Dez anos da Budapest Open Access Initiative:
o passado, o presente e o futuro do
Acesso Aberto
Eloy Rodrigues
[email protected]
ENSP, Fiocruz, Rio de Janeiro
11 de Setembro de 2012
Agenda
 Introdução – Antes de Budapeste: a préhistória do Open Access
 BOAI – Budapeste Open Access Initiative
 Depois de Budapeste – A afirmação do Open
Access
 Rumo ao futuro – metas e recomendações
para a próxima década do Open Access
O que é o Acesso Aberto?
Open Access, "Acesso Aberto" (ou “Acesso Livre”) significa a
disponibilização livre na Internet de cópias gratuitas, online,
de artigos de revistas científicas revistos por pares (peerreviewed), bem como outras publicações académicas e
científicas,
realizadas
sem
objetivo
de
remuneração
(comunicações a conferências, teses e dissertações, relatórios
técnicos, etc.).
Introdução
 «Uma velha tradição e uma nova tecnologia
convergiram para tornar possível o aparecimento
de um bem público sem precedentes. A velha
tradição é a boa-vontade de pesquisadores e
cientistas publicarem os resultados da sua
investigação em revistas científicas, sem qualquer
remuneração, apenas em prol da investigação e
difusão do conhecimento. A nova tecnologia é a
Internet. O benefício público que as duas
possibilitam é a distribuição eletrónica, a uma
escala mundial, da literatura científica com revisão
pelos pares, de forma gratuita e sem restrições de
acesso (...)».
Tradução de BUDAPEST OPEN ACCESS INITIATIVE
Uma velha tradição…
 A partilha dos resultados da pesquisa, para
que outros possam desenvolver e construir a
partir de resultados anteriores, sempre foi,
até meados do século XX, o modo “normal” da
atividade académica e científica.
Anões aos ombros de gigantes
«Somos como anões aos ombros de gigantes,
pois podemos ver mais coisas do que eles e
mais distantes, não devido à acuidade da
nossa vista ou à altura do nosso corpo, mas
porque somos mantidos e elevados pela
estatura de gigantes.»
Bernardo de Chartres, referido por João de Salisbúria,
Metalogicon, III, 4.
Aos ombros dos gigantes
“Se vi mais longe foi por estar de pé
sobre ombros de gigantes.“
Isaac Newton- Carta para Robert Hooke (15
de Fevereiro de 1676)
Antes de Budapeste
A pré-história do Open Access
 Cartas entre “pesquisadores”…
 Primeiras revistas científicas (1665)
 Profissionalização e comercialização das revistas
científicas (segunda metade do séc. XX)
 Envio dos “preprints” ou de “reprints” pelo
correio entre os pesquisadores
 Criação do Arxiv (1991)
Problemas e contradições no sistema
de comunicação da ciência
 Segunda metade do século XX:
 Crescimento acentuado do volume da literatura
científica;
 “Comercialização” e perda de controlo académico
do sistema de comunicação da ciência;
 A função essencial das revistas – divulgação dos
resultados da investigação – foi obscurecida e
prejudicada por esta “comercialização”
“O longo caminho para a liberdade...”
 A partir de meados dos anos 90, várias
iniciativas, movimentos e atitudes expressam
uma insatisfação crescente com a situação do
sistema de comunicação da ciência
A Budapest Open Access Initiative
 Reunião em Budapeste, em 1 e 2 de Dezembro de 2001,
promovida pelo Open Society Institute (OSI).
 Dezasseis participantes, de diversas origens geográficas,
académicas e profissionais, portadores de diferentes
experiências e perspetivas sobre a publicação científica e a
sua acessibilidade.
 O objetivo da reunião era acelerar o progresso
internacional para tornar livremente disponíveis na
Internet os artigos científicos em todas as disciplinas
académicas.
A Budapest Open Access Initiative
A Declaração de Budapeste:
 Estabeleceu o termo e definiu o Open Access

livremente disponível na Internet, permitindo a qualquer utilizador ler, fazer download, copiar,
distribuir, imprimir, pesquisar ou referenciar os textos completos desses artigos, move-los para
indexação, passa-los como informação para software, ou usa-los para outro qualquer fim legal,
sem barreiras financeiras, legais ou técnicas que não sejam inseparáveis do acesso à Internet
 Delimitou o tipo de literatura a que se aplicava

aquela que os académicos dão ao mundo sem qualquer expectativa de pagamento.
Fundamentalmente, esta categoria inclui os artigos de revistas científicas com peer-review
 Definiu as duas estratégias para o concretizar

O auto-arquivo (I) e uma nova geração de revistas científicas de acesso livre (II)
(Posteriormente designadas como via verde e via dourada)
 Convidou governos, universidades, bibliotecas, editores,
fundações, associações científicas e profissionais para se
juntarem à iniciativa
Depois de Budapeste…
 A última década foi marcada pelo progresso e
afirmação do Open Access:
 Crescimento do auto-arquivo e dos repositórios
 Crescimento das revistas Open Access
 Políticas de Open Access por parte de instituições de pesquisa
(universidades, etc.) e de financiadores (governos e organismos
governamentais, fundações privadas, etc.)
 Aceitação generalizada do princípio do acesso aberto aos
resultados de investigação (em especial com financiamento
público)
Evolução dos repositórios
 2003 – Cerca de 200 repositórios
 2012 – 2199 repositórios
Repositórios em 2012
Evolução das revistas OA
Políticas mandatórias de Open Access
Aceitação e adoção do Acesso Aberto
 A definição de políticas é uma consequência
(e simultaneamente um reforço) da
aceitação generalizada do princípio do Open
Access à literatura científica.
 Há inúmeros sinais disto entre os
pesquisadores, as autoridades académicas e
científicas, os representantes políticos, a
imprensa e a sociedade no seu conjunto.
Exemplos recentes
“The question is no longer „if‟ we should have
open access. The question is about „how‟ we
should develop it further and promote it.”
Neelie Kroes
Comissária Europeia para a Agenda Digital, 2011
A situação atual…
 Mas apesar do progresso da última década…
 A percentagem da literatura científica que está
disponível em Acesso Aberto situa-se,
globalmente, entre os 20% e os 30%.
Proporção da literatura OA
Proporção de OA Verde e Dourado
Bjork B-C, Welling P, Laakso M, Majlender P, Hedlund T, et al. (2010) Open Access to
the Scientific Journal Literature: Situation 2009. PLoS ONE 5(6)
OA em repositórios por área
científica
Data: Yassine Gargouri and Stevan Harnad
Budapeste 10 anos depois
 Em 14 e 15 de Fevereiro de 2012, realizou-se uma nova
reunião em Budapeste, promovida pela OSI, que juntou 28
ativistas do Open Access de todo o mundo
 O objetivo da reunião foi fazer um balanço dos primeiros
10 anos da BOAI, e sobretudo discutir o futuro do Open
Access.
 A discussão foi organizada em vários temas:





Políticas
Sustentabilidade
Países em desenvolvimento
Métricas e impacto
Uso e re-utilização de resultados de investigação
Budapeste 10 anos depois
 Em resultado da reunião de Fevereiro de 2012 foi
preparado, ao longo dos últimos meses, um novo
documento.
 O documento contém recomendações para o
desenvolvimento do Open Access na próxima
década
 O documento será tornado público amanhã, dia 12
de Setembro (incluindo uma versão em português)
O novo documento de Budapeste
 Nesta declaração, reafirmamos os fins e os
meios da BOAI original, e voltamos a
comprometer-nos a realizar progressos. Mas,
adicionalmente, definimos especificamente a
nova meta de, durante os próximos dez anos,
o OA passar a ser o método normal e padrão
para distribuir os novos resultados de
investigação com revisão por pares, em todos
os domínios científicos e em todos os países.
As recomendações para a próxima
década
 Sobre Políticas
 Todas as instituições de ensino superior devem ter uma
política assegurando que versões com revisão por pares
de todos os futuros artigos científicos da autoria dos
seus membros sejam depositadas no repositório
designado pela instituição
 Os depósitos devem ser realizados tão cedo quanto possível, de
preferência no momento de aceitação para publicação, e não
após a data da publicação formal.
 As políticas universitárias devem respeitar a liberdade dos
académicos de submeter os seus trabalhos às revistas da sua
preferência.
 As políticas universitárias devem encorajar, mas não requerer, a
publicação em revistas OA, e devem ajudar os académicos a
perceber a diferença entre depositar num repositório OA e
publicar numa revista OA.
As recomendações para a próxima
década
 Sobre Políticas
 Todas as instituições de ensino superior que oferecem pósgraduações devem possuir uma política que assegure que as
futuras teses e dissertações sejam depositadas, depois de
aprovadas, no repositório OA da instituição. A pedido dos
estudantes que desejem publicar o seu trabalho, ou obter uma
patente relativa a uma descoberta patenteável, as políticas devem
conceder períodos de embargo razoáveis, em vez de isenções
permanentes.
 As universidades que possuam um repositório institucional devem
exigir o depósito no repositório de todos os artigos científicos que
devam ser considerados na promoção académica, ou outras formas
de monitorização e avaliação interna.
As recomendações para a próxima
década
 Sobre Políticas
 Desencorajamos o uso dos fatores de impacto das
revistas como indicadores da qualidade das revistas,
artigos ou autores. Encorajamos o desenvolvimento de
métricas alternativas de impacto e qualidade que sejam
menos simplistas, mais confiáveis e inteiramente
abertas para uso e reutilização.
As recomendações para a próxima
década
 Sobre Licenciamento e Reutilização
 Recomendamos CC-BY ou uma licença
equivalente como a licença ideal para a
publicação, distribuição, uso e reutilização
de trabalho académico
As recomendações para a próxima
década
 Sobre a infraestrutura e sustentabilidade
 Todas as instituições de ensino superior devem ter um
repositório OA
 Todos os pesquisadores e académicos, em qualquer
disciplina ou país, devem ter permissões de depósito
num repositório OA
 Os repositórios OA devem possuir os meios para
recolher de, e re-depositar em, outros repositórios OA.
 Os repositórios OA devem disponibilizar aos seus
autores dados de downloads, uso e citações, e tornar
esses dados disponíveis para as ferramentas que
calculem as métricas de impacto alternativas. Os
editores de revistas devem fazer o mesmo
As recomendações para a próxima
década
 Sobre a infraestrutura e sustentabilidade
 As universidades e agências de financiamento
devem apoiar os autores a pagar taxas de
publicação razoáveis nas revistas OA que
cobrem taxas, e encontrar formas comparáveis
de apoiar ou subsidiar revistas OA que não
cobram taxas.
 Em ambos os casos, devem requerer OA livre de
acordo com licenças abertas, preferencialmente
licenças CC-BY ou equivalentes, como condição para
o seu apoio financeiro.
As recomendações para a próxima
década
 Sobre promoção e coordenação
 A campanha mundial pelo OA aos artigos científicos deve
trabalhar em maior proximidade com a campanha mundial
pelo OA aos Livros, teses e dissertações, dados científicos,
dados governamentais, recursos educativos e código-fonte.
 Devemos coordenar com esforços semelhantes menos
diretamente relacionados com o acesso aos resultados da
investigação, como a reforma dos direitos de autor, obras
órfãs, preservação digital, digitalização de literatura
impressa, decisão política baseada em evidências, a liberdade
de expressão e a evolução de bibliotecas, publicação, revisão
por pares e medias sociais.
As recomendações para a próxima
década
 Precisamos de afirmar mais claramente, as seguintes
verdades sobre o OA:
 O OA beneficia a investigação e os pesquisadores, e sua a falta prejudicaos.
 O OA à investigação financiada com recursos públicos beneficia os
contribuintes e aumenta o retorno do seu investimento na investigação.
 O OA amplifica o valor social da investigação, e as políticas OA
amplificam o valor social das agências de financiamento e das
instituições de investigação.
 Os custos do OA podem ser suportados sem adicionar mais dinheiro ao
atual sistema de comunicação científica.
 O OA é consistente com as leis de direitos de autor em qualquer parte do
mundo, e concede quer aos autores quer aos leitores mais diretos do que
os que possuem no âmbito dos acordos de publicação convencionais.
 O OA é consistente com os mais elevados padrões de qualidade.
Muito Obrigado!
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