Projeto “Falar Bem”
O projeto Falar Bem está sendo desenvolvido na ECEME, no corrente
ano, com o objetivo de observar e analisar palestras e instruções, a fim de reunir
dados para a elaboração de uma crítica construtiva sobre a expressão oral e escrita do
corpo administrativo, docente e discente da ECEME,contribuindo para a melhoria da
qualidade da comunicação.
A seguir, você terá acesso a algumas dicas que foram apresentadas ao corpo
permanente da ECEME em palestras. Primeiramente, serão apresentados desvios
gramaticais comuns no nosso dia-a-dia. Em seguida, serão apresentadas as normas
corretas de acordo com a gramática tradicional.
1. USO INADEQUADO DO PRONOME DEMONSTRATIVO “MESMO”.
Exemplo:
O exercício no terreno foi longo. O mesmo foi realizado no mês de janeiro.
O correto é:
O exercício no terreno foi longo. Esse foi realizado no mês de janeiro. Ou ...
Ele foi realizado no mês de janeiro, pois o pronome demonstrativo “mesmo” não
deve ser empregado em substituição a outro tipo de pronome ou a um substantivo.
Seu emprego tem caráter reforçativo.
Exemplo:
“Nunca fale de si mesmo a quem você não conhece.”
2. REGÊNCIA IMPRÓPRIA DO VERBO “ATENDER”.
Exemplo:
“O pedido tem a finalidade de atender as necessidades previstas.”
O correto é:
O pedido tem a finalidade de atender às necessidades previstas.
O verbo “atender” quando tem como complemento coisas será transitivo
indireto, ou seja, pede a preposição, portanto acontece a crase.
Outros exemplos:
A secretaria atendeu ao telefone.
Todos correram para atender à campanhia.
Esse mesmo verbo pode ser utilizado com preposição (TI) ou sem preposição
(TD) quando o complemento é pessoa:
Exemplos:
O presidente não atendeu o / ao banqueiro.
O diretor atenderá todos /a todos os pais de alunos.
3. REGÊNCIA IMPRÓPRIA DO VERBO “IMPLICAR”.
Exemplo:
“O erro no planejamento implicou na perda de muitos homens.”
O correto é:
O erro no planejamento implicou a perda de muitos homens.
O verbo “implicar no sentido de acarretar”, “trazer como conseqüência” é
transitivo direto, isto é, não aceita a preposição.
Outros exemplos:
A decisão do ministro implicou o cancelamento do projeto.
A derrota implica a desclassificação.
Esse mesmo verbo, quando empregado com sentido de “comprometer” ou
“envolver” é transitivo direto e indireto, ou seja, pede dois complementos.
Exemplo:
Quando depôs, o réu implicou outras pessoas no crime.
↓
↓
Objeto direto Objeto indireto
4. USO INDEVIDO DAS EXPRESSÕES “AO ENCONTRO DE” E “DE
ENCONTRO A”
Exemplo:
Essas idéias vêm de encontro às necessidades.
No contexto, a expressão foi utilizada indevidamente para dizer que as idéias
estavam de acordo com as necessidades. Porém, ao empregar a expressão “de
encontro a” o sentido foi alterado e as idéias que deveriam ser “a favor” das
necessidades, passaram a ser “contra”.
Portanto:
“Ao encontro de” - significa “a favor”.
Exemplo:
Qualidade é ir ao encontro das expectativas do cliente.
“De encontro a” - significa “contra”.
Exemplo:
O carro foi violentamente de encontro ao poste.
5. USO INADEQUADO DA EXPRESSÃO “EM VEZ DE”
Exemplo:
A tropa deveria deslocar-se para a esquerda “em vez de” ir para a direira.
A forma correta é:
A tropa deveria deslocar-se para esquerda “ao invés de” ir para a direita.
A expressão “em vez de” deve ser usada para qualquer tipo de troca, de
substituição.
Exemplo:
Apertou o botão azul “em vez de” vermelho.
Já a expressão “ao invés de” significa “ao contrário de” e só pode ser usada se
houver troca “por coisa oposta”.
Exemplo:
Subiu ao invés de descer.
Outros exemplos:
Ao invés de falar, preferiu calar-se.
(idéia de oposição)
Foi à praia em vez de ir à escola.
(significa “em lugar de”)
1. CASO DE CONCORDÂNCIA INDEVIDA.
Exemplo:
Sua ação e exemplo deu determinação aos seus soldados.
Aqui, temos o sujeito composto representado pelas palavras “ação” e “exemplo”,
portanto o verbo deverá ficar no plural. Só seria permitido o uso do verbo no singular
se esse estivesse antes do sujeito.
Exemplo:
Deu sua ação e exemplo determinação aos seus soldados.
É válido lembrar que, às vezes, encontramos esse tipo de construção, porém com
palavras sinônimas.
Veja:
O rancor e o ódio reduz o homem a cinzas.
Nesse caso, por se tratar de sinônimos, o verbo ficará no singular.
A seguir, apresentaremos algumas expressões que, embora não tenham
aparecido em nossas instruções, sempre oferecem dúvidas.
1. “A nível de”
Embora de uso generalizado, a locução “a nível de” é condenada por todos os
mestres e estudiosos da língua portuguesa. É tida por modismo que se introduziu na
linguagem jornalística e contagiou outros canais de comunicação.
No sentido de “no que diz respeito a” ou “em termos de” devemos usar a
expressão “em nível de”.
Exemplo:
Em nível de Brasil, verificam-se grandes diferenças regionais.
Já no sentido de “nivelamento” a “à mesma altura” o correto é usar “ao nível
de”.
Exemplo:
Era um solo baixo, quase ao nível do mar.
Certos vícios rebaixam o homem ao nível dos brutos.
2. “Em princípio” e “a princípio”.
As duas expressões são corretas, porém devem ser empregadas em situações
diferentes.
A expressão “em princípio” significa “em tese”, “teoricamente”, “em termos”.
Exemplo:
Em princípio, não estamos interessados em vender esse imóvel.
—Você vai assistir ao filme?
—Em princípio, vou; mas depende da confirmação de outro compromisso.
A expressão “a princípio” significa “inicialmente”, “no começo”, “num
primeiro momento”.
Exemplos:
Pensamos, a princípio, que se tratava de um animal pré-histórico.
A príncípio, eu não sabia de nada, mas um dia ela me contou tudo.
3. “Face a”.
Os manuais de redação aconselham não usar a expressão “face a ”. Se
quisermos expressar a idéia de “diante de”, devemos usar “em face de”.
Exemplo:
Em face do exposto, seu pedido foi indeferido.
1. “Em anexo”.
Para muitos gramáticos, como por exemplo Luiz Antônio Sacconi, essa
locução não deve ser usada.
Porém, outros, como Evanildo Bechara, dizem que ela é invariável e não deve
haver nenhuma restrição quanto ao seu uso.
Outros, ainda, como a professora Maria Tereza de Queiroz, aconselha o uso
dessa locução, principalmente, por aqueles que ficam em dúvida ao efetuar a
concordância da palavra anexo, uma vez que a expressão “em anexo” é invariável.
Exemplos:
“Vai em anexo a declaração.”
“Vão em anexo as declarações.”
(Evanildo Bechara)
5. “Melhor” e “Mais bem”.
Antes de particípio verbais “regulares”, podemos usar “melhor” ou “mais
bem”.
Exemplos:
Ele foi o brasileiro mais bem colocado (ou melhor colocado) na corrida.
Esta escola está mais bem estruturada (ou melhor estruturada).
Antes de particípios verbais “irregulares”, vamos usar sempre “mais bem”.
Exemplos:
Ele é o jogador mais bem pago.
Este relatório está mais bem escrito.
Nas demais situações, é obrigatório o uso de melhor.
Exemplos:
Isso é para melhor atender o cliente.
Ele se preparou melhor que os demais.
“Ler e escrever aguçam a consciência, ampliando horizontes, abrindo
caminhos e gerando possibilidades.”
Marina Ferreira e Tânia Pellegrini
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