Série REALIDADE RURAL
Diagnóstico Agroeconômico da
Cebola no Rio Grande Do Sul
Engº Agrº Gilberto Crivela.
VOLUME
Porto Alegre, 1995.
14
Governador do Estado do Rio Grande do Sul
ANTÔNIO BRITTO
Secretário da Agricultura e Abastecimento
CÉZAR SCHIRMER
Diretoria da EMATER/RS
Presidente: Júlio Carlos Feldens
Diretor Administrativo: Paulo Roberto Terroso
Diretor Técnico: Jair Seidel
Grupo de Trabalho MERCOSUL - EMATER/RS
Henrique Roni Borne - Coordenador do Setor Pêssego
José Ivan da Rosa - Coordenador do Setor Tomate
Norman Simon - Coordenador do Setor Maçã
Luis Ataídes Jacobsen - Coordenador do Setor Trigo
Aurelino Dutra de Farias - Coordenador do Setor Soja
Eniltur Anes Viola - Coordenador do Setor Milho
Gesner Nunes Oyarzábal - Coordenador do Setor Mandioca/Feijão
José Mauro Cachapuz - Coordenador do Setor Bovinos de Corte
Henrique Augusto Bartels - Coordenador do Setor de Suínos
Fernando Ripalda de Freitas - Coordenador do Setor de Ovinos
Aluízio Terra de Oliveira - Coordenador do Setor de Leite
Darci Barros Coelho - Apoio em Administração Rural
Narciso G. de Castro - Apoio em Administração Rural
Naira de Azambuja Costa - Digitação e Sistematização de Dados
Renan Corá de Lima - Revisor Técnico
Marcos Newton Pereira - Coordenador do GT MERCOSUL
Paulo Ebling Rodrigues
Chefe do Departamento de Planejamento
José Luiz Bortoli de Azambuja
Chefe do Departamento de Operações
ERRATA
Página
Item/
Parágrafo
Onde se lê
Leia-se
11
Item 1
Parágrafo 1°
Considerada a seguinte cultura...
Considerada a segunda cultura...
25
Item 3.1
Parágrafo 3°
...florestamento prematuro.
... florescimento prematuro.
Item 4.3
Parágrafo 1°
...que o mesmo correspondente...
... que o mesmo corresponde...
Item 4.5
(Título)
...Produção em outras...
...Produção com outras...
49
Item 7.2
(Título)
...no Segmento Primário da Produção
...e Classificação da Cebola
53
Item 7.7
Parágrafo 4°
...(Figura 4).
...(Figura 3).
64
Item 9.2.3
Parágrafo 1°
...negativo e colheita.
...vegetativo e colheita.
39
SÉRIE
REALIDADE RURAL - VOLUME 14
DIAGNÓSTICO AGROECONÔMICO
DA CEBOLA NO RIO GRANDE DO SUL
Engº Agrº Gilberto Crivela
Porto Alegre, 1995.
SÉRIE REALIDADE RURAL, v.14
Esta série contém trabalhos elaborados por
técnicos do Grupo de Trabalho MERCOSUL
da EMATER/RS para subsídio dos Escritórios
Regionais e Municipais.
EMATER/RS-ASCAR
Rua Botafogo, 1051 - CEP 90150-053 - Porto Alegre - RS - Brasil
Fone: (051)233 31 44 - Fax: (051)233 95 98
1995
C936d CRIVELA, G.
Diagnóstico Agroeconômico da Cebola no Rio
Grande do Sul. Porto Alegre: EMATER/RS, 1995.
86p. (EMATER/RS. Realidade Rural, 14)
CDU 339.92:635.25
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO..............................................................................................................7
CONSIDERAÇÕES GERAIS ...........................................................................................9
1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................11
2 PRODUÇÃO..................................................................................................................13
2.1 Produção Mundial e Principais Países Produtores ...............................................13
2.2 Produção, Importação, Exportação e Consumo Aparente nos Países do
MERCOSUL ..............................................................................................................14
2.3 Produção dos Principais Estados Produtores .......................................................17
2.4 Evolução da Produção Estadual..............................................................................21
2.5 Principais Municípios Produtores do Estado do Rio Grande do Sul ...................22
3 CARACTERÍSTICAS...................................................................................................25
3.1 Clima e Solo das Regiões Produtoras - Zoneamento Agrícola............................25
3.2 Necessidade de Secagem e Beneficiamento - Condições Existentes ..............29
3.3 Sistema de Produção e Escala de Produção ........................................................30
3.3.1 Preparo do Solo e Plantio......................................................................................30
3.3.2 Transplante ..............................................................................................................31
3.3.3 Calagem e Adubação ............................................................................................32
3.3.4 Tratos Culturais .......................................................................................................32
3.3.4.1 Controle de Plantas Daninhas............................................................................32
3.3.4.2 Irrigação ................................................................................................................33
3.3.4.3 Doenças e Pragas...............................................................................................33
3.3.5 Colheita e Cura Manual..........................................................................................33
3.4 Número de Estabelecimentos e Respectivas Áreas em Estratos .......................34
3.5 Número de Produtores Rurais que Dependem da Atividade ...............................34
3.6 Organização dos Produtores Rurais........................................................................35
4 PLANILHA DE CUSTOS (EM DÓLAR.....................................................................37
4.1 Identificação e Grau de Utilização dos Coeficientes Tecnológicos de
Produção ..................................................................................................................37
4.2 Custo Variável de Produção.....................................................................................38
4.3 Custo Fixo de Produção............................................................................................39
4.4 Custo Total de Produção...........................................................................................39
4.5 Cotejo entre o Custo Estadual de Produção com outras Regiões Produtoras do
País e dos demais Países que formam o MERCOSUL .......................................39
5 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA.....................................................41
5.1 Crédito Rural...............................................................................................................41
5.2 Assistência Técnica...................................................................................................42
5.3 Pesquisa .....................................................................................................................43
5.4 Tributação ...................................................................................................................44
6 ARMAZENAGEM E INFRA-ESTRUTURA DE ESTRADAS E
TRANSPORTES..........................................................................................................45
6.1 Tipo e Características da Armazenagem a Nível de Propriedades Rurais ........45
6.2 Malha Rodoviária nas Zonas de Produção.............................................................46
7 COMERCIALIZAÇÃO ..................................................................................................49
7.1 Perdas Físicas no Segmento Primário da Produção............................................49
7.2 Normas de Padronização e Classificação da Cebola ..........................................49
7.3 Embalagens Oficiais..................................................................................................49
7.4 Canais de Comercialização: Formais e Informais.................................................50
7.4.1 Canais Formais de Comercialização....................................................................50
7.4.2 Canais Informas de Comercialização ..................................................................50
7.5 Custos de Comercialização......................................................................................51
7.6 Escoamento Mensal da Produção...........................................................................52
7.7 Preço Médio Mensal Recebido pelos Produtores (Em Dólar) .............................53
7.8 Mercados ....................................................................................................................58
7.8.1 Mercado Estadual...................................................................................................58
7.8.2 Mercado Nacional...................................................................................................58
8 INDUSTRIALIZAÇÃO / AGROINDÚSTRIA .............................................................61
9 ABASTECIMENTO ESTADUAL ...............................................................................63
9.1 Balanço de Oferta e Demanda de Cebola no Rio Grande do Sul .......................63
9.2 Consumo Estadual no Meio Rural............................................................................64
9.2.1 Consumo Humano ..................................................................................................64
9.2.2 Consumo Animal.....................................................................................................64
9.2.3 Perdas Físicas de Produção.................................................................................64
4
9.2.4 Reserva de Sementes............................................................................................64
9.3 Demanda Interna Estadual........................................................................................65
10 RESTRIÇÕES AO MERCOSUL .............................................................................67
11 VANTAGENS QUE O SETOR APRESENTA EM RELAÇÃO AO
MERCOSUL...............................................................................................................69
12 CONCLUSÕES ..........................................................................................................71
13 PROPOSTAS DE AÇÕES........................................................................................73
13.1 Produção...................................................................................................................73
13.2 Crédito Rural.............................................................................................................73
13.3 Infra-Estrutura............................................................................................................74
13.4 Comercialização e Industrialização .......................................................................74
13.5 MERCOSUL .............................................................................................................75
13.6 Legislação ................................................................................................................75
14 ANEXO ESTATÍSTICO.............................................................................................77
15 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.............................................................................85
5
APRESENTAÇÃO
A cultura da cebola no Estado do Rio Grande do Sul é, no cenário do
MERCOSUL, um dos produtos que apresentam sensibilidade para a competitividade. Isto
nos impinge a preocupação e a necessidade de divulgarmos e fazermos circular as
informações disponíveis, no espectro mais amplo que nos for possível.
Com esta diretriz, estamos publicando o trabalho que foi organizado em
nível da SECRETARIA DA AGRICULTURA E DE ABASTECIMENTO DO RIO GRANDE
DO SUL.
Soma-se a este volume, no Banco de Dados MERCOSUL da EMATER,
um acervo de informações contidas numa série de documentos de consultoria que têm
parametrizado a problemática da participação brasileira na produção regional.
Estes referenciais indicam, entre tantas outras questões, que a cebola
produzida na região do MERCOSUL é preponderantemente brasileira. Os dados mostram
que da produção total de cebola, nos últimos anos, a participação do Brasil contribuiu com
65%, a Argentina com 31%, e as produções do Paraguai e Uruguai compuseram 4%.
Os rendimentos, no entanto, demonstram a maior eficiência argentina na
produção, pois conquistam produtividades de 20.000kg/ha, distanciando-se com
vantagens das médias de 11.600kg/ha, obtidos em lavouras brasileiras, ou dos
6.000kg/ha alcançados pelos produtores uruguaios e paraguaios.
A média de produtividade no Brasil advém de uma desproporcionalidade
tecnológica das regiões de produção brasileiras que possuem sistemas produtivos com
diferenças marcantes, entretanto nenhuma alcança os níveis de produtividade argentinos.
As produções no Brasil podem ser estratificadas pelos seus rendimentos nos intervalos
de 8 a 12t na região sul, de 12 a 16t na região nordeste e superiores a 16t na região
sudeste, destacando-se São Paulo com médias de 18t.
Estas diferenças de produtividade, resultantes dos sistemas de produção,
destacam-se negativamente, no sul do Brasil, onde se planta a maior parte da cebola
nacional (65%), e se obtém apenas a metade do produto colhido em termos nacionais.
Esta eficiência ou ineficiência relativa dos componentes do MERCOSUL
tem se refletido nas planilhas de custo dos setores nacionais, onde o quilo da cebola
argentina custa em torno de 40% menos que a brasileira, em termos médios. Isto reforça
a posição argentina como exportadora, e o Brasil e Uruguai como importadores de parte
de suas necessidades de consumo.
É também a população argentina quem mais consome per capita o
produto, demandando, numa quantidade em torno de 8kg/hab./ano, comparativamente
aos 5kg/hab./ano no Brasil, e 6kg/hab./ano no Paraguai e Uruguai.
Diante do cenário nacional, a situação se agrava conflitivamente para o
Estado Rio-Grandense, uma vez que a época de sua comercialização coincide com a
época de oferta dos produtores argentinos, que aliás cresceu nos últimos anos.
A persistir este estado de coisas, estima-se que no quadro atual haja o
abandono de aproximadamente 10% dos produtores num primeiro momento, e
paulatinamente, no médio e longo prazo, durante a exposição ao cenário competitivo,
contigentes substanciais, em torno de 40%, respectivamente, terão riscos de abandonar a
cebolicultura. Ou seja, nas condições atuais de produção, só serão remanescentes os
que conquistarem graus de eficiência.
A transformação desta realidade configura o desafio a ser enfrentado, visto
que a estrutura produtiva do sul do estado está composta por pequenas explorações,
onde o despreparo cultural e a falta de costume associativo é uma preponderante, e a
mão-de-obra é utilizada plenamente na cultura da cebola, e subutilizada no restante do
ano.
A modernização dos processos produtivos é uma das alternativas que se
apresentam como necessárias para a resolução de certos impasses, envolventes das
variáveis qualidade de produto e custos competitivos. No entanto, a tecnologia de ponta na
lavoura exige insumos e equipamentos de alto custo, e isto conflitua com a realidade
destes produtores que não têm capacidade de pagamento para créditos bancários.
Existe, pois, uma equação a ser resolvida para se conquistar escalas de produção na
região.
Há, paralelamente a esta problemática tecnológica, a carência de infraestrutura, num cenário de estradas, eletricidade, telefonia, e drenagem deficientes, que é
necessário reduzir, ou debelar, para que se facilite o escoamento, e se minimizem as
perdas de produção, ou o custo do transporte.
Projetos de reestruturação setorial necessitam ser feitos, construídos
através de parcerias do setor público, em nível de União, Estado e municípios, e o setor
privado.
Por isso divulgar os dados existentes, nesta série REALIDADE RURAL
com vistas a ajudar a realização destes projetos e, ou, ações regionais, que reestruturem
o setor da cebola gaúcha é nossa missão extensionista, e o trabalho realizado pelo Engº
Agrº Gilberto Crivela traz importante contribuição ao nosso grupo de trabalho.
A Coordenação do GT-MERCOSUL/EMATER-RS.
8
CONSIDERAÇÕES GERAIS
A
elaboração
desta
monografia
intitulada
“DIAGNÓSTICO
AGROECONÔMICO DA CEBOLA NO RIO GRANDE DO SUL” deve-se à necessidade de
contar com matéria técnica relativa a essa cultura, tendo em vista que a integração do
Brasil com os países membros do MERCOSUL deverá provocar impactos diferenciados
no que diz respeito à cebolicultura nacional, principalmente na região produtora tradicional
do Rio Grande do Sul.
Cabe ressaltar que se trata da organização de trabalhos técnicos
disponíveis em várias fontes, sendo alguns transcritos na íntegra, outros condensados ou
extraídos de várias publicações existentes, somados à nossa experiência profissional
adquirida ao longo de mais de dez anos, como responsável pelas análises conjunturais do
produto, na Coordenadoria Estadual de Planejamento Agrícola desta pasta.
Porto Alegre, fevereiro de 1995.
Engº Agrº Gilberto Crivela.
Técnico da CEPA.
1 INTRODUÇÃO
Considerada a segunda cultura hortícola de importância econômica para o
Estado do Rio Grande do Sul, a cebolicultura constitui-se em uma atividade sócioeconômica de significativa relevância, em função da demanda de 70 dias/homem/ha ao
longo de todo o seu ciclo, tendo gerado, na safra 93/94, um valor bruto de produção da
ordem de 13,6 milhões de dólares.
A origem da cebola em nosso Estado é atribuída aos imigrantes açorianos,
sendo conduzida em regiões onde predominam as pequenas propriedades.
No Estado, seu cultivo pode ser encontrado em todas as microrregiões.
Entretanto, somente quatro municípios - São José do Norte, Tavares, Rio Grande e
Mostardas - são responsáveis por 63% da produção total e de onde provêm os
excedentes exportáveis. Apesar dessa região apresentar potencialidades climáticas
favoráveis ao desenvolvimento da cultura, estudos recentes acerca do produto indicam
dificuldades em diversas direções.
A área cultivada e a produção no Rio Grande do Sul nos últimos treze anos
não apresentaram desvios significativos, e o rendimento também manteve-se a níveis
estacionários. O rendimento médio mundial da cultura, em 1990, conforme a FAO e IBGE,
situou-se ao redor de 14t/ha, sendo que o Japão atinge 44t/ha, o Brasil 12t/ha e o nosso
Estado 8t/ha.
A forte concorrência interna, em especial do vizinho Estado de Santa
Catarina e mais recentemente da Argentina, deverá no médio prazo modificar o
comportamento geral do setor que é típico de estruturas agrícolas altamente dependentes
das conjunturas de mercado. A presença de uma estrutura insuficiente, para amenizar as
flutuações nos preços aos níveis de atacado e varejo, deverá refletir nos próximos anos
em grandes variações na área anualmente cultivada.
Quanto ao aspecto tecnológico, a cultura da cebola carece de substanciais
alterações, pois as práticas de cultivo são, por vezes, empíricas e anacrônicas, somente
com a diferença da utilização, na época atual, do uso parcimonioso de fertilizantes e
defensivos.
Tal fato, aliado à carência de sementes de alto padrão genético para as
condições das diversas zonas produtoras e uma deficiente estrutura de armazenamento
do produto, proporcionam um baixo rendimento da cultura.
Levantamentos oficiais indicam que o produtor fica, em média, com apenas
20% do valor da venda ao consumidor, enquanto 29% vão para os atacadistas e 51% para
os varejistas.
Em decorrência dessa situação, o produtor gaúcho encontra-se
descapitalizado, não investindo mais na sua atividade. A cada ano, está levando ao
mercado uma cebola com menor qualidade e isso provavelmente poderá inviabilizar a
cultura que ainda hoje sustenta a economia dos municípios de São José do Norte,
Tavares, Rio Grande e Mostardas.
12
2 PRODUÇÃO
2.1 Produção Mundial e Principais Países Produtores
A cultura da cebola no mundo apresentou, no período de 1981/90, um
crescimento de 23,2% na área cultivada, 31,2% na produção e um acréscimo de 6,4% no
rendimento médio.
A produção mundial neste período registrou expansão de 6.639.000
toneladas, passando de 21.279.000 registradas no ano de 1981, para 27.918.000
toneladas colhidas em 1990, segundo a FAO (Tabela 1). O rendimento médio oscilou
entre 13,3 a 14,1t/ha.
Tabela 1 - Área colhida, produção e rendimento médio de cebola no mundo 1979/90
Área Colhida
(1.000ha)
Produção
(1.000t)
Rendimento Médio
(kg/ha)
1979/81
1.604
21.279
13.267
1988
1.823
27.042
14.837
1989
1.858
27.195
14.637
1990
1.977
27.918
14.120
Ano
Fonte: Yearbook Annuaire Production da FAO, 1990.
Os países maiores produtores de cebola no mundo, em 1990, foram em
ordem decrescente: China, Índia, Estados Unidos, União Soviética, Turquia, Japão,
Espanha, Brasil, Paquistão, Irã, Polônia, Egito, Colômbia e Itália, os quais foram
responsáveis por 61,3% da área colhida e 72,3% da produção (Tabela 2).
O Brasil no ano de 1990 apresentou-se em 8º lugar na produção mundial
da cebola, enquanto os países membros da América do Sul participaram com 7,7% e
8,2% respectivamente, em área cultivada e na produção mundial do produto.
13
Tabela 2 - Área colhida, produção e rendimento médio de cebola nos principais
países produtores - 1990
Países
Área Colhida
(1.000ha)
Produção
(1.000t)
Rendimento Médio
(kg/ha)
China
*248
*3.930
15.853
Índia
*320
*3.350
10.469
USA
58
2.454
42.530
URSS
*189
*2.200
11.640
Turquia
*79
*1.550
19.620
Japão
*29
*1.280
44.138
Espanha
30
1.063
36.024
Brasil
74
864
11.624
Paquistão
60
776
13.002
Irã
*30
*700
23.333
Polônia
*30
*550
18.395
Egito
26
*550
21.154
Colômbia
23
470
20.176
Itália
17
452
25.869
Subtotal (A)
1.213
20.189
16.644
Total - Mundo (B)
1.977
27.918
14.120
61,3
72,3
17,9
(A) + (B) - %
NOTA: (*) Estimativa da FAO.
Fonte: Yearbook Annuaire Production da FAO, 1990.
2.2 Produção, Importação, Exportação e Consumo Aparente nos Países do
MERCOSUL
Os países integrantes do MERCOSUL (Brasil, Argentina, Paraguai e
Uruguai), em 1990, segundo a FAO, tiveram uma área colhida de cebola ao redor de
104.000 hectares, registrando um incremento da ordem de 3,0% em relação à safra
anterior (Tabela 3). Esta área colhida representa 68,0% e 5,3%, respectivamente, da área
cultivada na América do Sul e no mundo.
14
Tabela 3 - Área colhida, produção e rendimento médio de cebola nos países do
MERCOSUL - 1989/90
Países
Área Colhida
(1.000ha)
Produção
(1.000t)
Rendimento Médio
(kg/ha)
1989
1990
1989
1990
1989
1990
73
74
790
864
10.846
11.624
*20
*21
*410
*415
20.500
19.762
Uruguai
*3
*4
*22
*22
6.324
6.286
Paraguai
5
5
32
30
6.907
6.481
Total
101
104
1.254
1.331
12.416
12.798
América do Sul
149
153
2.241
2.342
14.991
15.261
1.858
1.977
27.195
27.918
14.637
14.120
Brasil
Argentina
Mundo
NOTA: (*) Estimativa da FAO.
Fonte: Yearbook Annuaire da FAO, 1990.
A produção de 1990, nos países do MERCOSUL, foi de 1.331.000
toneladas, 6,1% superior à obtida na safra anterior. Este dado, quando comparado com a
produção da América do Sul e mundial, mostra uma participação de 56,8% e 4,8%
respectivamente.
O rendimento médio obtido no conjunto dos quatro países do MERCOSUL
(12.798kg/ha em 90), situou-se 16,1% aquém do registrado na América do Sul e 9,4%
inferior à média mundial.
A análise da área colhida em 1990, nos países do MERCOSUL
(104.000ha), mostra a seguinte participação relativa de cada um: Brasil (71,1%), Argentina
(20,2%), Paraguai (4,8%) e Uruguai (3,9%).
O rendimento médio geral dos quatro países do MERCOSUL (12.798kg/ha
em 90) apresentou desvios significativos quando confrontado com o rendimento obtido
em cada país. A maior produtividade é da Argentina (19.762kg/ha). Em segundo lugar
aparece o Brasil com 11.624kg/ha. O Paraguai e o Uruguai apresentam rendimentos
físicos muito baixos, entre 6.300/6.500kg/ha.
A participação de cada país do MERCOSUL, em relação à produção
colhida neste ano (1.331.000t), foi a seguinte: Brasil (64,9%), Argentina (31,2%), Paraguai
(2,3%) e Uruguai (1,6%).
Com relação ao comércio internacional, o Brasil, que até o ano de 1978
destacou-se como tradicional importador de cebolas, quando foram dispendidas somas
significativas de divisas com a internalização do produto para complementar as
necessidades de consumo, a partir de 1979, deixou praticamente de realizar importações,
tendo contribuído para isso o Plano Nacional de Produção e Abastecimento de Cebola PLANACE.
15
No entanto, a partir de 1989, motivados pelos excepcionais níveis de
preços alcançados pelo produto, bem como, pelas facilidades com a abertura do
mercado, o Brasil voltou a recorrer às importações, especialmente da Argentina, mesmo
tendo uma safra suficiente para garantir o abastecimento nacional. Assim, em 1990, as
importações foram de 17.353 toneladas, sendo que no ano de 1991, somente através dos
portos do Rio grande do Sul, foram internalizadas 35.265 toneladas, representando uma
evasão de recursos da ordem de 12 milhões de dólares.
Com relação às exportações brasileiras de cebola, estas são de pequena
monta, basicamente destinadas ao Uruguai, porém não representando valores agregados
significativos.
A Tabela 4, mostra as importações e exportações de cebola dos quatro
países do MERCOSUL, no período de 1988/90. Os dados revelam que a Argentina vem
tendo um crescimento significativo em suas exportações, evoluindo de 532 toneladas em
1988 para 16.000 toneladas no ano de 1990.
Tabela 4 - Exportação e importação de cebola nos países do MERCOSUL - 1988/90
(Em toneladas)
Exportação
Países
Importação
1988
1989
1990
1988
1989
1990
4
4
507
344
354
17.353
Argentina
532
4.030
16.000
2.927
-
-
Uruguai
236
99
27
-
1.757
1.793
-
-
-
-
-
-
Brasil
Paraguai
Fonte:
BRASIL: FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS - Balanço e Disponibilidade Interna de Gêneros
Alimentícios de Origem Vegetal, 1991.
Demais Países: Yearbook Annuaire Trade Commerce.
Segundo dados estatísticos da Fundação Getúlio Vargas, o consumo
humano de cebola no Brasil não apresentou desvios significativos a partir de 1980, tendo
registrado, em 1990, um consumo “per capita” de 4,673kg/hab./ano (Tabela 5).
16
Tabela 5 - Consumo aparente e “per capita” de cebola nos países do MERCOSUL 1988/90
Consumo Aparente
(toneladas)
Países
1988
1989
Consumo “Per Capita”
(kg/hab./ano)
1990
1988
1989
1990
Brasil
624.591
638.210
710.496
4,315
4,302
4,673
Argentina
416.395
405.970
399.000
13,204
12,714
12,344
Uruguai
19.764
23.658
23.766
6,457
7,686
7,681
Paraguai
28.000
32.000
30.000
6,932
7,698
7,014
Fonte:
BRASIL: Fundação Getúlio Vargas - Balanço e Disponibilidade Interna de Gêneros Alimentícios
de Origem Vegetal, 1991.
Demais Países: Yearbook Annuaire Trade Commerce.
A falta de informações das perdas físicas que sofre o produto, no segmento
primário da produção nos demais países do MERCOSUL, dificulta o cálculo da
disponibilidade interna para consumo humano desses países. Mesmo assim, infere-se
que o consumo “per capita” do Uruguai, Paraguai e Argentina é bem superior ao brasileiro,
principalmente quando comparado com a Argentina, que pode estar acima de
10kg/hab./ano.
2.3 Produção dos Principais Estados Produtores
A cebola é produzida em quase todos os estados do Brasil, porém,
destacam-se como maiores produtores: São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul,
Bahia, Paraná e Pernambuco.
De 1975 a 1992, o máximo que o Brasil produziu foi uma quantidade de 889
mil toneladas, tendo a produção apresentado um crescimento ao redor de 157% (Tabela
7). Em relação à área cultivada, no mesmo período de 18 anos, observou-se apenas um
acréscimo ao redor de 45% (Tabela 6). O rendimento médio apresentado pela
cebolicultura brasileira, no mesmo período, evoluiu em torno de 77% (Tabela 8).
17
Tabela 6 - Evolução da área colhida de cebola nos principais estados produtores
do Brasil, 1975/92
(Em hectares)
Estados
1980
1985
1989
1990
1991
1992
5.030
12.307
14.409
24.296
27.278
26.919
29.733
Rio Grande do Sul
19.029
20.477
18.175
16.692
17.271
17.148
18.642
São Paulo
11.700
17.940
14.389
16.285
15.680
15.562
12.470
Bahia
2.200
3.798
2.565
7.785
5.096
6.478
3.932
Paraná
9.160
4.256
4.590
4.541
5.543
6.023
7.300
Pernambuco
1.798
6.938
2.366
3.230
2.750
3.517
3.581
48.917
65.716
56.494
72.829
73.618
75.647
75.658
3.341
1.999
1.511
6
789
851
7
52.258
67.715
58.005
72.835
74.407
76.498
75.665
Santa Catarina
Subtotal
Outros
Total - Brasil
1975
Fonte: IBGE.
Tabela 7 - Evolução da produção obtida de cebola nos principais estados
produtores do Brasil, 1975/92
(Em toneladas)
Estados
1975
1980
1985
1989
1990
1991
1992
São Paulo
99.000
287.090
236.877
283.903
275.997
296.069
247.264
Santa Catarina
38.090
103.605
148.130
207.587
306.529
288.988
309.766
135.700
151.193
172.876
127.355
131.647
110.865
176.119
Bahia
10.230
40.140
20.361
107.810
68.489
86.513
50.448
Pernambuco
15.276
87.000
22.721
35.598
34.302
52.907
50.395
Paraná
34.817
21.170
27.635
27.674
44.613
43.560
55.250
Subtotal
333.113
690.198
628.600
789.927
861.577
878.902
889.242
13.371
10.682
10.969
18
5.485
5.113
32
346.484
700.880
639.569
789.945
867.062
884.015
889.274
Rio Grande do Sul
Outros
Total - Brasil
Fonte: IBGE.
18
Tabela 8 - Evolução do rendimento médio de cebola nos principais estados
produtores do Brasil, 1975/92
(Em kg/ha))
Estados
1975
1980
1985
1989
1990
1991
1992
São Paulo
8.461
16.003
16.462
17.433
17.602
19.025
19.829
Santa Catarina
7.572
8.418
10.280
8.544
11.237
10.735
10.418
Rio Grande do Sul
7.131
7.383
9.512
7.630
7.622
6.465
9.447
Bahia
4.650
10.569
7.938
13.848
13.440
13.355
12.830
Pernambuco
8.496
12.540
9.603
11.021
12.473
15.043
14.073
Paraná
3.800
4.974
6.021
6.094
8.049
7.232
7.568
Brasil
6.630
10.350
11.026
10.846
11.653
11.556
11.753
Fonte: IBGE.
A partir de 1979, com o início da implantação do primeiro Plano Nacional de
Produção e Abastecimento de Cebola, com objetivos bem definidos, os produtores
começaram a ter condições para aumentar as suas produções. Em decorrência, o
rendimento médio nacional, a partir de 1980, apresentou um crescimento razoável,
passando dos poucos mais de 8.000kg/ha, para mais de 10.000kg/ha, a partir daquele
ano.
A produção de cebola no Brasil está mais concentrada na região Sul. Em
1993, segundo dados do IBGE, a participação relativa dessa região na produção total foi
de 49,6%.
De outro lado, os estados produtores de São Paulo, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul contribuíram com 74,0% do total da produção nacional de 1993. Nesses
estados, a situação da cultura é a seguinte:
SÃO PAULO
Este estado, até o ano de 1989, ocupava o primeiro lugar na produção de
cebolas do país. Em 1990 e 1992, perdeu a posição para Santa Catarina, recuperando a
hegemonia em 1993. Na safra de 1993, participou com 31,7% da produção nacional.
O estado de São Paulo apresenta três safras durante o ano. A distribuição
dessas safras, no decorrer do ano civil, obedece ao seguinte esquema: a 1ª safra,
denominada de “Soqueira” ou “Bulbinhos”, é colhida nos meses de maio e junho. Esta
19
safra é a menor delas, tendo produzido 47.000 toneladas em 1993. A região de Piedade
constitui-se no principal pólo de produção. A 2ª safra, conhecida por “ Claras Precoces”, é
colhida nos meses de julho a outubro. Os principais municípios produtores são: São José
do Rio Pardo e Monte Alto. Nestas regiões, os produtores empregam sementes
importadas (Granex). A produção na safra de 1993 foi de 123.000 toneladas. A 3ª safra,
com colheita compreendida entre outubro a dezembro, tem como municípios produtores
Piedade, Ibiúna e Pilar do Sul, sendo empregadas sementes Baia periforme, de origem
gaúcha. Em 1993, esta safra foi responsável por 120.000 toneladas.
SANTA CATARINA
Este estado, em 1993, participou com 25,2% do total de cebola produzida
no país. Em termos de área plantada, apresentou um crescimento de 122% no período de
1980/90. Os principais municípios produtores são: Ituporanga, Alfredo Wagner, Aurora,
Petrolândia, Leoberto Leal e Bom Retiro. A colheita ocorre de outubro até o mês de
janeiro. As variedades mais empregadas são de origem gaúcha e catarinense,
destacando-se as Crioulas, Baias e Jubileu.
RIO GRANDE DO SUL
O estado do Rio Grande do Sul já foi o maior produtor de cebolas do país
especialmente até 1977. A partir deste ano, incentivados pelos preços, por uma razoável
disponibilidade de cultivares, por novos processos de cultivo e por uma boa tecnologia, os
cebolicultores paulistas passaram a aumentar a produção, tornando-se os produtores
nacionais mais importantes. É importante salientar que o estado de São Paulo nunca
cultivou área superior à do Rio Grande do Sul, sendo a maior produção devida
exclusivamente ao maior rendimento (19t/ha). A produtividade média gaúcha é de 8t/ha.
Atualmente o Rio Grande do Sul ocupa o terceiro lugar na produção
nacional, tendo contribuído, em 1993, com 17,1% do total da produção brasileira. Os
principais municípios produtores são: São José do Norte, Tavares, Mostardas, Rio
Grande, Pelotas e Canguçu. As variedades Baia periforme, Jubileu, Aurora, Petrolini,
Roxa RS, Pêra Norte, Norte 14 (todas de origem gaúcha) e a Crioula (origem
catarinense) são as mais cultivadas no estado. A colheita se estende de novembro a
início de janeiro, com concentração no mês de dezembro.
20
2.4 Evolução da Produção Estadual
No qüinqüênio de 1985/89 a cultura da cebola no Rio Grande do Sul
apresentou uma área média cultivada de 17.539 hectares. Com um rendimento médio,
obtido no período, de 7.989kg/ha, obteve-se uma produção de 140.130 toneladas. Esses
números quando comparados com o qüinqüênio seguinte 1990/94 evidenciam que a área
cultivada permaneceu constante, sendo que a produção diminuiu 6,7%.
A maior área cultivada com cebola no estado ocorreu em 1984 (23.122ha).
A maior produção, em 1981 (192.665t). O melhor rendimento médio estadual foi em 1993,
quando foram obtidos 10.087kg/ha (Tabela 9).
Na última safra 93/94, a cultura apresentou o seguinte desempenho: área
colhida de 19.134 hectares, produção obtida de 175.804 toneladas e rendimento médio de
9.188kg/ha.
Tabela 9 - Evolução da área colhida, produção obtida e rendimento médio de
cebola - RS, 1975/94
Ano
Área Colhida
(ha)
Produção
(t)
Rendimento Médio
(kg/ha)
1975
19.029
135.700
7.131
1980
20.477
151.193
7.383
1981
22.524
192.665
8.554
1982
19.703
168.555
8.555
1983
19.858
167.483
8.434
1984
23.122
155.988
6.746
1985
18.175
172.876
9.512
1986
17.223
107.645
6.250
1987
19.562
168.497
8.613
1988
16.045
124.274
7.745
1989
16.692
127.355
7.630
1990
17.271
131.647
7.622
1991
17.148
110.865
6.465
1992
18.642
176.073
9.445
1993
15.505
156.394
10.087
1994
19.134
175.804
9.188
Fonte: IBGE.
21
2.5 Principais Municípios Produtores do Estado do Rio Grande do Sul
No estado, o cultivo da cebola pode ser encontrado em todas as
microrregiões.
Entretanto, a principal zona produtora é composta pelos municípios de São
José do Norte, Tavares, Rio Grande e Mostardas. Nessa região, a cebola constitui-se no
principal produto da economia desses municípios e a tecnologia empregada é bastante
razoável, embora ainda possa ser melhorada sensivelmente. A produtividade média atual
varia entre 10 a 14t/ha, muito embora alguns produtores individuais consigam obter 25t/ha
ou mais de rendimento.
Essa região é responsável por aproximadamente 56% da produção total do
Estado e de lá provêm os excedentes exportáveis (Tabela 10).
Tabela 10 - Principais municípios produtores de cebola do Rio Grande do Sul Safra 93/94
Área Colhida
(ha)
Produção
(t)
Rendimento Médio
(kg/ha)
São José do Norte
3.500
38.500
11.000
Tavares
2.500
35.000
14.000
Rio Grande
1.850
14.386
7.776
900
9.900
11.000
Pelotas
1.500
9.000
6.000
Canguçu
1.200
7.200
6.000
Antônio Prado
400
5.600
14.000
São Lourenço do Sul
800
3.200
4.000
Subtotal (A)
12.650
122.786
9.706
Total do Estado (B)
19.134
175.804
9.188
66,1
69,8
5,6
Municípios
Mostardas
(A) / (B) - %
Fonte: IBGE.
Nesses quatro municípios, são cultivados, anualmente, cerca de 8.800
hectares de cebola, geralmente sob a forma de monocultura, a nível de pequenas
propriedades. Estima-se em torno de 6.300 o número de cebolicultores, com área média
individual cultivada de 1,40 hectares.
22
Outra região produtora é constituída pelos municípios de Pelotas, Canguçu
e São Lourenço do Sul, sendo os mesmos responsáveis por 11% da produção total do
estado.
Nessa região, a cebola participa de uma olericultura diversificada, onde os
produtores não são especializados e os recursos tecnológicos utilizados deixam muito a
desejar, obtendo-se produtividade média ao redor de 6t/ha.
Nesses três municípios, são cultivados anualmente 3.500 hectares. O
tamanho médio da linha de produção é de 0,80 hectares por produtor, estimando-se em
4.375 o número de cebolicultores.
Na microrregião de Caxias do Sul o destaque é para o município de Antônio
Prado, onde se cultivam cerca de 400 hectares de cebola. A produtividade média é de
14t/ha.
Nas demais regiões, as produções se destinam aos mercados locais e são
pouco representativas em termos de estado.
23
3 CARACTERÍSTICAS
3.1 Clima e Solo das Regiões Produtoras - Zoneamento Agrícola
CLIMA
A cebola é uma planta de clima relativamente frio, requerendo umidade no
solo durante o estágio de crescimento, calor, solo e ar secos no período de maturação.
Temperaturas altas, aliadas com a atmosfera seca, facilitam a colheita e a cura dos
bulbos.
Para que os bulbos alcancem o tamanho desejado e se tornem suculentos
é necessário que as condições do meio favoreçam o crescimento e não a floração.
Os fatores de clima, de um modo geral, não são limitantes para a produção
de bulbos de cebola no Rio Grande do Sul. O fotoperíodo satisfaz plenamente as
exigências das cultivares utilizadas, variando entre os limites de 9 a 15 horas. Na região
tradicional de produção, considerada uma das preferenciais, em termos climáticos, a
temperatura não apresenta oscilações excessivas, mas atinge valores suficientemente
baixos para interações com o fotoperíodo no processo de bulbificação. Possivelmente,
nas regiões de maior altitude, o frio mais intenso e prolongado condicione alguns ajustes
em termos de épocas de semeadura e de transplante, visando diminuir os problemas de
florescimento prematuro. De qualquer modo, um certo retardamento nessas épocas e o
uso de cultivares adequadas são suficientes para eliminar ou reduzir sensivelmente o
problema.
Nas zonas da Campanha e do Litoral Sul do estado, as precipitações
médias mensais são sempre mais baixas que nas regiões serranas. Portanto, aquelas
são mais sujeitas a períodos de estiagem. Considerando que a região litorânea se
destaca amplamente na produção de bulbos, torna-se freqüente e necessário
complementar a deficiência de chuvas por meio da irrigação. Infelizmente a maioria dos
produtores ainda não está preparada para o uso dessa prática, tendo muitas vezes a
produção comprometida por problemas de déficit hídrico.
A umidade relativa do ar normalmente é alta em todo o estado e quando
acompanhada pela formação de cerrações fortes, especialmente pela manhã, propicia
condições para o aparecimento de doenças em mudas e plantas de cebola. Nessas
condições, o produtor deve intensificar os tratamentos fitossanitários.
As condições climáticas típicas e os critérios utilizados para definir as
zonas preferenciais, toleradas, marginais e inaptas para a cultura da cebola podem ser
vistas nas Tabelas 11 e 12. O mapa (Figura 1) apresenta as zonas climáticas, resultantes
das condições e critérios utilizados.
26
FIGURA 1 - Zoneamento Climático para a Cultura da Cebola
Legenda:
• Zona Preferencial I
• Zona Tolerada II
• Zonas Marginais III, IV, V
• Zona Inapta VI
Fonte: Programa de Investimentos Integrados para o Setor Agropecuário do RS, 1975.
27
Tabela 11 - Condições climáticas típicas das zonas preferenciais, toleradas,
marginais e inaptas para a cultura da cebola - Rio Grande do Sul
Deficiência
Hídrica (mm)
(Ano)
Zonas
Preferencial I
Tolerada II
Marginais III
IV
V
Inapta VI
Excedente
Hídrico (mm)
(Verão)
Temperatura
Média (§C)
(Outubro)
172
13
17,1
1
13
18,9
195
33
0
0
0
118
15,7
15,7
18,1
0
300
13,9
Fonte: Programa de Investimentos Integrados para o Setor Agropecuário RS - 1975.
Tabela 12 - Critérios para zoneamento climático da cultura da cebola do Rio
Grande do Sul
Temperatura
na Primavera
Zonas
Condições Hídricas, Maturação,
Colheita e “cura” dos Bulbos
Média
Outubro
(§C)
Restrições
Deficiência
Hídrica Anual
(mm)
Restrições
Preferencial I
>16,0
Sem Restrições
> 100
Sem Restrições
Tolerada II
> 16,0
Sem Restrições
0 -100
Com Restrições (2)
Marginais III
IV
V
< 16,0
< 16,0
> 16,0
Com Restrições (1)
Com Restrições (1)
Sem Restrições
> 100
< 50
0
Sem Restrições
Com restrições (3)
Com Restrições (2)
Inapta VI
< 16,0
Com Restrições (1)
Excedente Hídrico
Verão muito grande
Com restrições (4)
NOTA:
(1) Deficiência térmica.
(2) Pequenas restrições para “cura” dos bulbos.
(3) Restrições sérias para a maturação, colheita e “cura” dos bulbos.
(4) A “cura” dos bulbos não é praticável em condições naturais.
Fonte: Programas de Investimentos Integrados para o Setor Agropecuário do RS - 1975.
28
SOLOS
A cebola para bulbos é cultivada numa ampla diversidade de solos no Rio
Grande do Sul. Os mais favoráveis, todavia, são os de textura intermediária, bem
estruturados, com regulares teores de matéria orgânica e boa fertilidade natural; os
excessivamente argilosos ou arenosos devem ser evitados, sempre que possível.
Na tradicional região produtora constituída pelos municípios de São José do
Norte, Tavares, Mostardas e Rio Grande, a quase totalidade dos solos são extremamente
arenosos, desestruturados, pouco férteis e com pH baixo (ácidos).
Além disso, os solos dessa região estão localizados em áreas costeiras,
com lençóis subterrâneos muito superficiais, oferecendo problemas de drenagem, nas
épocas excessivamente chuvosas e de déficit hídrico mesmo após curtos períodos de
estiagem. A necessidade de drenagem leva os produtores a conduzirem a cultura sobre
canteiros simples e estreitos (40 a 60cm) e/ou confeccionados sobre tabuleiros, estes
margeados por drenos (valetas) mais profundos. Naturalmente que esse tipo de
sistematização obrigatória representa a perda de 1/3 da área útil destinada ao plantio.
Os aspectos deficientes de textura e estrutura também oferecem alguns
problemas com respeito ao preparo do solo. Tanto sob condições de excesso como
déficit de água no solo, torna-se difícil a sistematização em canteiros, obrigando o
produtor a aguardar que o teor de umidade seja suficiente para as operações de
encanteiramento. Quando isso ocorre de modo prolongado, a operação de transplante é
realizada além da época ideal e, às vezes, com mudas excessivamente desenvolvidas.
As demais regiões produtoras são melhor dotadas de recursos edáficos,
embora se encontrem alguns solos exauridos pelo mau uso por parte dos agricultores.
Em geral, todavia, são solos com textura e estrutura mais favoráveis, dispondo de teores
razoáveis de matéria orgânica e de elementos nutritivos. Excetuando-se as áreas de
baixadas, com problemas de drenagem, em muitos solos o cultivo da cebola pode ser
feito em áreas planas (solo raso), dispensando o uso do encanteiramento. É claro que em
terrenos declivosos sujeitos ao efeito da erosão, há necessidade de algumas práticas
conservacionistas, com o plantio em curvas de nível e confecção de terraços, medidas
essas que muitos produtores infelizmente não utilizam. De qualquer modo, são solos que,
por sua natureza, permitem um maior aproveitamento da área disponível.
3.2 Necessidade de Secagem e Beneficiamento - Condições Existentes
Após a realização da colheita, as plantas devem ser dispostas em finas
camadas, transversais às linhas de plantio no próprio campo, de maneira que as ramas
das plantas de uma camada cubram os bulbos da camada imediatamente adjacente, a
fim de evitar queimaduras dos bulbos pelo sol. As plantas assim permanecem por um
29
período de 3 a 6 dias, para que a cura do sol se complete. Durante esse processo, as
plantas perdem o excesso de umidade que contêm. Deve ser mais cuidadosa e mais
demorada, à medida que as plantas sejam colhidas mais úmidas e em solos mais
encharcados. Cebolas produzidas em regiões secas, mesmo sob freqüentes irrigações,
têm a sua cura facilitada, bastando interromper o suprimento de água cerca de 10 a 15
dias antes da colheita.
Quando a colheita é feita sob condições de alta umidade nas plantas e no
solo, a cura ao sol, por melhor que seja realizada, deve ser complementada pela cura à
sombra. Os dois tipos de cura normalmente são indispensáveis nas regiões ceboleiras do
Estado, uma vez que pode haver ocorrência de chuvas durante a maturação e colheita.
Para a cura à sombra, os bulbos devem ser mantidos com a rama. Este tipo de cura é
realizado em galpões, na fase inicial do período de armazenamento, em geral com o
auxílio de ventilação natural. Enquanto o pseudocaule estiver úmido e flexível, a cura deve
ser continuada, só sendo interrompida quando as películas externas dos bulbos
intensificarem a cor, tornando-se secas e quebradiças e o pseudocaule seco e firme.
3.3 Sistema de Produção e Escala de Produção
Entre os aspectos mais importantes nas práticas que formam o “SISTEMA
DE PRODUÇÃO” dos principais municípios produtores de cebola do Estado, salientamse as seguintes atividades agrícolas:
3.3.1 Preparo do Solo e Plantio
Nas regiões produtoras tradicionais, por problemas de solos já discutidos
anteriormente, os produtores costumam preparar canteiros estreitos com 40 a 60cm de
largura.
De modo geral, a semeadura é feita a lanço pela maioria dos produtores.
Este procedimento dificulta a semeadura uniforme, exagera os gastos com sementes e
as mudas têm piores condições de arejamento e insolação, afetando o estado
fitossanitário e o desenvolvimento, além de tornar mais difícil a erradicação de plantas
daninhas. Neste sistema, gastam-se de 2,5 a 3,0kg de sementes fiscalizadas para
obtenção de mudas necessárias para um hectare de plantio, possuindo a sementeira
uma área de 1.000m².
A época da semeadura é variável conforme a cultivar, sendo efetuada entre
os meses de abril a junho, com maior intensidade em maio. É comum haver atraso na
realização desta prática, com o conseqüente retardamento do transplante e, às vezes, da
colheita.
30
As cultivares atualmente disponíveis no estado, são as seguintes:
• Baia Periforme:
Esta cultivar, de ciclo precoce, ocupa mais de 70% da área cultivada.
deve ser semeada em maio e transplantada em julho e início de agosto.
Colhe-se no começo de dezembro.
• Jubileu:
É uma cultivar sintética, de ciclo médio. Deve ser semeada em
maio/junho e transplantada em julho/agosto, oferecendo colheita em fins
de dezembro.
• Pêra Norte e Norte 14:
São cultivares de ciclo longo ou tardio. Devem ser semeadas em
maio/junho e transplantadas em agosto/setembro, permitindo colheita
em janeiro. A cultivar Pêra Norte, serviu de base para o desenvolvimento
da cultura nos municípios de São José do Norte, Tavares e Mostardas,
já tendo ocupado mais de 80% da área utilizada para a produção de
bulbos do primeiro município.
• Aurora:
É a mais precoce entre as cultivares disponíveis. Deve ser semeada em
abril e transplantada em fins de junho/início de julho, oferecendo colheita
em início de novembro. Em condições de microclimas, como o que
ocorre no Vale do Rio Uruguai, tem sido testada com semeadura em
março, dando colheita em fins de outubro/início de novembro.
Em menor escala, aparecem as cultivares Petrolini, Rio Grande, Roxa
RS e Crioula.
3.3.2 Transplante
Como vimos anteriormente, a época de transplante varia conforme a
cultivar, ocorrendo normalmente entre julho a setembro. Em boas condições de
desenvolvimento, geralmente as mudas estão aptas para o plantio num período de 70 a
90 dias após a semeadura.
31
Nas regiões ceboleiras tradicionais, por problemas de perdas de área útil
devido ao tipo de sistematização do solo, os produtores utilizam espaçamentos muito
reduzidos (0,12m/0,15m x 0,20m); em conseqüência, a densidade de plantas por área útil
é muito alta, em torno de 250.000 mudas por hectare.
3.3.3 Calagem e Adubação
Os produtores, em sua grande maioria, não se preocupam em efetuar a
análise química dos solos com freqüência, a fim de melhor racionalizar o emprego de
corretivos e fertilizantes.
Quase todos os solos do Rio Grande do Sul caracterizam-se por serem
ácidos e os utilizados para o cultivo da cebola não fogem a essa regra. Portanto, não
dispensam a calagem, a fim de que sejam asseguradas boas condições da cultura (pH
6,0).
Embora a época e forma de aplicação sejam adequadas ao tipo de solo, é
prática comum o uso de adubação por meio de fórmulas comerciais que, ou são muito
exageradas em termos de disponibilidade de um ou mais elementos nutritivos, ou
apresentam formulação insuficiente para atender as necessidades do solo e da cultura.
O uso de matéria orgânica também não é uma prática tradicional, o que
seria altamente desejável em se tratando de solos muito arenosos.
3.3.4 Tratos Culturais
3.3.4.1 Controle de Plantas Daninhas
Em função da necessidade de drenagem do solo, a cultura da cebola na
principal região produtora do Estado é feita em canteiros elevados, permitindo apenas a
capina manual. Como a mão-de-obra nem sempre é disponível ou é muito cara, tornou-se
usual o emprego de herbicidas para a cultura da cebola.
Muitos herbicidas (pré e pós-emergência) podem ser usados para a
cebola. Entretanto, deve-se ter atenção para a escolha correta do produto de acordo com
o sistema de plantio, levando-se em consideração as espécies de plantas daninhas que
se quer combater, as condições do solo e a aplicação do produto em conformidade com
as suas especificações.
Como produtos indicados, citam-se o Diuron, Afalon, Ronstar, Suflan,
Roundup, Tenoran, Treflan e outros.
32
3.3.4.2 Irrigação
Nas condições de clima do litoral Sul do estado, é normal ocorrerem
pequenos períodos de estiagem durante o ciclo da cultura, especialmente na primavera.
Tendo em vista que os solos das regiões ceboleiras tradicionais têm baixa capacidade de
retenção de água, é comum ocorrer déficit hídrico. A maioria dos produtores dessas
regiões, todavia, não utilizam a irrigação, sendo freqüente a queda do rendimento físico
em decorrência de secas prolongadas.
3.3.4.3 Doenças e Pragas
As doenças fúngicas mais importantes da cultura da cebola para bulbos no
Estado são: Míldio ou Lã-Preta (Peronospora destructor), Antracnose ou Mal-das-SeteVoltas (Colletotrichum sp.), Mancha-Púrpura (Alternaria porri) e Queima das pontas ou
Podridão do Colo (Botrytis sp.)
Para a Lã-Preta ou Míldio, recomenda-se pulverizações preventivas e
alternadas com Dithane M45 e Difolatan 50 PM.
A Antracnose é uma doença de ocorrência esporádica, mas quando ataca
os seus danos chegam a ser mais drásticos do que os do Míldio. As cultivares tardias
estão mais sujeitas à doença, pelo fato de ainda estarem em pleno ciclo vegetativo,
quando a temperatura passa a favorecê-la. Os produtos mais indicados para o controle
são: trifenil acetato de estanho, ziram, mancozeb e benomil.
A Mancha-Púrpura é mais freqüente no início e no final do ciclo vegetativo
da cultura. Pode ser perfeitamente controlada com mancozeb, mancozeb + benomil,
mancozeb + estanho, clorotalomil e iprodione.
A Podridão do colo tem diagnose bastante difícil. Condições de temperatura
e umidade relativa do ar elevada, associadas à ocorrência de cerrações seguidas de sol
forte, constituem um ambiente altamente favorável à doença. Entre os produtos
recomendados para o controle encontram-se o mancozeb + zineb e o benomil.
Existem ainda outros fungos de menor importância, como o Fusarium sp.
Os tripes (Trips tabacil) é a praga mais importante da cultura da cebola. O
tratamento pode ser feito com carbaril PM, sumithion 50 E e outros inseticidas.
3.3.5 Colheita e Cura Manual
Nas cultivares precoces, a maturação é evidenciada pela ocorrência do
estalo (tombamento da parte aérea). Como nem todas as plantas amadurecem ao
mesmo tempo, a época de colher é determinada quando pouco mais da metade das
33
plantas já se encontram estaladas. Em regiões onde o período de maturação está sujeito
à ocorrência de chuvas, o estalo é altamente desejável, uma vez que o tombamento
impede a penetração de água através da parte aérea até os bulbos.
As cultivares tardias, por sua vez, não apresentam estalo. A maturação é
constatada pelo secamento da parte aérea. A colheita deve ser feita quando as plantas
têm ainda 3 a 4 folhas verdes na extremidade.
No Rio Grande do Sul, a época de colheita se estende de novembro a início
de janeiro, dependendo das condições de clima, cultivares e épocas de semeadura e
transplante. A maior concentração desta operação agrícola se dá em dezembro.
Em cultivos realizados em solos com textura arenosa, como os da região
em análise, as plantas maduras podem ser arrancadas manualmente, sendo após
arrumadas sobre o solo, para que seja feita a cura ao sol, com o objetivo de retirar o
excesso de umidade da planta (pré-secagem), sendo que posteriormente será
completada pela cura na sombra, ou seja, em galpões.
Quanto a ESCALA DE PRODUÇÃO, área média de cebola plantada
anualmente por produtor, na região em foco, situa-se entre 1,0 a 1,5 hectares.
3.4 Número de Estabelecimentos e Respectivas Áreas em Estratos
O Censo Agropecuário de 1985 não dispõe de informações sobre o
número de estabelecimentos rurais que cultivam cebola e respectiva área em estrato.
No entanto, o mesmo informa que 40% da produção obtida naquele ano foi
oriunda de propriedades com área inferior a 10 hectares, elevando-se este percentual
para 86%, quando se trabalha no estrato de até 50 hectares.
Quanto à condição legal do produtor, observa-se que 83,8% do total de
informantes são proprietários, 7,6% ocupantes, 5,4% parceiros e 3,2% arrendatários.
3.5 Número de Produtores Rurais que Dependem da Atividade
No Rio Grande do Sul, existem aproximadamente 14.300 produtores de
cebola (bulbo), que têm neste produto importante fonte de receita.
Na principal região produtora do Estado, o número de cebolicultores
segundo o Censo Agropecuário do IBGE de 1985, foi de 5.670, assim distribuídos: São
José do Norte (2.674), Rio Grande (1.270), Tavares (989) e Mostardas (737).
A Tabela 13, mostra o número de cebolicultores nos principais municípios
produtores do Estado.
34
Tabela 13 - Número de produtores rurais de cebola que dependem da atividade RS - 1985
Nº de Produtores
de Cebola (Nº)
Área Média Plantada
por Produtor (ha)
São José do Norte
2.674
1,45
Rio Grande
1.270
1,15
Tavares
989
1,83
Mostardas
737
1,18
Pelotas
1.982
0,86
Canguçu
1.133
0,72
São Lourenço do Sul
934
0,63
Antônio Prado
714
0,70
Dois Irmãos
512
0,32
Município
Outros
Total
3.355
-
14.300
-
Fonte: (Censo Agropecuário do RS, 1985).
3.6 Organização dos Produtores Rurais
O perfil do produtor de cebola, nas regiões tradicionais de produção do
Estado, caracteriza-se pela individualidade, o qual vive de forma isolada, face às
distâncias e ao péssimo Estado de conservação das estradas.
O cebolicultor é um homem sofrido, simples e com uma tradição muito
arraigada em torno desta cultura.
O analfabetismo é um entrave à adoção do associativismo e até de novas
tecnologias. As experiências negativas vivenciadas no passado, nesta área, imprimiram
um receio generalizado sobre a ação de cooperativas ou assemelhados.
35
4 PLANILHA DE CUSTOS (EM DÓLAR
4.1
Identificação e Grau de Utilização dos Coeficientes Tecnológicos de
Produção
Tomando-se como referência uma área de 1.000m² para a sementeira e de
10.000m² para a formação da lavoura, os principais coeficientes tecnológicos de
produção, necessários para alcançar uma produtividade média de 10/11t/ha, na região
tradicional de cebola do estado, são os seguintes:
a) Insumos
•
•
•
•
•
•
•
•
Semente fiscalizada: 3kg
Calcário: 500kg
Adubo químico de manutenção: 850kg
Adubo químico de cobertura: 165kg
Esterco curtido: 2.000kg
Fungicidas: 5kg
Inseticidas: 0,4/l
Herbicidas: 2,5/l
b) Maquinaria (horas-trator)
•
•
•
Lavração: 5,0
Gradagem: 4,0
Sulcamento: 3,0
c) Mão-de-obra (dias-homem): 67,0
4.2 Custo Variável de Produção
O custo operacional efetivo da cebola (bulbo), elaborado pelo Grupo de
Trabalho constituído pela CEPA/EMATER/CEASA, atingiu em novembro de 1991 valor de
US$ 1.106,85 por hectare, equivalente a US$ 0,105/kg, com base no rendimento médio de
10.500kg/ha, válido para a região produtora tradicional. Acrescentando-se os encargos
financeiros do crédito de custeio agrícola, o custo operacional total foi de US$ 0,11/kg. O
item mais oneroso foi mão-de-obra (30,7%), seguido de adubos químicos (26,3%).
A Tabela 14, mostra o custo operacional da cebola, referente à safra de
91/92, no Rio Grande do Sul.
Tabela 14 - Custo operacional de produção da cebola - (Bulbo) - Safra 91/92 - RS
Discriminação
1 - INSUMOS
⇒ SEMENTEIRA (1.000m²)
- Semente Fiscalizada
- Adubo Químico
- Uréia
- Esterco Curtido
- Fungicida
- Herbicida
⇒ LAVOURA (10.000m²)
- Calcário
- Adubo Químico
- Uréia
- Herbicida
- Fungicida
- Inseticida
SUBTOTAL
2 - MAQUINARIA
- Lavração (Viveiro)
- Lavração (Lavoura)
- Gradagem (Lavoura)
- Sulcamento (Lavoura)
SUBTOTAL
3 - MÃO-DE-OBRA
- Sementeira
- Lavoura
SUBTOTAL
4 - JUROS S/CRÉDITO CUSTEIO
- Juros 9% a.a. x Cr$ 354.000,00
- Custo Total/ha
- Custo Total/kg (prod.10,5t/ha)
Unidade
Quant.
(ha)
Preço
Unitário
(Cr$)
Custo
Total
(Cr$)
kg
kg
kg
kg
kg
l
3,0
50,0
15,0
2.000,0
1,0
0,5
16.000,00
194,00
220,00
10,00
5.000,00
10.000,00
48.000,00
9.700,00
3.300,00
20.000,00
5.000,00
5.000,00
72,53
14,65
5,00
30,22
7,55
7,55
kg
kg
kg
l
kg
l
-
500,0
800,0
150,0
2,0
4,0
0,4
-
32,00
194,00
220,00
15.000,00
5.000,00
22.000,00
-
16.000,00
155.200,00
33.000,00
30.000,00
20.000,00
8.800,00
354.000,00
24,18
234,51
49,86
45,33
30,22
13,30
534,93
h/t
h/t
h/t
h/t
2,0
3,0
4,0
3,0
12,0
12.000,00
12.000,00
12.000,00
12.000,00
12.000,00
24.000,00
36.000,00
48.000,00
36.000,00
144.000,00
36,26
54,40
72,53
54,40
217,59
d/h
d/h
5,0
62,0
67,0
3.500,00
3.500,00
3.500,00
17.500,00
217.000,00
234.000,00
26,44
327,89
354,33
-
31.860,00
764.360,00
72,80
48,14
1.154,99
0,11
Cr$
Cr$/ha
Cr$/kg
-
NOTAS:
Cotação do Dólar Comercial em 05/11/91 = Cr$ 661,80.
(kg) = Quilograma.
(l) = Litro.
Elaboração: Novembro de 1991.
Fonte: Grupo de Trabalho (CEPA/EMATER/CEASA).
38
Custo
Total
(US$)
4.3 Custo Fixo de Produção
Muito embora não existam publicações atuais que informem com detalhe o
custo fixo de produção da cebola, infere-se, por trabalhos elaborados anteriormente, que o
mesmo corresponde a 19% do custo total de produção.
4.4 Custo Total de Produção
Em decorrência dos itens 4.2 e 4.3, o custo total de produção da cultura da cebola
(bulbo), na região produtora tradicional, é estimado em US$ 1.425,00/ha ou US$ 0,136/kg,
considerando-se a produtividade média da região de 10.500kg/ha.
4.5
Cotejo entre o Custo Estadual de Produção com outras Regiões
Produtoras do País e dos demais Países que formam o MERCOSUL
Dentro de um contexto geral, pode-se afirmar que o custo operacional de
produção da cebola gaúcha não apresenta desvios significativos quando comparado com
o custo de Santa Catarina e da safra de mudas da região de Piedade, em São Paulo.
No entanto, as análises comparativas, muitas vezes ficam prejudicadas,
quando as rubricas que englobam os componentes do custo de produção não são
suficientemente detalhadas, em função dos níveis de tecnologias aplicados na cultura.
Em decorrência, os custos finais apresentam grandes variações entre as regiões,
estados e países produtores.
Em geral, existe uma diferença bastante razoável entre o custo operacional
de produção da cebola produzida na região de Mendoza (Argentina), com os custos das
regiões brasileiras. As condições favoráveis de clima e solo na Argentina, bem como a
especialização dos produtores são fatores que propiciam aos agricultores obterem
colheitas de até 35.000kg/ha. Em conseqüência dessa elevada produtividade e da menor
utilização de fertilizantes e defensivos agrícolas, constata-se um menor dispêndio de
recursos financeiros para a condução das lavouras. Segundo fontes ligadas à Associação
Nacional dos Produtores de Cebola (ANACE), do Brasil, o custo operacional de produção
da cebola na região de Mendoza é de US$ 0,08kg (Tabela 15). Neste patamar de preço,
verifica-se que o custo de produção da cebola argentina é 27,3% inferior ao elaborado na
região tradicional do Estado.
39
Tabela 15 - Custo operacional de produção da cebola nos principais estados
produtores do Brasil e nos países do MERCOSUL
Método
de Plantio
Custo
(US$/kg)
Rendimento Médio
(kg/ha)
Rio Grande do Sul
Mudas
0,11
10.500
Santa Catarina
Mudas
0,11
11.250
São Paulo
Mudas
0,11
25.000
São Paulo
Bulbinhos
0,14
20.000
Mendoza (Argentina)
-
0,08
35.000
Uruguai
-
0,30
6.300
Paraguai
-
0,15
6.500
Estado/País
Fonte:
CEPA (RS e SC); Cooperativa Agrícola de Cotia (SP); Instituto Economia Agrícola (SP) e
Associação Nacional dos Produtores de Cebola (ANACE)
40
5 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA
5.1 Crédito Rural
Analisando-se as estatísticas dos financiamentos do Banco Central do Brasil
- BACEN concedidos à atividade ceboleira do Rio Grande do Sul, constata-se que os
recursos aplicados em crédito de custeio permaneceram praticamente constantes no
período de 1989/91 (Tabela 16).
Tabela 16 - Montante de recursos financeiros aplicados nas operações de custeio
na cultura da cebola - Brasil e RS - 1989/91
Ano
Nº de
Contratos
BRASIL
Valor
(Cr$)
Valor
(US$)
Nº de
Contratos
RIO GRANDE DO SUL
Valor
(Cr$)
Valor
(US$)
1989
6.208
39.741.128,00 13.964.973,00
1.334
2.870.038,00
1.008.527,00
1990
5.143
994.878.499,00 14.415.761,00
1.127
66.765.951,00
967.437,00
1991
5.918
5.919.696.788,00 14.453.179,00
1.100
488.181.657,00
1.191.915,00
Fonte: Banco Central do Brasil - BACEN.
Visando obter-se um padrão monetário estável, transformaram-se os
montantes de cruzeiros para dólar, utilizando-se o valor médio anual. Desse modo, os
valores canalizados para a cebola no estado situaram-se no período 1989/91 entre 967 e
1.191 mil dólares. Os contratos nas operações de custeio diminuíram 17,6%, passando
de 1.334 contratos em 1989 para 1.100 em 1991.
Os dados estatísticos do BACEN quando confrontados com outros
indicadores, no ano de 1991, permitem tirar as seguintes conclusões:
a) Enquanto o Rio Grande do Sul participa apenas com 8,2% sobre o
montante total aplicado no Brasil nas operações de custeio para a
cebola, a participação da área plantada estadual em relação à nacional
foi bem mais significativa, participando com 22,4%.
b) Partindo do pressuposto de que o valor médio por contrato concedido
no estado (US$ 1.083,56) equivale aproximadamente à área média
financiada de um hectare, infere-se que este valor seja suficiente para
cobrir o custo operacional de produção, calculado em US$ 1.107,00ha.
Tendo em vista uma inadequada política de crédito rural para o setor,
decorrente principalmente dos elevados encargos financeiros, nota-se uma crescente
inadimplência junto à rede bancária, atingindo em 1992 números alarmantes. Este fato,
somado a outros fatores estruturais e conjunturais, está gerando incertezas no meio rural,
onde todas as situações podem ser identificadas.
5.2 Assistência Técnica
A assistência técnica e extensão rural para a cebola no Rio Grande do Sul
é toda orientada pela EMATER, vinculada da Secretaria da Agricultura e Abastecimento.
Apesar da existência de escritórios locais da EMATER, em todos os
principais municípios produtores do estado, a assistência técnica e extensão rural devem
contar com um maior número de técnicos no meio rural, com o objetivo de poder atingir
mais agricultores e com maior intensidade, através de contatos mais diretos que
possibilitem demonstrar a maneira correta de execução das práticas agronômicas
preconizadas.
É importante salientar que os profissionais ligados à assistência técnica e
extensão rural devem ser treinados no sentido de terem uma visão global da exploração e
administração da propriedade agrícola, e não exclusivamente por produtos e disciplinas.
Na região produtora tradicional de cebola do estado, já foram levantados os
fatores restritivos e os impulsores no tocante ao trabalho de extensão rural.
Os principais fatores restritivos são:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
compras e vendas individualizadas;
estradas em péssimo estado de conservação;
tradição, hábitos, costumes, tabus;
pesquisa agrícola deficiente;
comércio artesanal da cebola;
falta de organização do produtor rural;
crédito agrícola difícil e caro;
reduzido número de técnicos na área;
insumos caros e custo elevado da produção;
42
•
•
•
uso de semente sem definição genética;
comércio indisciplinado-oscilação de preços;
falta de apoio à comercialização.
Por outro lado, existem fatores impulsores que são alentadores:
•
•
•
•
•
•
•
•
crédito rural grupal-solução possível (condomínios rurais);
mão-de-obra com tradição na cultura da cebola;
cultura típica de pequenas propriedades;
clima favorável;
preocupação da pesquisa e extensão rural pela cultura;
aumento do número de técnicos para a região;
possibilidade de organização dos produtores em grupos integrados,
associações;
melhoramento das vias de escoamento.
5.3 Pesquisa
A cultura da cebola no Rio Grande do Sul recebeu particular incentivo e
acompanhamento da pesquisa nas décadas de 1940 a 1970, através da Estação
Experimental Domingos Petrolini, da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, localizada
no município de Rio Grande, bem como do Centro Nacional de Pesquisa de Fruteiras de
Clima Temperado (CNPFT) da EMBRAPA/Pelotas, na década de 1980.
Nesses dois centros de Pesquisa foram criadas, entre outras, as cultivares
Jubileu, Petrolini, Rio Grande, Norte 14 e Aurora.
No entanto, nos últimos anos, a pesquisa científica, no Brasil, apresenta
inúmeras situações limitantes e inexplicáveis, que levaram esse campo de investigação e
estudo praticamente à inanição. A falta de recursos financeiros, materiais diversos,
operários e sobretudo cientistas, chegou ao descalabro.
No campo da cebolicultura a pesquisa tem grandes tarefas a desenvolver,
quais sejam, entre outras:
a) Restabelecer os padrões genéticos e as características básicas das
cultivares de cebola criadas e/ou selecionadas no Estado.
b) Desenvolver estudos que levem à criação/seleção de cultivares de ciclo
precoce, objetivando o abastecimento compreendido entre o período de
outubro a março.
c) Desenvolver trabalhos sobre a irrigação da cebola.
43
d) Dar continuidade à pesquisa de herbicidas, uma vez que
freqüentemente são lançados novos produtos no mercado, e retirados
outros, prejudicando as recomendações então difundidas.
e) Estabelecer ensaios de calibração para calagem e adubação,
envolvendo todas as regiões produtoras.
f) Realizar estudos sobre os tipos de armazéns mais adequados à
guarda da cebola e/ou efetivar recomendações para melhoria dos
existentes.
g) Somar esforços com o serviço de extensão rural no sentido de difundir
junto aos produtores rurais as recomendações da pesquisa, metódica e
continuadamente.
Os programas de pesquisa a serem desenvolvidos devem objetivar a
seleção de alternativas simples e envolver um número bem maior de produtos, em
especial de alimentos básicos.
5.4 Tributação
A safra de cebola de 93/94 produzida no Rio Grande do Sul e
comercializada dentro do próprio Estado, bem como para outras unidades da Federação
está isenta do ICMS.
No período de entressafra, que normalmente se estende de junho a
novembro, o produto procedente das regiões produtoras de São Paulo também está livre
de ICMS.
44
6 ARMAZENAGEM E INFRA-ESTRUTURA DE ESTRADAS E
TRANSPORTES
6.1 Tipo e Características da Armazenagem a Nível de Propriedades Rurais
Entre o ponto de colheita, cura, armazenamento e comercialização da
cebola, podem decorrer 60, 90, 120 ou mais dias, e espera-se que o produto ainda
apresente, nesse extremo, bom impacto de vendas, além de perdas limitadas.
Pelo Censo Agropecuário do Rio Grande do Sul de 1985, segundo dados
oficiais do IBGE, infere-se que, na zona tradicional de produção da cebola, existiam 7.334
depósitos para a guarda do produto, com capacidade média de 184m³ por depósito
(Tabela 17).
Tabela 17 - Número e capacidade estática dos depósitos (galpões), existentes na
zona tradicional de produção da cebola, 1985/RS
Depósitos
(Nº)
São José do Norte
2.124
2.884
479.114
166
Rio Grande
1.529
2.137
364.198
170
Tavares
871
1.188
279.572
235
Mostardas
850
1.125
230.610
205
5.374
7.334
1.353.494
184
Total
Capacidade dos
Depósitos (m³)
Capacidade
Individual
(m³/Depósitos)
Nº de
Informantes
Municípios
Fonte: IBGE - Censo Agropecuário do Rio Grande do Sul, 1985.
Os depósitos ou galpões geralmente são instalações rústicas, construídos
com os materiais disponíveis na região, e deixam a desejar quanto a sua área útil,
orientação relativa aos ventos dominantes, harmonia das suas dimensões (altura ou pédireito, largura e comprimento), arejamento e manejo do produto.
Dentre os inconvenientes maiores a prejudicar a conservação e qualidade
da cebola estocada, se destaca a implantação dos galpões em locais baixos e úmidos,
com o piso de chão batido, mal cuidados e destinados a diversos fins.
Seria oportuna a manifestação da pesquisa nesse assunto, a fim de
permitir a difusão de instalações simples e adequadas à armazenagem da cebola.
Modelos de galpões modulares poderiam ser distribuídos na área de produção, em locais
de fácil visualização e acesso, com o objetivo de difundir tecnologias mais adaptadas à
preservação do produto.
6.2 Malha Rodoviária nas Zonas de Produção
O escoamento da safra de cebola na região tradicional de produção é
levado a efeito inteiramente por via rodoviária, através de São José do Norte em direção a
Mostardas pela RST-101, numa distância de 202km, ou então pela barca que atravessa o
canal que liga São José do Norte a Rio Grande.
Esprimida entre o mar e a Lagoa dos Patos, a estrada se estende por
cerca de 200km, é conhecida como “Estrada do Inferno” sendo esta a única ligação da
península ao resto do estado. Por esta estrada, cheia de atoleiros no inverno, arenosa e
perigosa no verão, escoa-se grande parte da produção de cebola dos municípios
produtores de São José do Norte, Tavares e Mostardas .
De outro lado, o problema maior reside na malha secundária, cuja rede de
penetração ao interior oferece verdadeiras armadilhas aos caminhoneiros que nela se
aventuram, pois não se pode prever a volta. As condições naturais (areia, ventos e águas)
são tão cambiantes que uma viagem prevista para algumas horas pode prolongar-se por
dias.
O quadro descrito tem provocado custos operacionais absurdos,
justificáveis pelos riscos que envolvem toda a tarefa de transportar a cebola do interior à
sede de São José do Norte, conforme dados comparativos de fretes para o transporte do
produto.
FRETES PARA O TRANSPORTE DE CEBOLA
Localidade
Distância
Até São José do Norte (km)
Frete (US$/t)
50
17,76
1.426
35,51
Zonas produtoras de: São José do Norte
São Paulo
NOTA: Cotação do dólar comercial em 19/01/93. Cr$ 14.080,00.
Fonte: CEPA/RS (19/01/93).
46
Como se observa, em virtude das condições deficientes de trafegabilidade
das estradas, os trajetos do interior até a sede de São José do Norte, quanto à
quilometragem, têm custos muito mais elevados em termos de frete do que São José do
Norte às principais capitais do país sendo que a relação de custo para São Paulo é de 1
para 14,3, considerando a mesma carga, isto é, o custo é 14,3 vezes maior.
A função transporte, no caso da cebola, apresenta, portanto, diversos
pontos de estrangulamento que dificultam a comercialização do produto, onerando custos
e comprometendo a fluidez dos fluxos de concentração primária do produto.
A seguir, apresentamos os preços de outros fretes, via rodoviária, segundo
diferentes mercados.
Origem/Destino
Frete (US$/t)
Mendoza/POA
96,00
Santiago do Chile/POA
104,00
POA/São Paulo
24,00
Fonte: CEPA/RS (19/01/93).
47
7 COMERCIALIZAÇÃO
7.1 Perdas Físicas no Segmento Primário da Produção
Os bulbos de cebola, mesmo depois de maduros, colhidos e
armazenados, continuam a consumir as suas próprias reservas, por meio de processos
fisiológicos, tais como a respiração e transpiração, necessárias à manutenção de suas
vidas.
As condições atuais de armazenamento existentes na zona tradicional de
produção, aliadas a outros fatores (cultivares, formato dos bulbos, estado nutricional da
cultura, níveis de água no solo e irrigação, fungos e ácaros), proporcionam perdas físicas
de produção que variam em condições normais entre 25 a 30%, durante o processo de
cura e armazenagem dos bulbos.
7.2 Normas de Padronização e Classificação da Cebola
As normas em vigor de Identidade, Qualidade, Acondicionamento,
Embalagem e Apresentação da cebola, para comercialização no mercado interno estão
consubstanciadas pela Portaria nº 83, de 28 de março de 1994, do MARA, a qual revoga a
Portaria nº 241, de 17/09/92, e demais disposições em contrário.
No anexo estatístico, apresentamos na íntegra a Portaria nº 83, de
28/03/94, do MARA.
7.3 Embalagens Oficiais
A cebola, para comercialização no mercado interno, a nível de atacado,
deverá estar acondicionada em sacos de polietileno ou polipropileno conforme
estabelecido na Portaria nº 127, de 04/10/91, do Ministério da Agricultura e Reforma
Agrária, ou ainda em réstia.
O saco de polietileno ou polipropileno deverá estar limpo, ser resistente e
de boa aparência, com capacidade para conter 20 (vinte) quilogramas de bulbos, e ter as
seguintes dimensões internas:
•
•
comprimento: 750mm.
largura: 480mm.
Admite-se uma tolerância de três milímetros para mais e/ou para menos,
nas dimensões mencionadas.
7.4 Canais de Comercialização: Formais e Informais
7.4.1 Canais Formais de Comercialização
Os canais formais de comercialização no Rio Grande do Sul são
constituídos pelas Centrais de Abastecimento (CEASAS), pelas feiras do produtor,
coordenadas pela EMATER e pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através da
Secretaria Municipal da Indústria e Comércio.
No ano de 1992, as CEASAS no Estado movimentaram 21.829,18
toneladas de cebola (Tabela 18), representando esta quantidade cerca de 34% da
demanda estadual, estimada em 64.000 toneladas por ano, para fins de consumo
humano “in natura”.
Desse volume, 47,57% representaram a oferta de bulbos do próprio
Estado, sendo os restantes 52,43% procedentes das seguintes fontes: São Paulo
(15,58%), Santa Catarina (3,3%), outros estados (1,04%), exterior-Argentina (32,51%).
Os dados da Tabela 18 mostram ainda que a partir do mês de novembro,
início da colheita no Rio Grande do Sul, a demanda interna começa a ser suprida com
produção própria. O período de dependência no abastecimento com bulbos de outros
estados e da Argentina ocorre de junho a novembro.
7.4.2 Canais Informas de Comercialização
A demanda da cebola, sem seus primeiros movimentos, é muito
influenciada pelos atacadistas e intermediários.
Não existem estudos recentes sobre canais institucionais e geográficos da
cebola. O Informativo da Produção Agrícola Nacional, julho de 1988, publicado pela
EMATER/RS, mostra que, na região produtora de São José do Norte, 90% da produção é
comercializado pelos intermediários e 10% pelos atacadistas.
50
Tabela 18 - Quantidade de cebolas comercializadas nas centrais de abastecimento
do Rio Grande do Sul (CEASAs) em 1992
(Em toneladas)
Origem
RS
SP
SC
PR
Outros
Estados
BA
Mês
Importaçã
o
(1)
Total
Janeiro
1.803,02
-
14,00
7,99
-
-
-
1.825,01
Fevereiro
1.736,02
0,10
77,10
-
-
-
-
1.813,22
Março
1.462,34
15,00
210,78
-
-
-
-
1.688,12
Abril
1.245,88
-
285,40
-
-
-
249,62
1.780,90
Maio
1.052,89
36,80
104,82
-
-
-
681,42
1.875,93
Junho
679,96
168,29
29,32
-
-
-
1.090,82
1.968,39
Julho
375,40
260,00
-
-
13,00
54,50
1.645,78
2.348,68
Agosto
142,31
613,06
-
-
15,00
91,10
980,08
1.841,55
47,09
1.109,65
-
-
-
15,00
414,01
1.585,75
5,22
1.096,44
-
-
13,00
13,00
909,29
2.036,95
Novembro
601,11
102,20
-
-
-
-
976,00
1.679,31
Dezembro
1.232,73
-
-
2,14
-
-
150,50
1.385,37
10.383,97
3.401,54
721,42
10,13
41,00
173,60
7.097,52
21.829,18
47,57
15,58
3,30
0,05
0,19
0,80
32,51
100,00
Setembro
Outubro
Total
(%)
NOTA: (1)
Praticamente todas as importações do exterior procederam das regiões produtoras da
Argentina.
Fonte: CEASA/POA.
7.5 Custos de Comercialização
O custo de comercialização da cebola produzida em São José do Norte até
a praça de São Paulo apresenta um valor estimado de US$ 2,11/saco de 20kg (fev./93),
conforme composição a seguir:
51
Valor
Discriminação
(US$/sc./20kg)
(%)
Corte e classificação
0,07
3,31
Embalagem (sacaria)
0,23
10,90
Frete das zonas produtoras até a sede de
0,35
16,59
0,71
33,65
Carga e descarga
0,05
2,37
ICMS s/frete (9,6% s/item 4)
0,07
3,32
Perdas no transporte: 2% s/US$ 3,65(*)
0,07
3,32
FUNRURAL: 3% s/US$ 3,65(*)
0,11
5,21
Despesas administrativas e financeiras (**)
0,45
21,33
Total
2,11
100,00
São José do Norte (50km)
Frete de São José do Norte até a cidade de
São Paulo (1.426km)
NOTA:
(*) Preço médio recebido pelos produtores de São José do Norte no período de dez./82 a
maio/92.
(**) As despesas administrativas e financeiras representam 9% sobre o somatório dos itens 1 a
5 (US$ 1,41/sc./20kg + US$ 3,65 (preço médio histórico recebido pelo produtor).
Fonte: CEPA/RS.
O frete é o item de maior participação relativa no total das despesas de
comercialização, representando cerca de 50%.
7.6 Escoamento Mensal da Produção
O escoamento do excedente de oferta de cebola da região tradicional de
produção, historicamente apresenta o seguinte fluxo mensal:
Mês
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Total
(%)
9
20
17
22
18
9
5
100
52
Com o advento do MERCOSUL, existe uma tendência de reversão desse
quadro, já observada na safra 92/93, uma vez que as cebolas importadas da Argentina, a
partir de meados de março, começam a ter a preferência dos consumidores brasileiros
devido à melhor qualidade do produto em relação à cebola nacional.
7.7 Preço Médio Mensal Recebido pelos Produtores (Em Dólar)
A atividade agrícola, e mais especificamente a produção de cebolas, possui
características que a diferenciam de outras, pelo fato de não se poder controlar as
condições ambientais. Alterações na produção, e conseqüentemente na oferta, aliadas à
grande perecibilidade do produto e à falta de condições ideais de armazenamento são
fatores que provocam imediatamente grandes variações nos preços. Dependendo da
magnitude e da periodicidade destas variações, os produtores estarão sujeitos a
sensíveis alterações nos seus lucros.
Os produtores tradicionais de cebola do Rio Grande do Sul, em razão da
longa experiência na atividade, conhecem pragmaticamente a variação de preços nas
várias estações do ano; entretanto, desconhecem o nível desta variação.
Neste item, procuramos quantificar as magnitudes destas variações
relativas à média observada entre dezembro a maio, período onde ocorre a
comercialização no segmento primário da produção, com base nos preços médios
mensais recebidos pelos cebolicultores do município produtor de São José do Norte (RS),
a partir da safra 1982/83 (Tabela 19 e Figuras 3, 4 e 5). A análise de preços foi levada a
efeito com base em valores monetários correntes publicados semanalmente pela
EMATER e corrigidos pelo valor médio mensal do dólar no câmbio comercial.
Os dados da Tabela 19 mostram que o preço médio recebido pelos
produtores de cebola de São José do Norte, no período de dez anos, compreendido entre
as safras 82/83 a 91/92, foi de US$ 3,65/saco de 20kg. A variação estacional do preço
médio da cebola a nível de produtor, observada neste período, indica um comportamento
nitidamente crescente de dezembro até abril, declinando a partir de maio (Figura 3).
53
Tabela 19 - Preço médio mensal recebido pelos produtores de cebola de São José
do Norte, RS - Safras 82/83 - 92/93
(Em US$/sc. 20kg)
Mês/Safra
Dez.
Jan.
Fev.
Mar.
Abr.
Maio
Média/
Safra
82/83
4,08
3,79
4,39
5,91
4,86
3,96
4,50
83/84
2,03
2,16
2,83
5,87
6,81
7,25
4,49
84/85
2,64
2,95
2,86
2,06
1,91
2,79
2,53
85/86
2,88
6,29
5,42
2,89
3,24
3,14
3,98
86/87
1,83
1,97
2,00
3,45
6,61
5,30
3,53
87/88
1,63
3,29
3,90
4,66
7,34
8,33
4,86
88/89
2,23
3,55
3,30
2,94
2,85
2,60
2,91
89/90
2,46
1,43
1,42
3,22
2,72
6,16
2,90
90/91
1,59
3,26
5,30
6,16
10,19
5,12
5,27
91/92
1,19
1,40
1,61
1,77
1,37
1,67
1,50
92/93
5,18
6,08
4,72
-
-
-
Média/Mês
(82/83 a 91/92)
2,26
3,01
3,30
3,89
4,63
3,65
Obs.:
4,79
Transformaram-se os preços médios mensais recebidos pelos produtores (valores nominais),
pela cotação média mensal do dólar americano no câmbio comercial.
Fonte: EMATER/RS (Preços Correntes).
54
FIGURA 2 - Preço médio por safra recebido pelos produtores de cebola de
São José do Norte/RS - Safras 82/83 - 91/92
US$/sc.20kg
6
90/91
87/88
5
82/83 83/84
85/86
4
86/87
88/89 89/90
3
84/85
2
91/92
1
0
Safras
Fonte: CEPA/RS.
55
FIGURA 3 - Variação estacional do preço da cebola a nível de produtor - São
José do Norte/RS - Média do período dez./82 a maio/92
Índice Estacional
140
120
100
80
60
40
20
0
Dez.
Jan.
Fev.
Mar.
Abr.
Mês
Índice Médio:
Fonte: CEPA/RS.
56
Maio
FIGURA 4 - Variação estacional da produção bruta de cebola do Rio Grande
do Sul e do preço médio recebido pelos cebolicultores de São
José do Norte/RS - Período de 82/83 a 91/92
Índice Estacional
160
140
120
Produção
100
Preço
Índice
80
60
40
20
0
82/83 83/84 84/85 85/86 86/87 87/88 88/89 89/90 90/91 91/92
Safras
Fonte: CEPA/RS.
57
As informações apresentadas neste item, são passíveis de algumas
críticas, uma vez que no cálculo do preço médio recebido pelos produtores, em cada
safra, não foram observados os seguintes procedimentos:
a) O preço médio mensal foi obtido de modo não vinculado às
quantidades comercializadas.
b) Não levaram-se em consideração as perdas físicas que ocorrem na
cura e no armazenamento a nível de produtor. Segundo estudos da
Estação Experimental Domingos Petrolini, em Rio Grande, as perdas
físicas acumuladas no período de 120 dias chegaram a quase 34%,
conforme os dados a seguir:
Data da Pesagem
31 de janeiro
(1ª pesagem)
28 de fevereiro
(2ª pesagem)
31 de março
(3ª pesagem)
30 de abril
(4ª pesagem
31 de maio
(5ª pesagem)
Perdas (%)
0,0
5,2
13,9
23,0
33,9
7.8 Mercados
7.8.1 Mercado Estadual
A média histórica dos últimos dez anos no Rio Grande do Sul (1984/93)
indica uma produção bruta de cebola de 142.715 toneladas e uma oferta de 107.036
toneladas. Na última safra (92/93), a oferta estadual sitou-se ao redor de 122 mil
toneladas.
Quanto à natureza do consumo, praticamente toda a produção é
consumida “in natura”, sendo que a demanda estadual anual é estimada atualmente em
64 mil toneladas (7,0kg/hab./ano). Aproximadamente um terço deste consumo se
concentra na Grande Porto Alegre, onde habitam cerca de três milhões de pessoas.
7.8.2 Mercado Nacional
A média do triênio 1989/91 mostra uma produção nacional de cebola de
847.007 toneladas e uma oferta estimada de 592.905 toneladas. Em 1991 a oferta
brasileira foi de 618.810 toneladas. Tendo em vista que as importações de cebolas neste
58
ano foram de 58.372 toneladas, tem-se assim uma demanda anual de 677.182 toneladas
ou 56.432t/mês, representando um consumo “per capita” de 4,426kg/hab./ano a nível de
Brasil.
Em razão das diferenças climáticas existentes entre os vários estados
produtores, a cebola no Brasil é ofertada durante praticamente todo o ano e produzida em
épocas muito distintas, conforme indicações constantes na Tabela 20.
Tabela 20 - Épocas de oferta de cebola dos principais estados e regiões
produtoras no Brasil - Safra 90/91
Principais Estados
e Regiões Produtoras
Meses de Comercialização
Produção
Bruta (t)
J
F
M
A
M
J
RIO GRANDE DO SUL
São José do Norte, Tavares,
Rio Grande e Mostardas
110.865
X
X
X
X
X
X
SANTA CATARINA
Alto Vale do Itajaí e
Col. Serrana Catarinense
288.988
X
X
X
X
X
43.560
X
X
X
PARANÁ
Região Sul e Norte
SÃO PAULO
• Safra de Soqueira
Piedade, Pilar do Sul e Ibiúna
J
A
S
O
X
D
X
X
296.000
88.000
N
X
X
X
X
X
X
-
-
X
• Safra Claras Precoces
Monte Alto, e São José do
Rio Pardo
107.000
X
X
X
X
• Safra Baia Periforme
Piedade, Pilar do Sul e Ibiúna
101.000
X
X
PERNAMBUCO
Vale do São Francisco
52.907
X
X
X
X
X
X
BAHIA
Vale do São Francisco
86.513
X
X
X
X
X
X
Total
878.833
-
-
-
-
-
-
-
Elaboração: CEPA.
Fonte: IBGE.
59
-
-
-
8 INDUSTRIALIZAÇÃO / AGROINDÚSTRIA
A nível estadual, é insignificante a quantidade de cebola industrializada.
Mesmo no período de maior dinamismo da PROGASA, Produtos Gaúchos S/A, empresa
estatal localizada no município de São José do Norte, a quantidade de cebola
industrializada sob a forma de pó, em fatias, em flocos e granulada, não ultrapassava a
3.500t/ano, equivalente na época a aproximadamente 2% da produção bruta gaúcha.
O teor de sólidos e o aspecto (coloração) das cultivares de cebola
existentes no Rio Grande do Sul não são favoráveis ao processo de industrialização. Em
razão do baixo teor de sólidos, o rendimento industrial também é baixo, ficando entre 7,5 a
10,0%. Em função do teor de açúcar das nossas cultivares, o produto final apresenta uma
cor amarelada em razão da caramelização.
A nível nacional, estima-se que a industrialização da cebola não ultrapasse
a casa dos 4% da produção bruta brasileira, correspondendo a um processamento ao
redor de 35.000t/ano.
Existem algumas barreiras quanto à utilização de produtos processados de
cebola por parte dos consumidores, motivados principalmente devido a:
a) disponibilidade durante todo o ano de produto fresco;
b) resistência das donas-de-casa e cozinheiras em alterar seus hábitos e
procedimentos na cozinha;
c) considerar-se insubstituível a utilização do produto “in natura” em
saladas, onde seu consumo é elevado; e
d) pouca divulgação quanto à existência, formas de uso e vantagens
desses produtos.
A utilização de cebola processada tem seu consumo centrado em
empresas fabricantes de refeição, que fornecem ao mercado institucional, e é empregada
quase que na totalidade na fabricação de produtos desidratados, como sopas
instantâneas, caldos, preparações básicas, condimentos, molhos e na indústria de
carnes e enlatados.
9 ABASTECIMENTO ESTADUAL
9.1 Balanço de Oferta e Demanda de Cebola no Rio Grande do Sul
A Tabela 21 ilustra o balanço de oferta e demanda de cebola, no Rio
Grande do Sul, para o ano de 1993.
Tabela 21 - Balanço de oferta e demanda de cebola no Rio Grande do Sul - 1993
OFERTA
Discriminação
Produção bruta
Perdas físicas na cura e
armazena-mento a nível
de produtor
Disponibilidade líquida para
comercialização
Importações estimadas de
outros estados e da Argentina
OFERTA TOTAL
Elaboração: CEPA/RS (maio 1993).
Fonte: IBGE, CEASA e CEPA/RS.
DEMANDA
Quant. (t)
Discriminação
Quant. (t)
151.935
Consumo humano anua
“in natura”
64.000
30.387
Reserva de bulbos para
produção de sementes
5.000
121.548
Consumo industrial e
exportações
500
32.000
Excedente de oferta
84.048
153.548
DEMANDA TOTAL
153.548
No lado da oferta, tem-se uma disponibilidade líquida para comercialização
de 121.548t que, somadas às importações previstas para o corrente ano (32.000t),
perfazem uma oferta total de 153.548 toneladas. Estas importações deverão ocorrer
principalmente das regiões produtoras da Argentina e das zonas produtoras de Monte Alto
e São José do Rio Pardo, em São Paulo, especialmente a partir de maio.
No lado da demanda, temos no Rio Grande do Sul um consumo humano
“in natura” anual de 64.000 toneladas (7,0kg/hab./ano), sendo que o estado praticamente
se autoabastece no período de dezembro a maio, tendo em vista que o início da colheita
se dá a partir da segunda quinzena de novembro. O excedente de oferta estimado em
84.048 toneladas, na sua totalidade, é direcionado para outras unidades da Federação.
9.2 Consumo Estadual no Meio Rural
9.2.1 Consumo Humano
O consumo humano “in natura” no meio rural do Rio Grande do Sul, em
1993, é estimado em 15.000 toneladas anuais, tendo em vista que a população rural é de
2.141.345 habitantes, segundo dados do IBGE.
9.2.2 Consumo Animal
Não há consumo animal para cebola.
9.2.3 Perdas Físicas de Produção
As perdas físicas de produção a nível de produtor (cura e armazenamento),
giram em torno de 25% da produção bruta, podendo serem mais elevadas, dependendo
das condições climáticas no decorrer do ciclo vegetativo e colheita.
9.2.4 Reserva de Sementes
A reserva de bulbos para a produção de sementes (comum e fiscalizada) é
estimada em 5.000 toneladas anuais.
64
9.3 Demanda Interna Estadual
O consumo humano “in natura” estadual, em 1993, é calculado pela CEPA
em 64.000 toneladas anuais. Praticamente o estado se autoabastece no período
compreendido entre dezembro a maio, sendo que o maior volume das importações
(32.000t) ocorre de junho a novembro.
65
10 RESTRIÇÕES AO MERCOSUL
As condições favoráveis de clima (seco), as quais permitem reduzir o
número de tratamentos fitossanitários contra as doenças, a topografia plana, a
profundidade e a fertilidade natural dos solos, a prática corrente da irrigação, na quase
totalidade por gravidade, são alguns fatores que contribuem na redução dos custos de
produção da cebola nas principais regiões produtoras da Argentina (Baia Blanca, Pedro
Luro, Mendoza, entre outras).
Enquanto que nas regiões mais produtivas da Argentina, o custo de
produção da cebola é de US$ 1,60/saco de 20kg, na região tradicional do Rio Grande do
Sul, o mesmo é 62,5% superior ao obtido naquele país. Esse diferencial de preço (US$
1,00/20kg) confere aos produtores argentinos poder de competitividade com qualquer
cultivar nacional.
Além disso, a excelente qualidade da cebola argentina (Valenciana Sintética
14) e a maior especialização dos seus produtores também são fatores a considerar nas
vantagens comparativas em relação aos cebolicultores do Sul do Brasil.
11
VANTAGENS QUE O SETOR APRESENTA EM
RELAÇÃO AO MERCOSUL
A cebolicultura gaúcha, especialmente a desenvolvida na região tradicional,
não apresenta atualmente nenhuma vantagem em relação ao MERCOSUL, face ao
elevado nível tecnológico apresentado pelos produtores argentinos.
12 CONCLUSÕES
As principais conclusões a que se pode chegar através desta monografia
são:
1)
A estrutura fundiária indica que prevalecem as pequenas glebas
rurais, as minipropriedades, os meeiros e os ocupantes, e todos,
praticamente, plantam cebola.
2)
A área média plantada com cebola na região tradicional varia entre 1,0
a 1,5 hectares por família.
3)
O analfabetismo é um entrave à adoção do associativismo e até de
novas tecnologias. As experiências vivenciadas no passado, nessa
área, imprimiram um receio generalizado sobre a ação de
cooperativas ou assemelhados.
4)
O êxodo rural vem se intensificando rapidamente nos municípios
ceboleiros tradicionais, em decorrência de sucessivas frustrações de
produção e comercialização da cebola. Existe uma tendência de
diminuição da área plantada com cebola, sem que haja a substituição
por outras linhas de produção.
5)
A impossibilidade de acesso ao crédito para custeio da lavoura da
cebola tem levado alguns produtores a se desfazerem de seus bens
para esta finalidade. Em conseqüência, o pequeno produtor vem
sofrendo uma contínua descapitalização.
6)
Os produtores não utilizam racionalmente a pouca terra de que
dispõem. Apesar do uso intensivo do solo, não são consideradas as
medidas de conservação corretas e a reposição de nutrientes é
inadequada e insuficiente.
7)
Considerando-se a mão-de-obra familiar, constata-se que durante o
ano ela é plenamente utilizada em certo tempo e subutilizada em
outros períodos. Ainda não foram estudados pela pesquisa sistemas
de produção integrados, em que a seqüência das atividades permite
ocupar integralmente a mão-de-obra disponível e a superfície
cultivável durante todo o ano.
8)
As tecnologias oferecidas aos pequenos produtores geralmente
demandam insumos e equipamentos de alto custo, sendo que a
maioria deles não tem capacidade de pagamento.
9)
As perdas físicas de produção no segmento primário da produção são
elevadas. Isso ocorre em virtude da precariedade das instalações
usadas, da qualidade do produto estocado e da forma com que é
praticada a armazenagem.
10) As estradas destinadas ao escoamento da produção não são
conservadas ou simplesmente não existem, como se observa em
São José do Norte e Tavares.
11) A eletrificação rural é rarefeita nos municípios da região tradicional.
12) A informação de mercado e de preços inexiste em moldes que atinjam
os pequenos produtores e lhes permitam tomar decisões.
13) A irrigação e a drenagem, práticas indispensáveis à produção
olerícola, praticamente inexistem na região tradicional.
14) A assistência técnica ao produtor rural, em todas as suas formas, é
insuficiente e ainda prejudicada pela situação exposta.
15) Não existe uma programação dos plantios, de acordo com as
cultivares disponíveis.
16) As normas de padronização e classificação (Portaria nº 83, de
28/03/94), são desconsideradas pelo segmento primário da produção.
17) A ausência de informações mais detalhadas e confiáveis acerca da
exploração da cultura da cebola nos demais países membros do
MERCOSUL, sobretudo da Argentina, dificulta uma análise mais
aprofundada sobre as dificuldades que poderão advir da integração
comercial dos países membros do MERCOSUL.
72
13 PROPOSTAS DE AÇÕES
As propostas de ação, tendo por base os diagnósticos elaborados pelos
técnicos da CEPAs dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, são as
seguintes:
13.1 Produção
•
Promover a adoção de medidas e tecnologias que contribuam para a
redução dos custos de produção, melhoria da produtividade e da
qualidade da cebola.
•
Fortalecer a atuação nos setores da pesquisa e assistência técnica,
principalmente na busca de novas cultivares mais produtivas e
resistentes às pragas e doenças, bem como, pesquisar outros
sistemas de produção integrados, viáveis à reconversão do setor.
13.2 Crédito Rural
•
Solicitar ao BACEN a alocação de recursos de crédito de custeio e
investimento, apenas para os municípios localizados em regiões que
apresentam condições climáticas preferenciais ao cultivo da cebola.
•
Solicitar ao sistema financeiro que atua na área do crédito rural a
liberação de financiamentos apenas para os cebolicultores tradicionais
e que disponham ainda de infra-estrutura de armazenamento
compatível com suas necessidades. Solicitar, também, que não seja
financiado o aumento da área de cultivo.
•
Adequar o crédito rural às particularidades da agricultura nacional,
especialmente pela implantação do sistema equivalência em produto.
13.3 Infra-Estrutura
•
Implantar uma linha de crédito especial para a construção e
conservação das estradas dos municípios produtores de São José do
Norte, Tavares e Mostardas (RS), visando o escoamento das safras e o
abastecimento de insumos e outros bens de interesse da comunidade
dessa região.
•
Implantar linha de crédito visando a construção e melhoria de galpões
para a estocagem da cebola a nível de produtor na região Sul do país.
Idem, em eletrificação rural.
13.4 Comercialização e Industrialização
•
Centrar esforços no sentido da real organização dos produtores.
•
Solicitar ao Ministério da Agricultura e Reforma Agrária o cumprimento
das normas de padronização, classificação e comercialização interna
do produto, visando a melhoria geral da qualidade da cebola.
•
Reivindicar ao Ministério da Agricultura e Reforma Agrária a retomada
do sistema de acompanhamento conjuntural da produção e
abastecimento de cebola a nível nacional, com o objetivo de oferecer
aos produtores informações que lhes permitam tomar decisões em
relação às suas atividades.
•
Integrar governo e iniciativa privada na proposta de sucessão solidária
de safras nacionais, visando o equilíbrio da oferta e demanda.
•
Implantar linhas de crédito para instalação de agroindústrias para o
beneficiamento e industrialização do excedente de oferta.
74
13.5 MERCOSUL
•
Adotar medidas de apoio à cebolicutlura, que possibilitem atingir seus
objetivos básicos, de livre competição e lealdade comercial. As regras
comuns aos quatro países do MERCOSUL, envolvendo aspectos de
reconversão, eliminação de barreiras, distorções de ordem tributária,
barreiras fitossanitárias e de padronização e classificação da cebola,
devem merecer todo o apoio institucional, com o objetivo de evitar uma
possível retaliação entre os países membros do MERCOSUL.
•
Definir um representante do Ministério da Agricultura e Reforma Agrária,
para que o mesmo participe junto às negociações do SGT-8, do
MERCOSUL.
•
Aplicar as cláusulas de salvaguarda previstas no acordo do
MERCOSUL, a fim de o setor se adaptar até a plena implantação do
tratado.
13.6 Legislação
•
Melhorar o controle da qualidade das sementes nacionais, mediante
postura a ser adotada por produtores, intensificada através da
fiscalização.
•
Solicitar a adequação da legislação sobre agrotóxicos, de forma a
possibilitar sua plena aplicação.
75
14 ANEXO ESTATÍSTICO
NORMA DE IDENTIDADE, QUALIDADE, ACONDICIONAMENTO,
EMBALAGEM E APRESENTAÇÃO DA CEBOLA
1 OBJETIVO
A presente Norma tem por objetivo definir as características de identidade,
qualidade, acondicionamento, embalagem e apresentação da cebola, para fins de
comercialização no mercado interno.
2 DEFINIÇÃO DO PRODUTO
Entende-se por cebola, o bulbo da espécie Allium cepa L., que se
apresenta com as características da cultivar bem definidas, fisiologicamente desenvolvido
e inteiro, destinado ao consumo, exceto as cebolas verdes com folhas inteiras
(cebolinha).
3 CONCEITOS REFERENTES AOS DEFEITOS GRAVES E GERAIS
3.1 Defeitos Graves
3.1.1 Talo Grosso ou Talo Floral
Quando a união das catáfilas do colo do bulbo apresenta uma abertura
maior que a normal, devido o alongamento do talo pelo interior do mesmo.
3.1.2 Brotado
Quando apresenta emissão de broto visível acima do colo do bulbo.
3.1.3 Podridão
Dano patológico e/ou fisiológico que implique em qualquer grau de
decomposição, desintegração ou fermentação dos tecidos.
3.1.4 Mancha Negra
Área enegrecida em virtude do ataque de fungos nas catáfilas externas ou
no colo do bulbo, detectadas visualmente.
3.1.5 Mofado
O que apresenta fungo nas catáfilas externas.
3.2 Defeitos Gerais
3.2.1 Colo Mal Formado
Formação incompleta do colo do bulbo.
3.2.2 Deformado
O que apresenta formato diferente do típico da cultivar, incluindo
crescimentos secundários, ou seja, bulbos unidos pelo talo, apresentando externamente
uma catáfila envolvente.
3.2.3 Falta de Catáfilas (Películas)
É o bulbo que apresenta mais de 30% (trinta por cento) de sua superfície
desprovida de catáfilas envolventes.
3.2.4 Falta de Turgescência (Flacidez)
Ausência da rigidez normal do bulbo.
78
3.2.5 Descoloração
Desvio parcial ou total na cor característica da cultivar, incluindo o
esverdeamento, ou seja, bulbo com as catáfilas externas verdes.
3.2.6 Dano Mecânico
Lesão de origem mecânica observada nas catáfilas do bulbo.
4 CLASSIFICAÇÃO
A cebola será classificada em CLASSES ou CALIBRES e TIPOS ou
GRAUS DE SELEÇÃO:
4.1 Classes ou Calibres
De acordo com o maior diâmetro transversal do bulbo, admite-se 04 (quatro)
classes de cebola conforme estabelecido na Tabela 1.
Tabela 1 - Classes de cebola conforme o maior diâmetro transversal do bulbo,
expresso em milímetros
Classes
Maior Diâmetro Transversal (mm)
2
35 a 50
3
maior que 50 até 70
4
maior que 70 até 90
5
maior que 90
4.1.1 Tolerância
Permite-se dentro de uma mesma embalagem, a mistura de até 10% (dez
por cento) de bulbos, cujo diâmetro não exceda 15mm dos limites estabelecidos na
Tabela 1.
79
4.2 Tipos ou Graus de Seleção
A cebola será classificada em 03 (três) tipos: EXTRA, ESPECIAL ou
COMERCIAL, de acordo com os percentuais de defeitos gerais e/ou graves estabelecidos
na Tabela 2.
Tabela 2 - Limites máximos em percentuais de tolerâncias de defeitos
Defeitos Graves
Tipos
Total de
Defeitos
Total de
Defeitos
Talo Grosso
Brotado
Podridão
Mancha Negra
Mofado
Graves
Gerais
Extra
0
0
0
2
2
2
5
Especial
3
0
0
3
3
5
10
Comercial
5
3
1
5
5
10
15
4.2.1 O defeito grave, isoladamente define o tipo do produto.
4 2.2 Os defeitos TALO GROSSO e a FALTA DE CATÁFILAS, não serão considerados,
na classificação das “cebolas precoces”.
4.3 Não será permitida a mistura de cultivares, bulbos de formatos e/ou cores diferentes.
4.4 Classificação da Cebola em Réstia
A cebola em réstia será classificada apenas em TIPOS, de acordo com o
estabelecido na Tabela 2.
4.5 Requisitos Gerais
Os bulbos deverão possuir as características típicas da cultivar, serem secos,
sãos, limpos e apresentarem as raízes cortadas rente à base, não admitindo-se presença
de rebrotes de raiz. O talo deverá estar cortado a um comprimento não superior a 20mm,
exceto quando a cebola apresentar-se na forma de réstia.
4.6
A cebola que não atender os requisitos estabelecidos por esta Norma será
classificada como “FORA DO PADRÃO”, podendo ser:
80
a) Comercializada como tal, desde que devidamente identificada com a
expressão “FORA DO PADRÃO”, em lugar de destaque, de fácil
visualização e de difícil remoção.
b) Manipulada, rebeneficiada, desdobrada, recomposta, reembalada
remarcada e/ou reetiquetada, para efeito de enquadramento na Norma.
4.6.1 A cebola cujo somatório dos percentuais dos defeitos graves ultrapassar a 50%
(cinqüenta por cento), não mais será considerada ‘’ FORA DO PADRÃO’’, e sim,
‘’DESCLASSIFICADA’’ por mau estado de conservação.
4.7 Será “DESCLASSIFICADA”, e proibida a comercialização, a cebola que apresentar
uma ou mais das características abaixo:
a) Mau estado de conservação;
b) Odor ou sabor estranhos ao produto, e
c) resíduos de substâncias nocivas à saúde, acima dos limites de
tolerância admitidos pela legislação vigente.
4.7.1 Uma vez proibida a comercialização, a destinação do produto será dada por Órgão
Técnico específico do Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma
Agrária, da Unidade da Federação onde ocorreu o fato, o qual procederá o devido
acompanhamento até o destino final do mesmo.
5 EMBALAGEM
As cebolas deverão estar acondicionadas em embalagens novas, limpas e
secas, que não transmitam odor ou sabor estranhos ao produto, podendo ser sacos ou
caixas, com capacidade para conter até 25kg líquidos de bulbos.
5.1 Admite-se uma tolerância de até 8% (oito por cento) para mais e/ou para menos de
peso líquido declarado.
81
6 MARCAÇÃO OU ROTULAGEM
As embalagens deverão ser marcadas, rotuladas ou etiquetadas em local
de fácil visualização e de difícil remoção, contendo no mínimo as seguintes informações:
•
Identificação do responsável pelo produto (nome, razão social e
endereço);
•
Número do registro do estabelecimento, no Ministério da Agricultura, do
Abastecimento e da Reforma Agrária;
•
Origem do produto;
•
Classe;
•
Tipo;
•
Peso líquido; e
•
Data do acondicionamento.
7 AMOSTRAGEM
A tomada da amostra no lote dar-se-á de acordo com a Tabela 3.
Tabela 3 - Amostragem conforme o tamanho do lote
Número de Volumes
que Compõem o Lote
Número Mínimo de
Volumes a retirar
001 - 010
01
011 - 100
02
101 - 300
04
301 - 500
05
501 - 10.000
1% do lote
mais de 10.000
raiz quadrada do número de
unidade que compõem o lote.
82
7.1 Os volumes deverão ser retirados sempre ao acaso.
7.2
No caso de se retirar entre 1 e 4 volumes, homogeniza-se o conteúdo do(s)
mesmo(s) e retira-se 100 (cem) bulbos ao acaso para formar a amostra a ser
analisada e outros 100 (cem), para a contraprova.
7.3 Para 05 (cinco) ou mais volumes, retira-se no mínimo 30 (trinta) bulbos de cada um,
os quais serão homogenizados, donde retira-se, também ao acaso, 100 (cem)
bulbos para serem analisados, e outros 100 (cem), para a contraprova.
7.4
O restante dos bulbos serão devolvidos ao interessado, inclusive a amostra
analisada.
7.5 Na amostragem da cebola em réstia, quando o montante retirado não totalizar 100
(cem) bulbos, a amostra a ser analisada será o próprio volume retirado, e neste caso
não haverá contraprova.
7.6 A contraprova deverá ser mantida em poder do Órgão que efetuou a classificação
durante 15 (quinze) dias, que será o prazo máximo para qualquer contestação do
resultado da classificação.
8 CERTIFICADO DE CLASSIFICAÇÃO
O Certificado de Classificação, quando solicitado, será emitido pelo Órgão
Oficial de Classificação, devidamente credenciado pelo Ministério da Agricultura, do
Abastecimento e da Reforma Agrária, devendo constar no mesmo, todos os dados da
classificação.
8.1 A validade do Certificado de Classificação será de 15 (quinze) dias, contados a partir
da data da sua emissão, que deverá ser a mesma da classificação.
9 ARMAZENAMENTO E MEIOS DE TRANSPORTE
Os depósitos, armazéns e meios de transportes devem oferecer plena
segurança imprescindíveis a perfeita conservação do produto.
83
10 FRAUDE
Será considerada fraude, toda alteração dolosa de qualquer ordem ou
natureza praticada na classificação, na embalagem, no acondicionamento, no transporte
e na armazenagem, bem como nos documentos de qualidade do produto, conforme
legislação específica.
11 DISPOSIÇÕES GERAIS
É de competência exclusiva do Órgão Técnico Específico do Ministério da
Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária, em Brasília, resolver os casos
omissos, por ventura surgidos na utilização da presente Norma.
84
15 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO CRÉDITO RURAL 1989-91. Brasília: Banco Central do
Brasil, 1991. 398p.
BOEING, G. Diagnóstico da Cultura da Cebola - Mercado Comum do Sul MERCOSUL - Sub-Grupo 8.
Florianópolis: Instituto CEPA/SC, s.d. 30f.
(datilografadas)
BRASIL. Ministério da Agricultura. Embalagens de Produtos Hortículas. Brasília, 1991.
24p.
BRASIL.
Ministério da Agricultura.
Normas de Identificação, Qualidade,
Acondicionamento, Embalagem e Apresentação da Cebola para Comercialização no Mercado Interno. Brasília, 1994. 6f. (datilografado)
BRASIL. Ministério da Agricultura. Subsídios ao Plano Nacional de Produção e
Abastecimento de Cebola. Brasília, s.d. 145p.
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Balanço e Disponibilidade Interna de Gêneros
Alimentícios de Origem Vegetal. Rio de Janeiro, 1991. 70p.
RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Agricultura. CEPA. Zoneamento Agrícola:
indicação de culturas e disponibilidade de solo a nível de município. Porto Alegre,
1978. 219p.
ROSA, J. I. da. Versão Preliminar de um Programa Estadual de Produção e
Comercialização de Bulbos e Sementes de Cebola. Porto Alegre, EMATER-RS,
1990. 66p.
SEMINÁRIO NACIONAL DE CEBOLA, 6º, Monte Alto, 1994. São Paulo: Sindicato Rural de
Monte Alto, 1994. 98f. (datilografado)
TEN CATEN, R. et al. Cultura da Cebola no Rio Grande do Sul.
EMATER, 1982. 93p.
86
Porto Alegre:
PUBLICAÇÕES DA SÉRIE REALIDADE RURAL
Volume 1 -
O setor Primário do Rio Grande do Sul - Diagnóstico e Perspectivas SócioEconômicas (Resumo Geral).
Volume 2 -
O Setor Primário do Rio Grande do Sul - Diagnóstico e Perspectivas SócioEconômicas (Análises Setoriais).
Volume 3 -
O Setor Primário do Rio Grande do Sul - Diagnóstico e Perspectivas SócioEconômicas (Análises por Atividades).
Volume 4 -
A Incorporação de Pequenos e Médios Produtores no Processo de Integração do
MERCOSUL.
Volume 5 -
Lã e Carne Ovina: O MERCOSUL, Frente aos Maiores Produtores Mundiais.
Volume 6 -
Sojicultura Rio-Grandense - Panorama Setorial/MERCOSUL.
Volume 7 -
O Panorama Setorial da Bovinocultura de Corte Gaúcha no Processo de
Integração do MERCOSUL. 2ª edição.
Volume 8 -
O Panorama Setorial da Triticultura Gaúcha no Processo de Integração do
MERCOSUL.
Volume 9 -
A Suinocultura Rio-Grandense: um Panorama Setorial no MERCOSUL.
Volume 10 -
O Panorama Setorial do Feijão no Processo do MERCOSUL.
Volume 11 -
Acompanhamento Técnico das Lavouras de Soja Assistidas pela EMATER/RS 1992/93.
Volume 12 -
O Panorama Setorial da Cultura da Maçã no Processo de Integração do
MERCOSUL.
Volume 13 -
A Cultura do Pessegueiro no Rio Grande do Sul, no Processo de Integração do
MERCOSUL.
Volume 14 -
Diagnóstico Agroeconômico da Cebola no Rio Grande do Sul.
Download

Vol. 14 - Cebola