MINAS GERAIS QUINTA-FEIRA, 27 DE NOVEMBRO DE 2014 - 8 EDUCAÇÃO educação q Especialistas do sistema de ensino discutem o protagonismo dos jovens no ambiente de recuperação A forma como adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa enxergam a escola e a sua relação com o ambiente escolar como parte da ressocialização foram os principais assuntos abordados durante o V Encontro dos Profissionais da Educação que atuam no Sistema Socioeducativo, realizado ontem. O evento reuniu profissionais de diversas áreas da educação e agentes que trabalham no sistema. O objetivo da reunião foi compartilhar iniciativas que têm dado certo no regime socioeducativo, além de estabelecer novas formas de trabalho e parcerias entre a Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (Suase) e a Secretaria de Educação. “A escola tem que ser a fonte principal das atividades durante a medida socioeducativa e, a partir dela, estender as demais rotinas. A primeira coisa que é atribuída ao adolescente, como responsabilidade, é ir à escola todos os dias. Nesse momento, ele adere à escolarização e fica inevitável também que a escola passe a fazer parte de sua rotina diariamente”, destaca o superintendente de Gestão das Medidas de Privação à Liberdade, Bernardino Soares de Oliveira Cunha. DIREITO À EDUCAÇÃO - A subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica, Raquel Elizabete de Souza Santos, destaca o direito à educação. “Através do socioeducativo, nós podemos garantir que o aluno tenha a trajetória da sua formação e da educação, que é de direito. No período que ele estiver cumprindo sua medida, temos que fazer de tudo para ele desenvolver suas habilidades e competências para, quando sair, ser um verdadeiro cida- dão, prestando todos os serviços à sociedade com a qualidade que é seu direito”, diz. Durante o encontro, foi apresentado o trabalho de conclusão de mestrado da diretora do Centro Socioeducativo Santa Helena, Ana Carolina Veloso, em que classifica o adolescente como protagonista. “A escola é muito importante para esses jovens, que a veem como referência para além do imediato, como o único lugar em que podem aprender e a porta de saída do sistema”, explica a diretora. Bernardino Cunha acrescenta o que considera importante dizer: 90% dos adolescentes não iam à escola no momento em que foram apreendidos. “É um resgate, não só em relação à violência, mas em relação também à educação”, analisa. Justiça Restaurativa foi tema de estudo A escola tem que ser a fonte principal das atividades durante a medida socioeducativa, decorrendo a partir dela as demais rotinas Também foi apresentado o trabalho de aplicação de Justiça Restaurativa junto ao ensino, realizado no Centro de Internação Provisória São Benedito. Destaca-se, no estudo, a importância MARIANA GONÇALVES da interação entre agentes socioeducativos e professores na construção da consciência e no desenvolvimento do jovem em cumprimento de medida socioeducativa. “É essencial que o agente realmente se importe com o adolescente, porque cada um tem uma história diferente e precisa de tratamento especial. Temos que, muitas vezes, deixar o lado do agente e sermos pais desses adolescentes, incentivando o seu crescimento”, comenta o agente socioeducativo Josanio Alves Soares. Foram discutidos projetos exitosos executados ao longo de 2014 em escolas que atuam no sistema socioeducativo. Além disso, foram expostas obras realizadas pelos jovens, como relógios, poesias e fotografias, e houve também a participação de um jovem do Centro Socioeducativo Santa Helena apresentando uma poesia cantada, de sua autoria, e fazendo performance Obras feitas pelos jovens em cumprimento de medida socioeducativa foram expostas durante o encontro de beatboxing.