g o v e r n o d o e s ta d o d e s ã o pa u l o Auxiliar de laboratório metalúrgico 2 emprego m e t a l u r g i a Au x ili a r d e L a b o r at ó ri o M e ta lú r gi co 2 GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO Geraldo Alckmin Governador SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Rodrigo Garcia Secretário Nelson Baeta Neves Filho Secretário-Adjunto Maria Cristina Lopes Victorino Chefe de Gabinete Ernesto Masselani Neto Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia Coordenação do Projeto CETTPro/SDECT Juan Carlos Dans Sanchez Fundação do Desenvolvimento Administrativo – Fundap José Lucas Cordeiro FUNDAÇÃO PADRE ANCHIETA Apoio Técnico à Coordenação Fundação do Desenvolvimento Administrativo – Fundap Laís Schalch Diretoria de Projetos Educacionais Diretor Fernando José de Almeida Gerentes Monica Gardelli Franco Júlio Moreno Coordenação técnica Maria Helena Soares de Souza Apoio à Produção Fundação do Desenvolvimento Administrativo – Fundap Ana Paula Alves de Lavos Emily Hozokawa Dias Isabel da Costa M. N. de Araújo José Lucas Cordeiro Karina Satomi Laís Schalch Maria Helena de Castro Lima Selma Venco CETTPro/SDECT Bianca Briguglio Cibele Rodrigues Silva Textos de referência Edison Marcelo Serbino Irineu de Souza Barros Luiz Cláudio Paula Marcos Antonio Batalha Presidente João Sayad Vice-Presidentes Ronaldo Bianchi Fernando Vieira de Mello Equipe Editorial Gerência editorial Rogério Eduardo Alves Produção editorial Janaina Chervezan da Costa Cardoso Edição de texto Lígia Marques Marcelo Alencar Revisão Conexão Editorial Identidade visual João Baptista da Costa Aguiar Arte e diagramação Paola Nogueira Pesquisa iconográfica Elisa Rojas Eveline Duarte Ilustrações Bira Dantas Luiz Fernando Martini Consultoria Marcos Antonio Batalha Agradecemos aos seguintes profissionais e instituições que colaboraram na produção deste material: Carla Cruz Dos Santos, Empresa Servimig, Empresa Signo Arte, Empresa Starrett, Fundição TUPY S.A., Graziele da Silva Santos, Grupo Voith, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Neise Nogueira, Valdemar Carmelito dos Santos. Caro(a) Trabalhador(a) Estamos felizes com a sua participação em um dos nossos cursos do Programa Via Rápida Emprego. Sabemos o quanto é importante a capacitação profissional para quem busca uma oportunidade de trabalho ou pretende abrir o seu próprio negócio. Hoje, a falta de qualificação é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo desempregado. Até os que estão trabalhando precisam de capacitação para se manter atualizados ou quem sabe exercer novas profissões com salários mais atraentes. Foi pensando em você que o Governo do Estado criou o Via Rápida Emprego. O Programa é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, em parceria com instituições conceituadas na área da educação profissional. Os nossos cursos contam com um material didático especialmente criado para facilitar o aprendizado de maneira rápida e eficiente. Com a ajuda de educadores experientes, pretendemos formar bons profissionais para o mercado de trabalho e excelentes cidadãos para a sociedade. Temos certeza de que iremos lhe proporcionar muito mais que uma formação profissional de qualidade. O curso, sem dúvida, será o seu passaporte para a realização de sonhos ainda maiores. Boa sorte e um ótimo curso! Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia Caro(a) Trabalhador(a) Aqui continua o nosso caminho para um novo aprendizado. Você já conheceu as origens do seu ofício. Observou a evolução de uma metalurgia que acompanha a evolução do mundo. Descobriu quais aspectos envolvem a rotina de um laboratório metalúrgico. Entendeu, por fim, como funciona o setor metalúrgico, cujos segmentos representam oportunidades para os novos profissionais. A proposta, agora, é que, com o segundo volume desta coleção, você possa aprender os saberes específicos da ocupação que escolheu exercer. O objetivo do curso é formar um profissional que possua uma visão organizada daquilo que um bom auxiliar de laboratório metalúrgico precisa. Com esse pensamento, a primeira unidade deste volume lhe oferece a oportunidade de aprender uma atividade que estará presente em qualquer trabalho metalúrgico: a verificação de medidas. No restante do livro, temas que irão ajudá-lo no momento de buscar uma inserção no mercado também serão comentados, sem esquecer-se de tratar de alguns fatores, como qualidade e produtividade, que influenciarão (e muito!) seu trabalho. Por isso aproveite esta nova etapa do curso para refletir, perguntar, discutir e interagir com colegas e professores. Agora é a sua hora de buscar uma nova carreira! Vamos voltar aos estudos? Sumário Unidade 4 9 metrologia Unidade 5 33 o dia a dia no laboratório metalúrgico: ensaios mecânicos Unidade 6 69 o dia a dia no laboratório metalúrgico: outros ensaios Unidade 7 87 segurança e prevenção de acidentes Unidade 8 97 qualidade e produtividade Unidade 9 103 ingresso no mercado de trabalho dados internacionais de catalogação na publicação (cip) (bibliotecária silvia marques crb 8/7377) P964 Programa de qualificação profissional: Metalurgia / Auxiliar de laboratório metalúrgico. -. – São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2011. v.2, il (série: arco ocupacional) Vários autores Programa de qualificação profissional da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho - SERT ISBN 978-85-8028-065-4 1. Ensino profissionalizante 2. Metalurgia-técnico 3. Metalurgia – laboratório I. Título II. Série CDD 371.30281 Unidade 4 Metrologia Na rotina “investigativa” de um auxiliar de laboratório, uma das atividades sempre presente é a verificação das medidas e medições dos produtos, antes e depois de ensaiá-los. Para realizá-la, você precisa ter noções de uma ciência chamada metrologia. É ela que estuda as medidas e as medições. Mas qual a diferença entre medida e medição? Grandeza física é um atributo de um corpo, que pode ser percebido e quantificado. Por exemplo: o tamanho de uma pessoa, a massa de um livro, o volume de um copo, a temperatura de um corpo, a velocidade de um carro... Medida é um valor expresso em números (valor numérico) que representa as dimensões ou o tamanho de um determinado objeto (unidade física). Dizemos, por exemplo, que a medida de uma peça metálica é 10,01 mm (dez milímetros e um centésimo de milímetro). Medição é o ato de medir, ou seja, a operação que realizamos para obter a medida. É comparar a grandeza a ser medida com outra adotada como padrão. Os instrumentos Para realizar cada medição, é preciso utilizar um instrumento. A escolha do instrumento depende da situação, pois cada um atende a determinada necessidade. Entre os instrumentos de medição utilizados pelo auxiliar de laboratório metalúrgico, podemos destacar: ivan carneiro • escala (régua); A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 9 • trena; starret Você sabia? A régua graduada e a trena são os mais simples instrumentos de medida linear (horizontal, em linha). Comprar foto de trena starret • paquímetro; starret • micrômetro; 10 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 iv an carneiro • transferidor; e Você sabia? O goniômetro não é utilizado apenas na metalurgia. Existem outras áreas que também precisam desse instrumento de medições angulares. Uma delas é a medicina. Assim como os auxiliares de laboratório, os médicos também usam goniômetro, mas para acompanhar a recuperação de pacientes que sofrem fraturas. Com ele, é possível verificar a evolução do movimento de uma articulação, por exemplo. • goniômetro. ivan carneiro Como realizar as medições? A escolha do instrumento que será utilizado para fazer uma medição específica dependerá do que será medido e da exatidão (precisão) desejada dessa medida. Há instrumentos que permitem maior ou menor exatidão. Imagine, por exemplo, uma balança. Será que um feirante pode pesar uma porção de bananas com o mesmo tipo de balança que um farmacêutico usa no preparo da mistura de produtos para fazer um medicamento? Qual necessita de um medidor com maior exatidão? A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 11 Em vez de falar em exatidão, também podemos dizer que a margem de erro admissível em uma determinada medição é diferente do erro aceitável em outra. Chamamos de erro admissível, o desvio máximo que se pode tolerar para mais ou para menos. 10 f7 _ 0,1 30 + 20,06 _ 0,1 20 + _ 0,1 25 + Margem de erro: nas medições da peça acima, o desvio máximo é de 0,1 mm para mais ou para menos. Escala 1:1 A medida (também chamada de cota) 30 + ou – 0,1, mostrada na imagem acima, indica que o desvio máximo que se pode admitir, no caso, é de 0,1 (um décimo de milímetro) para mais ou para menos. Isso quer dizer que, na prática, essa peça será aceita ou poderá ser utilizada se medir: 30,0 – 0,1 = 29,9 mm até 30,0 + 0,1 = 30,1 mm Essa indicação (30 + ou – 0,1) também nos informa que o instrumento que será usado para medir a peça real deverá ter uma exatidão (ou uma resolução mínima) de um décimo de milímetro. Importante: resolução A resolução de um instrumento é a menor medida que você pode ler nele. A régua abaixo, por exemplo, tem resolução de 1 milímetro, porque essa é a menor divisão que ela possui. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Régua comum: os números indicam centímetros. A resolução mínima é de 1 milímetro. 12 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 10 Portanto, se você precisa medir uma peça com um lado de 30 mm, para a qual se admite uma variação de 0,1 mm (de 29,9 mm a 30,1 mm), o instrumento que vai utilizar deve ter a resolução mínima de 1 décimo de milímetro. No entanto, se você deve medir uma peça na qual a variação máxima permitida é de 0,05 mm, será necessário um instrumento com resolução mínima de 5 centésimos de milímetro. Reflita: qual dos dois instrumentos será mais exato? Você sabia? 0,15 Os números decimais servem para centésimos indicar valores que de milímetro não são inteiros. Para representádécimos de milímetro -los, utilizamos a milímetro vírgula. O algarismo que vem antes dela é chamado de unidade. Os que seguem a vírgula são chamados de casas decimais. A primeira casa é a dos décimos (nela, o algarismo um representa um décimo de uma unidade, ou um inteiro dividido por dez) e a segunda, dos centésimos (nela, o algarismo cinco representa cinco centésimos de uma unidade). Antes da instituição do sistema métrico decimal, as unidades de medida eram definidas de maneira arbitrária, ou seja, sem regras ou normas, variando de um país para outro. As unidades de comprimento, por exemplo, eram, normalmente, derivadas das partes do corpo do rei de cada país. Foi assim que surgiram medidas padrão como a polegada, o palmo, o pé, a jarda, a braça e o passo. O sistema inglês, inclusive, foi baseado nas medidas estabelecidas pelos reis ingleses. A tarefa de mudar essa situação ficou para os professores Méchian e Delambre, ambos da Academia de Ciências de Paris. Eles instituíram o sistema métrico decimal no dia 7 de Abril de 1795. Veja a seguir, em detalhes, os instrumentos de medição usados pelo auxiliar de laboratório metalúrgico. Escala (régua) As escalas existem para organizar, hierarquizar valores: do menor para o maior, do menos importante para o mais importante, da menor dureza para a maior, do menor grau A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 13 para o maior etc. São muitos os instrumentos de medição que podem conter uma ou mais escalas. DICA No Brasil, adota-se o Sistema Métrico Decimal. Por isso, neste caderno, aprenderemos a usar os instrumentos para fazer medições utilizando esse sistema. Por isso, nada melhor do que começar a nossa lista com a escala, ou régua graduada, que, geralmente, é feita de aço inoxidável. Normalmente, na parte inferior, ela apresenta as medidas em centímetros (cm) e milímetros (mm) – conforme o sistema métrico – e, na superior, apresenta as medidas em polegadas e frações – conforme o sistema inglês. 1 0 1 2 2 3 4 3 5 6 7 4 8 9 10 Sistema Métrico 1 metro = 10 decímetros = 100 centímetros = 1.000 milímetros Sistema Inglês 1 polegada = 2,54 centímetros Trena A trena é constituída por uma fita de aço cujas graduações são semelhantes às da escala, isto é, obedecem ao sistema métrico e ao sistema inglês. A leitura das medições segue o mesmo procedimento da régua graduada. Porém, diferentemente da escala, a trena possui em sua extremidade uma pequena chapa metálica, dobrada em ângulo de 90º, chamada encosto de referência ou gancho de zero absoluto. Essa chapinha mede 1 mm de espessura. Isso tem grande utilidade: o encosto de referência é usado para compensar as medições externas (deslocando o encosto de 1 mm para fora da fita) e internas (somando a espessura da medição de 1 mm do encosto). 14 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 starret encosto de referência Trena: fita de aço com graduações semelhantes às da escala. Paquímetro O paquímetro também é formado por uma régua graduada no sistema métrico e no sistema inglês. Sobre essa régua com encosto fixo, desliza uma régua menor chamada cursor. O cursor – a parte móvel do paquímetro – fica ajustado à régua e se movimenta livremente sobre ela com um mínimo de folga. orelha fixa orelha móvel nônio ou vernier em polegadas cursor escala fixa de polegadas starret parafuso de trava impulsor escala fixa de milímetros haste de profundidade encosto fixo nônio ou vernier em milímetros encosto móvel bico fixo bico móvel O cursor é dotado de uma escala auxiliar, graduada, chamada nônio ou vernier. Ela permite a leitura de frações da menor divisão da escala fixa. O nônio possui uma divisão a mais que a unidade usada na escala fixa. Então, se 10 mm na escala principal estão divididos em 10 partes, 10 divisões de nônio corresponderão a 9 mm da escala principal. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 Você sabia? O nônio também pode ser chamado de vernier. Sabe por quê? Esses dois nomes vêm de seus dois inventores: o português Pedro Nunes e o francês Pierre Vernier. A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 15 Para entender melhor esse aspecto, observe abaixo como verificar a resolução do paquímetro e, em seguida, como fazer uma medição usando esse instrumento. Como verificar a resolução do paquímetro em milímetros • Nônio com 10 divisões – as 10 divisões do nônio equivalem a 1 mm da escala 1 = 0,1 mm (em outras palavras, cada divisão do nônio corprincipal. Portanto, 10 responde a 1 décimo de milímetro). • Nônio com 20 divisões – as 20 divisões do nônio equivalem a 1 mm da escala 1 = 0,05 mm (em outras palavras, cada divisão do nônio principal. Portanto, 20 corresponde a 5 centésimos de milímetro). • Nônio com 50 divisões – as 50 divisões do nônio equivalem a 1 mm da escala 1 principal. Portanto, 50 = 0,02 mm (em outras palavras, cada divisão do nônio corresponde a 2 centésimos de milímetro). Como fazer uma medição usando o paquímetro ivan carneiro ivan carneiro O paquímetro pode ser usado para medir uma peça metálica em suas várias dimensões: Medição de ressalto ivan carneiro ivan carneiro Medição interna Medição externa 16 Medição de profundidade A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Como “ler” as medidas no paquímetro A leitura das medidas (ou seja, a medição de uma determinada peça metálica) é feita em duas partes: primeiro, pela escala fixa da régua e, em seguida, pela escala auxiliar, no nônio. Os dois valores devem ser considerados ao final do procedimento de medição. Isso é feito da seguinte maneira: 1º passo: cálculo da resolução menor divisão da escala fixa Resolução = 1 mm = 0,05 mm 20 no de divisões do nônio 2º passo: leitura 2ª leitura (escala do nônio): você deve considerar (ler) o primeiro traço do nônio, que coincide totalmente com algum traço da escala fixa. Depois, deve contar quantos traços tem do zero até chegar nele. No caso da foto abaixo, são 13 traços. Em seguida, é só multiplicar o número de traços medidos (13) pela resolução do paquímetro, que foi calculada anteriormente. Nesta unidade, você aprenderá a realizar a leitura do paquímetro na versão tradicional, ou seja, mecânica. Mas, atualmente, já é possível contar com esse instrumento na versão eletrônica. O chamado paquímetro digital apresenta algumas vantagens: • Simplifica a leitura, diminuindo a probabilidade de erro. • Pode ser usado em polegadas ou milímetros, sendo preciso apenas mudar o modo de apresentação do resultado. ivan carneiro DICA ivan carneiro 1ª leitura (escala fixa): você deve considerar – ou “ler” – o número que vem antes do zero do nônio. 1a leitura 2a leitura A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 17 Ou seja: 13 traços x 0,05 (resolução do paquímetro) = 0,65 mm Portanto, a medida da peça é: 1ª leitura = 73,00 mm 2ª leitura = 0,65 mm Leitura final = 73,65 mm E xercite Atividade 1 a leitura com um paquímetro no 0,05 sistema métrico com resolução de mm Seguindo cada um dos passos já explicados, leia as medidas abaixo e anote os resultados ao lado dos desenhos. Compare os números que obteve com os do seu colega ao lado. Se vocês chegaram a resultados diferentes, procurem discutir a razão dessas diferenças. Em seguida, o monitor discutirá com a classe o trabalho realizado. a) 0 4 8 0 4 8 1/128 in. 20 1 30 0 1 1/128 in. 2 50 40 2 3 4 5 6 7 60 8 9 70 10 3 4 100 90 0,05 mm 0 1 2 110 3 4 5 5 120 6 7 8 130 9 140 10 0,05 mm b) 00 70 3 0 18 88 0 1/128 1/128 in.in. 2 3 4 5 50 100 60 110 70 120 80 13090 4090 05 mm 44 0 1 1 2 2 3 3 4 5 6 4 5 6 7 7 8 8 9 10 9 10 4 140 100 0,05 0,05mm mm 4 5 120 0 8 130 1 2 1/128 in. 6 150 140 3 4 5 6 7 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 in. mm 8 9 10 0,05 mm 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0,05 mm 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0,05 mm 10 c) 000 3 90 4020 444 888 0 0 1/128 in. 1/128 1/128 in.in. 1 2 23 4 5 100 60 40 110 70 50 120 80 60 130 90 50 30 0 1 2 3 4 5 6 7 00 11 22 33 44 55 66 77 8 88 99 9 10 10 10 43 70 140 100 0,05mm mm 0,05 0,05 mm 4 4 4 100 130 5 90 120 00 88 11 22 1/128 1/128 in. in. 33 44 5 6 120 150 110 140 55 6 6 7 7 8 8 in. 130 140 mm 10 99 10 0,05 mm 0,05 mm d) 0000 43 100 4444 8888 0 1/128 in. 1/128 1/128 1/128 in.in.in. 4 43 54 in. 52 63 100 6080140 110 7090 120 80 140 5070 100 100 13090110mm 120 130 150 90 40 60 120 00 11 22 33 44 55 66 77 00 11 22 33 44 55 66 77 0,05 mm 0,05 mm 0,05 mm mm 10 0,05 88 99 10 10 88 99 10 4 88 1/128 in.in. 1/128 5 6 1 120 10 130 20 140 30 150 00 11 22 33 44 55 66 77 2 50 40 88 10 99 10 in. mm 60 0,05 0,05mm mm e) 000 4 100 120 444 88 0 4 8 1/128 in. 1/128 in.in. 1/128 1/128 in. 3 4 5 6 1 60120 10 70 130 20 80140 3090150 40100 0 1 2 3 4 0 11 2 33 44 555 666 7 7 88 8 in. 2 120 50110mm 60 0,05 mm 0,05 0,05 mm mm 9 10 9 10 10 10 0 20 1 2 3 1 4 30 5 40 6 7 8 2 50 9 10 60 0,05 mm f) 0 4 8 1/128 in. 10 120 0 20 1 2 3 1 4 30 5 40 6 7 8 2 50 9 10 60 0,05 mm A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 19 Paquímetro de resolução 0,02 mm ivan carneiro Há paquímetros com diferentes graus de resolução. Além do anterior (0,05 mm), é bastante comum o que tem resolução de 0,02 mm. O nônio, neste caso, tem 50 divisões. 1º passo: cálculo da resolução menor divisão da escala fixa Resolução = 1 mm = 0,02 mm 50 no de divisões do nônio 2º passo: leitura 1a leitura (escala fixa) = 5,00 mm 2a leitura (escala do nônio) = 0,44 mm (22 x 0,02) Leitura Final = 5,44 mm A medição, ou “leitura das medidas”, é feita da mesma maneira, independentemente da resolução do paquímetro. 20 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Atividade 2 E xercite a leitura com um paquímetro no sistema métrico com resolução de 0,02 mm Seguindo cada um dos passos já explicados, leia as medidas abaixo e anote os resultados ao lado dos desenhos. Compare os números que obteve com os do seu colega ao lado. Se vocês chegaram a resultados diferentes, procurem discutir a razão dessas diferenças. Em seguida, o monitor discutirá com a classe o trabalho realizado. a) 2 3 2 3 2 3 4 0 0 0 4 10 10 4 10 5 5 5 5 6 5 6 7 5 6 7 0 0 0 7 10 10 10 8 9 208 208 20 1 1 1 9 9 1 1 1 2 302 1 30 2 30 1 1 2 2 2 15 15 15 3 3 3 20 20 20 3 4 5 3 4 5 3 4 6 25 25 25 5 5 5 15 15 15 20 20 20 .001 in 7 406 5 40 6 40 4 4 4 .001 in 7 7 6 6 6 8.0019in 2 8 9 2 1 2 3 1 2 3 8 50 9 502 50 1 2 604 3 60 4 60 7 7 7 8 8 8 9 9 9 10 10 10 4 0,02 mm 0,02 mm 0,02 mm 5 6 5 6 5 6 b) 5 6 7 0 0 0 8 5 5 5 9 1 2 2 5 40 6 7 8 9 50 1 2 5 406 40 7 8 9 0 0 0 502 50 3 4 604 3604 60 2 1 1 1 1 10 10 10 3 2 2 2 2 3 3 3 5 6 5 6 5 6 7 8 9 25 25 25 .001 in .001 in 1 2 3 4 5 6 .001 in 3 7 708 9 1 2 3 4 5906 3 80 7 708 70 4 4 4 5 5 5 15 15 15 20 20 20 9 3 802 80 3 7 7 7 8 9 0,02 mm 8 9 0,02 mm 8 9 1 6 6 6 906 90 4 5 0,02 mm 7 8 9 7 8 7 8 9 100 9 100 100 10 10 10 c) 2 3 2 3 2 0 0 0 4 604 3 60 4 60 0 0 0 5 5 5 6 5 5 5 3 1 2 6 7708 9 3 1802 3 6 1 1 1 7 7 8 10 10 10 708 70 2 2 2 9 9 80 3 1 2 4 5 3 4 5 3 4 906 5906 90 5 5 5 6 6 6 80 3 3 3 4 4 4 25 25 25 6 .001 in .001 in 7 .001 8 in 9 7 8 7 8 7 7 7 4 1 2 1 2 1 2 9 100 4 100 9 4 100 8 9 0,02 mm 8 9 0,02 mm 8 9 0,02 mm 3 4 3 4 110 110 3 4 110 5 6 5 6 5 6 10 10 10 A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 21 O micrômetro É um instrumento que permite fazer medições em casos que exigem resoluções ainda menores do que as do paquímetro. Ou seja, quando o paquímetro não consegue mais alcançar exatidão para uma determinada medição, o micrômetro entra em cena. starret Alguns micrômetros usam o mícron, unidade de medida que corresponde a um milésimo de milímetro. Por isso, o instrumento tem esse nome. batente arco fuso bainha faces de medição tambor O micrômetro e seus componentes. Micrômetro de resolução 0,01 mm (1 centésimo de milímetro) O micrômetro tem dois importantes componentes: a bainha, que apresenta duas escalas em milímetros; e o tambor, cuja escala está dividida em centésimos de milímetros. Considerando essas escalas, a leitura do micrômetro é feita em três partes. A primeira, na bainha com escala de 1 em 1 mm; a segunda, na escala dos meios; e a terceira, no tambor. 22 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 starret 1a leitura 3a leitura 2a leitura Exemplos de leitura a) 20 0 15 5 10 5 Você sabia? 20 1a leitura (bainha 0 5 – escala dos15milímetros) = 8,00 mm 15 35= 0,50 mm 10 20 milímetros) 2 leitura (bainha 0 5– escala 10 dos 15 meios a 3a leitura (tambor) = 0,10 mm5 30 Leitura final = 8,60 mm 25 O paquímetro e o micrômetro, instrumentos bastante usados na indústria metalúrgica, também são muito úteis para medir a espessura de revestimentos na construção civil. 20 b) 15 0 5 10 15 20 35 30 25 20 Você sabia? 1a leitura (bainha – escala dos milímetros) = 23,00 mm 2a leitura (bainha – escala dos meios milímetros) = 0,00 mm 3a leitura (tambor) = 0,28 mm Leitura final = 23,28 mm A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 O micrômetro foi inventado, em 1848, pelo francês Jean-Louis Palmer. Com o decorrer do tempo, ele foi aperfeiçoado e possibilitou medições mais rigorosas e exatas do que aquelas obtidas pelo paquímetro. A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 23 E xercite Atividade 3 M icrômetro no resolução de 0,01 mm a leitura com um sistema métrico de Seguindo cada um dos passos já explicados, leia as medidas abaixo e anote os resultados ao lado dos desenhos. Compare os números que obteve com os do seu colega ao lado. Se vocês chegaram a resultados diferentes, procurem discutir a razão dessas diferenças. Em seguida, o monitor discutirá com a classe o trabalho realizado. a) 0 0 5 5 10 10 15 15 20 20 0 5 10 15 20 35 35 30 30 35 25 2530 20 20 25 20 b) 20 20 0 0 5 5 0 5 15 15 20 10 15 10 5 510 5 45 c) 45 0 0 0 40 40 35 35 40 45 30 30 35 25 25 30 25 24 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 d) 0 0 5 5 10 10 15 15 20 20 0 5 10 15 20 0 5 10 15 20 20 20 15 20 15 10 15 20 10 5 10 5 15 5 10 e) 5 0 0 0 5 5 5 10 10 10 15 15 15 0 5 10 15 5 5 0 0 45 0 5 45 40 45 0 40 5 40 45 f) 0 0 0 5 5 5 0 5 20 20 40 15 20 15 15 10 20 10 5 15 10 5 5 10 g) 0 0 0 0 0 0 5 45 0 45 40 45 0 40 35 40 45 35 35 40 35 A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 25 Micrômetro de resolução 0,001 mm (1 milésimo de milímetro) ivan carneiro Este micrômetro possui, além das escalas na bainha e tambor, uma terceira escala – chamada de nônio – na parte superior da bainha. Nela vamos ler os milésimos de milímetros. 4a leitura 3a leitura 2a leitura 1a leitura Exemplos de leitura: a) b) 0 0 8 8 6 4 2 6 4 2 50 50 0 0 45 45 6 4 2 6 4 2 8 15 15 8 5 5 0 0 40 40 0 05 5 35 35 0 0 45 45 1a leitura (bainha – escala dos milímetros) = 9,000 mm 1a leitura (bainha – escala dos milímetros) = 2,000 mm 2a leitura (bainha – escala dos meios milímetros) = 0,000 mm 2a leitura (bainha – escala dos meios milímetros) = 0,000 mm 3a leitura (tambor) = 0,410 mm 3a leitura (tambor) = 0,010 mm Leitura no nônio (primeiro traço coincidente com a escala no tambor) = 0,003 mm Leitura no nônio (primeiro traço coincidente com a escala no tambor) = 0,004 mm Leitura final = 9,413 mm Leitura final = 2,014 mm 26 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 15 0 Atividade 4 E xercite 8 6 4 2 0 10 5 5 10 0 M icrômetro no 0 resolução de 0,001 mm a leitura com um sistema métrico de 15 8 Seguindo cada um dos passos já explicados, leia as medidas abaixo e 10 anote os resul6 4 2 tados ao lado dos desenhos. 0 0 5 5 10 Compare os números que obteve com os do seu colega ao0 lado. Se vocês chegaram 0 a resultados diferentes, procurem discutir a razão dessas diferenças. 20 15 0 0 8 8 2 0 0 10 Em seguida,64 o monitor discutirá com a classe o trabalho642 realizado. a) 5 5 10 0 b) 0 15 10 25 30 35 5 15 0 8 6 4 2 0 8 6 4 2 0 10 5 5 10 0 10 20 8 6 4 2 0 15 25 0 0 20 0 30 5 8 6 4 2 0 0 45 10 30 35 40 5 0 15 10 25 30 35 d) 5 8 6 4 2 0 8 6 4 2 0 0 0 45 0 5 0 10 5 0 8 6 4 2 0 45 0 10 5 40 10 25 5 1 5 0 8 6 4 2 0 0 45 0 10 5 40 0 8 6 4 2 0 10 25 5 1 40 25 20 15 10 25 20 15 10 25 0 10 5 20 8 6 4 2 0 8 6 4 2 0 0 5 0 c) 5 0 15 25 35 20 A u x ilia r15 d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 10 25 5 1 10 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 27 Transferidor As medidas angulares são feitas com a ajuda desse instrumento. Por isso, antes de tudo, é importante entender como é medido um ângulo. Um ângulo é a medida – em graus – formada pelo encontro entre dois segmentos de reta. Todo ângulo está dividido em minuto ( ’ ) e segundo ( ” ), sendo que um grau tem 60 minutos e um minuto, 60 segundos. Usando os símbolos dessas medidas, temos: 1o = 60’ e 1’ = 60” Você provavelmente se lembra do transferidor, que fez parte do seu material escolar. Ele é composto, basicamente, por uma escala circular dividida e marcada em ângulos espaçados regularmente, tal qual uma régua. ivan carneiro O transferidor pode ser usado nas aulas de Matemática, Engenharia, Topografia ou em qualquer outra atividade que exija a medição precisa de ângulos. escala graduada articulação lâmina 28 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 corpo Goniômetro Outro instrumento de medição muito utilizado nos laboratórios de metalurgia é o goniômetro. Assim como o transferidor, ele é utilizado para medições angulares, ou seja, para medir ângulos. Na prática, trata-se de um transferidor com uma resolução melhor. Por isso, pode ser usado para qualquer atividade que exija uma medição mais precisa. Ele também contém, basicamente, uma escala circular dividida e marcada em ângulos regulares, tal qual numa régua. Como usar o goniômetro Para se chegar à medida de um ângulo usando esse instrumento, duas leituras devem ser feitas. Na primeira, o grau inteiro, que pode ser observado na graduação superior do disco, deve coincidir com o traço zero da escala inferior (o nônio). Essa leitura pode ser feita tanto no sentido horário quanto no anti-horário, dependendo do posicionamento da peça medida. ivan carneiro A segunda leitura é a dos minutos, que, por sua vez, pode ser realizada a partir do zero nônio, seguindo a mesma direção escolhida na leitura dos graus. esquadro 1a leitura disco vernier (nônio) 2a leitura articulador disco graduado A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 régua A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 29 Exemplos de leitura a) Sentido de leitura 2e0ntido de leit3u0ra S 10 10 45 30 20 15 15 30 45 1ª leitura (escala superior) = 24o 0 0 30 15 15 40 40 30 45 30 45 60 60 2ª leitura (escala inferior) = 10’ Resultado final = 24o 10’ Sentido de leitura b) 50 40 Sentido de leitura 60 70 30 40 30 45 45 30 30 50 15 15 0 0 15 15 60 30 45 70 60 30 45 60 1ª leitura (escala superior) = 50o 2ª leitura (escala inferior) = 15’ Resultado final = 50o 15’ 30 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 P ratique Atividade 5 o uso do goniômetro Com base no que você aprendeu, faça a leitura nos goniômetros abaixo. O zero corresponde à medida em grau e o traço mais escuro corresponde ao complemento do ângulo em minutos. a) 0 2 20 60 20 60 10 0 10 10 0 10 30 10 00 3100 30 0 30 30 0 30 60 20 20 6200 60 60 b) 10 10 10 60 60 60 0 10 20 0 10 20 0 03 100 2300 30 0 30 30 0 30 30 30 6300 60 60 c) 20 20 60 20 60 60 10 0 10 10 0 10 30 10 00 3100 30 0 30 30 0 30 20 20 620 0 60 60 A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 31 30 d) 40 20 10 20 10 30 40 40 20 30 0 10 30 0 30 30 0 30 60 30 60 60 e) 30 10 0 30 0 20 10 0 2300 2300 10 0 10 0 300 300 30 0 30 30 0 30 60 60 0 10 60 10 60 10 60 30 10 3600 30 0 6 0 30 20 30 10 0 20 30 60 40 0 60 10 10 6010 1 600 60 60 f) 40 30 20 10 30 20 10 3300 300 3 20 0 20 0 3100 10 30 30 0 30 30 0 30 40 4060 40 0 6 60 g) 60 30 30 30 30 32 0 600 600 60 60 20 10 0 20 10 0 20 45 30 20 45 30 45 30 45 0 30 15 15 10 0 10 0 15 0 15 15 0 15 15 15 0 30 0 30 30 30 10 10 45 1 600 45 10 60 45 60 45 60 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Unidade 5 O dia a dia no laboratório metalúrgico: ensaios mecânicos O cotidiano de um auxiliar de laboratório metalúrgico pode ser imaginado como uma grande investigação, na qual, por meio de testes, verifica-se se a característica procurada em um material está ou não presente nele. No laboratório, pouco importa se o material é um produto acabado (como o para-choque de um carro); um metal recém-extraído que servirá para fazer algum produto (como um pedaço de ouro que servirá de matéria-prima para um anel); ou um produto intermediário (aquele encontrado no meio do processo, como, por exemplo, uma chapa de aço que entrará na fabricação de uma porta de geladeira). A investigação está diretamente relacionada à análise da qualidade do material ou produto. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 33 Embora existam diversas maneiras de avaliar a qualidade de um material, o ensaio de laboratório é uma das atividades mais importantes na metalurgia para garantir que falhas nos produtos não sejam identificadas tardiamente. Alguns dos testes (ensaios) realizados em laboratórios, como já vimos, permitem identificar as propriedades dos materiais metálicos, que podem ser físicas, químicas etc. Na indústria, elas são fundamentais para várias etapas da obtenção do produto, desde a sua concepção, passando pela fabricação, até o controle e garantia da qualidade. Mas, relembrando, os ensaios não ficam restritos ao ambiente industrial. Há situações em que eles são realizados em laboratórios externos à indústria, merecendo destaque a preparação de materiais para inspeção e o preparo de laudos periciais. Métodos de ensaios Um dos exames médicos mais conhecidos e praticados até pouco tempo atrás é o do martelinho no joelho. Ele não é mais um procedimento obrigatório nas consultas de hoje em dia, mas, ainda assim, continua a ser aplicado. O médico dá uma leve batida com um martelinho especial no joelho do paciente e observa o seu reflexo, que é o de dar um pequeno chute para a frente. Essa reação do corpo comprova que o sistema nervoso está funcionando bem. Os ensaios que vamos abordar nesta unidade são parecidos com o exame do martelinho no joelho porque partem do princípio de que um material, quando sofre uma pressão ou é submetido a um esforço, reage de alguma forma. É a reação desse material – assim como o pequeno chute para a frente – que vai nos dizer se ele tem as características e a qualidade desejadas e se irá cumprir bem sua função quando for aplicado em algum produto. A reação do material será, portanto, o principal elemento das análises em um laboratório metalúrgico e, consequentemente, a chave para as resposta a que se pretende chegar. Com os conhecimentos que adquiriu sobre metrologia (vistos na Unidade 4), você já tem uma parte do preparo necessário para verificar as possíveis reações de um dado produto e, com isso, determinar sua qualidade. 34 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Outra parte fundamental desse preparo é conhecer os diferentes tipos de ensaio (teste) de materiais. Antes de detalhar os ensaios e procedimentos para realizá-los, é importante saber que a determinação das propriedades de um material e de sua qualidade é feita por meio de métodos padronizados. Ou seja, eles seguem as chamadas Normas de Materiais e os Métodos de Ensaios, todos elaborados por entidades normalizadoras, geralmente governamentais e, mais recentemente, mundiais. Se isso não ocorresse, não seria possível uma comparação entre os resultados dos ensaios. Lembrando: no Brasil, o órgão que regulamenta as Normas de Materiais e os Métodos de Ensaios é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Mas também existem as normas e os métodos internos, criados por empresas e institutos, que, muitas vezes, elaboram documentos de uso restrito. A imensa diversidade de produtos e materiais que podem ser analisados gerou uma grande quantidade de ensaios possíveis. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 35 Para facilitar o entendimento, este curso os divide em três grupos: o dos ensaios mecânicos, o do ensaio metalográfico e o dos ensaios não destrutivos, que abrangem os métodos mais utilizados na indústria e, certamente, farão parte de suas atividades como auxiliar de laboratório metalúrgico. ivan carneiro Os ensaios mecânicos DICA Você perceberá que a máquina universal pode ser utilizada em seis tipos de ensaios mecânicos: tração, compressão, cisalhamento, dobramento, flexão e torção. A máquina nunca muda, mas os dispositivos sim. Ou seja, o ensaio é realizado na máquina universal, na qual alguns dispositivos são adaptados de acordo com o tipo de produto que será testado. 36 Máquina universal de ensaios: para diversos testes mecânicos. A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Existe uma infinidade de métodos e equipamentos para a determinação das propriedades mecânicas dos materiais. Os equipamentos mais utilizados são as chamadas máquinas universais (os equipamentos que servem para a realização de variados tipos de ensaios). Vamos ver neste curso os seguintes ensaios mecânicos: • Ensaio de tração; • Ensaio de compressão; • Ensaio de cisalhamento; • Ensaio de dobramento; • Ensaio de flexão; • Ensaio de torção; e • Ensaio de dureza. O papel do auxiliar de laboratório metalúrgico nos ensaios Como já vimos, o auxiliar de laboratório metalúrgico, como o próprio nome da ocupação indica, não executa os ensaios integralmente. Ele participa dessa execução, preparando materiais e auxiliando os técnicos que também atuam nos laboratórios. Vamos ver, portanto, com mais detalhes, qual será o seu papel, como auxiliar de laboratório, durante o processo de realização dos ensaios. Somente depois disso serão indicados os procedimentos que regem os ensaios mecânicos. Primeiro passo: Preparação e/ou verificação do corpo de prova O que é corpo de prova? Corpo de prova é uma parte ou amostra do material que será analisado. E, no Brasil, ele deve ser fabricado segundo a norma ABNT NBR ISSO 6892:2002. Os corpos de prova têm, basicamente, as seguintes formas: A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 37 ivan carneiro cabeça parte útil cabeça ivan carneiro raio de concordância cabeça parte útil cabeça raio de concordância Cabeça É a região do corpo de prova pela qual ele será fixado (preso) na máquina de ensaio. Parte útil É a região que será utilizada para fazer a medição do alongamento e da redução de peça depois de realizado o ensaio. Raio de concordância É o raio do arco que conecta objetos com concordância, ou seja, o raio concorda a parte útil com a cabeça evitando que o rompimento do corpo de prova aconteça fora da parte útil. Uma vez tendo clareza do que é um corpo de prova, um auxiliar de laboratório metalúrgico deverá saber de onde retirar o corpo de prova. Isso porque a forma e as dimensões dos corpos de prova irão depender da forma e das dimensões dos produtos metálicos dos quais eles são retirados. 38 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 James Steidl /Shutterstock Torneiro mecânico: profissional que produz corpos de prova por meio da usinagem. É o auxiliar de laboratório que prepara o corpo de prova? Nem sempre. O corpo de prova é obtido por meio de um processo chamado usinagem e, para executá-lo, existem profissionais de outras ocupações como torneiros, fresadores etc. Os nomes dessas ocupações têm relação direta com os equipamentos que esses trabalhadores operam. A ocupação de torneiro, por exemplo, está associada, na indústria metalúrgica, à operação de um equipamento chamado torno. Mesmo que não prepare o corpo de prova, sua verificação cabe ao auxiliar de laboratório metalúrgico. Ele deve checar se essa amostra está de acordo com a definição da norma específica relacionada ao ensaio que será realizado. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 Você sabia? No debate de 1982, para o cargo de governador do estado de São Paulo, Luis Inácio Lula da Silva citou a frase que, por muito tempo, seria sua marca registrada: “Eu sou torneiro mecânico”. O ex-torneiro mecânico, após concorrer a quatro eleições, tornou-se presidente do Brasil, em 2002. Em 2006, foi reeleito presidente do Brasil. A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 39 E os passos seguintes do auxiliar, quais são? ivan carneiro 1. Medir o corpo de prova. ivan carneiro 2.Preparar o equipamento para realizar o ensaio; isto é, ajustar a máquina universal para o ensaio específico que será realizado. DICA Antes de iniciar qualquer atividade, o auxiliar de laboratório metalúrgico deve conhecer os riscos nela envolvidos e verificar se os equipamentos de proteção individual (EPIs) necessários estão disponíveis. Sua utilização é obrigatória e fundamental para a sua proteção no ambiente de trabalho. Na Unidade 7 você encontra mais detalhes sobre esses equipamentos. 40 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 4. Retirar o corpo de prova do equipamento após o ensaio. ivan carneiro ivan carneiro 3. Fixar o corpo de prova na máquina universal de ensaios. ivan carneiro ivan carneiro 5. Medir e/ou relatar o alongamento, retração ou qualquer outra alteração ocorrida no corpo de prova, quando preciso. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 41 ivan carneiro Ao longo de todo o procedimento, o auxiliar deve estar ao lado do técnico, ajudando-o no que for necessário. Nesse momento, também poderá aprender mais sobre como realizar diferentes ensaios. Agora que você já sabe o básico sobre o papel do auxiliar de laboratório, vamos ver cada um dos ensaios mecânicos que já mencionamos. Ensaio de tração Neste tipo de ensaio, o que se mede é quanto um determinado corpo de prova (material a ser testado) resiste a duas forças que o puxam em sentido contrário. Essa resistência à tração pode ser bem entendida quando nos lembramos de um jogo de criança chamado cabo de guerra. Nessa brincadeira, uma corda é puxada por dois grupos, um de cada lado, até que um dos grupos desiste ou cai. Nesse caso, a resistência da corda à tração pode ser medida quando a força da molecada for suficiente para romper a corda. Em metalurgia, no ensaio de tração, as forças aplicadas dos dois lados do corpo de prova são iguais e o objetivo é testar como e quanto ele resiste à tração. 42 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Ou seja, no ensaio de tração, o mesmo tipo de força que a corda sofre na brincadeira é exercido sobre um corpo de prova padronizado. Ele é submetido a um esforço que tende a alongá-lo ou deformá-lo até que ocorra o rompimento. Para isso, o corpo de prova é fixado na máquina universal, que aplica cargas (forças) crescentes em sentido longitudinal. As deformações que resultam da força aplicada são medidas na própria máquina. Sentido longitudinal Você sabia? Sentido longitudinal é aquele que acompanha o comprimento de um objeto – no caso, do corpo de prova. Importante Antes de qualquer ensaio mecânico, é preciso medir o corpo de prova. Você precisa saber a medida do corpo de prova antes do ensaio para depois entender o que aconteceu com ele. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 43 Passo a passo 1. Medir o corpo de prova. ivan carneiro 2. Fazer as marcações no corpo de prova, traçando divisões em seu comprimento útil. Num corpo de prova de 50 mm de comprimento útil, por exemplo, as marcações devem ser feitas a cada 5 mm. 3. Preparar a máquina universal, com a instalação das garras que servirão para fixar o corpo de prova. 5. Aplicar a força de tração. ivan carneiro ivan carneiro 4.Fixar o corpo de prova nas garras. 44 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 6.Após o ensaio, retirar o corpo da máquina universal. 7. Medir as deformações do corpo de prova. Um dos principais pontos de atenção nesse teste é o alongamento sofrido pelo corpo de prova, ou seja, o aumento de comprimento que resulta das forças aplicadas. É como esticar uma massa de modelar. Quanto mais esticamos, mais fina ela fica, até que se quebra. As marcações feitas no corpo de prova (etapa 2 do passo a passo descrito na página anterior) permitem que o auxiliar de laboratório verifique em quais pontos o metal sofreu maior deformação. Esse alongamento é medido após terminar o ensaio e, portanto, depois que ocorre o rompimento do corpo de prova. Assim, são feitas duas medições: uma antes do corpo de prova ser ensaiado e uma após o ensaio. ivan carneiro ivan carneiro O instrumento utilizado para medir é o paquímetro. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 45 As propriedades avaliadas no ensaio No ensaio de tração, como vimos, o objetivo é determinar a resistência do material. A deformação, até o momento em que o corpo de prova se rompe, é acompanhada passo a passo. Os vários estágios dessa deformação podem ser acompanhados por um gráfico (veja o exemplo abaixo). Ele marca as várias fases do teste e, dessa forma, avalia as propriedades do material – ou seja, até quanto o metal aguenta ser tracionado sem se romper ou qual força ele suporta apenas se deformando. T (tensão) C D A Fase elástica B Escoamento Fase plástica (deformação) Fase elástica – É o estágio em que o corpo de prova está sendo esticado, mas se o ensaio for interrompido e a força de tração for retirada, ele volta à sua forma original, como acontece com um elástico. Ponto A – Este ponto é chamado de limite elástico, porque marca o momento a partir do qual o corpo de prova não está mais na fase elástica. Isto é, até esse ponto, o corpo volta à sua forma original, se o ensaio for interrompido. Daí em diante, ele não retorna mais. Ponto B – Até este momento, a deformação sofrida pelo metal é proporcional à força nele aplicada. Por essa razão, este ponto é chamado de limite de proporcionalidade. A partir daí, o corpo de prova não segue mais esse padrão, ou seja, a sua deformação 46 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 deixa de ser proporcional à força. Inicia-se, então, uma deformação permanente, chamada deformação plástica. Antes dela, porém, ocorre um fenômeno conhecido como escoamento. O limite de escoamento é justamente a tensão que separa o comportamento elástico do plástico. Veja no gráfico. Ponto C – Marca o limite de resistência do material. Ou seja, quando um material é esticado, ele tende, antes do rompimento, a afinar (reduzir a sua área). O limite de resistência é o ponto a partir do qual ocorre esta redução que antecede o rompimento. Ponto D – Neste ponto ocorre a ruptura (o rompimento) do corpo de prova. Por isso, ele é chamado de limite de ruptura. Escoamento é uma deformação plástica do material numa velocidade maior sem que haja um aumento de carga nele aplicado. Encruamento é um fenômeno que ocorre no material pela quebra dos grãos quando este é deformado a frio, provocando o endurecimento. Ensaio de compressão neise nogueira Você já viu um amassador de latinhas de alumínio? Ele tem várias utilidades, mas a maior delas é ajudar no processo de reciclagem desse material. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 47 Ele também pode nos ajudar a entender o que é ensaio de compressão. Nesse procedimento, o corpo de prova padronizado é colocado diante de duas forças, de forma semelhante ao que acontece quando a latinha é esmagada. Essas forças tendem a deformar ou fraturar (quebrar) o corpo de prova. Para que isso aconteça, o corpo de prova é fixado numa máquina – que aplica cargas (forças) cada vez maiores (crescentes) na sua direção longitudinal; ou seja, no sentido de seu comprimento. As deformações que resultam da força aplicada são, então, medidas, na própria máquina. A aplicação de uma força no sentido do eixo da peça (corpo de prova) – também chamado de esforço axial – provoca o seu encurtamento. É exatamente isso que ocorre em um ensaio de compressão. FC FC D0 h h0 D Esforço axial: a aplicação de uma força (FC) no sentido do eixo do corpo de prova causa o seu encurtamento. Assim, é possível observar uma alteração no diâmetro (D0 D) e na altura da peça (h0 h). Este ensaio serve para determinar se um dado material tem a capacidade de suportar uma dada força de compressão sem se deformar. Imagine, por exemplo, a mola do amortecedor de um carro. Cada vez que o veículo passa sobre um buraco, essa mola sofre uma força (ou esforço) de compressão, que corresponde ao peso do carro mais o dos passageiros. Se ela não retornasse ao comprimento inicial, depois de passar por alguns buracos, o amortecedor deixaria de ter a função de amortecer. Caso isso aconteça, podemos dizer que ela não passou no teste de compressão. 48 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Ao realizar o ensaio de compressão, obtemos a constante elástica do material, que é a relação entre a carga aplicada e a deformação sofrida – ela traduz a rigidez do metal. Com a constante elástica, é possível determinar a carga máxima que esse material pode suportar sem se deformar plasticamente, ou seja, sem sofrer uma deformação permanente. Passo a passo Para a realização do ensaio de compressão, é possível usar a mesma máquina universal utilizada no ensaio de tração. A diferença é que são adaptadas duas placas (também chamados de “pratos”), uma móvel e outra fixa. São elas que irão exercer a força de compressão no corpo de provas. 1. Medir o corpo de prova. ivan carneiro 2.Instalar os dois pratos na máquina universal. DICA Existem diversas normas que orientam a realização do ensaio de compressão, dependendo do produto e/ou da aplicação. Sempre que realizamos um ensaio, ele deve seguir uma norma regulamentadora. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 49 3. Posicionar o corpo de prova na máquina universal. ivan carneiro 4.Aplicar a força de compressão. Para que as deformações resultantes da força de compressão sejam medidas, não é preciso que o corpo de prova seja totalmente destruído. ivan carneiro 5. Após o ensaio, retirar o corpo da máquina universal. 50 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 6.Medir as deformações do corpo de prova. Importante Somente duas forças são aplicadas durante os ensaios mecânicos: a força de tração e a força de compressão. O tipo de força aplicada, portanto, muitas vezes será o mesmo. O que vai mudar é o objetivo de cada ensaio, ou seja, o que cada um pretende testar, descobrir. A força de tração pode ser indicada da seguinte maneira: TRAÇÃO A força de compressão pode ser indicada da seguinte maneira: COMPRESSÃO Ensaio de cisalhamento No ensaio de cisalhamento, o corpo de prova é submetido a um esforço que tende a cortá-lo. O material (ou a peça metálica) é submetido a duas forças que se movimentam paralelamente, escorregando uma sobre a outra. Diz-se, nesse caso, que as forças são aplicadas na mesma direção, mas em sentidos opostos. Força de cisalhamento Área de cisalhamento A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 51 A natureza e a força de cisalhamento Um bom exemplo de tensão de cisalhamento é a movimentação das placas tectônicas, que causa os terremotos. A crosta terrestre é formada por uma camada de rochas fragmentadas, ou seja, que estão divididas em vários blocos. As placas tectônicas são esses vários blocos e eles estão em constante movimento. Quando uma placa tectônica se movimenta, por exemplo, para cima e a outra, para baixo, ocorre uma espécie de choque que libera energia. É isso que dá origem aos terremotos. RÚSSIA OCEANO PACÍFICO JAPÃO CHINA MAR DO JAPÃO COREIA DO NORTE COREIA DO SUL Estreito da Coreia Três placas tectônicas dividem o território japonês. Na figura acima, é possível perceber o desgaste que a movimentação das placas pode provocar. O Japão, em 2011, vivenciou essa capacidade da natureza de provocar uma força de cisalhamento. No dia 11 de março, o pequenino país, que está localizado entre três placas tectônicas, registrou o terremoto mais violento de sua história. 52 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Imagine um cozinheiro cortando uma cenoura. Quando estudamos a resistência ao cisalhamento é como se estivéssemos buscando a resistência da cenoura à faca do cozinheiro – ou, em outras palavras, a resistência ao corte ou cisalhamento. O cisalhamento é, portanto, o fenômeno de separação (divisão) em partes de um material quando submetido a uma força cortante. DICA Vamos ver outro exemplo: suponha que você queira unir duas chapas utilizando parafusos. Com o ensaio de cisalhamento, poderá determinar a força que cada parafuso pode suportar e, assim, descobrir a quantidade de parafusos necessária para unir as duas chapas, sem o risco dessa união se soltar. Todo material apresenta certa resistência ao cisalhamento. Saber até onde vai essa resistência é muito importante, principalmente em setores como a estamparia, que envolve o corte de chapas. Esses parafusos estão sujeito à aplicação de uma força cortante, por isso, deve-se dimensioná-los de forma a suportar essa força. Mas o ensaio de cisalhamento não serve apenas para parafusos. Serve para todas as peças que funcionam como elementos (objetos) de união e cuja resistência precisa ser medida. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 53 Passo a passo ivan carneiro 1. Instalar os dispositivos necessários para este ensaio na máquina universal. 54 ivan carneiro ivan carneiro 2.Posicionar o corpo de prova na máquina universal. A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 4. Após o ensaio, retirar o corpo da máquina universal. ivan carneiro ivan carneiro 3. Aplicar a força de cisalhamento. Ensaio de flexão Como já foi dito, cada material quando submetido a uma força ou esforço reage de alguma forma. Uma das reações que podem ser testadas (ensaiadas) é a capacidade de esse material retornar à posição em que se encontrava. Essa é a reação que se espera de um material que sofre uma força de flexão. A resistência à flexão de um determinado metal pode ser comparada ao corpo de um praticante de ioga ou alongamento. O corpo cede lentamente aos esforços de se tornar mais flexível, o que é fundamental para sua prática. Após alcançar a posição desejada, o ginasta ou iogue consegue retornar à sua posição inicial. Veja que flexionar é diferente de dobrar. Flexionar exige uma capacidade de ceder, deformar e, ainda assim, voltar ao estágio inicial. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 DICA Dobrar e flexionar podem parecer duas ações muito semelhantes. No entanto, em metalurgia, dobramento e flexão são processos diferentes e, por isso, existem ensaios independentes para um e para outro processo. Eles têm finalidades também distintas e a escolha de qual será feito depende de onde e como irá se dar a aplicação do material testado/analisado. A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 55 Você sabia? O ensaio de flexão é realizado, principalmente, em materiais frágeis como vidro, madeira, concreto, ferro fundido e certos tipos de aço. Isso porque este ensaio está relacionado com a fase elástica dos materiais, que é a medida que deve ser levada em conta quando se trabalha com os elementos citados. Na metalurgia, um bom exemplo é dado pelas pontes metálicas, que, às vezes, precisam suportar o peso de dezenas de carros. Nesse caso, pode ocorrer certa deformação, mas ela não é permanente. O mesmo acontece com uma mola, que volta a sua posição inicial. O ensaio de flexão consiste, portanto, em aplicar uma força ou carga sobre um corpo de prova, sem ultrapassar o seu limite de elasticidade. Lembra-se do ensaio de tração, quando falamos em fase elástica e limite elástico? Aqui, no caso do ensaio de flexão, a força aplicada sobre o material é interrompida no final de sua zona elástica. Assim, será possível avaliar como ele se comporta quando submetido a esforços de flexão. Passo a passo: 1. Medir o corpo de prova. 2. Instalar os dispositivos necessários para este ensaio na máquina universal. 3. Posicionar o corpo de prova na máquina universal. 56 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Fotos ivan carneiro 4.Aplicar a força de flexão. 5. Após o ensaio, retirar o corpo de prova da máquina universal. A grande diferença entre os ensaios de flexão e de dobramento está no objetivo que se pretende alcançar. A meta do ensaio de flexão é avaliar de forma quantitativa os valores limites até os quais pode ocorrer flexão sem perda da capacidade de retornar à forma original. Trata-se, portanto, de uma avaliação quantitativa. Já o ensaio de dobramento tem como objetivo avaliar a aparência dos materiais que podem ser moldados, chamados de materiais dúcteis. Trata-se de uma avaliação qualitativa. Ensaio de dobramento O ensaio de flexão, que vimos há pouco, pode ser comparado à prática de ioga. Com o ensaio de dobramento podemos usar o mesmo exemplo. Mas, nesse caso, os resultados serão diferentes. Imagine que o praticante de ioga faça um movimento que ultrapassa os limites do seu corpo. Ele poderá sofrer uma lesão, não é? O mesmo pode acontecer com o corpo de prova que passa por um ensaio de dobramento. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 57 Falando na linguagem da metalurgia, no ensaio de flexão o corpo de prova é submetido a um esforço que tende a flexioná-lo em uma deformação elástica (até o limite elástico) e, feito o teste, retomará à forma original. Já no ensaio de dobramento, a deformação que o corpo de prova vai sofrer é chamada de plástica – ou seja, permanente. Agora você já sabe que a deformação plástica de um metal é a sua capacidade de ser moldado ou modelado. O que talvez você ainda não saiba é que essa capacidade plástica não é encontrada apenas na metalurgia. O Dicionário Houaiss nos explica isso muito bem e chega a dar o exemplo das artes, que também podem ser plásticas! As Artes Plásticas assim são chamadas porque elaboram formas. Ou seja, manipulam materiais para construir, modelar, formas e imagens que virarão desenhos, pinturas, gravuras, esculturas etc. O ensaio de dobramento avalia, qualitativamente, o material que pode ser moldado (material dúctil). Para isso, o corpo de prova é submetido a um determinado ângulo de dobra. Se o material não for dúctil, ele será frágil. Isso porque os materiais dúcteis são aqueles que, ao serem tracionados, não se rompem facilmente. Ao contrário, sua área é reduzida e o seu comprimento aumenta, sem que ele se rompa. Isso não acontece com os materiais frágeis, não é?! Quanto mais dúctil (moldável) o material for, maior deformação ele irá permitir e menor será a sua fragilidade. O cobre e o ouro são exemplos de metais dúcteis. Passo a passo: 1. Medir o corpo de prova. 2. Instalar os dispositivos necessários para este ensaio na máquina universal. 58 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 ivan carneiro 3. Posicionar o corpo de prova na máquina universal. ivan carneiro ivan carneiro 4.Aplicar a força de compressão. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 59 5. Após o ensaio, retirar o corpo da máquina universal. ivan carneiro 6.Medir o ângulo de dobra, utilizando o goniômetro. O ângulo de dobra é uma medida da intensidade do ensaio. Quanto maior o ângulo de dobra, mais intenso ou severo foi o teste. Você sabia? Em metalurgia, trinca é o estado em que um objeto ou parte dele se apresenta partido, separado em partes. Normalmente, está relacionada à origem do material e à aparência (isto é, profundidade e largura). Uma trinca representa sempre um indício de problema futuro. γ Nesse caso, após a medição do ângulo de dobra, há mais um passo a ser seguido: trata-se de uma observação, um exame visual na região do corpo de prova que foi tracionada. Essa etapa tem a função de checar se o material apresentou trincas ou fissuras. Caso elas sejam detectadas, o material não será aprovado. ∞ χ Diferentes graduações de dobra: quanto mais intenso for o ensaio, maior será o ângulo. 60 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Ensaio de dureza O equipamento utilizado para medir dureza é chamado de durômetro. Em metalurgia, “dureza” tem um significado específico, diferente daquele que estamos acostumados a usar. Trata-se da medida da resistência à deformação plástica permanente de um material. A dureza é determinada por meio da aplicação de uma carga sobre a superfície do material, provocando uma pequena marca que, como deformação plástica local, também pode ser chamada de indentamento. Isso porque é parecida com a marca deixada por uma dentada. Ou seja, o indentamento pode ser comparado à marca de uma forte mordida que ficou na pele. Os primeiros testes de dureza na área da metalurgia eram realizados com uma escala específica, que tinha como base a capacidade de um material riscar outro – ou seja, media quanto um material era capaz de fazer riscos em outro. Para essa medida foi criada a escala de Mohs, que varia de 1 (medida equivalente à maciez do talco) a 10 (equivalente à rigidez do diamante). Porém, este método mostrou-se inconveniente para os metais, principalmente pela amplitude da escala Mohs. Esta amplitude (faixa de dureza) não é capaz de diferenciar, por exemplo, um endurecimento de um metal por têmpera. Para se ter uma ideia, um aço de baixo carbono temperado ou não apresenta uma dureza Mohs igual a 6. Para a engenharia, portanto, essa medida não é suficiente, pois as propriedades mecânicas e as aplicações de um aço temperado e outro não temperado são completamente diferentes. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 61 Ao longo do tempo, pesquisadores e profissionais da área desenvolveram outras técnicas para a medição quantitativa da dureza dos materiais. Veja uma delas: um pequeno indentador (marcador que faz pequenas marcas semelhantes aos de uma mordida) é forçado para dentro da superfície do material que se quer testar, sendo que a carga (força) colocada nele é controlada previamente. Dessa forma, é medida a profundidade ou o tamanho da marca (do indentador) no material. Você sabia? O diamante usado para indentar corpos de prova não é exatamente a pedra preciosa que você vê em joalheiras. Trata-se de um material sintético produzido em laboratório por meio de equipamentos que criam condições de pressão e temperatura capazes de converter o grafite em pastilhas com a dureza, a resistência e as demais características do diamante natural Essa medida pode ser relacionada ao número de dureza (escala de Mohs). Ou seja, quanto mais macio o material, maior e mais profunda será a indentação e menor o grau de dureza. Inversamente, quanto mais rígido o material, menor e menos profunda será a indentação e maior o seu grau de dureza. ivan carneiro A figura abaixo mostra uma ferramenta para medir a dureza de um corpo de prova. Nesse caso, o material usado para indentar (marcar) o corpo de prova é o diamante. Trata-se, assim, de um penetrador de diamante. Ponteira de diamante para medir dureza. Existem várias maneiras de se testar a dureza de um material. Entre elas, destacaremos as três mais usadas em metalurgia: o ensaio de dureza Brinell, o ensaio de dureza Rockwell e o teste de microdureza Vickers. 62 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Ensaio de Dureza Brinell O primeiro método de medição de dureza normalizado e utilizado no mundo inteiro foi desenvolvido pelo engenheiro sueco Johan August Brinell, em 1900. Esse método consiste na aplicação de uma carga (força) utilizando um penetrador com esfera de aço temperado sobre uma superfície plana e polida de um metal durante um determinado tempo (para que haja a acomodação) imprimindo uma marca na peça ou material. Em homenagem ao seu inventor, o teste recebeu o nome de Dureza Brinell, representado pelas letras HB, do inglês Hardness Brinell. O ensaio proposto por Brinell deve ser realizado com aplicação de uma carga de 3.000 kgf, utilizando uma esfera de aço temperado de diâmetro igual a 10 mm, durante um tempo entre 10 e 30 segundos. O tempo varia em função da dureza já prevista do material, ou seja, quanto mais mole o material, maior será o tempo do ensaio. p D F d Cálculo da Dureza Para o cálculo da dureza Brinell é utilizada a expressão matemática: HB = F Ac Onde: HB = dureza Brinell F = força aplicada Ac = área da calota esférica (área de impressão) A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 63 Para determinar a área de impressão, é necessário saber a profundidade dela. No entanto, em razão da dificuldade em determinar essa profundidade, uma vez que se trata de uma esfera, e a fim de reduzir o tempo de ensaio, chegou-se a uma expressão matemática que relaciona os diâmetros da esfera e o diâmetro de impressão, ambos bastante fáceis de serem medidos. Portanto, o trabalho de um auxiliar de laboratório que participa deste tipo de ensaio consiste em: • Preparar a superfície do corpo de prova ou da peça. • Regular a máquina com a carga necessária para o ensaio. • Preparar o penetrador com a esfera de diâmetro pré-determinada para o ensaio. • Realizar o ensaio. • Medir o diâmetro de impressão. Em posse desses dados, o técnico irá aplicá-los na fórmula abaixo: Onde: HB = 2F πD (D – D2 – d2) D= diâmetro da esfera de aço d = diâmetro da impressão no material Determinando assim a dureza do material. No entanto, esse ensaio apresenta alguns inconvenientes, tais como: • Tempo de execução • Possibilidade maior de erro na leitura do diâmetro de impressão. • Impossibilidade de avaliar durezas em materiais que apresentem dureza igual ou maior que a esfera de aço temperado. 64 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Ensaio de dureza Rockwell Vinte e dois anos mais tarde, ou seja, em 1922, a indústria americana Rockwell desenvolveu um método de medição de dureza que, além de permitir medir dureza de uma gama muito maior de materiais, desde os metais moles até os aços temperados, deixa marcas bem menores e diminui a possibilidade de erros humanos. No ensaio de dureza Rockwell, primeiro é aplicado uma pré-carga, ou seja, uma carga menor. Isto permite que pequenas irregularidades existentes no material não interfiram no resultado final da medição, não exigindo, como no ensaio Brinell, superfície polida. Após a pré-carga, é aplicada uma carga maior. A diferença entre a profundidade produzida no material pela pré-carga e a carga final é a medida de dureza Rockwell, que é lida em um relógio do equipamento. Esse relógio apresenta algumas escalas de dureza que estão relacionadas ao tipo de material a ser ensaiado. penetrador profundidade causada pela pré-carga profundidade causada pela carga maior ponta de diamante medida linear que é base de leitura do resultado de dureza Princípio de funcionamento Os equipamentos para medição de dureza Rockwell utilizam dois tipos de penetradores (indentadores) que estão relacionados com a dureza do material: • Penetrador de esfera de aço • Penetrador cônico de diamante A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 65 Características das escalas de dureza Rockwell Escala Penetrador Carga (kgf) Leitura na escala B Esfera 1,58 mm 100 Vermelha C Diamante (cone) 150 Preta Aço temperado ou cementado A Diamante (cone) 60 Preta Metal duro e aço fundido/temperado/rápido D Diamante (cone) 100 Preta Aço fundido com espessura reduzida E Esfera 3,175 mm 100 Vermelha FoFo, ligas de alumínio e magnésio e metal duro F Esfera 1,588 mm 60 Vermelha Metais moles e ligas de cobre Aplicações típicas FoFo (ferro fundido) e aços não temperados G Esfera 1,588 mm 150 Vermelha Bronze, fósforo, ligas de berílio e FoFo maleável H Esfera 3,175 mm 60 Vermelha Alumínio, zinco, chumbo e abrasivos K Esfera 3,175 mm 150 Vermelha Metal duro e metais de baixa dureza L Esfera 6,350 mm 60 Vermelha Mesma Rockwell K, borracha e plástico M Esfera 6,350 mm 100 Vermelha Mesma Rockwell K e L, madeira e plásticos P Esfera 6,350 mm 150 Vermelha Mesma Rockwell K, L e M e plásticos R Esfera 12,700 mm 60 Vermelha Mesma Rockwell K, L e M e plásticos S Esfera 12,700 mm 100 Vermelha Mesma Rockwell K, L e M e plásticos V Esfera 12,700 mm 150 Vermelha Mesma Rockwell K, L, M, P e R ou S Fonte: GARCIA, Amauri; SPIM, Jaime A.; SANTOS, Carlos A. dos. Ensaio dos Materiais. Rio de Janeiro: LCT. Recomendações Recomendações para o auxiliar de laboratório na realização dos ensaios: • Lixar e limpar bem a superfície do material a ser ensaiado, eliminando possibilidades de erros, mesmo sabendo que a pré-carga minimiza essa possibilidade. • Não utilizar a primeira leitura realizada na máquina, pois ela serve apenas para ajustar o penetrador. • Caso não saiba a dureza aproximada do material, ou seja, caso o material seja desconhecido, iniciar os ensaios partindo de uma escala de dureza mais alta para a mais baixa, evitando assim danos ao penetrador. • O tempo recomendado para aplicação da pré-carga deverá ser menor que 3 segundos e da carga final de no máximo 8 segundos, variando em função da dureza do material. • As distâncias entre as impressões (marcas) devem ser de, no mínimo, 3 vezes o diâmetro de impressão. Exemplo: se utilizar um penetrador de 2,5 mm, as distâncias devem ser de, no mínimo, 7,5 mm uma da outra. 66 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 ivan carneiro • A leitura final é sempre do valor numérico encontrado acompanhado das letras HR e a letra correspondente à escala utilizada. Exemplos: 50 HRA, 70 HRB, 64 HRC etc. Você sabia? Ponteiras de dureza HRC (à esquerda) e HRB: usadas para medir dureza na máquina Rockwell. ivan carneiro Diâmetro é a medida de qualquer reta que passe pelo centro de um círculo e encontre dois pontos da circunferência. Só é possível medir o diâmetro se tivermos uma circunferência, isto é, um círculo. diâmetro Detalhe do ensaio de macrodureza na máquina Rockwell: ponteira penetrando o metal. Apesar de o ensaio de dureza Rockwell ser o mais utilizado na indústria, devido à facilidade de leitura e à aplicação na maioria dos materiais metálicos, ele apresenta duas grandes desvantagens em relação ao ensaio de Dureza Brinell: não possibilita relacionar a dureza encontrada no material com a sua resistência à tração; utiliza um número muito grande de escalas. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 67 Teste de microdureza Vickers Continuando a pesquisa, em 1925, a empresa Vickers-Armstrong Ltda lançou uma máquina para medição de dureza cujo princípio de funcionamento era semelhante ao de Brinell, ou seja, relacionava a dureza do material com a carga aplicada e a área de impressão, porém com algumas melhorias. A principal delas é a possibilidade de determinar a dureza de qualquer material metálico, do mais mole ao mais duro, isto porque este equipamento utiliza um penetrador de diamante com forma de pirâmide que é praticamente indeformável. Outra vantagem é o fato de possuir uma escala única de leitura. Porém, como nada é perfeito, o ensaio Vickers tem alguns inconvenientes, o principal é a demora na leitura, pois é necessário se fazer a leitura das diagonais impressas no material utilizando-se um microscópio que fica acoplado ao equipamento. Outra é a necessidade de uma preparação metalográfica do material a ser ensaiado (aprenderemos, na próxima unidade, como é feita a preparação metalográfica). Devido a estas dificuldades, ele não está tão presente no dia a dia da indústria, sendo mais utilizado em pesquisas e em análises de microdurezas que outros equipamentos não são capazes de realizar. ivan carneiro Para a realização deste ensaio, o papel do auxiliar é importantíssimo, principalmente na preparação do corpo de prova, que consiste em lixar e polir o corpo de prova deixando-o com uma superfície espelhada. As medições, por sua vez, são realizadas pelo técnico. Teste de Vickers: o papel do auxiliar de laboratório é fundamental para a sua realização. 68 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Unidade 6 O dia a dia no laboratório metalúrgico: outros ensaios Além dos ensaios mecânicos – que serão os mais comuns no seu dia a dia como auxiliar de laboratório metalúrgico – há outros dois tipos de ensaio que estarão presentes na sua rotina: o ensaio metalográfico e os ensaios não destrutivos. Ensaios mecânicos Ensaio metalográfico • Ensaio de tração • Ensaio de compressão • Ensaio de cisalhamento • Ensaio de dobramento • Ensaio de flexão • Ensaio de torção Ensaios não destrutivos (ENDs) • Ensaio por líquidos penetrantes • Ensaio por partículas magnéticas • Ensaio por ultrassom • Ensaio por radiografia • Ensaio de dureza Ensaio metalográfico Conforme foi apresentado na Unidade 3 do caderno 1, conhecer e compreender as características, propriedades, comportamento e aplicação dos materiais metálicos é muito importante para a formação do auxiliar de laboratório metalúrgico. O ensaio metalográfico é um estudo sobre a estrutura interna do metal e a sua forma. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 69 materialografia metalografia ceramografia plastografia A metalografia (estudo da estrutura e das propriedades dos metais) é uma área da materialografia, que, além de investigar os materiais metálicos, estuda a estrutura e as propriedades dos materiais plásticos ou poliméricos (plastografia) e dos materiais cerâmicos (ceramografia). Resumindo, a metalografia tem como objetivo a análise da estrutura interna dos metais. Esta estrutura nos proporciona prever o comportamento do material quando for solicitado mecanicamente, ou seja, quando ele for utilizado por algum processo de fabricação. É como se estivéssemos realizando um exame médico. Por meio desse exame, podemos prever doenças futuras e, por meio de tratamentos preventivos, minimizá-las ou eliminá-las. 70 Assim como na realização de um exame de sangue, a análise metalográfica necessita de uma preparação de amostra. Vamos ver agora como se faz um ensaio ou análise metalográfica. A primeira parte desse processo diz respeito às etapas de preparação da amostra, que deverão ser seguidas pelo auxiliar de laboratório metalúrgico. Apenas depois desse preparo, que corresponde às etapas indicadas abaixo (1 a 5), a análise, propriamente dita, poderá ser realizada. 1.Corte. 2.Embutimento. 3.Lixamento. 4.Polimento. 5.Ataque químico. A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Passo a passo: 1. Corte 2.Fixar, firmemente, o corpo de prova na mesa. ivan carneiro ivan carneiro 1. Colocar a amostra ou corpo de prova no centro da mesa de fixação – que também é o centro do disco. 4.Ligar o motor de acionamento do disco que fará o corte. Ligar a bomba do fluido de corte direcionando o jato para a amostra. O fluido de corte é um líquido que provoca a refrigeração da amostra, não permitindo um aquecimento excessivo. ivan carneiro ivan carneiro ivan carneiro 3.Após ter se certificado da correta fixação do corpo de prova, abaixar a tampa de acrílico. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 71 ivan carneiro ivan carneiro 5.Realizar o corte sem utilizar sobre o disco de corte uma força excessiva e sem grandes variações, evitando a quebra do disco. 7. Retirar o corpo de prova da mesa de fixação. ivan carneiro ivan carneiro 6. Ao término do corte, o disco deve ser posicionado em descanso. Fechar o fluido de corte e desligar o motor. 8.Limpar o equipamento, retirando resíduos do corpo de prova cortado. 72 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 2. Embutimento O embutimento tem como finalidade principal facilitar o manuseio de pequenas amostras nos processos posteriores, lixamento e polimento; a outra finalidade é de proporcionar a manutenção das bordas e superfícies do corpo de prova, evitando o arredondamento. O embutimento pode ser realizado a frio ou a quente. O embutimento a frio é realizado principalmente em materiais frágeis, tais como a cerâmica, que provavelmente não resistiriam à pressão aplicada em um embutimento a quente. Para realizar o embutimento a frio, são utilizadas uma resina sintética e um catalisador que, ao serem misturados e despejados em um molde, reagem formando uma massa plástica, que protege a amostra. Um dos grandes inconvenientes deste processo é o tempo de endurecimento, que pode variar de 2 a 4 horas, inviabilizando sua utilização quando se requer um embutimento rápido. Já o embutimento a quente é mecanizado, ou seja, é utilizado um equipamento específico para isso, denominado máquina embutidora. O insumo (material) utilizado para o embutimento é normalmente uma resina denominada baquelite, devido ao seu baixo custo e à facilidade de manuseio. 2. Colocar a amostra com a face que se quer analisar para baixo (em contato com o êmbolo). ivan carneiro ivan carneiro 1. Passar um desmoldante no êmbolo inferior para a baquelite não aderir. Segundo o Dicionário Houaiss, insumo é cada um dos elementos (matéria-prima, equipamentos, capital, horas de trabalho etc.) necessários para produzir mercadorias ou serviços. Ou seja, insumo é tudo aquilo que precisa “entrar” no processo para que o produto final possa sair. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 73 4.Colocar a resina (baquelite) (3 a 5 medidas, 10 a 30 gramas). ivan carneiro ivan carneiro 3. Baixar o êmbolo lentamente. 6.Colocar o êmbolo superior. ivan carneiro ivan carneiro 5. Passar desmoldante no êmbolo superior. 8.Apertar a tecla “Partida”. ivan carneiro ivan carneiro 7. Colocar a tampa. 74 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 ivan carneiro 10. Após o término do embutimento, abrir a válvula de pressão para aliviar. ivan carneiro 9.Regular a pressão entre 125 e 150 (KgF/mm2). Programar o tempo de aquecimento para 10 minutos e de resfriamento para 5 minutos. 12. Erguer o êmbolo até ser possível retirar o corpo de prova da prensa de embutimento (utilize uma luva apropriada para temperatura). ivan carneiro ivan carneiro 11. Remover a tampa da prensa e fechar a válvula de pressão. Baquelite: o primeiro produto plástico da história A baquelite, uma resina sintética muito resistente ao calor, é considerada o primeiro produto plástico da história. Inventada em 1909, por Leo Baekeland, um químico americano, a baquelite foi utilizada até no fabrico de moedas, durante a Segunda Guerra Mundial. 13. Efetuar a limpeza do equipamento. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 75 3. Lixamento Essa operação tem o objetivo de eliminar riscos e marcas mais profundas do corpo de prova. Após dar um melhor acabamento à superfície da peça, ela estará pronta para a próxima etapa: o polimento. A amostra (ou corpo de prova) é lixada várias vezes seguidas, uma após a outra, e com lixas cada vez mais finas até desaparecerem as marcas e os traços deixados pela lixa anterior. Outro aspecto importante: vimos que no processo de corte há um fluido que tem a finalidade de resfriar o disco e, dessa forma, diminuir a possibilidade de alterar as características do metal. O lixamento também provoca aquecimento, tornando o resfriamento necessário. Nesse caso, porém, esse resfriamento é feito com água. 1. Separar todas as lixas necessárias antes de iniciar o procedimento (normalmente, usa-se a sequência de lixas 100, 220, 320, 420, 600 e 1200, mas pode ser outra em função do material e da qualidade proporcionada pelo corte). 900 100 220 320 420 600 1200 Ponto de referência 3. Verificar se há água na lixa e na amostra, pois todo o processo é feito sob refrigeração com água. Iniciar com o lixamento de desbaste, lixa 100. ivan carneiro ivan carneiro 2.Marcar um ponto de referência na amostra com a finalidade de determinar a mudança da lixa a cada 90º. 76 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 5.Repetir o passo 4 até chegar à lixa 1200. ivan carneiro ivan carneiro 4. A cada troca de lixa, girar a peça 90°. 4. Polimento Essa operação tem como finalidade dar à amostra um acabamento superficial isento de marcas provocadas pelo lixamento. Para isso, é utilizado uma pasta de alumina ou diamante, dependendo do metal. Quanto melhor o acabamento, mais fácil será a observação da estrutura do metal. O equipamento é idêntico ao utilizado para o lixamento, porém, no lugar da lixa, é utilizado um pano. Os equipamentos, apesar de serem idênticos, não devem ser realizados nas operações de lixamento e polimento para não provocar a contaminação da amostra por resíduos de materiais provenientes do lixamento. 1. Colocar o pano no prato giratório. 2. Abrir a água (bem pouco). A água tem a finalidade de eliminar os resíduos gerados no processo de polimento, mas, em excesso, pode retirar também a alumina. ivan carneiro 3. Colocar a alumina sobre o pano de polimento. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 77 4.Segurar a amostra com o pano de polimento, tendo cuidado para que ela não risque. 5. Aplicar o mínimo de pressão sobre a amostra, evitando o aquecimento e, consequentemente, alterando sua estrutura interna. 5. Ataque químico Seu objetivo é permitir a identificação (visualização) dos contornos de grão e as diferentes fases na microestrutura. DICA Na Unidade 3, aprendemos que, em metalurgia, o cristal único também leva o nome de grão. O ataque químico é realizado utilizando um reagente ácido depositado sobre a superfície da amostra por um determinado tempo, provocando a corrosão do metal, assim realçando os contornos de grãos. O objetivo é possibilitar a medição dos grãos e visualizar as diferentes fases microestruturais do material com o auxílio de um microscópio. É função do auxiliar de laboratório toda a preparação do corpo de prova, do corte até o ataque químico. A análise, no entanto, é de responsabilidade do técnico. A escolha dos reagentes usados se dá em função do material a ser testado e do tipo de reação que se quer causar para fazer a análise metalográfica com o microscópio. Dito de outra forma, cada reagente irá ressaltar (ou contrastar) um ou outro componente da estrutura do metal. Análise metalográfica Você sabia? O estereomicroscópio é um microscópio de visão binocular – o que permite uma visão em três dimensões do objeto observado. 78 Existem diversas técnicas para a realização dessa análise. As mais comuns são a macroscopia, que utiliza lupas, estereomicroscópios ou, ainda, é feita a olho nu; e a microscopia, que é feita com o auxílio de um microscópio metalográfico, com aumento de até 1.000 vezes. A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 A macroscopia é o processo indicado quando as estruturas do metal são grandes. Quando são muito pequenas, a análise microscópica torna-se necessária. Macroscopia A análise realizada a olho nu, com lupa ou estereomicroscópio é denominada macroscopia. Enxergar a peça (metal) e relacionar o que é observado com sua estrutura interna pode fornecer pistas valiosas. A macrografia permite saber se o material possui uma estrutura homogênea, além de verificar a existência de impurezas e defeitos gerados no processo de fabricação. No entanto, a responsabilidade de análise é do técnico, cabe ao auxiliar a preparação e o acompanhamento. Você sabia? Ao estudar as análises visuais, você perceberá que existem dois níveis bem distintos de visão humana: a visão macroscópica, quando os corpos podem ser visualizados a olho nu ou sem a utilização de equipamentos com grandes ampliações; e a visão microscópica, quando os corpos só podem ser vistos com o uso do microscópio, exigindo grandes ampliações. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 79 Microscopia Microscopia é a análise realizada com o auxílio de um microscópio específico, usado para a observação da estrutura dos metais nos laboratórios de metalurgia. Trata-se de um microscópio com a luz refletiva. A capacidade de aumento chega até 1.000 vezes, possibilitando a observação de microconstituintes dos metais. ipt ipt Os microscópios mais comuns, que estamos mais acostumados a ver, são de outro tipo: os microscópios biológicos. Eles são muito utilizados pelos estudantes e profissionais da área de biologia porque permitem verificar materiais orgânicos. Ferro fundido em análise microscópica (aumento de 100 vezes). Aço em análise microscópica (aumento de 100 vezes). Ensaios não destrutivos (ENDs) Os ensaios não destrutivos são aqueles em que os métodos aplicados para analisar os materiais e componentes não prejudicam sua integridade; ou, como o nome o diz, não destroem o corpo de prova. Ou seja, o corpo de prova suporta, sem alteração física ou química, a detecção, localização, medição e avaliação de descontinuidades (trincas, furos, dobras etc.), defeitos e outras imperfeições. Existem vários métodos de ensaios não destrutivos, e sua escolha irá depender das necessidades da avaliação. A seguir, são apresentados alguns dos ensaios não destrutivos mais encontrados na indústria metalúrgica: • ensaio por líquidos penetrantes; • ensaio por partículas magnéticas; • ensaio por ultrassom; e • ensaio por radiografia. 80 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Ensaio por líquidos penetrantes O ensaio por líquidos penetrantes é o método usado para detectar descontinuidades superficiais, tais como trincas, poros e dobras. Ele pode ser aplicado em todos os materiais sólidos não porosos ou que tenham superfície muito grosseira. Este ensaio consiste em aplicar um líquido colorido sobre a superfície do material/peça a ser ensaiada. Depois de o líquido penetrar nas fissuras, o seu excesso é removido da peça e um outro líquido branco, chamado de revelador, é aplicado. O contraste provocado por este líquido destaca as fissuras. A função do auxiliar de laboratório neste tipo de ensaio é: ivan carneiro 2. Aplicar o líquido penetrante conforme indicação do técnico. ivan carneiro 1. Realizar a limpeza no corpo de prova, retirando toda graxa, tinta, oxidação, enfim, deixando a superfície isenta de qualquer impureza que impossibilite a penetração do líquido nas fissuras. 4. Aplicar o líquido revelador conforme orientação do técnico. ivan carneiro ivan carneiro 3.Remover o excesso após o tempo determinado pelo fabricante. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 81 ivan carneiro Após a aplicação do líquido revelador, as descontinuidades superficiais poderão ser detectadas. 5. Limpeza do material/peça após análise realizada pelo técnico. Ensaio por partículas magnéticas Você sabia? Material ferromagnético é aquele que, na presença de um campo magnético – área de influência de cargas elétricas em movimento e ímãs permanentes, que geram atração magnética –, pode, facilmente, se tornar um ímã. São ferromagnéticos os seguintes metais e ligas: ferro, cobalto, níquel e ligas formadas por essas substâncias. 82 O ensaio por partículas magnéticas é utilizado para localizar descontinuidades superficiais e “sub-superficiais”, ou seja, descontinuidades 3 mm abaixo da superfície, em materiais ferromagnéticos. Pode ser aplicado tanto em peças acabadas como em semiacabadas. O ensaio por Partículas Magnéticas consiste em depositar pó de ferro (limalhas de ferro) sobre o material a ser ensaiado. Em seguida, com a utilização de um eletroímã (ímã que utiliza a corrente elétrica para criar um campo magnético, podendo ser ligado ou desligado), é criado um campo magnético. As partículas alinham-se conforme orientação do campo. Onde houver descontinuidade, ou seja, trincas interrompendo, essas partículas irão se afastar formando o que é chamado de campo de fuga, revelando a descontinuidade do material. A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 N S Criação de campo magnético: onde há descontinuidade, as partículas formam um campo de fuga. Para realizar este ensaio, o auxiliar de laboratório deverá fazer a preparação do material a ser ensaiado antes e após a inspeção realizada pelo técnico. Abaixo, descrevemos algumas atividades de responsabilidade do auxiliar. 1. Preparar a superfície do material removendo toda oxidação, graxa e sujeiras. 2.Separar as partículas magnéticas conforme orientação do técnico. ivan carneiro ivan carneiro 3. Realizar a limpeza final do material. Ensaio por partículas magnéticas: com a utilização do eletroímã, as partículas (limalhas de ferro) formam o campo de fuga. Ensaio por ultrassom Até agora falamos de alguns ensaios que têm a capacidade de determinar descontinuidades superficiais e “sub-superficiais”. Para determinar descontinuidades internas, existem outros ensaios, como: os ensaios radiológicos e ensaios por ultrassom. Dá mesma maneira que utilizamos a radiografia e a ultrassonografia para exames do corpo humano, esses são procedimentos aplicados nos metais. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 83 ivan carneiro Você sabia? Ultrassom é um som emitido a uma frequência superior àquela que o ouvido humano pode perceber, isto é, 20.000 Hz (Hz é o símbolo de hertz, a unidade de medida de frequência dos sons). Um exame conhecido que utiliza a técnica do ultrassom é a ultrassonografia, que gera imagens com base nessas ondas sonoras de alta frequência e em seus ecos. Os médicos recomendam que esse exame seja feito, por exemplo, quando as mulheres estão grávidas. Ele possibilita observar a criança antes de nascer, sem prejudicá-la. Equipamento usado no ensaio por ultrassom: descontinuidades no material interrompem a emissão de ondas. O ensaio por ultrassom é realizado apenas por técnicos. Ele consiste na emissão de ondas de alta frequência através de um transdutor (cabeçote como aquele que mede a pressão) que tem a função de emitir e receber os sinais dessas ondas. Quando a onda encontra alguma descontinuidade no material, ela interrompe a propagação, retornando antes. Ou seja, ela não cumpre todo o trajeto esperado e isso proporciona a localização da descontinuidade. As atividades de responsabilidade do auxiliar de laboratório neste ensaio são as mesmas do ensaio por partículas magnéticas, ou seja, a preparação do material e equipamentos antes e após os ensaios. O mais importante, no entanto, é estar sempre ao lado do técnico o auxiliando e principalmente aprendendo. As ondas batem e voltam permitindo a identificação de descontinuidades. 84 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Ensaio por radiografia A radiografia é um método baseado nos diferentes modos como a radiação que penetra a peça inspecionada pode ser absorvida. As várias áreas de uma peça absorverão quantidades distintas da radiação penetrante. Isso pode acontecer por causa das diferenças de densidade, espessura ou composição do material. Essa absorção diferenciada da radiação será detectada por meio de um filme ou de um tubo de imagem e será medida por detectores eletrônicos. A variação na quantidade de radiação absorvida indicará, entre outras coisas, a existência de uma falha interna ou um defeito no material. Atividade 4 O bservação de ensaios Você sabia? Existe também um exame de radiografia (comumente chamado de exame de raios X) que ajuda os médicos a identificarem (diagnosticarem) muitas doenças. Esse tipo de radiografia expõe uma parte do corpo a uma pequena dose de radiação ionizante e, com isso, produz imagens do interior do organismo. O processo é indolor. Junto com o monitor, você e seus colegas irão visitar um laboratório metalúrgico. Lá, vocês terão a oportunidade de observar vários testes e ensaios sendo realizados. Aproveite também para conversar com auxiliares sobre o trabalho que realizam. Ao final, escreva um texto individual sobre o que você observou. Não se esqueça de indicar qual é o teste mais comum realizado e o que mais lhe chamou a atenção. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 85 Unidade 7 Segurança e prevenção de acidentes A todo o momento, passamos por situações de risco: podemos pisar num buraco e levar um tombo na calçada, ou ser atropelados por um motorista que atravessa um sinal vermelho, por exemplo. Se todos os pedestres, ciclistas, condutores de carros, ônibus, motos etc. observarem as regras de trânsito, o risco de acidente será bem menor, não é mesmo? Porém, se ninguém tomar conhecimento da sinalização, esse risco se torna maior. No trabalho, os riscos de acidentes também estão presentes em maior ou menor grau, dependendo da atividade que iremos fazer. Por isso, é fundamental que se faça uma análise dos riscos que ela oferece. Usar equipamentos de proteção individual (EPIs) e verificar se todos os alarmes de segurança estão funcionando adequadamente também são passos essenciais para um trabalho mais seguro. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 87 A prevenção de acidentes no laboratório metalúrgico Vamos ver agora alguns dos riscos a que você, como auxiliar de um laboratório metalúrgico, estará exposto no seu trabalho cotidiano. A variedade de perigos existentes nos laboratórios é muito ampla, em razão da presença de muitas substâncias químicas que podem causar danos à saúde. Algumas dessas substâncias são letais (podem matar), tóxicas (podem intoxicar), corrosivas (podem causar corrosão), inflamáveis (podem pegar fogo) etc. Há também equipamentos que, por exemplo, apresentam alteração de temperatura, emitem radiação térmica e ionizante, projetam partículas, apresentam a possibilidade de prensamento etc. Enfim, são muitos os riscos e é preciso ter sempre em mente a importância de diminuir as possibilidades de acidente. A responsabilidade pela garantia de segurança nos locais de trabalho cabe, em primeiro lugar, à empresa e aos empregadores. Há ainda as CIPAs (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes) que cuidam dessa questão nas empresas. Mas cada trabalhador também deve ter sua atenção voltada para essa questão. Assim, é importante estar atento a três áreas: • local de trabalho; • equipamentos; e • pessoas. 88 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 O local de trabalho Como já vimos, a realização dos ensaios acontece em laboratórios e, desde o processo de obtenção da amostra/ corpo de prova até o registro dos resultados em relatório, os profissionais que lá trabalham estão sujeitos a vários tipos de riscos de acidente. Por isso, assim como os profissionais devem observar procedimentos que minimizem esses riscos, os laboratórios devem ter equipamentos de proteção coletiva (EPCs) e seguir procedimentos que zelem pela segurança. DICA Toda empresa com mais de 20 empregados deve ter uma CIPA, formada por trabalhadores eleitos pelos colegas. Você pode se aprofundar no assunto consultando a unidade “Saúde e segurança no trabalho”, no Caderno do Trabalhador 5 – Conteúdos Gerais. Veja alguns deles: ivan carneiro • Possuir extintores de incêndio identificados com placas informativas. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 89 ivan carneiro ivan carneiro • Ter rotas de fuga sinalizadas, de modo a minimizar as consequências no caso de incêndio ou explosões. ivan carneiro ivan carneiro • Possuir chuveiro de segurança e lavadores de olhos, ambos com ficha de teste de verificação semanal de funcionamento adequado. 90 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 ivan carneiro • Manter as substâncias inflamáveis e tóxicas devidamente identificadas e guardá-las em locais fechados a chave. Os equipamentos Uma das preocupações básicas que todos devem ter é com as instruções do fabricante nos momentos de instalação ou operação de máquinas e equipamentos para a preparação de corpos de provas. O manual de instruções que acompanha as máquinas e equipamentos deve sempre ser seguido. O aterramento elétrico também merece atenção especial, pois sua função é, justamente, proteger o usuário dos equipamentos das descargas atmosféricas. Embora importantes, as normas e procedimentos relacionados a esse procedimento costumam gerar dúvidas. Se for o caso, a CIPA deve ser alertada para verificar se os aterramentos elétricos das máquinas e equipamentos foram realizados corretamente, pois o desconhecimento dessas técnicas pode ocasionar a queima do equipamento ou, pior, um choque elétrico no operador. Enfim, o aterramento elétrico eficiente constitui uma proteção tanto para o equipamento quanto para quem o manuseia. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 Você já sabe que o aterramento elétrico merece a sua atenção. Resta saber que ele não tem esse nome à toa. Se você ouvir que algum aparelho está aterrado eletricamente, não duvide: significa que um dos fios de seu cabo de ligação está ligado à terra (fio terra). A finalidade desse fio é, justamente, deixar passar a corrente elétrica para o solo. A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 91 As pessoas Para prevenir acidentes, todos os profissionais que trabalham nos laboratórios de metalurgia devem utilizar EPIs adequados. Mas... quais são eles? protetor auricular óculos de proteção guarda-pó de algodão ivan carneiro luvas resistentes sapatos de couro 92 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 • Guarda-pó de algodão. • Óculos de proteção para evitar que poeira, fagulhas ou reagentes químicos entrem em contato com os olhos. Caso isso ocorra, deve-se lavar os olhos com muita água no lavador de olhos e, logo em seguida, procurar um médico (na empresa ou fora dela), além de um membro da CIPA para acompanhar a ocorrência. • Protetor auricular para minimizar a agressão que ruídos intensos podem causar aos ouvidos. O anexo 1 da Norma Regulamentadora nº 15 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que dispõe sobre atividades e operações insalubres, estabelece os limites máximos de ruído a que os profissionais podem ficar expostos, e por quanto tempo em sua jornada diária. Você pode consultar esses dados no site: http://portal.mte.gov.br. A Norma Regulamentadora nº 7, igualmente do MTE, que trata do controle médico de saúde ocupacional, exige exames médicos periódicos para quem trabalha em condições insalubres. O texto integral dessa norma também pode ser lido no site do ministério. • Luvas resistentes, adequadas ao produto que está sendo manipulado. • Sapatos de couro. Além de utilizar os equipamentos de proteção necessários, o auxiliar de laboratório (assim como todos os que trabalham no local) devem tomar mais alguns cuidados. Confira. ivan carneiro • Usar a capela para a manipulação de reagentes que emitem vapores ácidos ou tóxicos. Você sabia? Capela é um compartimento equipado com sistema de exaustão e janelas reguláveis onde são realizadas reações que liberam vapores ácidos ou tóxicos. Capela: espaço com sistema de exaustão e janelas reguláveis. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 93 ivan carneiro • Não jogar sobras de reagentes e resíduos de solventes em pias. Caso contrário, você pode estar contaminando o meio ambiente! Os resíduos devem ser guardados em recipientes apropriados, identificados e entregues a empresas recicladoras que poderão reutilizá-los após tratamentos ou incinerá-los. Você sabia? ivan carneiro Descarte correto: resíduos guardados em recipientes próprios. Foi a partir da década de 1970 que a preservação do meio ambiente passou a ser uma das grandes preocupações mundiais. De lá para cá, o conjunto de técnicas que busca reprocessar substâncias jogadas no lixo para que elas se tornem novamente úteis passou a ser não apenas economicamente viável, mas também lucrativa para uma cadeia de produção que vai desde os catadores de lixo até as empresas transformadoras. Reagente despejado na pia: perigo de contaminação ambiental. 94 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 • Não pipetar líquidos com a boca. ivan carneiro ivan carneiro A pipeta é um tubo de vidro com uma escala, que é utilizada para medir volumes (líquidos). Veja a foto abaixo. Além de medir, ela é usada para fazer a transferência de volumes com exatidão. Mas esse procedimento não deve ser feito com a boca! Forma certa (à esquerda) e equivocada (à direita) de pipetar: o procedimento não deve ser feito com a boca. • Trabalhar no laboratório sempre com a orientação e presença de um técnico responsável. • Desligar os equipamentos após sua utilização. A nálise Atividade 1 de risco da tarefa Suponha que, para realizar uma tarefa de metalografia, você precisará coletar a amostra, cortá-la e embuti-la, lixá-la, poli-la e usar um reagente químico nela. Levante os possíveis riscos de acidentes na realização dessas atividades (use o espaço a seguir para suas anotações) e discuta com os colegas sobre como evitá-los. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 95 Lembre-se: o uso de equipamentos de segurança previne, mas nem sempre impede a ocorrência de acidentes. E quipamentos Atividade 2 de proteção individual Uma vez realizada a análise de riscos relacionados às atividades previstas no exercício anterior, especifique quais EPIs devem usados nesse trabalho. 96 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Unidade 8 Qualidade e produtividade A qualidade Qualidade é uma característica difícil de ser definida. Para você, esse conceito pode ser diferente daquele usado pelo seu colega do lado. E, pode ser difícil vocês chegarem a uma mesma opinião. De qualquer forma, vamos buscar entender o que qualidade significa no dia a dia de um auxiliar de laboratório metalúrgico. A ideia de qualidade para os profissionais que atuam em um laboratório está relacionada à necessidade de o produto atender ao que a indústria metalúrgica (ou a indústria de outros produtos) requer dele. Assim, a qualidade compreende um conjunto de requisitos e características com vistas a satisfazer certas necessidades. Se nos lembrarmos do Caderno 1, veremos a palavra qualidade e, mais especificadamente, o termo “controle de qualidade”, presente em toda a história do trabalho e da metalurgia. Você se lembra das oficinas artesanais, nas quais eram feitos os testes e ensaios que serviam para verificar se os produtos estavam bons para o uso? Esses testes aconteciam em um local que, nos termos de hoje, chamaríamos de laboratório metalúrgico. Os artesãos e negociantes do século 13 (XIII) trabalhavam em contato direto com os compradores. E seu retorno em relação à qualidade dos produtos que fabricavam era, provavelmente, imediato. Os produtos defeituosos eram jogados fora. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 97 Alamy/Other Images Com a divisão do trabalho por especialização e as mudanças ocorridas na forma de produção no capitalismo, não foi só o dia a dia do profissional de metalurgia que mudou bastante. O mesmo se deu com o controle de qualidade. Novos desafios seriam colocados àqueles que fabricavam e testavam os produtos fabricados com metal. Agora, para garantir a qualidade, era necessário especializar-se na verificação da existência de defeitos no produto. Ou seja, o que era uma das etapas, entre tantas pelas quais o artesão passava, tornou-se, a partir da Revolução Industrial, incumbência de um profissional especialista. Essa pessoa era uma espécie de laboratorista ou auxiliar de laboratório metalúrgico, profissional que pode ser, hoje, considerado responsável por garantir a qualidade do que é produzido nesse ramo da indústria. Artesão medieval: responsável pelo controle de qualidade. A produtividade Produtividade é um conceito que interessa aos empresários – aqueles que detém e controlam os meios de produção e lucram com o capitalismo. Isso porque significa a associação de três coisas: • aumento da produção de bens ou produtos elaborados; • manutenção ou melhoria dos níveis de qualidade; e • manutenção (ou melhor, não expansão) do número de trabalhadores e dos recursos usados na fabricação desses bens ou produtos. Ou seja, a produtividade é alcançada quando se consegue fazer crescer o volume de produtos sem aumentar o quadro de empregados, sem aumentar os gastos e sem descuidar da qualidade. 98 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Se há um aumento da produção e o capitalista mantém os mesmos gastos (mesmo número de funcionários e a mesma folha salarial), é fácil perceber que há um aumento de seu lucro, não? Uma das formas de obter aumento da produtividade é a institucionalização da distribuição de lucros entre funcionários. Ou seja, empresas dividem com os empregados (de tempos em tempos) os lucros resultantes de ganhos de produtividade. Essa é uma forma de motivar os trabalhadores para que os empresários aumentem seus lucros. Corbis/Corbis (RF)/Latinstock Outra forma de elevar a produtividade é chamar os trabalhadores para opinar sobre como melhorar processos e/ou participar de cursos de capacitação. Fazer cursos e discutir processos podem ser experiências importantes para você e também podem ajudá-lo a progredir na carreira. Ouvir a opinião dos trabalhadores é uma maneira de aumentar a produtividade. Quando chega aos laboratórios metalúrgicos o pedido para que algum ensaio seja feito, esse pedido pode vir de diferentes áreas: da área de manutenção de máquinas da empresa, por exemplo; de um determinado departamento que necessita dos resultados dos ensaios de um material específico; ou mesmo do próprio sistema de registro dos resultados de ensaios do laboratório da empresa (local onde ficam todos os resultados dos testes realizados). A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 99 Quaisquer que sejam os solicitantes, todos esperam que o trabalho seja feito com responsabilidade e que haja preocupação com a sua qualidade. Só assim, terão garantia de que os produtos fabricados, tendo como base aqueles ensaios, não irão apresentar falhas no futuro. Essa preocupação com a qualidade também responde às expectativas e às exigências das pessoas que irão, posteriormente, comprar e fazer uso daqueles produtos. E tais exigências foram crescendo com a evolução tecnológica e com a possibilidade de os consumidores compararem produtos de origens e fabricantes diferentes, mais comum nos dias de hoje. O auxiliar de laboratório metalúrgico e a qualidade A ocupação de auxiliar de laboratório metalúrgico estará sempre ligada ao conceito de qualidade. Garanti-la é, em última instância, objetivo do seu trabalho e de todos os que atuam em um laboratório metalúrgico. Afinal, os ensaios não servem, justamente, para que se venha a produzir bens melhores? Existem alguns passos importantes que impactam na obtenção de qualidade e, por vezes, também na segurança dos trabalhadores. Por isso, é bom estar atento a eles no dia a dia: • manter a atenção no momento de coletar as amostras e de preparar os corpos de prova; • realizar os ensaios e todos os procedimentos conforme indicado nas normas; • conferir os resultados dos ensaios para verificar se não há erros, checando se estão de acordo com a solicitação de quem os pediu; • buscar sempre cumprir os prazo combinados; e • ter em mente que o teste que você realiza podem servir para verificar a qualidade de uma matéria-prima fornecida. 100 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Atividade 1 Em uma empresa que produz brinquedos, a previsão é triplicar a produção de carrinhos no final do ano. Para que os carrinhos sejam colocados no mercado com a devida segurança, as peças que os compõem não podem se soltar facilmente. Por isso, a empresa contratou os serviços do laboratório em que você irá trabalhar para realizar os testes, garantindo, assim, a segurança das crianças. Como o laboratório não deverá contratar mais empregados e, ao mesmo tempo, o número de ensaios deverá ser triplicado, quais as soluções possíveis para atender o cliente? Reúna-se em grupos, discuta e relacione todas as possibilidades, inclusive as relativas à saúde e à segurança. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 101 Unidade 9 Ingresso no mercado de trabalho Agora que você já conhece as bases da ocupação de auxiliar de laboratório metalúrgico, chegou a hora de se preparar para buscar seu emprego. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 103 Atualmente, o mercado de trabalho está bastante promissor. Na primeira década do século 21 (XXI) – isto é, de 2001 a 2010 –, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro aumentou, em média, 2,2% por ano. A indústria foi responsável por aproximadamente 29% desse crescimento. Você sabia? O Produto Interno Bruto é a soma de toda a riqueza produzida em um país. DICA É muito importante que você não pare de pesquisar sobre o seu mercado de trabalho. Instituições como o SEADE (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) podem auxiliá-lo nessa tarefa. Acesse os sites: http:// www.seade.gov.br e www.ibge. gov.br e neles você encontrará pesquisas que irão ajudá-lo na hora de escolher o melhor caminho para a sua carreira. No início de 2011, o IBGE divulgou uma pesquisa segundo a qual o emprego industrial cresceu em 13 de 14 regiões estudadas (“IBGE: emprego industrial cresce em 13 de 14 regiões”, O Estado de S. Paulo, 08 de abril de 2011). A Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes) apontou, portanto, que a quantidade de trabalhadores na indústria teve crescimento em 13 dos 14 locais pesquisados. Neste cenário animador está a indústria metalúrgica. Outro importante aspecto desse mercado de trabalho é a diversidade de oportunidades. Como auxiliar de laboratório metalúrgico, você será solicitado não só nas indústrias, mas também em outros setores, como o de ensino e pesquisa. Até mesmo os laboratórios prestadores de serviço contratam profissionais para executar essa função. Observe o gráfico abaixo. Ele mostra como a indústria da transformação – que é apenas um dos componentes do ramo metalúrgico – responde por uma fatia significativa da ocupação dos trabalhadores. Emprego mais aquecido Geração de vagas formais em janeiro Saldo em janeiro 2011 Total: 152.091 100.000 73.231 80.000 53.207 60.000 33.358 40.000 20.000 0 8.324 1.572 1.571 −1.042 −20.000 −18.130 −40.000 Extrativa mineral Indústria de transformação Serviços industriais de utilidade pública Construção civil Comércio Serviços Administração pública Agropecuária Fonte: http://static.valoronline.com.br/sites/default/files/imagecache/ media_library_bigimage//gn/11/02/arte25bra-101-emrpego-a3.jpg 104 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 Esses números se refletem em oportunidades de trabalho para muitas ocupações na indústria e, portanto, significam boas novas para quem está em início de carreira. Mas a inserção no mercado de trabalho tem relação com vários fatores. O crescimento da economia é um deles. No entanto, escolaridade formal, cursos de qualificação e experiência também interferem, abrindo ou fechando portas. Há, ainda, ações que podem ajudá-lo: inscrever-se no sistema de intermediação do Governo do Estado de São Paulo – Programa Emprega SP, preparar-se para uma entrevista de emprego, organizar os seus conhecimentos e saberes na forma de um currículo, procurar dicas de locais com amigos e vizinhos. As relações pessoais, em geral, são importantes no momento de arrumar trabalho. Fazer um currículo pessoal, no qual constem os seus conhecimentos, saberes, experiências, é uma forma de você se apresentar ao mercado de trabalho. Você sabia? A expressão curriculum vitae é de origem latina e significa “currículo da vida”, um documento no qual constam seus principais dados pessoais, sua escolaridade, seu histórico profissional e saberes informais. Suas expectativas e seus desejos em relação a uma colocação no mercado de trabalho também podem ser incluídas. Atualmente, existem locais na internet que auxiliam os trabalhadores a formularem seus currículos. Há inclusive alguns bancos de dados especializados, nos quais o candidato pode elaborar seu currículo para determinada empresa ou para certa função. Da mesma forma, existe uma tendência, principalmente nas grandes indústrias, de criar seu próprio banco de currículos, guardando informações sobre trabalhadores para futuras contratações. As atividades, ao final desta unidade, poderão ajudá-lo a montar seu currículo. Salário A remuneração é uma das principais preocupações no momento de definir o tipo de ocupação ou emprego que buscamos. Uma das primeiras perguntas que nos fazemos é: “qual vai ser o meu salário?”. Considere essa informação no momento de decidir se o emprego lhe interessa ou não. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 105 Atividade 1 D epoimento Phillipy Vinicius Giareto Auxiliar de Laboratório Há quatro anos eu passei em um concurso para a vaga de auxiliar de laboratório no Instituto de Pesquisas Tecnológicas, o IPT. Hoje, sou funcionário do estado de São Paulo e, todos os dias, trabalho como se estivesse em uma escola. Aqui, convivo com pesquisadores que são doutores em suas áreas, então, a sensação é a de estar em constante aprendizado. Muitas vezes, preciso parar o serviço para pesquisar e ler. Mas não me importo! A minha maior meta é sempre estar aprendendo. Nós, que trabalhamos em um departamento de pesquisa, não estamos acostumados com a rotina. A pesquisa abrange todas as áreas da metalurgia e o auxiliar, por isso, precisa saber trabalhar em todos os setores. Nessa profissão, a única certeza é a de que, a cada ensaio, temos a oportunidade de conhecer as novidades da indústria. Os produtos que entram no mercado, antes passaram por nós. Os auxiliares de laboratório metalúrgico pegam o projeto do zero, têm a oportunidade de “ver o filho nascer”. 106 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 ivan carneiro Leia o depoimento a seguir e discuta com seus colegas e o monitor como alguns auxiliares de laboratório ingressaram no mercado de trabalho. ivan carneiro Alzira Corrêa Técnica de Laboratório Quando fiz o curso técnico de metalurgia, em 1977, eu era a única menina da sala. Hoje, já percebo que o mercado está aberto para as laboratoristas. Consigo encontrar mais mulheres nessa profissão e acho ótimo! As mulheres são muito cuidadosas e essa é uma característica indispensável em um laboratório de metalurgia. Em um departamento de pesquisa, por exemplo, a preparação cuidadosa de uma amostra é essencial para que bons resultados sejam alcançados no relatório final. O auxiliar de laboratório estará presente em todas as etapas de um ensaio, o que lhe dará a oportunidade de um aprendizado constante. O mais importante é que, a todo momento, ele se lembre de como o seu trabalho deve ser bem cuidado. Na hora do relatório, ele não estará diretamente inserido, mas, muitas vezes, será convidado a dar a sua opinião. Atividade 2 H istória de vida 1. Para a busca do emprego, é necessário elaborar um documento com algumas informações fundamentais sobre você: seu perfil, seus conhecimentos e o que você pretende profissionalmente. Esse documento se chama currículo. No tema “Como se preparar para o mercado de trabalho”, publicado no Caderno do Trabalhador 1 – Conteúdos Gerais, você encontra dicas preciosas para criar o seu. Depois de consultar esses conteúdos, você e seus colegas vão exercitar a elaboração de seu currículo com o auxílio do monitor. 2. Com base no que aprendeu neste curso, o que você considera necessário saber para ser um auxiliar de laboratório metalúrgico? Procure organizar suas ideias começando pelas frases abaixo: a) Um laboratorista deve saber: A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 107 b) Um laboratorista usa, em suas atividades: c) Um laboratorista necessita cuidar de: 108 A rco O cupacio nal M e ta l u r g i a A u x ilia r d e L a b o ra t ó ri o M et a l ú rg i co 2 d) Um laboratorista deve, também: Das frases citadas na atividade anterior, procure destacar aquilo que você faz bem. Tais informações poderão fazer parte do seu currículo. Boa sorte! A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 109 Referências bibliográficas ABENDI. Apostilas do Curso de END, Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção, 2009. Barbosa, Eduardo Fernandes. Gerência da Qualidade Total na Educação. Fundação Christiano Ottoni. UFMG. Belo Horizonte. Callister Jr, W. D. Fundamentals of Materials Science and Engineering. 7th ed. Nova York: John Wiley and Sons Inc, 2007. Dieter, E. G. Metalurgia Mecânica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1988. Manual do Programa de Gestão da Qualidade do Hospital das Clínicas de São Paulo. Ferramentas da Qualidade. Metals Handbook – Metallography and Microstructures. ASM International, v. 9, 1992. Morejon, Monica. A.G. A Implantação do Processo de Qualidade ISO 9000 em Empresas Educacionais. Tese de Doutorado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2005. p. 330. Sites American Society for Quality. <www.asq.org>. Acesso em: 3 abr. 2011. Cartilha da Qualidade e Produtividade. <www. acttive.com.br>. Acesso em 3 abr. 2011. O ESTADO DE S. PAULO. “IBGE: emprego industrial cresce em 13 de 14 regiões”, 08 de abril de 2011. <http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+geral,ibge-emprego-industrial-cresce-em-13-de-14-regioes,62033,0.htm>. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Manual de Ferramentas da Qualidade. <www.sebrae.com.br>. Acesso em 3 abr. 2011. A u x ilia r d e La bo r a t ó r io M e t a l ú rg i co 2 A rco O c u pac i on a l M e ta l u r g i a 111 via rápida emprego Metrologia O dia a dia no laboratório metalúrgico: ensaios mecânicos O dia a dia no laboratório metalúrgico: outros ensaios Segurança e prevenção de acidentes Qualidade e produtividade Ingresso no mercado de trabalho www.viarapida.sp.gov.br