Adriano Elias
Estelamar Maria Borges Teixeira
José Antonio Bessa
Patrícia Campos Pereira
Rosemar Rosa
(Organizadores)
RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS
PROJETOS DE EXTENSÃO DO IFTM
2012
1ª Edição
Uberaba-MG
IFTM
2014
REITOR
Roberto Gil Almeida Rodrigues
PRÓ-REITOR DE EXTENSÃO
Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira
DIRETOR DE EXTENSÃO
José Antônio Bessa
COORDENADORA GERAL DE EXTENSÃO E ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL
Estelamar Maria B. Teixeira
COORDENADOR DE EXTENSÃO E ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL
Adriano Elias
COORDENADORA DE ESTÁGIO E ACOMPANHAMENTO DE EGRESSOS
Gianna Andréia F. Gobbi
SECRETÁRIA DA PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
Patrícia Campos Pereira
APOIO ADMINISTRATIVO
Cláudia Helena Rezende Lemes
REVISÃO TEXTUAL
Tamara Aparecida Lourenço
CAPA E DIAGRAMAÇÂO
Alex Sandro Junior de Oliveira
(Triunfal Gráfica e Editora)
Impresso no Brasil
Edição: 2014
ISBN: 978-85-64139-05-3
Tiragem: 700 exemplares
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Instituto Federal do Triângulo Mineiro
R 586 Relatos de Experiência dos Projetos de Extensão do IFTM 2012 /
Organizadores: Adriano Elias, José Antonio Bessa, Estelamar Maria
Borges Teixeira, Patrícia Campos Pereira, Rosemar Rosa [Orgs.].Uberaba- MG: IFTM, 2014.
112p.: il
Publicação realizada pela Pró-Reitoria de Extensão do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro - IFTM
ISBN: 978-85-64139-05-3
1. Extensão universitária. 2. Pesquisa. 3. Educação profissional.
4. Livros de leitura. I. Elias, Adriano. II. Bessa, José Antônio. III. Teixeira,
Estelamar Maria Borges, IV. Pereira, Patricia Campos. IV. Rosemar Rosa. II.
Título.
CDD 378.103
Súmário
5Apresentação
7
Programa Arte Educação IFTM Câmpus Uberaba 2012
15
Cultura Brasileira: Práticas, Representações e Cidadania.
21
Mapeamento das Características Físicas e Químicas de Solos das
Propriedades Rurais da Região do Sobradinho, Município de
Uberlândia-MG
29
Projeto Impacto do Núcleo de Extensão Universitária: Núcleo
de Estudos para Produção de Alimentos Seguros – NEPAS,
na Qualidade de Alimentos Preparados e Comercializados por
Ambulantes
37
Microbiologia Aplicada à Agroindústria Familiar e a Pequenos e
Médios Produtores de Uberaba e Micro-Região
43
Incluir Brincando
49
1° Dia de Campo dos Produtores de Hortaliças do Triângulo
Mineiro
55
Ação Extensionista Visando o Controle do Mosquito Aedes
Aegypti por Meio de Armadilhas de Baixo Custo e Ecologicamente
Corretas
59
Mostra Artística Multicampi IFTM
67
A Comédia do Trabalho: Exercícios Cênicos sobre a Ordem
Social a partir da Atividade do Trabalho numa Interlocução
Poética com a Comunidade de Ituiutaba
75
Educação Ambiental na Escola: Incentivando e Implantando a
Destinação Correta dos Resíduos Sólidos
85
Desenvolvimento de Estratégias, junto à Comunidade Local,
para a Melhoria dos Índices de Infecção por Leishmania Sp.
89
Museu Entomológico do Instituto Federal do Triângulo Mineiro
97
Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura Negra em
Uberlândia
107
Cidadania e Sistema Penitenciário: Intervenções e Mini-Cursos
de Direitos Humanos junto ao Estabelecimento Prisional de
Uberaba-MG
Apresentação
As ações de Extensão, no âmbito do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – IFTM constituem um processo
educativo, cultural e científico, articulado ao ensino e à pesquisa de forma
indissociável, ampliando a relação transformadora do Instituto em diversos
segmentos sociais, promovendo o desenvolvimento local e regional, a socialização da cultura e do conhecimento técnico-científico.
Estas ações possuem diversos níveis de articulação e integração, proporcionando visibilidade a todos os segmentos sociais, seja frente ao público
estudantil, em seu universo cultural e das artes, seja na ampliação de formas
diferenciadas de educação e pesquisa para a sociedade, integrando-a ao mundo do trabalho, da produção e da investigação.
Neste sentido, esta publicação intitulada Relatos de Experiência dos
Projetos de Extensão do IFTM tem por objetivo divulgar os projetos de extensão tecnológica desenvolvidos no âmbito do IFTM no ano de 2012, considerando o desafio de se cumprir a missão do Instituto, fundamentada na Lei
11892/08, de 29 de dezembro de 2008.
Os relatos de experiência têm origem nas atividades de extensão, compostas por um conjunto de ações pedagógicas, de caráter teórico e/ou prático,
presencial ou à distância, planejadas e organizadas de maneira sistemática,
incluindo oficinas, workshops, laboratórios e treinamentos, e também dos
eventos realizados no IFTM e na comunidade externa com ações de interesse
técnico, social, científico, esportivo e artístico, como: assembleias, competições, congressos, seminários, palestras, conferências, mesas redondas, e resultantes do processo de elaboração de produtos acadêmicos que caracterizam
ações de ensino, pesquisa e extensão, tais como: livros, cartilhas, vídeos, filmes, softwares e CDs, dentre outros.
Portanto, esta publicação surge da necessidade de iniciativas de extensão tecnológica que busquem ampliar a sobrevivência e o crescimento dos
arranjos produtivos socioeconômico local e regional.Tendo em vista que a
divulgação de informações tecnológicas e suas inovações são estratégias importantes que buscam consolidar ações que promovam a inclusão social por
meio da difusão e popularização do conhecimento técnico científico.
Esta publicação, ao mesmo tempo em que divulga e valoriza os trabalhos dos docentes e alunos do Instituto, retrata o que vem acontecendo no
IFTM por meio dos câmpus de forma ampla através de iniciativas de extensão
tecnológica. Traduz-se assim, em mais um trabalho que amplia as ações sociais decorrentes de educação profissional e tecnológica.
Roberto Gil Rodrigues Almeida
Reitor IFTM
Programa Arte Educação IFTM Câmpus Uberaba 2012
Aldo Luís Pedrosa da Silva1. Marvile Palis Costa Oliveira2. Nilce Vieira Campos Ferreira3. Otaviano José Pereira4. Alexandre
Bitencourt de Freitas Andrade5. Carolina Sofia Chiba6. Danielle Alves Maia da Veiga Dias7. Danielle Campos Botelho8.
Fernanda Araújo Pantaleão9. Gabriel Alves Prado Freitas10. Gabriella Moura Ferreira11. Hiago Alves Fernandes12. Isaías
Antônio de Paiva13. Izabella Thays Jacob Felix14. Kelly Martins Rosa15. Keslly Velozo Loiola16. Leila Carolina Freitas
Camargos Dias17. Lucas Borges de Lima18. Marta Cavalcante Ferreira19x. Pablo Humberto Vaz20. Pedro Henrique Chumbinho
Sodré21. Rita de Cássia Vilela Junqueira22. Thea Vaz Amâncio23. Trayse Graneli Soares24. Vanessa de Oliveira Soares25.
Resumo
O Programa Arte Educação IFTM Câmpus Uberaba é uma atividade existente há 15
anos na instituição. O referido programa é formado por vários projetos que possuem
como objetivo principal ofertar a alunos, servidores e comunidade externa o contato
com a arte e a cultura, em seus vários segmentos. São oferecidos cursos e oficinas em
diversas modalidades artísticas, com curta e longa duração. Além das oficinas, são trabalhados projetos práticos de produção poética e gestão cultural, com a proposta de
apresentar os resultados advindos do processo à comunidade local, regional e nacional.
No ano de 2012, em decorrência da aprovação no Edital 01/2012 de apoio a Projetos e
Programas de Extensão da Pró-reitoria de Extensão do IFTM, o programa se expandiu,
atendendo a um número maior de pessoas, além de sua evolução em vários sentidos,
dando ao programa maior credibilidade e reconhecimento perante a sociedade.
Palavras-chave: Arte. Educação. Extensão. IFTM. Uberaba.
Introdução
O Programa Arte Educação tem como objetivo principal oferecer aos
alunos, servidores e comunidade externa do IFTM - Câmpus Uberaba projetos
artísticos em diversas linguagens da arte, visando proporcionar aos participantes significativos ganhos referentes aos aspectos bio-psico-sociais do indivíduo.
A partir disto, o programa se propõe a estimular a valorização da arte-educação
dentro do processo didático-pedagógico calcado no tripé ensino/pesquisa/extensão, oportunizando aos envolvidos sua sensibilização perante a fundamental importância da arte no meio acadêmico, gerando a quebra de preconceitos
ainda existentes relacionados ao trabalho de aspectos humanizadores em uma
instituição tradicionalmente tecnicista.
Existente há 15 anos, o programa se transformou ao longo do tempo. Em
sua origem, no ano de 1998, o programa, na ocasião ainda considerado projeto,
se propunha a realizar uma apresentação artística e cultural no final do ano leti-
vo, a partir do convite a alunos e servidores da instituição, que possuíam algum
conhecimento e/ou trabalho artístico, para se apresentarem em uma grande
mostra. Sob a coordenação de Sílvia Marina, psicóloga da instituição, na época
Escola Agrotécnica Federal de Uberaba, estas apresentações ganharam notoriedade e o evento, de nome Arte Educação, entrou oficialmente para o calendário
acadêmico. Além das apresentações artísticas, ocorria no evento o lançamento
do Livro de Contos, Poemas e Poesias, um projeto realizado junto à comunidade interna por meio da seleção de textos poéticos que compunham um livro.
Em 2006, o professor de artes Aldo Pedrosa ingressou à instituição, já
Centro Federal de Educação Tecnológica de Uberaba, e logo foi convidado para
participar do grupo que conduzia o projeto. Neste ano, o projeto começou a
se esboçar como um programa, pois começaram a ser ofertadas oficinas de arte
para a comunidade interna. A apresentação no evento Arte Educação passou a
ser composta pelos resultados dos trabalhos nestas oficinas.
A partir de 2009, a instituição já denominada Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro - Câmpus Uberaba, os projetos, do então instituído Programa Arte Educação, ganharam maior independência e passaram a não possuírem o foco único de participação no evento Arte
Educação. Desde então, o resultado dos trabalhos de cada oficina começaram
a ser apresentados em diversas cidades por todo o Brasil, como ocorrido na
ocasião do I e II Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica, o
primeiro realizado em 2009 em Brasília/DF e o segundo em 2012 em Florianópolis/SC; o Festival Internacional de Teatro Estudantil, realizado em Porto
Alegre/RS em 2012 e diversas outras apresentações como o Festival de Teatro de
Patrocínio/MG de 2001 e Mostra Artística Multicampi do IFTM, em Ituiutaba
em 2012.
Deste crescente desenvolvimento das atividades, surgiram grupos com
enfoque mais profissional, com destaque ao Grupo ContosEnCantos que realizou a maioria das apresentações externas até os dias atuais. Este grupo se calca
na produção de espetáculos cênicos-musicais autorais, escritos e dirigidos pelos
alunos e servidores envolvidos no processo. Sob a direção da aluna bolsista
Danielle Maia, o grupo ContosEnCantos produziu as peças ‘Contos do Velho
Chico’, em 2009, ‘Contos da Casa Grande em Cantos da Senzala’, em 2010,
‘Contos das Gerais’, em 2011, ‘Encantos do Velho Chico’ e ‘O Último Dia’,
em 2012.
O programa Arte Educação vem crescendo significativamente no que
se refere à quantidade de projetos envolvidos e à participação do público. Em
2012 o programa deu um salto exponencial, em face da aprovação no Edital
01/2012 de apoio a Projetos e Programas de Extensão da Pró-reitoria de Extensão do IFTM. O programa pôde, então, adquirir recursos materiais e de
8
consumo que são fundamentais para seu desenvolvimento, além da contratação
de serviços e, principalmente, em decorrência da participação de um grande
número de alunos bolsistas, cada um cuidando de uma área específica dos diversos segmentos em que atuam os projetos.
A partir de 2012, o programa Arte Educação vem oferecendo projetos
que se desdobram e atendem principalmente a três grande áreas:
1) Oferecimento de oficinas e cursos nas principais linguagens da arte aos
alunos, servidores e também à comunidade externa do IFTM - Câmpus
Uberaba.
2) Produção de trabalhos poéticos-artísticos com vistas ao desenvolvimento de produtos culturais que possam ser significativos para a arte contemporânea, bem como para a produção cultural acadêmica brasileira e
mundial.
3) Promoção de apresentações e mostras a partir dos resultados obtidos nas
oficinas e demais projetos, visando à divulgação dos trabalhos à comunidade acadêmica, bem como a participação em eventos regionais, nacionais e internacionais, no sentido de contribuir para o desenvolvimento
da arte e oportunizar o contato do público com a cultura.
Com uma visão de que as linguagens artísticas e o uso de outros códigos
podem estabelecer intervenções eficazes nos ambientes educativos, o Programa
considera a heterogeneidade, as diferenças entre pessoas, a sua diversidade, pois
para intervir de forma responsável e coletiva é preciso perguntar: a) “Quem são
estes novos aprendizes?”; b)“Por que pensam e agem do modo como pensam e
agem?”; c) “Como avaliar seu desempenho?”. (FREIRE, 2005).
Este programa também está em sintonia com o Plano de Desenvolvimento Institucional do IFTM, aprovado pelo Conselho Superior para o
período 2009-2013. De acordo com PDI: “O Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro tem por finalidades: [...] realizar e estimular a pesquisa aplicada, a produção cultural, o cooperativismo,
o empreendedorismo e o desenvolvimento científico e tecnológico; [...] desenvolver programas de extensão e de divulgação científica e tecnológica; [...]
desenvolver atividades de extensão de acordo com os princípios e finalidades
da educação profissional e tecnológica, em articulação com o mundo do trabalho e os segmentos sociais com ênfase na produção, no desenvolvimento e
na difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos” (INSTITUTO FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO, 2009, p. 06), e no âmbito cultural, a Extensão do IFTM tem como um dos objetivos principais “ampliar
programas artísticos, culturais e de extensão” (INSTITUTO FEDERAL DO
TRIÂNGULO MINEIRO, 2009, p. 13).
9
Têm-se assim atividades de extensão com um percurso claro que vai do
reconhecimento de necessidades do mundo do conhecimento entrelaçados à
formação necessária fundamentada na concepção de uma consciência humana,
cidadã e filosófica.
Tendo isso em vista, é importante ressaltar que o programa, em seus
15 anos de história, tem conquistado significativos ganhos não apenas para as
pessoas diretamente envolvidas, mas para toda a comunidade. Em decorrência
do apoio da Pró-reitoria de Extensão do IFTM em 2012, o resultado em 2012
foi extremamente positivo, haja vista as inúmeras atividades desenvolvidas e
apresentações realizadas, que serão melhor detalhadas no próximo item.
Desenvolvimento
A partir do relato anterior foi possível ter uma dimensão do desenvolvimento do programa ao longo dos 15 anos de sua existência, que estão sendo
celebrados neste ano de 2013. Mas é notório como houve um significativo
desenvolvimento do mesmo no ano de 2012, principalmente pela possibilidade de usufruir de recursos oriundos da aprovação em edital e pelo trabalho
da grande equipe de bolsistas que participaram das atividades no ano em
questão.
No mês de junho de 2012 foram realizadas reuniões com os dirigentes
do Câmpus Uberaba para se verificar as condições de viabilização do programa,
uma vez que, devido à grandiosidade da nova proposta, seria uma experiência
nova para a equipe já conhecedora do Programa Arte Educação nos moldes anteriores. No mesmo mês foram realizadas as solicitações de compras e serviços,
para a aquisição de equipamentos, figurinos, materiais para uso dos monitores
das oficinas, aluguel de som e iluminação para as apresentações, entre diversos
outros recursos de suma importância para a execução da proposta como ela foi
concebida.
No mês de julho foram lançadas vagas para a seleção de 27 bolsistas.
Cada uma destas vagas é direcionada para uma área específica entre as diversas
linguagens artísticas, nos seguimentos: monitoria de oficinas, produção artística e poética, gestão cultural e comunicação.
No final do mês de julho ocorreu, então, a seleção dos bolsistas. Houve
uma grata surpresa por conta da grande quantidade de inscrições e, ao final do
processo, os 27 novos bolsistas foram selecionados. Os mesmos se juntaram a
dois bolsistas que já faziam parte do programa desde o princípio do ano, aprovados em edital interno do IFTM - Câmpus Uberaba correspondendo, ao todo,
a 29 bolsistas. No mês de setembro foram lançadas mais quatro bolsas a partir
de um novo edital interno, somando no total 33 bolsas.
10
Em agosto foram lançadas as inscrições para 10 novas oficinas: Contrabaixo, Instrumentos de cordas (Guitarra e Violão), Percussão, Canto, Capoeira,
Pintura, Desenho, Computação Gráfica, Iniciação Teatral e Danças Brasileiras.
Nos primeiros dias de setembro as oficinas foram iniciadas, contando com um
grande número de inscritos entre alunos regulares do IFTM, servidores e comunidade externa.
Paralelamente às oficinas iniciaram-se três projetos de produção artística:
1) Produções Multisensoriais: trabalhos artísticos que procuram explorar,
especialmente, os sentidos do olfato e paladar do interator numa obra
de arte. Estes sentidos, somado às experiências audiovisuais e táteis já
comuns na apreciação artística, propõem a experienciação por completo
do objeto artístico, de forma multissensorial. Para este projeto, foram
selecionados dois bolsistas dos cursos técnico em Nutrição e Dietética e
Superior em Tecnologia de Alimentos.
2) Produção em Computação Gráfica e Interatividade: criação de uma
web page que oferece ao usuário a possibilidade de experenciar vídeos
interativos, calcados em propostas poéticas contemporâneas a partir de
questões como voyeurismo e vigilância. Para o desenvolvimento deste
projeto trabalharam dois bolsistas dos cursos de Manutenção e Suporte
em Informática Integrado ao Ensino Médio e Superior em Análise e Desenvolvimento de Sistemas.
3) Produção Audiovisual: captação e pós-produção de imagens (estáticas ou
em movimento) a partir dos registros de todas as atividades deste Programa, visando à documentação e à divulgação dos Projetos em vários canais. Para estas atividades, houve também a participação de dois bolsistas
do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino
Médio.
E para auxiliar nas questões administrativas e de divulgação das atividades, foram selecionados quatro bolsistas para as áreas de Produção e Gestão
Cultural. Além destas novas atividades desenvolvidas, foram oferecidas três oficinas iniciadas em abril de 2012: Teatro, Música Instrumental e Interpretação
para Cinema Digital (duas turmas, uma experiente e outra iniciante). No total,
foram oferecidas 13 diferentes oficinas, todas ministradas pelos bolsistas nas
dependências da Unidade II do IFTM Câmpus - Uberaba.
Como proposta de mostra das produções artísticas desenvolvidas durante o ano, o Grupo de Espetáculo Musical ContosEnCantos se apresentou em
diversos locais em 2012. Dentre estes locais, ocorreram apresentações em duas
ocasiões no Teatro Experimental de Uberaba, quatro apresentações em Escolas
Públicas Municipais em Uberaba; houve a participação do II Fórum Mundial
11
de Educação Profissional e Tecnológica em Florianópolis – Santa Catarina, no
Festival Internacional de Teatro Estudantil em Porto Alegre – Rio Grande do
Sul e foram realizadas duas apresentações em Escolas da Rede Estadual de Porto
Alegre. Além disto, este grupo se apresentou no VI Festival Novas Tendências
e realizou a abertura do Seminário de Iniciação Científica do IFTM, ambas em
Uberaba, e participou também da I Mostra Multicampi do IFTM, se apresentando na cidade de Ituiutaba/MG e no Câmpus EaD em Uberaba. O grupo
de música realizou a abertura da Semana de Ciência e Tecnologia do Câmpus
Uberaba e o Grupo de Danças Brasileiras encerrou o Evento de Educação a
Distância no Câmpus EaD, além da apresentação em diversos outros espaços
públicos na cidade de Uberaba. Os alunos da oficina de Cinema participaram
do Festival do Minuto realizado pela Universidade de Uberaba. Parte do trabalho realizado pelos bolsistas de Computação Gráfica foi levado ao Evento En
quete du lieu - Espaces Atraverses, que se constituiu em uma exposição coletiva
de arte e tecnologia realizada por artistas franceses e brasileiros na Galerie Michel Journiac em Paris, França. Após esta experiência expositiva, foi realizado
um seminário com a finalidade de permitir a interlocução a partir das questões
poéticas decorrentes das produções expostas. Ambas atividades ocorreram na
Université Paris I - Panthéon-Sorbonne, em Paris, em novembro de 2012, nas
quais o Prof. Aldo Pedrosa, coordenador deste programa, representou o IFTM
e a cidade de Uberaba.
Considerações finais
É fato que o programa no decorrer de toda sua história contribuiu significativamente para a formação bio-psico-social de todos os envolvidos no processo. Nessa visão, o Programa procurou identificar e reconhecer a multiplicidade de vozes e identidades presentes no espaço educativo comunitário, tendo
como apreensão e eixo norteador o respeito à pluralidade cultural. Isto porque
em uma sociedade que se percebe cada vez mais multicultural a “pluralidade de
culturas, etnias, religiões, visões de mundo e outras dimensões das identidades
infiltra-se, cada vez mais, nos diversos campos da vida contemporânea” (MOREIRA, 2001, p. 41)
Mesmo diante de várias dificuldades e da demora das tramitações burocráticas, o que é inerente às instituições públicas do país, todos os objetivos propostos inicialmente foram atendidos e houve, também, várias outras conquistas
advindas do processo, não previstas nos objetivos iniciais.
Deve-se frisar, em uma última vez, que o investimento no programa em
2012 permitiu que o mesmo se desenvolvesse significativamente e que as atividades se profissionalizassem. No que se refere à seleção de bolsistas, houve uma
12
grande procura nas inscrições, o que permitiu uma seleção mais segura com
relação ao perfil desejado.
Com o grande número de novas oficinas oferecidas, foi possível atender
melhor a comunidade externa. Parcerias se concretizaram, como o auxílio do
Instituto Agronelli de Desenvolvimento Social de Uberaba, que divulgou as
oficinas nas localidades em que atua (comunidades carentes e centros de apoio
ao menor). A partir disto, muitos pré-adolescentes e adolescentes considerados
em situação de risco social participaram das atividades, atendendo, desta forma,
a um dos objetivos principais do programa. Outro ponto positivo foi a parceria
realizada com o Centro de Cultura José Maria Barra – SESI/FIEMG em Uberaba, que permitiu a realização da oficina de Danças Brasileiras nas dependências
de sua instituição.
Os projetos práticos apresentaram bons resultados, contribuindo para a valorização da arte e da cultura no âmbito institucional e em nível nacional. O grupo
ContosEnCantos alcançou muito reconhecimento e sucesso nos eventos em que
participou no ano de 2012. Em decorrência disso, surgiram, no final do processo,
mais três grupos com enfoque mais prático e profissional, visando participar, também, de mostras e festivais pelo país. São eles: Grupo Musical do IFTM, equipe
de Produção de Cinema e Audiovisual e Grupo de Danças Brasileiras. Pretende-se
investir bastante nestes novos grupos em 2013, para que eles possam ser os novos
representantes da arte do IFTM Câmpus - Uberaba em todo o país.
Notas
1
Mestre em Artes - Artes Visuais. Professor. E-mail: [email protected]
2
Graduada em Artes - Música. Professora. E-mail: [email protected]
3
Doutora em Educação. Pedagoga. E-mail: [email protected]
4
Doutor em Educação. Professor de Educação. E-mail: [email protected]
5
Aluno do Bacharelado em Ciências Sociais. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM –
Edital 01/2012. E-mail: [email protected]
6
Aluna do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de
apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]
7
Aluna da Especialização em Filosofia e Sociologia da Educação. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de
extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]
8
Aluna do Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail:
[email protected]
9
Aluna do Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail:
[email protected]
10
Aluno do Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012.
E-mail: [email protected]
11
Aluna do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a
projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]
12
Aluno do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio
a projetos de extensão do IFTM – Edital 02/2012. E-mail: [email protected]
13
13
Aluno do Ensino Médio integrado ao Técnico em Informática. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão
do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]
14
Aluna do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio
a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]
15
Aluna do Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail:
[email protected]
16
Aluno do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de
apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]
17
Aluna do Técnico em Nutrição. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012.
E-mail: [email protected]
18
Aluno do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de
apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]
19
Aluna do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio
a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]
20
Aluno do Técnico em Informática. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital
01/2012. E-mail: [email protected]
21
Aluno do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio
a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]
22
Aluna da Especialização em Filosofia e Sociologia da Educação. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de
extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]
23
Aluna do Bacharelado em Ciências Sociais. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM –
Edital 01/2012. E-mail: [email protected]
24
Aluna do Ensino Médio integrado ao Técnico em Informática. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]
25
Aluna do curso de Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de
apoio a projetos de extensão do IFTM – Edital 01/2012. E-mail: [email protected]
Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
INSTITUTO FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO. Plano de Desenvolvimento
Institucional. Uberaba, 2009.
MOREIRA, A. F. B. Currículo, cultura e formação de professores. Revista Educar,
Curitiba, Editora da UFPR, n. 17, 2001.
14
Cultura Brasileira: Práticas, Representações e Cidadania
Alexandre Gama26. Ítala Lorrane Silva Couto27. Rafael Lucas Silva Mendes28.
Resumo
Este trabalho apresenta o relato de experiência do projeto de extensão Cultura Brasileira: Práticas, representações e cidadania para o programa de apoio a projetos de extensão
do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital
01/2012. Projeto de formação profissional voltado para os professores e educadores da
rede pública de ensino de Paracatu. Com uma abordagem interdisciplinar, abordou
temas e questões do presente que se explicam ou se compreendem com uma maior
profundidade a partir das reflexões da história, antropologia, sociologia e geografia:
etnocentrismo, discriminação, violência doméstica, entre outros.
Palavras-chave: Relato de experiência. Cultura Brasileira. Curso de formação profissional.
Introdução
Este é um projeto de formação profissional que teve como uma de suas
justificativas o cumprimento do Plano de Desenvolvimento Institucional do
Instituto Federal do Triângulo Mineiro, onde se lê no item 1.3 que discorre
sobre sua finalidade: “VI. Qualificar-se como centro de referência no apoio
à oferta do ensino de ciências nas instituições públicas de ensino oferecendo
capacitação técnica e atualização pedagógica aos docentes da rede pública de
ensino”. Sendo assim, procurou-se executar um projeto que aproximasse mais
efetivamente o Câmpus Paracatu da comunidade de educadores paracatuense.
Além de poder também atender a missão do IFTM – Câmpus Paracatu de
oferecer educação profissional e tecnológica por meio do ensino, pesquisa e
extensão.
Portanto, o curso de extensão “Cultura Brasileira: Práticas, Representações e Cidadania” procurou atender a essas várias necessidades com a oferta
de um curso de formação profissional que pudesse atender aos professores da
rede pública de ensino da cidadã através de um conteúdo interdisciplinar, de
maneira que pudesse fornecer aos participantes um material acessível e prático, além de reflexões que pudessem alcançar a realidade da sala de aula e das
escolas de um modo geral. Temas tão presentes como discriminação (social,
étnica, religiosa), políticas afirmativas, desigualdades, racismo, violência doméstica, o ‘jeitinho’ dos brasileiros se relacionarem com a lei, a ética pública e
privada (da casa e da rua), o patrimônio cultural enfim, uma séria de questões
que foram elencadas para refletir um pouco sobre essa sociedade que vivemos
e ajudamos a construir. O resultado de tudo isso passaremos a conferir nas
próximas páginas.
Desenvolvimento
O curso de Cultura Brasileira: Práticas, representações e cidadania surgiu
de uma necessidade de se estabelecer uma contribuição mais positiva e direta
do IFTM – Câmpus Paracatu na comunidade de educadores e professores do
Município. Sendo assim, foi pensado dentro da perspectiva da educação interdisciplinar, cruzando reflexões da geografia, história, literatura, antropologia,
sociologia e educação.
O primeiro passo, portanto, foi acertar autores e conteúdos que seriam
trabalhados com os participantes através de documentários e textos escritos que
seriam compilados sob a forma de uma apostila. Decidiu-se assim começar os
textos com as discussões feitas por Roque de Barros Laraia sobre as definições e
natureza da cultura (LARAIA, 2007), e depois refletir temas mais práticos que
envolviam mais diretamente a vida dos brasileiros, tais como: exclusão social
e desigualdades na formação da sociedade brasileira; violência doméstica, corrupção e questão de terras; trabalhar os conceitos de democracia racial à luz das
reflexões de Gilberto Freyre, de homem cordial de Sérgio Buarque de Holanda
e o de povo massa de Oliveira Viana fazendo um paralelo com a sociedade atual
(CARDOSO; MOREIRA, 2008); refletir sobre a ética pública e privada dentro da percepção antropológica de Roberto DaMatta, quem primeiro no Brasil
pensa academicamente esse jeito bem particular de viver sob o regime da lei no
Brasil (DAMATTA, 1986c); com o mesmo autor, refletir sobre a culinária relacional (DAMATTA, 1986a) e as leituras feitas do cotidiano pelos brasileiros a
partir de sua vivência na cozinha (MACIEL, 2005) e, por fim, proceder a uma
reflexão sobre o patrimônio cultural brasileiro.
Para proceder tais discussões, selecionamos vários textos de jornais e demais periódicos para embasar através de textos que fazem a cobertura da vida
e experiências práticas dos brasileiros. As revistas utilizadas para reflexões das
reportagens foram a Veja da Editora Abril, a Época da Editora Globo e a Revista
Jurídica Consulex. A compilação das reportagens e capítulos de livros dos autores acima foi elaborada a apostila que serviria de base para as reflexões a serem
empreendidas no curso sobre cultura brasileira.
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Além dos autores já mencionados e dos temas elencados, também se trabalhou com documentários que ajudassem a compreender um pouco do ethos
bem particular do povo brasileiro. Por isso foram selecionados os seguintes títulos: Olhar estrangeiro que revela como o Brasil é visto no exterior em entrevistas
com diretores, roteiristas e produtores de cinema; O Povo Brasileiro que tem
como tema a obra e a vida de Darcy Ribeiro e Intérpretes do Brasil que trazem o
próprio Darcy Ribeiro e mais Roberto DaMatta, Mãe Stela (Candomblecista)
entre outros. Isso aconteceu nos meses de maio e junho.
Decidido o conteúdo, elaborada a seleção de textos e a apostila, procedeu-se então a segunda etapa que foi o contato inicial com a Secretária de
Educação do Município, Maria José Gonçalves Santos. O projeto foi explicado
e a Secretária se encarregou de reunir os professores interessados de 10 escolas
municipais para se inscreverem. Isso aconteceu no mês de julho. As inscrições
ocorreram no início de agosto. Os monitores cooperaram nos processos explicados até aqui. Foram fundamentais para a organização do material, na produção
da apostila e nos encontros presenciais que seguirão, sobretudo para, além de
participarem, também cooperarem na organização da sala e dos materiais utilizados em cada aula.
No dia 31 de agosto de 2012 tivemos o primeiro encontro dos professores e educadores participantes realizado na Casa de Cultura com a presença do
Diretor de Ensino do IFTM – Câmpus Paracatu, Ronaldo Eduardo Diláscio.
Naquele dia, o professor explicou a missão do IFTM de oferecer uma formação
educacional abrangente juntamente com a pesquisa e extensão. Assim, os trabalhos começaram. Os encontros debateram os seguintes temas em cada um de
seus sete módulos:
1) Cultura: um conceito antropológico (31/08/2012)
O encontro girava em torno das discussões sobre etnocentrismo e alteridade. Foram 2h30min de leituras individuais dos textos propostos em
casa e 2h30min no encontro presencial;
2) Movimentos sociais e Darwinismo Cultural no Brasil Império e Republicano (14/09/2012).
O encontro girava em torno das discussões sobre desenvolvimento, discurso e desigualdade social e racial no Brasil. Além disso, ainda assistiu-se
a ao documentário “Olhar estrangeiro” de Lúcia Murat.
Foram 2h30min de leituras individuais dos textos propostos em casa e
2h30min no encontro presencial;
3) Violência doméstica, corrupção e questão das terras explicados à luz da
formação cultural brasileira (21/09/2012).
17
O encontro girava em torno das discussões sobre violência doméstica, sobretudo contra a mulher, feitas debaixo de uma análise do patriarcalismo
da sociedade brasileira. Além disso, também assistiu-se ao documentário
“O povo Brasileiro” de Darcy Ribeiro.
Foram 2h30min de leituras individuais dos textos propostos em casa e
2h30min no encontro presencial;
4) G. Freyre, S. B. Holanda e O. Viana e os conceitos de democracia racial,
homem cordial e povo massa (28/09/2012).
O encontro girava em torno das discussões sobre a sociedade brasileira
dentro da perspectiva de alguns dos principais intérpretes da sociedade
brasileira: Freyre, Holanda e Viana. Além disso, também se assistiu ao
documentário “Intérpretes do Brasil – O candomblé, por Mãe Stela”.
Foram 2h30min de leituras individuais dos textos propostos em casa e
2h30min no encontro presencial;
5) A ética pública e privada no Brasil: o jeitinho brasileiro (28/09/2012)
O encontro girava em torno das discussões sobre o modo de navegação
social bem particular dos brasileiros: o famoso jeitinho. Além disso, foi
feita uma reflexão da ética da casa e de sua diferença da ética da rua expostas na obra de Roberto DaMatta. Além disso, também se assistiu ao
documentário “Intérpretes do Brasil – Contribuições da antropologia
para interpretação do Brasil por Roberto DaMatta”.
Foram 2h30min de leituras individuais dos textos propostos em casa e
2h30min no encontro presencial;
6) A culinária relacional e as leituras do cotidiano (19/10/2012)
O encontro girava em torno das discussões sobre o modo particular dos
brasileiros fazerem uma leitura particular de seu cotidiano a partir da
cozinha, esse ambiente essencial dentro da cultura do Brasil.
Foram 2h30min de leituras individuais dos textos propostos em casa e
2h30min no encontro presencial;
7) O patrimônio cultural (26/10/2012)
O encontro girava em torno das discussões sobre política patrimonial,
educação patrimonial e patrimônio imaterial.
Foram 2h30min de leituras individuais dos textos propostos em casa e
2h30min no encontro presencial;
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No dia 23 de Novembro de 2012 fizemos nosso último encontro com
a presença do Diretor Geral do Câmpus Paracatu, Heraldo Rossi Cruvinel, do
Diretor de Ensino Ronaldo Diláscio e da Coordenadora de Pesquisa e Extensão
Daniela Faria Prado. Foi um momento de troca de experiências, para falar da
importância do curso na vida e formação profissional de cada um dos participantes.
No dia 30 de Novembro os educadores entregaram uma produção textual que fizeram externando no papel as contribuições do curso para sua vida,
aquilo que já haviam feito anteriormente.
Considerações Finais
Ao final do curso, sobretudo no último encontro quando foi feita uma
reflexão com os participantes sobre o legado do curso e seus resultados, todos
sentiram uma exaltação, por parte deles, de afirmarem ter agora condições de
poderem refletir sobre práticas até então naturalizadas pela rotina do cotidiano
de cada um deles (culinária, discriminação, dificuldade de aceitação do outro,
do diferentes, racismo, jeitinho).
Também perceberam uma maior percepção sobre o regime de representações por meio dos quais os brasileiros utilizam para naturalizar seus preconceitos, desigualdades, discriminações e violências. Assim, para além da utilização
de frases feitas para tentar combater esses tipos de práticas no meio escolar e na
própria sociedade, os educadores e professores foram capacitados a refletirem
sobre as causas profundas, enraizadas culturalmente e psicologicamente no mais
interior desse povo tão particular chamado brasileiro.
Notas
26
Professor e historiador pela Universidade de Brasília. Especialista em História Cultural pela Universidade Estadual de Goiás.
Professor EBTT de História do IFTM – Câmpus Paracatu. E-mail: [email protected].
27
Aluna do Ensino Médio do IFTM – Câmpus Paracatu, bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Edital 02/2012.
28
Aluno do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas do IFTM – Câmpus Paracatu, bolsista de extensão do programa de
apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Edital 02/2012.
Referências
CARDOSO, F. H.; MOREIRA, M. M. (Coords.) Cultura das transgressões no Brasil:
lições de História. 2. ed. São Paulo,SP: Saraiva, 2008.
DAMATTA, Roberto. Sobre comidas e mulheres. In.:______. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro,RJ: Rocco, 1986a.
19
_________. O modo de navegação social: a malandragem e o “jeitinho”. In.: _______.
Roberto. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro,RJ: Rocco, 1986b.
_________. A casa, a rua e o trabalho. In.: _______.O que faz o brasil, Brasil? Rio de
Janeiro,RJ: Rocco, 1986c.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 21 ed. Rio de Janeiro,
RJ: Jorge Zahar, 2007.
MACIEL, Maria Eunice. Identidade Cultural e alimentação. In.: CANESQUI, A. M.
(Org.). Antropologia e nutrição: um diálogo possível. Rio de Janeiro, RJ: Editora Fio
Cruz, 2005.
SEVCENKO, N.; NOVAIS, F. A. (Orgs.). História da vida privada no Brasil. São
Paulo, SP: Companhia das Letras, 1998, v. 3.
20
Mapeamento das Características Físicas e Químicas
de Solos das Propriedades Rurais da Região do
Sobradinho, Município de Uberlândia-MG
Angélica Araujo Queiroz29. Luis Augusto Domingues Silva30. Ravisa Magalhães31. Thorrythiele Lima32.
Resumo
A sustentabilidade das atividades agropecuárias está diretamente ligada às características
físicas e químicas do solo, que é a base de todo sistema de produção. O presente trabalho foi desenvolvido em propriedades rurais da região da Faz. Sobradinho, município
de Uberlândia-MG. Foram realizadas amostragens de solo para caracterizar física e quimicamente os solos das propriedades da região da Faz. Sobradinho e identificados os
produtores através de aplicação de questionário entre os meses de agosto a dezembro de
2012. Os resultados mostraram que apesar do manejo adotado nas áreas das propriedades, este não influenciou a densidade do solo. Com os resultados das analises químicas,
pode-se recomendar a adubação química nas áreas de pastagens dos produtores, uma
vez que foi identificado, que a maioria destes não recebia nenhum tipo de assistência
técnica e não faziam o manejo corretos das áreas de produção.
Palavras-chave: Solos. Características físicas. Características químicas. Amostragem de
solo.
Introdução
A sustentabilidade das atividades agropecuárias está diretamente ligada
às características físicas e químicas do solo, que é a base de todo sistema de produção. Os solos de cerrado são caracterizados por apresentarem elevada acidez,
baixo teor de matéria orgânica e baixa capacidade de troca catiônica. Condições
estas, insatisfatórias para a utilização do solo para fins agrícolas. Atualmente, o
uso da tecnologia permite reverter às condições indesejáveis do solo tornando-o
mais produtivo às culturas e, permitindo uma exploração mais sustentável da
atividade agropecuária. Estas tecnologias permitem o incremento em produtividade, evitando assim a necessidade do desmatamento e a ocupação de novas
áreas, além de diagnosticar seu grau de fertilidade, sua capacidade de armazenar
água, suas condições físicas, e demais parâmetros a fim de avaliar suas potencialidades e necessidades para um melhor aproveitamento.
Os solos minerais são constituídos por uma mistura de partículas sólidas
de natureza mineral e orgânica, ar e água, formando um sistema trifásico, sólido, gasoso e líquido.
A definição de um solo fisicamente ideal é difícil devido ao tipo e natureza das variações físicas dos solos que ocorrem ao longo da profundidade do solo,
na superfície da paisagem e ao longo do tempo. Um exemplo clássico refere-se
ao suprimento de água e ar que variam continuamente junto com os ciclos de
umedecimento e secagem, que ocorrem com a alternância de chuva e estiagem.
Um solo é considerado fisicamente ideal para o crescimento de plantas quando
apresenta boa retenção de água, bom arejamento, bom suprimento de calor e
pouca resistência ao crescimento radicular. Paralelamente, boa estabilidade dos
agregados e boa infiltração de água no solo são condições físicas.
Os valores normais para solos arenosos variam de 1,2 a 1,9 g cm-3,
enquanto solos argilosos apresentam valores mais baixos, de 0,9 a 1.7 g cm-3.
Valores de Ds associados ao estado de compactação com alta probabilidade
de oferecer riscos de restrição ao crescimento radicular situam-se em torno de
1,65 g cm-3 para solos arenosos e 1,45 g cm-3 para solos argilosos. A determinação da Ds é relativamente simples e baseia-se na coleta de uma amostra de
solos de volume conhecido e com estrutura preservada com técnicas diversas,
incluindo coleta de solo em cilindros, torrão ou feito diretamente no campo
por escavação.
Para a fertilização de pastagem, deve-se considerar duas etapas, a instalação e a manutenção.
No estabelecimento, os nutrientes são necessários para que as plantas
cresçam e desenvolvam seus sistemas radiculares e demais órgãos, sendo o fósforo (P) o elemento mais importante. Na manutenção das pastagens, as plantas
com sistema radicular desenvolvido, exploram um solo relativamente grande
de solo.
Assim o presente trabalho objetivou conscientizar os produtores rurais da
região do Sobradinho, sobre a importância do conhecimento das características
químicas e físicas do solo para o uso e manejo correto destes para as atividades
agrícolas.
Além desse objetivo principal tínhamos como objetivos ainda:
1) Identificar as propriedades que compõem a região do entorno da Fazenda Sobradinho;
2) Mapear as características físicas do solo da região do Sobradinho;
3) Avaliar a compactação dos solos das propriedades vizinhas ao IFTM;
22
4) Identificar as características químicas do solo da região do Sobradinho;
5) Agrupar os dados obtidos conforme as características encontradas;
6) Exposição dos resultados obtidos aos produtores da região;
7) Elaborar plano de ação visando à adequação das propriedades no que diz
respeito às características químicas e físicas;
8) Apresentação de proposta de recuperação de áreas aos produtores.
Desenvolvimento
Os alunos envolvidos no projeto foram responsáveis por auxiliar na identificação das propriedades rurais onde as amostras foram coletadas. Auxiliaram
e aprenderam a realizar a amostragem de solo, assim como realizaram análises
físicas e tabularam os dados dos resultados das análises físicas e químicas, elaborando um plano de ação na recomendação de calcário e adubos. Os alunos
auxiliaram na organização de resumos para apresentação em eventos, seminários, etc.
Inicialmente a equipe se reuniu para definir as atribuições de cada membro dentro do projeto, após essa reunião inicial, encontros semanais foram organizados a fim de acompanhar todas as atividades desenvolvidas. O aluno teve
durante todo o projeto o acompanhamento do professor coordenador, auxiliando-o nas atividades propostas.
Os alunos tiveram a oportunidade de conhecer a realidade dos pequenos
produtores da região do Sobradinho, assim como a própria região onde o IFTM
está inserido, conhecendo suas particularidades.
Do contato com os produtores, os alunos puderam conhecer as atividades desenvolvidas pelos mesmos e as dificuldades por eles encontrada, principalmente com relação à assistência técnica, uma vez que de todos os produtores
visitados, apenas um relatou que já teve assistência técnica.
Material e Métodos
Inicialmente, foi elaborado um questionário para avaliar e identificar os
produtores que iriam participar do projeto. Os alunos bolsistas ficaram responsáveis pela elaboração do questionário e aplicação do mesmo, que foi feita no
primeiro contato com os produtores rurais.
Logo em seguida da aplicação do questionário, os produtores identificavam as áreas onde seriam realizadas as amostragens de solo.
23
As amostragens e as quantidades de foram padronizadas, sendo que para
cada 10 hectares de terra, foi retirada uma amostra para a caracterização física
(textura) e uma amostra para análise química. A amostra para análise química
era uma amostra composta, que erá constituída por oito amostras simples, retiradas na profundidade de 0-20 cm, que eram homogeneizadas para compor
a amostra composta. A amostragem de solo foi realizada com auxilio de trado
tipo Holandês, e para as análises físicas foi utilizado um amostrador de solo,
para amostras indeformadas.
As amostras simples eram coletadas em zigue-zague, e em talhões homogêneos, após a coleta, era acondicionada em baldes plásticos, homogeneizadas e
retirada a amostra composta que seria enviada ao laboratório.
Na análise química foram avaliados: pH, P, K, Ca, Mg, Al, M.O. SB, V
e CTC. O número máximo de amostras coletadas por propriedade variou em
função do tamanho da mesma, variando de 2 a 10 amostras por propriedade.
A metodologia adotada para realização da análise de textura foi o método
da pipeta de Day (1965), Gee e Bauder (1986). Para as demais análises físicas
a metodologia adotada foi a preconizada pela Embrapa (1997). Para as analises
químicas a metodologia adotada foi a da Embrapa (1999).
Resultados e Discussão
De acordo com os resultados apresentados na tabela 1, de média de densidade do solo nas propriedades visitas, de maneira geral, as áreas amostradas
apresentaram densidade de solo dentro dos padrões para áreas de solo de textura
argilosa, sendo que as mesmas variaram de 1,22 a 1,42 g cm3.
Tabela 1. Média de densidade do solo, nas propriedades visitadas
da região da Faz. Sobradinho, Uberlândia-MG, 2012.
Propriedade
1
2
3
4
Média de Densidade do solo (g/cm3)
1,22
1,21
1,37
1,42
Estes resultados demonstram que apesar da maioria dos produtores, não
realizarem o manejo adequado nas áreas, pois grande parte deles tem as áreas produtivas das propriedades destinadas à pastagem e as mesmas não serem renovadas,
a densidade ainda sim se mostrou dentro dos padrões de solos das áreas.
24
De acordo com Bowen (1981), para solos argilosos, o valor de densidade
que pode ser considerado crítico quando em estado de capacidade de campo é
de 1,55 Mg m-3.
De acordo com Albuquerque, Sangol e Ender. (2001), em sistemas de
integração lavoura-pecuária, a presença de raízes de gramíneas melhoram a estrutura do solo, amenizando o impacto do pisoteio.
Vários trabalhos demonstram que o tipo de exploração agrícola afeta alguns atributos físicos de solo (ANJOS et al., 1994; ALBUQUERQUE et al.,
1995; ANDREOLA et al., 2000).
Com relação às características químicas analisadas nos solos das propriedades
visitadas foram analisadas os valores de pH em H2O, Ca, Mg, K, SB, V% e m%.
Analisando o pH em H2O, pode-se observar que este variou de 4,6 a 6,6,
ou seja, de acidez considerada elevada a fraca, sendo que a maioria dos solos
apresentaram pH em torno de 5,2, o que para pastagem não é considerada
acidez elevada.
Com relação à saturação por bases (V%), notou-se que em média esta variou
de 8 a 60 %. Assim, foi recomandado aos produtores que fosse realizada calagem para
elevar a saturação por bases para 30-35% nos casos em que a pastagem era de espécies
pouco exigentes como a Brachiaria decumbens, B. ruziziensis e B. humidicola.
Para tanto, foi utilizada a fórmula de necessidade de calagem expressa
abaixo, sendo T a CTC efetiva a pH 7,00; V, a saturação por bases; SB a soma
de bases e f a relação 100/PRNT do calcário.
N.C (t/ha) = [(Tx V%)] – SB x f
O teor de P, encontrado em todas as áreas analisadas foi considerado
baixo ou muito baixo para o teor de argila dos solos. Os teores variaram
de 1,1 a 4,0 mg dm-3, considerado muito baixo, ou baixo para as especies
pouco exigentes.
Com relação a recomendação de adubação, como a recomendação foi
para a manutenção das pastagens e para evitar a degradação, foi recomendado
aplicar em cobertura o nitrogênio (N) e o fosforo (P) na dose de 40kg/ha/ano
de N e 20kg/ha de P2O5 a cada dois anos, na forma de fosfato solúvel, como o
adubo superfosfato simples (SSP), monoamonio fosfato (MAP) ou superfosfatotriplo (TSP). Quanto ao potássio (K) foi recomendado aplicar 50 kg/ha de
K2O, quando o teor de K no solo cair para menos de 30 mg dm-3 de uma fonte
25
potássica como o cloreto de potássio (KCl), que a o adubo potássio mais disponível no mercado . E a reposição de 20kg/ha de enxofre, como gesso, ou em
conjunto com uma das fontes de N e P, também é importante.
A fonte de N recomendada para as áreas de textura argilosa e para a estação chuvosa foi a Uréia, o pois evita-se assim a perda do N por volatilização.
A recomendação de calagem para manutenção é importante quando os
teores de V% cair para 20 a 30% para as espécies pouco exigentes como a Brachiaria decumbens, B. ruziziensis e B. humidicola.
A adubação fosfatada e os demais nutrientes foi recomendada para ser feita
logo no início da estação chuvosa, exceto o nitrogênio que deve ser aplicado no
final da estação chuvosa, em função das perdas que podem acontecer. O calcário
pode ser feito ainda no periodo seco, para favorecer sua reação no solo, quando do
início das chuvas, preparando o mesmo para receber as adubações recomendadas.
O incremento em produtividade de uma área é uma condição que desfavorece a ocupação de novas áreas, através do desmatamento, reduzindo também a perda
de solos por processos erosivos. Com uma melhor produtividade o produtor terá
uma maior rentabilidade o que favorecerá a sua permanência no meio rural.
Considerações finais
Este trabalho apresentou uma primeira etapa à assistência que se pretende dar aos pequenos produtores da região da Faz. Sobradinho, pois se notou que dentre os produtores visitados, a assistência a produção quase nunca
existiu, e com recomendações básicas de calagem e adubação, pode-se evitar o
manejo errôneos nas áreas e consequentemente aumentar a produtividade das
pastagens, que é a atividade mais praticada na região, que se destina basicamente a produção de gado de leiteiro e de corte.
Buscou-se ainda orientar os produtores com relação às formas corretas
de correção e fertilização dos solos, e em como poderão utilizar forma mais
racional os solos da propriedade, possibilitando assim maiores rendas e menor
impacto destas atividades no ambiente onde estão inseridos.
Notas
29
Professor do curso de Engenharia Agronômica. [email protected].
30
Professor do curso de Engenharia Agronômica. [email protected].
31
Técnico em Agropecuária. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012.
32
Técnico em Agropecuária. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012.
26
Referências
ALBUQUERQUE, J.A. et al. Rotação de culturas e sistemas de manejo do solo: efeito
sobre a forma da estrutura do solo ao final de sete anos. R. Bras. Ci. Solo, v.19, p.115119, 1995.
ALBUQUERQUE, J.A.; SANGOI, L.; ENDER M. Efeitos da integração lavoura-pecuária nas propriedades físicas do solo e características da cultura do milho. R. Bras. Ci.
Solo, v.25, p.717-723, 2001.
ANDREOLA, F.; COSTA, L.M.; OLSZEVSKI, N.; JUCKSCH, I. A cobertura vegetal
de inverno e a adubação orgânica e, ou, mineral influenciando a sucessão feijão/milho.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.24, p.867-874, 2000.
ANJOS, J.T. et al. Propriedades físicas em solos sob diferentes sistemas de uso e manejo. R. Bras. Ci. Solo, v.18, p.139-145, 1994.
BOWEN, H.D. Alleviating mechanical impedance. In: ARKIN, G.F.; TAYLOR, H.M.
(Eds.) Modifying the root environment to reduce crop stress. St. Joseph, American
Society of Agricultural Engineers, 1981. p.18-57. (ASAE Monograph, 4).
DAY, P.R. Particle fractionation and particle size analysis .C.A. Black (Ed.), Methods of
soil analysis, American Society of Agronomy, Madison,1965. p. 545–567.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Centro
Nacional de Pesquisa de Solos. Manual de métodos de análise de solo. 2.ed. Rio de
Janeiro, 1997.212p.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Centro
Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Rio de
Janeiro,1999. 412p.
GEE, G.W.; BAUDER, J.W. Particle size analysis. S. Klute (Ed.), Methods of soil analysis, American Society of Agronomy, Madison.1986, p. 383–411.
27
Projeto Impacto do Núcleo de Extensão Universitária:
Núcleo de Estudos para Produção de Alimentos
Seguros – NEPAS, na Qualidade de Alimentos
Preparados e Comercializados por Ambulantes
Deborah Santesso Bonnas33. Elaine Alves dos Santos34. Fernanda Raghiante35. Letícia Vieira
Castejon36. Pedro Alves Martins37. Thiago Taham38. Adriana Souza39. José Maria Lamanes
dos Santos Filho40. Sabrina Silva Arantes41. Thamara Roberta Pereira da Silva42.
Resumo
Alimentos de rua despertam maior suspeita quanto à sanidade, devido à forma peculiar
de produção armazenamento e comercialização, fugindo de vários aspectos observados nas
boas práticas de fabricação. Esta questão pode estar associada ao pouco conhecimento dos
ambulantes sobre noções básicas de boas práticas de fabricação. Neste contexto o presente
projeto teve como intuito realizar um diagnóstico do perfil higiênico-sanitário dos ambulantes que comercializam alimentos em Uberlândia-MG a fim de direcionar ações educativas quanto à produção e comercialização de alimentos seguros. O trabalho foi desenvolvido
com ambulantes da Feira da Gente em sua integralidade, além de proporcionar a capacitação de servidores do refeitório do IFTM Câmpus Uberlândia e comunidade externa. Todos
os 17 ambulantes que atuam na feira foram convidados a participar do Projeto. Desses 11
aceitaram participar e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Seus pontos
de venda foram avaliados por meio de uma ficha de inspeção higiênico-sanitária envolvendo
questões sobre 1. Práticas de preparação, 2.condições ambientais e higiênicas de materiais e
utensílios, 3.perfil dos vendedores ambulantes e 4.controle de qualidade do ponto de venda
dos alimentos. Obteve-se um índice médio de não conformidades de 61% contra 35% de
itens conformes. Os resultados demonstram a necessidade da capacitação dos ambulantes
bem como auxiliá-los na adequação as Boas Práticas. Além dos ambulantes da Feira da Gente foram capacitadas mais 30 pessoas entre colaboradores do IFTM e comunidade externa.
Palavras-chave: Boas Práticas de Fabricação. Alimentos de rua. Ambulantes.
Introdução
A articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão é fundamental no
processo de produção do conhecimento, pois permite estabelecer um diálogo entre o conhecimento científico relacionando-o à realidade social. Neste
cenário encontra-se nas atividades de extensão a oportunidade onde futuros
profissionais possam traduzir para o campo operativo os conhecimentos que as
instituições de ensino superior vêm produzindo.
No IFTM Câmpus Uberlândia, observou-se que, embora o curso superior de tecnologia em alimentos propicie a formação de profissionais preparados para atuar na produção de alimentos seguros, o curso tem despertado nos
alunos a vontade e a necessidade de compartilhar os conhecimentos adquiridos
na academia junto à comunidade que atua na área de alimentos, mas que em
função da informalidade e falta de condições financeiras não tem acesso às informações e capacitação necessária para tal atividade.
Apesar de obrigatória a adoção dos requisitos básicos de boas práticas,
observa-se que boa parte dos serviços de alimentação ainda não segue os princípios estabelecidos na RDC 216/04 (BRASIL, 2004). Parcerias com a vigilância
sanitária e órgão competentes, incentivos às empresas seguidoras do manual de
boas práticas, a aproximação clientes e manipuladores de alimentos são ações
que possibilitam desenvolver estratégias para manter a inocuidade em todos os
processos de produção de alimentos. Dessa forma a atuação do Instituto, em
parceria com a Vigilância Sanitária do Município para a oferta de cursos na área
de higiene na manipulação dos alimentos, bem como as consultorias tecnológicas na área de produção de alimentos seguros vem de encontro ao anseio da
sociedade.
Dessa concepção surgiu o NEPAS – Núcleo de Estudos para a Produção
de Alimentos Seguros, com o objetivo de contribuir para a melhoria da qualificação dos profissionais e consequentemente da qualidade dos produtos alimentícios produzidos e manipulados por ambulantes por meio da oferta de cursos
de Segurança Alimentar na Manipulação de Alimentos. O projeto visa permitir
aos alunos do curso superior de Tecnologia em Alimentos, atuarem junto a
pequenos empresários e ambulantes informais por meio da oferta de cursos
de qualificação assim como propiciar a consultoria tecnológica pelo repasse e
desenvolvimento de tecnologias em situações que necessitam ser ajustadas a
legislação, mas que devem manter características culturais e regionais como em
alguns alimentos chamados “alimentos de rua”.
A Coordenação do Projeto, juntamente a Coordenação do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos, no inicio do ano de 2012, convidou professores e técnicos interessados para apresentação da proposta. Nesse momento
houve a adesão de quatro (4) professores das áreas de microbiologia de alimentos, higiene e segurança alimentar, conservação dos alimentos e nutrição e
uma técnica de laboratório responsável pelos laboratórios de processamento de
carnes e laticínios. Em agosto de 2012 foram selecionados quatro bolsistas do
curso e nesse mesmo mês iniciou-se a primeira etapa do projeto durando até
dezembro de 2012. Em função da excelente repercussão e procura pelo projeto,
30
tanto por parte dos alunos, quanto pela comunidade, em 2013 propôs-se a sua
continuidade e, atualmente, ele conta com a equipe de professores, técnicos,
três novos bolsistas e uma aluna voluntária.
O projeto tem atendido a pequenos empresários e ambulantes informais.
Os ambulantes, o setor de produtos alimentícios, que engloba doces caseiros, salgados, quitandas, tem assumido grande importância, estando em segundo lugar
no ranking do número de ambulantes identificados no município de Uberlândia.
Nesse item, as condições de higiene e manutenção do alimento em condições
ideais para consumo não atendem plenamente às exigências, em virtude da dificuldade de se ter equipamentos apropriados na via pública. Outro problema
detectado é a capacitação desses ambulantes para essas atividades. Pesquisas realizadas na avaliação da escolaridade dos ambulantes indicaram prevalecem o ensino
fundamental (48%) e médio (38%), e ainda sem nenhuma profissão anterior, ou
seja, pessoas que concluíram uma escolaridade básica, mas não buscaram cursos
técnicos ou de qualificação voltados para um segmento do mercado formal, encontrando na informalidade uma saída para a manutenção financeira.
Nos cursos também são ofertadas vagas para os manipuladores de alimentos que atuam no refeitório do IFTM Câmpus Uberlândia a fim de contribuir para a melhoria da qualidade dos alimentos preparados e consumidos por
servidores e alunos da Instituição.
Assim por meio do NEPAS objetivou-se promover a inclusão social de
jovens e adultos trabalhadores, garantindo-lhes acessibilidade à qualificação
profissional, em higiene dos alimentos no âmbito de uma proposta pedagógica
favorecedora de cidadania e senso e crítico de bem estar social.
Desenvolvimento
Após a seleção ficou definido que cada um dos bolsistas seria acompanhado por um dos professores da equipe. O trabalho de visita aos ambulantes e
divulgação dos cursos foi realizado em conjunto. O curso foi dividido em tópicos e os alunos, por afinidade ao assunto, decidiram qual parte iriam ministrar
juntamente com os professores responsáveis.
Em uma primeira parte, o estudo foi realizado com ambulantes que atuam na venda de alimentos na Feira da Gente em Uberlândia – MG. A Feira
acontece aos domingos das 8h às 17h na Praça Sérgio Pacheco, no centro de
Uberlândia, na qual são comercializados diversos tipos de artesanatos, comidas
típicas brasileiras, doces e bebidas. A Feira conta com 17 barracas fixas de venda
de alimentos. O fluxo de pessoas no local é de aproximadamente 3500 pessoas
e mais de 1000 refeições são servidas aos domingos. A Feira é conhecida como
ponto cultural da cidade.
31
Os ambulantes foram convidados para uma reunião de sensibilização
na qual foi feito o convite para participação no trabalho. Todos os vendedores
ambulantes de alimentos localizados na Feira da Gente que aceitaram participar
e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) foram incluídos e tiveram seus pontos de venda avaliados com a utilização da ficha de inspeção higiênico-sanitária. A ficha foi desenvolvida a partir do Check List da RDC
275/2002 (BRASIL, 2002) e da ficha adaptada para ambulantes de Mallon e
Bortolozo (2004). O preenchimento da ficha de inspeção higiênico-sanitária
teve como objetivo obter informações sobre práticas de preparação, condições
ambientais e higiênicas de materiais e utensílios, perfil dos vendedores ambulantes e controle de qualidade do ponto de venda dos alimentos de rua.
A avaliação das condições higiênico-sanitárias dos pontos de venda foi
realizada de acordo com a soma dos itens considerados apropriados para o consumo / comercialização, e em seguida foi feito uma regra de três para pontuar
a porcentagem dos itens em conformidade. Os resultados das condições higiênico-sanitárias foram classificados de acordo com percentual de itens considerados apropriados para consumo / comercialização de alimentos, conforme
estabelecido na lista de verificação adapta para ambulantes por Mallon e Bortolozo (2004):
Grupo 1 - 76 a 100% de atendimento dos itens (BOM);
Grupo 2 - 51 a 75% de atendimento dos itens (REGULAR);
Grupo 3 - 0 a 50% de atendimento dos itens (RUIM).
Após o diagnóstico inicial foram realizados três (3) cursos de capacitação
de 40h de Responsável Técnico pela Manipulação de Alimentos em Serviços de
Alimentação – RDC 216/2004 entre outubro e dezembro de 2012. A primeira
exclusivamente para ambulantes da Feira da Gente, desenvolvida na Oficina
Cultural em Uberlândia, situada na Praça Clarimundo Carneiro, n° 204, no
período noturno, a segunda voltada para atendimento aos servidores envolvidos no serviço de alimentação do Câmpus e demais interessados da comunidade do Sobradinho, realizado no Câmpus Uberlândia no período vespertino e
uma última capacitação que atendeu a ambulantes da Feira que não puderam
participar da primeira capacitação e interessados da comunidade externa
a qual foi oferecida no período noturno inicialmente na Oficina Cultural e
encerrando-se no Câmpus Uberlândia Centro, na Av. Blanche Galassi n° 150.
Todos os 17 ambulantes que atuam na feira foram convidados a participar do Projeto. Desses 11 aceitaram participar e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Seus pontos de venda foram avaliados por meio de
uma ficha de inspeção higiênico-sanitária envolvendo questões sobre 1.Práticas
de preparação, 2.Condições ambientais e higiênicas de materiais e utensílios,
32
3.Perfil dos vendedores ambulantes e 4.Controle de qualidade do ponto de
venda dos alimentos.
Figura 1 - Percentuais de conformidades e não conformidades em
Boas Práticas de Fabricação do Comércio Alimentos por Ambulante
na Feira da Gente - Uberlândia MG - ( B= Barraca)
Obteve-se um índice médio de não conformidades de 61% contra 35%
de itens conformes (Figura 2). Os maiores níveis de não conformidades referiram-se ao tópico 2, condições ambientais e higiênicas de materiais e utensílios,
apresentando 81% de itens não conformes.
Os resultados foram inferiores aos apresentados por Mallon e Bortolozo
(2004) avaliando ambulantes de Ponta Grossa - PR, os quais obtiveram a classificação geral dos pontos de venda os seguintes valores: 75% ruim, 20,8% regular e 4,2% bom. No presente estudo nenhum dos estabelecimentos avaliados
foi classificado como regular ou bom.
Figura 2 - Percentual médio de conformidades as Boas Práticas de Fabricação do
Comércio de Alimentos por Ambulante na Feira da Gente – Uberlândia, MG
33
Após o diagnóstico foi desenvolvido o treinamento com finalidade de
melhorar o processo de produção dos alimentos. O material utilizado como
base foi a apostila da Vigilância Sanitária (ANVISA, 2011) preparada com fundamentação na legislação em estudo, RDC 216/2004. Alguns tópicos foram
desenvolvidos exclusivamente pelos bolsistas e alguns contaram com a participação dos professores e da técnica envolvida. A parte prática, elaboração do
Procedimento Operacional Padronizado e do Manual de Boas Práticas foi ministrada pela equipe em conjunto.
Após cada curso foi aplicado um questionário de avaliação de Boas Práticas, a qual abordou os seguintes itens:
Noções de Microbiologia
Hábitos Higiênico-Sanitários e Higiene Pessoal
Boas Práticas de Fabricação.
Os resultados foram superiores a 60% de aproveitamento indicando a
efetividade do treinamento desenvolvido.Embora o resultado das avaliações
aplicadas tenha sido satisfatório é de fundamental importância que sejam realizados trabalhos de reciclagem de conhecimento garantindo assim a produção
de alimentos seguros que não ofereçam riscos a saúde dos consumidores.
Considerações Finais
A avaliação do projeto se deu em duas modalidades:
Pelo público alvo: Os participantes receberam os resultados das avaliações realizadas para identificar os conhecimentos agregados em relação às
boas práticas ao final de cada atividade.
Pelos bolsistas da equipe: ao final do projeto os bolsistas foram solicitados a preencher um questionário de avaliação da atividade.
Os estabelecimentos avaliados também receberam o relatório de cada
uma das avaliações de acordo com RDC 275/2002.
Desse questionário destacam-se alguns aspectos relevantes. Em 100%
dos questionários a resposta foi SIM quando perguntados se - Esta ação de extensão lhe permitiu articular sua formação acadêmica com sua futura prática
profissional? A mesma resposta foi dada para a questão – Sua participação nesta ação de extensão lhe ofereceu oportunidade de refletir sobre sua formação
acadêmica?
34
Outro aspecto positivo foi observado quando questionados se: Este Projeto alcançou os objetivos pretendidos? Todos os avaliados responderam SIM.
Portanto conclui-se que o projeto alcançou os objetivos propostos oportunizando a ampliação dos conhecimentos práticos dos alunos, mas também de
toda a equipe de docentes e técnicos envolvidos, por meio da realização dessa
atividade envolvendo o Ensino, a Pesquisa e a Extensão, e assim promovendo o
diálogo entre o Instituto e a Comunidade.
Notas
33
Doutora em Ciência dos Alimentos. Professora do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos. Coordenadora. E-mail:
[email protected].
34
Tecnóloga em Alimentos. Técnica em laboratório de agroindústria. [email protected].
35
Professora MSc do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos . [email protected].
36
Professora MSc do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos. [email protected].
37
Professor Especialista do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos. [email protected].
38
Professores do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos . [email protected].
39
Graduando em tecnologia de Alimentos Bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].
40
Graduando em tecnologia de Alimentos Bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. zé[email protected].
41
Graduando em tecnologia de Alimentos Bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].
42
Graduando em tecnologia de Alimentos Bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected]
Referências
ANVISA. Cartilha sobre Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Brasília. DF: Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. 2011. Disponível em:<
http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/alimentos/cartilha_gicra_final.pdf>. Acesso
em: dez 2011.
BRASIL. Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados e aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas
Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos. D.O.U. de 06/11/2002. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2012.
_______. Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Brasília, DF: Diário
Oficial da União,16 set. 2004.
35
MALLON, Carolina; BORTOLOZO, Eliana A. F. Q. Alimentos comercializados por
ambulantes: uma questão de segurança alimentar. Publ. UEPG Ci. Biol. Saúde, Ponta
Grossa, v.10, n. 3/4, p. 65-76, set./dez. 2004.
36
Microbiologia Aplicada à Agroindústria Familiar e a
Pequenos e Médios Produtores de Uberaba e Micro-Região
Elaine Donata Ciabotti43. Cíntia Cristina de Oliveira44. Valdair Josino Carvalho Landim45. Luiz Otávio
de Queiroz Vieira46. Valquíria Pereira da Silva47. Simone Cristina de Oliveira48. Tuane Mendes Moreira49.
Cristiana Santos Rodrigues50. Juliana Marques de Oliveira51. Luciene; Lacerda Costa52. Gabriel Antônio
Nogueira Nascentes53. Marlene Jerônimo54. Giovane Tonelli55. Carlos Antônio Alvarenga Gonçalves56.
Resumo
Produtores da agroindústria familiar e das pequenas e médias agroindústrias da micro
-região de Uberaba necessitavam da verificação da qualidade microbiológica de seus
produtos. O Serviço de Inspeção Municipal realizou o contato entre esses produtores
e o IFTM – Câmpus Uberaba. Compartilhar experiências com pequenos produtores
e assentamentos que trabalham com produção alimentar na comunidade Uberabense,
foi o objetivo geral desse projeto. Foram realizadas 87 análises de 40 produtos de origem animal, incluindo também as águas utilizadas pelas indústrias. Foram visitadas
14 indústrias, nas quais o principal problema enfrentado são a qualidade da água e a
educação para a higiene, o que levou a equipe do projeto a preparar um curso de higiene
para manipuladores de alimentos a ser oferecido em 2013 e realizar levantamento de
métodos convencionais e alternativos de tratamento da água. O contato com produtores e a verificação de sua realidade e dificuldades, assim como levar a microbiologia ao
alcance da pequena indústria foi uma experiência enriquecedora para alunos, professores, profissionais do Serviço de Inspeção Municipal e produtores.
Palavras-chave: Microbiologia de alimentos. Agroindústria familiar. Qualidade de alimentos. Inspeção municipal.
Introdução
O contato com a comunidade produtora é uma experiência de valor inestimável para alunos e professores. Permite a vivência e aplicação dos conhecimentos adquiridos no curso, no caso o de Tecnologia de alimentos, mais especificamente da Microbiologia, nos processos de aquisição de matéria-prima,
produção, armazenamento e comercialização de alimentos.
O objetivo geral do projeto “Microbiologia aplicada à agroindústria familiar e a pequenos e médios produtores de Uberaba e micro-região” desde
sua elaboração e até o final de sua execução foi compartilhar experiências com
pequenos produtores e assentamentos que trabalham com produção alimentar
na comunidade Uberabense. Os objetivos específicos foram:
1) Emitir resultados de análises microbiológicas preventivas em pelo menos
3 amostras (matéria-prima, amostras de equipamentos, ambientes e manipuladores) por semana provenientes da agricultura familiar, da produção alimentar local de assentados e pequenos produtores agroindustriais;
2) Orientar o público alvo para a melhoria da qualidade microbiológica da
matéria-prima e dos produtos finais baseando-se nos resultados das análises, atendendo cada produtor separadamente de acordo com a condição
específica, em seu local de trabalho, facilitando o acesso às informações
necessárias ao fornecimento de um alimento seguro para a população.
3) Treinar grupos de alunos em análises microbiológicas, intensificando suas práticas de laboratório, promovendo maior segurança na realização das mesmas.
4) Divulgar o Curso de Tecnologia de Alimentos e situar o profissional Tecnólogo em Alimentos no contexto produtivo.
5) Visitar diferentes instalações agroindustriais, verificando as diversas possibilidades de implantação e ao mesmo tempo visualizando as vantagens
e dificuldades do seu funcionamento.
Material e Métodos
O contato de alunos e professores com o seguimento produtivo foi facilitado pela Prefeitura Municipal de Uberaba, através do Serviço de Inspeção
Municipal, que foi o elo responsável pela parceria IFTM – Comunidade, permitindo que o trabalho fluísse de forma mais rápida. As análises eram realizadas
semanalmente e seguiam sempre o mesmo ritual:
Coleta das amostras através do Serviço de Inspeção Municipal (SIM);
Recepção das amostras;
Preparação e esterilização de materiais, meios de cultura e vidrarias para
as analises;
Realização das análises (SILVA et al., 2007);
Elaboração dos laudos (BRASIL, 2001);
Reunião técnica para discussão e comparação com padrão estabelecido
pela legislação: BRASIL (1997); (BRASIL, 201a) e (BRASIL, 2011b);
Descarte e esterilização de materiais contaminados;
38
Reuniões e visitas semanais com produtores.
Resultados e discussão
Foram realizadas 87 análises de 40 produtos de origem animal, incluindo
também água utilizada pelas indústrias, obtendo os seguintes resultados constantes na Tabela 1.
Em 90% dos casos, o resultado estava dentro dos padres microbiológicos
aceitáveis para a comercialização dos produtos. De acordo com os resultados e com
a visita para verificação in loco das condições da indústria e ainda das entrevistas
realizadas, os produtores que não conseguiam atingir o padrão microbiológico mínimo tinham dois problemas básicos: higiene do manipulador e qualidade da água.
Assim, foi montado um curso de Higiene na manipulação de alimentos
a ser executado no ano de 2013 para todos os produtores que fazem parte da
abrangência do Serviço de Inspeção Municipal (SIM).
Tabela 1. Produtores, produtos e análises realizadas nas
pequenas e médias agroindústrias de Uberaba.
Produtor e data da visita
Produto
Análises realizadas
Coliformes
totais e termotolerantes;
Leite Pasteurizado
Art Queijos Industria e
Aeróbios Mesófilos e Samonella
Comércio LTDA - SIM:
Coliformes totais e termotolerantes;
208
Queijo Minas Frescal Staphilococcus
coagulase positiva e Samonella
05/09/2012
Água da indústria
Coliformes totais e termotolerantes
Coliformes totais e termotolerantes;
Leite Pasteurizado
Aeróbios Mesófilos e Samonella
Dona Delmi - SIM: 215
Queijo
Minas
Coliformes
totais e termotolerantes;
12/09/2012
Padrão
Staphilococcus coagulase positiva e Samonella
Água da indústria
Coliformes totais e termotolerantes
Coliformes
totais e termotolerantes;
Leite Pasteurizado
Aeróbios Mesófilos e Samonella
Rincão - Andre Fontoura
Terra Bento, SIM 214 Queijo Minas Frescal
Coliformes totais e termotolerantes;
26/09/2012
Staphilococcus coagulase positiva e Samonella
Água da indústria
Coliformes totais e termotolerantes
Frango Congelado
Fazenda e Frigorifico
Coliformes totais e termotolerantes
Picado com miúdos
Frango Feliz - SIM 112
03/10/2012
Água da indústria
Coliformes totais e termotolerantes
Leite de Búfala
Coliformes totais e termotolerantes;
DANDARA MILK
Pasteurizado
Aeróbios Mesófilos e Samonella
- Ricardo Alves Bento – Mussarela de leite de
Coliformes
totais e termotolerantes;
SIM
bufala
Staphilococcus coagulase positiva e Samonella
14/11/2012
Água da indústria
Coliformes totais e termotolerantes
39
Produtor e data da visita
QUEIJARIA SANTOS
REIS SIM: 218
10/10/2012
QUEIJARIA Trança
Trança SIM: 201
07/11/2012
Churrasquinho Uberaba
- Murilio Nascimento M.
E - SIM 107
17/10/2012
Queijos Zebu - SIM 231
28/11/2012
Casa de Carnes Silvano
Industria de Embutidos
Silvano Ltda
22/11/2012
Requeijão Sol Nascente
- Maria dos Reis Adolfo
Pereira - SIM 219
22/11/2012
Frango Carijó CNPJ:
13.036.839/0001-21
Inscrição Estadual:
001.711.230.00-29´
24/10/2012
Produto
Análises realizadas
Coliformes
totais e termotolerantes;
Leite cru
Aeróbios Mesófilos e Samonella
Queijo Minas
Coliformes totais e termotolerantes;
Padrão
Staphilococcus coagulase positiva e Samonella
Água da indústria
Coliformes totais e termotolerantes
Coliformes totais e termotolerantes;
Leite cru
Aeróbios Mesófilos e Samonella
Coliformes
totais e termotolerantes;
Queijo Nozinho
Staphilococcus coagulase positiva e Samonella
Água da indústria
Coliformes totais e termotolerantes
Espeto de Carne
Coliformes totais e termotolerantes e
Bovina
Samonella
Espeto de Carne
Coliformes totais e termotolerantes e
Súina
Samonella
Espeto de Frango
Coliformes totais e termotolerantes e
com bacon
Samonella
Água da indústria
Coliformes totais e termotolerantes
Coliformes totais e termotolerantes;
Leite Pasteurizado
Aeróbios Mesófilos e Samonella
Coliformes
totais e termotolerantes;
Mussarela Cabaça Staphilococcus coagulase
positiva e Samonella
Água da indústria
Coliformes totais e termotolerantes
Coliformes totais e termotolerantes;
Lingüiça Suína pura Staphilococcus coagulase positiva e Samonella
Lingüiça Suína
Coliformes totais e termotolerantes;
Apimentada
Staphilococcus coagulase positiva e Samonela
Água da indústria
Coliformes totais e termotolerantes
Coliformes
totais e termotolerantes e
Requeijão Moreno
Staphilococcus coagulase positiva
Água da indústria
Coliformes totais e termotolerantes
Coliformes totais e termotolerantes,
Lingüiça Suína pura Samonella
e Staphilococcus coagulase positiva
Lingüiça de Frango
Coliformes totais e termotolerantes,
Samonella e Staphilococcus coagulase positiva
Coliformes totais e termotolerantes;
Aeróbios Mesófilos e Samonela
Queijos Zebu - SIM 231
Coliformes
totais e termotolerantes;
22/11/2012
Queijo Nozinho
Staphilococcus coagulase positiva e Samonella
Água da indústria
Coliformes totais e termotolerantes
Coliformes
totais e termotolerantes;
Leite Pasteurizado
Art Queijos Indústria e
Aeróbios Mesófilos e Samonella
Comércio LTDA - SIM:
Coliformes totais e termotolerantes;
208
Queijo Minas Frescal Staphilococcus
coagulase positiva e Samonella
05/09/2012
Água da indústria
Coliformes totais e termotolerantes
Leite Pasteurizado
40
Considerações finais
A microrregião de Uberaba possui agroindústrias de pequeno e médio
porte que a população desconhece. A maioria dessas agroindústrias é familiar,
onde a qualidade dos produtos é muitas vezes superior, pois, a família trabalha com cuidados especiais no próprio negócio. A dificuldade principal é a
educação do manipulador, que em 99% das vezes não tem preparo técnico suficiente para exercer a função. A água do meio rural está muito contaminada e
os produtores desconhecem seus riscos, sua qualidade e ainda os mecanismos
de tratamento dessa água. O bom relacionamento do Serviço de Inspeção
Municipal (SIM) com a comunidade produtora da região é essencial para a
conscientização dos mesmos sobre a importância dos cuidados higiênicos na
produção e aceitação das Tecnologias a serem adotadas e consequentemente
para o sucesso do trabalho de extensão. Ao mesmo tempo o trabalho do Laboratório de Microbiologia do IFTM deu apoio e respaldo ao trabalho do SIM,
comprovando através das análises a qualidade dos produtos, e em alguns casos
as falhas dos mesmos.
Notas
43
Doutora em Agronomia, Professora de Educação Básica, Técnica e Tecnológica. [email protected].
44
Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 05/2012. [email protected].
45
Mestre em Veterinária, Diretor do Serviço de Inspeção Municipal de Uberaba.
46
Médico Veterinário, Veterinário do Serviço de Inspeção Municipal de Uberaba.
47
Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012.
48
Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012.
49
Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012.
50
Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012.
51
Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012.
52
Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012.
53
Doutor em Medicina Tropical e Infectologia. Professor de Educação Básica, Técnica e Tecnológica. [email protected].
54
Doutora em Ciências Farmacêuticas, Professora de Educação Básica, Técnica e Tecnológica. [email protected].
55
Médico Veterinário, Veterinário do Serviço de Inspeção Municipal de Uberaba, Mestrando em Ciência e Tecnologia de Alimentos. [email protected].
56
Doutor em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Professor de Educação Básica, Técnica e Tecnológica. [email protected].
41
Referências
SILVA, Neuseli; JUNQUEIRA, Valéria; SILVEIRA, Neliane. Manual de métodos de
análise microbiológica de alimentos e água. São Paulo,SP: Livraria Varela, 2007.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SVS/MS nº 326, de 30 de julho de 1997:
aprova o Regulamento Técnico sobre “Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos”.
1997. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/search.php>. Acesso:
15/10/2012.
_______. Ministério da Agricultura. Resolução da Diretoria Colegiada Nº12, de 02 de janeiro de 2001: aprova o Regulamento Técnico sobre “Padrões microbiológicos para alimentos”. 2001. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/a 47bab804
7458b9 0 9541d53fbc4c6735/RDC_12_2001.pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em:
10/07/2013.
_______. Portaria n° 2.914 de 12 de Dezembro de 2011. 2011a Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br>. Acesso: 15/10/2012.
_______. Instrução Normativa Nº 62, de 29 de dezembro DE 2011. 2011b. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br>. Acesso: 15/10/2012.
42
Incluir Brincando
Eliane Teresa Borela57. Jeniffer Rocha Gomes58. Luciana Araujo Valle de Resende59. Phelipe Carvalho Silva60.
Resumo
Este trabalho apresenta o relato de experiência do projeto de extensão intitulado Incluir
Brincando, sob o apoio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. Os bolsistas participantes efetuam as atividades do
projeto no laboratório de informática da E. E. Bom Jesus Uberlândia-MG, inicialmente
atendendo os alunos dos 4º e 5º anos do ensino fundamental, objetivando, por meio
da inclusão digital, contribuir com o aprendizado desses alunos nas diversas áreas do
conhecimento trabalhadas pela escola, representando, assim, um suporte para o trabalho dos professores regentes. Trata-se de um projeto de relevância visto que, cada vez
mais, a aquisição do conhecimento passa pelo domínio das novas tecnologias, ficando
excluídos aqueles que não se integram ao processo.
Palavras-chave: Ferramentas computacionais. Avaliação diagnóstica. Computador.
Introdução
O projeto Incluir Brincando tem como objetivo geral proporcionar,
de forma lúdica, aos alunos do ensino fundamental da Escola Estadual Bom
Jesus a possibilidade de ampliar seus conhecimentos nas áreas de informática e demais conhecimentos ofertados pela escola, bem como possibilitar aos
alunos bolsistas do IFTM Câmpus Uberlândia Centro o contato com o universo infantil e suas especificidades. Dentro deste objetivo maior, almejamos:
a) ensinar informática e os conteúdos do currículo escolar de forma lúdica;
b) estimular a aprendizagem de disciplinas de difícil compreensão através
de jogos e outros aplicativos; c) desenvolver a criatividade e a agilidade de
raciocínio; d) propiciar aos bolsistas do IFTM a oportunidade de vivenciar o
cotidiano escolar e as práticas de ensino e, finalmente, elaborar o material a
ser utilizado nas aulas.
Este projeto se justifica sob dois pontos de vista: quanto à sua metodologia e quanto à necessidade premente de colaborar com escolas estaduais na oferta de aulas de informática. Com relação ao primeiro aspecto, vários estudiosos,
dentre eles Piaget e Vygotsky, buscando compreender como a criança aprende
e se desenvolve, defendem a importância do brincar para a formação integral
da criança. Dessa forma, a informática, através de jogos e outros aplicativos,
pode se tornar um excelente aliado dessa aprendizagem. O outro aspecto diz
respeito à falta de pessoas habilitadas para aplicar essa metodologia nas escolas
estaduais. Hoje, a maioria dessas escolas já possui laboratório de informática
e os mesmos são pouco utilizados devido à essa carência de profissionais. Esse
projeto se propõe a minimizar essa necessidade com a inserção dos alunos do
curso de Licenciatura em Computação do IFTM-Câmpus Avançado Uberlândia na aplicação dessa metodologia de incluir as crianças das primeiras séries
do ensino fundamental, tanto no mundo digital quanto no das várias áreas do
conhecimento, brincando.
Desenvolvimento
No início, foi feita uma avaliação diagnóstica para averiguar qual era o
conhecimento dos alunos do 4º e 5º anos sobre informática (em anexo). Na
sequência, os alunos utilizavam a internet para fazer as atividades através de
jogos educativos. Após algumas semanas, houve um problema e alguns computadores deixaram de ter acesso à internet e com isso os bolsistas optaram
por trabalhar atividades pelos programas como koulor paint, editor de texto
e vídeos.
A interação entre bolsistas e alunos da E. E. Bom Jesus foi gradativa.
Alguns alunos são mais acanhados que outros, mas, com o passar dos dias e das
aulas, eles foram se acostumando e participando mais das aulas. E para melhorar esta interação, os bolsistas começaram a participar dos recreios para terem
maior contato com os alunos, jogando carimbada e dançando com eles.
Os bolsistas conversaram com os professores da escola e com os profissionais do núcleo pedagógico sobre o que estava sendo trabalhado em sala de aula
para que o material utilizado fosse coerente com a proposta pedagógica. Fizeram uma reunião com a supervisora para definir os horários a serem trabalhados
com cada turma de forma a não prejudicar o rendimento escolar dos alunos.
A maioria dos professores não tem um conhecimento adequado em informática para auxiliá-los na elaboração de material didático e com isso os bolsistas passaram a ajudar os professores sanando as dúvidas que os mesmo têm.
Devido ao tamanho do laboratório tivemos que dividir as turmas em
dois subgrupos, A e B, que se revezam na realização das atividades propostas em
sala de aula com a professora regente e no laboratório com os bolsistas.
44
Considerações finais
Concluímos que após dois meses de projeto os alunos dos 4º e 5º anos
do ensino fundamental da E. E. Bom Jesus já estão se familiarizando com as
ferramentas utilizadas e com as tecnologias disponíveis para eles na escola e já
conseguem abrir e executar as atividades ministradas. O projeto está possibilitando um maior conhecimento tanto para os alunos e professores da escola
quanto para os bolsistas. Em relação aos primeiros, estes têm desenvolvido, de
forma lúdica e interativa, alguns conteúdos trabalhados em sala de aula, acessado sites, jogos, dentre outros, pela internet; bem como utilizado ferramentas
do sistema Linux (sistema utilizado pela escola). Acreditamos que se todos os
computadores do laboratório de informática tivessem acesso à internet essa evolução seria ainda maior.
Anexo - Avaliação Diagnóstica
Instituição: Escola Estadual Bom Jesus
Professoras coordenadoras:
Bolsistas:
Profa. M.Sc. Eliane Teresa Borela
Jeniffer Rocha Gomes
Profa. M.Sc. Luciana Araujo Valle de Resende
Phelipe Carvalho Silva
Nome:
Turma: ____ ano
Data: ___/___/___
Idade:
Avaliação Diagnóstica
1) Enumere as figuras de acordo com seus nomes.
(1) Monitor
(2)Teclado
(3) Fone de ouvido
(4) Mouse
(5)Gabinete
45
2) Para que serve o item
?
( ) Guardar coisas que eu não quero excluir.
( ) Colocar coisas que não quero mais.
( ) Colocar dados pessoais.
( ) Abrir jogos.
3) Como devo abrir os jogos no computador?
( ) Menu iniciar – todos os programas – jogos.
( ) Menu iniciar – Word- jogos.
( ) Menu iniciar – Paint – jogos.
4) Um dos itens necessários para entrar na internet é:
( ) modem.
( ) fone de ouvido.
( ) caixinha de som.
5) O que eu posso comer perto do computador?
( ) Sanduiche com suco.
( ) Pastel com refrigerante.
( ) Não posso comer perto do computador.
6) O que eu não devo fazer com o computador?
( ) Passar a mão na tela, comer perto e desligar direto da tomada.
( ) Ligar primeiro o estabilizador e deixar limpo.
( ) Não bater no teclado, limpar e não riscar.
7) Complete os espaços com as palavras abaixo.
MONITOR
FONE DE OUVIDO
MOUSEGABINETETECLADO
a)O
é usado para clicar em alguma coisa.
b) Não pode tocar com o dedo na tela do
.
c) Eu uso o
para escutar as músicas.
d) O
serve para digitar textos.
e) O teclado é ligado no
.
46
8) Enumere as opções abaixo de acordo com a sequência correta de ações
para desligar o computador. Coloque “1” para a primeira ação, “2” para
a segunda e “3” para a última.
( ) Apertar o botão “Power”.
( ) Opção desligar.
( ) Clicar no menu iniciar.
( ) Aceitar a opção “Desligar o computador?”.
?
9) Para que servem os botões
( ) Subtração – Inclusão – Multiplicação.
( ) Minimizar – Maximizar – Fechar.
( ) Restaurar – Maximizar – Fechar.
?
10)Para que serve a opção Meu Computador
( ) Para acessar as unidades de disco de nosso computador (HD, Disquete,
CDROM, Pen Drive, etc.).
( ) Para navegar na internet.
( ) Para colocar senhas de acesso em meu computador.
11)Para copiar algo, após selecionar, eu devo:
( ) clicar com o botão direito e selecionar a opção “copiar”.
( ) clicar com o botão esquerdo e selecionar a opção “copiar”.
( ) clicar com o botão esquerdo depois com o direito.
12) Quais são as teclas de atalho para copiar e colar?
( ) Ctrl+ Z e Ctrl+ V
( ) Ctrl+ C e Ctrl+ V
( ) Ctrl+V e Ctrl+A
13) Para que servem as caixinhas de som?
( ) Gravar o som do computador.
( ) Reproduzir os sons do computador.
( ) Só para enfeite.
14)Para que serve a opção “Copiar”?
( ) Para multiplicar o que foi selecionado.
( ) Para apagar o que foi selecionado.
( ) Para salvar o que foi selecionado.
47
15)Para que serve a opção “Recortar”?
( ) Para duplicar o que foi selecionado.
( ) Para deletar o que foi selecionado e colar em outro local.
( ) Somente para deletar o que foi selecionado.
16)Como se deve ligar e desligar o computador?
17)O que você costuma fazer no computador?
18)Como se faz para entrar no site www.iguinho.ig.com.br?
Notas
57
Mestre em Engenharia Elétrica/Rede de Computadores. Profa do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico.
[email protected].
58
Graduanda do curso de Tecnologia em Logística. [email protected].
59
Graduando do curso de Tecnologia em Logística. [email protected]
60
Mestre em Educação. Profa do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico. [email protected].
48
1° Dia de Campo dos Produtores de
Hortaliças do Triângulo Mineiro
Hamilton César de Oliveira Charlo61. Maria Eduarda Berlatto Magnabosco. Lucas Hordones Chaves. Laura Borges Martins.
Rúbia Rejane Ribeiro. Larissa Cristina Silva. Maycon Gabriel de Souza Silva. Fábio da Rosa. Maxwell Elias Martins. Jéssica
Karine da Silva Silveira. Bruna Fukumoto Kobayashi. Rodrigo Pereira Zago. Lilian Nobrega da Silva. Janaína Borges
Oliveira. Danyllo Denner de Almeida Costa. Gabriel Alberto Ceballos. Lidércio Rodriguês dos Santos62. Ricardo Rodrigues
de Oliveira. Celsimar da Silva. Victor Luis Faria Nunes. Geovânia Morais de Rezende. Gabriela Nicolino Rodrigues.
Maria Eduarda Gonçalves Jacob. Marcel Augusto Rocha. Vanessa Aparecida Gomide. João Vitor Leonel Marques63.
Resumo
Este trabalho apresenta o relato de experiência da realização do projeto intitulado “1°
Dia de Campo dos Produtores de Hortaliças do Triângulo Mineiro” aprovado no o
programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012. Este projeto teve como principal
objetivo realizar a montagem de uma área modelo, e através da realização do dia de
campo, proporcionar a pequenos produtores rurais de hortaliças uma nova possibilidade de manejo de doenças e pragas de plantas, utilização de produtos alternativos e utilização de cultivares mais produtivas, com vistas a tornar seus produtos mais atrativos e
economicamente viáveis, para uma rentabilidade maior. Através de trabalhos realizados
no âmbito do IFTM, novas tecnologias serão destinadas a produtores cadastrados pelo
projeto, que receberão desta forma uma consultoria para alcançar resultados com a nova
metodologia de produção de hortaliças, visando atender uma demanda cada vez mais
crescente da população, que são alimentos mais saudáveis, menos tóxicos ao homem e
ao meio ambiente.
Palavras-chave: Extensão Universitária. Dia de Campo. Difusão de Tecnologia. Produção de Hortaliças.
Introdução
A produção de hortaliças é uma atividade de suma para a fixação do agricultor no campo, evitando assim o êxodo rural. Diante do cenário cada vez mais
competitivo, os pequenos produtores têm que se atualizar, procurando novas
técnicas de cultivo, ou ainda técnicas alternativas de cultivo que proporcionem
a produção de hortaliças de alta qualidade, com segurança alimentar, além de
altas produtividades. Para tanto, atualmente são empregadas na olericultura
variedades mais produtivas, além de diversos produtos, como biofertilizantes
e estimuladores naturais de plantas, visando a produção de alimentos mais seguros, além de métodos racionais/alternativos de controle de pragas e doenças,
evitando assim, o uso excessivo de agrotóxicos.
Sendo assim, faz-se necessário difundir aos produtores de hortaliças as
novas técnicas de cultivo, fazendo com que os mesmos consigam se manter
competitivos no mercado, se mantenham no campo e produzam alimentos de
maneira sustentável e de melhor qualidade.
A realização deste evento permitiu uma perfeita interação entre o ensino,
a pesquisa e a extensão, contribuindo de forma significativa para a formação
de recursos humanos, devido a participação dos alunos do IFTM, além de difundir os conhecimentos científicos e as tecnologias geradas pelas pesquisas
desenvolvidas dentro e fora da Instituição.
Como relatado acima, este projeto teve como objetivo geral, promover a
interação entre o ensino, a pesquisa e a extensão, reunido estes três elementos
num só evento, de maneira a difundir os conhecimentos técnico-científicos
gerados pela comunidade acadêmica para os mais diversos públicos (estudantes, professores, profissionais da área, pesquisadores, extensionistas, produtores,
dentre outros).
Como objetivos específicos deste projeto, pode-se citar:
Contribuir para a geração e difusão de conhecimentos científicos relacionados à produção de hortaliças e aos sistemas orgânicos/agroecológicos/
sustentáveis de produção para a região do cerrado mineiro;
Contribuir para a formação de extensionistas e alunos dos cursos técnicos de nível médio e superiores em ciências agrárias direcionada à produção de hortaliças;
Ampliar o debate e o acesso de comunidade escolar, técnicos e produtores da região a conhecimentos, tecnologias e materiais didáticos envolvendo temas e questões de importância para a produção de hortaliças e
sistemas orgânicos/sustentáveis/alternativos de produção;
Promover articulações e parcerias objetivando fomentar iniciativas para
o desenvolvimento da produção de hortaliças na região do Triângulo Mineiro;
Promover aumento na geração de emprego e na renda das propriedades
agrícolas familiares da região do Triângulo Mineiro;
Trazer a comunidade para o ambiente escolar, promovendo assim, intercâmbio de conhecimento.
50
Desenvolvimento
A realização deste trabalho foi pautada na prática da extensão universitária ou acadêmica, a qual é conceituada como a ação de uma Instituição de
Ensino junto à comunidade, disponibilizando ao público externo o conhecimento adquirido com o ensino e a pesquisa desenvolvidos. Essa ação produz
um novo conhecimento a ser trabalhado e articulado (FÓRUM DE PRÓ-REITORES DE EXTENSÃO DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS, 2001).
Este conceito é adotado pelas universidades/instituições (especialmente
no Brasil) que se refere ao contato imediato da comunidade interna de uma
determinada instituição de ensino superior com a sua comunidade externa, em
geral a sociedade à qual ela está subordinada. A ideia de extensão está associada à crença de que o conhecimento gerado pelas instituições de pesquisa deve
necessariamente possuir intenções de transformar a realidade social, intervindo
em suas deficiências e não se limitando apenas à formação dos alunos regulares
daquela instituição. No Brasil, a extensão é um dos pilares do ensino superior,
conjuntamente com o ensino e a pesquisa, e deve ser valorizada, por ser uma
forma de interação com a população (FÓRUM DE PRÓ-REITORES DE EXTENSÃO DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS, 2001).
Dentro da área de Ciências Agrárias, um dos métodos mais eficazes de
se fazer a extensão universitária e difundir as tecnologias geradas pela pesquisa,
é a realização de dias de campo, onde é possível a interação entre professores,
estudantes, extensionistas e produtores. Diante disto, no ano de 2012, o IFTM
Câmpus Uberaba realizou o evento, o qual é objeto deste relato de experiência.
Este projeto teve como principal objetivo a montagem de uma área modelo, e através da realização do dia de campo, proporcionar a pequenos produtores rurais de hortaliças uma nova possibilidade de manejo de doenças e
pragas de plantas, utilização de produtos alternativos e utilização de cultivares
mais produtivas, com vistas a tornar seus produtos mais atrativos e economicamente viáveis, obtendo-se maior rentabilidade. Através de trabalhos realizados
no âmbito do IFTM, novas tecnologias foram destinadas a produtores cadastrados pelo projeto, que receberam, desta forma, uma consultoria para alcançar
resultados com a nova metodologia de produção de hortaliças, visando atender
uma demanda cada vez mais crescente da população, que são alimentos mais
saudáveis, menos tóxicos ao homem e ao meio ambiente.
No 1° Dia de Campo dos Produtores de Hortaliças do Triângulo Mineiro
foram apresentados os campos demonstrativos das mais produtivas variedades
de hortaliças, além de experimentos com métodos alternativos de adubação e
controle de pragas e doenças.
51
Para tanto, os bolsistas montaram experimentos e campos de demonstração das principais variedades e das principais empresas de sementes de hortaliças do mercado. Sendo assim, os produtores visualizaram quais as variedades de
cada espécie se adapta melhor às condições ambientais do Triângulo Mineiro.
A vitrine de cultivares que fora montada constou de mais e 70 diferentes
variedades de hortaliças, sendo esta, uma forma muito fácil de visualização de
novas fontes de rendas aos produtores de hortaliças da região do Triângulo Mineiro, visto que a diversificação é um dos caminhos do sucesso no mercado, o
qual está cada vez mais competitivo.
Também foram realizados, pelos bolsistas, experimentos com a utilização
de biofertilizantes, onde os produtores puderam visualizar o desempenho das
principais hortaliças, quando submetidas às adubações convencionais e às adubações com biofertilizantes, com vistas a produção de alimentos mais saudáveis
e economicamente viáveis.
Com relação ao manejo de pragas e doenças, foram montados campos
demonstrativos e experimentos com os diferentes tipos de controle de pragas
e doenças, com vistas a apresentar aos produtores de hortaliças novos métodos
de controle, sendo estes menos nocivos ao meio ambiente e que proporcionem
produtividades adequadas e com maior qualidade do produto colhido.
Neste projeto participaram ativamente diversos professores do curso de
Engenharia Agronômica, além dos 25 bolsistas, os quais compunham a equipe
executora do projeto.
Durante o evento, também foi apresentado aos produtores o cultivo hidropônico como alternativa de produção de hortaliças na região do Triângulo Mineiro.
Durante a apresentação diversos produtores demonstraram interesse sobre o
sistema, e até ficaram após o evento para obterem maiores informações sobre o
sistema junto aos organizadores do evento.
Os bolsistas do projeto, durante a apresentação do sistema hidropônico,
mostraram as principais técnicas de manejo, bem como os insumos e materiais
necessários para tal cultivo. Vale ressaltar que os bolsistas – alunos dos curso
Técnico em Agricultura e Zootecnia e também do curso de Engenharia Agronômica puderam ter contato direto com os produtores, e colocaram em prática
os conhecimentos adquiridos em sala de aula e nas pesquisas desenvolvidas no
IFTM. Além disto, vale ressaltar a apresentação e o teste de preferência de mercado realizado com 27 cultivares de alface, as quais foram cultivadas em hidroponia, onde os produtores puderam observar as cultivares que mais se adaptam
a este sistema de cultivo, na região do Triângulo Mineiro.
52
De maneira geral, a realização deste evento foi de suma importância para
todos os 134 participantes, sendo estes, 25 bolsistas, 26 produtores, 7 extensionistas, 3 profissionais da área- representantes técnico-comerciais, 3 pesquisadores externos e outros 70 participantes (docentes e alunos do IFTM), pois, os
alunos sentiram-se muito satisfeitos e realizados, por verem o trabalho de meses
culminar em um evento organizado, com qualidade e, acima de tudo, poderem
transmitir os conhecimentos adquiridos aos produtores.
Ressalta-se também, com a realização deste evento, um estreitamento nas
relações entre o IFTM, EPAMIG, e, especialmente com a EMATER, as quais
marcaram presença no evento, contribuindo ainda mais para uma maior difusão das tecnologias aos produtores.
Considerações finais
Em suma, a realização deste evento foi fundamental na formação acadêmica dos 25 bolsistas, pois uma boa formação é fundamentada não só apenas no
ensino e na pesquisa, mas sim na interação entre ensino x pesquisa x extensão, a
qual foi obtida com sucesso na condução e realização deste projeto. Alem disto,
vale ressaltar a interação com a comunidade, através da troca de conhecimentos
entre alunos, profissionais da área e produtores durante o evento.
Notas
61
Doutor em Produção Vegetal. Coordenador do projeto de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012. [email protected].
62
Graduandos em Engenharia Agronômica, bolsista do projeto de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012.
63
Alunos do curso Técnico em Agricultura e Zootecnia, bolsista do projeto de extensão do programa de apoio a projetos de
extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2012.
Referências
FÓRUM DE PRÓ-REITORES DE EXTENSÃO DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS. Plano nacional de extensão universitária. Ilhéus: Editus, 2001
53
Ação Extensionista Visando o Controle do
Mosquito Aedes Aegypti por Meio de Armadilhas
de Baixo Custo e Ecologicamente Corretas
Júnia de Oliveira Costa64. Leonardo Rocha65. Marcelino Franco de Moura66. Carlos Eduardo Silva67. Dênis
Miguel de Oliveira Bento68. Fábio Fernandes Bruno Filho69. Igor Paulo Miranda70. Jéssica Alves Campos71.
Lineker Santos de Almeida72. Sara Garcia da Silva73. Wanner Lucas Goulart74. Lara Caroline Pereira dos Santos75.
Olávio Bento Costa Neto76. Matheus Costa Borges Janones77. Milcilene Aparecida Moura Dias78.
Resumo
A dengue é uma doença viral transmitida pelo inseto Aedes aegypti e atinge especialmente a população pertencente aos países tropicais, destacando o Brasil. A proliferação do
mosquito compromete a saúde pública e o controle do mesmo utilizando-se inseticidas
sintéticos acarreta danos ao meio ambiente, pois (semi) metais tóxicos utilizados nestes
compostos não são biodegradáveis podendo permanecer na natureza e, consequentemente, compondo a cadeia alimentar. A literatura relata várias pesquisas relacionadas
ao controle de larvas e insetos adultos, especialmente pela utilização de produtos naturais. Diante da resistência aos inseticidas convencionais, torna-se importante o estudo
de novas estratégias como possíveis alternativas eficazes na erradicação do A. aegypti,
que possam diminuir e/ou eliminar os riscos ao ambiente e à saúde pública. Neste
sentido, o presente trabalho realizou ações junto às comunidades escolar e local quanto
à confecção de armadilhas de baixo custo e ecologicamente corretas (mosquitéricas) e
monitoramento das mesmas, atingindo resultados satisfatórios em relação à captura do
mosquito vetor da dengue.
Palavras-chave: Dengue. Aedes aegypti. Armadilha. Mosquitérica.
Introdução
A dengue é uma arbovirose que representa sério problema de saúde pública, atingindo especialmente os países tropicais devido ao clima quente e
úmido. As condições de saneamento representa um dos fatores relevantes para
a proliferação do Aedes aegypti, mosquito re-emergente em áreas urbanas, transmissor do vírus causador da doença (LEITE, 2010; MACIEL et al., 2010).
Os inseto-larvicidas inorgânicos e organossintéticos apresentam elevada toxicidade aos seres humanos e outros mamíferos, especialmente, ao considerar os níveis de dosagem requeridos para torná-los efetivos. Os metais e
semi-metais tóxicos utilizados nestes compostos não são biodegradáveis e ao
serem lançados no ambiente, permanecem na água, no solo e em sedimentos,
passando a fazer parte da composição da cadeia alimentar (BRAGA e VALLE,
2007). Portanto, estes fatores reforçam a importância de se desenvolver formas alternativas e que não agridam o meio ambiente que permitam a captura
e, consequentemente, o controle do Aedes aegypti visando a diminuição da
incidência de dengue no país.
Diante do histórico de casos de dengue na região do Triângulo Mineiro,
destacando a cidade de Ituiutaba, o presente trabalho, desenvolvido a partir
do projeto de extensão intitulado “Ação extensionista visando o controle do
mosquito Aedes aegypti por meio de armadilhas de baixo custo e ecologicamente
corretas”, aprovado pelo programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital
01/2012, contou com a participação de estudantes e servidores do IFTM, Câmpus Ituiutaba e teve como objetivo geral possibilitar às comunidades escolar e
local a confecção de armadilhas (mosquitéricas) e monitoramento das mesmas
quanto à captura e controle do Aedes aegypti e como objetivos específicos continuar com a capacitação dos alunos do IFTM, Câmpus Ituiutaba em relação às
armadilhas e o seu manuseio, assim como dar continuidade ao trabalho junto
às escolas e à comunidade quanto à confecção e monitoramento das armadilhas
para a captura e diminuição da incidência do mosquito da dengue. As atividades foram desenvolvidas no período de maio a novembro de 2012, por meio
das ações da equipe executora formada por uma coordenadora do projeto, dois
servidores colaboradores e 12 bolsistas.
Desenvolvimento
Na construção das armadilhas foram utilizadas garrafas pet de 1,5 a 2
litros; tesoura; lixa de madeira nº 180; fita isolante preta; tecido chamado microtule e grãos de alpiste. Em seguida, a garrafa foi cortada em duas partes,
sendo que uma delas foi utilizada como copo e a outra, como um funil, ambas
encaixadas. O pedaço de microtule tem a função de cobrir a boca da garrafa e
os alpistes triturados foram colocados no fundo do recipiente. Posteriormente,
foi adicionada água limpa até a metade do copo. As armadilhas foram colocadas em lugares frescos e sombreados e, diariamente observadas. A análise destas
larvas de possíveis mosquitos Aedes aegypti foi feita pelo fototactismo negativo
utilizando uma lanterna (CABRAL; LIBERTO, 2008).
Inicialmente, os bolsistas do projeto foram treinados para confeccionarem
e monitorarem as mosquitéricas. Cada aluno levou de cinco a dez mosquitéricas
com as respectivas autorizações para colocarem em suas residências e distribuírem
aos seus vizinhos e parentes, ensinando-os sobre o funcionamento e monitora56
mento correto da armadilha. As ações do projeto foram realizadas em vários locais
da cidade de Ituiutaba, destacando os bairros Pirapitinga, Setor Sul, Setor Norte,
Independência, Natal, São José, Residencial Drummond e o Centro.
As armadilhas capturaram larvas e adultos da espécie Aedes aegypti no
Setor Norte, Pirapitinga e no centro da cidade, alertando para este último, onde
o percentual de captura foi maior.
As ações do projeto também foram realizadas na Escola Estadual Senador Camilo Chaves e com os alunos e professores da Escola Estadual CoronelTonico Franco
de 1o e 2o graus, ambas da cidade de Ituiutaba. As armadilhas foram distribuídas
aos servidores públicos municipais de Ituiutaba, alunos do curso de capacitação “Desenvolvimento de habilidades técnicas funcionais e empreendedoras na
busca pela excelência do atendimento ao cidadão”, ministrado pelo Professor
Marcelino Franco de Moura.
Os bolsistas e coordenadora do projeto ministraram o minicurso intitulado “Armadilhas ecologicamente corretas para a captura do Aedes aegypti!”
no dia 17 de outubro durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia
(SNCT), realizada no período de 16 a 18 de outubro de 2012, em parceria
com IFTM, Câmpus Ituiutaba e Universidade Federal de Uberlândia – FACIP/
UFU, Câmpus Pontal e o minicurso “Coleta seletiva, resíduos sólidos e captura
do Aedes aegypti por meio de armadilhas ecologicamente corretas” no dia 23 de
novembro durante o II Seminário Regional de Pesquisa das Instituições Integradas de Ensino Superior e Técnico de Ituiutaba-MG (SERIPI), realizado no
período de 21 a 23 de novembro de 2012.
Considerações Finais
A mosquitérica é eficaz na captura do Aedes aegypti (larvas e adulto) e,
assim, junto com as ações do Centro de Controle de Zoonoses de Ituiutaba
(CCZ) contribuem para diminuir os índices de infestação do mosquito e, consequentemente, diminuir o número de casos de dengue na população, melhorando a saúde pública e evitando a contaminação ambiental.
Notas
64
Doutora em Bioquímica, Professora EBTT, Coordenadora do Projeto, [email protected].
65
Mestre em Engenharia Civil, Professor EBTT, [email protected].
66
Especialista em Comunicação e Marketing, Professor EBTT, [email protected]
67
Técnico em Agroindústria, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].
68
Técnicos em Agroindústria, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].
57
69
Técnicos em Agroindústria, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].
70
Técnicos em Agroindústria, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edita 01/2012. [email protected],
71
Técnicos em Agroindústria, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].
72
Técnicos em Agroindústria, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].
73
Técnicos em Agroindústria, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].
74
Técnicos em Agroindústria, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].
75
Técnicos em Informática, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].
76
Técnicos em Informática, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected]
77
Estudantes do Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio, bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos
de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. matheusjanones@
hotmail.com.
78
Estudantes do Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio, bolsistas de extensão do programa de apoio a
projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected].
Referências
BRAGA, I. A; VALLE, D. Aedes aegypti: inseticidas, mecanismos de ação e resistência.
Epidemiologia e Serviços de Saúde [online], Brasília, v. 16, n. 4, dezembro, p. 179293, 2007.
CABRAL, M. C.; LIBERTO, M. I. Passo a passo para a construção da armadilha do
mosquito da dengue, 2008. Disponível em: < http://www.webtv.ufrj.br/index.php?option=com_content&task=view&id=232&Itemid=9 >. Acesso em: 25 nov. 2012.
LEITE, M. E. Análise da correlação entre dengue e indicadores sociais a partir do SIG.
Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, v. 6, n. 11, dezembro, p. 44-59,
2010.
MACIEL, M. V.; MORAIS, S. M.; BEVILAQUA, C. M. L.; AMORA, S.S.A. Extratos
vegetais usados no controle de dípteros vetores de zoonoses. Revista Brasileira de Plantas Medicinais [online], v. 12, n. 1, janeiro/março, p. 105-112, 2010.
58
Mostra Artística Multicampi IFTM
Márcia Maria de Sousa79. Aldo Luis Pedrosa da Silva80. Michele Soares81. Maria do
Socorro de Melo Martins82. Lucas Arantes Pereira83. Eduardo José Borges84.
Resumo
A Mostra Artística Multicampi IFTM consistiu num projeto de extensão que desenvolveu produções artísticas por meio da articulação entre ensino, pesquisa e extensão
e da interação de interfaces estéticas e poéticas entre as diferentes linguagens artísticas
trabalhadas em cada Câmpus do IFTM. Objetivando apresentar as contribuições das
artes na formação dos alunos e na ampliação de repertórios culturais significativos, a
Mostra teve como fundamento a conexão entre o fazer artístico, a apreciação estética
e a contextualização sócio-histórica, oportunizando um processo ensino-aprendizagem
em que a teoria dialoga com a prática. Desenvolvida de agosto a novembro de 2012
por professores de Arte, alunos e técnico-administrativos dos campi IFTM: Ituiutaba,
Paracatu, Uberaba e Uberlândia, a Mostra contou com a participação de professores de
outras áreas de conhecimento e com a Assessoria de Comunicação Social da Reitoria IFTM. As trocas de experiências entre as pesquisas e práticas artísticas produzidas em
cada Câmpus, foram socializadas por meio da circulação de apresentações artísticas
por todos os campi do IFTM, incluindo o Câmpus Avançado Patrocínio e o Câmpus
Avançado Uberlândia. A culminância da Mostra aconteceu num evento realizado em
novembro de 2012 no auditório do Câmpus EAD - IFTM, na Univerdecidade, em
Uberaba. Concluímos que a Mostra possibilitou o trabalho com a Arte na perspectiva
da mediação cultural e da reflexão crítica, promovendo o respeito e a valorização da
diversidade artística e cultural, tanto no espaço educativo como na comunidade.
Palavras-chave: Arte. Produção Cultural. Linguagens Artísticas.
Introdução
O Projeto de Extensão Mostra Artística Multicampi IFTM surgiu da
necessidade, percebida pelos professores de Arte do IFTM, de ampliar os espaços da Arte e consolidar esta área de conhecimento nos Câmpus deste Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia.
Aprovado pelo Edital 02/2012 do Programa de Apoio a Projetos de Extensão do IFTM, este projeto teve como finalidade apresentar as contribuições
significativas das artes na formação dos alunos, por meio da interação artística
e da construção de interfaces estéticas e poéticas entre as diferentes linguagens
trabalhadas em cada Câmpus. É sabido que as trocas de experiências entre as
pesquisas e práticas artísticas possibilitam o trabalho com a Arte na perspectiva
da mediação cultural, de modo a promover o respeito e a valorização da diversidade tanto no espaço educativo como na sociedade, fortalecendo a integração
entre a escola e a comunidade (BARBOSA; COUTINHO, 2009).
Alinhada ao Projeto Político Pedagógico do IFTM, a Mostra Artística
Multicampi IFTM – buscou ampliar os conhecimentos adquiridos em sala
de aula, oportunizando um processo ensino-aprendizagem em que a teoria
dialoga com a prática, bem como, ofertar aos servidores e comunidade externa apresentações em diversas linguagens artísticas para o enriquecimento
de seus repertórios culturais.
Para tanto, contou em sua equipe com a participação de 4 professores
de Arte, 1 professor colaborador e 2 técnico-administrativos que, de agosto
a novembro de 2012, participaram ativamente do planejamento e execução
de ações arte-educativas que tiveram como intuito a criação de produções
artísticas conforme a formação acadêmica dos docentes e experiência dos 29
bolsistas envolvidos.
Desse modo, objetivou-se com a Mostra Artística Multicampi IFTM
fomentar a produção artística e a troca de experiências, dando visibilidade
às práticas desenvolvidas pelos professores de Arte dos campi IFTM junto
às comunidades interna e externa.
Desenvolvimento
Fundamentada na articulação entre o fazer artístico, a apreciação estética
e a contextualização sócio-histórica (BARBOSA, 1998), a metodologia de execução da Mostra Artística Multicampi IFTM consistiu em momentos concomitantes de pesquisa, estudo, preparação teórico-conceitual e aprofundamento de
práticas artísticas e culturais em oficinas, ensaios e práticas em atelier.
Tendo essas ações como base, foram elaboradas e desenvolvidas criações
e produções artísticas em diferentes linguagens – Música, Teatro, Dança, Artes
Visuais e Audiovisual – incluindo produções de espetáculos englobando interfaces entre duas ou mais linguagens, conforme o perfil artístico-cultural dos
bolsistas e voluntários, a especificidade da formação acadêmica e dos conhecimentos artísticos dos respectivos professores de Arte dos campi IFTM.
Cada Câmpus do IFTM procedeu à divulgação de edital e seleção de
bolsistas conforme o número de bolsas disponíveis e a singularidade das produções locais. Desse modo, o Câmpus Uberlândia participou do Projeto com
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3 bolsistas do Ensino Superior e 10 bolsistas no Ensino Médio Integrado; o
Câmpus Uberaba com 2 bolsistas do Ensino Superior (disponibilizados para o
setor de Comunicação Social da Reitoria IFTM); o Câmpus Ituiutaba com 5
bolsistas do Ensino Médio Integrado e o Câmpus Paracatu com 9 bolsistas do
Ensino Médio Integrado, sendo que todas as produções contaram com a participação de alunos voluntários e bolsistas de outros projetos de extensão que
complementaram o número de artistas necessários para as produções realizadas.
Durante os ensaios, oficinas e práticas em atelier, em todos os campi
participantes, foram percebidas demandas por materiais e equipamentos que
foram sanadas por meio de parcerias com a comunidade externa, doações, divisão de despesas entre os bolsistas e coordenadores ou colaboração da direção do
Câmpus conforme sua disponibilidade orçamentária.
Os trabalhos artísticos produzidos, além das apresentações locais na cidade de origem, participaram de um circuito que aconteceu durante a semana de
26 a 29 de novembro de 2012 com a circulação dos trabalhos por todos os campi do IFTM: Ituiutaba, Paracatu, Uberaba, Uberlândia, Avançado Uberlândia
e Avançado Patrocínio. Desse modo, durante esta semana, todos os campi receberam a apresentação artística de um Câmpus e se apresentaram em outro
Câmpus do IFTM. O encerramento do projeto aconteceu dia 30 de novembro
de 2012 no Auditório do Câmpus EAD - IFTM, na Univerdecidade, em Uberaba, com a Mostra coletiva de todos os trabalhos realizados.
Cabe, no entanto, destacar a singularidade dos processos de criação e da
participação de cada Câmpus IFTM na realização da Mostra.
O Câmpus Uberlândia desenvolveu produções em duas linguagens artísticas, a saber, Música e Artes Visuais, ambas sob a coordenação da Professora
Márcia Maria de Sousa. As atividades em Música contemplaram a formação de
três grupos musicais em estilos diferenciados: um de Rock, outro de Música
Sertaneja e outro grupo de música instrumental composto por instrumentos
de sopro (Grupo de Metais) como saxofone, trombone e trompete. Os bolsistas
e voluntários que formaram os três grupos musicais do Câmpus Uberlândia
procederam à pesquisa de repertório compatível com a experiência, a capacidade instrumental de cada músico, os instrumentos, equipamentos de som e
instalações disponíveis no Câmpus, canalizando essas ações para a produção de
apresentações no estilo musical escolhido.
Importante ressaltar que a pesquisa de repertório do Grupo de Metais
foi realizada após contatos com o Maestro da Banda Municipal de Uberlândia e com professores do Conservatório Estadual de Música de Uberlândia em
busca de partituras compatíveis com os instrumentos formadores do grupo. Os
espetáculos musicais Isto tudo é Rock and Roll (Grupo de Rock) e Do caipira ao
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Sertanejo Universitário (Grupo de Música Sertaneja) contaram também com
projeções de imagens que compuseram o cenário e a iluminação das apresentações realizadas por esses dois grupos na visita ao Câmpus Paracatu em 26
de novembro, no encerramento da Mostra em Uberaba em 30 de novembro e
na Feira do Conhecimento do Câmpus Uberlândia no dia 08 de dezembro de
2012. Já O Grupo de Metais realizou duas apresentações com repertório instrumental/popular: uma durante a abertura da Semana Nacional de Ciência e
Tecnologia no Câmpus Avançado Uberlândia no dia 16 de outubro e outra na
Feira do Conhecimento do Câmpus Uberlândia no dia 08 de dezembro.
Quanto ao trabalho em Artes Visuais, o mesmo consistiu numa pesquisa
de imagens que teve a paisagem do Cerrado como mote para experimentações
visuais em fotografia digital e pintura em painéis de tecido cuja exposição intitulada Paisagens Reinventadas: Cerrado/Cidade foi exposta no Câmpus Paracatu
em 26 de novembro e no encerramento da Mostra em Uberaba em 30 de novembro.
O Câmpus Uberaba participou do projeto com duas produções em teatro intituladas Casa Grande e Senzala – adaptação de um espetáculo musical
realizado em 2010 em comemoração ao dia da Consciência Negra – e O Último Dia – que trata de questões filosóficas sobre o possível fim do mundo. As
duas peças, em formato de musical, foram escritas e produzidas pelos próprios
alunos e bolsistas que fazem parte do Programa Institucional de Extensão Arte
Educação do Câmpus Uberaba, sob a coordenação do Professor Aldo Pedrosa.
As peças, que contaram com o apoio da Banda do Grupo ContosEnCantos e
tiveram direção de Danielle Maia, começaram a ser preparadas em agosto pelas
duas turmas das Oficinas de Iniciação Teatral do Câmpus Uberaba e foram
apresentadas na visita ao Câmpus Ituiutaba em 27 de novembro e no encerramento da Mostra em Uberaba em 30 de novembro.
Já os dois bolsistas do Câmpus Uberaba, disponibilizados ao setor de
Comunicação Social da Reitoria - IFTM, iniciaram seus trabalhos em setembro
de 2012 sob a orientação do servidor Lucas Arantes Pereira e do Professor Aldo
Luís Pedrosa da Silva. Os mesmos desenvolveram os materiais gráficos e virtuais
de divulgação da Mostra Multicampi, bem como deram suporte na organização
e viabilização das viagens e da produção da Mostra em Uberaba.
O Câmpus Ituiutaba produziu duas peças teatrais sob a coordenação da
Professora Michele Soares e participação do Professor Eduardo José Borges:
Negrinha – construída a partir da adaptação do conto de Monteiro Lobato que
trata da legitimação da diversidade, do respeito as diferenças e do repúdio ao
preconceito sob qualquer aspecto – e Para viver um grande amor - Ode à Vinícius de Moraes – peça que trata de histórias de amor e encantamento, propondo
um entendimento sensorial dos poemas e canções de Vinícius de Moraes. Além
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de apresentações no Câmpus e na cidade de Ituiutaba, Negrinha foi apresentada
no Câmpus Avançado Patrocínio em 28 de novembro e no Câmpus Avançado
Uberlândia em 29 de novembro, e Para viver um grande amor no encerramento
da Mostra em Uberaba dia 30 de novembro.
O Câmpus Paracatu, sob a coordenação da Professora Maria do Socorro
de Melo Martins, montou um grupo teatral intitulado pelos próprios alunos
de “Legitimo Encanto”. Este grupo produziu a peça teatral infanto-juvenil A
Grande Poção Mágica – que conta a história de uma bruxa adolescente aprendiz
de coisas boas e ruins da vida. A estreia da peça aconteceu no Anfiteatro do
Câmpus Paracatu e a mesma foi apresentada também no Anfiteatro do Câmpus
Uberlândia em 29 de novembro e no encerramento da Mostra em Uberaba dia
30 de novembro.
As apresentações das produções de cada Câmpus em suas cidades e espaços educativos possibilitaram o contato com a comunidade interna e externa de
cada Câmpus, projetando o IFTM de modo significativo nos cenários artísticos
e culturais locais.
Por meio da Mostra Artística Multicampi IFTM, os alunos extensionistas tiveram a oportunidade de participar de todas as etapas da produção artística, vivenciando desde o momento de pesquisa e estudo, à criação, bem como o
envolvimento direto nas apresentações dos trabalhos.
Essas etapas do trabalho exigiram dos alunos leitura, estudo e diferentes práticas, tanto nos papéis de artistas e/ou técnicos dos exercícios artísticos,
como nos papéis de produtores culturais, curadores e montadores de exposições, sonoplastas, iluminadores, debatedores, na projeção de vídeos/imagens
que integraram as criações, e também no registro fotográfico e audiovisual dos
processos criativos e das apresentações realizadas.
Em relação às comunidades internas e externas, foi possível observar a
ampliação da função social e pedagógica da Arte, como linguagem que desempenha papel essencial na formação do indivíduo, no estabelecimento de
relações sociais e na preservação ou transformação da ordem vigente, numa
ação integradora da diversidade cultural e de valorização da produção artística
do IFTM. Seja propiciando uma compreensão mais profunda das relações, das
questões históricas e do sentimento de estruturação interior ou favorecendo a
construção de espaços de reflexão, questionamento e expressão de opiniões.
No âmbito do Ensino Técnico e Tecnológico atual – que tem o trabalho
como um princípio educativo integrador de todas as dimensões da prática
social (CIAVATTA, 2005) – fomentar o universo das práticas artísticas contribui para que a formação profissional se desenvolva de forma integrada à
formação geral.
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Nessa perspectiva educativa, propor trabalhos que envolvam a Arte, em
diferentes momentos do espaço educativo de formação profissional, corrobora
com a formação de profissionais críticos que não apenas reproduzem informações, mas que são capazes de construir conhecimentos e de transformar a
realidade em que vivem a partir da interação com outros sujeitos.
Promover ações artístico-culturais em instituições de ensino que
tem como foco a formação profissional contribui para aprimorar o processo de formação para o trabalho por meio da ampliação do campo de
visão sobre o mercado e a sociedade dos quais nossos alunos e servidores
participam.
Desse modo, a Mostra Artística Multicampi IFTM contribuiu na formação cultural de alunos e servidores no sentido de instrumentalizá-los para
a constituição de uma identidade cultural significativa, que corresponda a experiências e análises próprias, escapando da reprodução acrítica de produtos
gerados no âmbito da indústria cultural (COSTA, 1998).
Percebe-se que, além das diferentes linguagens artísticas desenvolvidas em cada Câmpus do IFTM, houve uma diversidade de temas e assuntos
que foram abordados por meio da Arte. Este fato mostra que, tanto o trabalho com a especificidade de cada linguagem artística deve ser respeitado e
fomentado como uma forma de resguardar a singularidade da formação na
área de Arte, como existe a possibilidade de experiências que contemplem
a interface entre diferentes linguagens, tudo isso desde que haja a preparação dos coordenadores e condições estruturais para a realização do trabalho
artístico.
A diversidade acima mencionada, promovida pela interação e troca de
experiências entre alunos, professores e comunidade externa, possibilitou problematizar o papel da arte na sociedade contemporânea, na cultura e na educação, contribuindo para o desenvolvimento e fortalecimento da área Arte no
IFTM e fornecendo repertório consistente para a formação de opiniões críticas,
mas também sensíveis a respeito de diferentes formas de pensar o mundo, estimulando a formação de um público atento e crítico para as questões sociais
bem como para a linguagem artística.
Considerações finais
A Mostra Artística Multicampi IFTM cumpriu com os objetivos propostos obtendo êxito quanto à atuação e envolvimento efetivo de alunos, professores de Arte e demais servidores do IFTM nas produções artísticas, assim
como na participação como público das apresentações locais realizadas e das
apresentações recebidas durante o circuito multicampi.
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Pode-se dizer que a experiência foi positiva e extremamente significativa,
pois muitos alunos e servidores, apesar de terem algum conhecimento artístico,
eram iniciantes. A maioria deles nunca tinha participado do processo de produção de um espetáculo, se apresentado em um palco ou montado uma exposição.
Esses alunos tiveram – nas oficinas de Iniciação Teatral, na formação dos grupos
musicais e na experimentação plástico-visual – a oportunidade de aprofundar
e, ao mesmo tempo, de ampliar seus conhecimentos artísticos, se sentirem criadores e produtores de Arte, mas também de terem suas produções apreciadas e
reconhecidas, tanto pela comunidade interna, como pela comunidade externa.
Cada apresentação realizada durante o circuito multicampi contou com
um público de em média 250 pessoas, entre alunos, comunidade escolar e comunidade externa, dependendo da capacidade do Anfiteatro ou espaço de apresentação disponível em cada Câmpus.
Alguns dos problemas ocorridos durante as ações arte educativas desenvolvidas mostraram-se como entraves que merecem atenção em futuros projetos, mas os mesmos foram resolvidos por meio da troca de informações e
diálogo constante entre os coordenadores do projeto em cada Câmpus. Assim,
fica explícita a necessidade de maior atenção dos coordenadores de projetos de
extensão na área artística e cultural quanto às questões técnicas envolvidas nas
produções artísticas, como equipamentos de som, iluminação e de exposição
de imagens que melhor se adequem aos anfiteatros e espaços de cada Câmpus.
Por outro lado, o projeto possibilitou aquisições de alguns equipamentos
permanentes importantes tanto para a continuidade dos trabalhos já realizados,
como para o planejamento e desenvolvimento de futuras ações artístico-culturais nos campi IFTM.
Outro aspecto a ser revisto em futuros projetos é a dinâmica adotada na
circulação das produções realizadas entre os campi. Na avaliação final dos coordenadores do projeto foi observado que concentrar as apresentações em uma
semana, junto ao evento de encerramento, acabou por acarretar um desgaste
nos participantes, uma vez que ao mesmo tempo em que o grupo de alunos
e coordenadores se preparava para viajar, tinha que se preparar também para
receber a apresentação de outro Câmpus.
Desse modo, fica a sugestão de que a circulação das produções artísticas
entre os campi sejam realizadas durante um mês, sendo que cada Câmpus poderia receber a visita de um ou mais Câmpus em uma semana e viajar em outra
semana, realizando as apresentações com melhor qualidade e sem comprometer
as atividades acadêmicas.
Conclui-se enfim, que a Mostra Artística Multicampi IFTM viabilizou o
trabalho com a Arte na perspectiva da mediação cultural, de modo a promover
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o respeito e a valorização da diversidade artística e cultural no espaço educativo.
Além disso, proporcionou a integração entre a escola e a comunidade fortalecendo o Instituto Federal do Triângulo Mineiro como espaço educativo que
promove formação integral e de qualidade.
Notas
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Mestre em Educação. Professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IFTM - Câmpus Uberlândia.
[email protected].
80
Mestre em Artes. Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IFTM - Câmpus Uberaba. [email protected].
81
Mestre em História Cultural. Professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IFTM - Câmpus Ituiutaba.
[email protected].
82
Especialista em Cultura e Arte Barroca. Professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IFTM - Câmpus Paracatu.
[email protected].
83
Graduado em Tecnologia em Alimentos. Técnico-Administrativo da Comunicação Social – Reitoria do IFTM.
[email protected].
84
Especialista em Programas e Projetos Sociais. Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do IFTM – Câmpus Ituiutaba. [email protected].
Referências
BARBOSA, A. M. Tópicos Utópicos. Belo horizonte,MG: C/Arte, 1998.
BARBOSA, A. M.; COUTINHO, R. G. (Orgs.). Arte/Educação como mediação cultural e social. São Paulo, SP: Editora UNESP, 2009, 346p.
CIAVATTA, M. A formação integrada: a escola e o trabalho como lugares de memória
e de identidade. In: FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M.; RAMOS, M.(orgs.). Ensino
Médio Integrado: concepções e contradições. São Paulo, SP: Cortez, 2005. p.83-102.
COSTA, C. Arte: resistências e rupturas: ensaios de arte pós-clássica. São Paulo, SP:
Moderna, 1998, 103p.
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A Comédia do Trabalho: Exercícios Cênicos sobre a
Ordem Social a partir da Atividade do Trabalho numa
Interlocução Poética com a Comunidade de Ituiutaba
Michele Soares85. Adriano Lemos Ribeiro. Bruna Barbosa Dias. Camilla Maria Santos Silva.
Élida Guimarães. Iara Dâmaso. Lunamaris Macêdo Goulart. Marcos José Ferreira de Souza
Júnior. Rafaella Dutra Goulart. Tamiris Christine Silva. Thais Franco Carvalho86.
Resumo
O projeto de extensão A Comédia do Trabalho: Exercícios Cênicos sobre a ordem social a partir da atividade do trabalho numa interlocução poética com a comunidade de
Ituiutaba aprovado pelo edital 01/2012 - PROEXT-IFTM, foi desenvolvido no Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) / Câmpus Ituiutaba, de maio à novembro,
elaborando a montagem e apresentação de cenas teatrais, com posterior debate com os
estudantes na platéia, a respeito dos mecanismos e ideologias que agregam ao trabalho
valores como concorrência exacerbada, consumismo, individualismo, exploração, enriquecimento, levando a cristalização de uma ordem social desigual e injusta. Considerando o contexto histórico de formação dessa sociedade, a partir da ideologia capitalista
– burguesa, a se levar em conta princípios que legitimam o trabalho como dignidade
do homem e fonte de sua sobrevivência, foi fundamental a compreensão de como essa
mesma atividade é também instrumento de dominação, alienação, mecanização, massificação de corpos e mentes. Para tal, foi importante um estudo interdisciplinar que
envolveu leituras das diversas áreas, como Sociologia, Filosofia, História, Literatura e
Arte. Essas leituras não se limitaram a bibliografia, mas ampliamos o repertório investigativo, lançando olhares e discussões também a partir de obras literárias e artísticas,
como iconografia, vídeos documentários, filmes, encenações, entre outros. O projeto
composto por alunos de cursos integrados e concomitantes, contou com 10 bolsistas
e ainda com a participação colaborativa de externos a comunidade IFTM, entre eles
integrantes do Grupo de Teatro Rebuliço, o qual foi parceiro no projeto.
Palavras-chave: Arte e Sociedade. Pedagogia Teatral. Trabalho e contemporaneidade.
Introdução
Estabelecendo um diálogo interdisciplinar Arte e Sociedade, no projeto
de extensão A Comédia do Trabalho: Exercícios Cênicos sobre a ordem social a
partir da atividade do trabalho numa interlocução poética com a comunidade
de Ituiutaba, objetivamos compreender que tipo de organização social a atividade do trabalho estabelece contemporaneamente, em nossa sociedade, sendo
muitas vezes, mecanismo de exploração e massificação dos indivíduos e outras
vezes, possibilidade de acensão e autonomia. Tal investigação se deu por fontes
artísticas e caminhou para a elaboração de cenas teatrais que discutem tal temática, propondo debates com a plateia estudantil do IFTM Câmpus Ituiutaba
bem como de algumas escolas da rede pública de ensino.
Atualmente, vivemos uma nova realidade nos Institutos Federais, dado
o empreendimento de expansão da rede, e com isso de ampliação de ofertas de
cursos, em diferentes níveis, modalidades e áreas de conhecimento. No cerne
das questões consideradas como princípios essenciais para a formação desse
aluno, está a preocupação com seu perfil humanístico, possibilitando-lhe uma
atuação não só competente enquanto executor de técnicas e procedimentos,
mas reflexivo, crítico, capaz de ler o mundo no qual está inserido. Capaz de
compreender historicamente o mundo do trabalho, a sociedade, as relações estabelecidas em determinado segmento. Enfim, a educação passa a ser concebida
não só como investimento fundamental para o desenvolvimento sócio-econômico do país, mas como primordial para o desenvolvimento humano e sensível
do ser. Partindo desse contexto, surge a necessidade de uma investigação e reflexão a respeito do mundo do trabalho, entre os alunos envolvidos nas oficinas
teatrais, que cursando o técnico nas modalidades integrado e concomitante, se
percebem imersos nesse universo e angustiados ao se depararem com cobranças, expectativas e inseguranças. Daí, no cruzamento das próprias percepções e
vivências com o mundo formalmente constituído do trabalho, propomos a esse
grupo um caminho de pesquisa e construção de saberes sobre a referida temática, constituindo elaborações teatrais que materizalizem para a cena, e então
para a ampliação do diálogo, essas mesmas questões.
Sendo assim, é importante destacar, que o presente projeto surge nas
inquietações geradas a partir das oficinas teatrais que integram outro projeto de
extensão desenvolvido no Câmpus Ituiutaba/IFTM, em caráter permanente,
intitulado “Oficinas de Arte: criação, fruição e contextualização nas diversas
linguagens artísticas”, que por sua vez, objetiva oferecer oficinas de arte a discentes e servidores e, a partir daí, a ampliação do processo de criação, conhecimento e apreciação (BARBOSA, 2002) de produções artísticas do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, bem como da
cidade e região. Oficinas de arte que primem pela pesquisa de uma linguagem
autônoma e emancipadora de seus integrantes, articulando-se o fazer artístico,
a apreciação estética e a contextualização sócio-histórica das questões artísticas
(JAPIASSU, 2001). Dessa forma, tais atividades que se norteiam pela busca de
aprofundamento da discussão da Arte como área de conhecimento, repensando
valores, normas, atitudes, critérios na prática pedagógica do ensino de Arte bem
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como no processo criativo experimentado pelos alunos, acaba estimulando a
postura reflexiva e crítica desse aprendiz que desperta novos olhares para diversificadas temáticas referentes à condição humana, como ocorreu com o mote
Trabalho e Sociedade.
Ao propormos a criação de montagem cênica sobre a orden social a partir
da atividade do trabalho, foi necessário establecer um diálogo interdisciplinar
entre a bibliografía de Arte e Ciências Humanas, para estudo da formação histórica da sociedade brasileira, compreendendo o trabalho também historicamente. Ou seja, qual a trajetória da atividade do trabalho constituída no Brasil
– país, até o século XIX, majoritariamente agrário, população rural, escravocrata, oligárquico e latifundiário, tendo passado tardiamente pelo processo de
industrialização. Todo esse quadro, certamente, determina relações de trabalho
específicas.
O projeto composto por alunos de cursos integrados e concomitantes,
contou com 10 bolsistas e ainda com a participação colaborativa de externos a
comunidade IFTM, a saber, a professora de Sociologia da rede pública estadual
Aline Costa e os graduandos em Pedagogia e História na Universidade Federal-Câmpus Pontal, respectivamente, Camila Maia e Hévilen Darian. Os três
colaboradores citados, são ainda, integrantes do Grupo de Teatro Rebuliço, o
qual foi parceiro no projeto.
Ao final da construção teatral, realizamos a etapa de apresentação da
criação cênica, encaminando debates após o espetáculo, a fim de trocar com a
platéia, o que a recepção da obra despertou de reflexões. Não foi possível concluir inteiramente essa estapa, já que não demos prosseguimento as visitas em
outras escolas públicas, ficando restritos, nesse momento, ao IFTM Câmpus
Ituiutaba. Ainda assim, a atividade contribui para estimular a formação de um
público atento e crítico para as questões sociais bem como para a linguagem
teatral. Por essa razão, foi proposta a renovação do projeto, a fim de dar prosseguimento a etapa de circulação da montagem teatral. Então, aprovada pelo
edital 01/2012 - coordenação de extensão - Câmpus Ituiutaba IFTM, seguiremos com as apresentações ao longo do ano de 2013, o que promoverá também,
um retorno a reelaboração das cenas, considerando, inclusive, a integração de
mais componentes ao projeto, agora com 16 alunos, sendo 07 bolsistas e 02
servidores - docentes.
Desenvolvimento
O presente trabalho buscou compreender como se constituiu historicamente a atividade do trabalho na sociedade brasileira, bem como as relações
estabelecidas a partir dessa atividade, especialmente a partir do momento de
69
maior ênfase da industrialização, anos 50/60 aos dias atuais, o que contribui, com grande importância, para que o estudante – tanto ator como platéia, futuramente inserido no mercado de trabalho, possa atuar de maneira
mais crítica, problematizadora e propositiva. Assim, abandonando lugares de
opressão e exploração ou ainda posturas de alienação e mecanização, onde
muitas vezes se encontram profissionais competentes em suas funções, porém limitados na execução de tarefas técnicas. Para além disso, a educação
profissional e tecnológica atualmente, propõe a formação de trabalhadores
pensantes, com potencial de atuação nos processos de construção e decisão da
sociedade, a qual pertence.
Os alunos extensionistas participaram de todas as etapas do projeto, desde o momento de estudo da temática, leitura e seleção de textos, elaboração das
cenas, bem como envolvimento direto na apresentação da montagem teatral e
sua atividade posterior – o debate com o público. Essas etapas de trabalho exigiram dos alunos extensionistas, leitura, estudo, ensaios – nos papéis de atores
e/ou técnicos dos exercícios cênicos, como sonoplasta, iluminador, debatedores,
projeção de vídeos/imagens que integraram as cenas.
Na elaboração do trabalho, seguimos procedimentos como: leitura de
textos para embasamento teórico sobre a temática do projeto – a constituição da
ordem social a partir da atividade do trabalho, seguidos de debates; apreciação
e estudo de textos de teatro e/ou outras fontes como poesias, contos, crônicas e
até artigos de jornal que puderam ser transformados em cena teatral. Tomando,
como ponto de partida, a peça ‘A Comédia do Trabalho, da Companhia do
Latão, dirigida por Sérgio de Carvalho, docente na graduação e pós-graduação
do curso de Teatro da Universidade de São Paulo, tal texto serviu como linha
condutora e provocativa para a construção de uma nova dramaturgia constituída coletivamente.
Nesse contexto, atribuímos ao lugar do espectador, uma condição central no planejamento pedagógico e artístico da criação teatral, já que durante
o processo de criação, optamos metodologicamente, pela experimentação dos
dois lugares - ator e platéia, pelos integrantes do projeto que ora estavam na
‘arena’ cênica ora assistiam nos ensaios, pra que isso gerasse novas percepções,
discussões e então, alimentassem nosso texto e cenas. Essa metodologia nos
pareceu vir ao encontro do sentido inicial do projeto, que era promover a
construção de saberes através da descoberta – reflexão, troca de ideias, experimentações, contribuindo para um desenvolvimento mais integral, e então
menos fragmentado, desses jovens. Produzindo trabalhos artísticos, mas também conhecendo a produção de outras pessoas, o aluno podia compreender
a diversidade de valores estéticos e sociais que orientam tanto o seu próprio
modo de agir, pensar, criar, representar quanto o da sociedade que está inseri70
do ou não, evidenciando e dialogando com as similaridades, as diferenças, os
conflitos e novas proposições.
Fundamental para a realização do projeto, como pressuposto metodológico, é a obra de Bertolt Brecht, que propõe uma arte engajada que discura
as contradições entre os homens, entre as classes sociais, que tire o espectador
da alienação, deixando em estado de alerta sua consciência, sua visão crítica e
instigar a plateia a uma tomada de posição em relação à realidade da qual fazem
parte o espectador e o artista. Dos princípios do Teatro Épico de Brecht, pretende-se explorar: a narrativa, o distanciamento, a abordagem dialética histórica a
respeito da história e dos personagens, o estudo do gestus social, o conceito de
espectador participativo, a técnica ‘coringa’ de Augusto Boal, a conexão com as
questões da atualidade suscitadas a partir das leituras e processos de criação das
cenas, o uso de procedimentos que compõem a cena épica, como a música, a
projeção, o jornal, entre outros.
E ainda, muito importante para as etapas de execução do projeto, é a
metodologia proposta por Augusto Boal que na frente do Teatro do Oprimido,
buscou constituir uma prática libertadora do homem, na medida que trabalha
o conceito de espectator – o ator é aquele que atua e observa ao mesmo tempo, sendo assim, somos todos espectadores. O processo de Boal é pedagógico,
sem ser didático no sentido arcaico do conceito, sinônimo de mensagem, lição
moral. Seu encaminhamento é de destronar as correntes opressoras sobre o homem, instigando-o a construir outras formas de vida, valores, comportamentos,
atuações.
Nessa trilha, seria impossível ignorar o que esse permanente potencial
reflexivo traz para a cena da pesquisa e da própria prática pedagógica, como
necessidade de discussão de outros pontos fundamentais na atualidade para
a prática do artista-docente e seus alunos: o papel social do teatro e do artista.
Para tal análise, considerando engajamento como “um mecanismo para
gerar novas idéias, perguntas e desafios” (HOBSBAWN, 1998), propomos o estudo da condição de engajamento artístico, fundamentado na contemporaneidade e nas práticas escolares abordadas na presente pesquisa, através da construção de cenas do teatro épico de Bertolt Brecht, textos teatrais de Augusto Boal
e da Companhia do Latão / SP, que oferecem propostas temáticas e estéticas,
pertinentes à proposição pedagógica empreendida no decorrer desse projeto,
qual seja a de propor a partir da cena diálogos entre o palco e a platéia a respeito
do mundo, dos sujeitos em questão, não a fim de “pedagogizar” o espetáculo –
“submetendo-o às necessidades imediatas da escola” (DESGRANGES, 2006),
mas justificar a necessidade de reflexão pelo espectador, bem como pelo ator, de
questões que lhes digam respeito.
71
Considerações finais
O tema do estudo guiado nesse projeto de pesquisa, bem como numa
das últimas etapas de trabalho, que seja a montagem cênica, traz para o centro
da arena, a evidência da notável capacidade do capitalismo atual de se renovar,
tomar novas roupagens, porém, trazendo em si marcas constantes, inerentes e
permanentes. Tal habilidade, promove ainda a desorganização e fragmentação
da contestação, ao impor aos trabalhadores a maldição: ‘No mundo da mercadoria, a pior coisa é não ser mercadoria’. Assim, posturas, condutas e valores que
regem as mentalidades e ações, estão definidas a partir da máxima capitalista.
O projeto de extensão, traz ainda a possibilidade de continuar a pensar
na função da arte. E que essa função pode ser, inclusive, colaborar com a ativação revolucionária num tempo em que isso parece não estar no horizonte
próximo e em que o capitalismo assume caras novas e terríveis.
O projeto resultou numa experiência extremamente significativa, ampliando os resultados que, longe de um saldo quantitativo, aponta para questões de grande pertinência na formação do aluno de Instituto Federal, como
podemos citar:
Estabelecer a articulação entre o fazer artístico, a apreciação estética e a
contextualização sócio-histórica, ampliando os conhecimentos adquiridos em sala de aula, oportunizando um processo ensino-aprendizagem
em que a teoria dialoga com a prática;
Compreender e constituir a obra de arte em seu caráter político de forma
a evidenciar a Arte como meio de resistência e oposição, sem perder de
vista a dimensão estética;
Promover a condição de espectador ativo / participativo desse aluno tanto dentro como fora do espaço escolar, estabelecendo assim, articulação
com as práticas culturais comunitárias, com as propostas de outras instituições culturais e com o fazer de outros artistas e grupos regionais;
Desmistificar a atividade teatral enquanto habilidade e especialidade de
poucos, assim como o status de artista, promovendo a percepção para os
alunos de que a atuação de um colega pode ser tão rica de possibilidades
quanto a de um artista consagrado, evidenciando que aquele consegue
também emocioná-lo, diverti-lo e instigar seus pensamentos.
Conclui-se, por fim, a importância de ressignificar o conceito e papel de
artista bem como de cidadão, no processo criativo da ficção e do real, encorajando a superação da insegurança e temor de atuar, de se colocar frente uma
platéia, ampliando a consciência desse aluno para os elementos constituintes da
criação cênica bem como da realidade que o cerca.
72
Notas
85
Doutoranda em Artes Cênicas, UNIRIO. Professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal do Triângulo Mineiro – IFTM/Câmpus Ituiutaba. [email protected]
86
Bolsistas - alunos dos cursos integrados em Agroindústria e Informática e concomitante em Informática do IFTM/Câmpus
Ituiutaba.
Referências
BARBOSA, Ana Mae. Inquietações no ensino da Arte. São Paulo, SP: Cortez, 2002.
BOAL, Augusto. Jogos para atores e não-atores. 3.ed.Rio de Janeiro, RJ: Civilização
Brasileira, 2000. 368p.
BRECHT, Bertolt. Diário de Brecht. Porto Alegre, RS: L&PM, 1995.
CARVALHO, Sérgio de. Companhia do Latão 7 peças. São Paulo,SP: Cosac Naify,
2008.
DESGRANGES, Flávio. A pedagogia do espectador. São Paulo,SP: Hucitec, 2003.
______________. Pedagogia do Teatro: provocação e dialogismo. São Paulo,SP: Hucitec, 2006.
HOBSBAWN, Eric. Sobre a História. São Paulo,SP: Cia das Letras, 1998.
JAPIASSU, Ricardo Ottoni Vaz. Metodologia do ensino do teatro. Campinas, SP:
Papirus, 2001.
73
Educação Ambiental na Escola: Incentivando e
Implantando a Destinação Correta dos Resíduos Sólidos
Dalila de Souza Ferreira87. Fabíola Helena do Prado Luiz88. Jan Rieller Ferreira Silva89. Humberto Ferreira Silva Minéu90.
Resumo
O presente trabalho teve o objetivo de promover a mudança de atitudes e a formação
de novos hábitos em relação à destinação correta dos resíduos sólidos na escola. Foram
realizadas oficinas, jogos educativos, palestras e aplicação de questionários com alunos
do 5º ano e 9º ano do ensino fundamental e gestão da escola. Ocorreu a sensibilização
significativa dos estudantes do 5º ano, incorporando o conhecimento dos materiais e
da separação para a coleta seletiva; a sensibilização do 9º ano ficou aquém do esperado,
em função de menos atividades realizadas e ser um público com maior resistência; obteve-se o desenvolvimento de material visual com linguagem apropriada e atrativa, em
função do convívio da equipe com os estudantes; verificou-se que o espaço escolar não
tem infraestrutura para a coleta seletiva e nenhum trabalho de sensibilização e orientação;
percebeu-se a necessidade de participação efetiva do pessoal da limpeza e manutenção e
realizou-se um treinamento com os mesmos; o distanciamento da gestão escolar na escola
tem efeito determinante na carência de trabalhos de educação ambiental, por não criar/estabelecer diretrizes, bem como o apoio aos docentes para a incorporação nas suas práticas
pedagógicas. O resultado das atividades de educação ambiental é mais relevante e aceito/
incorporado pelo público mais jovem. Com isso, tem-se que a educação ambiental deve
ser trabalhada de forma mais consistente e continua no ensino fundamental I.
Palavras-chave: Educação Ambiental. Coleta seletiva. Resíduos Sólidos. Meio Ambiente.
Introdução
A percepção inicial desta temática foi levantada por estudantes da pós
graduação em Ciências Ambientais, que haviam realizado trabalho no campo
da Educação Ambiental (EA) e coleta seletiva. No decorrer de discussões, idéias
de trabalhos, realização de seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), propuseram fazer um trabalho na escola que estudaram. Na construção da proposta
vinculamos a ação de contribuição com a escola e a realização dos respectivos
TCC, articulando o desejo de trabalhar com a EA e contribuir com uma carência na escola, a partir da percepção que tinham da não incorporação na
plenitude desejada no cotidiano das escolas, em especial a não na separação dos
resíduos para a coleta seletiva.
Ao mesmo tempo, a percepção de que a EA representa um campo de
ação fundamental para o enfrentamento dos problemas ambientais, o repensar
e um novo agir do cidadão.
Após algumas discussões chegou-se a definição do propósito do trabalho
de extensão em promover a mudança de atitudes e a formação de novos hábitos
em relação à destinação correta dos resíduos sólidos, por meio de informação e
adoção da coleta seletiva na escola.
A estruturação do trabalho iniciou com o entendimento de EA, a partir
da Política Nacional de Educação Ambiental, lei nº 9.795/1999, como um
tema transversal, perpassando todas as unidades curriculares e níveis de ensino
(BRASIL, 1999). E que um dos problemas ambientais locais é a questão da
destinação correta dos resíduos sólidos, em função dos impactos ambientais
negativos da destinação inadequada e do estabelecimento da Política Nacional
de Resíduos Sólidos, pela lei 12.305/2010 (BRASIL, 2010).
Neste contexto, a escola constitui um espaço fundamental do trabalho de
tomada de consciência da sociedade quanto a adoção de novos valores e atitudes
em relação à conservação ambiental. Com isso, a escola passa a representar um
ambiente fértil e estratégico na articulação entre as duas políticas nacionais:
educação ambiental e resíduos sólidos.
A adoção da educação ambiental representa o momento em que a escola
é chamada a dar a sua contribuição para a solução da crise ambiental na promoção de mudanças de atitudes individuais e coletivas. Trata-se de um processo
participativo, para a construção de valores sustentáveis (CHAPANI; DAIBEM,
2003, p.21).
As ações contaram com muita criatividade por parte dos bolsistas, que
trouxeram suas experiências anteriores e criaram novas atividades, além da produção do material durante a execução do projeto.
Desenvolvimento
Para a preparação dos instrumentos e atividades, a equipe buscou alguns
fundamentos, além dos previstos no aparato legal vigente.
Partiu-se do princípio de que para a realização de atividades de educação
ambiental, o primeiro passo é a identificação da concepção de meio ambiente
das pessoas envolvidas. Esse entendimento foi inspirado em Dias (2004), ao
afirmar que “a maior ameaça à sustentabilidade humana é a ignorância a respei76
to da própria condição natural, o chamado “analfabetismo ambiental” – trata-se
do desconhecimento das questões ambientais”.
E de acordo com Coimbra (2004, p.539-540) “A percepção é o primeiro passo
no processo de conhecimento. Dela dependem aspectos teóricos e aplicações práticas.
Se esse primeiro passo falseia, o conhecimento não atingirá seu objetivo;...”.
Outro aspecto importante foi na definição das séries para um projeto
inicial, pois se percebeu não termos experiência e tempo para um trabalho de
alcance em toda a escola.
Buscou-se trabalhar com os estudantes de 5º e 6º ano do, entendendo
este público como receptivo a novos conhecimentos e hábitos. Em função de
resistência no segmento docente do 6º ano, optou-se por realizar as atividades
com o 9º ano. Com isso, ter um comparativo entre as duas séries terminais do
ensino fundamental, que tem sua organização dividida em ensino fundamental
I (até o 5º ano) e fundamental II (6º ao 9º ano), por envolver a finalização de
ciclo do currículo e alteração de maturidade dos estudantes.
O planejamento envolveu o diagnóstico com a gestão escolar, os professores das turmas e os alunos. Além disso, a observação do espaço escolar para
o diagnóstico da infraestrutura da escola e do comportamento dos membros
quanto a separação dos resíduos.
Optou-se pela a aplicação de questionários aos gestores, professores e
estudantes para o diagnóstico do conhecimento e atitudes acerca da questão
ambiental, em especial quanto a coleta seletiva. A exceção foi com os estudantes
do 5º ano em que se utilizou de desenhos para captar sua concepção de meio
ambiente.
O projeto previa o desenvolvimento de material visual (banners, cartilha)
para a realização de atividades de educação ambiental, de caráter informativo
(conhecimento) e sensibilização dentro da escola (espaço formal) e fora da escola (espaço não formal).
Nas ações com os estudantes, a metodologia envolveu a realização de palestras, apresentação de vídeo e realização de jogos educativos, como forma de
motivar os estudantes a participação e ampliar seu conhecimento e sensibilização.
O trabalho foi realizado em uma escola municipal de Ituiutaba/MG,
com o propósito de ter um trabalho piloto e os resultados serem posteriormente
aplicados a outras escolas.
Para viabilização da separação dos resíduos proveu-se a parceria com a
Cooperativa de Reciclagem de Ituiutaba, para o encaminhamento correto dos
resíduos separados.
77
Atividades Desenvolvidas
1 Produção de material para trabalhos de educação ambiental
A produção dos materiais previstos, banners e cartilha, ocorreu simultaneamente a execução das atividades, na medida em que ocorria o desenvolvimento do material e o contato com o público-alvo. Isto promoveu o amadurecimento das ideias, da linguagem, das imagens, chegando a um resultado
considerado bastante satisfatório.
Os banners desenvolvidos foram e poderão ser utilizados em atividades de EA
voltada para a coleta seletiva, em ambientes diversos, com pouca infraestrutura, sem a
depender de recursos eletrônicos, com qualidade para sensibilização do público.
A cartilha ficou em fase de ajuste final de texto e diagramação, pois se pretende adotar um formato diferente, voltado para o cotidiano, suficientemente lúdico
para o público infantil e ao mesmo tempo sério para o público jovem e adulto.
Além do material previsto no projeto (banners e cartilha) também desenvolvemos cartazes diversificados para divulgação dos sistemas de separação de
resíduos sólidos, que possam ser utilizados em campanhas em escolas. Ou seja,
um resultado além do previsto em função da vivência no decorrer do projeto.
2 A percepção e participação da gestão escolar
Aqui, o trabalho realizado superou as expectativas do projeto, com a
apresentação do artigo “A percepção da gestão escolar sobre educação ambiental em uma escola municipal de Ituiutaba/MG”, no III Encontro Mineiro de
Investigação na Escola, na Universidade Federal de Uberlândia/Câmpus Pontal.
Verificou-se que dentre os membros da administração da escola predominou uma concepção integradora para educação ambiental e globalizante para
meio ambiente. Apesar disso, a prática na escola não reflete estas concepções,
com distanciamento da direção em relação ao trabalho dos professores. Observou-se que ocorre uma disposição inadequada dos coletores de “lixo” e a não
separação de resíduos sólidos. Verificou-se a realização de projetos/práticas pontuais e que o trabalho de educação ambiental precisa de reformulação.
3 Atividades com o 5º ano
A primeira ação foi levantar a concepção dos estudantes e captar outras
questões relativas e separação de resíduos sólidos para coleta seletiva.
78
Quanto ao entendimento de coleta seletiva, 30,61% conhecem o termo,
e poucos (26,53%) souberam definir, como sendo a separação dos materiais
recicláveis. Quanto à identificação dos materiais recicláveis, 65,31% entendem
que os resíduos separados devem ser vidro, papel, plástico e metal; 26,53% entendem que deve separar orgânico de inorgânico. Neste aspecto da identificação
fica claro o conhecimento pela maioria dos alunos quanto aos materiais que são
recicláveis.
Quanto à aplicação da coleta seletiva em casa, 40,82% afirmaram que
não fazem a coleta e 30,61% disseram que sim. Com relação a como era feita a
separação, 61,22% disseram que separa vidro, papel, plástico e metal em sacos
e sacolinhas plásticas.
Percebe-se que existe conhecimento dos materiais recicláveis pelos estudantes (65,31%), mas este não está sendo praticado em casa, pois somente
30,61% afirmaram fazer a separação na sua residência.
Estes resultados foram divulgados no trabalho “Percepção dos alunos do
5º ano sobre coleta seletiva numa escola municipal em Ituiutaba/MG”, no II
Seminário Regional de Pesquisa das Instituições Integradas de Ensino e Pesquisa do Pontal do Triângulo Mineiro.
Com estas turmas foram realizadas atividades de coleta de materiais recicláveis, simulando a separação e alguns cuidados com a higiene dos materiais
em casa, e jogo educativo, onde os estudantes interagiram entre si, testando seus
conhecimentos e trocando informações. Foi utilizado o jogo de tabuleiro em
que para pular casas se faz necessário a resposta correta, estimulando a capacidade de memória, raciocínio e reflexão sobre os atos de destinação correta de
resíduos sólidos e cuidado com o meio ambiente.
A equipe percebeu a necessidade de desenvolver atividades diferentes,
como forma de motivar os alunos, que apresentaram uma receptividade muito
boa ao conteúdo e metodologias.
4 Atividades com o 9º ano
Observou-se uma diferença significativa na receptividade do tema ambiental, com reações já consolidadas no comportamento e atitudes de desvalorização.
Com estes alunos foi realizada a exibição de vídeo e debate, seguido da aplicação de um questionário para captar sua assimilação e atitudes,
como em relação a separação dos resíduos para a coleta seletiva em casa,
observado na tabela 1.
79
Tabela 1. Separação em casa para a coleta seletiva por estudantes do 9º ano.
Resposta
Sim
Não
As vezes
Total
Nº de estudantes
%
15
20
14
49
30,6
40,8
28,6
100,0
5 Observação do espaço escolar
Observou-se que não havia separação de resíduos para a coleta seletiva.
Os coletores não apresentavam identificação para orientar a comunidade escolar e no container da coleta de “lixo” era colocado todo tipo de material.
Um dos resultados foi a orientação, atendida pelo vendedor de suco, em
não colocar o material orgânico junto com os resíduos da escola no container
que vai para o aterro. Outro resultado foi o desenvolvimento de material de
identificação dos coletores para a separação.
Realizou-se um mapeamento inicial da disposição e quantificação dos
coletores para a separação dos resíduos sólidos no espaço escolar, ficando em
processo a busca de apoio para fornecimento dos coletores para implantar a
separação dos resíduos sólidos.
6 Orientações para a equipe de limpeza e manutenção
A equipe do projeto percebeu a importância do pessoal de limpeza
e manutenção na separação dos resíduos, sendo realizado um trabalho de
orientação/treinamento envolvendo os benefícios da separação correta, a
importância social e ambiental para a sociedade e para os membros da Cooperativa de Reciclagem, o sistema de separação a ser implantado na escola,
ouvir dos mesmos as dificuldades e sugestões e sensibilizá-los para adesão a
coleta seletiva.
7 Participação no evento da escola
A escola realizou no final de novembro uma Feira Multidisciplinar para
todos os alunos e aberta a comunidade, principalmente os pais. Nesta ocasião
foi possível apresentar o material desenvolvido (banners) e painel fotográfico
das atividades realizadas com os estudantes do 5º ano, 9º ano e pessoal da limpeza, alcançando pais e outros professores.
80
8 Participação em eventos e produção acadêmica do projeto
A participação em eventos de natureza acadêmica com apresentação de
resultados do projeto não estava prevista inicialmente. Como o projeto ficou
bastante rico e ocorreram oportunidades regionais para apresentação de trabalhos, conseguimos apresentar no III Encontro Mineiro de Investigação na
Escola e no II Seminário Regional Integrado de Pesquisa e Inovação. Neste,
também realizamos um minicurso sobre a separação dos resíduos sólidos, com
apoio do material desenvolvido.
9 Dificuldades encontradas para a execução do projeto
Em trabalhos desta natureza é comum ocorrer dificuldades de contatos e
compartilhamento por membros da comunidade escolar.
Apesar da ciência prévia do trabalho à Direção e Supervisão, ocorreram
dificuldades de envolvimento da gestão e de professores. A comunicação entre
os membros da direção foi carente, mesmo tendo a equipe explicado o projeto
e ter deixado cópia na escola, o que gerou uma sensação para alguns de desenvolvimento do trabalho sem a discussão com os mesmos.
A carência de infraestrutura da escola dificultou algumas ações, em especial não termos conseguido deixar ao final do projeto o sistema de coleta
seletiva implantado.
Considerações Finais
A realização deste trabalho trouxe um aprendizado significativo para a
própria equipe, até mais do que contribuímos com a realidade da escola. Talvez, até mesmo pela proposta de se fazer um piloto para o desenvolvimento de
estratégias conforme o contexto da escola.
A receptividade dos estudantes do 5º ano e incorporação do conhecimento dos materiais recicláveis e da separação foi muito gratificante e superou
em muito à dos alunos do 9º ano. A sensibilização do 9º ano ficou aquém do
esperado, em função de menos atividades realizadas e ser um público com hábitos mais consolidados e maior resistência.
Ficou um aprendizado inicial de que é no primeiro ciclo do ensino fundamental um importante espaço para a formação dos valores propostos pela
educação ambiental. Inferimos que as atitudes são desencadeadas principalmente nesta etapa, o que fica claro que a EA precisa ser intensificada com esse
público e romper as barreiras entre escola e sociedade.
81
O convívio da equipe com os estudantes proporcionou o desenvolvimento de material visual e com linguagem apropriada e atrativa para o público.
Para a manutenção do espaço escolar e separação correta é necessária a
participação efetiva do pessoal da limpeza e manutenção.
O distanciamento da gestão tem efeito determinante na carência de
trabalhos de EA e sua continuidade, por não criar/estabelecer diretrizes, bem
como o apoio aos docentes para a incorporação da questão ambiental nas suas
práticas pedagógicas.
A equipe do projeto também aprendeu que a abordagem à escola precisa
ser repensada. Com uma proposta mais envolvente, entre a gestão escolar e professores, de forma a se conseguir a incorporação de atividades de EA de forma
contínua.
Sugestões para novas ações e projetos desta natureza
Após a experiência neste projeto, sugere-se que o trabalho tenha continuidade na mesma escola, para continuar o trabalho de sensibilização da comunidade escolar e assessorar a montagem da estrutura adequada. A continuidade
do trabalho também é importante para ter um olhar externo à escola, incentivador, que busque parcerias e apoio externo para o enfrentamento dos desafios
junto com a escola para implantar a coleta seletiva.
A experiência com este projeto proporcionou observações e aprendizado
que permitem inferirmos que é relevante a realização de trabalhos semelhantes
em outras escolas, ampliando a cada ano as escolas envolvidas na separação de
resíduos para a coleta seletiva.
Sugere-se que seja realizado um projeto similar em outra escola como
um piloto na rede estadual, atingindo outro público, como os adolescentes do
ensino médio.
Notas
87
Bióloga. Pós-graduanda em Ciências Ambientais. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital nº 01/2012. [email protected].
88
Advogada. Pós-graduanda em Ciências Ambientais. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital nº 01/2012. [email protected].
89
Lic. em Química. Pós-graduando em Ciências Ambientais. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão
do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital nº 01/2012. [email protected].
90
Lic. em Ciências Agrícolas e Agrônomo. Mestre em Administração. Professor do IFTM/Câmpus Ituiutaba. Email:
[email protected].
82
Referências
BRASIL. Lei nº 9795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental e
institui a Política de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Brasília,DF, 1999.
BRASIL. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e dá outras providências.
Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília,DF, 2010.
CHAPANI, D. T.; DAIBEM, A. M. L. Educação ambiental: ação – reflexão – ação no
cotidiano de uma escola pública. In: TALOMANI, J. L. B.; SAMPAIO, A. C. (Ed.)
Educação ambiental: da prática pedagógica à cidadania. São Paulo,SP: Escrituras Editora, 2003.
COIMBRA, J. de Á. A. Linguagem e Percepção Ambiental. In: PHILIPPI JR, A.; RÓMERO, M. de A.; BRUNA, G. C. Curso de Gestão Ambiental. Barueri, SP: Manole,
2004. p. 525-570.
DIAS, G. F. Ecopercepção: um resumo didático dos desafios socioambientais. São Paulo,SP: Gaia, 2004.
83
Desenvolvimento de Estratégias, junto à
Comunidade Local, para a Melhoria dos
Índices de Infecção por Leishmania Sp.
Nicolau Santiago Prímola91; João Victor Ribeiro92; Juciele Fonseca Correia93; Luciane Magda Melo94; Sheilla Andrade Souza95
Resumo
A Leishmaniose visceral é uma zoonose grave de transmissão vetorial e de grande importância em saúde pública. Por se tratar de uma área endêmica, este trabalho, em
parceria com os diversos segmentos da sociedade paracatuense, contribuiu para a conscientização da redução dos nichos ecológicos do agente vetor – mosquito Palha, responsável pela transmissão do agente infeccioso e aproximação de alunos e professores com
a comunidade local, valorizando e fortalecendo ações de cooperação que promovam a
melhoria da saúde e bem estar de todo o Município.
Palavras-chave: Leishmaniose. Parceria. Conscientização. Extensão.
Introdução
A Leishmaniose visceral é uma zoonose grave de transmissão vetorial e
de grande importância em saúde pública. Atualmente, encontra-se presente nas
cinco regiões brasileiras, e os casos em humanos e caninos têm aumentado de
forma significativa em áreas urbanas brasileiras (BRASIL, 2010). Em Belo Horizonte, nos últimos anos, ocorreram aproximadamente 100 casos anuais com
alta letalidade, em média 13,5%, variando de 6,3% no ano de 1996 a 23,6%
em 2009. Há oito anos que a Leishmaniose vem ceifando vidas em Paracatu.
Crianças, adultos e animais de estimação foram vítimas fatais da terrível doença. Outras vidas foram perdidas, de lá para cá, e muitos ainda podem vir a contrair a Leishmaniose. Para isso não acontecer e conseguirmos varrer o Mosquito
Palha de Paracatu, é necessário que cada um faça a sua parte (PARACATU,
MG, 2011a; PARACATU, MG, 2011b).
Justificativa
Por se tratar de uma área endêmica, este trabalho, em parceria com os diversos segmentos da sociedade paracatuense, contribuiu para a conscientização
da redução dos nichos ecológicos do agente vetor – mosquito Palha, responsável
pela transmissão do agente infeccioso e aproximação de alunos e professores
com a comunidade local, valorizando e fortalecendo ações de cooperação que
promovam a melhoria da saúde e bem estar de todo o Município.
Objetivos
Conhecer o ciclo de vida do vetor e do agente infeccioso – Leishmania sp.
Levantar estratégias, junto a comunidade local e as secretarias de saúde
do Município de Paracatu, que deram certo para a redução das taxas do
mosquito Palha e aprimorá-las.
Construir oficinas de capacitação para alunos do Ensino Fundamental
das Escolas da Rede Pública, Estadual e Municipal, do Município de
Paracatu.
Participação em eventos científicos (SNCT – Câmpus Paracatu).
Metodologia
Selecionou-se Bolsistas de Iniciação Científica, por edital específico.
Visitou-se às Secretarias de Saúde e Escolas Públicas do Município de
Paracatu para levantamento dos dados e projetos já desenvolvidos com a
comunidade local.
Fez-se um levantamento bibliográfico de estudos já realizados na região
e em outros locais da Federação.
Realizou-se um estudo detalhado do vetor e da Leishmania sp.
Apresentação oral e no formato de Palestra na Semana Nacional de Ciências e Tecnologia no auditório do Câmpus Paracatu. O número de alunos
envolvidos foi da ordem de 200. A temática abordada foi o desenvolvimento de estratégias para a prevenção e combate ao mosquito Palha em
parceria com a Vigilância Sanitária do Município.
Elaborou-se e executou-se um Projeto de Capacitação, no formato de
Palestra, que foi aplicado na Escola estadual Antônio Carlos nos dia
25/10/2012 para as turmas de 6º Série. A Palestra foi apresentada no
auditório da E.E. Antônio Carlos e teve a participação de cerca de 80
alunos. A temática abordada foi o desenvolvimento de estratégias para
a prevenção e combate ao mosquito Palha em parceria com a Vigilância
Sanitária do Município.
86
Considerações Finais
Constatou-se que as Escolas Públicas Locais e a Secretaria Municipal
de Saúde de Paracatu consideraram importantes as ações desenvolvidas e as
relações estabelecidas durante a execução do projeto. É interessante ressaltar
que os dados obtidos na literatura e na pesquisa de campo apresentaram um
quadro conceitual bem parecidos, reforçando ainda mais a necessidade de
novos projetos voltados para a saúde da comunidade de Paracatu.
Percebeu-se que as informações repassadas na Palestra e na comunicação
Oral (Banner) poderão contribuir significativamente para a redução dos índices
de transmissão do mosquito Palha e de outras zoonoses, como a Dengue.
A extensão aplicada à educação é apenas um método de qualificar ainda
mais o ensino, proporcionando um aprendizado de qualidade, no sentido de
rapidez, interatividade, renovação instantânea de informação e entretenimento
para maior absorção das informações repassadas a comunidade local. Resultando em uma mudança de comportamento e promovendo a aproximação dos
diversos segmentos sociais dentro do município de Paracatu.
Devemos entender a extensão como uma nova oportunidade de ensino
aprendizagem, e que se faz necessário trabalhar projetos e/ou parcerias de forma
que ajudem o entendimento da comunidade para uma maior compreensão da
temática abordada além de promover um auxílio às ações de promoção da saúde
local.
Antes de encerrar este trabalho se faz necessário esclarecer que durante
toda a execução do projeto não existiu a intenção de terminar esta questão e
sim buscar novas parcerias e ações futuras, principalmente no que se refere a
zoonoses.
Acreditamos ter contribuído, auxiliado por este trabalho, para à promoção da saúde local e da valorização de parcerias entre os diversos segmentos da
sociedade Paracatuense e o IFTM- Câmpus Paracatu.
Notas
91
Mestre em Ciências Biológicas (Microbiologia). Professor de ensino básico técnico e tecnológico do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Câmpus Paracatu.
92
Bolsista de Extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Triângulo Mineiro. [email protected].
93
Bolsista de Extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Triângulo Mineiro. [email protected].
94
Bolsista de Extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Triângulo Mineiro.
95
Bolsista de Extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Triângulo Mineiro.
87
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de vigilância da Leishmaniose Tegumentar
Americana. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2010
PARACATU, MG. Secretaria Municipal de Saúde do Município de Paracatu –
Leishmaniose é igual AIDS e Mata. Paracatu,MG: SMSMP, 2011a.
PARACATU, MG. Secretaria Municipal de Saúde do Município de Paracatu. Vigilância Epidemiológica de Paracatu – Leishmaniose: Saiba como prevenir e combater.
Paracatu, MG: SMSMP, 2011b.
88
Museu Entomológico do Instituto
Federal do Triângulo Mineiro
Kamila Etel Pereira Gonçalves96. Cristina Beatriz Espindula Raizel97. Mariana Mendes Alves98. Robson Thomaz Thuler99.
Resumo
Dentre todos os grupos animais os insetos apresentam o maior número de indivíduos e espécies. Do total de 1,5 milhão de espécies de animais descritas em todo o
Mundo, 865 mil são insetos. Para seu estudo centenas de espécimes de insetos são
coletadas anualmente e muitos se perdem devido à falta de cuidados. Para manutenção de insetos é necessário local e condições adequadas além de pessoal treinado para manuseio. A implantação do projeto auxiliouo professor na disciplina de
entomologia, nos seus recursos de aulas; os alunos e a sociedade no conhecimento
de espécimes de insetos e sua biodiversidade, trazendo atualização dos envolvidos,
quanto à classificação de forma adequada dos insetos que são coletados pelos alunos
e disponibilizados para a instituição. Os espécimes foram utilizadospara criação do
Museu Entomológico do IFTM com uma estrutura física, onde são armazenados os
insetos coletados,e uma estrutura itinerante, para socialização de informações com
a sociedade, sendo assim uma ferramenta extremamente importante de extensão
universitária, aplicável ainda para interação com o ensino e a pesquisa.Por meio da
criação do museu entomológico, foi possível levar conhecimento para os alunos da
instituição, desenvolver e apoiar projetos de pesquisa, auxiliar pesquisadores regionais na identificação de espécimes menos comuns, como também divulgar o IFTM
junto à sociedade, pela difusão do conhecimento. A importância do museu entomológico é indiscutível sendo avaliado principalmente por seu aspecto sistemático
(espécies que abriga) e relevância histórica.
Palavras-chave: Entomologia. Taxonomia e Sistemática. Arthropoda. Insecta.
Introdução
Os insetos são animais extremamentebem sucedidos e, apesar do seu
pequenotamanho, estão associados a diversos aspectosda vida do ser humano.
Todos os tipos deecossistemas naturais e modificados, terrestres eaquáticos,
apresentam comunidades de insetos, que possuem grande variedade de estilos
devida, formas e funções (Gullan; Cranston, 2008).
Esses organismos desempenhamimportante papel na natureza, tendo na
Entomologia a ciência que os estuda sob todosos aspectos, estabelecendo as
relações com osseres humanos, plantas e animais, correspondendo, respectivamente, a Entomologia Médica, Entomologia Agrícola e Entomologia veterinária (Gallo et al.,2002).
A Entomologia Agrícola é o estudo das pragas agrícolas (insetos e
ácaros) que causam danos às plantas cultivadas e dos métodos para controlá-las. Um grande desenvolvimento dessa área ocorreu na década de 50
em todo o mundo, havendo, a partir de 60, grandes avanços na área de
Manejo Integrado de Pragas. Atualmente, a entomologia está cada vez mais
interligada com as várias áreas do conhecimento (genética, bioquímica, biotecnologia, fisiologia vegetal, fitopatologia, matologia, nutrição de plantas,
bioestatísticas, climatologia, análise de impacto ambiental etc.), pois para
o controle de pragas são necessários programas inter e multidisciplinares
(GALLO et al., 2002).
A maior parte do reino animal pertence ao filo Arthropoda e embora se
conheça perto de um milhão de espécies, essa é sem dúvida apenas uma pequena porcentagem do número total de viventes, sendo que as demais ainda
estão por ser descobertas (RUPPERT; FOX; BARNES, 2005). Dentro do filo
Arthropoda o grupo mais abundante é o de insetos sendo que o número de
espécies descritas é estimado em aproximadamente um milhão, das quais cerca de 10% são pragas, prejudicando plantas, animais domésticos e o próprio
homem. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), cerca
de 5.000 novas espécies são coletadas e classificadas anualmente (GALLO et
al., 2002)
Os insetos são encontrados nos mais variados habitats. Em pouco tempo,
pode-se coletar uma quantidade apreciável. As coletas são pontos de partida
para uma coleção, portanto, é necessário que os insetos sejam coletados em
perfeitas condições.
Dentre todos os grupos animais os insetos possuem o maior número de
indivíduos e espécies. Do total de 1,5 milhões de espécies de animais descritas
em todo o Mundo, 865 mil são insetos (WILSON, 1999 apud MARINONIET et al., 2005). Isso sem considerarmos aquelas que já foram eliminadas
da natureza antes mesmo de serem conhecidas, além das que ainda estão para
serem descobertas. O número de espécies de insetos descritas num período
de 18 anos (1980 a 1998) sofreu um acréscimo de 114 mil, em uma média
de 7.700 espécies novas por ano (WILSON, 1999 apud MARINONIET et
al., 2005). Uma estimativa do número real de espécies de insetos feita pelo
Global BiodiversityAssessment em 1995, chega ao incrível número, mesmo
que aproximado, de 10 milhões.
90
O Brasil destaca-se por ser um dos mais ricos países em termos de biodiversidade. Lewinsohn e Prado (2004) estimam que, para o Brasil, sejam conhecidas entre 91 e 126 mil espécies de insetos. Considerando-se que pelo menos
15% de toda a biodiversidade mundial esteja aqui alocada, nos remetemos à
quantia de 1,5 milhões de espécies de insetos a serem ainda descobertas, valor
que se aproxima da estimativa apresentada pelos mesmos autores.
Pelos fatores expostos podemos vislumbrar a importância das Coleções
Entomológicas Brasileiras e o que as mesmas representam no contexto mundial
para a conservação desse patrimônio.
Coleções de organismos têm com função primordial o registro da biodiversidade, isto é, o conjunto dos diferentes organismos que povoam a Terra.
Esta “diversidade do vivo” que se encontra de forma natural em pleno dinamismo e contínua evolução, constitui nosso recurso mais valioso, ameaçado e
inexplorado (HERNÁNDEZ, 1999).
Características de uma coleção entomológica
Por abrigarem, em sua maioria, indivíduos de pequeno porte, as coleções
entomológicas constituem-se em um conjunto que pode chegar a milhões de
exemplares. Esses são acondicionados em armários com gavetas bem vedadas,
do tipo “mostruário” com tampa de vidro. Cada gaveta abriga exemplares secos,
montados em alfinetes especiais preferencialmente de aço, pois não enferrujam,
em caixas pequenas de plástico com fundo de polietileno. Para alguns grupos
o armazenamento é feito através de lâminas de montagem definitiva, que são
acondicionadas em caixas apropriadas. Cada exemplar possui etiqueta contendo informações sobre a localidade geográfica de procedência, data de coleta,
nome dos coletores e eventualmente dados complementares como a planta hospedeira ou outras informações ecológicas.
Coleções entomológicas em condições adequadas de armazenamento podem preservar os exemplares por um longo período de tempo. Para tanto, os
cuidados necessários são inúmeros. Há de se tomar cuidado desde o manuseio
dos exemplares já que estes são muito frágeis, principalmente depois de secos. Estas coleções estão também constantemente sujeitas ao ataque de fungos e outros
insetos, que podem causar danos irreparáveis aos exemplares. A maneira correta
de evitar estas infestações é a utilização de produtos repelentes como naftalina e
creosoto de faia, e também a manutenção de baixa umidade que pode ser feita
através da utilização de desumidificadores e condicionadores de ar.
Além dos cuidados acima, a coleção deve situar-se em local escuro ou
protegido da luz direta para evitar a foto-decomposição da cor dos exemplares.
91
Desenvolvimento
Em disciplinas de entomologia básica ou aplicada, realizada na maioria
das universidades do país, seja no curso de Engenharia Agronômica, seja nas
Ciências Biológicas, centenas de espécimes de insetos são coletados a cada ano
e muitos se perdem devido á falta de cuidados adequados com os mesmos. Para
manutenção desses insetos, são necessários local e condições adequadas, além
de pessoal treinado ou especializado para manuseio. Sobremaneira, então, faziase necessário a existência no IFTM de um museu entomológico para abrigar
os espécimes coletados pelos alunos de diferentes disciplinas, de forma que o
monitor juntamente com o professor/orientador pudessem melhorar disciplinas relativas ao assunto. Além de facilitar o estudo tanto dos estudantes do
curso de Engenharia Agronômica, quanto para conhecimento de demais cursos
e sociedade em geral.Sendo assim, o projeto teve como objetivo a Criação e manutenção do Museu Entomológico, físico e itinerante do Instituto Federal do
Triângulo Mineiro, para proporcionar aos estudantes do IFTM conhecimento
teórico e prático na área entomológica, através de visitas ao museu; além de
documentar os espécimes de insetos em perfeito estado de conservação para
criação do museu físico, museu itinerante e um site sobre do Museu de Entomologia, para apoio aos alunos do IFTM e divulgação do IFTM junto à sociedade, por meio de visitação à escolas e outras instituições interessadas.
O projeto foi realizado no Instituto Federal do Triângulo Mineiro –
Câmpus Uberaba, no período de março de 2012 a dezembro de 2012. Foram
realizadas várias ações para que se pudesse chegar aos objetivos propostos.
Museu Físico
De maneira geral, os espécimes depositados em coleções entomológicas são preservados em vias seca e úmida. A preservação em via seca é
aplicada a materiais de difícil decomposição, como exoesqueletos, em que
a simples secagem garante a conservação do material; a preservação em via
úmida é efetuada em meio líquido (usualmente álcool a 70%) e é aplicada
a insetos de fácil decomposição ou em que a manutenção em via seca torna
o corpo ou seus apêndices quebradiços (MARTINS, 1994). Assim, com o
Recebimento dos espécimes (1) os cuidados foram: Limpeza dos insetos
- realizada retirando-se todos os materiais indevidos e poeira dos mesmos
e a coleção foi tratada com solventes e feitas secagens em estufa para manutenção dos espécimes; Triagem dos insetos (2 e 3) - que consistiu na
separação dos insetos das caixas entomológicas realizadas pelos alunos do
IFTM, e em seguida na identificação dos insetos por ordem; Classificação
dos espécimes –quando após processo de identificação por ordem, foram
92
feitas as classificações dos mesmos por meio da chave de identificação,
sendo feita, em seguida, a disposição nas caixas conforme posição taxonômica; e Recebimento de novos espécimes -os novos espécimes foram
fornecidos pelos alunos do IFTM que cursam a disciplina de Entomologia
Básica, sendo os insetos recebidos e armazenados provisoriamente no laboratório de fitossanidadedo IFTM para realizações dos procedimentos e
manutenção do museu entomológico.
A Estruturação do MuseuFísico (4) foi iniciada com a organização
dos espécimes, sendo que os espécimes entregues pelos estudantes do IFTM,
por meio de trabalhos na disciplina de Entomologia Geral foram analisados
e aqueles que apresentaram melhores condições deconservação (nenhuma
parte do corpo quebrada, coloração normal e montados de maneira correta)
foram separados e armazenados em caixas de coleção entomológica para fazer parte do acervo do Museu Entomológico do Instituto Federal do Triângulo Mineiro, onde as caixas foram devidamente identificadas pela ordem.
As caixas entomológicas foram guardadas em armários próprios para o museu entomológico. Para preservação dos espécimes foram colocadas dentro
das caixas entomológicas naftalinas, para evitar danos por insetos indevidos.
Por outro lado, os insetos que não estavam em condições adequadas para
compor o museu, foram armazenados em caixas entomológicas extras para
posteriores aulas práticas. Fotografia e Filmagens -alguns espécimes catalogadas vêm sendo fotografados para criação do Museu Virtual e criação do
banco de imagens e vídeos.
Museu Itinerante
O início das ações itinerantes ocorreu com a organização de Mostras em
escolas e Instituições solicitantes (5 e 6) para divulgação dos conhecimentos
entomológicos e do curso de Engenharia Agronômica do IFTM em 02 escolas
municipais de Uberaba: Escola Estadual Aurélio Luiz da Costa e Escola Estadual Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco. Para mostra foram separadas
caixas entomológicas com espécimes diversificados para visualização e conhecimento do projeto desenvolvido na instituição. Além das visualizações feitas em
microscópios com estruturas dos insetos.
Monitoria nas disciplinas de Entomologia
Foram realizadas monitorias em laboratório,sob orientaçãodo professor,para auxiliar o conhecimento e estudos dos alunos do IFTM. Também foram preparadas as aulas práticas de Entomologia Geral.
93
1.
Recebimento
dos
Espécimes
2.
Triagem
Fase 1
ORDENS
6.
Mostra em
Escolas e
Intituições
Solicitantes
3.
Triagem
Fase 2
FAMÍLIAS
5.
Estruturação
do Museu
Itinerante
4.
Estruturação
do Museu
Físico
Figura 1. Processo representativo das atividades desempenhadas no Museu Entomológico.
Considerações Finais
Cuidados com espécimes
Durante o projeto foi verificado um grande número de espécimes, onde
as maiores quantidades de insetos foram encontrados nas ordens lepidóptera,
coleóptera e hemíptera.
Ao final o total de 30 caixas foram entreguespelos alunos que cursam a
disciplina de entomologia geral, onde cada uma continha aproximadamente 80
insetos. Os novos insetos começaram a ser organizados para práticas dos mesmos procedimentos em continuidade ao presente projeto.
Preparo do Museu
Verificando os insetos entregues pelos alunos, foi observada uma grande
quantidade que não apresentava condições perfeitas de conservação, ficando,
portanto, armazenados em caixas extras para aulas práticas. Já os insetos que
não tinham nenhuma condição de conservação (insetos muito quebrados, coloração muito diferente da original e infestados por insetos-pragade armazenamento) foram descartados evitando maiores perdas.
94
Museu Itinerante
O museu itinerante percorreu duas Escolas Estaduais, dando início às
ações junto à sociedade, na mostra de cursos do Instituto Federal do Triângulo Mineiro – Câmpus Uberaba/MG, divulgando, consequentemente o Museu
Entomológico do IFTM, fornecendo conhecimento das atividades, projetos e
socializando o conhecimento sobre a ciência Entomologia.
Finalmente o projeto teve grande importância e contribuição para o
aprendizado, aumentando o conhecimento sobre os insetos e sua diversidade,
levando em consideração os objetivos propostos e tendo em vista o caráter contínuo do museu entomológico que, a cada anorecebe novos espécimes, sendo
necessário a realização de todos os processos novamente. Enquanto, por meio
do museu itinerante é possível proporcionar conhecimento de maneira acessível
tanto para a sociedade quanto aos futuros alunos do IFTM.
Notas
96
Acadêmica do 9° Período do curso de Engenharia Agronômica. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão
do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012. [email protected].
97
Acadêmica do 7° Período do curso de Engenharia Agronômica. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012.
[email protected].
98
Acadêmica do 7° Período do curso de Engenharia Agronômica. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012.
[email protected].
99
Pós-Doutor, Professor do curso de Engenharia Agronômica, Coordenador do Projeto. [email protected].
Referências
GALLO, D. et al. Entomologia agrícola. Piracicaba:FEALQ, p. 1-6, 2002.
GULLAN, P.J.; CRANSTON, P.S. Os insetos: um resumo de entomologia. 3 ed. São
Paulo: Roca, 2008. 440p.
HERNÁNDEZ, J.M. La evaluación y conservación de labiodiversidad: perspectivas. Cuad.
Bioética, v.10, n.38, p.249-252, 1999.
http://www.cria.org.br/cgee/documentos/ColecoesEntomologicas.doc. Acessado em: abril
de 2012.
LEWINSOHN, T. M.; PRADO, P. I. Biodiversidade brasileira: síntese do estado atual
do conhecimento. 2. ed. São Paulo,SP: Contexto, 2004. 176 p.
MARINONIET, L. et al. Coleções entomológicas brasileiras: estado-da-arte e perspectivas para dez anos. Brasília: MCTCGEE, 2005 (Documento). Disponível em: http://
www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=web&cd=1&ve-
95
d=0CCoQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.cgee.org.br%2Fatividades%2Fredirect.
php%3FidProduto%3D1746&ei=XgLbUfWRGZPh0AH4rIGoDQ&usg=AFQjCNFDAu5vuaXyuRZ6ow1OlwPR-kEOUg. Acesso em: 08 maio 2012.
MARTINS, U.R.A. Coleção taxonômica. In: PAPAVERO, N. (Org.). Fundamentos
práticos de taxonomia zoológica: coleções, bibliografia, nomenclatura. São Paulo,SP:
Editora da Universidade Estadual Paulista, 1994. Cap. 1, p.19-43.
RUPPERT, E.E.; FOX, R.S.; BARNES, R.D. Zoologia de Invertebrados. 7. ed. São
Paulo,SP: Roca, 2005.
96
Espaço Virtual de Interlocução com a
Cultura Negra em Uberlândia
Everson Silva100. Gabriel Dias Gonçalves Nunes101. Geise Divino102. Luciana Araujo Valle de Resende103. Márcia
Maria de Sousa104. Maria de Lourdes Ribeiro Gaspar105. Sírley Cristina Oliveira106. Vagner Luis da Silva107
Resumo
Espaço Virtual de Interlocução com Cultura Negra em Uberlândia é fruto de um Projeto
de Extensão desenvolvido no Instituto Federal de Educação Tecnológica do Triângulo
Mineiro – IFTM Câmpus Avançado Uberlândia. O projeto está ligado ao Curso de
Licenciatura em Computação e teve como propósito construir um espaço virtual capaz
de divulgar informações, preservar a memória e valorizar a tradição dos afros descendentes que habitam a cidade de Uberlândia, em especial o bairro Patrimônio. Assim,
Espaço Virtual de Interlocução com Cultura Negra em Uberlândia deve ser compreendido
como um “lugar de pesquisa” para a comunidade uberlandense, servindo de referência
para estudantes, pesquisadores e professores que se interessam pelas questões dos afros
descentes no Brasil.
Palavras-chave: Espaço virtual. Cultura negra. Bairro Patrimônio. Uberlândia.
Introdução
Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura Negra em Uberlândia é
um ambiente virtual voltado para a divulgação da história, da memória, das
produções culturais e artísticas dos afrodescendentes que habitam a cidade de
Uberlândia.
Para a construção do Espaço Virtual, privilegiamos o estudo de um bairro
constituído historicamente por negros, o Patrimônio. É nele que as manifestações e vivências dos negros estão em evidência, é nele que estão presentes as
histórias, as lembranças e a luta contra os resquícios da escravidão e do preconceito.
Assim, levando em conta as especificidades teóricas e metodológicas que
requer uma Projeto de Extensão, em especial o profícuo diálogo que se propõem estabelecer com a sociedade, o Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura Negra de Uberlândia tem como proposta ser um lócus privilegiado de pesquisa
para discentes, docentes, pesquisadores, enfim para toda a comunidade uber-
landense, envolvida e preocupada com as questões ligadas aos afrodescendentes
tanto na cidade quanto no Brasil.
Ainda que o bairro esteja passando por grandes transformações - empreendedorismo imobiliário, novo processo de urbanização, saída de moradores
antigos para outros pontos da cidade e novas construções arquitetônicas -, a
tradição da música, do carnaval, da religião, da dança e da comida negra ainda
estão vivas e são presenças constantes no cotidiano das pessoas que habitam o
bairro.
E, é diante dessas circunstâncias que privilegiamos em nosso Espaço
Virtual a história e o trabalho artístico cultural da Escola de Samba Tabajara.
Fundada na década de 1950, a Escola ainda é um dos pontos de encontro dos
antigos moradores do Patrimônio. Outra manifestação representativa da cultura negra uberlandense e presente em nosso espaço virtual é a Festa da Congada,
tradicionalmente realizada no mês de outubro. Nesta festa o bairro apresenta
para a cidade a sua maior tradição. A música, o eco dos tambores e o criativo
trabalho de percussão é a marca registrada do Grupo Tabinha. O grupo formado por jovens que habitam o Patrimônio ainda é uma das referências da música
negra presente na cidade. No âmago dessas produções culturais ainda desponta
o olhar de moradores do bairro que valorizam o Patrimônio não só um lugar de
cultura popular, mas o futuro Quilombo Urbano cultura negra em Uberlândia.
Diante desse instigante cenário cultural, o presente projeto de extensão
se fundamentou em resolver a seguinte problemática: O que é o bairro Patrimônio na atualidade? Em que medida seus moradores se relacionam com as mudanças
culturais e políticas que paulatinamente vem entrando no bairro?
Para desenvolvermos tal questão optamos por criar um ambiente virtual
que mostre a todos a história do bairro Patrimônio, a memória e a tradição
de seus moradores. Mais que isso, optamos por desenvolver um espaço virtual que valoriza a luta, a experiência e a resistência de uma população negra
em meio às transformações e contradições advindas do progresso e da política
urbanística da cidade de Uberlândia. Os resultados dessa problemática e de
outras reflexões podem ser consultados através do seguinte endereço eletrônico:
http://www.iftmlabs.net.br/espacoculturanegra/.
Desenvolvimento
O Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura Negra de Uberlândia contemplou manifestações e ações culturais tradicionais do Patrimônio. Embora, o
bairro esteja passando por grandes transformações urbanísticas, o cotidiano da
comunidade ainda é marcado pela experiência histórica de seus antigos moradores, expressas, sobretudo, na música, no carnaval, na religião, na dança e na
98
comida negra. Tudo isso, faz com que o Patrimônio ainda seja considerado um
lugar de cultura popular.
Com esta perspectiva de análise, a metodologia de execução utilizada na
construção do Espaço Virtual foi desenvolvida a partir da relação dialógica entre
a teoria e o campo das evidências, ou seja, através da realização de uma pesquisa
teórica articulada à pesquisa de campo. Nesse sentido, o primeiro momento do
trabalho foi à realização de uma Pesquisa Bibliográfica, que contemplou obras
de referência sobre o tema. Cabe destacar, que o propósito maior dessa Pesquisa
Bibliográfica é relacionar o tema ao debate acadêmico e cientifico realizados em
nível nacional, ou seja, avaliar em que medida o tema fincado em uma História
Local está intimamente relacionado às questões políticas, econômicas, sociais e
culturais do País.
Entre tantas obras que fundamentaram a pesquisa bibliográfica, destacase: Usos e abusos da mestiçagem e da raça no brasil (SCHWARCZ,1996). Entre as questões abordadas no texto merece destaque: a formalização da diferença
racial projetada em fins do século XIX, momento em que a característica miscigenada da população brasileira foi vista como um espetáculo, um laboratório
degradante das raças. Nesta perspectiva de análise, foram tratados temas como
a especificidade do racismo no Brasil, o racismo cordial, preconceito retroativo
e outros mais.
Outra obra essencialmente importante às nossas discussões diz respeito A
questão racial brasileira vista por três professores: Florestan Fernandes, João
Baptista Borges Pereira e Oracy Nogueira (SCHWARCZ, 1989). O texto, um
conjunto de três entrevistas concedidas pelos referidos professores no ano de
1966, chama atenção para a necessidade de mudanças e de políticas públicas
que combatam o preconceito e a discriminação racial no Brasil. Florestan Fernandes clama por mais consciência da população negra e a “solidariedade do
branco” (questão que foi amplamente discutida e reavaliada pelo grupo). João
Baptista Borges Pereira destaca a importância da utilização dos “meios modernos” (mídia) para influenciar a opinião pública quanto aos problemas raciais e
sociais do negro. Já Oracy Nogueira destaca a relevância da adoção de medidas
de caráter educativo para esclarecimento e tomada de consciência da população
frente às questões raciais. Em termos práticos as leituras realizadas até então
possibilitaram a compreensão dos seguintes conceitos: democracia racial, mito
social, tolerância racial, discriminação e segregação, segregação dissimulada.
Em especial, sobre o bairro Patrimônio foram contemplados dois artigos
científicos, o primeiro Patrimônio: oitava maravilha do mundo e/ou enclave
de pobreza? (PELÁ, 2012), discutiu diferentes noções de cultura aliadas a construção do espaço urbano, sobretudo, problematizou questões importantes que
muito contribuirá para o nosso trabalho de pesquisa, entre outras: (i) qual a
99
dimensão da intervenção das práticas socioculturais dos chamados “sujeitos não
desejados” no planejamento urbano das cidades; (ii) o espaço urbano é também
uma construção social, por isso, a urbanização que se projeta nas cidades de médio porte é também uma disputa política, uma luta pela memória, pela história.
Outro texto, Configuração urbana do bairro patrimônio em Uberlândia–MG: levantamento histórico e contemporaneidades (SILVA, 2010), estabeleceu um paralelo entre o bairro Patrimônio no passado e no presente, e,
ainda, procurou demonstrar ao leitor a importância do bairro para o município
de Uberlândia.
Concomitante à Pesquisa Bibliográfica foi realizada uma Pesquisa de Campo no Bairro Patrimônio, lugar privilegiado para a coleta de dados, informações
e pesquisa acerca da cultura negra em Uberlândia por abrigar vários segmentos
culturais e políticos representativos da cultura negra da cidade. Neste trabalho, a
função da Pesquisa de Campo é relacionar o conhecimento teórico à experiência
social da comunidade negra que habita o Patrimônio. O instrumental de coleta
das informações sobre o bairro Patrimônio foi à realização de entrevistas com
seus respectivos moradores e pessoas que mesmo não sendo habitantes do bairro
estabelecem relações profícuas com as suas manifestações culturais.
Entre os entrevistados destacam-se os integrantes da Velha Guarda da Escola de Samba Tabajaras – Senhor Tio Bolinho, Senhora Fatinha e Senhora Benedita. Também realizamos entrevistas com os representantes da Festa da Congada o senhor Jeremias Brasileiro (mestre de honra da congada em Uberlândia).
Os líderes dos ternos de congada que ainda permanecem no Patrimônio, os senhores Claudiomiro (Terno Raízes) e Ubirajara (Terno Princesa Isabel) Sobre a
música negra presente no bairro Patrimônio, Neirimar coordenador do Grupo
Tabinha, foi quem nos forneceu informações precisas. Ainda sobre as agremiações esportivas do bairro, entrevistamos Renato Batista e Fausto (representantes
do Colorado e Guarany). Os moradores do bairro Patrimônio também foram
solicitados a nos conceder informações, Dulce e Gilberto Maciel foram os entrevistados naquele momento12. No site do espaço virtual as referidas entrevistas estão disponíveis em sua íntegra no link Entrevistas.
Cabe destacar que a conexão entre a pesquisa bibliográfica e a pesquisa
de campo possibilitou a construção do Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura Negra em Uberlândia, pesquisa irá contribuir de forma sistematizada com
as discussões e reflexões acerca do tema dos afrodescendentes no Brasil. Assim,
a fim de materializar os resultados da pesquisa desenvolvida, segue a estrutura
do site produzido:
(link) Início: Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura Negra em Uberlândia apresenta parte da história e da cultura dos afrodescendentes da
100
cidade de Uberlândia, em especial do Patrimônio, um bairro constituído
historicamente por negros.
(link): Histórico Projeto: apresenta a proposta da pesquisa e a problemática que norteará a execução do trabalho. Especificamente, destaca como
o bairro Patrimônio ainda se projeta como um lugar da cultura popular
dos negros. Em meio ao progresso e a modernidade o bairro ainda é
um espaço de luta, um local de resistência da história e da cultura dos
afrodescendentes de Uberlândia. Ao lado disso esse link ainda apresenta
os passos da pesquisa, quais as manifestações que serão contempladas no
espaço virtual.
(link) Histórico Bairro Patrimônio: o texto apresenta a história do Patrimônio, especificamente como o bairro se constitui como um lugar
de negros trabalhadores e excluídos socialmente. Destaca, sobretudo, a
trajetória, o cotidiano e o trabalho dos negros que habitaram a cidade de
Uberlândia no início do século XX.
(link) Localização: apresenta a localização e as delimitações territoriais
que circunda o bairro na cidade de Uberlândia.
(link) Entrevistas: apresentam entrevistas de vários sujeitos, personalidades que contribuíram para a construção e preservação da história e da
tradição do bairro Patrimônio.
(link) Registros Visuais: destaca diferentes circunstâncias culturais do
bairro Patrimônio, em especial privilegia imagens da Festa da Congada
em Uberlândia no ano de 2012. Assim, disponibiliza ao usuário imagens
sobre as crianças congadeiras ( particularidade da Festa de Uberlândia); os
símbolos, os rituais e as imagens dos ternos, especialmente do Terno Raízes
e Princesa Isabel (tradicionais do bairro Patrimônio). Ainda é apresentado
imagens do Patrimônio no passado e no presente. O propósito é mostrar o
desenvolvimento histórico do bairro e suas respectivas contradições.
(link) Manifestações Culturais: destaca a produção de textos sobre diversos segmentos culturais do bairro Patrimônio: a Escola de Samba Tabajara; a Festa da Congada e o Grupo de Percussão Tabinha. Todos os
textos trazem informações precisas sobre a história e as particularidades
culturais do bairro.
(link) Extras: Apresenta ao usuário uma relação de sites relacionados ao
tema da pesquisa realizada; também trás para o leitor referências bibliográficas especificamente sobre os temas abordados.
(link) Sobre Nós: apresenta a equipe de professores e bolsistas envolvidos
no projeto, bem como, os respectivos contatos de cada um.
101
Torna-se importante destacar que a construção do Espaço Virtual contou
com a participação expressiva dos bolsistas. Nesse sentido, as atividades de pesquisa e as ações extensionistas realizadas estiveram intimamente relacionadas às
Unidades Curriculares do Curso de Tecnologia em Sistemas para Internet e do
Curso de Licenciatura em Computação. Em especial, Protocolos e Programação
Para a Internet, Interface Homem Computador, Fundamentos de Sistemas para Internet I e II forneceram aos bolsitas envolvidos no Projeto, uma fundamentação
técnica e teórica acerca das tecnologias de desenvolvimento de sites, como: o
HTML (linguagem de marcação de hipertexto, responsável pela estruturação
do site); o CSS (folhas de estilo, responsável pela padronização de cores, estilos
textuais); e por fim o JAVASCRIPIT (destinado ao desenvolvimento de ações
realizadas na máquina do usuário).
Para maior apreciação dos temas e problemas abordados no espaço virtual de interlocução com a cultura negra em Uberlândia, acesse:
http://www.iftmlabs.net.br/espacoculturanegra/.
Considerações Finais
O Projeto de Extensão Espaço Virtual de Interlocução com Cultura Negra
em Uberlândia foi lançado oficialmente em meados de dezembro de 2012. Nesse sentido, com o término da pesquisa foi possível sistematizar alguns resultados
acerca do tema cultura negra em Uberlândia:
1) Levando em consideração o processo vertiginoso de urbanização pela
qual vem passando a cidade de Uberlândia, em especial as mediações
ou o setor em que se localiza o bairro Patrimônio, compreende-se que
as diversificadas ações culturais desenvolvidas pelos negros que habitam o bairro, são manifestações de resistência, ou seja, manifestações
de luta pela preservação da tradição, pelo respeito à cultura e a história
dos afros descendentes.
2) Assim, o carnaval tradicionalmente apresentado pela Escola de Samba
Tabajara, os festejos religiosos dos ternos de congado e o trabalho de
percussão do Grupo Tabinha são algumas das expressões que evidenciam
a voz, a presença e a história do negro numa cidade que não só se moderniza, mas que gradativamente, excluí ou ignora os sujeitos não desejados
ao planejamento urbano e moderno que se projeta.
3) Em meio às edificações ostensivas e modernas das novas casas que habitam
o espaço e ornamenta o cenário do bairro Patrimônio, é possível identificar
a presença de casas essencialmente discretas, simples e antigas, pertencentes
aos primeiros moradores do bairro. Entende-se, que esse cenário que contrasta o “novo” e o “velho”, o “antigo” e o “moderno” é a representação de
102
uma luta política forjada ora pela necessidade de preservação da memória
e da tradição do “bairro de negros”, ora pela necessidade de modernizar e
adaptar o bairro ao “mundo dos brancos”. Nesse processo, conclui-se, que
o planejamento urbano e a cultura não são processos neutros e imparciais,
ao contrário, são manifestações de lutas, são disputas, são olhares, enfim são
escolhas forjadas em um tempo e lugar.
4) Tomando como referência essas questões, qual a função social do espaço
virtual frente às mudanças que vem ocorrendo no bairro Patrimônio?
Em que medida o espaço virtual poderá contribuir para a preservação da
memória e da história dos negros que habitam o bairro?
Compreende-se que o Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura
Negra em Uberlândia é um espaço valioso para divulgação das tradições,
da memória, das lembranças dos negros, mas, sobretudo, é uma forma de
divulgar a experiência histórica de luta de uma classe social que historicamente foi excluída dos benefícios sociais do País. Decorridos anos, séculos
de história, percebe-se que a cultura negra de Uberlândia permanece viva
através da percussão e do som dos tambores, através das cantorias e das
novenas na Igreja do Rosário, através das danças e dos festejos coloridos
da Congada. Daí, a importância em divulgar essas manifestações, pois elas
carregam evidencias da história do passado, elas caracterizam o cotidiano
de luta de homens, mulheres e crianças negras – sujeitos de uma história
que não é apenas a do sofrimento da escravidão ou dos constrangimentos
racistas é, sobretudo, uma história de luta pela preservação e permanência
de suas experiências.
Assim, embora, o Espaço Virtual... se projete como uma linguagem desprovida de materialidade física ele é real, pois permite interpretar a vida, a história, a experiência, a cultura e as tradições dos sujeitos históricos em um tempo
histórico: o presente, o passado, enfim o lugar.
Por fim, a construção do Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura
Negra em Uberlândia possibilitou ainda um debate instigante entre Educação e
Tecnologia, entre História e a Ficção, entre as Artes e as Linguagens Computacionais. Neste trabalho de pesquisa a tecnologia assume um papel importante:
ela é um instrumento político capaz de divulgar informações, produzir conhecimento, promover debates suscitando reflexões que possibilitam a tomada de
atitude crítica frente ao atual contexto do bairro Patrimônio.
Contudo, ainda que o trabalho de pesquisa e a construção do “site” tenham se encerrado, não significa o esgotamento do tema em questão. Ao contrário novas possibilidades de pesquisa, novos problemas e novas abordagens já foram levantadas pelo grupo de professores e bolsitas envolvidos no projeto, a saber:
103
- qual o papel das novas tecnologias informacionais na produção e divulgação da história e da cultura dos afrodescendentes que habitam a cidade
de Uberlândia.
- o bairro Patrimônio (constituído tradicionalmente por negros) dispõe de
um Centro de Formação para jovens e crianças negras e brancas que habitam o bairro. Esses jovens que acompanham as transformações urbanas
e o progresso que paulatinamente vem entrando no bairro se reconhecem
como sujeitos da história do Patrimônio? Qual o olhar desses jovens sobre a sua própria cultura e a história do bairro?
Diante dessas problemáticas o Projeto apresenta como novas possibilidades de pesquisa e extensão oferecer oficinas nos laboratórios de Informática
do Câmpus Uberlândia Centro, onde esses jovens poderão materializar seus
olhares, suas imagens, suas memórias acerca do bairro em que habitam.
Notas
100
Graduando em Licenciatura em Computação e bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Edital 01/2012. [email protected].
101
Graduando em Tecnologia em Sistemas para Internet e bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de Extensão do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Edital 01/2012. [email protected].
102
Graduando em Licenciatura da Computação e bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Edital 01/2012. [email protected].
103
Professora Ms. de Educação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Câmpus Uberlândia Centro. [email protected].
104
Professora Ms. de Artes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Câmpus Uberlândia.
[email protected].
105
Professora Ms. de Educação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Câmpus Uberlândia Centro. [email protected].
106
Professora Dra. de História do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Câmpus Uberlândia Centro e Coordenadora do Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura Negra em Uberlândia.
[email protected].
107
Professor Dr. de História do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Câmpus Uberlândia
– [email protected].
Referências
PELÁ, Márcia Cristina Hizim. Patrimônio: oitava maravilha do mundo e/ou enclave
de pobreza? 2011. Disponível em: www.xiisimpurb2011.com.br. Acesso: 20/06/2012.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. A questão racial brasileira vista por três professores: Florestan Fernandes, João Baptista Borges Pereira e Oracy Nogueira. Revista da USP, São
Paulo: Coordenadoria de Comunicação Social da Universidade de São Paulo, n. 1, p.
168-179, mar./maio 1989.
104
_______. Usos e Abusos da Mestiçagem e da Raça no Brasil: uma história das
teorias raciais em fins do século XIX. Afro-Ásia, v.18, 1996. Disponível em:
www.afroasia.ufba.br. Acesso em: 05/08/2012, às 15h30min.
SILVA, Daniela Belo. Configuração Urbana do Bairro Patrimônio em Uberlândia,MG:
Levantamento Histórico e Contemporaneidades. Revista fato&versões n. 3, v. 2, p.
98-111, 2010.
105
Cidadania e Sistema Penitenciário: Intervenções
e Mini-Cursos de Direitos Humanos junto ao
Estabelecimento Prisional de Uberaba-MG
Wagner Jacinto de Oliveira108. Guilherme Gomes Caiado109. Solange Renata da Silva
Madruga110. Vanessa Nunes de Oliveira111. Rachel Michelle Portes da Rocha112
Resumo
Este trabalho apresenta os elementos que constituem a estrutura do relato de experiência para o programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012 bem como, de forma geral
as regras de apresentação, os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. As orientações baseiam-se nas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Palavras-chave: Relato de experiência. Modelo de trabalho. Programa de apoio a projetos de extensão.
Introdução
O Projeto em tela tem como tema cidadania e sistema penitenciário:
intervenções e mini-cursos de direitos humanos junto ao estabelecimento prisional de Uberaba-MG cujo objetivo é Fortalecer as atividades de extensão do
Curso de Licenciatura em Ciências Sociais do IFTM- Câmpus Uberaba-MG, a
partir de mini cursos sobre Direitos Humanos dos apenados abrindo mais um
canal de estágio bem como o contato com a comunidade carcerária, os agentes
penitenciários e familiares dos aprisionados, especialmente com a população
mais carente, vítima de um processo de exclusão que lhe impulsiona para o
crime e a torna cliente preferencial das instituições penais.
Atuando em um projeto de Pesquisa já aprovado pelo IFTM aos apenados do sistema prisional de Uberaba-MG o projeto Cidadania e Sistema Penitenciário: intervenções de direitos humanos junto ao Estabelecimento Prisional
de Uberaba-MG. Surgiu frente aos graves problemas que permeiam o sistema, entre eles a superpopulação carcerária, os altos índices de reincidência e o
encarceramento preferencial da população miserável. Assim, o projeto objetiva
intervir nesse contexto visando aumentar suas chances de resgatarem a liberdade e se ressocializarem, e o monitoramento dos direitos humanos dentro do pre-
sídio. Para tanto, apoiado em um plano de trabalho e atuando conjuntamente
com entidades de direitos humanos, o projeto adota como método comum
às duas frentes, a capacitação teórica e crítica dos agentes penitenciários, seus
membros, familiares com visitas in loco. Procedendo à vigilância dos direitos
humanos nos presídios, por outro lado, utilizar-se-á da participação em cursos
de formação para os vários segmentos da comunidade que convivem com a
realidade carcerária.
O projeto continuará e publicará, ainda, uma cartilha sobre os direitos e
deveres do preso, ensinando aos detentos e a suas famílias os procedimentos em
caso de violação desses direitos.
Como resultado, pretende-se abrir o diálogo sobre o problema da tortura
nos presídios, coibindo sua prática, além de contribuir para a ressocialização
dos presos através da adoção de uma nova prática de tratamento humano.
Relato de experiência
A sociedade assustada com o crescimento da violência espera que a prisão
se constitua em um espaço de punição e expiação para o criminoso. A manutenção deste sentimento de expiação, comum nas sociedades antigas e atuais se
agrava pelo crescimento da criminalidade violenta, principalmente, quando as estatísticas dos crimes apontam vítimas nas camadas mais abastadas da população.
Nesse sentido, a prisão é uma instituição política. Sua função social, após
a formação do Estado liberal é de recuperação dos indivíduos, devendo buscar
sua “ressocialização”. Para Boaventura o processo de globalização trouxe uma
nova organização da sociedade cujo desenvolvimento é caótico e cujas trocas e
diferenças sociais são desiguais e excludentes, concluindo que não há globalização, mas sim globalizações como formas alternativas de um mesmo processo
que vem se expandido em escala mundial (SANTOS, Boaventura S, p. 04)
Beccaria (1977) defendeu a humanização do Sistema Penal e ressaltou
o seu caráter utilitário: a prisão deveria influenciar a conduta humana. Jonh
Howard criticou duramente as condições de tratamento destinadas aos reclusos
na Europa e defendeu o trabalho penoso: isolamento noturno, carcereiros honrados, além da divisão de presos na unidade por idade, sexo e situação processual. Bentham (apud FOUCAULT, 1977), outro reformador, discutiu um maior
controle sobre os presos nas prisões, sua maior contribuição é na arquitetura
prisional e no tratamento dos egressos do sistema prisional.
Experiências como as de Auburn (New York) e da Pensilvânia já apontavam para a implantação de sistemas de trabalho prisional, com disciplina
rígida e objetivo socializador. Nesse sentido, o regime progressivo significou um
108
avanço nas relações prisionais, de humanização da prisão. Esta humanização se
explicaria por reduzir o rigor da pena privativa de liberdade (SANTOS, 1999).
Seria contraditório manter os rituais de execução da pena de morte em
praça pública, quando os direitos do homem, a liberdade, a igualdade e a fraternidade, se constituem nos elementos centrais desta nova percepção de política
e de poder no mundo ocidental.
A partir das leituras das obras de Michel Foucault, o Projeto cidadania
e sistema penitenciário: intervenções e mini-cursos de direitos humanos junto
ao estabelecimento prisional de Uberaba-MG procurou fortalecer as atividades
de extensão do Curso de Licenciatura em Ciências Sociais do IFTM- Câmpus
Uberaba-MG, a partir de mini cursos sobre Direitos Humanos dos apenados
abrindo mais um canal de estágio bem como o contato com a comunidade
carcerária, os agentes penitenciários e familiares dos aprisionados, especialmente com a população mais carente, vítima de um processo de exclusão que lhe
impulsiona para o crime e a torna cliente preferencial das instituições penais.
O primeiro contato com os apenados não é imbuído de uma socialização
imediata. Há uma resistência, quase natural, por parte dos mesmos, dado que
estamos “invadindo” um espaço que lhes pertence. As aulas foram ministradas
no “banho” de sol dos apenados, em média entre cem e cento e vinte detentos.
Ali existe outra sociedade, com regras próprias, condutas e comportamentos
que não são os existentes aqui fora.
O decurso do tempo foi salutar para desenvolvermos o Projeto tal qual foi
pensado. Necessário o nascimento de uma relação de confiança para que a aceitação das aulas, dos debates, da propositura das leituras fosse de fato concretizada.
Percebemos essa relação de confiança com o passar de dois meses. Eles se
achegavam receosos, recebiam suas apostilas, seus cadernos e canetas, instrumentos para a construção das aulas de direitos humanos, ética e cidadania, higiene
bucal e corporal e criminologia, conteúdos ministrados pelos alunos bolsistas.
Em alguns momentos, nossas aulas eram reduzidas por conta das reuniões que os detentos realizavam assim que saíam das celas para o “banho” de
sol. Não tivemos acesso ao conteúdo dessas reuniões. Um ou outro detento nos
informava que a reunião era para tratar de assuntos disciplinares. – “Professor,
nos dias das visitas todo mundo tem que comportar direitinho, respeitar a família do “irmão”, não mexer com a mulher do outro nem desrespeitar ou falar
mais alto com qualquer pessoa que visita a gente. Aqui a gente anda miudinho,
e trata todo mundo que visita nós com muito respeito, declarou J.P. S.”
Há um número muito grande de aprisionados jovens entre 19 e 21 anos.
Grande parte deles por crimes de tráfico de drogas e são esses os mais atenciosos
109
quanto aos cursos que o IFTM oferece. Vêem nesses cursos uma possibilidade
em saírem do mundo da ignorância, muitas vezes a responsável pelo ingresso no
mundo do crime. Para Gramsci “em cada homem singular, pode-se encontrar o
que é cada homem singular” (GRAMSCI p.38), isto posto nos dá a compreender que para o filósofo, o homem pode se fazer, controlar seu próprio destino“.
Se a gente tivesse oportunidade de estudar quando novo, professor, hoje eu não
estaria aqui, nos revela D.A.N, 21 anos.”
Os alunos bolsistas envolvidos adquiriram uma experiência ímpar. O
contato com essa nova realidade possibilitou a construção de uma nova forma
de pensar a sociedade encarcerada. Perceberam que é possível a socialização
daqueles excluídos construindo num primeiro momento a relação de respeito,
posteriormente a introdução dos ensinamentos e de conteúdos escolarizados.
Por conta dessa relação de confiança, a atuação desses mesmos alunos no
sistema penitenciário tem proporcionado práticas educativas que envolvem tanto a comunidade externa à penitenciária (família, amigos, conhecidos) quanto
à interna (os próprios encarcerados, agentes penitenciários, pessoal da administração, e direção) na discussão da questão dos direitos humanos no sistema
prisional brasileiro; “Quando tentamos um adentramento no diálogo como
fenômeno humano, se nos revela algo que já poderemos dizer ser ele mesmo:
palavra. Mas ao encontrarmos a palavra, na análise do diálogo, como algo mais
que um meio para que ele se faça, se nos impõe buscar, também, seus elementos
constitutivos” (FREIRE, 2006, p. 89).
Proporcionou de igual modo aos licenciandos mais um espaço para o cumprimento do estágio obrigatório constante no Projeto Pedagógico de Curso bem
como no Regulamento de Estágio do IFTM, com a criação da Sala dos Direitos
Humanos na Penitenciária em questão, que já disponibiliza o Ensino Médio aos
aprisionados, contendo na sua grade curricular a disciplina de sociologia.
Outra experiência salutar foi no que tange a elaboração conjunta de uma
cartilha sobre respeito aos direitos humanos para circular no interior da penitenciária de Uberaba-MG e região, direcionadas tanto aos reclusos, aos agentes
penitenciários, demais servidores, técnicos do sistema e familiares.
A experiência com os apenados foi proveitosa e surtiu efeito nos agentes penitenciários que reivindicaram o mesmo curso para si, o que foi feito e
realizado nos meses de outubro e novembro além de fomentar um espaço de
reflexão sobre o processo de reinserção do aprisionado na sociedade em tempos
de cumprimento de pena em especial pelos agentes penitenciários que lidam
diuturnamente com os detentos
A maior realização do projeto foi a de atingir as metas delineadas para
o combate à tortura e aos maus tratos no presídio de Uberaba. Valemo-nos de
110
diversas frentes de pesquisas e de ação. Como orientação basilar para a prática,
o projeto procedeu de uma capacitação teórica de seus membros.
Buscamos parcerias para prestação de assistência jurídica gratuita
as presos que se encontram no estabelecimento Prisional de Uberaba
Foram feitos acompanhamentos com os familiares dos presos que estiverem envolvidos no projeto; alem de termos proporcionado práticas educativas
às crianças dos apenados envolvendo os alunos do PIBID/IFTM e a comunidade local na discussão da questão penitenciária.
Foi possível também cooperar junto às entidades civis e aos familiares
dos presos nas denúncias de violações aos direitos humanos perpetradas no seio
do sistema penitenciário uberabense .
Considerações Finais
É preciso ressaltar a grande importância que tem a sociedade civil
hoje como instância de controle das ações do Estado, de crescimento do
exercício da cidadania, não apenas em favor dos direitos dos prisioneiros,
mas de todos os indivíduos expostos à situação de exclusão, redefinindo o
papel da comunidade no novo modelo de globalização. A comunidade deve
agir cada vez mais próxima dos conselhos municipais, inclusive do Conselho Penitenciário, numa perspectiva de controle e acompanhamento das
atividades realizadas pelo executivo e com potencial de denúncia quando do
desrespeito dos critérios de decisão e desrespeito aos princípios constitucionais ou ao direito inter nacional.
Compreendendo o problema carcerário como problema político que
necessita ser debatido no espaço público, com uma ampla participação da sociedade, fica claro que não basta apenas enjaular os criminosos e alimentá-los,
precisamos educá-los, tratá-los com respeito e dignidade.
A Prisão necessita ser discutida como espaço de resgate da dignidade e
não do aprofundamento da marginalidade, o que não pode ser tarefa de um
punhado de militantes e abnegados. E necessário um trabalho de conscientização dos agentes penitenciários para compreenderem que os individuos que
ali se encontram um dia estarão transitando nas ruas da cidade, então há um
grau de responsabilidade no processo e na construção da ressocialização dos
apenados. Experiências latino-americanas impostas pela necessidade e pela marginalização, nas quais o sistema penal não atua, têm também gerado um sistema
próprio de resolução de conflitos.” (ZAFFARONI, 1991, p.104)
A fragilidade de nossa democracia está exposta na forma como a questão
política da participação popular e social é relegadaa um segundo plano. Não
111
podemos alimentar o povo, dar emprego e achar que estamos sendo democráticos. É no espaço do debate político que temos que encontrar soluções
viáveis para os graves problemas que nos atingem, convocando o cidadão a
participar deste diálogo que necessita ser tomado dos grupos minorias, os
quais nos fizeram acreditar que política é a profissão das elites abastadas
e dos intelectuais. É preciso encontrar saídas politicamente viáveis para o
Sistema Penitenciário e para as suas administrações mergulhadas na inoperância, no fatalismo da falência do modelo prisional vigente, que permite
que aceitemos que seres humanos possam ser tratados como animais, desrespeitados em sua cidadania, vitimizados pelo preconceito e pela segregação
social. Uma das maiores dificuldades encontradas pelo grupo foi o acesso aos
pavilhões, muitas vezes dificultados pelos próprios agentes, que consideravam o
Curso como uma forma de interferir negativamente na execução da pena, dado
que o curso cumpria com o papel de remissao da pena.
Notas
108
Mestre em direitos sociais. Professor de ensino básico, técnico e tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Triângulo Mineiro – Câmpus Uberaba. [email protected].
109
Pós-graduando em filosofia e sociologia da educação. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 002/2012. [email protected].
110
Pós-graduando em filosofia e sociologia da educação. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 002/2012. [email protected].
111
Graduanda em Ciências Sociais. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 002/2012. [email protected].
112
Graduanda em Ciências Sociais. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 002/2012. [email protected].
Referências
BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas. São Paulo, SP: Martins Fontes, 1977.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: A História da violência nas Prisões. Petrópolis,
RJ: Vozes, 1977.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo, SP: Paz e Terra, 2006.
GRAMSCI, Antônio. Concepção Dialética da História. Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, 1994.
SANTOS, Boaventura S. (Org). Globalização e Ciências Sociais. São Paulo, SP: Cortez, 2001.
ZAFARONNI, Eugênio R. Em Busca das Penas Perdidas. A Perda de Legitimidade do
Sistema Penal. Rio de Janeiro, RJ: Revan, 1991.
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