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PRESENÇA DE FÁRMACOS NOS RECURSOS HÍDRICOS: UMA REVISÃO
PRESENCE OF DRUGS IN WATER RESOURCES: A REVIEW
BERNARDI, Rafaella Caroline1; SOUZA, Fabio Régis2
Resumo
Junto com o aumento da qualidade de vida, envelhecimento e aumento da população, podemos observar, na
mesma proporção, um aumento da complexidade e quantidade de resíduos presentes nos recursos hídricos. Isso
se deve basicamente, aos avanços tecnológico e maior acesso a essas tecnologias, como as que se referem ao
desenvolvimento e produção de fármacos pela indústria farmacêutica. Esta nova gama de poluentes presentes
nos recursos hídricos chega ao meio ambiente, tanto por descarte inadequado, quanto pelos resíduos metabólicos
que são eliminados pelas fezes e urina de humanos e animais. Estudos mostram que, a presença destes poluentes
provocam inúmeros problemas aos seres vivos, inclusive ao homem, podendo ser a etiologia de diversos tipos de
doenças. Atualmente as técnicas de extração de resíduos medicamentosos, em estações de tratamento de esgoto
(ETE), ainda se mostram ineficiente, tanto por falta de tecnologia, como pela desestruturação e falta destas
instalações no país. Políticas públicas que promovam o uso e descarte adequado pela população, assim como,
programas de estruturação do saneamento básico em todo o país e, o incentivo a pesquisas que envolvam novas
tecnologias de extração de resíduos medicamentosos, devem ser implantadas a fim de preservar a saúde da
população e do meio ambiente.
Palavras-chave: Medicamentos; Resíduos; Impacto Ambiental
Abstract
Along with the increased quality of life, aging and growing population, we observe in the same proportion, an
increase of complexity and amount of residues in the water resources. This is due, primarily, to technological
advances and increased access to these technologies, such as, those relating to the development and production
of drugs by the pharmaceutical industry. This new range of pollutants in water resources, reach the environment,
either by improper discard or, by the metabolic wastes eliminated in feces and urine of humans and animals.
Studies show that the presence of these pollutants cause many problems to the living beings including man,
which may be the etiology of various types of diseases. Currently extraction techniques of drug residues in
sewage treatment plants (WWTP), still show inefficient, both because of lack of technology, such as the
disruption and lack of such facilities in the country. Public policies that promote the use and proper disposal by
the population, as well as sanitation structuring programs throughout the country, and the encouragement of
research involving new technologies for extraction of drug residues, should be implemented in order to preserve
population health and the environment.
Keywords: Drugs; Wastes; Environmental impact
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Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul - UEMS
Centro Universitário da Grande Dourados - UNIGRAN
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Introdução
Com o processo de obtenção dos
avanços tecnológicos e busca por maior
quantidade de recursos para produção de
bens de consumo, ouve também uma maior
geração de resíduos que hoje se acumulam
no ambiente e, entre os meios mais afetados,
destacamos os recursos hídricos, do qual a
sociedade é indiscutivelmente, dependente.
Ao longo do século, os despejos de rejeitos
industriais, urbanos e de outras atividades
humanas, alteraram drasticamente estes
ecossistemas, causando sua contaminação e
ameaçando sua integridade (KARR, 1999).
Dentre as novas classes de poluentes
orgânicos encontradas nos recursos hídricos,
ganham destaque os fármacos. Estes
medicamentos chegam aos recursos
hídricos, quase sempre, a partir de efluentes
de estações de tratamento de esgoto (ETEs),
causando problemas incalculáveis aos
organismos do planeta, tanto pelo consumo,
quanto pelo contato indireto com a água, via
cadeia alimentar (BILA; DEZOTTI, 2003).
O uso de medicamentos é essencial
para a conservação da saúde de humanos e
animais, porém a facilidade de sua obtenção
e também o incentivo da mídia, acabam por
gerar um uso descontrolado destes
compostos, e consequentemente, o acúmulo
destes fármacos nas residências de todo o
mundo (FERREIRA et al., 2005). Muitos
destes medicamentos estocados acabam
perdendo seu prazo de validade e são
descartados de forma inadequada, gerando
problemas ao meio ambiente e a saúde da
população (BILA; DEZOTTI, 2003). Outro
grande problema do excesso do consumo de
fármacos, é que não somente o descarte
inadequado,
mas
também
a
sua
administração correta pode afetar o meio.
Após sua administração, parte deste
composto será degradado e absorvido pelo
organismo, onde ocorrerá sua ação
farmacológica, e outra parte será excretado
de forma inalterada ou de metabolito pelas
fezes ou urina, onde serão encaminhados
para os esgotos aumentando a quantidade de
resíduo no ambiente aquático (BOUND;
VOULVOULIS, 2005).
Estudos revelaram que diversas
substâncias presentes nos fármacos são
persistentes no ambiente e não são
efetivamente removidas pelos tratamentos
convenciona nas ETE, isso quando estas
estações estão presentes nos municípios.
Esta persistência ocorre devido à ação
biocida dos medicamentos e pelas estruturas
químicas complexas não passíveis de
biodegradação
destes
compostos
(RODRIGUES, 2009). Sendo assim, muitos
resíduos de drogas farmacêuticas acabam
permanecendo e se disseminando pelos
recursos hídricos e também para o solo
(STUMPF et al., 1999; TERNES et al.,
1999).
Em todos os países, os riscos dos
efeitos adversos em humanos e em animais
pela ingestão de água potável contendo
resíduos medicamentosos, ou pelo consumo
de
alimentos
contaminados,
são
negligenciados
(KÜMMERER,
2004),
sendo que as informações com dados
científicos, sobre o impacto ambiental
gerado pela disposição direta ou indireta
destes fármacos no meio ambiente, são
escassas. Algumas pesquisas mostram que
dependendo da quantidade e tempo de
exposição a estes resíduos, é possível que
estes estejam relacionados a diversos tipos
de doenças, como exemplo de resíduo, os
contraceptivos, que hoje estão sendo
associados a doenças como câncer de mama,
testículo e próstata, ovários policísticos e
redução da fertilidade masculina (FOLMAR
et al., 2000; CASTRO, 2002).
Sendo assim, esta revisão tem o
intuito de levantar informações a respeito da
presença de fármacos no ambiente, consumo
e forma de entrada de resíduos de
medicamentos nos recursos hídricos;
categorias de medicamentos residuais e
malefícios a saúde humana, animal e ao
meio ambiente; extração de fármacos nas
estações de tratamento de esgoto;
biomonitoramento da presença de fármacos
no ambiente; e políticas de controle de
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descarte e consumo
medicamentos.
inadequado
de
Material e Métodos
O estudo constituiu de uma revisão
de literatura, realizada entre o ano de 2012 e
2013, no qual foi realizada uma consulta a
livros e periódicos que cabiam ao tema de
pesquisa. Os critérios de inclusão das
literaturas levaram em consideração as
palavras chaves que incluem a problemática
dos resíduos farmacológicos tanto em sua
abordagem social como ambiental. A
pesquisa procurou envolver desde as
primeiras pesquisas que mostram a presença
destes compostos no meio, forma da entrada
dos medicamentos nos recursos hídricos,
números que mostram o aumento do
consumo, medicamentos com danos
potenciais, formas de extração destes
resíduos
do
ambiente,
até
o
biomonitoramento e leis de controle.
Resultados e Discussões
Presença de fármacos no ambiente,
consumo e formas de entrada de resíduos de
medicamentos nos recursos hídricos.
O desenvolvimento da indústria
farmacêutica, que disponibiliza milhares de
substâncias com propósito terapêutico, tanto
para humanos quanto para animais,
acarretou em um enorme dano ambiental, o
qual vem crescendo em atenção e
preocupação nas agências controladas do
ambiente de inúmeros países (GARRIC et
al., 2003). Os primeiros registros que
indicavam a presença de fármaco em
ambientes aquáticos começaram a ser
atentados entre a década de 60 e 70 (MELO
et al., 2009), mas foi, principalmente a partir
dos anos 90, que os estudos relativos ao
monitoramento de medicamentos residuais
nos recursos hídricos, tiverem seu aumento
acentuadamente. Isso ocorreu, devido a alta
freqüência de resíduos farmacológicos em
efluentes ETEs e águas superficiais em
concentrações na faixa de μg/L e ng/L e em
menor quantidade em águas subterrâneas
(BILA; DEZOTTI, 2003). Segundo um
levantamento realizado em 2008 por uma
agência americana de notícias, a Associated
Press, a água potável de mais de 41 milhões
de pessoas nos Estados Unidos estava
contaminada
com
resíduos
de
medicamentos. Os exames laboratoriais,
relativos às amostras de água, obtiveram em
torno de 63 tipos de medicamentos e
derivados, pertencentes a diversas categorias
de drogas farmacêuticas, como sedativos,
calmantes, anticonvulsivantes, ansiolíticos,
antibióticos, diuréticos e hormônios. A
quantidade de fármacos na sua forma ativa
assim como outros produtos de ordem
pessoal, que também provocam efeitos
negativos ao ambiente e que são produzidos
pelas indústrias farmacêuticas, é similar a
quantidade de pesticidas utilizados nas
lavouras durante o mesmo período
(DAUGHTON; TERNES, 1999). Estudos
de remoção de fármacos nas ETE brasileiras
são escassos. Ternes et al. (1999) e Stumpf
et al. (1999) foram os primeiros a
mostrarem, através de suas pesquisas, a
presença de hormônios, anti-inflamatórios e
antilipêmicos nos efluentes de esgoto e
águas de rios no país.
Nas últimas décadas houve um
aumento
considerável
do
uso
de
medicamentos. Entre 1996 e 2006 ocorreu
em todo o mundo um aumento de 25% no
consumo de fármacos, sendo que em 2002,
mais da metade do seu uso se concentrava
nos Estados Unidos (XIA et al, 2005).
Segundo Pedroso (2007), o Brasil junto com
os Estudos Unidos, França e Alemanha
constituem os maiores consumidores de
medicamentos do mundo.
Os
medicamentos,
ao
serem
adquiridos, podem seguir rotas variadas,
sendo que estes destinos nem sempre são os
mais recomendados. Além de eles serem
consumidos, partes destes medicamentos
são também, armazenados nas residências,
devolvidos a farmácias, hospitais e
veterinárias, ou então, descartados, quase
sempre de maneira incorreta (RUHOY;
DAUGHTON, 2007). A principal rota de
BERNARDI, Rafaella Caroline; SOUZA, Fabio Régis
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entrada de resíduos de farmacológicos, no
meio ambiente, é por meio do lançamento
direto de material descartado nas redes de
esgoto, no entanto, também devem ser
considerados os efluentes de indústrias
farmacêuticas e efluentes rurais (MELO et
al.,2009). Uma forma quase desconhecida
de contaminação ocorre com o uso correto
do medicamento onde, segundo Mulroy,
50% a 90% da dosagem do fármaco é
excretada inalterada por via urinária ou fecal
e são encaminhadas aos rios ou ETE, onde
se somarão aos resíduos de descarte
aumentando ainda mais sua concentração no
ambiente.
Vários levantamentos realizados em
cidades brasileiros mostram um elevado
número de armazenamento de fármacos pela
população. Em um trabalho realizado por
Gasparini et al. (2011) em Catanduvas, São
Paulo, mostra que 92,75% dos entrevistados
possuíam medicamentos em casa. Bueno et
al. (2009) também relataram este alto índice
em um levantamento feito no município de
Ijuí, Rio Grande do Sul, onde 91,59%
possuíam pelo menos um medicamento em
casa. Outro estudo realizado em Umuarama,
Paraná, revela que 83,2% dos entrevistados
também seguiam este padrão, sendo que
21% possuíam 10 ou mais diferentes
medicamentos armazenados em casa
(FANHANI et al., 2006). Estes valores
refletem o hábito do consumo de
medicamentos que na maioria das vezes
ocorre sem prescrição médica e quase
sempre, movidos por indicações de pessoas
não especializadas, além do estimulo de
propagandas. Nos EUA, por exemplo,
estima-se que 50% do uso de antibióticos
sejam desnecessários, sendo que o gasto
total, por ano, no país ultrapassa a margem
de 10 bilhões de dólares (WANNMACHER,
2004). Segundo Schenkel et al. (2005) na
cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul,
54% dos medicamentos estocados nas
residências não estão em uso, sendo que
55,2% foram adquiridos sem prescrição
médica. Em todo o Brasil é estimado que
cerca de 20% dos medicamentos sejam
lançados na rede de esgotamento sanitário
ou no lixo doméstico sem serem utilizados
(SERAFIN et al., 2007).
É importante ressaltar, que no Brasil,
a presença de fármaco nos recursos hídricos,
se
deve
basicamente
devido,
à
desestruturação e escassez de redes sanitária
de tratamento de esgoto (RODRIGUES,
2009). Segundo dados do IBGE (2008),
somente 52,2% dos municípios brasileiros
possuem serviço de coleta de esgoto e
mesmo entre estas cidades, apenas 33,5%
dos domicílios são atendidos por rede geral
de esgoto. Segundo Fagundes (2003) para
cada dólar gasto em saneamento no país,
seriam economizados cem dólares na saúde
pública. De acordo com especialistas, o
Brasil necessita entorno de 142,4 bilhões de
reais para sanar os déficits em coleta e
tratamento de esgoto (SAMPAIO, 2005).
Categorias de medicamentos residuais e
malefícios a saúde humana, animal e ao
meio ambiente.
Um fator importante acerca da
exposição ambiental por fármacos, é que
estes são planejados de forma que
apresentem uma boa estabilidade ou meia
vida prolongada. Tal característica, somada
a outras propriedades físico-químicas
conferem a estes compostos, uma elevada
tendência à bioacumulação, tornando a biota
mais suscetível aos impactos destes
compostos. Em torno de 30% de todos os
fármacos produzidos são lipofílicos,
sedimentando-se nos meio aquáticos ou
transferindo-se
para
fase
biótica
(SORENSEN et al., 1998), mas é preciso
esclarecer que nem todos os medicamentos
são capazes de serem persistentes e
acumuladores (DAUGHTON; TERNES,
1999). Alguns fármacos que possuem meiavida curta são passíveis de causar danos
com sua exposição crônica nos casos em
que sua introdução é continua no ambiente
(BILA; DEZOTTI, 2003).
Entre as classes mais impactantes de
fármacos encontramos estão: os antibióticos,
onde 76,6% apresentam inerente risco
ambiental; os hormônios com 73,6% de
BERNARDI, Rafaella Caroline; SOUZA, Fabio Régis
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medicamentos
impactantes;
e
os
antidepressivos com 69,4% (BOUND et al.,
2005). Os impactos ambientais mais
preocupantes, que estão associados aos
resíduos
medicamentosos
são:
a
genotoxicidade (GIL; MATHIAS, 2005),
que está ligada a capacidade que algumas
substâncias
químicas
possuem
em
apresentar
alterações
genéticas
em
organismos a elas expostos (RODRIGUES,
2008); e o desenvolvimento da resistência
por pressão seletiva de bactérias, exercidas
pela ação de antibióticos, sendo a penicilina
o grupo mais comum (BERGER et al.,
1986). Os antibióticos têm sido amplamente
discutidos no meio científico, porque além
de provocarem o desenvolvimento da
resistência, são usados em grandes
quantidades tanto em humanos, quanto na
medicina veterinária, para o crescimento do
gado, na aquicultura e produção avícola e
suína
(RABOLLE
et
al.,
2000;
INGERSLEV et al., 2001). A ocorrência
destes resíduos químicos com capacidade de
causar dano ao DNA é considerada alta,
tornando-se uma ameaça à saúde pública e
de todo o ecossistema (JOBLING et al.,
1998).
Alguns grupos de resíduos de
medicamentos também podem apresentar
reações
carcinogênicas
ao
serem
consumidas via água potável, em grandes
concentrações (RODRIGUES, 2009), mas
em alguns casos algumas substâncias podem
apresentar toxidade na ordem de
nanogramas (MANDAL et al., 2002).
Entre os principais exemplos das
categorias que são encontradas no meio
ambiente estão:
• Os analgésicos e anti-inflamatórios
que compõem o grupo de compostos
farmacêuticos mais vendidos no mundo,
sedo produzidos milhares de toneladas todos
os anos.
Entre seus exemplares mais
frequentemente detectáveis no ambiente,
estão o paracetamol, ácido acetilsalicílico,
diclofenaco, cetoprofeno, ibuprofeno e
indometacina (CLEUVERS, 2004). Ternes
(1999) relatou em seu estudo concentração
acima de 1 g/L de alguns anti-inflamatórios
em ETEs. Trabalhos realizados com a
toxidade do diclofenaco no ambiente
mostram que este composto pode apresentar
efeitos mutagênicos sobre microorganismos
(BERGER et al., 1986), outro estudo
realizado por Triebskorn et al. (2004),
mostra que o diclofenaco possui alterações
degenerativas
das
células
epiteliais
respiratórias e interferem também nas
funções respiratórias normais em trutas
arco-íris. Hong et al. (2007) relatou em seu
trabalho
efeitos
toxicológicos
e
carcinogênico em uma espécie de peixe
exposta a este mesmo anti-inflamatório.
• Os antidepressivos são usados desde
a década de 50 e possuem a capacidade de
aumentar
a
concentração
de
neurotransmissores na fenda sináptica
(BEZCHLIBNYK-BUTLER et al., 1999).
No Brasil entre 2007 e 2010 os ansiolíticos
Clonazepam, Bromazepan e Alprazolam
foram às três primeiras posições,
respectivamente, dos remédios controlados
mais
consumidos
no
país,
sendo
comercializadas 10 milhões de caixas
somente do primeiro desta lista (PORTAL
BRASIL, 2012). Um trabalho realizado por
Schultz et al. (2008), demonstrou uma
presença significativa de fluoxetina,
sertralina e norsertralina em vários tecidos
de populações de peixes, sendo encontrados
efeitos negativos em todo sistemas
fisiológicas das três espécies analisadas.
• Os Antiepiléticos tem como maior
representante a Carbamazepina, que atua
bloqueando os canais de sódio (LAGES,
2011). Em um estudo publicado em 2005,
foram
mostrados
efeitos
crônicos
significativos, em uma espécie de
invertebrado aquático exposto a este
antiepilético, como o bloqueio de fase de
pupa e de emergência em Chironomus
riparius (OETKEN et al.,2005).
• Os medicamentos utilizados em
patologias cardiovasculares, como o ácido
clofíbrico, um antidislipidémico, foi um dos
primeiros compostos a ser encontrado como
um resíduo de medicamento presente em
afluentes de ETEs, bem como em águas
subterrâneas. Este composto ainda continua
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sendo um dos fármacos mais monitorados,
já que é considerado o maior contaminante
farmacêutico presente nos recursos hídricos
(TAUXE-WUERSCH et al., 2005). Um
estudo realizado em 2005 mostrou efeitos de
malformações em crustáceos expostos a este
antidislipidémico sendo que misturados a
fluoxetina, um antidepressivo, estes animais
morreram 6 dias após a exposição
(FLAHERTY et al., 2005).
• Os Hormônios, como o estradiol,
tiveram sua utilização acentuada a partir da
década de 70 e consequentemente sua
concentração
nos
recursos
hídricos
aumentou na mesma proporção. Algumas
evidências vem mostrando que os sistemas
reprodutivos de várias espécies terrestres e
aquáticas são afetados por estrogênios,
resultando
no
desenvolvimento
de
anormalidades e redução da viabilidade
reprodutiva nos organismos expostos
(ALLEN et al.,1999; HUTCHINSON,
2002). Consequentemente, numerosos testes
e biomarcadores têm sido desenvolvidos
para detectar a atividade estrogênica dessas
substâncias. Segundo Reis Filho et al
(2006), os estrógenos também recebem uma
grande atenção por serem compostos
extremamente presentes, em relação ao
levantamento da à etiologia de vários tipos
de cânceres. Segundo um trabalho realizado
em 1998 por Jobling et al. foi observado que
o estradiol, em altas concentrações, provoca
a feminização de algumas espécies de
peixes.
• Os diuréticos como a furosemida, um
dos mais consumidos no mundo, se mostrou
potencialmente mutagênico para organismos
aquáticos (ISIDORI et al., 2005).
Extração de fármacos nas estações de
tratamento de esgoto
Para a obtenção de um efluente de
ETE
adequado,
existem
diversas
metodologias de extração de resíduos
persistentes, mas mesmo contando com esta
variedade de métodos, até as mais modernas
ETE ainda não possuímos tecnologia com
processos de tratamento capazes de degradar
ou eliminar completamente estes resíduos,
principalmente os que apresentam alta
solubilidade em água ou são pouco
degradáveis, como é o caso dos fármacos
polares (BILA et al., 2003; GHISELLI et
al., 2005; PETROVIC et al., 2007).
Entre as técnicas de extração de
resíduos persistentes em ETE estão: a Lama
ativada, que é um processo biológico que
ocorre a partir de um grupo de microorganismos que age na presença de
oxigênio, sendo este garantido de maneira
artificial mantendo assim as condições
aeróbicas para oxidação da matéria orgânica
pelas bactérias (RADJENOVIC et al.,2007);
a Ozonização, um agente oxidante
extremamente forte (KLAVARIOTI et al.,
2009), que age a partir de ozono (O3),
atuando em compostos sensíveis a oxidação
e é utilizada na desinfecção para o controle
de odores e também na remoção de
compostos orgânicos solúveis refratários
(DAUGHTON; TERNES, 1999); os
Processos Avançados de Oxidação, que
podem ocorre por diferentes processos
como, UV, UV/H2O2, Processo de Fenton,
Foto-Fenton e Fotocatálise, tendo como
finalidade a geração de oxidantes não
específicos, altamente reativos e capazes de
destruir uma vasta gama de poluentes nas
águas residuária; o Carvão Ativado que é
um material poroso, utilizado como um
adsorvente dos compostos químicos nocivos
nas ETEs, sendo que este método consegue
remover uma vasta gama de contaminantes
residuais de afluentes urbanos e industriais,
além de também ser utilizado como
purificador de ar ou gás; Os Biorreatores de
Membrana que utilizam um biorreator e um
sistema de microfiltração podendo estar
integrada ao processo de lama ativada; além
de outros processos como Microfiltração,
Ultrafiltração,
Nanofiltração,
Osmose
Inversa, Leitos Percoladores e Leitos de
Macrófitas (LAGES, 2011).
Devido seu alto consumo e
consequente, alta presença residuária nos
recursos hídricos, os fármacos do grupo dos
analgésicos e anti-inflamatórios merecem
destaque, e podem servir de exemplo em
BERNARDI, Rafaella Caroline; SOUZA, Fabio Régis
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relação à eficácia dos métodos de extração
do seu resíduo em ETEs. A taxa de remoção
destes compostos, em ETEs, cifra em torno
de 17% (HEBERER, 2002), mas podem
chegar a quase 100% com o uso de
tecnologias
mais
sofisticadas
e
consequentemente muito mais caras
(CUNHA et al., 2007). Entre as
metodologias mais comuns para extração de
analgésicos e anti-inflamatórios em ETE
estão: os Biorreatores de Membrana com
eficácia em torno de 23 a 30%
(QUINTANA et al., 2005); o processo de
Lama Ativada, junto ao tratamento químico
com FeCl3 que conseguem eliminar de 10 a
20% dos resíduos (TAUXE-WUERSCH et
al., 2005); o Tratamento Químico para
Remoção de Fósforo atrelada a Lama
Ativada, que tem sua remoção máxima em
torno de 9 a 60% (LINDQVIST et al.,
2005); e o Método de Leito percolador com
Lama Ativada que podem retirar até 71% do
fármaco
presentes
nos
afluentes
(ROBERTS; THOMAS, 2005). Segundo
Cunha et al. (2007) um método que garante
a remoção total do diclofenaco, como já
citado como um dos principais exemplares
de anti-inflamatórios, é através de processos
de oxidação mais modernos, como o método
do Foto-Fenton que degrada uma grande
variedade de compostos orgânicos levando
até a completa mineralização.
Biomonitoramento da presença de fármacos
no ambiente
Quando se trata de bioindicadores da
qualidade da água, verifica-se que a grande
gama de espécies de macroinvertebrados
aquáticos são frequentemente usadas como
indicadores da presença de resíduos no
ambiente, característica que permitindo a
detecção e avaliação de impactos nos
ecossistemas
(MORENO;
CALLISTO
2006).
O emprego do uso da bioindicação
inclui diferentes níveis de organização
biológica, sendo assim, permite o
conhecimento sobre a que nível o poluente
interage com a espécie e também a que nível
este organismo é mais sensível à ação do
composto. Os resultados de pesquisas com
biomonitoramento
são
altamente
colaborativas no desenho de estratégias mais
eficientes que permitam recuperar a
biodiversidade dos ecossistemas afetados. A
implementação do uso de organismos que
auxiliem na avaliação de impactos
ambientais
podem
garantir
um
conhecimento mais direcionado sobre o
agente estressor, já que o bioindicador
permite estabelecer o efeito toxicológicos
real que a contaminação exerce sobre este.
Esta característica permite a produção de
dados confiáveis que possibilitarão a
implementação de medidas adequadas à
proteção e recuperação do meio ambiente
(ARIAS et al., 2007).
Alguns trabalhos com o uso da
bioindicação vêm trazendo valiosas
informações com organismos que podem ser
utilizados como indicadores da presença dos
fármacos.
Dentre
estes
organismos
destacam-se microalgas, microscrustáceos,
equinoides, poliquetas, oligoquetas, peixes e
bactérias, representando os mais diversos
ecossistemas
e
níveis
tróficos
(MAGALHÃES; FERRÃO FILHO, 2008).
Thompson et al. (2000), mostrou que a
feminilização de peixes da espécie Oryzia
latipes, Morone saxatalis, Morone Chrysops
e Ictalurus puntatus ocorre devido a
presença do hormônio estradiol, sendo
assim, estes servem com indicadores da
presença deste composto nos recursos
hídricos. Bactérias nitrificantes e outros
micro-organismos heterotróficos podem ser
utilizados como bioindicadores da presença
de estrógeno esteróides, já que o aumento da
presença destes organismos heterotróficos,
que atuam na degradação destes compostos,
podem indicar a presença deste composto
(Koh et al., 2008).
A Vitelogenina, uma proteína que
desempenha um papel crucial no sistema
reprodutor de vertebrados ovíparos fêmeas
(ZERULLA, 2002), tem sido usada com
frequência
como
marcador
para
determinação da atividade estrogênica na
presença de fármacos (SCHMID et al. 2002;
BERNARDI, Rafaella Caroline; SOUZA, Fabio Régis
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PANTER et al. 1998). Já que a
Vitelogenina, que está presente em machos
de forma não expressiva devido a baixa
concentração, passa a ter sua concentração
aumentada no organismo macho ao serem
expostos a substancias com atividade
estrogênica (JONHSON et al., 2000;
ZERULLA et al., 2002).
Políticas de controle de descarte e consumo
inadequado de medicamentos
Segundo o grau de periculosidade
que oferece aos profissionais da saúde, à
população e ao meio ambiente, de acordo
com a Resolução do Conselho Nacional do
Meio Ambiente – CONAMA n05, de 5 de
agosto de 1993, artigo 3º, os resíduos de
fármacos encontram-se no Grupo B. Sendo
que estão dentro deste grupo, todos os
resíduos químicos que geram prejuízos ao
ambiente, causando contaminação da água e
solo (MELO et al., 2010).
A Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) e o Ministério do Meio
Ambiente, a partir dos problemas
relacionados ao descarte de resíduos de
medicamentos, promovem políticas públicas
e ações que controlam as ações dos
geradores destes resíduos, para que os
mesmos deem seu destino adequado, a fim
de preservar a saúde pública e ambiental
(FALQUETTO et al., 2006). Infelizmente,
apesar de existirem tais resoluções sobre o
gerenciamento dos resíduos da saúde, as
mesmas não abrangem a disposição final de
sobras de medicamentos gerados nos
domicílios, ocorrendo ações isoladas
somente em alguns municípios brasileiros,
isso por partir-se do pressuposto que a
população segue de forma correta as
recomendações
médicas
ao
realizar
tratamento medicamentoso, e com isso não
haver sobras de fármacos (KORB;
GELLER, 2009). Em países como México,
Colômbia, Portugal e Canada existem
programas para recolhimento de fármacos
vencidos, alguns há pouco tempo
inicializados. Estas experiências podem
colaborar para que o Brasil defina diretrizes
para um programa nacional de recolhimento
de
medicamentos
para
descarte
(FALQUETTO; KLIGERMAN, 2011).
A fim de reduzir a quantidade de
medicamentos a serem descartados e
consumidos de forma errada evitando
intoxicações, foi elaborada, pela ANVISA
(2005), uma Resolução (RDC, N135) com
condições técnicas e operacionais, que
permitem a venda de remédio fracionado
pelas farmácias conforme a quantidade
recomendada pelo médico. Infelizmente esta
resolução ainda não se tornou uma realidade
praticada no país. Outros países, como os
Estados Unidos e a Espanha, já evidenciam
a eficácia desta determinação, portanto
mostram que é possível e essencial para
redução dos resíduos medicamentoso,
concretizar esta resolução (FALQUETTO;
KLIGERMAN, 2011).
A ANVISA (2008) realizou entre
2006 e 2008, como a comunidade escolar,
trabalhos que envolvem o uso consciente de
medicamentos, enfocando basicamente na
automedicação e problemas como a
intoxicação.
Trabalhos
envolvendo
conscientização pública, referentes aos
resíduos de descarte e a conscientização
para redução do uso desnecessário de
fármacos evitando mais resíduos de
metabolitos, a fim de preservar a saúde
ambiental e humana, são escassos.
No país, os critérios para determinar
a potabilidade da água são normatizados
pela portaria 2.914 do Ministério da Saúde
(2011). A determinação, que é alterada com
as novas recomendações a cada 5 anos,
prevê diversas normas que as distribuidoras
de água de todo Brasil devem seguir, como
os padrões de acidez, radioatividade,
percentual de bactérias, além de definir a
quantidade limite de algumas substâncias
inorgânicas como cobre, chumbo e
mercúrio. Apesar de tantas determinações
ainda não há limites estipulados para a
quantidade de fármaco limite para a água ser
considerada potável.
Conclusão
BERNARDI, Rafaella Caroline; SOUZA, Fabio Régis
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É incontestável o alto potencial dos
riscos envolvido no manejo dos fármacos,
sendo assim, a relevância de programas de
gerenciamento de resíduos medicamentosos,
como o uso de um sistema de tratamento
suficientemente eficazes na remoção de
resíduos nas ETE, assim como, campanhas
de conscientização que reduzam o consumo
de fármaco e a exigência da venda
fracionada dos medicamentos para a
redução de sobras, são imensuráveis.
Também são necessárias medidas de
recolhimento de medicamentos vencidos ou
danificados em posse da população, além da
promoção da conscientização do descarte
adequado dos fármacos, a fim de, evitar o
comprometimento da integridade do
ambiente e da saúde de todos os organismos
que dela dependem. Outro ponto
fundamental é o direcionamento de verbas
públicas e privadas para pesquisas focadas
em engenharia hidráulica, química e
ambiental com o objetivo de promover
pesquisas aplicadas para obtenção de
tecnologias de detecção e remoção destes
fármacos.
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