose (Erytricium salmonicolor) e demais doenças que causam o secamento de
galhos e ramos; (iii) minimizar e/ou evitar a quebra de galhos e ramos e; (iv) poda de
galhos secos. Também, além das medidas preconizadas, o controle químico faz-se
imprescindível, cujo rigor do patógeno dependerá do nível de infecção nos pomares e
destino final dos frutos.
A metodologia de inoculação empregada no presente trabalho mostrou-se muito
eficiente, o que permite estudos discriminativos quanto aos sintomas conseqüentes do
inóculo empregado, avaliação do período de incubação em diferentes variedades e
diferentes estádios fenológicos sendo, portanto, uma alternativa adicional para estudos
relacionados ao patossistema Citrus-G. citricarpa.
2.4 Conclusões
Guignardia citricarpa inoculada em suspensão conidial em frutos de laranjeira
‘Pêra-Rio’ produzem sintomas dos tipos mancha dura, mancha sardenta, mancha
virulenta e falsa melanose.
Guignardia citricarpa inoculada em suspensão conidial em frutos de tangor
‘Murcott’ produzem sintomas do tipo falsa melanose e mancha dura.
Frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’ mostram-se mais suscetíveis a Guignardia
citricarpa que os de tangor ‘Murcott’.
A metodologia de inoculação de conídios de Guignardia citricarpa, desenvolvida
no presente estudo, mostra-se eficiente e prática.
29
2.5 Bibliografia
BAAYEN, R.P.; BONANTS, P.J.M.; VERKLEY, G.P.; CARROLL, G.C.; VAN DER AA,
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p. 337–341.2006.
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30
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31
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em 10 de fevereiro de 2009.
Van der Aa H.A. Studies in Phyllosticta I. Studies in Micology v.5, 1973.
32
CAPÍTULO 3 – PERÍODO DE SUSCETIBILIDADE DE FRUTOS DE LARANJEIRA
DOCE A Guignardia citricarpa E EFEITO DA APLICAÇÃO DE Guignardia
mangiferae NA EXPRESSÃO DE SINTOMAS DA MANCHA PRETA DO CITROS EM
FRUTOS
RESUMO – Este estudo teve como objetivo determinar o período de
suscetibilidade de frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’ a Guignardia citricarpa e verificar a
influência da aplicação da forma endofítica, Guignardia mangiferae, na supressão de
sintomas mancha preta dos citros. Para tal, frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’ da mesma
florada, com diâmetros de 4,5; 5,5 e • 7 cm foram inoculados com G. citricarpa através
da aspersão de suspensão de conídios utilizando atomizador manual do tipo De Vilbs®.
A concentração da suspensão conidial foi ajustada para 104 conídios.mL-1, sendo que
no momento da inoculação foi adicionado suco de laranja e dextrose à solução. As
avaliações foram realizadas em intervalos semanais, quanto à presença e ausência de
sintomas, assim como os tipos de sintomas expressos. Foram inoculados 24 frutos para
cada estádio de desenvolvimento. Para o estudo da influência da forma endofítica na
supressão de sintomas da MPC, empregou-se frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’, com 2,5 a
3 cm de diâmetro, os quais foram inoculados com G. mangiferae nas seguintes
concentrações (conídios.mL-1): 104, 106 e 108. A inoculação de G. citricarpa deu-se
mediante suspensão contendo 106 conídios.mL-1, realizada em dois intervalos de
tempo: 48 horas antes e 48 horas após a inoculação da forma endofítica. Como
controle utilizou-se plantas inoculadas apenas com a forma endofítica e plantas
inoculadas apenas com a forma patogênica. Em todas as inoculações adicionou-se à
suspensão conidial suco de laranja e dextrose no momento da inoculação. Foram
inoculados 20 frutos para cada concentração testada. Mediante emprego de escala de
nota foram realizadas avaliações aos 60, 90 e 120 dias após a inoculação da forma
patogênica. No primeiro estudo, 56,94% dos frutos apresentaram sintomas de MPC
quando inoculados em frutos com 4,5 cm de diâmetro, 50% com 5,5 cm de diâmetro e
27,75% quando inoculados em frutos com diâmetro • 7 cm. Em todas as situações
33
foram observadas apenas sintomas dos tipos mancha dura e mancha sardenta. No
segundo estudo foi observado que os frutos protegidos com a forma endofítica
apresentaram menor índice de doença causada por G. citricarpa.
Palavras-Chave: Citrus sinensis, Guignardia mangiferae, Phyllosticta citricarpa,
Indução de resistência
34
3.1 Introdução
A mancha preta dos citros é causada por Guignardia citricarpa (Phyllosticta
citricarpa) e afeta folhas, ramos e frutos, os quais, quando severamente afetados, ficam
depreciados ou impróprios para o mercado de fruta fresca (McONIE, 1964; KOTZÉ,
1981). As perdas provocadas podem ser muito elevadas, principalmente em limões e
laranjas doces de maturação tardia. É uma doença quarentenária A1 para os países da
União Européia e Estados Unidos da América, limitando sobremaneira a possibilidade
de exportação de frutos produzidos no Brasil, especialmente do Estado de São Paulo.
O fungo produz pseudotécios e ascósporos em folhas em decomposição no solo
(McONIE, 1964; SUTTON & WATERSTON, 1966). Na fase imperfeita, o fungo produz
picnídios em lesões contidas em frutos e em folhas aderidas e, ocasionalmente, no
pedúnculo de frutos (SIVANESAN, 1984). São também produzidos em grande
quantidade em folhas cítricas caídas sob a copa das plantas (McONIE, 1964), cuja
importância epidemiológica é muito limitada, já que, via de regra, somente os conídios
dispersos
por
respingos
podem
alcançar
os
tecidos
da planta
hospedeira,
especialmente os frutos.
Segundo HERBERT (1989), quatro tipos de sintomas podem ocorrer em frutos:
mancha dura, mancha sardenta, mancha virulenta e falsa melanose. Entretanto, além
desses sintomas, no Brasil encontra-se descrito o sintoma designado mancha trincada
(GOES et al., 2000), o qual aparece em frutos ainda verdes, expressos na forma de
manchas
superficiais
que,
na
maturidade
apresentam
trincas
nas
áreas
correspondentes.
Os sintomas da doença são favorecidos por vários fatores, dos quais os mais
importantes são a radiação solar intensa e as altas temperaturas por ocasião da
maturação dos frutos, maior incidência de raios solares nos frutos expostos, estresse
hídrico e debilidade das plantas (KOTZÉ, 1981; FEICHTENBERGER, 1996).
Um aspecto importante a ser destacado refere-se ao longo período de incubação
apresentado pelo fungo. Na presença de umidade, o fungo emite um “peg” de infecção
o qual penetra na cutícula e se expande para dentro do tecido, na forma de uma massa
35
de micélio, permanecendo entre a cutícula e a epiderme. Essa se constitui na chamada
infecção quiescente que, posteriormente, dá origem às lesões típicas da doença
(MOTTA, 2009). Entretanto, os mecanismos envolvidos no processo de formação
destas infecções e consequentemente dos diferentes tipos de sintomas produzidos não
são completamente conhecidos.
De acordo com KLOTZ (1978) e BALDASSARI et al. (2006), o período de
suscetibilidade dos frutos corresponde desde a fase de queda das pétalas, até pelo
menos 24 semanas (KELLERMAN & KOTZÉ, 1977).
Segundo FEICHTENBERGER et al. (1997), as medidas de controle de G.
citricarpa envolvem o plantio de mudas sadias, práticas culturais que visem minimizar a
formação e liberação de ascósporos e conídios, e pulverizações com fungicidas
sistêmicos (benzimidazóis ou estrobilurinas) ou protetores (cúpricos ou ditiocarbamatos)
visando a proteção dos frutos durante o principal período de sua suscetibilidade, de
pelo menos 4-5 meses após a queda das pétalas. Normalmente os tratamentos que
proporcionam as melhores respostas redundam do emprego da mistura de fungicidas
sistêmicos e protetores, acrescidos de óleos mineral ou vegetal. Essa combinação
possibilita também o manejo da resistência do fungo aos fungicidas sistêmicos.
Entretanto, problemas relacionados ao uso de fungicidas redundam do impacto
negativo ao ambiente e restrições de ordem pública e econômica, além de, muitas
vezes, os resultados obtidos mostrar-se aquém dos níveis desejáveis.
De acordo com CARROLL (1988), o termo endófito aplica-se para organismos
que causam colonizações assintomáticas no hospedeiro, excluindo desta forma os
organismos patogênicos. A constatação dos microrganismos endofíticos no tecido
vegetal pode ser evidenciada por análise microscópica ou por isolamento em meios de
cultivo. No caso de Guignardia, a separação da forma patogênica da endofítica é
facilmente realizada em meio de cultura aveia-dextrose-ágar (ADA), já que a forma
patogênica produz colônias cujas bordas apresentam halo amarelo (BALDASSARI et
al.,2008).
Inicialmente, pensava-se que em citros G. citricarpa poderia ser encontrada na
forma de infecção assintomática em plantas sadias, e como patógeno em lesões
36
características da doença MPC. Entretanto, BLANCO (1999) comparou geneticamente
por meio de marcadores de RAPD, linhagens de populações obtidas de tecidos
sintomáticos e de tecidos assintomáticos, de diversas regiões e hospedeiros,
constatando a existência de três populações de Guignardia geneticamente diferentes,
coexistindo em citros. Segundo a pesquisadora tratavam-se de duas formas endofíticas
e uma patogênica, sugerindo que talvez estas três populações pudessem pertencer a
espécies distintas. De fato, estudos posteriores realizados por BAAYEN et al. (2002)
comprovaram o envolvimento de uma espécie adicional denominada G. mangiferae
(anamorfo Phyllosticta capitalensis). Segundo esses investigadores, essas duas formas
apresentam padrões distintos quanto à taxa de desenvolvimento vegetativo em meios
de cultura, coloração de colônias e morfologia dos conídios. A coexistência de duas
espécies de Guignardia, uma patogênica, G. citricarpa, e outra endofítica, G.
mangiferae, co-habitando plantas cítricas já havia sido também descritapor KIELY
(1948) e WAGER (1952). A forma endofítica, já há muitos anos havia também sido
isolada por WAGER (1952) de plantas nativas da província de Cape, África do Sul, sem
contudo serem observados sintomas da doença em plantas cítricas.Não há, no
momento, estudos relativos ao processo co-evolucionário entre as espécies de
Guignardia que coabitam as espécies cítricas. Também não existem estudos acerca do
balanço biológico entre as diferentes populações. Entretanto, considerando os estudos
realizados por McONIE (1964), sabe-se, que pelo menos para as condições da África
do Sul, ambas as populações de Guignardia coexistem há muitos anos. Dessa forma,
dada a semelhança das condições climáticas e aspectos bio-ecológicos aos quais
ambas as espécies se desenvolvem, é de se presumir que tal interação também ocorra
nas condições do Brasil, já há muitos anos. Os próprios resultados de pesquisas
obtidos por BLANCO (1999) dão sustentação a essa hipótese.
A importância relativa da coexistência de formas endofíticas e patogênicas num
mesmo hospedeiro é praticamente obscura, não obstante haja relato de que espécies
de fungos endofíticos apresentam ação antimicrobiana. Dessa forma, admitindo que o
balanço populacional de ambas as espécies seja importante no equilíbrio presença e
ausência de sintomas, torna-se razoável admitir que as práticas culturais adotadas e
37
que
redundem
nesse
balanço
possa
favorecer
uma
dessas
populações.
Coincidentemente, para o caso das plantas cítricas no Estado de São Paulo, até a
década de 80 do século passado, eram poucas as doenças fúngicas cujas intervenções
químicas faziam-se necessárias. Entretanto, no final daquela década, com o surgimento
da Podridão floral dos citros, causada por Colletotrichum acutatum, tornou-se
necessária a realização de muitas pulverizações com fungicidas, na maioria das vezes
de ação sistêmica, o qual provavelmente pode ter alterado o balanço biológico
previamente existente, com reflexos na incidência e severidade das doenças fúngicas.
E, também, de forma coincidente, no mesmo período e principalmente em algumas
áreas onde as pulverizações visando o controle de C. acutatum tornaram-se freqüentes,
houve o surgimento de frutos com sintomas de G. citricarpa. Nesse contexto, suspeitase que as freqüentes pulverizações com fungicidas nos pomares cítricos ocasionaram
um desequilíbrio entre as populações de fungos endofíticos e patogênicos de
Guignardia. Nesse contexto, admite-se que sob a predominância de populações da
forma endofítica de Guignardia, no caso, G. mangiferae, há menor colonização ou
desenvolvimento da forma patogênica, G. citricarpa. Porém, com a alteração do
equilíbrio, a forma patogênica pode tornar-se predominante, advindo grande quantidade
de doença, fato esse que tem sido observado nas condições da citricultura do Estado
de São Paulo. Entretanto, pouco ou nada se sabe sobre esta interação, razão pela qual
estudos dessa natureza fazem-se necessários e prementes.
Diante do contexto anteriormente mencionado o presente trabalho teve por
objetivo: (i) determinar o período de suscetibilidade de frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’ a
G. citricarpa inoculada através de suspensão conidial e, (ii) avaliar a influência da
forma endofítica, G. mangiferae, na expressão de sintomas da forma patogênica G.
citricarpa.
38
3.2 Material e Métodos
O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Fitopatologia e casa de
vegetação pertencente ao Departamento de Fitossanidade, da Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias, UNESP, Campus de Jaboticabal. Todos os isolados utilizados
neste estudo são provenientes da coleção obtida por BALDASSARI (2005), pertencente
à Micoteca dessa Instituição.
3.2.1 Período de suscetibilidade de frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’ a conídios de
Guignardia citricarpa
Plantas de laranjeira ‘Pêra-Rio’, com aproximadamente dois anos de idade,
mantidos em casa de vegetação foram induzidas à floração para obtenção de frutos da
mesma florada. Para tal, as plantas foram tratadas com uma mistura de: 100g de
Sulfato de Zinco + 100g de Nitrato de Potássio + 1,5g ácido Bórico + 50g de Cal para
20L de água, de acordo com metodologia proposta por BALDASSARI (comunicação
pessoal). Para aplicação, foi empregado pulverizador pressurizado a CO2, 50 lb/pol2.
Sete dias após a pulverização das plantas, estas foram submetidas à poda e
submetidas
a
estresse
hídrico,
com
suspensão
do
seu
molhamento
por
aproximadamente 20 dias. Por ocasião do fluxo de brotação foi realizada nova
pulverização, empregando, porém, metade da dose inicial.
Cada planta continha, ao final, no mínimo seis frutos, os quais foram previamente
selecionados para as inoculações, em diferentes estádios de desenvolvimento. Ao final,
foram selecionados três grupos de frutos por tamanho: (i) 4,5 cm; (ii) 5,5 cm e (iii) •7
cm.
Para inoculação empregou-se suspensão de conídio de Phyllosticta citricarpa na
concentração de 104 conídios.mL-1, adicionando à suspensão dextrose e suco de
laranja. Para cada estádio de desenvolvimento de frutos avaliado foram empregados
quatro a cinco plantas. Para cada tratamento foram empregados 24 frutos.
39
As avaliações foram realizadas semanalmente, sendo observada a presença ou
ausência de sintomas e, quando presentes, o tipo de sintoma apresentado. Na última
avaliação, e quando da presença de sintomas, foi realizado reisolamento para
confirmação da presença do patógeno. O experimento foi realizado em duas épocas,
03/2007 e 08/2007.
3.2.2 Influência de Guignardia mangiferae na expressão de Guignardia citricarpa
Como endofítico (G. mangiferae) foi utilizado isolado obtido de plantas cítricas
da região de Conchal/SP, enquanto que o isolado patogênico (G. citricarpa) proveio na
forma de uma cultura monospórica oriunda de ascósporos obtidos de folhas de
laranjeira ‘Pêra-Rio’, coletada igualmente naquele município.
No estudo foram utilizadas plantas de laranjeiras ‘Pêra-Rio’, com dois anos de
idade, enxertadas em limoeiro ‘Cravo’, e mantidas em vasos com capacidade para 20
litros de solo, contendo frutos de aproximadamente 2,5-3,0 cm de diâmetro.
A metodologia de inoculação, tanto para a forma endofítica como para a
patogênica, foi semelhante à citada no item 3.2.1. As concentrações de G. mangiferae
utilizadas foram (conídios.mL-1): (T1) 104, (T2) 106 e (T3) 108. A concentração da
suspensão conidial para a G. citricarpa foi de 106 conídios.mL-1.
A forma patogênica foi inoculada em dois intervalos: (i) 48 horas antes da
inoculação da forma endofítica e, (ii) 48 horas após a inoculação da forma endofítica.
Cada tratamento foi constituído de quatro repetições, sendo cada planta
considerada uma unidade amostral. Para cada tratamento foram inoculados 20 frutos.
Os frutos foram avaliados em relação à incidência, e também quanto à severidade, a
qual foi determinada mediante escala de notas adaptada de FAGAN & GOES (2000),
variando de 0 (ausência de sintomas) a 6 (sintomas severos).
40
A severidade dos sintomas da doença foi expressa em índice de doença (ID),
conforme WHEELER (1969) sendo:
ID =
1
N
m
¦
i=0
i .n i
onde:
ID = índice de doença; N = número total de frutos avaliados; i = nota da doença; ni =
número de frutos com nota i; m = nota máxima.
As avaliações foram realizadas aos 60, 90 e 120 dias após a inoculação da forma
patogênica. Para a análise de variância foi utilizado o programa ESTAT (v.2), enquanto
as médias foram comparadas pelo teste de Tukey.
3.3 Resultados e Discussão
3.3.2 Período de suscetibilidade de frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’ a Guignardia
citricarpa inoculados com conídios
Resultados positivos de patogenicidade foram obtidos quando da inoculação de
frutos de laranja ‘Pêra-Rio’ nas fases de 4,5, 5,5 e • 7,0 cm de diâmetro, ou seja, em
fase que antecederam e/ou concomitantemente ao processo de maturação. Nestas
fases, a incidência da doença variou de 27,75% quando inoculado em frutos com • 7,0
cm, a 56,94% quando inoculado em frutos com diâmetro de 4,5 (Tabela 1), denotandose, assim, uma relação inversamente proporcional e negativa quanto a tamanho e
incidência de frutos sintomáticos.
41
Tabela 1. Número de frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’ apresentando sintomas de mancha
preta do citros após sua inoculação com suspensão contendo 106 conídios.mL-1
de Phyllosticta citricarpa, em diferentes estádios de desenvolvimento
Época de avaliação
Diâmetro do fruto
4,5 cm
5,5 cm
• 7,0 cm
40 dias após inoculação
13
10
5
50 dias após inoculação
13
13
8
60 dias após inoculação
15
13
7
13,6 (56,94%)
12 (50,0%)
6,6 (27,75%)
Média (%)
Em nenhuma situação os frutos apresentaram mais de três lesões por fruto,
havendo predomínio de sintomas do tipo mancha dura e mancha sardenta (Figuras 1 e
2). Em função do estádio avançado de maturação dos frutos, a partir de 50 dias após a
inoculação houve freqüente queda dos mesmos, impossibilitando assim a análise
estatística dos dados.
De acordo com a literatura, os tecidos dos frutos cítricos são mais suscetíveis
quando ainda muito tenros (McONIE, 1964), tornando mais resistentes com o
transcorrer do seu desenvolvimento, embora a suscetibilidade se estenda até por cerca
de 17 a 21 semanas após a queda das pétalas (KOTZÉ, 1988). Anteriormente, KLOTZ
(1978) havia ressaltado que os frutos cítricos mostravam-se suscetíveis por pelo menos
24 semanas após a queda das pétalas. Este fato foi posteriormente comprovado por
BALDASSARI et al. (2006), o qual verificou mediante ensacamento e exposição de
frutos de laranjeiras ‘Natal’ e ‘Valência’ a ocorrência de infecções naturais de G.
citricarpa por pelo menos seis meses após a queda das pétalas, convergindo com os
resultados alcançados por KLOTZ (1978). Além disso, os resultados ora obtidos
demosntraram que ao lado do estádio de desenvolvimento dos frutos, a elevada
pressão de inóculo é um componente igualmente importante na geração de sintomas.
42
Figura 1. Sintomas do tipo mancha dura em fruto de laranjeira ‘Pêra-Rio’ inoculado com
suspensão contendo 104 conídios.mL-1 de Guignardia citricarpa observados aos 50
dias após a inoculação.
Figura 2. Sintomas do tipo mancha sardenta em fruto de laranjeira ‘Pêra-Rio’ inoculado com
suspensão contendo 104 conídios.mL-1 de Guignardia citricarpa observados aos 50
dias após a inoculação.
No presente estudo foi observado que frutos nas fases que antecederam e/ou
concomitantemente
ao
processo
de
maturação
mostraram-se
suscetíveis,
demonstrando que os mesmos, já em fases adiantadas ainda se mostram suscetíveis
ao patógeno. Tal resultado, em termos práticos se reveste da maior importância já que
os programas de controle do patógeno contemplam a proteção dos frutos por até cerca
de seis meses após a queda das pétalas.
43
Em termos gerais, o controle de G. citricarpa baseia-se no uso de duas
aplicações de fungicidas cúpricos, em intervalo de quatro semanas, sendo a primeira na
fase de ¾ de pétalas caídas. Posteriormente, e dependendo do nível de inóculo, grupo
de maturação e condições ambientais prevalecentes são realizadas duas a três
pulverizações adicionais com fungicidas sistêmicos e protetores, com o controle se
estendendo por cinco a seis meses. Dessa forma, diante do resultado ora verificado,
torna-se justificável, no caso da produção de frutos cítricos voltados para o comércio in
natura, rever o atual programa de controle de G. citricarpa, de tal forma que o mesmo
contemple a proteção necessária. Para o caso de frutos destinados à exportação, a
revisão de tal preceito faz-se imprescindível, haja vista o caráter quarentenário da MPC,
sendo de tolerância zero para os países da Comunidade Européia e Estados Unidos da
América, conforme preceitos estabelecidos (OEPP/EPPO, 2007).
3.3.2 Influência de Guignardia mangiferae na expressão de sintomas de
Guignardia citricarpa
Verificou-se que G. mangiferae contribuiu à redução significativamente a
severidade de sintomas em frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’ previamente infectados por G.
citricarpa. Houve diferença estatisticamente significativa (P” 0,01) quando comparado
com a testemunha (Figura 3).
A melhor resposta foi observada quando o isolado
endofítico foi inoculado 48 horas antes da inoculação da forma patogênica,
independentemente da concentração avaliada. Em relação à época de avaliação não
houve diferença estatística nas avaliações realizadas aose 45 e 90 dias após a
inoculação da forma patogênica. A maior expressão de sintomas foi verificada aos 120
dias após a inoculação dos frutos. Nos frutos inoculados apenas com a forma endofítica
não foi observada a presença de sintomas.
Quando presentes, os sintomas foram sempre do tipo mancha dura, sendo a
severidadedos sintomas da doença baixa em todos os tratamentos, cujas notas foram
44
inferiores a dois, com exceção da testemunha. Tais níveis de sevridade mantiveram-se
inalterados, mesmo quando da maturação dos frutos.
Quando da inoculação de frutos com o isolado endofítico, os níveis de
severidade de sintomas decorrentes de G. citricarpa, em termos de índice de doença
(ID) variaram de 0,25 e 0,75, enquanto que nos inoculados apenas com Guignardia
citricarpa o valor de ID foi 1,16. Denota-se assim que, em nenhum dos casos as médias
observadas atingiram valores de ID acima de 3,0, considerados críticos quanto ao
potencial de queda de frutos, como demonstrado por FAGAN & GOES (2000).
Tabela 2. Efeito da inoculação de isolado endofítico,Guignardia mangifera nos níveis de
severidade de sintomas de mancha preta do citros causados por Guignardia citricarpa,
em frutos de laranjeira ´Pêra-Rio`.
Concentração da
suspensão conidial de G.
mangiferae
104 conídios.mL-1
106 conídios.mL-1
108 conídios.mL-1
Testemunha
Índice de Doença (ID)
Intervalo de inoculação de Guignardia mangiferae
48 horas antes da inoculação
de Guignardia citricarpa
48 horas após a inoculação de
Guignardia citricarpa
0,38 bB
0,25 bB
0,39 bB
1,16 aA
0,78 bA
0,51 bcA
0,34 cA
1,16 aA
*Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas ou maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente entre si (Tukey,
P•0,05).
Embora não esteja totalmente esclarecido, em algumas situações os endofíticos
quando presentes levam a um melhor desempenho das plantas (CLAY, 1987), como
aumento de área foliar e maior número de ramificações (LATCH & CHRISTENSEN,
1985), maior tolerância ao ataque de insetos (CARROLL & CARROLL, 1978; CLAY,
1987; CLEMENTE et al., 1990; CARROLL, 1988; AZEVEDO et al., 2000), resistência a
doenças e parasitas (WHITE Jr. & COLE, 1985; WHITE Jr. & COLE, 1986; CLARK et
al., 1989; CALHOUN et al., 1992), resistência a nematóides (WILSON et al., 1991) e à
herbivoria, pela produção de toxinas (WHITE Jr. & COLE, 1985).
A entrada da maioria dos fungos, patogênicos ou não, na planta hospedeira
depende da diferenciação do micélio em estruturas especializadas, denominadas de
apressórios (KUBO et al.,1996). Uma vez dentro do hospedeiro, ocorre a colonização
45
da planta. Baseado nesta informação pressupõe-se que o tecido vegetal já colonizado
pela forma endofítica dificulta ou impossibilita a colonização da forma patogênica,
impedindo que a mesma cause infecções severas, e, dessa forma, minimizando a
expressão dos sintomas.
Segundo PETRINI (1986), todas as espécies vegetais possuem fungos
endofíticos, levando-o a sugerir que todas as plantas podem, potencialmente, ser
hospedeiras destes microrganismos.
De acordo com os resultados obtidos, pressupõe-se que isolados de fungos
endofíticos apresentam potencial de controle de G. citricarpa, contribuindo à melhoria
do controle da MPC. PHONGPAICHIT et al. (2006) isolaram e identificaram através de
seqüências ITS, quatro linhagens endofíticas de G. mangiferae de plantas de Garcinia
encontradas no Sul da Tailândia. Os autores demonstraram ainda a atividade
antimicrobiana destas linhagens contra o patógeno Streptomyces aureus.
3.4 Conclusões
Frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’ são suscetíveis a Guignardia citricarpa, mesmo
quando apresentam diâmetro de 7,0 cm;
Isolados de Guignardia mangiferae apresentam potencial para minimização dos
sintomas causados por Guignardia citricarpa em frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’.
3.5 Bibliografia
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51
CAPÍTULO 4 – AVALIAÇÃO DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DE Guignardia
citricarpa EM FRUTOS CÍTRICOS
RESUMO - Os níveis atuais de incidência e severidade demonstrados pela
Mancha preta dos citros (MPC) nos pomares cítricos do Estado de São Paulo
demonstram a gravidade e as condições ideais de adaptação climática encontradas
pelo fungo causal, Guignardia citricarpa. Dessa forma, o presente trabalho teve como
objetivo avaliar a eficiência de controle de alguns fungicidas pertencentes aos principais
grupos químicos e determinar a extensão de sua eficiência quando frutos foram
expostos à liberação/dispersão de conídios de G. citricarpa por tempo variado. Utilizouse plantas de laranjeira ‘Pêra-Rio’ com aproximadamente três anos de idade, plantadas
em vasos, e mantidas em casa de vegetação, as quais receberam os seguinte
tratamentos (g ou mL de i.a.100L-1): T1) carbendazim (25); T2) benomyl (25); T3)
pyraclostrobin (3,75); T4) hidróxido de cobre (94,2 de cobre metálico); T5) dimetilditiocarbamato de ferro (200); T6) testemunha. Todos os tratamentos com fungicidas
foram acrescidos de óleo mineral Assist® a 0,25% (v/v). Para a dispersão de conídios,
24h após o tratamento com fungicidas, frutos apresentando sintomas de mancha preta
do citros foram depositados sobre tela de arame galvanizado, e esta adequadamente
mantida em plano acima de plantas contendo frutos em estádio suscetível, com
aproximadamente 2,5 cm de diâmetro. Empregou-se um sistema de nebulização
sincronizada, com alternância de molhamento/suspensão da nebulização. Sob estas
condições, foi propiciada uma condição de tal forma que conídios de G. citricarpa
fossem produzidos e dispersos a partir dos frutos sintomáticos, por duas, três e quatro
semanas contínuas. Foram usadas seis plantas por tratamento, totalizando pelo menos
24 frutos. Após cada período de exposição ao inóculo, as plantas foram transferidas
para casa de vegetação, cuja avaliação deu-se a partir de 30 dias após o tratamento.
Para efeito de análises foram considerados os dados correspondentes a três
avaliações, realizadas em intervalos de 30 dias. Os melhores resultados de controle
52
foram obtidos mediante ao emprego dos fungicidas carbendazim, benomyl e
pyraclostrobin.
Palavras-Chave: Citrus, estrobilurina, mancha preta dos citros.
53
4.1 Introdução
O controle químico da mancha preta dos frutos cítricos (MPC) iniciou-se na
década de 50, na Austrália e na África do Sul. Os primeiros produtos químicos com
eficiência foram os cúpricos, especialmente o oxicloreto de cobre e a calda bordalesa
(CALAVAN, 1960), aplicados em torno de 3 a 4 pulverizações, sendo a primeira
realizada no florescimento ou imediatamente após a queda de pétalas e, as demais,
em intervalos de até seis semanas. Entretanto, tais tratamentos quando realizados em
pomares velhos o nível de controle mostrava-se aquém dos níveis desejáveis, além de
comprometer a qualidade da casca da fruta decorrente de danos na casca dos
mesmos, tornando-os depreciados (KOTZÉ, 1964; KOTZÉ, 1981). Na década
subseqüente, com
a introdução dos fungicidas ditiocarbamatos, houve uma significativa melhoria no
controle da MPC e na qualidade da fruta, passando a ser utilizado de forma rotineira
nos pomares, sempre associado ao oxicloreto de cobre, utilizado agora em menor
escala.
A partir dos anos 70, com advento dos fungicidas sistêmicos, verificou-se o maior
avanço no controle da doença. No caso da África do Sul, as 4 ou 5 aplicações com
fungicidas ditiocarbamatos, antes necessárias para o controle da doença, foram
eficientemente substituídas por apenas uma aplicação de benzimidazol associado com
óleo mineral (KOTZÉ, 1981). Entretanto, embora o sucesso do emprego dos
benzimidazóis tenha sido elevado, em meados dos anos 80 foi constatada na África do
Sul linhagens de G. citricarpa resistente aos benzimidazóis, o que implicou em grandes
mudanças nas estratégias de controle (HERBERT,1989). Dentre as mudanças
ocorridas incluíram-se o retorno ao uso dos fungicidas protetores, principalmente os
ditiocarbamatos e cúpricos (GOES, 2005).
A partir de 1990, novas moléculas como as estrobilurinas surgiram no mercado,
constituindo em um novo alento no controle de várias doenças fúngicas, notadamente
aqueles patógenos de difícil controle ou que se mostravam insensíveis aos fungicidas
convencionalmente utilizados.
54
Os primeiros testes com fungicidas do grupo das estrobilurinas visando o
controle de G. citricarpa foram realizados na África do Sul (TOLLIG et al., 1996), com
resultados altamente promissores. Posteriormente, vários ensaios foram igualmente
realizados na Argentina (FOGLIATA et al., 2004) e Brasil (GOES & WIT, 1999; GOES,
2002; FELlPPE et al., 2004), igualmente com bons resultados de controle.
Não obstante a importância e os vários anos de ocorrência da doença em vários
países, poucas são as estratégias a serem adotadas. Dessa forma, dada à
suscetibilidade das principais espécies cítricas de importância econômica, o controle do
patógeno baseia-se quase que essencialmente no uso de fungicidas. Normalmente são
usados fungicidas protetores, especialmente os cúpricos, nas fases de pósflorescimento, seguido de pulverizações, com a mistura em tanque de fungicidas
protetores e sistêmicos acrescidos de óleos mineral ou vegetal, miscíveis em água
(GOES et al., 1990; GOES,1998; GOES & WIT, 1999; FEICHTENBERGER et al., 2000;
GOES, 2002). O número de pulverizações, assim como as condições operacionais de
funcionamento dos turbopulverizadores é dependente de uma série de fatores,
incluindo nível de inóculo na área, variedades, idade e tamanho das plantas e
condições edáficas e ambientais. Em termos gerais, para pomares velhos e com
elevados níveis de incidência e severidade da doença, combinado com variedades
tardias, são realizadas pelo menos duas aplicações com fungicidas sistêmicos quando
os frutos são destinados para a indústria. Para o caso da produção de frutos destinados
ao comércio in natura é utilizado um número maior de pulverizações. Mesmo para o
caso da produção de frutos para o processamento industrial excepcionalmente pode ser
necessário um número maior de pulverizações.
Tem se verificado ao longo dos anos que, mesmo sob boas condições
operacionais, assim como com o emprego de adequado intervalo de pulverizações, as
respostas de controle têm se mostrado aquém dos níveis desejáveis. Várias hipóteses
têm sido levantadas para a questão, incluindo escapes nas pulverizações, volume de
calda inadequado, baixo volume de ar aplicado na pulverização, adaptação do fungo ao
ingrediente ativo empregado, entre outros. Embora tais fatores possam, de fato, refletir
no nível de controle, a duração da disponibilidade de inóculo não foi ainda considerada,
55
razão
pela
qual
julgou-se
oportuna
a
realização
do
presente
trabalho.
Concomitantemente, a determinação do tempo de proteção e/ou do controle
proporcionado pelos fungicidas faz-se imprescindível sendo, pois, contemplado no
presente estudo.
4.2 Material e Métodos
Os estudos foram conduzidos no Laboratório de Fitopatologia e casa de
vegetação pertencentes ao Departamento de Fitossanidade, da Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias, UNESP, Campus de Jaboticabal.
Foram utilizadas plantas de laranjeiras ‘Pêra-Rio’ (Citrus sinensis), com três anos
de idade, enxertadas em limoeiro ‘Cravo’ (C. limonia), contendo frutos em estádios
suscetíveis, com 2,5 a 3,0 cm de diâmetro. Os fungicidas avaliados foram Derosal®
(Bayer Protection of Plants, Levekusen, German; carbendazin), Benlate® (Du Pont Co.,
Delaware, England, metil-1-(butilcarbamoil)-2-benzimidazol 1-carbamato (benomyl),
Comet® (Basf The Chemical Co., German, pyraclostrobin), Ferbam Granuflo® (Taminco
Inc., Smyrna, GA, dimetil ditiocarbamato de ferro), Kocide WDG® (Du Pont Co.,
Delaware, England, hidróxido de cobre).
Neste estudo, implantado em 25/11/2006, foram empregados os seguintes
tratamentos e dosagens (g ou mL de i.a.100L-1): T1) carbendazim (25); T2) benomyl
(25); T3) pyraclostrobin (3,75); T4) hidróxido de cobre (94,2 de cobre metálico); T5)
dimetil-ditiocarbamato de ferro (200); T6) testemunha. Todos os tratamentos foram
acrescidos de óleo mineral Assist® a 0,25% (v/v). Os fungicidas foram aplicados por
meio de um pulverizador costal 24horas da inoculação por conídios. Para plantas da
testemunha foi empregada apenas pulverização com água.
A metodologia de dispersão dos conídios foi realizada mediante a deposição
sobre telas de arame galvanizado frutos cítricos apresentado sintomas do tipo mancha
dura, com níveis de severidade entre 5 a 6, obtidos da região de Rincão – SP. A citada
tela foi montada em estrutura de tal forma que o inóculo disperso, se depositasse sobre
56
frutos, sadios e em estádio suscetível, existentes em plantas mantidas num plano
inferior (Figura 1). Foram utilizados entre 12-15 frutos por planta.
Para favorecer a dispersão dos conídios empregou-se um sistema de
nebulização sincronizada, com alternância molhamento/suspensão da nebulização, por
intervalos de 5 min e 10 min, respectivamente. Frutos sadios foram expostos ao inóculo
por duas, três e quatro semanas ininterruptivamente. Com essa metodologia simulou-se
uma condição de produção/dispersão de conídios que ocorre sob condições normais
nos pomares cítricos.
Figura 1. Vista parcial de tela de arame galvanizado contendo frutos com sintomas da mancha
preta dos citros (Guignardia citricarpa), para dispersão de conídios sobre frutos de
laranjeira ‘Pêra-Rio’ localizadas em plano inferior, por meio de nebulização num
sistema de alternância de nebulização, durante duas, três e quatro semanas.
Após cada período de exposição ao inóculo, as plantas foram transferidas para
casa de vegetação, cuja avaliação deu-se a partir de 30 dias após o tratamento. Para
efeito de análises foram considerados os dados correspondentes a três avaliações,
realizadas em intervalos de 30 dias.
Na avaliação dos frutos tomou-se como referência os valores de incidência,
severidade e tipos de sintomas produzidos. Para determinação da incidência da
doença, considerou-se o número de frutos sintomáticos, enquanto que para severidade
utilizou-se escala diagramática proposta por SPÓSITO et al., (2004), levando-se em
conta sintomas dos tipos mancha dura e falsa melanose.
57
A severidade dos sintomas da doença foi expressa em índice de doença (ID),
conforme WHEELER (1969) sendo:
ID =
1
N
m
¦
i=0
i .n i
onde:
ID = índice de doença; N = número total de frutos avaliados; i = nota da doença; ni =
número de frutos com nota i; m = nota máxima.
Cada tratamento foi constituído de seis plantas, com pelo menos 24 frutos. Cada
unidade amostral foi representada por uma planta. Para a análise estatística foi utilizado
o programa ESTAT versão 2.0 e as médias comparadas pelo teste de Tukey.
4.3 Resultados e Discussão
Todos os fungicidas avaliados, com exceção apenas do dimetil-ditiocarbamato
de ferro, diferiram estatisticamente da testemunha e mostraram-se eficientes no
controle da mancha preta do citros (P ” 0,01). Os fungicidas carbendazim, benomyl e
pyraclostrobin foram os que proporcionaram os melhores níveis de controle,
independente do período de exposição (Tabela 1). Ao longo do tempo foi observado um
incremento da incidência e da severidade dos sintomas. A partir da terceira semana de
exposição foi observado que 90% dos frutos inoculados exibiam sintomas da doença
(Figura 2).
58
Tabela 1. Níveis de severidade de sintomas de mancha preta, expressos em termos de índice
de doença, em frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’ tratados com diferentes fungicidas e
expostos por duas, três e quatro semanas de exposição à dispersão de conídios de
Guignardia citricarpa.
Tratamentos
Período de exposição ao inoculo
Duas semanas
Três semanas
Quatro semanas
Severidade
T1 – Carbendazim
0,74 cC
1,68 bB
2,68 cA
T2 – Benomyl
0,66 cC
1,67 bB
2,73 cA
T3 – Pyraclostrobin
0,33 cC
1,53 bB
2,33 cA
T4 - Hidróxido de cobre
1,83 bC
2,48 bB
4,72 bA
T5 - Dimetil ditiocarbamato
2,75 aC
3,74 aB
5,53 aA
2,91 aC
3,73 aB
5,68 aA
de ferro
T6 – Testemunha
*Médias seguidas da mesma letra maiúscula nas linhas e minúsculas nas colunas não diferem
significativamente entre si (Tukey,P ” 0,01). Dados referentes à terceira avaliação.
59
(T1) Carbendazim
(T2) Benomyl
(T3) Pyraclostrobin
(T4) Hidróxido de Cobre
(T5) Ferbam
(T6) Testemunha
25
b b
Número de frutos sintomáticos
b
b
20
b
b
a
b
b
a
15
a
a
a
10
b
a
a
a
a
5
0
2
3
4
Semanas de exposição ao inóculo
Figura 2. Número de frutos de laranjeira ‘Pêra-Rio’ com sintomas de Guignardia citricarpa aos
150 dias após o tratamento com fungicidas.
Todos os frutos apresentaram sintomas, independente do tratamento realizado.
Os primeiros sintomas foram observados em Fevereiro/2007, ou seja, em torno de 90
dias após o tratamento dos frutos. Nesta fase predominaram sintomas do tipo mancha
dura, os quais, posteriormente, evoluíram para o tipo mancha virulenta. Também foram
observados sintomas do tipo mancha sardenta, enquanto os do tipo falsa melanose
foram verificados apenas no tratamento T5, representado por dimetil-ditiocarbamato de
ferro. No tratamento testemunha os níveis de severidade foram significativamente
elevados, independente do tempo de exposição ao inóculo, comprovando a importância
e eficiência de frutos sintomáticos na liberação de conídios, e, consequentemente, ao
incremento da doença.
60
Os fungicidas carbendazim, benomyl e pyraclostrobin foram os que propiciaram
os melhores níveis de controle da doença, cujo valores de ID, mesmo quando sob o
maior tempo de exposição ao inóculo, não atingiu nota 3, valor esse considerado
suficiente para ocasionar expressiva queda de frutos (FAGAN & GOES, 2000).
Independente do período de exposição ao inóculo, a melhor resposta de controle foi
verificada mediante o fungicida pyraclostrobin (Tabela 1).
De acordo com a literatura, o fungicida pyraclostrobin apresenta uma ação inicial
lenta. Entretanto, ao longo do tempo, devido à contínua liberação da substância ativa
nos tecidos da planta, sua eficiência torna-se gradativamente mais elevada, permitindo
uma liberação contínua da substância ativa por muitas semanas (STIERL et al., 2000;
BASF, 2004). Ainda de acordo com relatos bibliográficos, a substância ativa do
pyraclostrobin se difunde no interior do tecido vegetal, a curtas distâncias, formando
depósitos nas áreas de cobertura cerosa da epiderme que não foram atingidas
diretamente pelo fungicida (BASF, 2004). Em estudos in vitro realizados por STIERL et
al., (2000a,b), os autores observaram em teste com Botrytis cinerea que o
pyraclostrobin apresentou metabolização de 25% em 24 horas, permanecendo, assim,
ativo por muito mais tempo. Possivelmente, este nível de absorção e metabolização não
só confere boa capacidade curativa, mas também excelente capacidade preventiva,
pois o ingrediente ativo permanece por muito mais tempo sobre a superfície do vegetal,
atuando nas fases iniciais do patógeno, que irá diminuir a fonte de inóculo, evitando,
nos casos de total controle, a esporulação do patógeno (MOTTA, 2009). Dessa forma,
os bons resultados obtidos com o uso desse fungicida no presente trabalho mostram-se
coerentes com suas características intrínsecas, conforme apresentado pela literatura
especializada. Em folhas cítricas, o fungicida pyraclostrobin apresentou altos níveis de
controle dos patógenos Diaporthe citri, Elsinoe fawcettii e Alternaria alternata (>75%),
quando aplicado até cinco dias antes da inoculação, ou seja, apresentou satisfatória
capacidade preventiva (MONDAL et al., 2007).
No Brasil, para o controle de G. citricarpa são realizadas duas pulverizações com
fungicidas cúpricos, em intervalos de 28 dias, sendo a primeira na fase de ¾ de pétalas
caídas, e posteriormente complementado com pulverizações com fungicidas sistêmicos
61
e os mesosistêmicos. Essas aplicações são normalmente realizadas segundo um
calendário, sendo a primeira por volta de 30 a 35 dias após a pulverização de fungicida
protetor, seguido de pulverizações adicionais em intervalo de 35 a 42 dias. No presente
estudo verificou-se que tais procedimentos são coerentes, já que, mesmo quando os
frutos mantiveram-se expostos sob forte pressão de inóculo, a resposta dos tratamentos
com fungicidas sistêmicos/mesosistêmicos foi satisfatória, notadamente quanto ao
pyraclostrobin. Tais tratamentos, mesmo contando com o incremento temporal dos
valores de severidade, expresso em termos de ID, esses não atingiram o nível crítico de
severidade da doença, capaz de causar expressiva queda de frutos (FAGAN & GOES,
2000).
O fungicida carbendazim apresentou eficiência relativamente baixa, embora em
nível suficiente à obtenção de baixos níveis de severidade quando comparado com a
testemunha. Isso provavelmente ocorreu em função de sua melhor sistemicidade,
associado a um efeito protetor adicional. Os dados de eficiência do carbendazim
evidenciados nesse experimento mostram-se divergentes às respostas que têm sido
observadas sob condições naturais de infecção, quando tem sido verificado que esse
produto tem conferido bom controle da doença, mesmo quando aplicado em intervalos
de até 55 dias, entre duas pulverizações específicas para o controle do patógeno
(SCHUTTE et al., 1996; GOES & WIT, 1999). Tal divergência, no entanto, deve estar
associado às condições climáticas prevalecentes quando da experimentação, com boas
condições para produção de inóculo e ao desenvolvimento do patógeno. Nesse
contexto, em áreas de elevada pressão de inóculo, com conídios sendo dispersos de
frutos sintomáticos ou de galhos secos contendo picnídios, acompanhado por chuvas
de grande intensidade e por longa duração, é presumível que o quadro observado no
presente estudo possa ser reproduzido.
As aplicações realizadas com benomyl apresentaram resultados positivos para o
controle da MPC. No Brasil, tem-se obtido bons resultados de controle da doença
mediante o uso de fungicidas benzimidazóis, tanto isoladamente ou em mistura de
tanque com fungicidas protetores e óleos mineral ou vegetal (GOES et al., 1990;
GOES, 1998; GOES & WIT, 1999; BRAZ et al., 2000; FEICHTENBERGER et al., 2000).
62
Esses resultados têm sido similares aos obtidos na Argentina (GARRÁN, 1996) e na
África do Sul (SCHUTTE et al., 1997; TOLLIG et al., 1996). No entanto, mesmo com o
uso de tais fungicidas a porcentagem de frutos sintomáticos é ainda muito elevada.
Embora o hidróxido de cobre apresente eficiente capacidade protetora, os
sintomas da doença foram observados nos frutos, mesmo quando esses foram
inoculados 24 horas após a aplicação do fungicida. Tais sintomas certamente
decorreram em razão de uma lixiviação do ingrediente ativo, associado a uma elevada
dispersão de conídios.
De acordo com MOTTA (2009), os íons de cobre apresentam baixa ação
fungicida, mesmo quando aplicado 24 horas após a inoculação de G. citricarpa, não
impedindo o aparecimento de sintomas, assim como o aumento da severidade da
doença. Segundo essa autora, em intervalo de 24 horas muitos dos conídios presentes
na superfície dos frutos foram capazes de germinar e penetrarem no tecido vegetal,
tornando a ação deste fungicida inviável, visto que o mesmo não apresenta atividade
sistêmica. Tal resultado indica que os fungicidas a base de cobre, em aplicações pósinfecção do fungo, mostra-se inviável quanto à supressão de infecções já
estabelecidas.
Em termos práticos, os resultados ora obtidos constituem-se em elementos
importantes quanto ao manejo da doença, uma vez que se evidencia a relação da
eficiência dos produtos com a pressão de inóculo. Observou-se que nenhum fungicida
proporcionou controle total da doença, ou seja, com padrões para exportação ou até
mesmo para o mercado de fruta fresca. Tal fato constitui-se também em evidência de
que os intervalos entre aplicação desses fungicidas devem ser vistos de forma
específica, avaliando a condição do pomar em relação ao inóculo e o destino da fruta.
No presente estudo foi verificado que, quando sob elevada pressão de inóculo, a partir
de duas semanas sob condições favoráveis à dispersão dos conídios, o controle
mostra-se insatisfatório.
Analisando-se as respostas relativas à influência do período de exposição dos
frutos aos conídios de G. citricarpa e a eficiência dos fungicidas estudados, pode se
admitir que os frutos que eventualmente não sejam tratados com fungicidas dos grupos
63
correspondentes a benzimidazóis e estrobilurinas, como no presente caso, tendem a se
mostrarem mais vulneráveis e, consequentemente, com maiores níveis de incidência e
severidade. Tal fato demonstra, assim, que, em condições de ambiente altamente
favorável para infecções, a eficiência de controle da doença, independente do fungicida,
mostra-se limitada.
A baixa incidência de sintomas do tipo falsa melanose observada nos
tratamentos, exceto nos correspondentes a dimetil-ditiocarbamato de ferro e
testemunha, deve-se à eficiência de controle obtida, em que pese essa tenha sido
aquém do nível almejado.
4.4 Conclusões
Além das características intrínsecas de cada fungicida, e possivelmente vários
outros fatores, o nível de controle da mancha preta do citros está também relacionado à
intensidade da pressão de inóculo presente no pomar.
Os fungicidas carbendazim, benomyl e pyraclostrobin são eficientes no controle
de G. citricarpa, apresentam efeito protetor, porém não evitam a ocorrência de
infecções, possibilitando, pois, a expressão de sintomas da doença.
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