Pontivírgula
Direcção: Patrícia Fernandes e Joana Cavaleiro
Edição nº16 - Outubro de 2014 - Publicação Mensal
FCH
Apresentação da nova AE
Opinião
» página 04
O problema não é o Ébola - é a distância
a que vivemos uns dos outros
» página 17
Experiência ERASMUS
Um olhar sobre Lille
» páginas 09 e 10
Actualidade
Portugueses na Jihad Islâmica
» páginas 11 e 12
Psicologia
Aprender a reviver memórias: que
estratégias?
Actualidade
O mundo está de olhos postos em Hong Kong
“Quando foi a última vez que te lembraste do que te
esqueceste? Quanto te custou esse esquecimento? Se
voltasses atrás, mudarias a forma como aprendeste a
lembrar?”
» página 08
» páginas 14 e 15
© flickr/Pasu Au Yeung
EDITORIAL
02
“Uma imprensa livre pode, claro, ser boa ou má, uma imprensa sem
liberdade é sempre má.”
Albert Camus
Este é, provavelmente, um novo
começo na vida de muitos de
vocês, a continuação de outros
tantos e o fim dos restantes.
Este ano lectivo vai apresentar muitos desafios novos e
descobertas e o Pontivírgula
vai acompanhar essa mudança,
apresentando-se como um órgão
livre e independente.
o crescimento e evolução do
jornal.
Desde o seu início que o jornal,
anteriormente sob o nome O
Académico, quis crescer e inovar
perante o próprio crescimento
dos alunos que, de forma directa
ou indirecta, se envolveram com
o projecto.
Nesta primeira edição, vão-se
abordar temas como o vírus Ébola,
os conflitos em Hong Kong e os
Portugueses na Jihad Islâmica.
Vamos passar em revista temas
como o novo iPhone, o impacto
do aumento do salário mínimo
em Portugal, e outros temas que
têm marcado a actualidade em
Portugal e no Mundo.
“Com este ano lectivo
assumem-se novos objectivos e novas ideias para o
jornal”
Após três anos de existência, o
jornal prima, agora, pela sua independência, dedicação e atenção
à actualidade e à cultura, impulsionando os próprios alunos a se
envolverem no meio que é feito
por e para eles, com o objectivo
de incentivar e explorar os seus
talentos e gostos e uma possível
preparação para o futuro profissional de muitos.
Com este ano lectivo assumemse, também, novos objectivos e
ideiais para o jornal e, por isso,
nesta primeira edição serão
apresentados os vários alunos
envolvidos no projecto e respectivos cargos que ocuparão ao
longo do ano.
A direcção responsável por
este órgão independente sabe
que ainda há muito a fazer. No
entanto, vai servir a comunidade
estudantil da melhor forma possível, tendo sempre em vista
Nunca esquecendo que ele
é feito por estudantes deste
estabelecimento académico,
qualquer um pode, em qualquer altura, dirigir-se aos seus
responsáveis e demonstrar o
seu interesse em participar.
Com um maior investimento
na Cultura, os nossos colunistas
vão focar-se em vários assuntos desde a música à literatura,
passando por cinema, gaming e
moda, mantendo-vos sempre a
par das últimas novidades.
Resta-nos desejar a melhor
sorte a todos os alunos que
estão a começar esta nova etapa
da sua vida académica e profissional, e aos alunos de segundo
e terceiro ano um bom regresso
à batalha que lavram.
A Editora do Pontivírgula,
Patrícia Fernandes
Ficha Técnica
Directora: Patrícia Fernandes
Vice-Directora: Joana Cavaleiro
Redacção
Alexandra Nogueira
Dina Teixeira
Inês Amado
Inês Dias
Joana Contreiras
Joana Pires Roque
Madalena Gil
Manuel Cavazza
Mariana Fidalgo
Susana Santos
Colunistas
Catarina Veloso, Moda
Daniela Ribeiro de Brito, Desporto
Diogo Barreto, Música
Joana Cavaleiro, Literatura
João Pedro da Silva, Cinema
Mariana Leão Costa, Lifestyle
Michelle Tomás, Actualidade
Mitchel Martins Molinos, Gaming/
Internet
Pedro Pereira, Literatura
Contacto: jornal.pontivirgula@gmail.
com
REDES SOCIAIS
Site: www.jornalpontivirgula.wix.com
/jornalpontivirgula
Facebook: www.facebook.com/
pontivirgula.geral
Jornal redigido com o antigo acordo ortográfico,
salvo quando indicado.
ESTATUTO EDITORIAL
03
O nome – Pontivírgula – mantém-se, mas, com nova direcção, pretende agora afirmar-se como
jornal independente. Como qualquer órgão de informação independente, não pode existir sem
um estatuto editorial, que aqui publicamos para conhecimento geral dos leitores.
1. O Pontivírgula é um órgão de informação e opinião mensal, independente dos poderes
políticos, económicos e religiosos e orientado por critérios de rigor e honestidade na pesquisa
de conteúdo e criatividade na divulgação da informação;
2. O Pontivírgula é composto exclusivamente por alunos e ex-alunos da Faculdade de Ciências
Humanas da Universidade Católica Portuguesa;
3. O Pontivírgula prima pela liberdade de expressão e de criação e recusa qualquer tipo de
influência que prejudique estes ideais, bem como o sensacionalismo;
4. O Pontivírgula aposta na diversidade dos temas apresentados em cada edição, num esforço
de atender aos interesses plurais dos seus leitores;
5. O Pontivírgula assume o compromisso de respeitar sempre o sigilo das suas fontes de
informação, agindo em conformidade com os princípios deontológicos do jornalismo e da ética,
presentes na Constituição da República Portuguesa, nomeadamente nos artigos 37.º e 38.º;
6. O Pontivírgula promove o debate nas diversas plataformas em que se encontra, designadamente no site e na página de Facebook, podendo futuramente surgir noutras redes sociais;
7. O Pontivírgula revê-se na prestação de um serviço público, especialmente na divulgação e
promoção da cultura nacional e internacional;
8. A direcção do Pontivírgula não se responsabiliza por qualquer opinião e/ou crítica expressa
nas colunas deste jornal, sendo os seus autores os responsáveis pelo conteúdo publicado.
FCH
04
À conversa com a nova Presidente da AE
académica, como são exemplo associa- oficial, o que implica treinos e comções de outras faculdades.
petições oficiais.
Quisemos saber, também, como é
que surgiu a intenção de se candidatar
à presidência e as razões que a levaram
a formar uma equipa e a apresentar
um novo projeto para a Associação de
Estudantes. A atual presidente tinha
feito parte da associação anterior, mas
confessou que só ponderou formar
uma lista no final do segundo semestre, quando se encontrava em Erasmus.
Sara Plácido tem 21 anos, é aluna
do 3.º ano do curso de Comunicação
Social e Cultural e foi recentemente
escolhida para Presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de
Ciências Humanas.
Convidámos a primeira mulher
eleita para a Associação de Estudantes
da Faculdade de Ciências Humanas
(AEFCH) para uma conversa informal
acerca desta nova etapa e sondámos
sobre o projeto proposto pela equipa
que assume funções para o mandato
de 2014/2015.
Em primeiro lugar, perguntámos à
nova presidente qual a importância de
uma Associação de Estudantes numa
faculdade e especificamente no caso
da nossa, ao que prontamente respondeu ser a “questão do enriquecimento
da experiência académica a todos os
níveis”.
Acrescentou, ainda, que “uma
Associação de Estudantes não tem de
ser só lúdica ou recreativa, como normalmente muitos estudantes pensam”,
incitando a um maior enriquecimento
cultural, académico e profissional.
Há uns anos, a atual Associação de
Estudantes denominava-se Associação Académica de Ciências Humanas
e, não obstante a típica mudança de
nomenclatura, a nova presidente pretende que passe a ser uma Associação
de Estudantes com uma maior tradição
Revelou-nos que foi uma decisão muito
espontânea, precedida de momentos
de hesitação, visto que nunca tinha
tido nenhuma experiência similar.
Referiu-nos que não se arrepende e
que, tendo assumido um compromisso,
vai dar tudo aquilo que tem para dar
e espera que o trabalho que tem sido
feito seja tão bom para os alunos como
tem sido bom para quem o executa.
Aproveitámos para perguntar no
que difere o projeto da lista P dos
demais apresentados e postos em
prática até hoje na AEFCH. Segundo a
presidente, são precisamente as propostas que apresentaram durante a
campanha eleitoral.
Referiu-nos a necessidade da criação de um site oficial da AEFCH, que
será apresentado aos alunos ainda no
primeiro semestre; já existe página no
Instagram e no Facebook, mas para
a presidente “é impensável que numa
faculdade na qual existem alunos de
Comunicação Social e Cultural, a Associação de Estudantes não tenha um site
como plataforma oficial de comunicação”.
Relativamente à questão desportiva, a nova associação tem-se centrado
numa fusão com a Associação Académica de Direito, através da criação
de equipas conjuntas de alunos da
Faculdade de Direito e da Faculdade
de Ciências Humanas, em basquetebol feminino e em futebol masculino.
Embora a AEFCH já organizasse torneios, neste caso as equipas farão
parte do desporto universitário a nível
Esta iniciativa também será divulgada brevemente pela associação e
a presidente acredita que se trata de
uma parceria que se revelará benéfica
para ambas as associações e, também,
melhorar a relação entre as faculdades
da Universidade Católica Portuguesa.
A presidente manifestou, também, a
intenção de combater a ideia de que o
curso de Comunicação Social e Cultural
tem mais importância na faculdade do
que os restantes, planeando, para isso,
iniciativas “pensadas especificamente
para os alunos dos outros cursos”.
Além destes projetos, a AEFCH planeia fazer um livro de curso para os
alunos do último ano, uma iniciativa
a ser concretizada pelo gabinete de
finalistas e, também, a criação de
cartões de sócio da AEFCH, podendo os alunos aderentes usufruir de
descontos em entidade parceiras,
como restaurantes, bares, discotecas
e, ainda, no Instituto Espanhol de Línguas.
Embora estar na presidência
seja muito trabalhoso, a presidente
reconheceu que lhe dá realmente
muito gosto poder fazer o que tem
feito. Pensa sempre que o “importante
é dar um passo de cada vez” e ambiciona
poder, no final do ano letivo, “riscar do
programa eleitoral todas as propostas
que apresentámos durante a campanha,
pois seria um sinal de que a missão foi
cumprida.”
Sara Plácido adiantou-nos que, no
final deste mês, numa quinta-feira, da
parte da tarde, a AEFCH organizará
um lanche ou churrasco em comemoração do quinto ano da Associação de
Estudantes, desejando que os alunos
adiram “em massa” a este convívio.
Dina Teixeira e Inês Amado
Texto escrito com o Novo Acordo Ortográfico
FCH
05
Cerimónia da Tomada de Posse da AEFCH
No passado dia 15, realizou-se a Cerimónia de Tomada de Posse da nova equipa da Associação de Estudantes para o ano 2014/2015, no auditório 1 da Faculdade de Ciências Humanas.
A nova equipa da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Humanas
A cerimónia contou com uma mesa redonda mediada pela Presidente da Assembleia Geral da Associação
de Estudantes da Faculdade de Ciências Humanas
(AEFCH), Francisca Gigante, na qual intervieram a
nova Presidente da AEFCH, Sara Plácido, o ex-Presidente da AEFCH, João Marinheiro, e o Vogal da
Direção, Professor Doutor Henrique Joaquim.
Na sequência das congratulações do ex-Presidente,
foi dada a palavra a Sara Plácido, que iniciou o seu
discurso agradecendo aos “colegas que abraçaram o
projeto” e aos alunos pelo “voto de confiança”, não
escondendo a satisfação de, pela primeira vez, uma
mulher ter sido eleita para o cargo de Presidente da
Associação de Estudantes da nossa faculdade.
A Presidente da Assembleia Geral iniciou a cerimónia dando as boas-vindas a todos os membros da
associação, alunos e professores presentes e prosseguiu concedendo a palavra ao presidente da anterior
Associação de Estudantes.
A representar o Diretor da Faculdade de Ciências
Humanas, Professor Doutor José Miguel Sardica,
esteve o Professor Doutor Henrique Joaquim, que
manifestou a disponibilidade da direção para colaborar com a Associação de Estudantes, apesar do seu
estatuto de autonomia. A encerrar o discurso, o Vogal
da Direção elogiou as demais equipas que passaram
pela Associação de Estudantes pela dedicação no
“exercício público de cidadania e na transmissão de vida,
valores e sonhos”.
João Marinheiro findou o seu mandato, destacando
a experiência adquirida enquanto presidente e os
objetivos cumpridos, como os de “aproximar a associação dos alunos” e “fortalecer laços com a Direção do
ponto de vista institucional”.
“exercício público de
cidadania e
na transmissão de vida,
valores e sonhos”
Com o lema “Pensar à frente”, a lista P conseguiu
88% dos votos num universo total de 171 eleitores,
assumindo o compromisso de respeitar e contribuir
para a integridade do corpo estudantil, privilegiando
uma boa experiência académica e uma maior aproximação entre a Associação de Estudantes e a Direção
da FCH.
Dina Teixeira e Inês Amado
Texto escrito com o Novo Acordo Ortográfico
FCH
06
O outro lado da Associação de Estudantes
Francisca Gigante (lado direito)
Comunicação Social e Cultural
Presidente da Assembleia Geral
Daniela Trony
Comunicação Social e Cultural
Vogal de Marketing Digital
“Eu posso convocar todas as assembleias gerais e dou poder de
“Fazer parte da Associação de Estudantes é uma grande honra.
voto a todos os alunos e trago à mesa temas que queiram abordar
Estou na parte de Marketing Digital, e trabalho diretamente com a
e discutir. Queremos ouvir todas as questões levantadas e arranjar
parte da comunicação visual. Estou a adorar o feedback dos alunos.
soluções possíveis com a colaboração da nossa faculdade.”
Estou muito entusiasmada.”
Joana Pintão
António Lucas
Comunicação Social e Cultural
Comunicação Social e Cultural
Vogal de Cultura
Representante do 3º ano
“Eu organizo e divulgo a agenda cultural e os eventos da nossa
“É um projeto bastante aliciante ser a voz dos alunos do 3.º ano, ou
faculdade e sinto que esta experiência será essencial para o meu
seja, alguma coisa que os alunos queiram, eu sou o elo de ligação
futuro profissional.”
entre os finalistas e a presidência da Associação de Estudantes.”
Tomás Costa
Comunicação Social e Cultural
Representante do 2º ano
Catarina Burnay
Línguas Estrangeiras Aplicadas
Responsável pelo Gabinete de LEA
“Espero servir da melhor maneira todos os alunos de 2.º ano.
“No meu cargo pretendo ser o elo de ligação entre os alunos do
Pretendo melhorar a nossa experiência de estudo, a nossa experiên-
meu curso e a associação e a faculdade, porque penso que poderia
cia de convívio e de integração na faculdade.”
haver falha na comunicação e planeio que não seja assim, que haja
Texto escrito com o Novo Acordo Ortográfico
um contacto mais direto e mais pessoal com o meu curso.”
FCH
07
Apresentação do projecto NUAC
O Núcleo Universitário dos
Alunos de Comunicação (NUAC)
é o novo órgão da Faculdade de
Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa. O seu
principal objectivo é criar uma
aproximação entre os alunos
de comunicação, desenvolvendo em simultâneo o gosto por
esta área e pela investigação.
“Através do NUAC, os
alunos irão estar a par
de todas as novidades no
mundo da comunicação”
Trata-se de um órgão criado por
alunos, ao qual qualquer aluno ou
indivíduo com interesse pela área
da comunicação se pode juntar.
As três caras por trás deste projecto são duas alunas da licenciatura em Comunicação Social
e Cultural, Francisca Gigante e
Joana Contreiras, e um aluno
do mestrado em Ciências da
Comunicação, Filipe Resende.
Os três alunos têm, entre eles,
pelo menos dois interesses em
comum – a comunicação e a
investigação –, que acabaram
por resultar nesta ideia.
Quando questionada sobre
como surgiu a ideia, Francisca
Gigante conta que “o NUAC surgiu
do interesse de três colegas da Faculdade de Ciências Humanas da
Universidade Católica Portuguesa
que verificaram existir uma lacuna
no que respeita ao reforço do conhecimento, da investigação e da prática em ciências da comunicação.”
Filipe conta que “aquela pequena ideia foi partilhada de imediato com colegas e professores”.
A ideia inicial era criar apenas
um evento anual, mas essa ideia
foi crescendo e tornou-se um projecto para a criação de um órgão
que ao longo do ano lectivo pretende organizar vários eventos
relacionados com a comunicação.
Para os criadores do NUAC,
a sua importância é evidente e
valoriza não só a Faculdade de
Ciências Humanas como a comunidade estudantil: “para nós, a
importância do NUAC é fundamental numa instituição como a FCH.
Relembro que noutras faculdades
e instituições de ensino superior existem núcleos como este.
Na nossa opinião, um aluno universitário, após o processo de Bolonha,
deve poder envolver-se com actividades extra-curriculares que valorizem e complementem as aulas”.
“Para nós a importância
do NUAC é fundamental
numa instituição como a
FCH”
Da esquerda para a direita: Joana Contreiras, Filipe
Resende e Francisca Gigante
O NUAC conta já com três
parceiros: a Faculdade de Ciências Humanas, a RedeAlumni da
Faculdade de Ciências Humanas e
o Centro de Estudos de Comunicação e Cultura, e pretende alargar esta rede ao longo do tempo.
Até ao evento de lançamento do NUAC, é possível
acompanhar o trabalho deste
projecto de órgão através do site,
onde serão publicadas notícias
relacionadas com a área de comunicação e divulgados eventos organizados por diversas entidades
e onde será também possível
subscrever uma newsletter
semanal.
A primeira edição do Dia das
Ciências da Comunicação, que
é o evento de apresentação do
NUAC, está prevista para o mês
de Março do presente ano lectivo.
Trata-se de um evento anual que
irá contar com muitos convidados,
várias palestras e até workshops.
Para Francisca, “através do
NUAC, os alunos poderão estar
a par de todas as novidades no
mundo da comunicação, participarão de eventos ligados à comunicação e verão promovida a investigação jovem, a sua investigação e
a dos seus colegas”.
Estão já previstos outros eventos que serão comunicados aos
alunos em momento oportuno.
Joana Contreiras
FCH
08
PSICOLOGIA
Aprender a reviver memórias: que estratégias?
QUANDO FOI a última vez que te lembraste do
que te esqueceste? Quanto te custou esse esquecimento? Se voltasses atrás, mudarias a forma como
aprendeste a lembrar?
“Apesar de existirem vários métodos, é
fundamental que nunca te esqueças
de que é necessária motivação para
compreender, coerência para relembrar
e, principalmente, conheceres-te”
CRIAR OU activar pistas de recuperação, ou seja,
pequenas pistas que o permitam relembrar a informação de uma forma rápida, segura e eficiente, é
uma excelente estratégia! Recordá-la no mesmo
contexto em que a aprendeste e armazenaste, ou
recriar mentalmente a situação e o estado de humor
com que estavas na altura, são alguns exemplos.
TER DIFICULDADE em relembrar-se das coisas não
é um defeito teu, desengana-te! Existem diversas
estratégias para melhorar a memória e cada pessoa
deve ficar encarregue de escolher a que melhor se
adapta a si. Para te lembrares de uma certa informação, o ideal é contextualizá-la do ponto de vista pessoal: podes organizá-la segundo uma estrutura lógica,
articulá-la com outras memórias ou até, se preferires,
transformá-la em imagens e imaginar a acção a desenrolar-se, como se de uma cena de filme se tratasse!
ESTA ESTRATÉGIA é particularmente útil em dias
intensivos de estudo. Em discussões de carácter
argumentativo, apenas se conseguem gerar novos
argumentos e formar uma opinião consistente
quando se consolidam as evidências teóricas e
empíricas que defendemos com o que pensamos:
esta articulação faz usufruto da memória.
OUTRA FORMA de memorizar é recapitulando a
informação, processo em que esta é repetida tantas
vezes quantas a motivação ordena. Quando a relembrares, verás que não estimulaste a tua capacidade
de aprendizagem, pois o conteúdo informativo não
foi trabalhado, apenas decorado. É, por isso, tão
importante não utilizar este método isoladamente.
SE PREFERIRES, podes ainda utilizar os tradicionais truques: mnemónicas, rimas, números
ou símbolos que te sejam familiares. Contar os
dias dos doze meses do ano através das mãos é
um exemplo de uma mnemónica. Decorar as
várias fases de um processo através das iniciais
do nome das etapas também é um truque válido.
Mas lembra-te: têm de te ajudar e não ser mais uma
pedra no sapato! O mais importante é que minimizes a possibilidade de interferência e que revivas
a tua memória de forma rítmica, segura e pacífica.
APESAR DE existirem vários métodos, é fundamental que nunca te esqueças de que é necessária
motivação para compreender, coerência para
relembrar e, principalmente, conheceres-te para
que consigas aprender a escolher a melhor estratégia de memorização para ti e para o teu sucesso!
Alexandra Nogueira
FCH
09
CORRESPONDÊNCIA ERASMUS
Um olhar sobre Lille
Escrevo de Lille para vos dar um olhar da
minha experiência Erasmus nos passados dois
meses, que, respeitando o cliché, tem sido épica.
A capital da Flandres francesa recebeu-me de braços
abertos com habitantes que, embora torçam o nariz
perante a ideia de falar inglês com os estrangeiros,
não se importam de gesticular exacerbadamente e
repetir mil vezes o mesmo para se fazer entender.
“No fundo, viver no estrangeiro é um
jogo de adaptação que mostra que os
nossos costumes não são universais e
corretos para todos.”
Com um povo tão acolhedor, Lille é um pólo
de atividade turística que atrai pessoas de todo o
mundo com as suas grandes festas anuais: a Braderie e a Feira de Natal. Ainda não tive oportunidade
de ver as decorações natalícias, apelidadas de “as
melhores de França”, mas a Braderie de Lille impressionou-me. Trata-se de uma feira eclética no primeiro
fim-de-semana de setembro em que se vê de tudo:
desde pessoas que montam bancas para vender
crepes caseiros e antigos brindes do McDonald’s,
a grandes marcas que entram no espírito feirante
e oferecem artigos da estação passada a 50% de
desconto. Não é peculiar encontrar itens à venda a
centenas de euros!
Contudo, as estrelas da Braderie são as famosíssimas Moules a la Marinière (mexilhões em caldo de
vinho branco acompanhados de batatas fritas), que são
o prato do dia e preenchem a cidade ao cair da noite.
Os restaurantes competem amigavelmente ao criar
montanhas com as cascas deixadas pelos clientes e
diz-se que o Aux Moules conquista a vitória desde
a sua fundação em 1930. Porém, o que mais me
marcou foi a excelente organização na limpeza após
as comemorações, pois segunda-feira de madrugada
mal restavam vestígios do carnaval de marisco!
A localização geográfica de Lille também me
tem permitido viajar imenso! Sinto que fiz bem
em escolher uma cidade a poucas horas de distância de cidades europeias como Amesterdão,
Berlim, Bruges, Luxemburgo e Londres. A rede
de amigos internacionais que tenho criado é
fantástica e é divertido notar quais os estereótipos que se comprovam e quais são desafiados.
Por exemplo, é estranho ver um francês de boina,
mas ver pessoas a passearem baguetes é uma
imagem quotidiana. Do mesmo modo, alguns dos
meus amigos chineses opõem-se a fazer o “V de
Vitória” nas fotografias, mas todos se queixam da
falta de arroz na cozinha francesa.
Falando em gastronomia, a de Lille é deliciosa:
com muito queijo, bastante cerveja e imensas batatas
fritas a acompanhar todas as refeições. O domínio de
frites quase me convence que são essenciais numa
alimentação saudável e um menu que consiste numa
salada acompanhada de batatas fritas é uma realidade.
Para os que preferem algo doce, existem as spéculoos, que são bolachas natalícias da Bélgica e Holanda
que o povo de Lille venera de tal modo que criou uma
versão para barrar no pão. Os Merveilleux são outra
sobremesa típica que merece o nome pomposo, pois
são obras de arte que unem merengue e chantili com
coberturas que vão desde amêndoas, caramelo e
chocolate às inescapáveis spéculoos.
Apesar do paladar guloso do povo de Lille, na
cidade acredita-se que um estilo de vida ativo é a
chave da felicidade, porque permite relaxar. É normal
ver pessoas equipadas a fazer flexões no parque às
duas da manhã ou a família inteira a correr durante o
fim-de-semana. Até os bebés participam empurrados
no preme pelo pai!
Moules a la Marinière
FCH
10
Tenho feito amigos fantástico de todos os cantos do mundo. (Aqui estão
pessoas da Alemanha, Espanha, Estados Unidos, Filipinas e Portugal)
Tenho concluído que, embora França não esteja a um
universo de distância, existe uma metodologia diferente
no modo de fazer as coisas. Aqui os estudantes apenas
se sentam depois de o professor pedir, mas fazem as
apresentações orais sentados. Os professores privilegiam
longos ditados e raramente utilizam PowerPoint, mas são
bastante informais e gostam de ser tratados por tu. Para
comprar um cartão SIM é necessário apresentar o BI e
janta-se às sete, o que é muito cedo para mim e muito
tarde para os meus amigos de Inglaterra… No fundo, viver
no estrangeiro é um jogo de adaptação que mostra que os
nossos costumes não são universais e corretos para todos.
Dito isso, recomendo Erasmus aos que tenham a possibilidade: tenho conhecido pessoas fantásticas, visto sítios
lindíssimos e aprendido imenso. Vale a pena!
De Lille, passar o fim-de-semana em Paris é uma realidade
Karla Pequenino
Com a ESN Lille (organização que apoia os estudantes internacionais) numa visita guiada pela cidade.
Texto escrito com o Novo Acordo Ortográfico
11
ACTUALIDADE
Portugueses na Jihad Islâmica
Hoje em dia, o Estado Islâmico (EI) e os seus
ataques terroristas espalham o medo e a preocupação em todo o mundo mas, ao mesmo tempo,
paira sobre as sociedades uma mística de dúvida.
Esta dúvida reside, essencialmente, nas origens e nos objetivos deste grupo de jihadistas que, de alguma forma, conseguem ganhar
cada vez mais apoiantes em toda a parte do
mundo desde os Estados Unidos da América
até à ponta mais ocidental da Europa, Portugal.
Antes de mais, para se compreender a sua capacidade de persuasão, é necessário perceber as
suas origens e os seus ideais. O Estado Islâmico
é um grupo de terroristas que lutam contra o
governo xiita no Iraque, e o seu líder, Abu Bakr
Ângela, holandesa com descendência
al Baghdadi, é um antigo líder da Al-Qaeda no
portuguesa, de 19 anos
Iraque. Apesar disso, ambos os grupos jihadistas seguiram caminhos distintos depois de a Além disso, a população da Síria é, em grande
Al-Qaeda não apoiar os extremos padrões de vio- escala, sunita, mas o regime que a rege é comlência colocados em prática pelo Estado Islâmico. posto por alauitas, um ramo xiita. Isto levou a
que o Estado Islâmico, solidário com os sunitas,
Os conflitos da EI com o Iraque e a Síria estão combatesse contra o regime de Assad, na Síria,
relacionados com as típicas guerras que opõem que é apoiado pelo Irão. A tensão entre iraniasunitas e xiitas, os dois principais ramos do Islão. nos e os combatentes da EI foi crescendo quando
No mundo há mais sunitas que xiitas mas, exceção estes avançaram no Iraque, ganhando terreno,
à regra, tanto no Iraque como no Irão, a reali- o que, ironicamente, coloca os Estados Unidos
dade é inversa, havendo maioritariamente xiitas. da América e o Irão no mesmo pé de igualdade.
Consequentemente, o Estado Islâmico pretende
expandir pelo mundo a criação de um estado governado por um único líder político e religioso orientado
pela lei islâmica, conhecida como Sharia. Prova viva
são os milhares de combatentes que vêm de todo
o mundo e que se deslocam, propositadamente,
para lutar pela causa do EI. Muitos dos membros
são europeus, estando incluídos também alguns
portugueses, a maioria filhos de emigrantes, a combateram ao lado dos jihadistas do Estado Islâmico.
São entre 10 a 15 os cidadãos nacionais, têm
entre 19 a 28 anos, muitos frequentaram o
ensino superior e não têm qualquer relação
com a comunidade muçulmana em Portugal.
A maioria nasceu e cresceu em Portugal no seio
de famílias cristãs, mas emigraram há poucos anos
para outros países, onde acabaram por se converter ao Islamismo. Em relação às suas origens, do
que se sabe, dois irmãos, de 26 e 30 anos, e Fábio
(Abdu), de 22 anos, cresceram na linha de Sintra
mas emigraram para Londres, onde se conheceram.
ACTUALIDADE
12
Jovem pertencente à frente Jihadista
A esses três emigrantes londrinos juntou-se
um cidadão algarvio, de 28 anos, e foi nos
arredores de Londres, em Leyton, que foram
aliciados por uma mesquita local, conhecida
pelas autoridades britânicas por ser radical,
para combater ao lado do EI. Além disso, uma
holandesa com descendência portuguesa, Ângela,
de 19 anos, fugiu para a Síria para se casar com
Fábio. Também Micael, filho de pais transmontanos, deixou Paris pela Síria. Juntamente com
ele foi Santos, emigrante português em França.
Alguns dos portugueses eram praticantes de
artes marciais, mas não tinham qualquer tipo
de experiência militar, por isso, quando chegaram à Síria, passaram alguns meses em campos
de treino terroristas antes de combaterem.
Deslocavam-se para a Síria num avião que
apanhavam para a Turquia, onde após aterrarem, certas organizações ao serviço do Estado
Islâmico esperavam pelos jihadistas portugueses para os transportar, de carro, até à Síria.
Sabe-se que, pelo menos, um dos emigrantes portugueses morreu no Iraque, num ataque suicida,
a 22 de maio, e que outro terrorista português,
algarvio, ficou ferido com gravidade nas pernas.
Para conter o regresso dos combatentes
portugueses nas fileiras do EI, levantou-se
a hipótese de apreender os passaportes
ou proibir os cidadãos suspeitos de viajar.
Contudo, em Portugal, essas medidas não são
legais. Desta forma, a única alternativa das
autoridades portuguesas, após a identificação
de potenciais jihadistas, é tentar persuadi-los
a não irem para os campos de batalha, expondo os problemas futuros que isso pode causar.
É de forma perigosa que o Estado
Islâmico utiliza os meios mais diversificados para promover a Jihad, nomeadamente através da consulta de sites e
blogues de propaganda e recrutamento.
Tanto na Europa como em Portugal,
assiste-se cada vez mais a um aumento significativo das visualizações desses sites por
parte dos jovens através da propaganda criada
para dilatar a base de seguidores do Califa.
Susana Santos
Texto escrito com o Novo Acordo Ortográfico
ACTUALIDADE
13
Feminismo: O meio é a mensagem?
A recentemente lançada campanha da ONU “He For
She”, da qual é embaixadora a actriz Emma Watson,
veio reavivar a discussão acerca do feminismo e da
luta pela igualdade de direitos entre os géneros. A
intenção da campanha é convidar os homens a participar na discussão, apelando a que se comprometam na luta pela equidade entre os sexos, uma vez
que, como defendeu Emma Watson, não faz sentido procurar uma mudança na sociedade e esperar que apenas metade da população se envolva.
A campanha tem sido bem recebida, mas tem também
sido alvo de várias críticas. Entre os que aclamam a
actuação de Emma Watson, o destaque vai para a
coragem do compromisso que a jovem actriz assume
com uma causa que é geralmente mal acolhida e cujos
defensores (geralmente mulheres) são rapidamente
reduzidos a estereótipos pouco atraentes - e, desta
vez, o mensageiro é reconhecidamente atraente.
Os críticos ocupam-se da discussão da definição
de género e dos estereótipos a ele associados,
apontam o que fica de fora do âmbito de acção,
como as novas questões dos transgéneros, e questionam a falta de definição acerca do que se
espera que seja o papel dos homens na mudança.
EMMA WATSON é embaixadora da
Campanha “He For She”, da ONU
género, a discussão é mais delicada, uma vez que esta
noção foi desenvolvida no âmbito de uma sociedade
patriarcal e a ela estão ligados alguns estereótipos
que predefinem o papel de cada um na sociedade.
O problema não está na definição de género, mas sim
nos papéis que são atribuídos a cada um, que remontam a uma hierarquia patriarcal, na qual o acesso à
vida pública é vedado às mulheres e o domínio da vida
privada as limita às tarefas ligadas à maternidade, como
cuidadoras, perpetuando o seu campo de acção no que
é considerado serem as suas características inatas.
Ainda quanto ao género, as mulheres têm uma noção
de identidade colectiva, enquanto os homens têm uma
noção de identidade individual, isto é, uma mulher é,
antes de mais, uma mulher, e só depois é que é tida como
um indivíduo, enquanto no homem, a condição de homem
é secundária em relação às suas qualidades distintivas.
Em qualquer dos casos, todos se descentram da mensagem da campanha e do seu objectivo, rodando o
foco para questões associadas, gerando ruído, transformando a campanha num espectáculo e reduzindo a
voz de Emma Watson a mais um soundbyte capaz de
gerar receitas nos meios de comunicação social. De
resto, este é sempre o destino dos discursos feministas.
O género tem que ver com o comportamento social
inerente a cada sexo e é, por isso, um conceito que
gera polémica. Se, biologicamente, as diferenças entre
os sexos são perceptíveis, no que toca à definição de
Isto nota-se no papel que a mulher tem na vida pública.
O papel que é dado às mulheres na comunicação social
é o de mulher. As mulheres são apresentadoras, mas
raramente convidadas para os painéis de debate. A
opinião pública é dominada pelos homens, porque é a
eles que a sociedade atribui maior capacidade retórica
e argumentativa, maior credibilidade, ou seja, é aos
homens que os meios de comunicação social dão voz.
A ausência de voz é o mais evidente sinal de que,
na sociedade ocidental em que vivemos, em que o
Direito evoluiu já no sentido de consagrar a igualdade, muito está ainda por fazer. E é essa voz que
Emma Watson ergue, que os mesmos meios de
comunicação social que a ampliam se apressam a
reduzir - reduzindo-a a estereótipos, objectificando-a como uma feminista depilada e bem vestida.
Inês Linhares Dias
ACTUALIDADE
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O mundo está de olhos postos em Hong Kong
Protestos apoiados por estudantes universitários são algo relativamente comum em Hong
Kong. Só que, normalmente, são controlados
pelas forças policiais, até há duas semanas.
O que é preciso saber: há um grupo de estudantes, Occupy Central, que deseja a democracia para Hong Kong. Chama-se a estas ocupações pacíficas Umbrella Revolution, porque os
ativistas protegem-se do gás lacrimogéneo e
pimenta usados pela polícia, com guarda-chuvas.
Já não é a primeira fez que vemos uma revolução
guiada por estudantes, mudar radicalmente o rumo
de um país. Veja-se o caso da Ucrânia e a anexação
da Crimeia pela Russia ou da Primavera Árabe.
No caso chinês, os protestos podem ser um sinal
de que o sistema político Um País, Dois Sistemas
pode não estar a resultar, e de que o país e o chefe
do governo (pró-China) de Hong Kong, Leung
Chun-ying, estão a mudar a sua postura quanto
à agitação civil que se faz sentir. Na semana passada, no dia 8, o governo cancelou as reuniões
que tinha agendado com os protestantes. A razão
dada: convocação, através das redes sociais, de
mais estudantes para protestarem nas ruas e consequente falta de espaço para um diálogo pacífico.
© flickr/Pasu Au Yeung
A ideia principal era criar uma região
administrativa especial com mais representação própria, democracia e liberdade, comparativamente a outras regiões chinesas. Porém,
nenhuma destas liberdades foram explicitamente
definidas no acordo original. Neste momento, há a preocupação de que a China possa
exercer maior poder sobre Hong Kong do que aquilo
que se esperava. É esta a questão que se coloca.
O movimento Occupy Central exige mais autonomia, incluindo eleições democráticas em 2017.
Algo que foi prometido a Hong Kong há 17 anos.
Inversamente, o governo chinês quer que Hong
Kong seja menos autónomo e ter mais controlo sobre as eleições. Recentemente, foi anunciado que os candidatos às próximas eleições
irão ser selecionados pelo governo chinês.
Por outras palavras, as eleições podem decorrer, mas os líderes serão sempre candidatos que o governo chinês quer. Esta é a razão
pela qual o movimento Occupy Central está a
protestar e o porquê de se estar a falar disto agora.
© flickr/Willy AuYeung
Mas podemos perguntar: porque é que o
governo está a atuar de um modo mais
agressivo agora e o que se passa ao certo?
Hong Kong foi uma colónia inglesa até
1997, quando foi devolvida aos chineses.
Porém, este não é o único problema. Em
1989, o governo massacrou os protestantes
pró-democráticos, durante uma manifestação
pacífica em Beijing (Massacre de Tiananmen).
ACTUALIDADE
15
© flickr/Pasu Au Yeung
As pessoas em Hong Kong já viram o quão
antidemocrático e agressivo o governo chinês
consegue ser. Muitos receiam que, com as
próximas eleições, Hong Kong possa perder a
sua condição de região administrativa especial.
Além disso, as pessoas estão divididas.
Enquanto uns querem manter a independência
da região, outros defendem que Hong Kong
deve fazer concessões à China, para evitar o
conflito.
O mundo fica atento para saber o que vai
acontecer, sem saber o que esperar de uma
das maiores potências a nível mundial. Fica-se
agora sem saber, ao certo, como é que se vai
colocar um fim a esta situação, não havendo
uma solução na agenda política.
Manuel Cavazza e Mariana Fidalgo
Texto escrito com o Novo Acordo Ortográfico
ECONOMIA
Salário mínimo aumenta mas economia portuguesa não avança
No dia 1 de Outubro foi declarado o aumento do salário
mínimo nacional para 505 euros, sendo que na Madeira
e nos Açores subiu para 515.10 euros e 530.25 euros,
respectivamente.
Em contrapartida, o governo respondeu que o novo salário
mínimo será uma “evolução da economia, da situação do
mercado de emprego e do custo de vida”, e a UGT que terá
“um grande impacto no rendimento de muitos portugueses”.
A medida, previamente recusada por Bruxelas, uma vez
que se temia o recuo da economia portuguesa após três
anos sob a alçada Troika, provoca um aumento de cerca
de 20 euros no salário mínimo, considerado congelado
desde 2011.
Deste modo, o novo salário tem como grande objectivo melhorar a vida dos portugueses, que desde 2011
têm sido forçados a enfrentar medidas rigorosas que
afastaram Portugal dos mercados. Dando mais poder de
compra ao vulgar português, pode melhorar-se a economia nacional que, actualmente, estagnada.
Esta reforma vai atingir 20 mil funcionários que tenham
sido contratados desde Maio de 2014, ou aqueles que
nos primeiros oito meses deste ano receberam, pelo
menos, um salário mínimo e cujas entidades empregadoras de direito privado tenham uma situação contributiva
regularizada. O novo salário mínimo também estará em
vigor durante 15 meses, até ao último mês de 2015 e a
produtividade será o factor fundamental para a sua possível continuação. Para que este aumento seja possível,
a taxa social única paga pelas empresas irá ganhar um
desconto de 0,75%, o Estado contribuirá com 15% e o
orçamento da Segurança Nacional irá fornecer 85% do
acréscimo do salário mínimo.
O acordo foi assinado por entidades do governo, a
União Geral de Trabalhadores (UGT) e confederações
patronais, mas a Confederação Geral dos Trabalhadores
Portugueses (CGTP) apresentou-se contra a medida,
afirmando que o aumento é “insuficiente” e que se trata
do “desrespeito pelos princípios da negociação e do diálogo”.
Porém, internacionalmente, ao declarar uma possível
diminuição do desemprego no país e ao acreditar num
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1%, fazendo ainda uma previsão de 1,5% para o próximo ano, o
FMI não impede que agências de rating como a Fitch
classifiquem Portugal como “lixo económico”.
Ainda considerando o ano de 2015, é importante informar que este é o ano em que Portugal começa a pagar
dívidas à Troika - sendo o primeiro pagamento de 500
milhões de euros -, e também o ano em que terá de saldar
o défice orçamental com 4,3 mil milhões de euros.
Sendo assim, é possível testemunhar a vontade de
fomentar a economia nacional por parte do governo,
através da medida do aumento do salário mínimo nacional.
Madalena Gil
ACTUALIDADE
16
TECNOLOGIA
O novo iPhone lançado no meio de polémica
O iPhone 6 é o mais recente smartphone da Apple,
lançado no passado mês de setembro, com uma
nova versão de um iPhone com ecrã maior, o iPhone
6 PLUS.
É o maior aparelho Apple, com um ecrã retina
maior e mais fino, disponível em três cores: prateado, dourado e cinza.
O seu design é mais elegante, um pouco
arredondado nos cantos, e o seu botão de desbloqueio deixou de estar em cima e passou a estar do
lado direito do dispositivo. Em termos tecnológicos,
foram introduzidas bastantes melhorias relativamente aos modelos anteriores, mostrando que a
Apple não para de inovar, mesmo depois da morte
do seu Presidente e Diretor Executivo, Steve Jobs.
Muitas são as polémicas que têm surgido em
torno deste novo aparelho. Uma delas prende-se
com o facto de o aspeto do telemóvel se parecer
com o de um Samsung, marca que, por tradição, é
a sua grande “rival”.
Recentemente, saiu um novo anúncio da
Samsung, nomeadamente, do Galaxy Note 4, criticando a Apple por ter “copiado” o seu modelo, inclusive pode ler-se num dos títulos “a verdade dói, fãs
da Apple: vocês podem agradecer à Samsung pelos
vossos novos iPhones de ecrã grande”.
da Apple?” Não, pois Jobs era perfecionista e não
deixaria que isto acontecesse. No entanto, a
Consumer Reports, uma organização e revista indeMuitos são também aqueles que dizem que pendente dos Estados Unidos da América, realeste novo modelo de iPhone saiu dos contornos izou um teste de alta precisão e demonstrou que
estabelecidos por Steve Jobs, que afirmava que o o iPhone 6 é mais resistente a dobrar do que as
tamanho ideal para o ecrã é o do iPhone 4, onde críticas fizeram parecer.
o dedo consegue chegar a todos os cantos do
telemóvel, e que “no one is going to buy a big phone”.
Críticas à parte, a maioria dos utilizadores Apple
E, novamente, a Samsung aproveitou-se dessa está satisfeita com este novo modelo, tecendo baspolémica frase do grande executivo da famosa tantes críticas positivas. Apesar de terem estado
maçã, e lançou uma imagem a criticar a Apple com envoltos em todas estas polémicas, o iPhone 6 e o
a seguinte frase: “‘No one is going to buy a big phone’, iPhone 6 PLUS alcançaram um recorde de vendas da
guess who surprised themselves and changed their Apple em apenas 30 dias e continuarão a conquistar
milhares de pessoas.
minds”.
Outra das críticas feitas a este novo dispositivo
Apple é o facto de ter sido afirmado por vários
utilizadores que o iPhone 6 PLUS se dobra com
facilidade ao ser colocado no bolso, o que levou
à derradeira questão: “Isto aconteceria se Steve
Jobs estivesse vivo e de boa saúde, no comando
Joana Pires Roque
Texto escrito com o Novo Acordo Ortográfico
OPINIÃO
17
Actualidade
O problema não é o Ébola - é a distância a que vivemos uns dos
outros
Informações fornecidas pela Organização
Mundial de Saúde indicam que o número
de mortes provocadas pelo ébola ultrapassa
as 4.000. O caso específico da auxiliar de
enfermagem espanhola contagiada, Teresa
Romero, tem sido notícia constante em
Espanha, de onde escrevo.
O vírus matou mais de 4.000 pessoas.
As estatísticas incluem os missionários que
morreram em Espanha e uma vítima nos
EUA. As restantes vítimas pertencem a
países subdesenvolvidos: Libéria, Serra Leoa,
Guiné–Conacri e Nigéria.
Até ao diagnóstico dos dois missionários
contagiados, o vírus parecia não constituir
um problema na Europa. Havia pessoas que
morriam desta doença, porém, o problema
estava longe. Agora é diferente. Chegou,
sem mais, nem menos. Nem deu tempo para
as mentes verdadeiramente desenvolvidas
desenvolverem uma cura, uma vacina.
Tememos o pior. E protestamos por tudo.
Manifestamos indignação porque a enfermeira
não tomou os cuidados necessários e, pior do
que tudo isto, o cão da enfermeira foi abatido.
“Havia
morriam
pessoas
desta
que
doença,
porém, o problema, estava
longe. Agora é diferente.”
O cão da enfermeira foi abatido pela
possibilidade de ter contraído a doença e
constituir, portanto, um perigo para os seres
humanos. E reivindicam-se os direitos dos
animais. Onde estávamos quando era preciso
reivindicar os direitos dos milhares de pessoas
que morreram, e continuam a morrer, nos
países
subdesenvolvidos
anteriormente
mencionados?
“Lembra que temos de viver
uns para os outros e não só
para uns ou só para outros.”
O problema não é o ébola. O problema
é a distância a que vivemos uns dos outros.
Distanciamo-nos dos problemas alheios.
Que países desenvolvidos temos, se não
desenvolvemos a compaixão?
O vírus chega à Europa e lembra que
estamos todos no mesmo barco. Lembra que
temos de viver uns para os outros e não só para
uns ou só para outros (cliché). Antes do cão da
enfermeira, morreram milhares de pessoas e
ninguém deu conta. Ninguém reivindicou os
direitos humanos. A comunicação social não
lhes deu a devida importância.
O problema estava longe de ser próximo.
Agora que chegou à Europa, creio que estamos
mais próximos do que aquilo que pensamos.
Porém, tristemente, distantes.
Michelle Tomás
OPINIÃO
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A Miúda do Blazer Rosa
Lifestyle
O Primeiro
Quando me convidaram para escrever no
jornal da faculdade, delirei. É verdade que já
tinha escrito para o jornal da minha escola
secundária, mas era uma coluna tão pequena,
tão minúscula, que quase não se via. Dizia para
lá umas coisas que achava interessantes, ouvia
bocas dos colegas, e a coisa não passava disso.
Ah, mas como sinto falta desse tempo!
Gosto de moda e, quase de certeza, vou
‘atirar uns bitaites’ sobre o que gosto ou não
gosto nessa área. Gosto de cinema e séries, e
é bem provável que, se ‘aquela’ personagem
desaparecer, eu me vingue e escreva tudo aqui.
Gosto de comer, quem não gosta? Gosto de...
Agora era diferente. Agora podia escrever Adoro viajar! Se no decorrer deste ano for, um
a sério. Comecei a pensar em temas, ideias dia que seja, ali à Serra dos Candeeiros, podem
e títulos. Já sabia como havia de começar a ter a certeza que de que o vão saber.
escrever, e já tinha ideias para as restantes
“Deram-me total liberdade, é
edições… Mas, uma vez sentada ao computador,
o cenário mudou de figura. O cursor piscava, as
certo, e eu adoro escrever sobre
ideias iam-se…
Deram-me total liberdade, é certo, e eu
adoro escrever sobre o que me apetece, mas e
agora? Agora escrevo sobre o quê? O tempo?
O que fiz ontem? Escrevo sobre um tema sem
qualquer relevância para a sociedade, ou é
esperado que fale de economia e política? Pois
bem, é o meu espaço e se quiser falar da cor dos
guarda-chuvas que se passeiam na Baixa Chiado,
falo. E pronto. Essencialmente, neste espaço
vou falar de tudo, e às vezes de nada.
“Agora era diferente. Agora
podia
escrever
a
sério.”
Por ser o primeiro, e por me darem a tão
esperada liberdade, este texto será um pouco
diferente dos restantes. Como é o primeiro,
quero apresentar-me. É certo que aparecerá
uma mini-foto com a minha linda cara, mas
quero ir além disso.
Ora, chamo-me Mariana e estou no terceiro
ano de Comunicação Social e Cultural (não me
perguntem como cá cheguei porque também
não vos sei dizer). Tenho um blogue, ou uma
barraca blogosférica, como gosto de lhe chamar,
e, portanto, encaro esta coluna quase como um
seguimento do trabalho que desenvolvo.
o que me apetece, mas e agora?”
Esta será, portanto, uma coluna sobre tudo,
sobre mim, sobre nada, sempre com aquele
meu tom irónico, que adoro! Já ganhei tanta
afeição a este meu cantinho que, de agora
em diante, chamá-lo-ei “barraca em papel”.
Sejam bem-vindos!
Mariana Leão Costa
araparigadoblazerrosa.wordpress.com
19
CULTURA
Tiqui-taca do Desporto
Desporto
Não haverá outro Igual
Nesta inédita coluna de desporto, prometo
“assisti-lo” com opiniões, destaques e comentários,
para uma “finalização” perfeita. Tudo numa
exclusiva visão feminina de cada assunto.
Para a primeira edição de desporto, pensei em
vários temas que pudesse abordar como primeiro
tema. Cheguei à conclusão de que só poderia
começar a escrever esta coluna sobre alguém
que representa bem todo o desporto: Cristiano
Ronaldo.
Se mantiver o ritmo
alucinante de golos,
poderá chegar ao final
desta temporada com
80 golos marcados.
Na história dos maiores
goleadores do Real Madrid, Raúl encabeça a lista
com 323 golos. Neste momento, Cristiano Ronaldo
precisa de 51 golos para superar o ex-capitão do
Real e tornar-se o maior goleador da história do
clube espanhol e, quem sabe, conjuntamente da
liga espanhola. Finalmente, na temporada passada
tornou-se o único jogador da história da Liga dos
Campeões a marcar 17 golos numa só edição.
Todos estes golos se convertem facilmente
em parte fulcral dos títulos conquistados pelo
português: três Ligas Inglesas, duas Taças da Liga,
uma Taça de Inglaterra, duas Supertaças Inglesas,
duas Ligas dos Campeões, um Mundial de Clubes,
duas Taças do Rei, uma Liga Espanhola e uma
Supertaça de Espanha.
Desde 2001, ano em que se afirmou no
Sporting, até à presente data, Ronaldo conta com
447 golos em 699 jogos na sua carreira. Cinco
apontados pelo Sporting, 118 pelo Manchester
United, 273 pelo Real Madrid e 51 pela Seleção
Portuguesa, tornando-se o melhor marcador de
sempre de Portugal.
É no Real Madrid que mantém a melhor média.
Assinou pelos “blancos” em 2009 e em 6 temporadas
completou 26 dos 29 hat-tricks na carreira. Com
este feito, alcançou o pódio na lista de jogadores
com mais hat-tricks no campeonato espanhol: 1º
Cristiano Ronaldo- 22 em 6 temporadas; 2º Di
Stéfano- 22 em 13 temporadas; 3º Telmo Zarra22 em 15 temporadas.
No campeonato espanhol, em 173 jogos,
marcou 193 golos. Na sua melhor temporada
(2011-2012) pelos “merengues”, alcançou 60 golos
em 55 jogos, obtendo uma média de 1,09 por jogo.
Na atual temporada, só na Liga Espanhola, em 8
jornadas marcou 16 golos, quebrando um recorde
de 71 anos que pertencia a Esteban Echevarría.
Em prémios individuais, os seus maiores
feitos aconteceram em 2008 e 2013, anos em
que recebeu a Bola de Ouro da FIFA, prémio que
distingue o Melhor Jogador do Mundo. Prémio
que, injustamente, não lhe foi atribuído em 2012,
de acordo com as estatísticas e com as regras da
própria instituição.
Talvez por essa injustiça e “apimentado” pelas
polémicas declarações de Joseph Blatter, o craque
português recebeu o prémio de 2013 em lágrimas
e, desde aí, não parou de se superar a si próprio e a
todos os outros que o rodeiam no mundo do
desporto.
A verdade é que podemos estar a viver a
época do melhor jogador da história do futebol e,
adivinhem, é português.
Destaques:
A Seleção Nacional de sub-20 de hóquei em patins
conquistou, em Valongo, o quarto título europeu
consecutivo, ao vencer a Espanha por 3-2.
O Benfica conquistou a Supertaça de voleibol pelo
quarto ano consecutivo, após vencer o Castêlo da
Maia, por 3-0, em Coimbra.
Daniela Ribeiro de Brito
danielar-footballmagazine.blogspot.pt
Texto escrito com o Novo Acordo Ortográfico
CULTURA
20
O Cabide
Moda
Desfile da Chanel e statement sobre o Feminismo
Antes de mais, sejam bem-vindos! Apesar
de inexperiente no campo da escrita, a
minha paixão pela moda levou-me a aceitar
este desafio. A directora criativa da Vogue
americana, Anna Wintour, afirma que “there’s
something about fashion that can make people
very nervous.” Por isso, com esta coluna,
pretendo desmistificar e analisar criticamente
esta indústria.
Após esta poderosa declaração por parte da
marca, eu questiono: não será uma contradição?
A pretensão desta manifestação é defender
os direitos das mulheres, mas não estará ela a
perpetuar o estereótipo de beleza ocidental?
Acredito que o objectivo da marca era
intervir socialmente, mas foram opostos os
efeitos do desfile, que apenas serviu para
Na última edição da Semana da Moda reafirmar os padrões de beleza estritos e
Parisiense, a Chanel apresentou a sua nova idióticos em que a nossa sociedade assenta.
colecção Primavera/Verão 2015. A casa de
Todas as mulheres são influenciadas por
moda inspirou-se no tão divulgado street style,
este
tipo de mensagem e uma marca com uma
modernizando as suas criações clássicas e
adaptando-as a um público-alvo mais jovem dimensão e visibilidade tão elevadas poderia
e mais exigente, um inteligente golpe de fazer a diferença na indústria da moda.
marketing que colocará as peças da colecção a
serem usadas por todas as bloggers do planeta.
Se as grandes casas da moda apostassem
Na sequência desta colecção, o Grand Palais foi numa variedade de mulheres, seria o início
transformado na “Boulevard Chanel”, onde as de uma revolução de mentalidades. O sexo
modelos envergaram os mais recentes looks. feminino seria libertado desta ditadura
redutora da condição da mulher, que muitas
vezes está acorrentada a perspectivas
“Apenas serviu para reafirmar os
irrealistas e pouco saudáveis como sinónimo
padrões de beleza estritos e idióticos de beleza. Modelos caucasianas, altas, magras
e todas bastante semelhantes não são, afinal,
em que a nossa sociedade assenta”
o cliché que já todos estamos cansados de
ver?
Karl Lagerfeld, o director criativo da Chanel,
Catarina Veloso
decidiu terminar o desfile em forma de
protesto, com as modelos a empunhar cartazes
com frases interventivas de carácter ligeiro e
talvez até um pouco cómico - “Tweed is better
than tweet”, “Be your own stylist”, “Make fashion
not war”, “Free freedom”, “Ladies first” - e ainda
a gritar através de megafones: “What do we
want? When do we want it?”.
CULTURA
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Astigmatismo Proficiente
Cinema
Algum dia fomos gente, Yak?
“Ó Paulo Jorge, vem cá ver-me isto”. O Paulinho
não veio. Não sejam como ele.
Não hesito ante obstáculos etimológicos e
escolho acreditar que a palavra “chi-coração”
tem origem na Lucha libre mexicana. Lá,
existiria um wrestler de nome Chico Rázon
cujo signature move seria um abraço muito
apertado com vista ao bloqueio das vias
respiratórias do adversário. Quando este
momento célebre acontecia, os comentadores
gritariam em êxtase: “El Chicorázon”. Assim
nasce a expressão que hoje empregamos
informalmente quando queremos criar
contacto torácico com outro individuo.
Relacionar abraços com actividades varonis
é, por si só, uma stunt gramatical copulativa
perigosa. No entanto, arrisco-me a saltar do
telhado do prédio e afirmo que o duplo de
cinema é o derradeiro homem abraçador. Mais,
é a face oculta e corajosa de um ser bipolar
mariquinhas. Não passa de uma ilusão viva. Um
organismo abscôndito. Existe para entregar
uma performance sob outra identidade. À
semelhança de Chico Rázon, almeja que a sua
prestação culmine num abraço causador da tal
paragem respiratória.
“Mais, é a face oculta e corajosa de um
ser bipolar mariquinhas. Não passa
de uma ilusão viva”
Normalmente, não sou pessoa de apreciar
algo cujo objectivo é envolver (com os
braços ou com uma performance de acção) o
meu corpo. Levei todos ao tapete e a todos
considerei frívolos. Todavia, com Stagecoach
de John Ford, arrisquei demais e fui derrotado.
Além da falta de ar, a perseguição de oito
minutos provocou arritmia cardíaca, pele de
galinha e levou-me mesmo a bater com a mão
três vezes no chão em sinal de desistência. O
vencedor? Yakima Canutt.
Enos
Canutt
(masculinizado
pelos
média de Yakima) iniciase no cinema como protagonista de western
mudos, como Romance and Rustlers e Ridin’
Mad. Com o advento dos talkies, Canutt viria
a encontrar o único óbice que não conseguiu
superar: a sua própria voz. Yakima saltou,
ultrapassou, desafiou e domou, mas a sua
voz parca em ressonância não o permitiu ter
uma gravação sonora de sucesso. Tal condição
levou o bronco rider a dedicar-se inteiramente
ao emudecimento de duplo.
Yak foi Clark Gable, Henry Fonda, Tyrone
Power, John Carrol e muitos outros grandes
protagonistas das décadas de 30 e 40. (Mais
uma vez escolho acreditar) Apesar de terem
colaborado em dezenas de filmes, apenas por
uma vez Canutt foi John Wayne. Essa ocasião
data de 1932, quando os dois se conhecem em
The Shadow of the Eagle, um cliffhanger onde
Yakima era o stuntman de serviço na estreia
do Duke como protagonista western. O título
preconiza sagazmente o envolvimento futuro.
Muitas das características que normalmente
associamos ao molengão e canastrão Wayne
são, na verdade, fruto de uma intensa e
cuidada observação. Wayne estuda todos
os movimentos e reacções de Yakima e
mimetiza-os nos seus mais icónicos papéis.
Em The Searchers, The Man Who Shot Liberty
Vance e Rio Bravo é já Wayne trajando Yakima.
Wayne não se coaduna com o egoísmo
freudiano e exalta um protagonismo bicéfalo.
A sombra cinematográfica (duplo) passa a
águia (protagonista). Não é beneficência ou
expropriação, mas homenagem. Se Wayne é
ícone, Yakima é etéreo.
É expectável que o currículo do duplo de
cinema seja pautado por resiliência, intrepidez
e indolência, no de Yak lemos: “um dia fomos
gente. Não foi, Duke?”.
João Marques da Silva
CULTURA
22
Inteligência Artificial
Gaming/Internet
Somos Jogadores
Nas palavras da autora Ayn Rand, “arte é a
recriação da realidade segundo os juízos de valor
metafísicos do artista”. Assim sendo, a escrita,
sendo ela arte, não requer nenhum tipo de
prefácio explicativo. A arte simplesmente
“é”, não requer ser explicada, requer ser
interpretada, e tendo em conta que a seguinte
produção escrita vai recorrer principalmente
a juízos de valor, tanto objectivos como
opinativos, deixo nas mãos do leitor a sua livre
interpretação final.
A
grande diferença dos videojogos
em
relação
aos
outros
meios
artísticos é a sua característica activa.
Ver televisão, ver um filme ou ler uma novela,
não requerem, rigorosamente, a participação
do leitor, o que já não se verifica no caso dos
videojogos.
“Cada um de nós é o protagonista,
cada um de nós tem o poder de
Ainda dentro do tema da arte, para o prazer
de alguns e a amargura de outros, os videojogos
escolha: heróis ou vilões, fadas ou
são, efectivamente, considerados uma forma
de expressão artística. Nesta primeira edição
dragões,queiramos ou não, todos
da coluna, não pretendo abordar nenhum título
somos jogadores.”
em específico mas sim proporcionar ao leitor,
familiarizado com o mundo dos videojogos ou
não, os elementos básicos que integram este
Eles, por si só, não são arte, chegando
médium dentro do mundo artístico.
quase ao ponto de, por si só, não existirem.
Sem a existência do leitor, responsável por
O videojogo, da mesma forma que a novela, dirigir a narrativa neste médium, o videojogo
o filme ou, inclusive, a pintura, conta com um simplesmente estagna. Contudo, é esta
elemento característico central: a narrativa. característica que desperta um incrível
Esta pode ser clara e evidente na produção potencial no médium, potencial, esse, que pode
final ou pode surgir do preenchimento de ser utilizado para elevar a história a patamares
espaços em branco nas mãos do leitor. Nesta anteriormente inalcançáveis, apresentando a
segunda instância, o artista deve fornecer as oportunidade de criar, destruir e reconstruir a
ferramentas necessárias para isto acontecer. narrativa.
A chamada “boa arte”, se bem que a
terminologia é subjectiva, propõe apresentar
ambas as partes, isto é, uma narrativa concisa
o suficiente para ter um final definitivo mas
deixando questões abertas para todos os
interessados em respondê-las.
“A grande diferença dos videojogos em
relação aos outros meios artísticos é a
sua característica activa.”
Por isso, proponho aqui, àqueles menos
interessados neste mundo, a não ignorarem
esta potência artística, pois costuma
apresentar a mesma qualidade que outros
meios, com a diferença que cada um de nós
é o protagonista, cada um nós tem o poder da
escolha: heróis ou vilões, fadas ou dragões,
queiramos ou não, todos somos jogadores.
Mitchel Martins Molinos
CULTURA
23
Harmonias e Contrapontos
Música
O reconhecimento da Inquietação
“Is there anybody out there?”
Antes de tudo, quero deixar estabelecidos
certos aspectos sobre esta coluna: este espaço
não vai existir apenas para melómanos – até
porque não me considero um -, mas também
não deverá interessar àqueles que só ouvem
música enquanto estão nos transportes
públicos ou no elevador. É um espaço dedicado
à música e a tudo o que ela implica, de álbuns
a 45s, passando por bandas sonoras e talvez
até sinfonias. Sejam bem-vindos!
“O Prémio Trenco é um prémio
italiano que pretende celebrar a
‘canção de autor’ e os seus autores.”
O que têm em comum nomes como
Caetano Veloso, Sérgio Godinho, Tom Waits,
Jacques Brel, Leonard Cohen ou John Cale?
Para além de serem cantautores de excelência
e senhores da música foram, também, em
tempos, galardoados com o Prémio Tenco.
O Prémio Tenco é um prémio italiano que
pretende celebrar a “canção de autor” e os seus
autores. O prémio tem o nome do compositor
Luigi Tenco e é entregue desde 1974. Este
ano, a distinção coube a José Mário Branco,
músico, poeta, produtor e activista. O artista
estreou-se em disco com o E. P. Seis Cantigas
de Amigo (1967), onde musicou poemas de D.
Dinis e de outros poetas medievais.
Seguiram-se ainda álbuns como Mudam-se
os Tempos, Mudam-se as Vontades (1971), A
Cantiga é uma Arma (com o Grupo de Acção
Cultural, em 1976), A Mãe (musicando a peça
de Bertolt Brecht, em 1978), Ser Solidário
(1982) e Três Cantos, espectáculo ao vivo em
que partilhou o palco com Sérgio Godinho e
Fausto Bordalo Dias. Foi também produtor
de discos icónicos como Cantigas do Maio de
Zeca Afonso ou Pelo Dia Adentro de Camané.
Musicalmente, José Mário Branco sempre
teve um fascínio pela Música Tradicional
Portuguesa, como podemos ouvir no excelente
registo A Mãe – 12 Canções de José Mário
Branco, bem como pela canção de intervenção
que abraçou com o GAC e a solo, no pós-25
de Abril. Foi também um dos grandes cantores
de protesto durante a ditadura, tendo lançado
discos de excelência como Mudam-se os
Tempos, Mudam-se as Vontades (1971), onde
musicou um soneto de Camões. Esta é outra
faceta de José Mário Branco: musicar poetas
portugueses. Desde D. Dinis a Natália Correia,
passando ainda por Alexandre O’Neill.
“A música de José Mário sempre
esteve
fortemente
ligada
a
questões políticas.”
A música de José Mário sempre esteve
fortemente ligada a questões políticas. As suas
primeiras canções valeram-lhe, em 1963, o
exílio em França, onde participou nas revoltas
estudantis do Maio de 68, em Paris. Voltou a
Portugal, em 1974, fundou o GAC, com o qual
andou pelo país a cantar as suas músicas de
intervenção e, mais tarde, edita o maxi-single
“FMI”, no qual reflecte não só na intervenção
do Fundo Monetário Internacional, bem como
no porquê de Portugal “ter sido derrotado”.
Sobre si próprio, contava em 1982: “sou
português, pequeno burguês de origem, filho
de professores primários, artista de variedades,
compositor popular, aprendiz de feiticeiro, falta
um dente. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do
Porto, muito mais vivo que morto, contai com
isto de mim para cantar e para o resto”.
Diogo Barreto
CULTURA
24
Criticamente Correto
Literatura
Para melhor atender às preferências literárias dos nossos leitores – e
porque os universos feminino e masculino hospedam uma infinidade
de complexidades próprias –, a coluna sobre literatura passará a ter um
redactor e uma redactora, que alternarão entre a produção de conteúdo
e a crítica literária.
Só mais um começo...
Decidi embarcar nesta aventura porque
acredito na missão de um jornal independente da
nossa faculdade, acredito que a melhor forma de
desenvolvermos as nossas competências como
comunicadores é comunicando e tenho orgulho
em juntar-me a um grupo de pessoas que não teve
medo de tentar elevar o estatuto de um jornal
que passava despercebido pela grande maioria
da comunidade escolar. Por estas razões, mais
uma vez, nesta coluna, agradeço a oportunidade e
espero que os que por aqui agora passam os olhos
se interessem pelo que eu e todos os meus colegas
escrevemos e que dêem valor a estas páginas; não
como um projecto de vaidade, mas sim de amor e
paixão pela comunidade académica, pela escrita e,
sobretudo, pelo jornalismo.
Nestas poucas linhas de que disponho,
proponho-me a uma simples actividade, a de vos
interessar (a vós, caros leitores) em romances que
me apaixonaram ou que se enquadram no que o
meu código moral considera importante. Porém,
uma coisa é certa: quero estabelecer, em toda a
honestidade para convosco, que não irei guiar-me
ou tentar recomendar/criticar obras canónicas ou
monstros sagrados da literatura. Para isso, já muitos
antes de mim e muito mais inteligentes o fizeram, à
distância de um clique, ou de um ensaio.
Este será sempre, enquanto for meu, um espaço
para trazer à luz alguns dos diamantes preciosos que
vou encontrando pelo caminho das minhas leituras,
os meus amores secretos, os meus tesouros secretos.
Por fim, a minha última grande ambição: que um
de vós se apaixone por um destes livros. Caso o
façam, ficarei agradecido e honrado por vos ter,
por momentos, convencido de algo através destas
palavras. Para não fugir à premissa, e também para
tentar, desde logo, despertar a vossa curiosidade,
venho recomendar, neste Outubro, um clássico
russo que escassas vezes vejo receber a atenção
que merece: A Margarita e o Mestre, de Mikhail
Bulgákov (algumas vezes intitulado O Mestre e a
Margarida).
Para alguns, uma história de amor; para outros,
um ataque à desumanização da União Soviética;
para outros ainda, um livro espiritual construído
sobre a mitologia cristã.
A obra é, na minha opinião, um épico fiado com
temáticas universais, personagens maiores que a
vida e um sentimento épico numa ode à liberdade
de espírito contra um mundo cada vez mais
construído sobre as regras dos homens.
Movendo-se entre a União Soviética e Jerusalém,
entre Wolland (o Diabo em disfarce) e o seu grupo
de demónios, Pôncio Pilatos, o quinto Procurador
da Judeia, e Margarita, a amante do titular mestre,
o romance procura sempre mostrar que de Deus
e do Diabo todos nós temos um pouco e, embora
este seja um romance na sua base cristão, mostra
e reforça uma mensagem de dualidade em tudo na
vida.
Este é, para todos os efeitos, um poderoso e
encantador romance, onde a magia e espiritualidade,
sátira e elogio, religião e ideologia, se misturam,
criando um épico do século XX.
Pedro Pereira
O que não dizem os teus olhos?
Perguntas-me o que quero.
Quero saber-te, não percebes?
O que não dizem os teus olhos?
O que pensa a tua razão?
O que sente o teu coração?
Dizem-te, como me dizem a mim,
Que precisas de gostar de ti
Para poderes gostar dos outros.
Mas para gostares de ti,
Tens de te saber, não é?
- A linguagem é traiçoeira.
- Pois é. Então mostra-te. Mostra-me.
Mostra-te-me.
Como podes saber o que quero
Se o que posso querer não se diz? Não
se mostra?
Será que te sabes?
Sabe-te, por favor.
Sabe-te comigo. Não guardes.
Só assim me saberei em ti.
Só assim te saberei em mim.
E quero muito saber-te.
Joana Cavaleiro
CULTURA
25
Reportagem Fotográfica
Moda Lisboa - 2014
Nos dias 10, 11 e 12 de Outubro, realizou-se
mais uma edição da Moda Lisboa, no Pátio da
Galé, onde 15 criadores nacionais e um criador
estrangeiro convidado apresentaram as suas
colecções Primavera/Verão 2015.
Moda Lisboa Legacy foi o tema escolhido
para dar vida à 43.ª edição do evento, que
assentou nas premissas do conhecimento, cultura, responsabilidade, história e criatividade
passadas como tradição.
De acordo com a Associação Moda Lisboa, “a
reconstrução não pressupõe esquecimento. Porque
a história ninguém nos tira e o futuro a nós pertence.
Mas o maior desafio é sempre recriar o presente.”
O evento iniciou-se com o desfile da plataforma Sangue Novo, que visa dar visibilidade
a jovens talentos recém-formados e a novas
marcas e que contou com a participação de dez
novos criadores portugueses, incluindo Catarina Oliveira, Banda, Rua 148 e Olga Noronha.
É possível destacar a designer Alexandra
Moura, que apresentou a sua colecção
Inverter com base na dualidade dos conceitos
construção e desconstrução. A criadora
deu especial atenção ao detalhe, utilizando
materiais como o neopreno, o algodão e
a ganga. Os modelos foram calçados pela
marca de sapatos portuguesa Goldmud, que
se associou a Alexandra Moura e criou uma
colecção especial de sapatos que poderá ser
encontrada no site da marca.
Abdel Tavares
No segundo dia de Moda Lisboa, o designer
polaco convidado Michal Szulc mostrou a
colecção The Past, que revive memórias da
moda polaca dos anos sessenta. O artista
inspirou-se em tapetes, imagens de veados e
vasos de cristal para criar uma colecção que
conjuga proporções justas e exageradas em
tons de branco e bege.
Gone Monteiro
CULTURA
26
O criador Miguel Vieira apresentou duas
colecções separadas, uma para mulher e outra
para homem. A primeira, apelidada de Uma
Nova Essência, deu destaque à simplicidade e
descontracção, em oposição à excentricidade
e ao excesso que caracterizam a sociedade
actual. O criador pegou em elementos da
roupa de desporto e transportou-os para
o dia-a-dia da mulher em looks minimais. A
colecção de homem, Semi-tradicional, é uma
modernização da alfaiataria pelo recurso a
silhuetas contemporâneas e tecidos arrojados.
No último dia da Moda Lisboa, apontamos
a colecção do criador Valentim Quaresma.
Denomina-se Illusion, é baseada na capacidade
de várias espécies de se adaptarem ao meio
que as rodeia e concretiza-se em padrões
de inspiração réptil criados com materiais
tecnológicos. Os materiais utilizados foram
o cobre, o latão e o vidro, e o calçado foi
disponibilizado pela marca Fly London.
Miguel Veiga
Para além dos desfiles, foi ainda possível
visitar a pop-up store Wonder Room – que
contou com marcas portuguesas emergentes
como Bainha de Copas, Cardume, Daniela
Ponto Final, D’Ornellas Boots, Goldmud, Inês
Telles, Morecco, Pura Cal, Skog Eyewear, Tiled
ou Wasted Rita – e a exposição de fotografia
Workstation – com trabalhos de Armando
Cabral, Carla Pires, Pedro Duarte Jorge e
Ricardo Santos.
A acompanhar os desfiles, merece também
destaque o street style, ou seja, o estilo
individual de cada um, sem qualquer relação
com marcas ou tendências estipuladas por
desfiles ou revistas de moda. O street style da
Moda Lisboa é caracterizado maioritariamente
por looks arrojados, pensados ao pormenor mais
rigoroso. O evento é, de resto, a oportunidade
perfeita para arriscar e ser criativo, optando
por um conjunto diferente daquele que “veste”
o dia-a-dia.
Catarina Veloso
João Barriga
CULTURA
27
Playlist
“CantAutores e as Canções”
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
Woody Guthrie – This Land Is Your Land
Bob Dylan – Positively 4th Street
Leonard Cohen – Famous Blue Raincoat
Joni Mitchell – River
Tom Waits – Martha
David Bowie – Rock N’ Roll Suicide
Zeca Afonso – Era um Redondo Vocábulo
Nick Drake – Pink Moon
Rodriguez – Crucify Your Mind
Patti Smith – Horses
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
Caetano Veloso – Terra
Nick Cave – Mercy Seat
Elliot Smith – Everything Reminds Me of Her
Tori Amos - Crucify
Sufjan Stevens – The Giant of Illinois
Thanasis Papakonstantinou – Loco-Motivo
Bon Iver – The Wolves (Act I & II)
Samuel Úria – Lenço Enxuto
Devendra Banhart - Canela
Rodrigo Amarante – Irene
AGENDA CULTURAL
Concertos:
6 de Novembro, quinta-feira - Jorge Palma no CCB, apresenta o seu disco “Bairro do Amor”, pelo Misty
Fest;
8 de Novembro, sábado - Gil Gilberto no CCB, tocará a solo;
11 de Novembro, terça-feira - Kronos Quartet na Fundação Calouste Gulbenkian, a tocarem músicas de
Sigur Rós, Laurie Anderson, Richard Wagner, Astor Piazzolla, entre outros;
13 de Novembro, quinta-feira - Brit Floyd no MEO Arena;
16 de Novembro, domingo - Bonnie “Prince” Billy no Teatro São Luís.
Eventos:
A partir de 14 de Outubro - Bryan Adams Exposed - Exposição de Fotografia, Centro Cultural de Cascais;
29 de Outubro a 09 de Novembro - Amadora BD, Fórum Luís de Camões - Brandoa;
6 a 9 de Novembro - Lisboa Games Week, FIL - Parque das Nações;
7 a 16 de Novembro - Lisbon & Estoril Film Festival;
15 de Novembro - Matinée “Casa para Pássaros” do Projecto Pernas de Alicate, Adamastor Studios.
Livros:
Lista de “One Hit Wonders”
“Catch 22”, de Joseph Heller;
“To Kill A Mockingbird”, de Harper Lee;
“O Monte dos Vendavais”, de Emily Bronte;
“A Insustentável Leveza do Ser”, de Milan Kundera;
“Paradise Lost”, de John Milton.
Filmes:
“Em Parte Incerta” (Gone Girl), de David Fincher;
“Frank”, de Lenny Abrahason;
“Fado Camané”, de Bruno de Almeida;
“O Quarto Azul” (La Chambre Bleue), de Mathieu Amalric;
“Interstellar”, de Christopher Nolan.
Jogos:
Sid Meier’s Civilization: Beyond Earth (PC);
The Evil Within (PC, PS3, PS4, Xbox360, XboxOne);
Middle-Earth: Shadows of Mordor (PC, PS3, PS4, Xbox360, XboxOne);
Bayonetta 2 (WiiU);
Fantasia: Music Evolved (Xbox360, XboxOne).
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