UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
FERNANDO PEREIRA MACHADO
GESTÃO E ANÁLISE DE RISCO DE CRÉDITO COM FOCO EM
EMPRESAS DE MICRO E PEQUENO PORTE EM UMA
COOPERATIVA DE CRÉDITO
CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2010
FERNANDO PEREIRA MACHADO
GESTÃO E ANÁLISE DE RISCO DE CRÉDITO COM FOCO EM
EMPRESAS DE MICRO E PEQUENO PORTE EM UMA
COOPERATIVA DE CRÉDITO
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado
para obtenção do grau de bacharel em
Ciências Contábeis, no curso de Ciências
Contábeis da Universidade do Extremo Sul
Catarinense – UNESC.
Orientador: Prof. Angelo Natal Périco
CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2010
2
FERNANDO PEREIRA MACHADO
GESTÃO E ANÁLISE DE RISCO DE CRÉDITO COM FOCO EM
EMPRESAS DE MICRO E PEQUENO PORTE EM UMA
COOPERATIVA DE CRÉDITO
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela
Banca Examinadora para obtenção do Grau de
bacharel em Ciências Contábeis, no Curso de
Ciências Contábeis da Universidade do
Extremo Sul Catarinense – UNESC.
Criciúma, 09 de dezembro de 2010.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Prof. Angelo Natal Périco – Orientador
_____________________________________________
Prof. Milla Lucia Ferreira Guimarães – Examinador 1
_____________________________________________
Prof. Clayton Schueroff – Examinador 2
3
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, que
é razão do nosso existir, aos meus pais, pela
confiança e amor depositado em mim, aos meus
familiares, aos meus amigos, e por fim aos meus
professores.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por tudo que tem me proporcionado,
pelos momentos bons, pela presença nos momentos difíceis e pelo dom divino da
vida.
Agradeço aos meus pais, que sempre tiveram ao meu lado, dando apoio,
amor, carinho e sobre tudo lições de caráter e exemplo de vida. Tenho muito orgulho
em ser filho de vocês.
Agradeço aos meus familiares, em especial minha irmã, tão presente em
minha criação. Aos meus amigos, sempre ao meu lado. A empresa pesquisada, à
qual tenho orgulho de fazer parte do quadro de trabalhadores e ao meu orientador
pela paciência e apoio na elaboração deste trabalho.
5
“Se tu podes Crer, tudo é
possível ao que crê”.
Autor: Evangelho Marcos, 9:23.
6
RESUMO
MACHADO, Fernando Pereira. Gestão e Análise de Risco de Crédito para
Empresas de Micro e Pequeno Porte em uma Cooperativa de Crédito. 2010, 81
p. Orientador Angelo Natal Périco. Trabalho de Conclusão de Curso, do curso de
Ciências Contábeis, da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC.
Criciúma – SC.
O principal objetivo das instituições financeiras é realizar o processo de
intermediação financeira, ou seja, captar recursos junto aos agentes em situação
financeira superavitária e emprestar esses recursos aos agentes em situação
financeira deficitária. Desse modo, este trabalho, visa apresentar um estudo sobre o
funcionamento do processo de gestão e análise de risco de crédito para micro e
pequenas empresas em uma cooperativa de crédito. Para tal objetivo, desenvolveuse uma pesquisa bibliográfica, com intuito de elucidar o presente tema com as
opiniões de diversos autores consagrados, e também, se fez uso de um questionário
com 23 questões, aplicado aos gerentes de negócios de uma cooperativa de crédito
localizada em Criciúma – SC, com o objetivo de identificar o perfil do profissional de
crédito na instituição citada. Comparando-se à pesquisa bibliográfica com o
levantamento de dados efetuado através do questionário, pode-se detectar
fragilidades no processo decisório de crédito da referida instituição, como, a falta de
educação continuada dos profissionais, equipe jovem e pouco experiente, falta de
conhecimento técnico sobre conceitos importantes referente ao processo de crédito
entre outros fatores. Em posse dessas informações, buscou-se sugerir melhorias no
processo decisório de crédito, com intuito de extinguir as fragilidades encontradas na
presente pesquisa.
Palavras-chave: Crédito; Gestão; Análise de Crédito; Intermediação Financeira;
Risco de Crédito; Garantias
7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura nº 1 – Estrutura do SFN .....................................................................................18
Quadro nº 1 – Equação Liquidez Corrente....................................................................33
Quadro nº 2 – Equação Liquidez Seca..........................................................................34
Quadro nº 3 – Equação Liquidez Geral .........................................................................35
Quadro nº 4 – Equação Participação de Capital de Terceiros ......................................35
Quadro nº 5 – Classificação Porte Empresas ...............................................................47
Gráfico nº 1 – Sexo do Censo .......................................................................................50
Gráfico nº 2 – Faixa Etária do Censo ............................................................................51
Gráfico nº 3 – Estado Civil do Censo ............................................................................52
Gráfico nº 4 – Escolaridade do Censo...........................................................................52
Gráfico nº 5 – Estudando Atualmente ...........................................................................53
Gráfico nº 6 – Há Quanto Tempo Trabalha no Mercado Financeiro .............................54
Gráfico nº 7 – Há Quanto Tempo Trabalha na Instituição Financeira ...........................55
Gráfico nº 8 – Há Quanto Trabalha como Gerente de Negócios...................................55
Gráfico nº 9 – Finalidade dos Empréstimos ..................................................................56
Gráfico nº 10 – Os “C”s do Crédito................................................................................59
Gráfico nº 11- Visita aos Clientes..................................................................................60
Gráfico nº 12 – Setores de Menor Risco ......................................................................61
Gráfico nº 13 – Setores de Maior Risco ........................................................................62
Gráfico nº 14 – Concessão de Empréstimos de Curto Prazo........................................63
Gráfico nº 15 – Fator Determinante para Aprovação de Desconto de Recebível..........64
Gráfico nº16 – Verificação da Procedência dos Recebíveis Descontados....................65
Gráfico nº 17 – Treinamento Concessão de Crédito .....................................................65
Gráfico nº 18 – Periodicidade Ideal da Atualização Cadastral ......................................66
Gráfico nº 19 – Pesquisa de Restritivos ........................................................................67
Gráfico nº 20 – Fator Mais Importante no Processo de Crédito ....................................68
Gráfico nº 21 – Melhor Garantia ao Conceder Crédito..................................................69
Gráfico nº 22 – Caso Prático de Concessão de Crédito................................................70
Gráfico nº 23 – Certificação da Correta Formalização das Operações .........................71
8
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BACEN – Banco Central do Brasil
BB – Banco do Brasil
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CDI – Certificado de Depósito Interbancário
CFF – Caixa Econômica Federal
CMM – Conselho Monetário Nacional
CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
CVM – Comissão de Valores Mobiliários
FMI – Fundo Monetário Internacional
INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social
SA – Sociedade Anônima
SERASA – Serviço de Assessoria S.A.
SFN – Sistema Financeiro Nacional
SICREDI – Sistema de Cooperativas de Crédito
SPC – Serviço de Proteção ao Crédito
SUMOC – Superintendência da Moeda e do Crédito
TR – Taxa Referencial
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................10
1.1 Tema e Problema...................................................................................................10
1.2 Objetivos ................................................................................................................11
1.3 Justificativa............................................................................................................12
1.4 Metodologia ...........................................................................................................13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................15
2.1 Intermediação Financeira .....................................................................................15
2.1.1 Agentes Superavitários .....................................................................................16
2.2 Sistema Financeiro Nacional................................................................................17
2.2.1 Conselho Monetário Nacional ...........................................................................18
2.2.2 Banco Central do Brasil....................................................................................20
2.2.3 Comissão de Valores Mobiliários .....................................................................21
2.2.4 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ............................21
2.2.5 Instituições Financeiras Captadoras de Depósito à Vista ..............................22
2.2.6 Bancos Comerciais ............................................................................................23
2.2.7 Bancos Múltiplos................................................................................................24
2.2.8 Cooperativas de Crédito ....................................................................................25
2.3 Conceito de Crédito ..............................................................................................26
2.3.1 Política de Crédito ..............................................................................................27
2.4 Análise de Crédito.................................................................................................28
2.4.1 Os “C” do Crédito ..............................................................................................28
2.4.1.1 Caráter..............................................................................................................29
2.4.1.2 Capacidade ......................................................................................................30
2.4.1.3 Capital ..............................................................................................................31
2.4.1.4 Condições ........................................................................................................32
2.4.1.6 Conglomerado .................................................................................................33
2.5 Análise das Demonstrações Contábeis ..............................................................33
2.5.1 Análise Vertical e Horizontal .............................................................................34
2.5.2 Análise Financeira..............................................................................................34
2.5.2.1 Liquidez Corrente ............................................................................................35
2.5.2.2 Liquidez Seca ..................................................................................................36
10
2.5.2.3 Liquidez Geral..................................................................................................36
2.5.2.4 Participação de Capitais de Terceiros...........................................................37
2.6 Garantias de Crédito .............................................................................................37
2.6.1 Garantia Real ......................................................................................................38
2.6.1.1 Alienação Fiduciária........................................................................................38
2.6.1.2 Penhor ..............................................................................................................39
2.6.1.3 Hipoteca ...........................................................................................................39
2.6.2 Garantia Pessoal ou Fidejussória ....................................................................40
2.6.2.1 Aval...................................................................................................................40
2.6.2.2 Fiança ...............................................................................................................41
2.7 Cadastro.................................................................................................................41
2.7.1 Cadastro de Pessoas Jurídicas ........................................................................42
2.7.2 Cadastro dos Dados Contábeis ........................................................................43
2.7.3 Informações Bancárias e Comerciais...............................................................43
2.7.4 Atualização Cadastral ........................................................................................44
2.8 Serasa.....................................................................................................................45
2.8.1 Serviço de Proteção ao Crédito .......................................................................45
2.8.2 Sisbacen..............................................................................................................45
2.8.3 Cadastro Positivo ...............................................................................................46
2.9 Risco de Crédito....................................................................................................46
2.10 Rating de Crédito ................................................................................................47
2.11 Micro e Pequena Empresa..................................................................................48
2.12 Ato e Decisão de Crédito ....................................................................................48
2.13 Cobrança..............................................................................................................49
3 ESTUDO DE CASO ..................................................................................................50
3.1 Empresa Pesquisada ............................................................................................50
3.2 Apresentação dos Resultados .............................................................................51
4 CONCLUSÃO ............................................................................................................71
REFÊNCIAS..................................................................................................................73
APÊNDICE....................................................................................................................74
11
1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo, aborda-se o tema e problema que deram origem ao
presente trabalho de conclusão de curso, bem como os objetivos propostos no
mesmo. Em seguida, serão apresentadas às justificativas para sua elaboração quais
suas contribuições. Por fim pretende evidenciar qual a metodologia utilizada no
desenvolvimento desta monografia.
1.1 Tema e Problema
O crescimento econômico de forma linear é o que todo país procura, mas
para que isso ocorra se faz necessário que uma série de fatores aconteça ao mesmo
tempo, como uma infraestrutura que atenda as necessidades básicas, educação de
boa qualidade, setor empresarial privado forte, setor público transparente e bem
administrado, população capacitada entre outros fatores. Além dos fatores citados
pode-se dizer que o sistema financeiro é extremamente importante para o
desenvolvimento econômico e social, porque um eficiente sistema atenderá as
necessidades de investimento do país, ou seja, proporcionará acesso a meios de
financiamento aos que necessitam de crédito e administrará os recursos dos
agentes com sobras financeiras.
Para que exista um sistema financeiro sólido, transparente e eficiente é
imprescindível que as instituições que dele fazem parte tenham as mesmas
características. As instituições financeiras de certa forma caminham de forma
sincronizada com a economia do país, se a economia vai bem a tendência é que os
intermediadores financeiros também estejam numa boa situação, a recíproca
também é verdadeira. A má administração de uma instituição financeira poderá
afetar diretamente a economia de um país, o Brasil durante anos assistiu a falência
de diversos bancos, coincidência ou não, durante esse período o país viveu uma
profunda estagnação econômica.
Em qualquer empresa um dos pontos chaves para o sucesso é a
qualidade de seu produto, em uma instituição financeira não poderia ser diferente, o
produto no caso de um banco é o recurso que ele capta junto aos agentes com
orçamentos superavitários e os aplicam através de empréstimos aos agentes
12
deficitários, ou seja, aplica os recursos oriundos dos agentes com sobras financeiras
através de empréstimos aos tomadores de crédito. Essa aplicação de recurso
precisa ser muito bem gerida, pois quando se tem o dinheiro de terceiros como
produto se faz necessário um eficiente processo de gestão e análise de risco de
crédito, processo esse que visa maximizar os resultados, garantir a solvência dos
bancos e a credibilidade do sistema financeiro nacional. Antes de uma instituição
financeira conceder um limite de crédito, se faz necessário a análise dos limites
propostos, os riscos inseridos, a situação econômica e financeira do tomador, entre
outros procedimentos que fazem parte da formalística de concessão de crédito em
um banco, é através da aplicabilidade dos procedimentos citados que um
intermediador financeiro busca minimizar os riscos e alavancar seus ganhos, ou
seja, o bom desempenho de um banco está ligado à eficiência do seu processo
decisório de concessão de crédito.
Diante do exposto acima surge a seguinte indagação:
Como funciona o processo decisório de concessão de crédito para
empresas de micro e pequeno porte em uma instituição financeira privada?
1.2 Objetivos da Pesquisa
Esta pesquisa tem como objetivo geral conhecer o funcionamento do
processo de gestão e análise de risco de crédito para empresas de micro e pequeno
porte em uma instituição financeira privada.
Os objetivos específicos consistem em:
•
Conhecer os cuidados necessários à formalização do crédito;
•
Pesquisar, na literatura, conceitos e procedimentos utilizados pelas
instituições financeiras, para reduzir os riscos na concessão de crédito;
•
Estudar as garantias de crédito;
•
Levantar possíveis fragilidades na operacionalização do processo decisório
de crédito;
13
•
Identificar as características dos operadores de crédito da instituição objeto de
pesquisa;
.
1.3 Justificativa
Um dos principais elementos para uma evolução econômica sólida,
sustentável e segura, é um bom sistema financeiro, ou seja, um sistema que tenha a
capacidade de aumentar o nível de crédito na economia com responsabilidade, mas
para que isso aconteça passa-se a ter a necessidade de possuir um sistema
financeiro que transmita credibilidade e eficiência, que por sua vez resultam em
confiança interna e externa, que é o principal pilar de sustentação de qualquer
economia, porque uma economia que transmite confiança tende a trazer um maior
volume de investimentos.
No passado, a economia nacional não tinha muita credibilidade em função
da insolvência de vários bancos. Recentemente, uma das maiores crises
econômicas da história foi desencadeada a partir da falência de um banco norte
americano, se o fato da insolvência de uma instituição financeira repercute em sérios
transtornos econômicos, é de suma importância uma maior regulação sobre essas
instituições. Entende-se que tal regulação tem que ter dois focos principais: análise
de crédito e o nível de provisão para créditos de liquidação duvidosa, ou seja, o
controle sobre as concessões de crédito, efetuado pelas instituições financeiras, e o
nível de provisão para créditos de liquidação duvidosa, que nada mais é que um
percentual da carteira de crédito reservado para futuras perdas em função da
inadimplência.
Em virtude do acima exposto esta pesquisa tem sua validade justificada ao
analisar o processo decisório de crédito em uma instituição financeira.
Do ponto de vista teórico, esta pesquisa tem a intenção de contribuir por
meio de vários conceitos de renomados autores a respeito do tema, assim, podendo
propiciar ao leitor um maior aprofundamento de conhecimento na área.
Sob a ótica prática a presente pesquisa tem sua validade justificada,
porque forma um referencial teórico a respeito do tema abordado e o compara-se
com a sua implantação na prática em uma instituição financeira privada, assim
possibilitando uma análise a respeito dos conceitos existentes que tratam o referido
14
tema. Sob o olhar social a presente pesquisa justifica-se, pois a mesma aborda um
tema extremamente importante para o desenvolvimento econômico e por
conseqüência social, uma vez que toda nação desenvolvida possui um eficiente
sistema financeiro, que serve como base de apoio para os investimentos em
educação, saúde entre outros.
1.4 Metodologia
O referente trabalho trata-se terá como base uma pesquisa bibliográfica
em obras de autores renomados que abordam o assunto do trabalho e será aplicado
um questionário a um grupo de colaboradores de uma cooperativa de crédito
localizada em Criciúma-SC, com o intuito de identificar o perfil do profissional que
trabalha diretamente no processo de intermediação financeira.
Para o desenvolvimento do presente trabalho de conclusão de curso, é
necessária a identificação dos procedimentos metodológicos que irão conduzir a
pesquisa.
No que tange ao tipo de estudo, a pesquisa será descritiva e bibliográfica.
Para Martins (2004), a descrição dos procedimentos pode também ser enriquecida
por detalhes práticos quando tratados de uma maneira que melhor evidencie os
resultados alcançados.
Conforme Martins (2004, p. 86) “A pesquisa bibliográfica é o ponto de
partida de toda pesquisa, o levantamento de informações é feito a partir de material
coletado em livros, revistas, jornais, e outras fontes devidamente publicadas.”
O estudo de caso para Bervian (2002, p.67) “é a pesquisa sobre um
determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade que seja representativo do seu
universo, para examinar aspectos variados de sua vida.” Com relação á abordagem
do estudo, a coleta de informações será feita de forma quantitativa. Segundo IBOPE
(2004) “[...] as pesquisas quantitativas são mais adequadas para apurar opiniões e
atitudes explícitas e conscientes dos entrevistados, pois utilizam instrumentos
estruturados [...]”.
15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo tem por objetivo trazer diversos conceitos inerentes ao tema
e problema em questão, para tanto, buscou-se na literatura disponível a respeito do
assunto proposto pelo presente trabalho, á opinião dos mais diversos e
conceituados autores que possuam publicações abordando temas afins ao processo
de gestão e análise de risco de crédito.
2.1 Intermediação Financeira
A intermediação financeira consiste basicamente no fato de as instituições
financeiras captarem recursos através de depósitos efetuados por vários clientes, e
aplicar esses recursos através de empréstimos aos seus clientes que demandam
crédito. Ao receber um depósito bancário um banco não se preocupa muito com a
qualidade do cliente (o cadastro), pois, teoricamente quem está assumindo o risco é
o cliente que está confiando a guarda e boa administração de seu dinheiro à
determinada instituição, mas, quando um banco empresta o recurso captado, ou
seja, realiza operacionalmente a atividade de intermediação financeira, a qualidade
do cliente, cadastro, renda, patrimônio, capacidade de pagamento, idoneidade entre
outros fatores passam a ser imprescindíveis porque nessa situação quem está
assumindo o risco é o banco. Silva (2008)
Para Pinheiro (2002, p. 25) a intermediação financeira pode ser definida:
Como uma atividade que tem a finalidade de viabilizar o atendimento das
necessidades financeiras de curto, médio e longo prazos, manifestadas
pelos agentes econômicos carentes de recursos, aplicando ao mesmo
tempo o excedente monetário de agentes superavitários, com mínimo de
riscos.
A intermediação financeira para Pacheco (2005) é um processo entre os
agentes superavitários e os deficitários, no qual a intermediação caracteriza-se pela
captação junto aos agentes superavitários e o empréstimo aos agentes deficitários,
ou seja, a intermediação financeira ocorre de fato quando um banco capta recursos
junto aos agentes com orçamentos superavitários e aplica esses recursos por meio
de empréstimos aos agentes com orçamentos deficitários.
Brito (2007) afirmar que a intermediação financeira ocorre quando uma
instituição financeira capta as sobras financeiras de um agente e aplicar essas
16
sobras sob a forma de empréstimos aos agentes com necessidades de crédito.
Ainda para Brito (2007) os bancos ao captarem os recursos junto aos seus clientes,
estão assumindo com esses a responsabilidade de bem administrar o recurso, os
clientes por sua vez ao depositar seus recursos nos bancos buscam segurança,
porque teoricamente os bancos estão melhores capacitados para administrar esses
recursos.
2.1.1 Agentes Superavitários
Os agentes superavitários para Costa (2008) são aqueles que possuem
suas rendas correntes superiores aos seus gastos, ou seja, os dispêndios com
consumo e investimentos são menores que suas receitas, sendo assim, ao possuir
sobras de recursos esses agentes tendem a procurar um intermediador financeiro
para aplicar o recurso excedente, o intermediador financeiro no caso um banco
emprestara esses recursos confiado sobre sua responsabilidade ao um demandador
de crédito, sendo assim, pode-se dizer que os agentes superavitários de forma
indireta estão concedendo poder de crédito á economia.
Já para Pacheco (2005) os agentes superavitários são os que possuem
excesso de recursos, ou seja, seus dispêndios são menores que suas receitas, em
virtude desse fato esses agentes teoricamente não precisam de empréstimos de
curto prazo, talvez possam utilizar linhas de longo prazo com intenção de financiar
algo, aqueles que não tiverem a intenção financiar algo muito provavelmente
aplicarão os recursos excedentes no mercado financeiro.
2.1.2 Agentes Deficitários
Costa afirma (2008 p.04): “esses agentes têm suas rendas correntes
inferiores aos gastos correntes com consumo e investimentos, ainda para Costa
(2008), esses agentes em virtude da falta de recursos em seus orçamentos tendem
a procurar o mercado financeiro para suprir suas necessidades financeira.
Pacheco (2005) afirma os agentes deficitários são aqueles que têm um
dispêndio maior que suas receitas auferidas, ou seja, ao final do mês terão a
17
necessidade de contrair empréstimos junto às instituições financeiras para honrar
com seus compromissos.
2.2 Sistema Financeiro Nacional
Brito
(2007)
afirma
que
o
sistema
financeiro
nacional
possui
características peculiares, advindas de seu contexto histórico, conforme o autor ao
término da segunda guerra mundial em virtude das modificações na atividade
econômica, o governo brasileiro sentiu a necessidade de criar um organismo que
assumisse
todo
o
processo
inerente
a
atividade
monetária,
até
então
desempenhando pelo Banco do Brasil, assim em 1945 foi criada a Sumoc
(Superintendência da Moeda e do Crédito), que passou juntamente com o Banco do
Brasil a exerce controle sobre o mercado financeiro. Ainda para Brito, a partir de
1964, iniciou-se uma nova fase que representou um importante marco da história do
sistema financeiro nacional, pois a partir de 1964 passou-se a defender a idéia de
criação de um Banco Central.
O Sistema Financeiro Nacional para Pacheco (2005, p. 14) “é um conjunto
de instituições que atuam no processo de conciliar interesses de agentes deficitários
e superavitários e de converter poupança em investimento”.
Silva (2008) afirma que o sistema financeiro nacional consiste de um
conjunto de instituições que funcionam operacionalizando a intermediação
financeira. O sistema financeiro aproxima os agentes com sobras de recursos aos os
agentes que tem a necessidade de tomar recursos. Ainda para Silva o sistema
financeiro pode ser dividido em duas partes, o subsistema normativo e o operativo,
conforme figura 1. O subsistema normativo é composto pelo Conselho Monetário
Nacional, Banco Central Do Brasil, Banco do Brasil, Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e social e a Comissão de Valores Mobiliários, esse
sistema funciona de forma deliberativa, ou seja, estabelece normatizações para as
instituições que fazem parte do operativo e as fiscaliza. Já o subsistema operativo é
composto basicamente pelos bancos, caixas econômicas, cooperativas de créditos,
sociedade corretoras entre outros, essas instituições são as que realizam, de fato,
todo movimento financeiro, ou seja, captação de recursos, aberturas de capitais na
18
bolsa de valores, movimentam títulos de créditos emitidos por empresas e pelo
governo entre outras funções.
Figura nº1- Estrutura Sistema Financeiro Nacional
Figura nº1 Fonte:http://www.shopinvest.com.br/Glossario/Organograma.asp
2.2.1 Conselho Monetário Nacional
Pacheco (2005) afirma que o Conselho Monetário Nacional é o órgão
deliberativo máximo da estrutura do sistema financeiro nacional, sendo o Conselho
responsável por estabelecer as normatizações das políticas monetária, cambial e de
crédito, objetivando o progresso econômico e social do Brasil. O CMN funciona
como o órgão superior do sistema financeiro nacional, todas as instituições
pertencentes ao sistema estão subordinadas ao conselho, quer seja de forma direta
ou indireta.
Ao CMN compete segundo Brito (2007) traçar as normas de política
monetária em todos os seus aspectos, funciona como um conselho da economia
nacional e supervisiona as políticas monetárias, cambial, de investimentos, de
capital estrangeiro, comércio exterior e fiscal.
19
Silva (2008, p. 18) a respeitos das principais atividades do Conselho aborda o
seguinte:
Fixa as diretrizes das políticas monetária, creditícia e cambial do país, não
desempenhando função executiva. Entre as suas funções, estão a
autorização para emissão de papel-moeda, a determinação das taxas de
compulsório para as instituições financeiras, a regulamentação das taxas de
redesconto, bem como os limites para remuneração dos serviços bancários.
O Conselho Monetário Nacional, conforme os autores citados acima,
funciona como o órgão máximo do subsistema normativo, ou seja, é quem
estabelece as normas inerentes as políticas monetárias, cambial e de crédito,
sempre objetivando o desenvolvimento econômico e social da nação. Os objetivos
do CMN estão bem definidos no artigo 3.º da Lei n.º 4.595, de 31 de dezembro de
1964.
Art. 3.º - A política de Conselho Monetário Nacional objetivará:
I – adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da
economia nacional e seu processo de desenvolvimento;
II – regular o valor interno da moeda, para tanto prevenindo ou corrigindo os
surtos inflacionários ou deflacionários de origem interna ou externa, as
depressões econômicas e outros desequilíbrios oriundos de fenômenos
conjunturais;
III – regular o valor externo da moeda e o equilíbrio no balanço de
pagamentos do país, tendo em vista a melhor utilização dos recursos em
moeda estrangeira;
IV – orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras, quer
públicas, quer privadas, tendo em vista propiciar, nas diferentes regiões do
país, condições favoráveis ao desenvolvimento harmônico da economia
nacional;
V – propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos
financeiros, com vistas à maior eficiência do sistema de pagamentos e de
mobilização de recursos.
VI – zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;
VII – coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da
divida pública , interna ou externa.
O CMN dentro do organograma do Sistema Financeiro Nacional está no
ponto mais elevado, assim cabe a ele a responsabilidade de deliberar a respeito de
assuntos de grande importância para economia nacional.
2.2.2 Banco Central do Brasil
O Banco Central do Brasil, para Britto (2007), é o agente executivo que
toma as decisões a respeito das políticas macroeconômicas e as disposições sobre
o funcionamento do sistema financeiro. O BACEN também exerce a importante
20
função de normatização e fiscalização do sistema financeiro nacional. Ainda para
Brito (2007) as funções básicas do Banco Central do Brasil são:
- exercer o monopólio da emissão de moeda;
- funcionar como banco dos bancos;
- funcionar como banqueiro do governo;
- exercer a superintendência e fiscalização do sistema financeiro;
- executar a política monetária;
- executar a política cambial;
- assessorar o governo no que tange aos assuntos econômicos.
Silva (2008) afirma que o BACEN é o órgão central do Sistema Financeiro
Nacional, que segue e fiscaliza as normas expedidas pelo Conselho Monetário
Nacional, intervindo diretamente nas instituições que operam no sistema financeiro.
São de sua responsabilidade e emissão de papel moeda, o recebimento dos
depósitos compulsórios efetuados pelos bancos comerciais, a operacionalização das
operações de redesconto e empréstimos às instituições financeiras, a realização de
compra e venda dos títulos públicos emitidos pelo governo federal, a fiscalização das
instituições financeiras, e executar a política monetária. O Banco Central do Brasil
funciona como banco dos bancos, cabe a ele acima de tudo zelar pela solvência
financeira do país e das instituições financeiras, uma vez, que a falta de solvência de
um banco poderá acarretar sérios danos a economia, como falta de credibilidade e
confiança do investidor interno e externo.
Para Pacheco (2005, p.18) “[...] O Banco Central do Brasil é o órgão
responsável pela execução das resoluções do CMN. Também é a instituição mais
atuante do todo sistema financeiro [...]’.
2.2.3 Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
A Comissão de Valores Mobiliários para Pacheco (2005) é uma autarquia
vinculada diretamente ao Ministério da Fazenda. Sua finalidade principal é fiscalizar
as companhias de capital aberto e incentivar o acesso ao mercado de títulos
mobiliários. Os títulos de emissão do Tesouro Nacional, Banco Central do Brasil e
instituições financeiras não estão sobre sua responsabilidade. A CVM na prática
funciona como o órgão regulador do mercado de títulos mobiliários, uma companhia
quando decide abrir seu capital, ou seja, colocar ações pertencentes ao seu capital
social para que sejam negociadas na bolsa de valores, passa a ser regulada e
21
fiscalizada pela CVM, regulação que vai desde o tipo de administração adotada pela
empresa até as normas para elaboração das demonstrações contábeis.
Para Brito (2007, p. 13) “a Comissão de Valores Mobiliários tem por
finalidade principal fiscalizar e regulamentar o mercado de títulos e valores de renda
variável”.
Silva (2008, p. 18) relata que as principais atividades da CVM são:
Disciplina basicamente o mercado de ações e debêntures, assegurando o
funcionamento das bolsas de valores e demais instituições auxiliares.
Fiscaliza a emissão, registro e a negociação dos títulos emitidos pelas
sociedades anônimas. Emite normas sobre demonstrações financeiras para
as empresas de capital aberto, entre outras funções.
Como se pode perceber cabe à CVM controlar e fiscalizar todo o mercado
de valores mobiliários, esta entidade tem um papel muito importante dentro do
cenário financeiro, porque para que se tenha um sólido sistema financeiro se faz
necessário um forte mercado de valores mobiliários, mercado este que precisa
transmitir confiança, credibilidade para que afete de forma positiva e economia
nacional. Em virtude desses fatores o papel da CVM é de suma importância para o
desenvolvimento econômico e social do país.
2.2.4 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
‘
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, para Brito
(2007), é o instrumento executor das políticas de financiamento e crédito de longo
prazo do governo brasileiro, visando principalmente ao desenvolvimento econômico
e social. O BNDES busca estar presente em todos os segmentos da atividade
econômica.
Ainda para Brito (2007) o BNDES como prestador de serviço oferece
financiamento e prestação de garantias a empresas; investe em determinadas
empresas através de participação no capital social, financia instalações industriais,
máquinas e equipamentos entre outros, para a pessoa física financia a aquisição de
máquinas agrícolas ao agricultor.
Para Pacheco (2005) o BNDES foi criado em 1952, na forma de autarquia
federal, logo após em 1971 se transformou em uma empresa pública federal. Ainda
para Pacheco (2005, p.24) “[...] seu objetivo é financiar a longo prazo, os
22
empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento do país, atuando como
principal autor das políticas de investimento do governo [...]”.
Para Silva (2008, p. 18) o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social responde:
[...] pela política de investimentos a longo prazo, visando ao
desenvolvimento econômico e social do país, o fortalecimento da empresa
nacional e criação de pólos de produção, entre outras funções. Tem um
conjunto de recursos, por exemplo, O FINAME, que visa atender às
necessidades de investimentos das empresas nacionais, na aquisição de
máquinas e equipamentos. Presta também apoio às exportações brasileiras.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social é o principal
executor das políticas de investimento do governo federal, investimento esse que é
feito através financiamentos para empresas e pessoas físicas, e também por meio
de participação societária, ou seja, em alguns casos o BNDES realiza o investimento
por meio da compra de ações de determinada empresa. Fortuna (2005).
2.2.5 Instituições Financeiras Captadoras de Depósitos à Vista
Para Pacheco (2005) classificam-se nessa categoria, os bancos
comerciais, os bancos múltiplos com carteira comercial, as caixas econômicas e as
cooperativas de crédito. Pode-se afirmar que esses são os principais executores do
processo de intermediação financeira. Todos os agentes citados acima são
supervisionados pelo Banco Central do Brasil e sua principal finalidade é a captação
de recursos e aplicação desses através da concessão de crédito para os diversos
agentes da economia, principalmente de curto prazo, como recursos destinados a
antecipações de recebíveis.
Ainda para Pacheco (2005, p.25) “[...] as instituições bancárias também
prestam uma série de serviços relacionados à cobrança, ordens de pagamento,
recebimentos de tarifas, custódia de valores entre outros serviços [...]”. Contudo, a
característica mais importante dessas instituições é acolher depósito à vista de
pessoas físicas e jurídicas.
Para Silva (2008, p.24) os depósitos à vista são:
Os depósitos de livre movimentação, mantidos por pessoas físicas e por
pessoas jurídicas, inclusive firmas individuais, condomínios, cartórios, clube
de serviços e entidades sem finalidade lucrativa, tais como instituições
religiosas, de caridade, educativas, culturais, beneficentes e recreativas.
23
Compreendem também os depósitos de instituições financeiras, públicas e
privadas, quando permitidos pela legislação e regulamentação vigentes,
entre outros tipos possíveis.
Ainda para Silva (2008) uma instituição financeira poderá captar recursos
através de depósitos em poupança, que são os depósitos de livre movimentação
mantidos por pessoas físicas, esses depósitos possuem rentabilidade mínima
garantida por força de lei de 0,50% + TR (taxa referencial).
Além dos depósitos à vista e poupança existem os depósitos a prazo, que
para Silva (2005, p. 24) “[...] são os depósitos sujeitos a condições definidas de
prazo, juros e atualização monetária, com ou sem emissão de certificado de depósito
bancário [...]”.
2.2.6 Bancos Comerciais
Conforme Silva (2008) os bancos comerciais tem por finalidade principal o
recebimento de depósitos a vista e financiamentos das necessidades de recursos de
curto prazo de pessoas jurídicas e físicas. Os bancos comerciais captam também
depósitos a prazo fixo, efetuam operações de cambio, e repasses de moeda
nacional e internacional, além da prestação dos mais diversificados serviços
financeiros.
Fortuna (2005, p 28) com relação à finalidade do banco comercial aborda
o seguinte, “[...] o objetivo do banco comercial é proporcionar o suprimento oportuno
e adequado dos recursos necessários para financiar, a curto prazo e médio prazo
pessoas jurídicas e físicas [...]”.
Ainda para Fortuna (2005), em resumo, os bancos comerciais são
intermediários financeiros que recebem recursos de quem tem e os aplica através da
concessão de crédito, assim criando moeda através do efeito multiplicador da
moeda.
Conforme os autores citados entende-se, que os bancos comerciais
captam recursos junto aos agentes econômicos com sobras e os empresta aos
agentes econômicos com orçamento deficitários.
Contudo, Pinheiro (2002) define os bancos comerciais como instituições
cujo controle pode ser público ou privado, sendo constituídos sobre a forma de
24
sociedades por ações. Suas atividades básicas podem ser classificadas em
prestação de serviços bancários como, custódia de valores, previdência, cobrança
bancária entre outros serviços e a atividade de concessão de crédito.
Conforme Pinheiro (2002, p.65) “os bancos comerciais são as principais
instituições financeiras destinadas a atender financiamentos de curto prazo para
indústria, o comércio e o público em geral”.
2.2.7 Bancos Múltiplos
Como o próprio nome indica os bancos múltiplos atuam com diversas
carteiras, que para Silva (2008) podem ser as carteiras operadas pelos bancos
comerciais, bancos de investimentos, pelos bancos de desenvolvimento, pelas
sociedades de crédito imobiliário, pelas financeiras e pelas sociedades de
arrendamento mercantil.
Ainda para Silva (2008, p.20):
A criação dos bancos múltiplos teve por finalidade a racionalização das
estruturas administrativas e comerciais das instituições financeiras,
possibilitando que uma única entidade (o banco múltiplo) possa desenvolver
operações em diversas carteiras que antes envolveriam diversas empresas.
Conforme Pinheiro (2002) os bancos múltiplos foram criados com a
intenção de centralizar a administração das instituições financeiras, permitindo que
as mesmas possam operar em diversos segmentos não permitidos aos bancos,
como arrendamento mercantil, atividade de financeira, corretoras de valores
mobiliários entre outros. Ainda para o autor com a criação do banco múltiplo uma
instituição financeira passou a poder operar em diversos segmentos sem ter a
necessidade de ser dividida em várias empresas, ou seja, antes se um banco tivesse
a intenção de trabalhar com arrendamento mercantil teria que criar uma empresa
com esse fim especifico, com o advento da resolução nº 1.524/88, emitida pelo
Banco Central do Brasil, foi permitida a criação dos bancos com diversas carteiras,
assim, criando um conglomerado financeiro denominado banco múltiplo.
25
2.2.8 Cooperativas de Crédito
As cooperativas de crédito, para Pinheiro (2002), são instituições
financeiras constituídas sob a forma de sociedade limitada, com forma e natureza
jurídica próprias, não estão sujeitas à falência, tem como finalidade atender as
necessidades do seu quadro social no que tange aos serviços financeiros. As
cooperativas de crédito são sociedades sem fins lucrativos, ou seja, sua razão de
existir é satisfazer as necessidades de seu quadro social.
Pinheiro (2002) destaca as seguintes características das cooperativas:
•
Adesão voluntária de associado em número ilimitado, ou seja, não existe um
limite de associados em seu quadro social, qualquer pessoa que atenda os
requisitos do estatuto social da cooperativa poderá solicitar sua inclusão no
quadro social;
•
Variação automática de capital social em função da administração de
associados;
•
Acessibilidade de quotas partes do capital apenas aos associados, nas
cooperativas é proibida a comercialização das quotas partes do capital, ou
seja, as participações societárias não podem ser repassadas; e
•
Singularidade do voto - independe do valor que o associado possua de
quotas partes do capital da cooperativa o mesmo terá direito a somente um
voto, ou seja, em uma cooperativa todo associado tem o mesmo peso na hora
das decisões.
Conforme o Portal do Cooperativismo de Crédito [2010], Cooperativa de
Crédito é uma instituição constituída por um grupo de pessoas, no mínimo vinte,
onde através da ajuda mútua buscam satisfazer suas necessidades creditícias e de
serviços de natureza bancária, sempre buscando ofertar aos seus associados
serviços em condições mais favoráveis com relação aos bancos comerciais. As
Cooperativas de Crédito são instituídas sob a forma de cooperativa, ou seja, cabe
aos seus associados a administração do negócio, associados que realizam os
papéis de dono quando deliberam sobre temas relacionados à continuidade dos
negócios, e o papel do usuário quando da utilização dos serviços oferecidos pela
cooperativa. Em uma Cooperativa, todos os serviços que o associado realiza através
26
da mesma, são revertidos, em seu próprio benefício, quanto mais o associado
trabalha com á cooperativa maior será sua participação nas distribuições das sobras,
uma vez que o critério de rateio do lucro do exercício toma como base a
reciprocidade do associado junto à cooperativa. As cooperativas são obrigadas a
aplicar os seus recursos na própria comunidade aonde a mesma atua, assim
contribuindo para o desenvolvimento econômico e social da região de atuação das
mesmas. Conforme site do Sicredi [2010) os princípios dos são:
•Adesão livre e voluntária;
•Participação econômica dos membros;
•Gestão democrática pelos membros;
•Autonomia e independência;
•Educação, formação e informação;
•Intercooperação;
•Interesse pela comunidade.
2.3 Conceito Crédito
A palavra crédito, dependendo da situação, pode ter vários significados.
Num sentido mais específico, crédito significa a entrega de um valor no presente
mediante promessa de pagamento no futuro, em virtude desse ato tem por costume
cobrar uma remuneração referente ao adiantamento financeiro efetuado, ou seja, em
função da entrega do valor no presente se cobra juros como remuneração. Silva
(2008).
Ainda de acordo como Silva (2008) o crédito acima de tudo é uma relação
de confiança, pois quem está concedendo crédito está assumindo o risco de não
receber o bem emprestado, e quem está tomando o crédito acaba tomando a
responsabilidade de nos prazos pré determinados, cumprir o prometido.
Para Schrickel (2000) crédito é todo ato de vontade ou disposição de
alguém ceder por um determinado tempo, parte de seus recursos a um terceiro, com
a promessa que o emprestado volte depois de transcorrido seu tempo estipulado. O
patrimônio citado por Schrickel pode ser representado por recursos financeiros ou
por bens móveis e imóveis.
27
Tavares (2000) divide o crédito em duas modalidades privado e público,
para o autor o crédito público caracteriza-se como aquele destinado a cobertura dos
gastos governamentais, já o privado caracteriza-se como aquele utilizado por
empresas industriais, comerciais, de serviços e agrícolas além das pessoas físicas.
O crédito público normalmente é utilizado pra financiar a máquina pública, costuma
ser feito através da emissão de títulos do Tesouro Nacional, empréstimos em
instituições internacionais, como FMI. O crédito privado ter por finalidade atender as
necessidades de curto e longo prazo das pessoas jurídicas e físicas.
2.3.1 Política de Crédito
Tavares (1988) define a política de crédito como regra geral de
comportamento ou de ação que deverá servir de base para determinada situação
operacional, ou seja, uma política de crédito é composta por diretrizes que
nortearam todo o processo inerente ao crédito, desde o ato de concessão de crédito
aos procedimentos de cobrança.
Tavares (1988, p.26) afirma que:
As políticas básicas de crédito e cobrança deverão ser definidas de forma
objetiva, a fim de servirem como instrumento orientativo no processo de
decisão gerencial, medindo-se o seu grau de eficiência em função do
número de situações objeto de resolução, com base na obediência dessas
políticas. Recomenda-se que todas as políticas sejam devidamente
formalizadas, principalmente nas grandes organizações ou naquelas de
maior complexidade, onde, inclusive, pode-se constatar a existência de um
mesmo problema em regiões, distintas sob a responsabilidade de diferentes
funcionários. Periodicamente, é recomendável analisar a eficiência das
políticas em vigor, em função do progresso da organização e do alcance
dos seus principais objetivos. Em caso satisfatório deverão ser reafirmadas.
Por outro lado, quando não mais atenderem aos objetivos, da empresa, em
face de eventuais contingências ou alteração de fatores condicionantes,
deverão ser objeto de reformulação a fim de se equacionarem as novas
condições enfrentadas pela empresa.
Para Silva (2008) a política de crédito tem relação direta com aplicação
dos recursos de natureza operacional, e podem envolver um expressivo volume de
investimentos. No caso do banco a política de crédito está vinculada a composição
do saldo da rubrica “operações de crédito” do ativo circulante, ou seja, a política é
instrumento que busca garantir qualidade e segurança às concessões de crédito.
28
2.4 Análise de Crédito
Conforme Schrickel (2000) o processo de análise de crédito é essencial
dentro de uma instituição financeira, pois antes de conceder o crédito se faz
necessário conhecer todos os riscos inerentes a operação.
Ainda Schrickel (2000, p. 26) afirma que “em qualquer situação de
concessão de empréstimo há basicamente três etapas distintas a percorrer”.
Conforme o autor a primeira etapa é Análise Retrospectiva, que faz toda uma
avaliação do histórico do potencial tomador e identificando todos os fatores de risco
inerente ao tomador. A segunda etapa é a Análise de Tendências, que seria uma
espécie de projeção da futura situação financeira do tomador de recurso, tendo
como base a análise retrospectiva. A terceira e última etapa é a Capacidade
Creditícia que é decorrente das duas etapas anteriores, essa etapa visa detectar a
real capacidade creditícia do potencial tomador.
2.4.1 Os “C” do Crédito
O objetivo essencial de um processo de análise de crédito para Schrickel
(2000) é identificar os possíveis riscos, para diminuir a probabilidade de insucesso
da operação. Dentro do processo de concessão de crédito existe um conceito
denominado “C” do crédito, que serve como base de sustentação à análise, ou seja,
aponta que caminho o analista de crédito deve seguir.
Com relação aos C do Crédito Costa (2005, p. 18) afirma:
É sabido que a habilidade de um indivíduo ou organização em cumprir
compromissos assumidos está ligada ás suas condições, á sua capacidade
e, principalmente, á existência de capital disponível. A vontade de honrar
esse compromisso, entretanto, também conhecida por animus pagandi, está
associada ao caráter, seja do indivíduo, das empresas, das nações ou de
grupos de pessoas.
Schrickel (2000), afirma que os C’s do crédito constituem elementos
essenciais para concessão do crédito, que são caráter, capacidade, capital,
condição e conglomerado. Esses são balizadores importantíssimos na hora da
concessão de créditos, pois demonstra de uma maneira sintética o quadro atual do
solicitante de recursos.
29
2.4.4.1 Caráter
O caráter é tido por Schrickel (2000) como o C mais importante e mais
critico em qualquer operação de crédito, independente do valor da transação.
Ainda para Schrickel (2000, p. 48)
Como um empréstimo, a rigor é a permuta de alguma coisa tangível, e de
valor intrínseco (moeda), por papéis, os quais ainda que tangíveis, apenas
têm valor pelo que representam no plano jurídico, é imperativo que o
tomador tenha o animus de devolver a coisa depois de decorrido o prazo
convencionado entre as partes. O caráter, relacionado aos empréstimos em
geral, diz respeito, portanto, à determinação de pagar ao tomador.
Para Costa (2005) o caráter adquirido capacita-nos a estabelecer vínculos
duradouros a estáveis, ou seja, ele permite que façamos compromissos e nos
empenhamos a cumprir o estabelecido entre as partes. O caráter talvez seja o “C”
mais difícil de analisar, principalmente quando o tempo de relacionamento é curto,
nesses casos o ideal é buscar informações junto a terceiros, como bancos,
empresas nas quais o solicitante de crédito possui relacionamento.
Conforme Silva (2008) é importante destacar que um bom caráter não é
garantia de recebimento, porque uma pessoa ou empresa poderá ter um bom
caráter, mas não possuir capacidade financeira para honrar os compromissos. Às
vezes o individuo pode não ter a intenção de pagar, ou seja, não tem um bom
caráter, mas ser obrigado a honrar o pagamento em função da continuidade do seu
negócio.
O Silva (2008, p. 60) destaca ‘[...] adicionalmente, o fator tempo pode-nos
mostrar que alguém é honesto até o dia em que deixa de ser [...]”.
2.4.1.2 Capacidade
Capacidade refere-se à competência empresarial do cliente em gerir o seu
negócio, conforme De Santi (1997) para que se tenha uma análise mais precisa no
que tange ao “C” de capacidade se faz necessário conhecer a fundo todos os
aspectos inerentes a atividade da empresa, ou seja, é de suma importância que o
gerente de negócios possua a aptidão de identificar qual a real capacidade da
30
empresa, ou seja, quais os valores que a empresa tem condições de honrar, a
plenitude de seus negócios entre outros fatores.
Para Silva (2009, p.60) “a capacidade administrativa envolve o
gerenciamento da empresa, especialmente quanto à visão de futuro”. Ainda para
Silva (2008) se faz necessário analisar a visão da direção da empresa com relação
ao
planejamento
estratégico,
preocupação
da
empresa
com
pesquisa
e
desenvolvimento, ou seja, se a empresa não poderá correr o risco de ficar atrasada
frente aos seus concorrentes, sua estrutura organizacional, a qualidade de sua
carteira de clientes e os fornecedores com os quais a empresa mantém
relacionamento.
De Santi (1997, p. 29) afirma:
O “C” de capacidade refere-se à competência empresarial do cliente e
constitui-se num dos aspectos mais difíceis de avaliação de risco. Integra o
risco subjetivo e a responsabilidade por seu exame e verificação é do
profissional que está em contato direto com o cliente: gerente de operações
ou gerente de negócios. É considerado como aspecto subjetivo do risco, à
medida que os instrumentos disponíveis para sua análise e os resultados
obtidos estão mais relacionados com a percepção de quem analisa do que
com os dados e informações propriamente ditos. Levado ao extremo, que
não é certamente o caso quando da análise de risco para fins de concessão
de crédito, o exame da capacidade do cliente se constituiria num verdadeiro
diagnóstico empresarial.
2.4.1.3 Capital
No caso das pessoas físicas, conforme Schrickel (2000), a figura do
capital não fica tão evidente, porque para o autor os empréstimos destinados às
pessoas físicas não são fundamentalmente respaldados em capital, nesses casos
compara-se a renda com a capacidade de amortizações do agente tomador. Já para
pessoas jurídicas, o capital é de suma importância na concessão de crédito. Quando
se fala em capital de pessoas jurídicas é importante a analise das demonstrações
contábeis da empresa, pois através delas poder-se-á visualizar o nível de
endividamento, investimentos, capacidade de geração de resultados, rentabilidade,
nível de imobilização e o patrimônio líquido da empresas.
Ainda para Schrickel (2000), “no caso das empresas, o conceito de capital
é mais perceptível, eis que nos vem à mente a figura do capital social constante no
balanço patrimonial.” Mas, Schrickel alerta que a idéia de capital não deve restringir-
31
se apenas ao patrimônio líquido do balanço, o conceito de capital deve alcançar toda
a estrutura econômico-financeira da organização.
O objetivo da variável capital para Costa (2005), “objetiva mostrar a
situação econômica e financeira do tomador de crédito. É por ela que se toma
conhecimento das fontes de recurso de que se vale a empresa e onde esses
recursos são aplicados.” Conforme os autores citados, o “C” capital tem como base a
situação econômica e financeira da empresa ou pessoa física que realiza a
solicitação de empréstimo. Cabe ainda destacar que no caso das micros e pequenas
empresas, se torna um pouco difícil a tarefa de analisar a situação econômica e
financeira dessas empresas, uma vez, que a grande maioria tem sua contabilidade
efetuada por escritórios de contabilidade, que em sua grande maioria buscam
atender apenas as demandas fiscais, e em muitos casos essas demonstrações não
possuem credibilidade.
Para De Santi (1997, p. 60) o “C” capital:
Além do “C” caráter a avaliação do risco técnico da empresa-cliente é feita
também com base nas informações econômico-financeiras. Nas micro, e em
boa parte das pequenas empresas, os relatórios contábeis fornecidos –
base importante para analise desses aspectos – não estão em completo
acordo com a respectiva realidade. Geralmente, são elaborados por
escritórios de contabilidade externos à empresa e cumprem finalidades
basicamente fiscais. A avaliação de riscos relacionada ao “C” capital, nestes
casos, é feita muito mais em função dos números inerentes aos
proprietários – patrimônio etc. – do que a partir dos demonstrativos
contábeis.
2.4.1.4 Condições
Para De Santi (1997), o “C” condições engloba uma série de fatores
externos à empresa. Integra o ambiente em que a empresa atua e foge dos seus
controles, como políticas econômicas, fatores climáticos, políticos, tributários etc.
O “C” condição refere-se a fatores externos que não tem uma relação
direta com o controle da empresa, como política cambial, inflação, recessão
econômica, legislação ambiental e com relação aos produtos comercializados pela
empresa. Como no “C” capacidade, para analise das condições se faz necessário
visitas a empresa para que se tenha o máximo de conhecimento possível no que
tange atividade da empresa, ao mesmo tempo o analista tem que buscar
32
informações sobre o mercado e os produtos, o ambiente macroeconômico e setorial
no qual a empresa está inserida, seu ambiente competitivo e qual seu grau de
dependência com relação às decisões tomadas pelo governo. De Santi (1997).
Costa (2005, p. 38) afirma que “as condições dizem respeito aos fatores
externos e macroeconômicos do ambiente em que está inserida a empresa sob
análise de quem está solicitando o crédito.”
Conforme os autores citados o “C” condição está relacionado mais com
fatores externos. Uma empresa que tem sua produção voltada ao mercado externo a
variação cambial impactará diretamente o seu negócio, nesse caso na hora de
conceder o crédito não basta apenas analisar os aspectos inerentes a empresa,
sendo assim, é de extrema importância que quem esteja concedendo o crédito tenha
conhecimento sobre o mercado cambial, e quais suas perspectivas no curto e longo
prazo, uma vez que a apreciação da moeda local poderá acarretar em sérios
prejuízos a empresa, que afetará diretamente sua capacidade de honrar os
compromisso assumidos.
2.4.1.5 Colateral
Para Silva (2008) o colateral refere-se à capacidade do potencial tomador
em fornecer garantias suplementar. A garantia funciona como uma espécie de
segurança adicional. Em determinadas operações de crédito a garantia se faz
necessária para compensar a fraqueza da operação, ou seja, o “C” colateral resumese na capacidade do cliente em ofertar garantias mediante a concessão do crédito.
2.4.1.6 Conglomerado
O “C” de conglomerado conforme Silva (2008) tem como preceito análise
de as todas as empresas que possuam vínculos societários com o solicitante de
crédito, ou seja, além da análise ao postulante ao crédito se faz necessário conhecer
todas as empresas vinculadas ao grupo econômico.
Ainda para Silva (2008) dentro de um grupo econômico podem existir
empresas em situações financeiras bem distintas, nessa hipótese senão houvesse a
33
análise de grupo seria possível que a empresa em melhor situação solicita-se o
crédito em virtude de seu bom desempenho, com objetivo de suprir a carência de
crédito da que passa por dificuldades financeiras, assim a instituição financeira
estaria incorrendo em sérios riscos caso a saúde do conglomerado econômico não
fosse saudável.
2.5 Análise das Demonstrações Contábeis
Tavares (1988) destaca que a análise dos demonstrativos contábeis é de
suma importância no processo de concessão de crédito, pois através dos
demonstrativos é possível identificar a atual situação econômica e financeira da
empresa, ou seja, se a operação da empresa é lucrativa e sua capacidade de
geração de caixa.
2.5.1 Análise Vertical e Horizontal
Segundo Leoni (1998) a análise horizontal permite a comparação entre
diversos períodos, assim pode-se evidenciar se as receitas estão crescendo na
mesmo proporção das despesas, quais receitas estão apresentando melhor
crescimento, quais as despesas que merecem uma atenção especial. Já a analise
vertical para Leoni (1998) tem por finalidade evidenciar a participação de cada conta
contábil em determinado demonstrativo, como por exemplo, verificar qual a
participação das despesas com pessoal com relação à receita líquida de vendas
entre outras inúmeras variáveis possíveis.
Com relação à análise horizontal Schrickel (2000) afirma que é o exame
dos dados históricos, ou seja, dos balanços, demonstração de resultados de
períodos anteriores, está análise objetiva evidenciar a situação econômica e
financeira da empresa nos últimos períodos e traçar qual seria sua sequência lógica
para os próximos anos.
Ainda para Schrikel (200, p.333) a análise vertical “ faz a comparação de
cada elemento (valor) constitutivo de certo conjunto de dados com o respectivo
total”.
34
2.5.2 Análise Financeira
Análise financeira para Silva (2008) é o exame das informações obtidas
através das demonstrações financeiras, com objetivo de identificar a capacidade de
pagamento do postulante ao crédito, a rentabilidade e o nível de endividamento do
postulante. A análise financeira não pode se restringir somente às demonstrações
financeiras, uma boa análise deverá verificar todos os fatores que possam ter
interferência na situação financeira da empresa, sendo assim, é necessário que o
analista possua adequada compreensão de outros fatores, como economia,
marketing e alguns aspectos da legislação inerentes a atividade da empresa.Ainda
para Silva (2008, p. 197) “[...] os índices financeiros visam fornecer uma medida, ou
melhor, um indicador da capacidade da empresa de pagar suas dívidas, a partir da
comparação entre os direitos realizáveis e as exigibilidades [...]”.
2.5.2.1 Liquidez Corrente
Para Tavares a análise de liquidez corrente caracteriza-se como a forma
mais comum de análise da administração financeira, podendo ser calculado
conforme figura abaixo:
Quadro nº 1 – Equação Liquidez Corrente
LIQUIDEZ CORRENTE =
Ativo Circulante
________________________
Passivo Circulante
Fonte: Tavares (1988), Crédito e Cobrança, Editora Atlas.
Conforme Leoni (1998) o índice de liquidez corrente evidencia a
capacidade de pagamento da empresa para honrar seus compromissos de curto
prazo.
Já para Schrickel (2000) a liquidez corrente visa evidenciar qual a
proporção do ativo circulante para o passivo circulante, ou seja, quanto a empresa
35
tem de recurso para real de dívida. O autor ainda destaca que no cálculo da liquidez
corrente não se leva em consideração a qualidade desse ativo circulante, ou seja, é
um índice que serve como ferramenta para decisão de crédito e não como peça
principal, porque dentro desse ativo podem existir alguns ativos que não possuam
boa liquidez. Como por exemplo, dentro do saldo de duplicatas a receber podem
existir vendas nas quais as possibilidades de que sejam concretizados os
pagamentos são mínimas, ou pior, podem existir duplicatas vencidas. Em função
disso se faz necessário analisar a composição dos saldos e não apenas os valores.
2.5.2.2 Liquidez Seca
Para Tavares (1988) na análise da liquidez seca excluem-se o
correspondente aos estoques, podendo ser calculado conforme equação abaixo:
Quadro nº 2 – Equação Liquidez Seca
LIQUIDEZ SECA =
(Ativo Circulante) – (Estoques)
___________________________________
Passivo Circulante
Fonte: Tavares (1988), Crédito e Cobrança, Editora Atlas.
Leoni (1998, p. 78) aborda o seguinte no que tange ao índice de liquidez
seca “determina quanto a empresa possui de caixa, bancos, contas a receber a curto
prazo para fazer frente a exigibilidade também a curto prazo. Conforme os autores
citados a liquidez seca evidencia o quanto a empresa possui de recursos no curto
prazo para honrar com as obrigações constantes no passivo circulante.
Conforme Schrickel (2000) a liquidez seca tem por objetivo evidenciar a
liquidez mais “instantânea” possível, para isso é eliminado do cálculo o componente
o menos líquido do ativo circulante, ou seja, os estoques, porque o tempo que o
estoque demora mais para se converter em dinheiro demora mais que os itens do
ativo circulante.
36
2.5.2.3 Liquidez Geral
Segundo Leoni (1998) a liquidez geral demonstra quanto à empresa
possui para cada real de dívida com terceiros, tanto no curto quanto no longo prazo.
Abaixo segue a equação que determina a liquidez geral.
Quadro nº 3 – Equação Liquidez Geral
LIQUIDEZ GERAL =
Ativo Circulante + Ativo Não Circulante
___________________________________
Passivo Circulante + Passivo Não Circulante
Fonte: Leoni (1998), Cadastro, Crédito e Cobrança, Editora Atlas.
2.5.2.4 Participação de Capitais de Terceiros
Conforme Leoni (1998) esse índice demonstra os aspectos referentes à
composição do passivo no balanço patrimonial, no que tange a estrutura patrimonial.
Tem como objetivo demonstrar a participação de terceiros na empresa. Em linhas
gerais pode-se dizer que quanto menor o índice melhor. Abaixo segue a equação
que determina a participação de capitais de terceiros:
Quadro nº 4 – Equação Participação de Capitais de Terceiros
CAPITAL DE TERCEIRO =
Passivo Circulante + Passivo Não Circulante
___________________________________
Patrimônio Líquido
Fonte: Leoni (1998), Cadastro, Crédito e Cobrança, Editora Atlas.
37
2.6 Garantias de Crédito
Tavares (1988) afirma que quando da formalização de uma operação de
crédito que possua um grau acima dos limites determinados pela instituição
financeira, é aconselhável solicitar ao cliente alguma garantia para conceder o
crédito.
Conforme a FIESP [2010] antes de conceder crédito, as instituições
financeiras verificam a capacidade de pagamento dos clientes, rendimentos,
patrimônio, endividamento etc. adicionalmente a instituição pode solicitar uma
garantia ao crédito, assim propiciando uma maior segurança na concessão do
crédito.
As garantias para Silva (2008) mesmo não sendo a fonte primária de
pagamento, as mesmas têm grande importância no processo de concessão de
crédito. Quanto maior o grau de liquidez, ou seja, a capacidade de se transforma em
dinheiros mais rápido será o processo de crédito.
2.6.1 Garantia Real
Para Tavares (1988) no caso de uma garantia real identificamos a
vinculação de um bem, móvel ou imóvel, à operação de crédito, esse bem ofertado
como garantia poderá ser de propriedade do próprio devedor ou de um terceiro. Já
para a FIESP [2010] na garantia real o devedor oferece um bem em garantia a
dívida contraída, assim o credor passará a contar com uma garantia de reembolso
em caso de inadimplência do contrato, ou seja, caso o devedor não venha a
executar os pagamentos, o credor poderá fazer uso do bem dado como garantia
para recuperar seu prejuízo.
Contudo Silva (2008) aborda que a garantia real ocorre quando, além da
promessa de pagamento, o devedor oferece ao credor o direito especial de garantia
sobre um bem móvel ou imóvel. Portanto, na garantia real o potencial tomador
oferece um ou mais bens de seu patrimônio em garantia ao cumprimento da
obrigação assumida frente ao credor.
38
2.6.1.1 Alienação Fiduciária
Para Leoni (1998) quando um bem se encontra vinculado a esse tipo de
contrato indica que alguma instituição financeira controlada pelo BACEN processou
a operação creditícia. Ainda para Leoni a alienação fiduciária é utilizada
exclusivamente em operações contratadas por instituições financeiras. Ela vincula o
contrato de crédito ao bem, assim caracterizando uma garantia real, caso o devedor
não cumpra os pagamentos o credor poderá entrar com uma ação de busca e
apreensão do bem alienado.
2.6.1.2 Penhor
Conforme FIESP [2010] penhor é garantia efetuada através da submissão
de um bem móvel ou imóvel em garantia de uma operação de crédito, sua existência
acontece após a entrega da posse do bem ao credor, essa entrega pode ser real ou
simbólica do bem. Ainda para FIESP [2010] “os bancos normalmente indicam a
empresa devedora, na qualidade de sócio, como depositário do bem, permanecendo
na prática a posse do bem com a empresa”.
Para Leoni (1998, p. 135) o penhor:
Trata-se de um direito real, que pode ser constituído por instrumento público
ou particular. Convencionalmente, define-se o contrato de penhor como uma
limitação de posse e propriedade, que submete o bem móvel ou mobilizável,
susceptível,a penhor, ao constituir-se garantia de pagamento de uma divida.
Exemplos: colheitas pendentes em formação, semoventes, instrumentos de
maneira geral, máquinas, equipamentos, jóias, metais preciosos. São
exceções os casos de penhor agrícola ou pecuário, em que os objetos
penhorados continuam em poder do devedor, por efeito de claúsula
constituti, nem como a garantia de cédula de crédito industrial, visto que os
bens continuarão na posse do emitente, ou terceiros, que responderão
como fiéis depositários em questão.
2.6.1.3 Hipoteca
Segundo Pacievitch [2010] hipoteca é uma garantia real vinculada a um
contrato, quando cumprindo o definido no contrato a hipoteca é extinta. A hipoteca
só resgatada com o pagamento integral do compromisso, ou seja, com a liquidação
do contrato. Ainda para Pacievitch somente bens imóveis podem ser hipotecados.
39
Após feito o registro da hipoteca na cédula de crédito o contrato deverá ser levado
ao cartório de registro de imóvel onde esteja constituído o bem, para que o registro
citado se torne público.
Para Leoni (1998) a hipoteca trata-se de um direito real constituído a favor
do credor sobre um bem imóvel do devedor ou de terceiros, que servirá como
garantia da dívida contraída, sem tirar a posse do seu verdadeiro dono, mas a falta
de pagamento do compromisso assumido poderá ocasionar a execução do bem, ou
seja, a propriedade poderá passar de fato ao credor.
2.6.2 Garantia Pessoal ou Fidejussória
Tavares (1988) aborda que a garantia fidejussória se caracteriza pelo
compromisso firmado por uma ou mais pessoa, no que tange liquidação de
determinada pessoa, ou seja, essa pessoa assume perante o credor o compromisso
de honrar com o pagamento da dívida caso o devedor não venha efetuar o
pagamento junto ao credor.
Já para Silva (2008) a garantia pessoal ocorre quando é exigida somente
a promessa de pagamento por parte do devedor, nessa espécie da garantia não
existe a vinculação um bem identificado do devedor, e sim todo seu patrimônio
acaba servindo como garantia. Ainda para Silva (2008) à primeira vista a garantia
pessoal parece ser mais interessante, por ser mais abrangente que a garantia real.
Isso não é verdade, pois no caso da garantia real não há preferência sobre o
patrimônio, ou seja, na garantia real existe a preferência sobre determinado bem, já
na pessoal não existe essa mesma prioridade, assim, no caso de insolvência de uma
empresa, outros credores como empregados, governos entre outros teriam
preferência na execução dos bens do devedor.
2.6.2.1 Aval
Para Schrickel (2000) o aval é uma garantia pessoal ou fidejussória
oferecida por um terceiro, como o avalista se torna devedor solidário junto ao
tomador, ou seja, assume o compromisso de honrar com os pagamentos.
40
Ainda para Schrickel (2000, p. 166):
O aval é próprio do direito cambiário, ou seja, ele é inserido no próprio corpo
do título de crédito e é uma obrigação autônoma, não se confundindo ou
dependendo da obrigação que deu origem ao título. Porém a
responsabilidade do avalista limita-se ao valor inserido no título de crédito
sendo-lhe indiferentes quaisquer outros compromissos eventualmente
assumidos entre o emprestador e o tomador no tocante a juros, comissões e
outros encargos. Por esta razão, não raro, os emprestadores, em especial
as instituições financeiras, celebram contratos de crédito com os tomadores
em estão previstas obrigações e cláusulas remuneratórias específicas (juros
e demais encargos), além de fazer a amarração do contrato a um título de
crédito e prever a permissão (procuração) para a emissão de notas
promissórias ou letras de câmbio pela própria instituição financeira (na
realidade uma coligada) por eventuais quantias que o devedor principal não
tenha liquidado.
2.6.2.2 Fiança
Para Schrickel (2000) a fiança como o aval é uma garantia pessoal ou
fidejussória, ou seja, torna o fiador solidário ao devedor, no que tange o
cumprimento das obrigações assumidas pelo devedor. A grande diferença da fiança
para o aval é a ordem de cobrança, no caso da fiança o credor somente poderá
executar ou cobrar o fiador após serem esgotadas todas as tentativas de cobrança
junto ao devedor (afiançado) e comprovado que o mesmo não tem condições de
honrar com o compromisso assumido. Já no caso do aval não existe essa
exigibilidade de ordem de execução, ou seja, a partir do momento que o contrato
estiver inadimplente o credor poderá cobrar diretamente do aval, se assim desejar.
Para Silva (2008, p. 330) a fiança:
A fiança é um tipo de garantia pessoal em que o fiador promete satisfazer à
obrigação de um terceiro para maior segurança do credor. Na fiança, poderá
haver o denominado “benefício de ordem”, isto é, o credor deverá acionar
primeiro e diretamente, o devedor e, após, o fiador, salvo se este renunciar
ao benefício. Do mesmo modo que o aval, a fiança prestada por pessoa
física só tem, validade se houver a concordância e a assinatura do cônjuge.
Se tratar de fiança prestada por empresa, é importante que as pessoas que
assinaram o contrato ou a carta tenham poderes para tal ato, previsto nos
estatutos. Em alguns casos as empresas exigem de seus clientes fiança
bancária. É uma forma de, não confiando na solidez do seu cliente, ou por
não disporem de uma estrutura de análise que lhes possibilite avaliar o risco
de crédito, acobertarem-se com a fiança prestada pelo banco para
determinados limites de crédito. Também a fiança é uma obrigação
acessória, extinguindo-se quando cumprida a obrigação principal.
41
2.7 Cadastro
Para Schrickel (2000) o cadastro dos clientes, em uma instituição
financeira é de suma importância para a boa gestão da carteira de crédito, tanto é
que o Banco Central do Brasil estabeleceu normas que os bancos só devem
conceder empréstimos a tomadores, dos quais possuam todas as informações
cadastrais inerentes ao processo de concessão de crédito.
Para Leoni (1998, p. 21) o cadastro:
É de fundamental importância a compilação de dados, que qualifiquem as
pessoas em qualquer nível de atividade, seja comercial, industrial, escolar
forçar armadas, polícia etc. Enfim, no mundo atual, este banco de dados é
imprescindível para qualquer gestão, pois serve para inúmeras inserções,
como mala direta, cobranças etc. Trata-se de coletânea de dados sobre
pessoas físicas e jurídicas, ordenadas de maneira que possam ser
acessados via arquivo físico, ou eletrônico.
2.7.1 Cadastro de Pessoas Jurídicas
Leoni (1998) aborda que o cadastro das pessoas jurídicas começa pela
denominação social da empresa, ou seja, empresário individual, sociedade LTDA,
S/A entre outras, a identificação da denominação é importante, pois através dela
pode-se visualizar o grau de responsabilidade dos sócios e todos tramites jurídicos
inerentes a cada tipo societário.
Ainda para Leoni (1998) analisado o tipo jurídico passa-se ao
preenchimento da ficha, essa que deverá comportar uma serie de informações
referentes a empresa, como razão social, composição do quadro social,
participações em outras empresas, localização, matriz e filiais, confirmação de
registro em órgãos (Receita Federal, INSS etc.), procuradores, principais produtos,
principais clientes, fornecedores, tributos recolhidos mensalmente, contas bancarias,
composição do imobilizado entre outras informações não menos importante.
Conforme Schrickel (2000, p. 91) na ficha cadastral de um banco
direcionada a pessoa jurídica devem constas as seguintes informações:
•
Contrato social (Ltda.) ou estatutos sociais/consolidação estatutária
(S.A.) e todas as alterações/atas das assembléias (se for muito antiga, ou
42
•
•
•
•
•
•
forem muito volumosas as alterações, pelo menos as dos últimos cinco
anos).
Ata de eleição da diretoria e do conselho de administração (S.A.),
em que constem os respectivos mandatos e a data limite.
Cartão CNPJ,
Três
últimos
balanços,
devidamente
assinados
pelos
gerentes/administradores e pelo contador responsável (com o nº do CRC –
Conselho Regional de Contabilidade).
As assinaturas são necessárias para a legitimação dos
demonstrativos quando não se tratar de peças publicadas em órgãos de
imprensa; quando os balanços tiverem sido publicados, o próprio órgão de
imprensa já terá tomado tal providência.
Ficha “informações para cadastro – pessoa jurídica “preenchida e
assinada.
Ficha cadastral (elaborada por informantes próprios ou por agência
especializada).
2.7.2 Cadastro dos Dados Contábeis
Para Leoni (1998) o cadastro dos dados contábeis, são de suma
importância para o desempenho do processo de análise de crédito, porque os dados
contábeis dão suporte para que seja realizada uma avaliação da empresa, como
seus níveis de liquidez, capacidade de geração de resultados, geração de caixa e
níveis de endividamento.
2.7.3 Informações Bancárias e Comerciais
Tavares (1988) afirma que as informações bancárias são de extrema
importância no processo de concessão de crédito, porque nos casos de clientes
novos se torna muito difícil identificar o “C” caráter apenas através da conversa, já
com a troca de informações com gerente da conta do cliente em outra instituição
financeira poderá ser feita uma análise do perfil do cliente.
Ainda para Tavares (1988) nos casos das pessoas jurídicas é de suma
importância ao solicitar as informações junto a outro banco, como tempo de
relacionamento da empresa com o banco, o tipo de correntista, ou seja, se é
tomador de crédito ou aplicador, caso a empresa costume tomar crédito, identificar
que tipos de operações ela costuma utilizar e qual a opinião do colega da outra
instituição financeira sobre o cliente em questão.
43
Para Silva (2008, p. 118):
É comum em qualquer segmento o fornecimento de informações comerciais
e bancárias. Dessa forma, o pleiteante de crédito, ao preencher uma ficha
cadastral em um banco ou em uma empresa comercial ou industrial, indica
suas referências comerciais e bancárias, com os quais mantém operações
de crédito. A empresa ou banco que analisa uma operação de crédito para
o pleiteante consulta as fontes indicadas para saber sobre o conceito, a
pontualidade e os limites de crédito do pleiteante. As principais fontes para
pesquisa sobre clientes são os fornecedores e bancos com os quais eles
operam. Pode também haver consultas via agências especializadas,
distribuidores, cartórios, fóruns, associações comerciais, registros internos e
até publicação pela impressa.
2.7.4 Atualização Cadastral
Para Leoni (1998) o cadastro é uma peça fundamental no processo de
crédito e esse deve estar sempre em atualização constante, a atualização pode ser
de forma parcial ou geral. A atualização parcial para Leoni é aquela que ocorre a
qualquer momento, como um desabono cadastral do cliente, publicação de novos
balanços, fusão, cisão, incorporação, troca de garantias etc. As atualizações em
caráter parcial são aquelas que precisam estar atualizadas o mais rápido possível,
porque traduzem fatos muito importantes no processo de gestão de crédito. Um
cliente pode ter um limite disponível e não fazer uso do mesmo, mas, se em
determinado momento vem a possuir restritivos em outra instituição financeira é
natural que ele queira fazer uso desse limite, se a instituição no qual o cliente possui
o limite não utilizado tiver um cadastro atualizado verificará que o cliente possui
restritivos, com isso poderá se resguardar de futuras perdas.
Conforme Pereira (1991) recomenda-se que no máximo de seis em seis
meses sejam atualizados os dados cadastrais, como estado civil, endereço,
emprego, cargo salário, rendar familiar e etc. Nos casos das pessoas jurídicas é
recomendável verificar as modificações ocorridas no quadro social, faturamento do
período, fatores externos que podem impactar na continuidade dos negócios,
restritivos tanto dos sócios como da empresa.
Para Leoni (1998, p. 91) a atualização geral:
Implica na reanálise de todos os itens devidos aos novos fatos geradores
que deverão ser encaminhados à análise para apreciação. Em alguns
casos, poderá diferir dos encaminhamentos normais, tendo em vista não
servir para a tomada de decisão creditícia, principalmente quando o cliente
44
possui ainda saldo a pagar de algum empréstimo ou faturamento expedido,
e a empresa se desequilibra financeiramente nesse ínterim.
2.8. Serasa
Conforme Serasaexperien [2010] a Serasa é uma empresa que possui um
banco de dados com informações relativas ao crédito, como composição do quadro
social de determinada empresa, restrições de diversos tipos, tanto para pessoa física
quanto jurídica, protestos, cheques sem fundos, processos judiciais, processos de
recuperação judicial e concordata, etc.
2.8.1 Serviço de Proteção ao Crédito - SPC
Conforme SPC Brasil [2010] o SPC foi criado com o intuito de criar um
banco de dados centralizado com informações de pessoas físicas e jurídicas, com o
objetivo de auxiliar o processo decisório referente a concessão de crédito. Para
Leoni (1998, p. 89) “no SPC obtêm-se as seguintes informações: protestos, cheques
sem fundos tanto de pessoas físicas, como jurídicas, registros de débito e
passagens creditícias, somente para pessoa física”.
Para Pereira (1991) o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), é uma
associação civil, constituída por empresas que atuam no comércio, e tem como
objetivo propiciar uma maior segurança ao comerciante ao conceder crédito. O SPC
funciona como um banco de dados das pessoas físicas possui dados como
endereço, telefone, últimas consultas efetuadas no comércio e restritivos se houver,
assim acaba servindo como uma importante ferramenta às empresas que concedem
crédito as pessoas físicas.
2.8.2 Sisbacen
Segundo Unibanco [2010] o SISBACEN (Sistema de Operações e
Controle do Banco Central) é um sistema que possibilita a interligações dos
computadores das instituições financeiras aos computadores do Banco Central do
45
Brasil. Para a Intelect [2010] o SISBACEN armazena todas as operações de
empréstimos e cambiais efetuadas pelas instituições financeiras nacionais, assim
acaba servindo como um grande instrumento de fiscalização do BACEN. Além de
contribuir com a fiscalização o Sistema de Operações e Controle do Banco Central
serve como ferramenta para concessão de crédito nas instituições financeiras,
porque o mesmo disponibiliza sua base de dados aos bancos, que por conseqüência
conseguem evidenciar os valores que o potencial cliente tem tomada na praça, ou
seja, suas obrigações a vencer com as instituições financeiras.
2.8.3 Cadastro Positivo
Conforme Finanças práticas [2010] hoje muito se ouve falar em cadastro
de restrições, ou seja, após a pessoa física ou jurídica não honrar seus pagamentos
previamente assumidos, muito provavelmente terá seu nome relacionado em uma
espécie de cadastro negativo, como SPC ou SERASA, que funciona como um banco
de dados dos mau pagadores. Ainda para Finanças Práticas [2010] o cadastro
positivo seria o inverso dos cadastros existentes hoje, porque ele levaria em conta
todo o histórico do cliente, assim seria possível analisar todo o histórico do potencial
cliente, e não apenas sua situação de momento.
Nunes [2010] a principal vantagem do cadastro positivo será a
possibilidade de diminuir o custo do crédito, uma vez que o mesmo servirá como
grande fonte de dados às instituições financeiras na hora de conceder crédito,
assim, a tendência é que diminua os riscos das operações, o que por conseqüência
irá afetar as taxas de juros. Mas Nunes destaca que a implantação do cadastro
positivo não é certeza de redução de juros, e sim uma possibilidade, mas para que
isso ocorra, se faz necessário a elaboração de um projeto condizente com a
realidade econômica brasileira, pois em um país de dimensões continentais é
preciso analisar bem todas as variáveis possíveis.
46
2.9 Risco de Crédito
Conforme Silva (2008) toda vez que uma instituição financeira concede
crédito existe o risco do não recebimento, ou seja, o tomador do crédito poderá não
cumprir com a promessa de pagamento. Os fatores que podem estar vinculados ao
não-cumprimento da promessa de pagamento podem estar relacionados ao caráter
do cliente, sua habilidade de gerir o negócio, capacidade de geração de caixa ou
ainda a fatores externos. Com relação à exigência de garantias ao conceder crédito
Silva (2008, p. 29) aborda o seguinte:
Mesmo a garantia não devendo ser o fator decisivo para concessão do
empréstimo ou de um financiamento, alguns tipos de operações devem ser
respaldadas por garantias que equilibrem e compensem as fraquezas
relacionadas às demais variáveis implícitas no risco de crédito. A boa
qualidade da carteira de crédito do banco é, seguramente, um fator de
segurança para seus acionistas e para seus depositantes.
2.10 Rating de Crédito
Para Tavares (1988) quando do processo de concessão de crédito a
instituição financeira deverá estar ciente que paralelamente ao potencial aumento
das receitas em virtude dos juros cobrados nas operações de crédito, existe o risco
de não receber o dinheiro emprestado, ou seja, cada operação tem um determinado
risco que deverá ser analisado pelo banco.
Conforme Schrickel (2000) o risk rating é conceito gerencial adotado pelas
instituições financeiras e agências internacionais de classificação de risco. O rating
busca classificar a qualidade do crédito, ou seja, ele estabelece uma classificação às
operações de crédito.
O rating do crédito para Schrickel (2000) possibilita identificar e extrair o
perfil da carteira de crédito de determinada instituição financeira, porque acaba
evidenciando em quais setores a carteira de crédito está mais concentrada, quais as
atividades de maiores riscos, a qualidade da carteira, essas informações oriundas do
rating são de grande valia para a gestão da carteira de crédito, pois servem de
balizadores para o planejamento estratégico.
Conforme Silva (2008) no Brasil, a resolução nº 2.682, de 21 de novembro
de 1999 de autoria do BACEN, estabeleceu as escalas de provisionamento para
47
créditos de liquidação duvidosa, entre outros assuntos abordados na norma. Ainda
para Silva (2008) do ponto de vista de uma instituição financeira, a classificação dos
clientes por níveis de risco possui um duplo papel. Primeiro, serve como um
riquíssimo banco de dados para instituição financeira, ou seja, traz uma série de
informações referente ao risco individual de cada cliente e potencial tomador de
crédito. Segundo, atende às exigências impostas pela autoridade monetária
nacional, que segue um padrão internacional.
2.11 Micro e Pequena Empresa
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
classifica as microempresas pelo faturamento anual, enquadrando-as numa cifra
menor ou igual a R$ 2,4 milhões de reais. Já as pequenas empresas enquadram-se
num faturamento anual maior que R$ 2,4 milhões de reais e menor ou igual a R$ 16
milhões de reais. É importante destacar que no primeiro ano de funcionamento, o
limite acima será proporcional aos meses de atividade da empresa em questão.
O Quadro nº 5 evidencia resumidamente como funciona o critério adotado
pelo BNDES para determinar o porte da empresa:
Quadro nº 5 – Classificação do Porte da Empresa
Fonte: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
Conforme Silva (2008) de certo modo as empresas de pequeno porte são
mais sensíveis em épocas de crise, as pequenas empresas são as primeiras a sentir
o impacto da crise e normalmente as últimas a sair.
48
2.12 Ato e Decisão de Crédito
Para
Schrickel
(2000)
toda
e
qualquer
atividade
empreendida
internamente numa instituição financeira que envolva o comprometimento de seus
recursos, em sinergia com uma operação de crédito que acarrete riscos é
considerado um ato crédito. Contudo todo ato de crédito requer uma decisão de
crédito, a qual só pode ser tomada pelo nível de alçada apropriada, ou seja, por
quem esteja preparado para tomar tal decisão.
Schrickel (2000, p. 67) destaca alguns atos de crédito, que requerem,
portanto, decisão de crédito:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Concessão de limites de crédito e empréstimos;
Prorrogação da validade dos limites;
Excessos sobre limites de crédito anteriormente aprovados;
Aumento e revisões (anuais) de limites;
Modificações nas condições originais da aprovação (modalidade,
valores, prazos e garantias), introduzindo novos e/ou maiores riscos
que anteriormente (substituição de garantias, prorrogação de prazos
e vencimentos etc.);
Perdão de dívidas;
Cessão de créditos e troca de créditos (swaps)
Venda de crédito;
Conversão de dívidas.
Schrickel (2000) afirma que todo e qualquer ato de crédito deve seguir três
balizadores: a liquidez, a segurança e a rentabilidade das operações originadas em
decorrência do ato de crédito. Embora a rentabilidade não seja o principal elemento
decisional crítico, ela é de grande valia na hora da decisão de conceder ou não
crédito. Normalmente os atos de decisão de crédito são elaborados pela própria
instituição financeira, quer seja na sua política geral ou na sua política de crédito. É
importante destacar que os atos inerentes ao crédito devem adequar-se as diretrizes
emitidas pelo Banco Central do Brasil.
2.13 Cobrança
Pereira (1991) afirma que a cobrança exerce um papel extremamente
importante na gestão da carteira de crédito, pois a mesma tem a responsabilidade
de trazer os recursos que estão na rua através de empréstimos inadimplentes. Ainda
49
para Pereira (1991) uma política de crédito para que realmente seja eficiente se faz
necessário à adoção de uma boa política de cobrança, política essa que deverá ser
atuante, ou seja, assim que necessário deverá entrar em prática, pois quanto mais
tempo demorar o processo de cobrança, menor será a chance de receber o recurso
emprestado.
50
3 ESTUDO DE CASO
O presente estudo de caso fez uso de um questionário com 23 (vinte três)
perguntas, aplicado às pessoas envolvidas no processo decisório de crédito de uma
cooperativa de Crédito. Tal questionário tinha como objetivo identificar o perfil do
profissional de crédito da instituição. O questionário foi entregue a sete gerentes de
negócios, sendo que desses, seis os devolveram devidamente preenchidos. Dos
seis entrevistados, cinco trabalham na agência do centro e um na agência do Rio
Maina, ambas situadas em Criciúma - SC.
3.1 Empresa Pesquisada
O Sistema de Crédito Cooperativo - SICREDI opera com 128 cooperativas
de crédito e mais de 1.000 pontos de atendimento em dez estados brasileiros (Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Tocantins, Pará, Rondônia, Goiás e São Paulo).
O Sicredi hoje conta com cinco Cooperativas Centrais, Confederação,
Banco
Cooperativo
e
empresas
controladas
(Administradora
de
Cartões,
Administradora de Consórcios e Corretora de Seguros), além de uma empresa de
informática, a Redesys, atuando de forma integrada, com isto proporciona ganhos de
escala, fortalecimento da marca e maior competitividade.
Hoje, o Sicredi possui no Brasil mais de um milhão e meio de associados.
Todo o sistema é controlado através da Sicredi Participações S.A., da qual os
acionistas são as cooperativas integrantes do sistema.
Com origem essencialmente no setor primário, o Sicredi atua nos centros
urbanos, por intermédio das cooperativas de livre admissão e/ou por meio de
cooperativas de crédito segmentadas, que são aquelas ligadas a categorias
profissionais ou segmentos econômicos específicos. Com o fortalecimento
institucional do Sicredi e de outras instituições de mesma natureza, foi crescendo a
abrangência de atuação do cooperativismo de crédito, com a significativa ampliação
51
do volume de recursos administrados, o aumento do contingente de associados e a
disponibilização de uma maior gama de produtos e serviços.
3.2 Apresentação dos Resultados
Na primeira etapa deste capitulo, serão apresentados os resultados
obtidos no estudo de caso. Para melhor elucidar os resultados estão apresentados
no formato de gráficos, sendo que cada gráfico possui sua devida análise. O
questionário que deu origem aos gráficos abaixo segue anexo a este trabalho.
3.1.1 Sexo do Censo
83%
Masculino
Feminino
17%
Gráfico nº 1 – Sexo do Censo
Fonte: Dados da pesquisa
Observa-se que na instituição pesquisada existe uma predominância do
sexo feminino na função de gerente de negócios, contrariando a tendência de
domínio do sexo masculino nas instituições financeiras. Segundo o gráfico acima
83% dos gerentes de negócios das agências de Criciúma são mulheres. Pode-se
destacar a forte presença feminina em um cargo tão importante, pois ainda nos dias
de hoje, infelizmente existe um grande preconceito contra a figura da mulher no
mercado de trabalho.
52
3.1.2 Faixa Etária do Censo
33%
20 a 30
17%
31 a 40
41 a 50
51 a 60
0%
50%
Gráfico nº 2 – Faixa Etária
Fonte: Dados da pesquisa
Nota-se que 50% dos gerentes estão na faixa etária entre 20 e 30 anos,
33% possuem entre 31 e 40 anos e 17% estão situados na faixa de 41 e 50 anos.
Pode-se destacar a predominância da juventude na equipe de negócios,
que não deixa de ser um fator positivo, mas, em um mercado tão feroz como é o
mercado financeiro existe a necessidade de profissionais com grande bagagem, ou
seja, que conheçam profundamente a atividade de intermediação financeira, e,
assim possam contribuir com o desenvolvimento dos colegas através do repasse de
suas experiências e conhecimento adquiridos durante a carreira.
53
3.1.3 Estado Civil do Censo
83%
Solteiro (a)
Casado (a)
Separado (a)
0%
17%
Viúvo (a)
0%
Gráfico nº 3 – Estado Civil
Fonte: Dados da pesquisa
Com relação ao estado civil dos entrevistados percebe-se que 83% estão
casados atualmente, e apenas 17% são solteiros. Destaca-se a evidente preferência
da instituição por profissionais casados.
Ao casamento costuma-se atribuir uma maior responsabilidade, em virtude
dos compromissos assumidos, responsabilidade essa que é um dos principais
pilares de um bom gerente de negócios, é possível que a preferência da instituição
por profissionais casados se dê em função do motivo referido, ou seja, a instituição
busca pessoas com a vida consolidada, que transmitam uma imagem de
responsabilidade e credibilidade frente aos seus clientes.
3.1.4 Escolaridade do Censo
Segundo grau completo
Superior incompleto
66%
Superior Completo
17%
0%
0%
0%
0%
17%
Gráfico nº 4 – Escolaridade
Fonte: Dados da pesquisa
Pós/MBA Incompleto
Pós/MBA completo
Mestrado incompleto
Mestrado completo
54
Um dos objetivos do estudo de caso realizado era identificar a
escolaridade dos pesquisados. Conforme o Gráfico nº4 nota-se que 17% dos
entrevistados estão cursando curso superior, já 66% possui curso superior completo
e ainda 17% estão cursando pós/MBA.
Com relação à escolaridade percebe-se que a grande maioria possui
curso superior, e o restante ou está finalizando o curso superior ou estão cursando
uma pós-graduação.
O ponto negativo a ser destacado com relação à escolaridade dos
entrevistados, foi á falta de profissionais com formação acadêmica superior a
graduação, pois apenas 17% dos gerentes de negócios estão cursando uma pósgraduação no momento, e nenhum profissional possui uma pós-graduação ou MBA
finalizado.
3.1.5 Estudando Atualmente
67%
Sim
33%
Não
Gráfico nº 5 – Estudando Atualmente
Fonte: Dados da pesquisa
Após analisar o grau de escolaridade, também é importante verificar como
anda o processo de atualização desses profissionais. Conforme o gráfico acima
nota-se que 67% dos entrevistados não estão estudando no momento, enquanto
33% ainda estão estudando. Vale ressaltar que dos 33% que estão cursando algum
curso no memento, 17% estão finalizando sua primeira graduação.
A falta de educação continuada entre os gerentes de negócios foi um
55
aspecto negativo detectado nessa pesquisa, pois em um mercado tão dinâmico
como o mercado financeiro, a busca contínua pelo conhecimento dos profissionais
passou a ser uma necessidade.
Em virtude do ponto negativo destacado acima, sugere-se que a
instituição alvo dessa pesquisa estabeleça uma política de educação continuada
para seus colaboradores. Visando o desenvolvimento de seu quadro funcional e por
conseqüência a maximização dos resultados.
3.1.6 Há Quanto Tempo Trabalha no Mercado Financeiro
17%
0%
33%
Menos de 3 anos
3 a 6 anos
Entre 6 e 9 anos
Entre 9 a 12 anos
0%
Acima de 12 anos
50%
Gráfico nº 6 – Há Quanto Trabalha no Mercado Financeiro
Fonte: Dados da pesquisa
Ao analisar o gráfico nº 6 percebe-se que 50% dos gerentes de negócios
entrevistados possuem entre 3 e 6 anos de experiência no mercado financeiro, já na
faixa de 9 a 12 anos encontra-se 17% dos entrevistados e 33% dos gerentes
possuem mais de 12 anos de atuação no mercado financeiro.
Destaca-se que nenhum dos profissionais de crédito possuem menos de 3
anos de experiência no mercado, ou seja, são profissionais com uma certa bagagem
na atividade de intermediação financeira.
56
3.1.7 Há Quanto Tempo Trabalha na Instituição Financeira
33%
0%
Menos de 3 anos
Entre 3 e 6 anos
17%
Entre 6 e 9 anos
Entre 9 e 12 anos
0%
Acim a de 12 anos
50%
Gráfico nº 7 – Há Quanto Tempo Trabalha na Instituição Financeira
Fonte: Dados da pesquisa
Percebe-se no gráfico nº 7, que 50% dos profissionais possuem menos de
3 anos de atuação na instituição pesquisada, .33% dos entrevistados estão de 3 a 6
anos na cooperativa e apenas 17 possuem mais de 9 anos na instituição. Destacase que a referida instituição possui exatamente 3 anos de atuação na região, em
função disso justifica-se a concentração na faixa de menos de 3 anos, o restante dos
entrevistados são profissionais que trabalhavam em outras regiões.
3.1.8 Há Quanto Tempo Trabalha Como Gerente de Negócios
17%
Menos de 3 anos
Entre 3 e 6 anos
17%
Entre 6 e 9 anos
Entre 9 e 12 anos
66%
0%
Acima de 12 anos
0%
Gráfico nº 8 – Há Quanto Tempo Trabalha Como Gerente de Negócios
Fonte: Dados da pesquisa
Observa-se que 66% dos gerentes de negócios entrevistados está há
57
menos de 3 anos na função, 17% possuem entre 3 e 6 anos de atuação como
gerente negócios e 17% exercem a função de gerente entre 6 e 9 anos.
Ao analisar-se o referido gráfico constata-se que a maioria dos
profissionais possui pouca experiência na função de gerente. Um dos principais
fatores para o bom desempenho de um profissional de crédito é o aperfeiçoamento
dos seus conhecimentos adquiridos durantes os anos, ou seja, o aprimoramento dos
conhecimentos através de fatos vivenciados durante a carreira profissional. Sendo
assim, sugere-se que a instituição busque aumentar o nível de experiência de seus
profissionais, fato este que por conseqüência aumentaria a capacidade técnica de
seu quadro funcional através de partilha de informações e conhecimentos entre os
gerentes com longa experiência no mercado financeiros e os “novatos” na função de
gerente de negócios.
3.1.9 Finalidade dos Empréstimos
100%
Sim
Não
0%
Gráfico nº 9 – Finalidade dos Empréstimos
Fonte: Dados da pesquisa
Quando indagados a respeito da finalidade dos empréstimos, percebe-se
que 100% dos entrevistados buscam questionar o potencial tomador sobre a
finalidade do empréstimo tomado.
Pode-se destacar o gráfico nº 9 como fato positivo detectado na pesquisa,
pois conhecer a finalidade do empréstimo é de extrema importância no processo
decisório de crédito. Pode acontecer de um cliente com bom histórico junto à
instituição solicitar um empréstimo para abertura de um empreendimento, com o
58
conhecimento desse fato, o profissional de crédito passará a analisar a viabilidade
do negócio, caso julgue inviável o empreendimento desejado pelo potencial tomador,
o profissional de crédito poderá indeferir o empréstimo, tendo como base de
argumentação a finalidade do mesmo.
3.1.10 Os “C”s do Crédito
33%
33%
Capital
Condições
Caráter
Colateral
Conglomerado
0%
Capacidade
0%
34%
0%
Gráfico nº 10 – Os “C” do Crédito
Fonte: Dados da pesquisa
Ao serem questionados sobre qual o principal “C” do crédito é
determinante no processo decisório de crédito, percebe-se uma divisão de opiniões
entres o profissionais entrevistados.
No desenvolvimento desse trabalho, através da elaboração do referencial
teórico e nas orientações ocorridas durante esse período, este acadêmico julga o “C”
caráter como sendo primordial no processo de decisório de crédito, ou seja, ao
detectar um possível desvio de caráter do potencial tomador recomenda-se que a
análise de crédito seja encerrada e o empréstimo indeferido em virtude desse fato.
Assim pode-se destacar o grau de entendimento dos gerentes a respeito
dos “C”s do crédito como um fator negativo detectado na pesquisa. Sugere-se um
aprimoramento dos profissionais a respeito do assunto, pois quando é de
conhecimento do profissional de crédito o desvio de caráter do potencia tomador, os
59
outros fatores de análise se tornam irrelevantes.
3.1.11 Visita aos Clientes
83%
Sem analm ente
Quinzenalm ente
Mensalm ente
Sem estralm ente
0%
0%
17%
Gráfico nº 11 – Visita aos Clientes
Fonte: Dados da pesquisa
Quando perguntados sobre a periodicidade das visitas aos clientes de sua
carteira, 83% dos gerentes de negócios afirmaram que costumam visitar
mensalmente seus clientes, já para 17% costumam visitar quinzenalmente.
Entende-se que a periodicidade de visitas aos clientes praticadas pelos
gerentes de negócios da instituição pesquisada é o ideal, assim este acadêmico
destaca o gráfico nº 11 como um fator positivo detectado na pesquisa, pois conhecer
o andamento das atividades da empresa é extremante importante no processo de
gestão de crédito. Vários autores destacam a visita de campo ao potencial tomador
como sendo um elemento imprescindível no processo decisório de crédito, pois
através da visita consegue-se aumentar a qualidade das informações para se obter
uma decisão mais segura a respeito da concessão ou não do crédito.
60
3.1.12 Setores Atuantes na Região Sul Catarinense Considerados de Menor Risco
17%
17%
Superm ercadista
Extração Mineral
17%
Quím ico
Cerâm ico
Confecção de vestuário
0%
Metal Mecânico
0%
49%
Gráfico nº 12 – Setores Atuantes na Região Sul Catarinense Considerados de Menor Risco
Fonte: Dados da pesquisa
Um bom profissional de crédito precisa conhecer bem os setores mais
atuantes na sua região, com objetivo de averiguar a visão dos gerentes de negócios
da instituição pesquisada a respeito dos setores com maior atuação na região sul
catarinense, os gerentes foram indagados sobre o grau de risco dos referidos
setores.
Percebe-se que 49% dos pesquisados considera o setor supermercadista
como sendo o de menor risco ao conceder crédito, já os 51% restante ficaram
divididos em partes iguais entre os setores de extração mineral, químico e cerâmico.
Ao analisar o gráfico podem-se destacar como fator positivo os 49% que
indicaram o setor supermercadista como sendo o de menor risco ao conceder
crédito, em virtude do bom histórico das empresas do setor atuante na região, e do
bom desempenho do setor em nível nacional. Já como fator negativo destaca-se os
34% que apontaram os setores de extração mineral e cerâmico como sendo de
menor risco, porque é de amplo conhecimento as crises vividas por esses setores e
falta de capacidade de pagamento de algumas empresas que fazem parte desses
dois segmentos.
61
3.1.13 Setores Atuantes na Região Sul Catarinense Considerados de Maior Risco
66%
0%
0%
17%
17%
Supermercadista
Químico
Confecções de vestuário
Metal Mecânico
Cerâmico
Extração mineral
0%
Gráfico nº 13 – Setores Atuantes na Região Sul Catarinense Considerados de Maior Risco
Fonte: Dados da pesquisa
Seguindo-se a mesma linha de raciocínio do gráfico nº 12, os gerentes
foram questionados sobre o grau de risco dos setores elencados no gráfico acima,
só que dessa vez o objetivo era detectar qual setor na visão dos profissionais era
considerado como de maior risco ao se conceder crédito.
Analisando-se o gráfico nº 13 percebe-se que 66% dos entrevistados
considera o setor de confecção de vestuário como sendo de maior risco, já para
17% dos gerentes o setor supermercadista é o de maior risco, e também para 17%
dos entrevistados o setor químico é considerado como de maior risco.
Nota-se que a maioria dos gerentes de negócios apontou o setor de
confecção de vestuário como sendo o de maior risco ao se conceder crédito, um dos
fatores que justificam esta opção é grande sazonalidade que o setor tem, ou seja,
seu faturamento não é constante, existem muitas variações durante o ano,
principalmente nas trocas de estações, outro fator relevante é a concorrência dos
produtos chineses, que normalmente possuem baixo preço no mercado nacional.
Com relação aos setores considerados como de maior risco este
acadêmico concorda com os profissionais que apontarem o setor de confecção de
vestuário, tal posicionamento tem como base sua vivencia profissional, no entanto,
discorda dos 17%, que apontaram o setor supermercadista, em virtude do bom
histórico de adimplência das empresas do segmento.
Em linhas gerais pode-se dizer que os gerentes de negócios possuem
62
uma boa visão no que tange aos setores de maior risco, mas, recomenda-se um
aprimoramento através de pesquisas individuais e treinamentos com relação ao
estudo dos setores atuantes na região. Pois conhecer profundamente os fatores
econômicos da região é imprescindível para qualquer profissional de crédito.
3.1.14 Concessão de Empréstimos de Curto Prazo para Financiar Investimentos
50%
Sim
Não
50%
Gráfico nº 14 – Concessão de Empréstimos de Curto Prazo para Financiar Investimentos
Fonte: Dados da pesquisa
Quando questionados se já concederam empréstimos de curto prazo para
financiar investimentos, 50% afirmam que sim, e 50% que não.
No gráfico nº 14 foi detectado um fator negativo muito preocupante, pois à
boa política financeira determina que os investimentos, devam ser financiados por
recursos tomados à longo prazo, uma vez que o retorno de um investimento
costuma acontecer no longo prazo, assim, existiria um equilíbrio financeiro entres as
obrigações assumidas e retorno esperado sobre o investimento, por conseqüência o
risco de acontecer um fluxo financeiro negativo na empresa tomadora de crédito
seria menor.
Sugere-se um aprofundamento a respeito do assunto, porque conhecer o
fluxo financeiro contribui em muito no processo decisório de crédito, possuindo esse
conhecimento o gerente terá a capacidade de oferecer ao tomador a modalidade de
empréstimo que melhor se encaixe às necessidades do cliente.
63
3.1.15 Fator Determinante para Aprovação do Desconto de Recebível
33%
Qualidade do Cliente
Qualidade do Recebível
67%
Gráfico nº 15 – Fator Determinante para Aprovação do Desconto de Recebível
Fonte: Dados da pesquisa
Com relação ao fator determinante na aprovação de um desconto de
recebíveis, percebe-se no gráfico acima que 66% dos entrevistados consideram a
qualidade do cliente como sendo o fator primordial na liberação de um desconto de
recebível, já para 33% dos gerentes de negócios o principal fator ao analisar-se um
desconto de recebível fundamenta-se na qualidade do sacado.
Entende-se que a boa liquidez do recebível é o principal fator na análise
de um desconto de recebível, pois um desconto de recebível nada mais é que a
“compra” de títulos de crédito por parte da instituição, ou seja, quanto melhor for á
qualidade do recebível, mais segura será a operação de crédito.
64
3.1.16 Verificação da Procedência dos Recebíveis Descontados
100%
Sim
Não
0%
Gráfico nº 16 – Verificação da Procedência dos Recebíveis Desconados
Fonte: Dados da pesquisa
Ainda com relação ao desconto de recebíveis percebe-se conforme o
gráfico nº 16, que 100% dos entrevistados procuram se certificar da procedência dos
recebíveis, ou seja, verificar se a prestação de serviço ou operação mercantil que
originou o título de crédito ocorreu.
Pode-se destacar que a informação contida no gráfico acima, como sendo
um fator positivo detectado na pesquisa, porque a verificação da procedência dos
recebíveis é um fator imprescindível ao se analisar um desconto de recebíveis
3.1.17 Treinamento na Área de Concessão de Crédito Antes de Atuar Como Gerente
de Negócios
33%
Sim
Não
67%
Gráfico nº 17 – Treinamento na Área de Concessão de Crédito Antes de Atuar Como Gerente de
Negócios
Fonte: Dados da pesquisa
Percebe-se que 67% dos entrevistados tiveram treinamento na área de
concessão de crédito antes de atuar como gerente de negócios, no entanto, 33%
65
não passaram por nenhum treinamento de análise de crédito antes de se tornarem
gerentes de negócios. O cenário ideal seria que 100% dos entrevistados tivessem
passado por treinamento na área de concessão de crédito antes de exercer o cargo
de gerente de negócios, em função do grau de responsabilidade atribuído ao
mesmo.
Sugere-se que à instituição pesquisada ao contratar ou promover
funcionários para a função de gerente de negócios, ofereça treinamento na área de
concessão de crédito.
3.1.18 Periodicidade Ideal da Atualização Cadastral
66%
Trimestralmente
Semestralmente
Anualmente
A cada operação
0%
17%
17%
Gráfico nº 18 – Periodicidade Ideal da Atualização Cadastral
Fonte: Dados da pesquisa
Quando questionados sobre qual seria a periodicidade ideal do processo
de atualização cadastral, percebe-se que 66% dos entrevistados apontam que a
periodicidade ideal é a cada operação, ou seja, a cada nova solicitação de crédito
efetuada pelo cliente. Já 17% afirmam que a periodicidade ideal seria
trimestralmente, e para os 17% restante a periodicidade ideal seria semestralmente.
Conforme gráfico nº 18 nota-se que a maioria dos entrevistados entende
que a periodicidade ideal seria a cada operação.
Com base no conhecimento
teórico adquirido no decorrer da elaboração deste trabalho e na vivência profissional,
66
compactua-se com a opinião dos 66% que apontaram ser necessário atualizar o
cadastro a cada operação, pois se entende que é imprescindível atualizar o cadastro
dos clientes a cada nova operação, porque em um mundo globalizado mudanças
importantes acontecem diariamente, ou em tempo menor. A posição de uma
empresa na semana passada pode ser completamente diferente da situação atual,
em função desse fator, quanto mais recente for a atualização, melhor e mais seguro
será o processo decisório de crédito
3.1.19 Pesquisa de Restritivos
83%
Trimestralmente
Semestralmente
Anualmente
A cada negócio realizado
0%
17%
0%
Gráfico nº 19 – Pesquisa de Restritivos
Fonte: Dados da pesquisa
Ao serem questionados a respeito da periodicidade praticada pelos
entrevistados no que diz respeito à pesquisa de restritivos, ou seja, consultas aos
órgãos de proteção ao crédito, Serasa, SPC, SISBACEN etc. constatou-se que 83%
dos entrevistados efetuam a pesquisa de restritivos a cada negócio realizado, no
entanto, 17% afirmam realizar a pesquisa de restritivos trimestralmente.
Com relação ao gráfico nº 19 pode-se dizer de maneira geral que a
periodicidade praticada pela maioria, ou seja, os 83% que afirmam realizar a
pesquisa a cada negócio realizado, é a ideal, pois este acadêmico entende que a
67
cada novo negócio se faz necessário conhecer se o potencial tomador vem
honrando com os compromissos assumidos na praça.
Pode-se destacar como fator negativo o fato de 17% dos entrevistados
apontarem que não realizam a pesquisa de restritivos a cada novo negócio
realizado, pois consultar os órgãos de proteção ao crédito é o mínimo que se espera
de um bom processo decisório de crédito. Sugere-se que à instituição pesquisada
aborde e discuta com maior ênfase o tema com seus gerentes de negócios
3.1.20 Fator Mais Importante no Processo de Concessão de Crédito
50%
Situação econômica e financeira
Reciprocidade
Garantias oferecidas
0%
Caráter do potencial tomador
Capacidade de pagamento
50%
Gráfico nº 20 – Fator Mais Importante no Processo de Concessão de Crédito
Fonte: Dados da pesquisa
Nota-se existe uma divisão quando o questionamento é qual seria o fator
mais importante no processo de análise de crédito, pois conforme gráfico nº 20 para
50% o fator mais importante seria a situação econômica e financeira do potencial
tomador, já para os outros 50% o fator mais importante é capacidade de pagamento.
Entende-se que verificar a capacidade de pagamento e a situação
econômica e financeira do potencial tomador é um requisito básico no processo
decisório de crédito, mas não o primordial, pois com base na fundamentação teórica
á respeito do assunto, este acadêmico define a análise do caráter do potencial
tomador, como sendo o fator mais importante no processo decisório de crédito, ou
seja, o primeiro a ser analisado, pois ao perceber-se qualquer indício de fragilidade
do caráter, recomenda-se para o processo de crédito indeferir o negócio, ou seja,
não conceder o crédito solicitado.
68
3.1.21 Melhor Garantia ao Conceder Crédito
0%
Aval
Alienação Fiduciária
Penhor
83%
17%
Caução
Hipoteca
0%
0%
Gráfico nº 21 – Melhor Garantia ao Conceder Crédito
Fonte: Dados da pesquisa.
Com relação às garantias existentes e trabalhadas pela instituição
pesquisada, foi indagado aos entrevistados, com relação às garantias elencadas
acima qual é considerada mais segura. Percebe-se que 83% entendem a alienação
fiduciária como sendo a opção de garantia que proporciona maior segurança, no
entanto, para 17% a garantia que acrescenta mais segurança e liquidez a operação
é a garantia da Caução. Se for analisar a liquidez das espécies de garantias, a que
possui um maior grau de liquidez seria o caução de títulos, uma vez, que a
possibilidade de a garantia se converter em dinheiro é maior, no entanto, se o
principal objetivo for à segurança, este acadêmico entende que a hipoteca e a
alienação fiduciária seriam a melhor opção, pois ambas representam um direito de
propriedade em favor do credor, que poderá ser utilizado em caso de inadimplência.
69
3.1.22 Caso Prático de Concessão de Crédito
100%
Sim
Não
0%
Gráfico nº 22 – Caso Prático de Concessão de Crédito
Fonte: Dados da pesquisa
Foi exposto para análise dos entrevistados o seguinte caso prático: uma
empresa com uma situação econômica e financeira saudável, ou seja, até o
momento vem honrando pontualmente com seus pagamentos, solicita um capital de
giro, mas, a idoneidade de seus sócios é extremamente duvidosa. Você seria
favorável a essa operação?
Percebe-se que 100% dos entrevistados não seriam favoráveis a liberação
do crédito, em virtude da falta de idoneidade dos sócios. O gráfico nº 22 é um bom
exemplo, de como o “C” caráter é primordial no processo decisório de crédito.
3.1.23 Certificação da Correta Formalização das Operações de Crédito
100%
Sim
Não
0%
Gráfico nº 23 – Certificação da Correta Formalização das Operações de Crédito
Fonte: Dados da pesquisa
70
Em relação à certificação da correta formalização das operações de
crédito, percebe-se conforme gráfico nº 23 que 100% dos entrevistados buscam se
certificar da correta formalização das operações. A formalização da operação de
crédito é um dos últimos passos do processo decisório de crédito, mas não menos
importante, pois a negligência no processo de formalização da operação pode
impactar diretamente na sua liquidez. Um contrato que possua um imóvel como
garantia, por exemplo, pode vir a ficar inadimplente, nesse caso o correto seria
executar o bem, mas, se à operação não está formalizada de maneira adequada, o
processo de execução do bem dado como garantia pode não ter êxito, em virtude de
alguma fragilidade na formalização da operação.
71
4 CONCLUSÃO
O presente trabalho de conclusão de curso tinha como foco principal
conhecer o processo de gestão e análise de risco de crédito para micros e pequenas
empresas e também identificar o perfil dos operadores de crédito.
Para alcançar os objetivos propostos na capitulo 1 deste trabalho, foi
realizada uma pesquisa na literatura disponível que aborda o tema, assim, foi
possível conhecer e comparar as opiniões de diversos autores consagrados a
respeito do referido tema.
Outro objetivo do trabalho era identificar o perfil dos gerentes de negócios
de uma cooperativa de crédito, para se alcançar tal objetivo, foi elaborado e aplicado
um questionário contendo 23 (vinte três) perguntas, todas com o tema inerente ao
processo de gestão e análise de crédito. A amostra contou com a participação 6
(seis) entrevistados .
Ao analisarem-se os resultados obtidos através do questionário,
constatou-se que na instituição existe uma maioria feminina no cargo de gerente de
negócios, isto, só vem comprovar que a presença feminina está cada vez mais
fortalecida no setor financeiro, este que até pouco tempo era dominado por
profissionais do sexo masculino. Pode-se constatar que existe uma predominância
de gerentes novos, principalmente na faixa entre 20 e 30 anos, e com pouca
experiência. Em um setor dinâmico como a atividade de intermediação financeira, se
faz necessário, profissionais com vasta experiência.
Também se detectou que a grande maioria dos profissionais, da
instituição, não busca a educação continuada, ou seja, terminam a graduação e não
se atualizam. Educação continuada é vital em qualquer segmento, pois em mundo
globalizado as mudanças acontecem muito rapidamente. Assim, sugere-se que a
instituição busque um meio de suprir essa fragilidade. Constatou-se que 33% dos
profissionais que atuam na área não tiveram nenhum treinamento de concessão de
crédito, este quadro é extremamente preocupante, não se pode colocar em função
de grande responsabilidade pessoas, sem antes prepará-las para exercer tal
responsabilidade.
Outro fato preocupante que se observou, foram as opiniões dos
entrevistados a respeito de temas importantes ao processo decisório de crédito,
como os “C” do crédito, fatores determinantes para aprovação ou não de uma
72
operação e às garantias, em linhas gerais são bem divergentes, ou seja, percebe-se
que não existe um padrão quando se fala em concessão de crédito.
Diante dos problemas detectados, sugere-se que a referida instituição
busque estabelecer um padrão de conduta entre seus profissionais. Para que se
consiga tal realização é imprescindível o incentivo a educação continuada,
treinamentos periódicos abordando fatores importantes ao processo decisório de
crédito. Sugere-se também a aplicação e cumprimento de uma rígida política de
crédito, com intuito de padronizar o processo decisório de crédito.
Por fim, pode-se dizer que com a elaboração do presente trabalho houve
enriquecimento a respeito do assunto abordado, isso foi possível graças à
possibilidade de comparar-se a teoria com prática, ou seja, verificar se os conceitos
trazidos por autores consagrados, e se certificar se esses conceitos são aplicados
no cotidiano de uma instituição financeira, assim possibilitando ao leitor um maior
esclarecimento sobre o funcionamento de um processo de gestão e análise de risco
de crédito em uma cooperativa de crédito. Em virtude da complexidade do assunto
abordado, muito provavelmente esse trabalho não irá sanar todas as dúvidas
inerentes ao tema, mas, fica a contribuição para futuras pesquisas a respeito deste
importante assunto.
73
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74
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dex.asp. Acesso em 18 de Outubro de 2010.
75
APÊNDICE
76
Pesquisa orientada que irá subsidiar a elaboração do trabalho de conclusão do
curso de Ciências Contábeis, da Unesc – Universidade do Extremo Sul Catarinense,
pelo aluno graduando Fernando Pereira Machado.
1.Sexo do pesquisado:
( ) Feminino
( ) Masculino
2. Faixa etária:
(
(
(
(
) 20 a 30
) 31 a 40
) 41 a 50
) 51 a 60
3. Estado civil:
(
(
(
(
) Solteiro (a)
) Casado (a)
) Separado (a)
) Viúvo (a)
4. Escolaridade
(
(
(
(
(
(
(
) Segundo grau completo
) Superior Incompleto
) Superior completo
) Pós/MBA incompleto
) Pós/MBA Completo
) Mestrado incompleto
) Mestrado Completo
5. Estudando atualmente?
( ) Sim
( ) Não
6. Há quanto tempo trabalha no mercado financeiro?
(
(
(
(
(
) Menos de 3 anos
) Entre 3 e 6 anos
) Entre 6 e 9 anos
) Entre 9 e 12 anos
) Acima de 12 anos
77
7. Há quanto tempo trabalha na instituição financeira?
(
(
(
(
(
) Menos de 3 anos
) Entre 3 e 6 anos
) Entre 6 e 9 anos
) Entre 9 e 12 anos
) Acima de 12 anos
8. Há quanto Tempo trabalha como gerente de negócios?
(
(
(
(
(
) Menos de 3 anos
) Entre 3 e 6 anos
) Entre 6 e 9 anos
) Entre 9 e 12 anos
) Acima de 12 anos
9. Você questiona o potencial tomador sobre a finalidade do empréstimo?
( ) sim
( ) Não
10. Dos “C” do crédito elencados abaixo qual você considera mais importante?
( ) Capital
( ) Condições
( ) Caráter
( ) Colateral
( ) Conglomerado
11. Com que freqüência você visita as empresas da sua carteira?
(
(
(
(
) Semanalmente
) Quinzenalmente
) Mensalmente
) Semestralmente
12. Dos setores com maior atuação na região sul catarinense elencados abaixo, qual
você considera de menor risco ao conceder crédito:
(
(
(
(
(
(
) Supermercadista
) Confecção de vestuário
) Metal Mecânico
) Cerâmico
) Extração mineral
) Químico
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13. Dos setores com maior atuação na região sul catarinense elencados abaixo, qual
você considera de maior risco ao conceder crédito:
(
(
(
(
(
(
) Supermercadista
) Confecção de vestuário
) Metal Mecânico
) Cerâmico
) Extração mineral
) Químico
14. Você já concedeu empréstimos de curto prazo para financiar investimentos?
( ) Sim
( ) Não
15. Com relação ao desconto de recebíveis (cheques/duplicatas) qual o critério
determinante para concessão?
(
(
(
(
) Qualidade do cliente
) Qualidade do recebível
) Concentração por sacado
) Máximo por documento
16. Você costuma verificar a procedência dos recebíveis descontados?
( ) Sim
( ) Não
17. Você passou por algum treinamento na área de concessão de crédito antes de
começar a atuar como gerente de negócios?
( ) Sim
( ) Não
18. Com relação à atualização cadastral qual seria a periodicidade ideal?
(
(
(
(
) Trimestralmente
) Semestralmente
) Anualmente
) A cada operação
19. Com relação á pesquisa de restritivos (Serasa/SISBACEN) dos clientes
tomadores de crédito de sua carteira. Com que freqüência você costuma consultar?
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(
(
(
(
) Mensalmente
) Trimestralmente
) Semestralmente
) A cada negócio realizado
20. Dos fatores elencados abaixo quais você considera mais importante no processo
decisório de crédito?
(
(
(
(
(
) Situação econômica e financeira
) Reciprocidade
) Garantias oferecidas
) Caráter do potencial tomador
) Capacidade de pagamento
21. Dentre as garantias de crédito elencadas abaixo qual você considera mais
segura?
(
(
(
(
(
) Aval
) Alienação fiduciária (veículos, imóveis, máquinas etc.)
) Penhor
) Caução
) Hipoteca
22. Suponha a seguinte situação: uma empresa com uma situação econômica e
financeira saudável, ou seja, até o momento vem honrando pontualmente com seus
pagamentos, solicita um capital de giro, mas, a idoneidade de seus sócios é
extremamente duvidosa. Você seria favorável a essa operação?
( ) Sim
( ) Não
23. Você costuma se certificar da correta formalização das operações de crédito?
( ) Sim
( ) Não
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gestão e análise de risco de crédito com foco em empresas de