V SeminTUR Seminário de Pesquisas em Turismo no Mercosul Turismo: Inovações da Pesquisa na America Latina Dias 27 e 28 de junho de 2008 A Inclusão de Pessoas com Deficiência pelo Turismo A Democratização de Benefícios na Atividade Turística 1 Marisa Macedo Moreira2 Resumo O tema Inclusão vem sendo cada vez mais debatido pela sociedade. Os profissionais de Turismo não podem ficar alheios ou ignorar essa discussão, pois 10% da população mundial possui algum tipo de deficiência. No Brasil, de acordo com o Censo Demográfico de 2000, 24,5 milhões de pessoas disseram ter alguma deficiência. Esse enorme grupo não pode ser ignorado, seja pelo aspecto social ou pelo econômico. Visando a estudar essa atual situação, foi realizada uma pesquisa de campo com entrevista a treze atletas do Instituto Benjamin Constant, sobre suas necessidades e impressões dos processos de Inclusão percebidos durante suas viagens para competições pelo Brasil e pelo Mundo. Palavras-chave: Turismo; Inclusão; Pessoas com Deficiência A definição de Turismo utilizada pela Organização Mundial de Turismo (OMT) apresentada por Ignarra (2001, p. 23) diz que “o deslocamento para fora do local de residência por período superior a 24 horas e inferior a 60 dias motivado por razões não econômicas” configuraria uma atividade turística. Nesse momento, no entanto, não nos cabe definir as modalidades ou características dos deslocamentos turísticos, portanto nos bastará essa conceituação para a discussão a ser realizada. Para efeito de metodologia, considerou-se o turismo como uma atividade ligada ao lazer, e suas práticas descontextualizadas do exercício profissional das competições pelos entrevistados. Embora não seja difícil dissociar as duas – as viagens para competir e o exercício de atividades inerentes ao turismo – o objetivo principal era o de pesquisar o efeito que esses deslocamentos, essas viagens podem produzir nos entrevistados. Além, é claro, de melhor conhecer esse público, sobre o qual ainda se tem tão poucas informações. De acordo com Krippendorf (2003), a experiência das férias e do lazer longe de nossas casas pode criar grandes oportunidades na busca do enriquecimento interior e no exercício da liberdade, da compreensão mútua e da transposição para nosso cotidiano dessas novas sensações. John Urry (1996) também afirma que a diferença constrói “olhares” do 1 Trabalho apresentado ao GT 4 “Turismo para Pessoas Especiais” do V Seminário de Pesquisa em Turismo do MERCOSUL – Caxias do Sul 27 e 28 de junho de 2008 2 Bacharel em Turismo, Guia de Turismo, Advogada, Mestranda ouvinte da disciplina Antropologia do Turismo do PPCIS- Programa de Pós Graduação em Antropologia Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ e.mail: [email protected] V SeminTUR Seminário de Pesquisas em Turismo no Mercosul Turismo: Inovações da Pesquisa na America Latina Dias 27 e 28 de junho de 2008 turista. O turismo pode enfim ser considerado um exercício informal da diplomacia. Quando tem-se oportunidade de conhecer um ambiente diferente tomamos consciência de nossa própria viagem interna, descobrindo o caminho que por fim leva a nosso próprio ser, ainda segundo Krippendorf (2003). É a partir desse descobrir que se pode e deve imaginar o processo da inclusão, de dentro para fora e de fora para dentro também. Para incluir o outro é importante que nos sintamos, nós mesmos incluídos, é está sensação de pertenecimento a alguma sociedade que nos permitirá trazer para ela aqueles com quem convivemos. A relação com o Outro, percebida pelo conceito da alteridade é que nos possibilita um convívio social mais profundo e significativo. Segundo Silva (8 ago. 2006) “a palavra alteridade, que possui o prefixo alter do latim possui o significado de se colocar no lugar do outro na relação interpessoal, com consideração, valorização, identificação e diálogo com o outro.” Nada além do que ser capaz de não fazer ao outro aquilo que não gostaríamos que nos fosse feito. É a diversidade entre todos que deve ser catalisada e contabilizada nesse grande contexto da Inclusão. O tema “inclusão” tem sido recorrente em inúmeras pesquisas nos últimos anos, nas diversas áreas do saber. Iniciativas como a elaboração pela Organização das Nações Unidas, em 1975, da Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes, dispositivos da Constituição Federal do Brasil, de 1988, e uma infinidade de Leis, Tratados e outras referências no âmbito internacional e nacional embasam políticas que visam a garantir a toda pessoa com deficiência seus direitos básicos: liberdade, saúde, educação, trabalho, cultura e lazer. O Código de Ética Mundial para o Turismo, de 1999, também alerta para a importância do Turismo, exercido de forma ética, como forma de compreensão internacional, um exercício da paz, da liberdade, tolerância e respeito à diversidade, desenvolvimento individual e coletivo, para todos, sem exceção. O Plano Turismo no Brasil 2007 / 2010, do Ministério do Turismo também prevê exercícios no sentido de trabalhar a questão da acessibilidade ao Turismo de uma forma geral, prevê ações com relação ao Turismo Social, disponível a um número maior de pessoas e ações nas escolas também. Talvez, no que se diga respeito à legislação, guarnecidos, mesmo que nem sempre, na prática, já estejamos suficientemente aquelas sejam cumpridas. Embora importantes, não são apenas as questões de ordem filosófica, jurídica ou arquitetônica que devem ser pensadas. V SeminTUR Seminário de Pesquisas em Turismo no Mercosul Turismo: Inovações da Pesquisa na America Latina Dias 27 e 28 de junho de 2008 Analisando sob o aspecto econômico, observamos a inserção, embora de forma lenta, de um grande contingente de mão-de-obra no mercado de trabalho e, conseqüentemente, uma orda de novos consumidores inclusive de produtos turísticos e relacionados à cultura e ao lazer. Segundo Werneck (1999, p.30): Nesse contexto, vem surgindo um novo tipo de direito, o cultural, para garantir que os cidadãos mantenham e satisfaçam a diversidade e as necessidades de seus modos de vida. Os direitos culturais são parte dos direitos humanos: TODAS as pessoas devem participar plenamente da vida cultural de suas comunidades Este é o momento de tomarmos parte, como pensadores do Turismo, nessa discussão e tentarmos ocupar os enormes vácuos que ainda existem na sociedade brasileira com relação ao cumprimento dos direitos básicos do cidadão, em geral e, especialmente, das pessoas com deficiência. Não podemos pensar que a inclusão é um mero favor, uma mera concessão. Ela deve ser no mínimo uma obrigação, um dever de cada um e de todos nós. Não devemos ser marcados por nossas limitações, mas podemos sê-lo por nossas competências e habilidades. O tema Turismo para pessoas com deficiência já é levado a sério em vários países do mundo. Nos Estados Unidos, foi criada há trinta anos, a Society for Accessible Travel & Hospitality (SATH), que representa viajantes com deficiências. Na França, também existe a Association Tourism & Handicaps, que entre outros programas tem atuado em um projeto de certificação de locais acessíveis a pessoas com deficiência. Há inúmeras outras iniciativas nesse sentido, o que reforça a importância de se pensar a esse respeito e discutir com a sociedade a importância de criar meios de tornar o Turismo cada vez mais acessível sob todos os pontos de vista. É importante, no entanto, definir o que são essas deficiências e como se apresentam. De acordo com o Censo de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 24,5 milhões de brasileiros, 14,5% da população total, manifestaram ter alguma incapacidade ou deficiência. Mapeando essas deficiências, observamos que a deficiência mental representa 8,3 % , a física 4,1 % , a motora 22,9 % , a auditiva 16,7 % e, finalmente a visual, com 48,1 % daquele total. Contabilizando-se nesses números, as pessoas com ao menos alguma deficiência de ordem física ou mental, e certa dificuldade para se locomover, ouvir ou enxergar e pessoas idosas distribuídas nas diversas categorias. Uma vez que representa proporcionalmente quase a metade da população de pessoas com algum tipo de deficiência, a visual foi escolhida para ser estudada no âmbito do Turismo e suas derivações. A pesquisa foi realizada junto a treze atletas, de diversas V SeminTUR Seminário de Pesquisas em Turismo no Mercosul Turismo: Inovações da Pesquisa na America Latina Dias 27 e 28 de junho de 2008 modalidades esportivas, do Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro. A classificação oftalmológica escolhida pela Federação Internacional de Esportes para Cegos – IBSA (International Blind Sports Federation) divide em três categorias os atletas com deficiência visual, conforme dados do CBDC –Confederação Brasileira de Desportos para Cegos, a saber: B 1: De nenhuma percepção luminosa em ambos os olhos até a percepção de luz, mas com incapacidade de reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância ou direção. B 2: Da capacidade em reconhecer a forma de uma mão até a acuidade visual de 2/60 e/ou campo visual inferior a 5 graus. B 3: Da acuidade visual de 2/60 a acuidade visual de 6/60 e/ou campo visual de mais de 5 graus e menos de 20 graus. Todas as classificações deverão considerar ambos os olhos, com melhor correção (isto é, todos os atletas que usarem lente de contato ou lentes corretivas deverão usá-las para classificação, mesmo que durante as competições não pretendam usá-las) . Em 1989, foi fundado o Comitê Paraolímpico Internacional - IPC, e conseqüentemente comitês paraolímpicos foram criados em vários países. Em 1993, a idéia de um comitê paraolímpico no Brasil passou a ser debatida por entidades ligadas ao setor. Porém, apenas em 9 de fevereiro de 1995, seria fundado o Comitê Paraolímpico Brasileiro – CPB com sede na cidade de Niterói, RJ. Seu principal objetivo é consolidar o movimento paraolímpico no Brasil, visando ao pleno desenvolvimento e à difusão do esporte de alto rendimento para pessoas com deficiência em nosso País. A princípio, a existência de competições específicas para pessoas com deficiências pode parecer por si mesma, na visão de Sassaki (1997), segregadora, porém aquelas (competições) são formatadas e conduzidas de forma a garantir a participação de todos os que assim o desejarem uma vez que estes eventos buscam “(...) o alto nível de cada atleta e não o atleta de alto nível” (SENATORE, 1997, p. 309). Os atletas participantes da pesquisa atuam em várias modalidades esportivas, sendo que alguns em mais de uma, podemos citar como principais : Atletismo, Goalball e Natação. O Atletismo é atualmente o esporte mais praticado dentre os setenta países filiados à IBSA (International Blind Sports Federation). Além dos Jogos Paraolímpicos, constam do calendário Maratonas, Jogos Mundiais e Campeonatos Mundiais para Jovens. Segundo dados da CBDC (31 out. 2006) a modalidade possui quase todas as provas que compõem a Federação Internacional de Atletismo - I.A.A.F., com exceção das provas de salto com vara, lançamento do martelo, corridas com barreira e obstáculos. As provas são divididas de acordo com o grau de deficiência visual (B1, B2 e B3) . As regras são adaptadas para os atletas B1 e B2 para quem é permitido o uso de sinais sonoros e de um guia, que corre ao lado do competidor para orientá-lo. Eles competem unidos por uma corda presa às mãos e o atleta V SeminTUR Seminário de Pesquisas em Turismo no Mercosul Turismo: Inovações da Pesquisa na America Latina Dias 27 e 28 de junho de 2008 deve estar sempre à frente. As modalidades para os competidores B3 seguem regras semelhantes ao do atletismo regular. O goalball, de acordo com dados da mesma Confederação (31 out. 2006), é uma modalidade esportiva criada especialmente para deficientes visuais. No ano de 1946, o austríaco Hanz Lorenzen e o alemão Sett Reindle criaram a atividade com o objetivo de ajudar no processo de reabilitação de soldados que se tornaram deficientes visuais após sua participação na Segunda Guerra Mundial. Em 1976, foi exibido sem fins de disputa, durante os jogos Paraolímpicos de Toronto. Em 1980, na Holanda, já passou a fazer parte do quadro de competições. Em 1984, as mulheres passaram a disputá-lo nos jogos de Nova York. Tratase de um esporte coletivo do qual participam duas equipes com três jogadores cada e mais três atletas reserva. Os atletas também competem de acordo com suas categorias B1, B2 e B3, separados em equipes masculina e feminina. Em jogo, uma bola com guizos desenvolve trajetórias que são percebidas através da audição pelos atletas. Daí a importância do silêncio absoluto durante as competições. O objetivo é marcar o maior número de gols no campo adversário em dois tempos de dez minutos cada. Os três jogadores atacam e defendem. Na natação, conforme dados divulgados pela mesma Confederação (31 out. 2006), provas disputadas são equivalentes às modalidades praticadas historicamente: livre, costas, peito e borboleta, e também são divididas por categorias de acordo com a classificação oftalmológica B1, B2 e B3, sendo que cada uma disputa entre si. No início da década de 1980, foi introduzido o tapper nas provas para atletas B1 e B2, que é um técnico que fica à beira da piscina segurando um bastão com uma bola de tênis na ponta, com a qual toca nas costas do atleta para que ele saiba a hora exata da virada. Para os nadadores B1, é obrigatório o uso de uma venda totalmente opaca. Análise das entrevistas realizadas com os atletas do Instituto Benjamin Constant As entrevistas para este artigo foram realizadas na sede do Instituto Benjamin Constant, nos dias 24 e 30 de outubro de 2006. Várias perguntas abertas e fechadas foram realizadas, com o objetivo de mapear o quadro de atuação desses atletas, seu comportamento e suas impressões durante suas viagens para internacionais. Das participar de competições nacionais e treze entrevistas realizadas, oito foram com homens e cinco com mulheres, uma vez que parece haver proporcionalmente um número maior de rapazes em competição, embora em termos de resultados as mulheres sejam tão competentes quanto os V SeminTUR Seminário de Pesquisas em Turismo no Mercosul Turismo: Inovações da Pesquisa na America Latina Dias 27 e 28 de junho de 2008 homens. Informamos, também, que a faixa etária dos entrevistados varia dos 15 aos 26 anos. No que diz respeito à renda familiar, 69,23% encontram-se na faixa de 1 a 3 salários mínimos, 23,07% perfazem de 4 a 6 salários, e apenas 7,69 % mantém-se entre 9 e 15 salários. A partir dos dados básicos as perguntas passaram a ser mais específicas . Questionados sobre quantas vezes viajavam por ano, aí consideradas viagens nacionais e internacionais 61,53% responderam de 3 a 5 vezes, e 38,46% acima de 5 vezes. Há campeonatos regionais e circuitos que acontecem durante todo ano, o que permite a maioria dos atletas viajarem com uma boa freqüência. O motivo da viagem – trabalho ou lazer, levanta um dado curioso: todos já viajam com certa freqüência a trabalho, mas apenas dois, 15,38% também viajam a lazer. Se compararmos esse a outro quesito, sobre as maiores dificuldades que sentem para viajar, podemos tecer algumas conclusões: 46,15% dos entrevistados alegaram falta de recursos financeiros, 23,07 % apontaram a falta de espaços adequados (aqui considerado também como acessibilidade), 7,69 % acreditam faltar produtos turísticos adequados a suas necessidades específicas, 23, 07 % citaram outros problemas de cunho pessoal e nenhum deles justificou-se por falta de interesse. A partir desses dados podemos constatar que se não viajam mais a lazer, isso se deve muito mais à falta de recursos financeiros e de produtos do que à falta de interesse. Todos têm, de alguma forma, interesse em viajar. Com o objetivo de constatar a maior ou menor facilidade em viagens internacionais, foram realizadas perguntas sobre o conhecimento de outros idiomas. Do total, 30,76% tem algum conhecimento da língua inglesa ou espanhola, e 69,23% desconhecem outros idiomas além do português. Porém todos responderam que gostariam de aprender inglês ou espanhol para melhor se comunicarem com os atletas estrangeiros durante as competições internacionais. Quanto ao meio de transporte preferido, a pergunta dividiu as alternativas entre os modais e alcançou os seguintes resultados: rodoviário (76,92%), aéreo (30,76 %), ferroviário (0 %) e aquaviário (0% ), curioso observar que o total não soma os 100% . Um dos entrevistados escolheu dois meios: O rodoviário pela integração com os companheiros de esporte e o aéreo pela rapidez. Além da possibilidade de confraternização e diversão com os colegas, foi dada como razão de escolha do rodoviário, o medo de avião. A escolha do transporte aéreo também deveu-se à praticidade. Embora não tenha sido citado diretamente, alguns disseram que a viagem ferroviária seria interessante, assim como a aquaviária. Luis Pereira da Silva Filho, atleta do Goalball, afirma que a viagem de ida “é mais legal, mas a volta seria sempre mais confortável se fosse feita de avião”. V SeminTUR Seminário de Pesquisas em Turismo no Mercosul Turismo: Inovações da Pesquisa na America Latina Dias 27 e 28 de junho de 2008 Ao serem inquiridos sobre a época do ano em que preferiam viajar, a quase totalidade alegou indiferença ao fato, apenas dizendo que preferia poder evitar épocas de chuvas. A pergunta seguinte diz respeito à necessidade de viajar acompanhado. Do total, 61,53 % afirmaram sim, enquanto 38,46% não sentem necessidade de acompanhamento durante as viagens. Dentre os que disseram sim, alguns ressaltaram que precisavam de alguém quando em direção a lugares desconhecidos. Uma outra pergunta foi estabelecida com relação a que tipo de companhia preferiam ao viajar: nenhum respondeu preferir a companhia de um guia de turismo; 15,38 % escolheram algum membro da família; 30,78% optaram por amigos, e 61,53 disseram outros, diga-se namorado (a) ou treinadores. Sendo que o primeiro foi eleito pela maior parte como principal escolha, o que aponta um pendor de caráter afetivo e não necessariamente de dependência. Poderia ser também interessante se fazer uma busca mais detalhada com relação aos motivos de ninguém ter escolhido a resposta Guia de Turismo: se por desconhecer sua função ou simplesmente por não achá-la necessária ou útil. No entanto, nossa pesquisa não possuía instrumentos para dirimir essa dúvida. Uma outra pergunta tentava traçar a preferência de destinos dos diversos entrevistados. Foram listadas dez opções: Estado do Rio de Janeiro, Região Sudeste, Brasil, América do Sul, América Central, América do Norte, Europa, África, Ásia e Oceania. Além da curiosidade de conhecer novos lugares, a vontade de rever amigos também foi apontada como motivo da escolha. A pergunta foi aberta a múltiplas respostas e as mais freqüentes foram Brasil e Europa, com cinco respostas para cada uma. Dentro da Europa, Espanha e França foram as preferidas. América do Norte e Ásia contaram cada uma com duas referências. A primeira foi apontada por atletas que participaram de uma competição no Colorado. Dentro do continente Asiático, o Japão foi o país escolhido. O Estado do Rio de Janeiro foi preferência de apenas um dos atletas, que associou a proximidade e a facilidade do deslocamento como principal causa de sua escolha. A Oceania também foi apontada por um dos atletas, que fez referência à Austrália. Os demais quesitos não foram especificamente citados. Luiz Fernando Alves da Conceição, praticante do Goalball e do Futsal, afirma que não tem preferência por um lugar, mas pela possibilidade de encontrar amigos. As duas questões, a seguir, mantinham uma certa relação com a anterior, e perguntavase quais teriam sido a melhor e a pior viagem que os atletas haviam feito. Examinando as respostas, percebe-se que há uma certa relação entre o fato de o atleta ter obtido bons ou maus resultados nas competições e ter gostado ou não do local. As viagens tornaram-se mais V SeminTUR Seminário de Pesquisas em Turismo no Mercosul Turismo: Inovações da Pesquisa na America Latina Dias 27 e 28 de junho de 2008 marcantes pelo fato de o atleta ter ganho uma medalha de ouro, por exemplo, ou de sua equipe ter vencido. Há casos em que a longa distância percorrida em más condições das estradas também se tornaram estafantes, principalmente, na viagem de volta. Condições precárias nos alojamentos e instalações durante as competições também contribuíram para a má impressão causada pelas cidades apontadas. O fator violência também foi apontado como ponto negativo. Felipe de Souza Gomes, do Atletismo, alegou que sua melhor viagem foi para a Holanda, principalmente, pelo fato de ter ganho uma medalha de prata e ter-se classificado para a para-olimpíada de 2008. Os participantes da entrevista responderam também a questões sobre os meios de transporte nas cidades palco das competições nos quesitos: ótima, muito boa, boa, regular, ruim, péssima. Do total, 15,38 % responderam muito boa, 15,38% boa, 30,76% regular, 38,46 % não responderam. Os demais quesitos não foram apontados. Dos que preferiram não responder, a alegação principal é de que não tiveram oportunidade de utilizar os meios de transporte convencionais, pois o traslado dos estádios era feito em veículos fretados, para o evento. Um dos entrevistados, Pedro Rafael Oliveira Pinto, praticante de natação e atletismo deu um importante depoimento: “Para o visual é fácil, as pessoas são solícitas em ajudar a pegar o ônibus, mas para os deficientes físicos é mais complicado”. Apontando que não há muito o que se adaptar nos meios de transporte para pessoas com deficiência visual, embora haja projetos arquitetônicos e estruturais que tornariam mais acessíveis os meios de transporte, através de painéis eletrônicos, por exemplo, que indicariam ao motorista que há pessoas esperando por ele ou avisassem aos primeiros que seus ônibus estão chegando. Sobre a forma de recepção e atendimento nos hotéis com respostas divididas entre ótima, muito boa, boa, regular, ruim e péssima, os resultados foram: 7,69% de ótimo, 15,38%; muito boa, 46,15%; boa, 30,76%; regular, e nenhum ruim ou péssimo. É importante observar, que nem sempre quando viajam para competir, os atletas ficam hospedados em hotéis. Muitas vezes os competidores são alojados em centros esportivos ou universitários, por exemplo. O atleta do goalball Luis Pereira da Silva Filho se sente muito bem recebido pelos recepcionistas “igual a todos” com quem convive durante suas viagens. O nadador Pedro Rafael Oliveira Pinto, comenta que em determinadas competições têm pessoas do comitê organizador que instruem os funcionários dos hotéis sobre a “melhor forma de ajudar os atletas”. Dentre os entrevistados, a adaptação dos meios de hospedagem foi considerada: muito boa, por 7,69%; boa, por 15,38%; regular, por 38,46%. Um total de 38,46% não opinaram diretamente nos quesitos apontados indicando como “normal” a categoria mais condizente V SeminTUR Seminário de Pesquisas em Turismo no Mercosul Turismo: Inovações da Pesquisa na America Latina Dias 27 e 28 de junho de 2008 com suas opiniões. Embora faltem avisos em braille, como afirma a atleta Giselle da Silva, nadadora, a deficiência visual não necessita de adaptações como as exigidas pelos deficientes físicos, segundo comentários do atleta Rodrigo Machado. Quesitos como ótimo, ruim e péssimo não foram escolhidos. Com relação à adaptação dos locais de competição, os maiores índices ficaram entre boa – 30,76 % e regular – 38,46 % Luciano Cesar da Costa Alves, do atletismo, resumiu com uma frase a situação : “a gente se adapta ao local”. As opções ótima, muito boa, ruim ficaram em média com 7,79 % cada, péssima não foi escolhida por ninguém. As competições são realizadas nos mesmos locais em que participam os não deficientes. A nadadora Sueli Cristina Carvalho de Souza sugeriu que as instalações poderiam ser melhoradas se houvesse, por exemplo, degraus e guias ao redor das piscinas para facilitar a percepção. A segurança nos locais de competição também foi questionada e assim respondida: ótima, 7,69 %; muito boa, 23,07%; boa, 7,69%; regular, 30,76%; ruim, 7,69 %; péssima, 15,38%; outros 7,69 % . Ana Carolina Duarte Ruas Custódio, da equipe do goalball, por exemplo, afirma que embora tenha sempre muita gente ajudando, poderia ter mais segurança de uma forma geral. Fabiane Cristina Alves, praticante de atletismo, goalball e Remo, afirma que são os árbitros das competições que também contribuem para a melhora das condições de segurança dos locais apontados, uma vez que estes atuariam não apenas exercendo suas funções, mas também garantido a título de gentileza a segurança física dos atletas. Embora nem sempre tenham tempo para o contato com a população dos locais visitados, quando questionados a esse respeito os atletas responderam: muito boa 30,76 % , boa 46,15% , regular 7,69% , outros 15,38 %. As respostas ótima, ruim e péssima não apareceram Anderson Dias da Fonseca, do Goalball, e do Futsal, diz que muitas vezes as pessoas “não sabem como chegar”, talvez por falta de informação. Por sua vez, Liwisgton da Silva Costas, do Futsal e do Atletismo, afirmou que na maioria dos locais visitados o fato de ser carioca já atrai de antemão a simpatia das pessoas. Valéria Moura, do goalball e do atletismo, observou que uma vez que a deficiência visual não é tão aparente, não se sente discriminada: embora, em função da rigidez dos horários de competição, não só ela mas os atletas em geral não têm muito tempo de passear pelas cidades. As duas últimas perguntas dizem respeito aos processos de reabilitação e inclusão pelo Turismo respectivamente. A primeira delas foi: Acredita que o Turismo possa ajudar na reabilitação de pessoas que ficaram deficientes durante a infância, adolescência ou fase adulta? Do total 92,30 % responderam que sim , que a possibilidade de praticar o Turismo, V SeminTUR Seminário de Pesquisas em Turismo no Mercosul Turismo: Inovações da Pesquisa na America Latina Dias 27 e 28 de junho de 2008 realizar viagens pode colaborar nos processos de reabilitação, por motivos como: a possibilidade de “desenvolver a percepção das coisas e dos espaços” – (Luiz Fernando Alves da Conceição; “novas perspectivas de como é o mundo”- (Pedro Rafael. O. Pinto); “o fato de estar em atividade já é importante” (Suely Cristina C. de Souza); saber que ”pode fazer tudo como qualquer outra pessoa” (Ana Carolina D. R. Custódio), “comunicação e independência” (Luis P. da Silva Filho) ; “provar para os outros que você pode tudo” (Valéria Moura), além de uma série de outros comentários. O único atleta que disse não, embora tenha dito que também ajuda na reabilitação, apontou que o principal fator não é externo, é de ordem interna, psicológica. Finalmente, a última pergunta foi: Acredita que o Turismo colabore com a Inclusão de Pessoas com deficiência? Foi a única unanimidade das 24 questões: 100% responderam sim e teceram comentários como: “Ver mais deficientes” (Luiz Fernando A. Conceição), “Fazer mais amizades” (Anderson Dias), “as pessoas ainda não estão muito acostumadas a lidar com pessoas portadoras de deficiências. ... se elas se conscientizarem que é importante viajar, não se privar, podem sair ganhando muito nisso” (Pedro Rafael O. Pinto); “conhecer, saber mais, mais informação, menos preconceito”(Ana Carolina D. R. Custódio), entre outra tantas observações. A partir da análise dos resultados das pesquisas é possível chegar a algumas conclusões. A falta de informação é e será sempre o grande problema que alimenta o preconceito e a deficiência. Cada ser humano tem suas peculiaridades, suas limitações e deficiências, aparentes ou não. Esses atletas, que lutam muito e enfrentam muitas vezes a falta de patrocínio e apoio, que assistem à falta de divulgação de seus importantes resultados pela mídia, que não tem a menor pretensão de carregar bandeiras, mas que sem saber o fazem, estão por aí, enchendo nosso país de medalhas e títulos como durante os Jogos Para-pan americanos de 2007 realizado no Rio de Janeiro, fazendo do mundo um lugar um pouco melhor. As empresas de uma forma geral, as Companhias Aéreas em especial, deveriam prestar muito mais atenção a esses atletas. Comercialmente, eles poderiam chamar muito mais atenção que os atletas não deficientes, e indubitavelmente, no contexto da “Responsabilidade Social” em que vivemos atualmente, agregariam muito mais valor às suas marcas, patrocinando atletas com necessidades especiais. O Turismo pode e deve sim contribuir nos processos de Inclusão. Não basta que os locais estejam adaptados, não basta que o discurso seja bem elaborado. É a prática diária que V SeminTUR Seminário de Pesquisas em Turismo no Mercosul Turismo: Inovações da Pesquisa na America Latina Dias 27 e 28 de junho de 2008 fará a diferença. A prática do respeito, da abertura de espaços e oportunidades para o que Werneck (1999, p.30) chama de “desabrochar, valorizando sempre a heterogeneidade” de cada um de nós e dos outros também. Não é preciso que se realizem muitas mudanças ou adaptações especiais para que deficientes visuais façam Turismo. Os espaços arquitetônicos não carecem de sofrer grandes alterações. Maquetes dos monumentos e construções poderiam ser colocadas na entrada das atrações para que ao toca-las os visitantes com deficiência visual pudessem saber como são. As grandes Operadoras não teriam nem mesmo que criar pacotes especiais ou pensar em uma estrutura de acompanhantes especializados, posto que companheiros, amigos e familiares são normalmente os escolhidas. A escolha do meio de transporte rodoviário pela grande maioria indica também que o ser humano é por natureza gregário, e que a possibilidade de estar inserido na sociedade é uma opção natural, na troca de experiências, no compartilhar de momentos e alegrias. Quanto ao transporte utilizado para locomoção dentro das cidades, embora não seja preciso um grande processo de modificação para os deficientes visuais especificamente, seria fundamental que esses meios de transporte estivessem adaptados para os seus próprios moradores com deficiência, e seria naturalmente adequado a seus visitantes que deles necessitassem. Considerando a mão-de-obra utilizada pelo mercado do Turismo em geral, também não se faz necessária uma preparação minuciosa ou exclusiva, além daquela voltada ao consumidor em geral. O tratamento deve ser respeitoso, desprovido de qualquer sentimento menor de piedade, medo ou preconceito. O aumento da freqüência com que recebe pessoas com as mais variadas deficiências fará com que seja cada vez mais natural para esses profissionais lidar com as diferenças. Para a adaptação dos quartos (unidades habitacionais) desses hotéis, além daquelas unidades já obrigatoriamente adaptadas para deficientes físicos, indicações em braille de avisos de saídas de emergência, listas de opções de serviços de quarto e lavanderia, indicadores de voltagem e quaisquer outros avisos, seriam importantes e pouco dispendiosas Quanto à população de centros receptores de Turismo, campanhas educativas sobre sua importância no recebimento de divisas, distribuição de renda entre tantas outras vantagens do turismo não predatório, já poderia ser a primeira etapa na estruturação de uma política específica. A chegada de turistas com deficiências em pequenas ou grandes cidades afeta também a maneira como seus moradores os vêm e consideram o que possibilita uma mudança V SeminTUR Seminário de Pesquisas em Turismo no Mercosul Turismo: Inovações da Pesquisa na America Latina Dias 27 e 28 de junho de 2008 de atitude e o repensar de seus próprios limites. Desse convívio harmonioso surgem novos paradigmas e possibilidades. Esses turistas também se modificam, também mudam sua atitude. Surgiria a partir de toda essa troca um novo homem, um novo turista que viaja em busca de novas sensações e experiências. É assim que essa grande rede que o Turismo representa poderia funcionar: o turista ou o viajante, mais preocupado em experimentar do que em reproduzir um contexto de consumo desenfreado e férias em bolhas de isolamento, sai de sua casa despreocupado com seus problemas do dia a dia, com mais espaços para apreciar, sentir e experimentar. Impregnado desse sentimento de descoberta e redescoberta, encontra pessoas diferentes, heterogêneas e por isso mesmo especiais. Percebe que essas pessoas têm no fundo o mesmo desejo de serem felizes, independente de suas culturas, raças, cores, deficiências ou carências. Esse ser voltará provavelmente à sua casa muito mais humano, mais treinados para admirar as diferenças que nos criam como somos, e naturalmente, sem melindres, trará para seu convívio qualquer um que enriqueça o seu viver. Dentro do seu campo profissional, ele também será segundo Werneck (1999, p.55), “reeducado sob a perspectiva da Inclusão”, assim sendo há uma grande possibilidade dessa rede se ampliar mais e mais atingindo um número cada vez maior de pessoas, até que um dia, não precisemos mais falar de Inclusão. Criar um estímulo natural para que todos possam viajar, descobrir as inúmeras possibilidades que um passeio turístico pode proporcionar. Mas como se cria esse novo turista ou viajante tão mais preocupado em experimentar do que conhecer? Krippendorf (2003, p.180) afirma que esse processo poderá se dar dentro das escolas: “o aluno aprende a olhar, a compreender e respeitar a natureza e o modo de vida do próximo”. Não precisa haver especificamente uma matéria para o Turismo. Em cada área de conhecimento, seja matemática, física, biologia, geografia ou qualquer uma e todas elas, esse aluno estará sendo alertado sobre a importância de pensar no todo, na relação que há entre cada atitude que se toma e como isso pode modificar a vida de alguém. E esses aprendizes levarão às suas casas esses novos olhares, que através de seus pais ou daqueles que os criam será perpetuado e assim sucessivamente. Será que então não bastaria que as escolas fossem inclusivas, que tivéssemos oportunidade de aprender a conviver com todos dentro das nossas salas de aula, que sairíamos todos já inclusos na sociedade? Seria o ideal. Mas até que seja uma realidade, essas escolas precisarão ser alimentadas com pessoas e atitudes que efetivamente permitam sua V SeminTUR Seminário de Pesquisas em Turismo no Mercosul Turismo: Inovações da Pesquisa na America Latina Dias 27 e 28 de junho de 2008 concretização. Indubitavelmente, o Turismo pode ser um grande gerador de novos elementos para a discussão sobre os mais variados temas. Aí surge um novo paradoxo: o Turismo é um bem verdadeiramente acessível a todos? Se pensarmos nas caríssimas viagens pelos melhores hotéis do Mundo, nas passagens executivas dos belos aviões, nos cruzeiros e até viagens espaciais certamente que não. Porém, se imaginarmos novas e criativas possibilidades, acessíveis a qualquer pessoa, partindo do princípio que cada um de nós tem direito ao lazer e a escolher de que forma desfrutá-lo, talvez sim. A diferença pode estar naquela pequena excursão que se organiza para ver o time de futebol do coração jogar na cidade vizinha ou na viagem que se faz para visitar um parente ou amigo querido, ou mesmo, naquele dia de folga em que tiramos para conhecer nossa própria cidade, explorando lugares como se fossemos realmente visitantes de nós mesmos. Se nós profissionais de Turismo não lutarmos para derrubar a noção de que o Turismo não é um direito apenas de uma elite, de privilegiados, mas de qualquer um que queira praticá-lo, estaremos nós mesmos, sendo agentes do preconceito e da segregação. Não será preciso que as viagens espaciais sejam possíveis para qualquer um, pelo menos até que os recursos financeiros sejam igualmente distribuídos e todos possam conhecer o espaço, o que ainda é um devaneio e um desafio para os Agentes de Viagens do final deste século. Nesse imenso processo de democratização do acesso à atividade turística, há um mercado de enorme potencial pronto a ser descoberto e explorado que pode vir a contribuir enormemente na discussão do respeito ao Outro e, conseqüentemente, em uma maior possibilidade de Inclusão. Assim, entre os primeiros passos a dar, estaria o de ler e conhecer em profundidade o projeto Turismo no Brasil 2007/2010, descobrir nele mecanismos em que já pudéssemos começar a atuar e cobrar como cidadãos e atores nesse imenso palco que é o Turismo. Referências Bibliográficas IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira, 2001. KRIPPENDORF, Jost. Sociologia do Turismo. São Paulo: Aleph, 2003. SASSAKI, Romeu. Inclusão, Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997. URRY, John . O Olhar do Turista. Lazer e viagens nas sociedades contemporâneas. São V SeminTUR Seminário de Pesquisas em Turismo no Mercosul Turismo: Inovações da Pesquisa na America Latina Dias 27 e 28 de junho de 2008 Paulo: Studio Nobel, 1996. WERNECK, Claudia. Sociedade inclusiva. Quem cabe no seu todos? Rio de Janeiro: WVA, 1999. Confederação Brasileira de Desportos para Cegos. Disponível em www.cbdc.org.br , 31 out. 2006, às 13h e 20 min. Manual de recepção e acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência a empreendimentos e equipamentos turísticos. Disponível em www.turismo.gov.br , acesso em 15 ago. 2006, às 16 h e 15 min. SILVA, Maurício. Alteridade e Cidadania. Disponível em www.evirt.com.br/artigos.htm, acesso em 8 ago. 2006, às 14h e 30min. Turismo no Brasil – 2007 / 2010 . Disponível em www.turismo.gov.br, acesso em 30 out. 2006 às 11h e 29 min. Código de Etica Mundial para o Turismo. Disponível em www.ibama.gov.br/ambtec, acesso em 07 nov. 2006, às 13h e 43 min. Censo 2000. 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