A CONSTRUÇÃO DA ESCRITA NO AMBIENTE DIGITAL
Elizabeth Conceição de Almeida Alves ([email protected])
Coautora: Ardalla Guimarães Oliveira ([email protected])
Coautora: Waldinéia Lemes da Cruz Alves ([email protected])
Orientador: Prof. Dr. Dánie Marcelo de Jesus ([email protected])
Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT
RESUMO: É perceptível o fato de que no contexto contemporâneo emergem inúmeras
formas de ler e escrever diante da nova dinâmica que a sociedade vivencia, suscitada pela
presença de um aparato tecnológico em quase todas as áreas do cotidiano das pessoas. No
entanto, vivemos em um país em que é recorrente ouvirmos que os jovens não gostam de ler,
principalmente as leituras tradicionais sugeridas nos currículos escolares. Nesse novo cenário,
pesquisadores (BUZATO, 2007; LANKSHEAR E KNOBEL, 2006; SOUZA, 2011; ROJO,
2012, 2013) vêm enfatizando a importância dos estudos de novos letramentos entendidos
como práticas sociais que podem ser manifestadas de diferentes formas, em lugares diferentes
e em situações distintas, como no ambiente digital. Com base nessa realidade, este trabalho
tem por objetivo investigar a presença dos novos letramentos nesse universo social permeado
por práticas sociais, mediante tecnologias digitais observadas em comunidades que utilizam
dessas práticas para comunicar, ler e produzir no ambiente digital, enfim, interagir-se e
compreender como adolescentes participam de eventos de letramentos fora da sala de aula.
Um desses estilos de interação é o “fanfiction”. Tal fenômeno é uma prática de letramento
on-line. A “fanfic”, abreviação do termo em inglês fanfiction, ou seja, “ficção criada por fãs”
que também pode ser chamada de Fic, trata-se de contos ou romances escritos por terceiros.
Os autores dessas Fics são chamados de Fictores. Esse tipo de gênero não apresenta caráter
comercial nem lucrativo, pois são escritos por fãs, que utilizam a tela para escrever histórias à
partir de personagens ficcionais já existentes. De acordo com Vargas (2005), no Brasil, essa
prática se tornou mais visível e ganhou impulso a partir de 2000, ano em que foi publicado o
primeiro livro da Série Harry Potter, de J. K. Rowling. É nesse contexto de leitura e produção
na tela e com o advento da internet, que o gênero fanfiction emerge como uma prática de
letramento online motivada pela utilização de produtos associados à indústria do
entretenimento. Mesmo já existindo antes da internet, foi com o advento dessa que as
fanfictions começaram a agregar um número maior de fãs havendo um engajamento mútuo
das pessoas que participam dessa comunidade virtual, rompendo barreiras geográficas e
linguísticas. É, portanto, por meio desses desafios quanto a funcionalidade do letramento
digital e com o intuito de compreender melhor essa prática social na atualidade, que
investigarei quatro adolescentes do sexo feminino, característica peculiar do gênero fanfiction
que escrevem colaborativamente no ambiente digital. Para entender e interpretar essas práticas
sociais emergentes na atualidade, utilizo da abordagem interpretativista de fazer pesquisa. Tal
abordagem passou a ser relevante no estudo das ações sociais e consequentemente a
significação que essas ações confere aos atores imersos no letramento digital. Essa
investigação se encontra em andamento e sob o olhar interpretativista se apoia em análises de
dados gerados, por meio de entrevistas, cuja intenção é mostrar como a escrita se constitui por
meio do fanfiction e aponta para resultados que venham contribuir para a minha própria
prática e levantar indagações para futuras pesquisas.
PALAVRAS CHAVE: letramentos, fanfiction, escrita
ABSTRACT: It is noticeable the fact that, in the contemporary context, emerge countless
ways to reading and writting facing the new dynamic that society experiences, aroused by the
presence of a technological apparatus in almost all areas of people’s daily lives. However, we
live in a country where we recurrently hear that young people do not like to read, especially
the suggested traditional readings in school curricula. In this new scenario, researchers
(BUZATO, 2007; LANKSHEAR, KNOBEL, 2006; SOUZA, 2011; ROJO, 2012, 2013) have
emphasized the importance of studying the new literacies understood as social practices that
can be expressed in different ways, in different places and in different situations, as in the
digital environment. Based on this fact, this work aims to investigate the presence of new
literacies in this social universe, permeated by social practices through digital technologies
observed in communities that use these practices to communicate, read and produce the digital
environment, finnaly, interact and understand how adolescents participate in literacies events
outside the classroom. One of these interactive styles is the “fanfiction”. Such phenomenon is
a practice of online literacy. “Fanfic”, an abbreviation of the English term “fanfiction”, ie
“fiction created by fans” which can also be called Fic, are short stories or novels written by
others. The authors of these Fics are called Fictores. This type of genre does not have
commercial or commercial purpose, because they are written by fans using the screen to write
the stories from existing fictional characters. According to Vargas (2005), in Brazil, this
practice has become more visible and gained momentum from 2000, when the first book in
the JK Rowling’s Harry Potter series was published. In this context of reading and production
on the screen togheter with the advent of internet, the fanfiction genre emerges as a practice of
online literacy, motivated by the use of associated products to the entertainment industry.
Even existing before the internet, it was with the advent of this one, that fanfiction began to
aggregate a increasingly number of fans, having a mutual engagement of people who
participate in this virtual community, breaking geographical and linguistic barriers. It is
therefore, through these challenges as the functionality of digital literacy and in order to better
understand this social practice today, which I will investigate four teenage girls, peculiar
characteristic of the genus fanfiction, that write collaboratively in the digital environment. To
understand and interpret these emerging social practices today, I use the interpretive approach
to research. Such an approach became relevant in the study of social action and consequently
the signification that these actions gives to the actors, immersed in digital literacy. This
investigation is ongoing and under the gaze rests on interpretive analysis of data generated
through interviews, whose intention is to show how it is written through fanfiction and points
to findings that may contribute to my own practice and raise questions for future research.
KEYWORDS: Literacies, fanfiction, writing
1. Introdução
As sociedades contemporâneas têm perpassado por mudanças sociais e tecnológicas
decorrentes de um contexto marcado pelo advento da internet.
A internet tem sido um importante meio de comunicação e socialização de diferentes
comunidades que em qualquer parte do mundo podem conectar-se, interagir das mais variadas
formas. Nesse contexto tem emergido práticas letradas, dentre elas, fanfiction advinda da
interação de fãs mediante a indústria de entretenimento. Dentro dessa cultura de participação,
definida por Jenkins (1992, apud VARGAS, 2005) como “um novo estilo de consumo, que
emerge devido a divulgação de novas tecnologias e pela convergência de mídias” inserida no
ambiente virtual, estão presentes fãs leitores e escritores que passam a ser criadores de suas
próprias histórias ficcionais.
Nesse novo cenário, pesquisadores (BUZATO, 2007; LANKSHEAR E KNOBEL,
2006; SOUZA, 2011; ROJO, 2012, 2013) vêm enfatizando a importância dos estudos de
novos letramentos entendidos como práticas sociais que podem ser manifestadas de diferentes
formas, em lugares diferentes e em situações distintas, como no ambiente digital.
Queremos então, destacar uma dessas realidades ou práticas sociais "fanfiction", termo
resultante da fusão de duas palavras inglesas fan e fiction, ou seja, "ficção criada por fãs", mas
que também pode ser chamada de Fic.
Fanfiction é uma prática de letramento on-line. Os autores dessas Fics são chamados
de Fictores. Esse tipo de gênero não apresenta caráter comercial nem lucrativo, pois são
escritos por fãs que se utilizam de personagens ficcionais já existentes. De acordo com Vargas
(2005), no Brasil, essa prática se tornou mais visível e ganhou impulso a partir de 2000, ano
em que foi publicado o primeiro livro da Série Harry Potter, de J. K. Rowling.
Os autores desse gênero escrevem a partir de certa afinidade que desenvolveram com
personagens conhecidas através de leituras de livros, filmes, seriados, bandas e tais
personagens despertam esses autores que não se contentam em apenas ler, assistir, ouvir e
passam a interagir por intermédio da produção escrita criando e recriando histórias fictícias
agindo como autor, porém sem fins lucrativos.
Desse modo, pode-se dizer que tal prática tem sido vivenciada por jovens,
adolescentes e crianças que escrevem sobre os seus personagens preferidos em aventura
própria. Eles se engajam em eventos de letramentos diversificados que demandam ler e
escrever na esfera digital, no entanto, muitos desses eventos não são reconhecidos pela escola,
pois na instituição eles devem se envolver em leitura e escrita pertinentes às atividades
propostas no currículo linear.
É portanto, possível, afirmar que os adeptos de fanfiction participam da escrita
colaborativa, mediados pela tela do computador, e que esse movimento está intrinsicamente
relacionado ao processo de produção escrita no ambiente digital articulado pela interação de
jovens, cujo interesse repousa em partilhar com as comunidades virtuais suas produções. Na
seção seguinte, passo a trazer teorizações, que de certa forma, possibilitam reflexões no
âmbito dos novos letramentos.
O presente trabalho se fundamenta em uma pesquisa em andamento, cujo enfoque
constituiu na investigação de quatro adolescentes que interagem nessa emergente prática
social denominada fanfiction e que se aglutinam em ambientes virtuais partilhando leituras,
escritas, opiniões, sem barreiras geográficas.
2. Letramentos: conceitos e suas contribuições na sociedade digital
Nesse contexto, faz-se necessário apontar alguns conceitos de letramentos, no
entanto um elemento essencial nesse percurso teórico é entender inicialmente a definição de
letramento. Conforme Soares (2004), letramento reporta-se a um processo que vai muito além
da aquisição de uma “tecnologia da escrita”. Takaki (2012) advoga que letramento se localiza
em “contextos socioculturais específicos” e requer atribuições diferenciadas para cada
situação.
Ainda no âmbito de letramentos, Soares (2002) sugere que a pluralização da palavra
se dá pela necessidade de reconhecer que o surgimento de diversificados tipos de tecnologias
de escrita geram variados letramentos. Com a instalação das novas tecnologias, há uma
mobilização orbitando as práticas sociais, tornando-as mais complexas. Ainda consoante a
autora:
“Na verdade, essa necessidade de pluralização da palavra letramento e,
portanto, do fenômeno que ele designa já vem sendo reconhecida
internacionalmente, para designar diferentes efeitos cognitivos, culturais e
sociais em função ora dos contextos de interação com a palavra escrita, ora
em função de variadas e múltiplas formas de interação com o mundo – não
só a palavra escrita, mas também a comunicação visual, auditiva, espacial.
(SOARES, 2002, p. 155, 156).
Convém ainda ressaltar, perseguindo o pensar de Lopes (2010), que mais
recentemente, os estudos atinentes a letramentos passaram a acrescentar outras práticas sociais
não voltadas unicamente para o texto escrito, expandindo para conceitos mais abrangentes que
considerem, de igual parte outras práticas de construção de sentido como letramentos
radiofônicos, televisivos, digitais, etc, entendidos como novos letramentos.
Alinhados a esse pensamento, Lankshear e Knobel (2007) denominam esses eventos
como novos letramentos, pelo fato de vivermos em uma sociedade marcada pela digitalidade .
Para os autores a digitalidade sinaliza a maneira técnica, ou seja, a condição dada pelo
computador de modificar “textos, sons, cores”. No entanto, é necessário um novo
pensamento, uma nova forma de agir diante das tecnologias avançadas. Ainda no mesmo
rumo dos autores
O
mundo
contemporâneo
apresenta
diferenças
consideráveis
comparativamente a trinta anos atrás, e essa diferença tem aumentado.
Muito dessa mudança está relacionado ao desenvolvimento de novas
tecnologias interconectadas e de novas formas de fazer coisas e de novos
modos de elas serem viabilizadas por essas tecnologias. Mas e mais, o
mundo tem se alterado em função de as pessoas explorarem palpites e
“visões” do que seja possível, dado o potencial das tecnologias digitais e das
redes eletrônicas. [...] (LANKSHEAR; KNOBEL, 2007; p. 10 apud MAIA,
2013; p. 67-68)
Com base nessa constatação, inegavelmente, um dos grandes desafios é entender os
novos letramentos digitais como práticas sociais. Pensando nisso, Lopes (2010) explica tal
fenômeno como um ambiente de romper paradigmas e de ampliar, de forma infinita, maneiras
de relacionar-se socialmente, desfazendo as fronteiras tradicionais. Esse autor assevera ainda
que os novos letramentos digitais apontam para uma realidade de maior participação entre as
pessoas com a possibilidade de uma construção colaborativa de significados.
Desta forma, um dos objetivos da escola deveria ser permitir que os alunos
compartilhem das várias práticas sociais, ou seja, de práticas de letramento onde possam
utilizar a leitura e a escrita. Para isso é pertinente que a educação linguística valorize na
atualidade os diversos letramentos de forma ética e participativa.
Vale ressaltar que tais práticas possibilitam os indivíduos contemporâneos serem
participantes ativos e colaborativos envolvendo a integração efetiva do letramento impresso e
do letramento digital.
Nessa direção, Buzato (2004) aponta que o letramento digital pode ser compreendido
como o conjunto de saberes que possibilita os indivíduos contemporâneos serem participantes
ativos de práticas letradas mediadas por ferramentas tecnológicas.
No âmbito da cultura digital, Magda Soares define letramento digital de maneira
distinta:
Um certo estado ou condição que adquirem os que se apropriam da nova
tecnologia digital e exercem práticas de leitura e escrita na tela, diferente do
estado ou condição - do letramento dos que exercem práticas de leitura e
escrita no papel. (SOARES, 2002, p. 151 apud FRADE, 2011, p. 60)
Para Frade (2011), é pertinente dizer que o letramento digital implica não apenas a
apropriação de uma tecnologia, mas, acima de tudo, o exercício efetivo das práticas de escrita
que circulam no meio digital.
Todavia, compreendemos que o letramento digital é uma noção importante no
cenário dinâmico contemporâneo, pois abarca uma infinidade de práticas sociais que
envolvem a leitura e a escrita no ambiente digital, mediado por tecnologias que vem
instaurando novas formas de comunicação.
Tomando, portanto, como premissa o aporte teórico até aqui sinalizado, na seção
seguinte, passo a delinear a comunidade de navegadores.
3. Contextualização da comunidade de navegadores
O espaço por onde esta pesquisa vem caminhando é um universo real e virtual. Real,
uma vez que, segundo estudo realizado por Rheingold (2000), aponta que participam de
comunidades virtuais, sujeitos que compartilham produções específicas subjacentes da vida
cotidiana. Os participantes desse ambiente leem livros, assistem filmes, série televisiva,
curtem revista em quadrinho, anime, videogame, bandas entre outros, que servem de base para
produção de histórias ficcionais que são postadas em sites específicos. No entanto, há também
os escritores que produzem fanfictions advindas de leitura on-line figurando assim os
navegadores-autores.
Tais comunidades virtuais são “comunidades de prática” (WEGNER, 1998). Pode-se
entender como prática um evento sempre social que ocorre em contextos históricos
específicos. Esses contextos são construídos pelos atores que deles participam, responsáveis
por seu desenvolvimento, manutenção, permanência ou desaparecimento. Nesses espaços, os
usuários expõem, de forma espontânea, suas percepções, produções, opiniões, experiências e
compartilham nesse ambiente que pode ser entendido, então, “como um local de construção
de uma 'inteligência coletiva' em potencial” (LÉVY, 2008).
As comunidades aliadas, por exemplo, em torno da Banda Super Junior, expressam
algo em comum, coletivo, que é o fato de serem fãs do mesmo estilo de música, e os
seguidores que leem ou escrevem fanfiction sobre a banda criam uma ficção quase sempre
com um ar romântico ou de amizade com um dos personagens que fascina os seguidores.
Consoante Vargas (2005), é necessário entender que os sujeitos que dispõem de
meios, informações e disponibilizam de tempo para partilhar em uma comunidade virtual,
representam uma nova elite pró-ativa que permeia a sociedade contemporânea e que abarcam
saberes que os diferencia dos navegadores da Web 1.0 que utilizavam a rede para checar
informações.
É nessa nova configuração contemporânea que habitam os leitores e escritores de
tela. Dentre eles, jovens e adolescentes que tem o hábito de passar horas navegando na
internet na busca e na leitura de histórias que reportam a um original, cuja admiração é
compartilhada com usuários que integram determinada comunidade.
Chartier considera que as novas formas de produção e leitura de texto na tela vem
configurando uma revolução no processo de leitura e escrita. Segundo o autor, com essas
mudanças,
Se abrem possibilidades novas e imensas, a representação eletrônica dos
textos modifica totalmente a sua condição: ela substitui a materialidade do
livro pela imaterialidade de textos sem lugar específico; às relações de
contiguidade estabelecidas no objeto impresso ela opõe a livre composição
de fragmentos indefinidamente manipuláveis; à captura imediata da
totalidade da obra, tornada visível pelo objeto que a contém, ela faz suceder
a navegação de longo curso entre arquipélagos textuais sem margens nem
limites. Essas mutações comandam, inevitavelmente, imperativamente,
novas maneiras de ler, novas relações com a escrita, novas técnicas
intelectuais. (CHARTIER, 1994, p. 100-101 apud SOARES, 2002, p. 152)
Essas novas maneiras de ler e escrever que permeiam a pós-modernidade dão lugar a
novos gêneros discursivos, possibilitados pela presença de novas tecnologias aliadas ao
universo digital.
Na sequência passo a descrever e analisar uma das categorias predominantes
identificadas após a leitura e transcrição dos dados preliminares, mediante as falas e vivências
das adolescentes participantes da pesquisa.
Para fins de esclarecimento, acrescento que as participantes da pesquisa são assim
identificadas: A1, A2, A3 e A4. A registrar que A se remete a Adolescente, ao passo que
numeral é atribuído de acordo com a ordem das entrevistas. A sigla P indica a fala do
Pesquisador.
4. Fanfiction e práticas de escrita na internet
Nesta seção, vamos analisar práticas de escrita com o objetivo de entender como se
desenrola o processo de produção de fanfiction no ambiente digital. Na sequência,
descrevemos e analisamos duas das categorias suscitadas nos diálogos com as entrevistadas.
4.1. Exercício colaborativo e participativo de escrita
Em um contexto de conexão, leitura, produção e interação ininterruptas, em que as
informações se agregam em velocidade cibernética, o que se percebe na categoria exercício
colaborativo e participativo de escrita é o envolvimento que torna possível o diálogo e a
autoria. Nesse ambiente, as relações não são imparciais, uma vez que suscitam, nos
participantes, a autoestima e possibilita o exercício de autoria.
De acordo com as respostas coletadas, os comentários são prioritários na produção de
fanfics, como evidenciados nos excertos a seguir:
Excerto 1
P: “Você nunca postou uma fanfic completa?”
A4: “Só one shot, só de um capítulo.”
P: “Você postar capítulo por capítulo tem um por quê?” Qual seria?”
A4: “Não terminou de escrever o próximo capítulo (risos).”
P: “Você acha que seria só isso?”
A4: “Na verdade, vou escrevendo a história, conforme os comentários, então, não
tem como postar tudo.”
P: “Então os comentários servem para dar uma energia para o escritor?”
A4: “A história vai de acordo com eles (risos).” (Entrevista 8, em 06-11-2013)
Excerto 2
P: “Os autores gostam que façam comentários?”
A2: “Sim. Dessa forma estamos avaliando. Às vezes, elas são inseguras demais com
a escrita, elas precisam de alguém para falar que está bom pra continuar
escrevendo. Tem muitas garotas que abandonam as fanfics, por causa disso: porque
não tem ninguém para comentar não tem ninguém para falar: “Nossa, como essa
história é legal! É tão interessante! Escreve mais”. Então elas acabam
abandonando”.
(Entrevista 6, em 28-10-2013)
Nesses excertos, pude perceber que no processo da produção de escrita na fanfiction,
no que diz respeito à elaboração do texto, há uma expectativa quanto às intervenções
provenientes dos comentários de A4 “A história vai de acordo com eles”, uma vez que, nesse
perfil de atividade, o processo colaborativo está intimamente concatenado à constituição da
escrita. No escrever fanfic, parece haver uma conexão por meio da interação e do trabalho
associado ao grupo.
Desse modo, as adolescentes rompem com antigos paradigmas de autoria,
desmistificando a ideia do autor como o possuidor do que diz, já que, ao tomar a palavra,
passa a falar a linguagem e não o autor (SANTAELLA, 2007).
Essas adolescentes, a partir das opiniões, promovem a linguagem, pois a autoria se
torna híbrida, isenta de padronização. Dessa maneira, o que sobressai é a produção ganhando
conotação no universo ficcional.
Adiciono, a esta discussão inicial, a fala em que a participante A4 expõe
explicitamente que, para ela, os comentários explicitam um valor contundente no trajeto da
criação “Na verdade, vou escrevendo a história conforme os comentários, então não tem
como postar tudo”. No exemplo, há indício que a autoria é construída a partir de uma relação,
colaborativa e não possessiva. Soma-se a esse exemplo a afirmação da A2 no trecho abaixo:
Excerto 3
P: “Mas algumas escritoras fazem alterações na escrita da fanfic?”
A2: “Sim, tanto que é normal você entrar em uma fanfic e ver alguém falando: “ah,
essa parte aqui, eu que contribuí”, e também tem leitoras que pede para fazer a
correção do português dizendo: “olha essa frase está legal, você podia colocar
assim”, e as autoras sempre agradecem; elas falam: “ nossa, obrigada, é sempre
bom ter alguém para colaborar”. As autoras agradecem pelas ideias.”
P: “Mas algumas autoras mudam tanto a gramática quanto o enredo?”
A2: Sim, geralmente a leitoras comentam e a escritora dialoga com as amigas sobre
os comentários no sentido de incluir na história.” (Entrevista 9, em 14-03-2013)
Nesse sentido, a escrita, como um exercício colaborativo e participativo, converge
para uma diferente função do autor nas palavras de A2 “[...]tanto que é normal você entrar
em uma fanfic e ver alguém falando: “ah, essa parte aqui, eu que contribuí”. Essa visão
parece colaborar com o que afirma Azzari e Custódio (2013), atrelando a função do autor ao
nascimento do leitor como um indivíduo que se envolve com uma diversidade de leituras,
acrescida de debates e criações, que podem viabilizar sua atuação como protagonista “[...]
geralmente as leitoras comentam e a escritora dialoga com as amigas sobre os comentários
no sentido de incluir na história.”
Além disso, chamo a atenção para o fato de A2 deixar transparecer que considera o
comentário como um leque de possibilidades para que a leitora e comentarista alinhe à sua
produção, havendo então a promoção do protagonismo ao afirmar “ A história vai de acordo
com eles (risos)”.
Com base ainda, no excerto da Adolescente 2 “Dessa forma estamos avaliando. As
vezes elas são inseguras demais com a escrita elas precisam de alguém para falar que tá bom
pra continuar escrevendo”, pode parecer que as participantes da pesquisa têm agregado as
suas práticas sociais, mediadas pelas correntes eletrônicas, a escrita colaborativa, indicando
assim, que a escrita na fanfiction, exige que novas habilidades sejam instauradas.
Observo, que a entrevistada, no que concerne a escrita colaborativa,
tenciona
esclarecer que a habilidade de comentar é determinante na construção conjunta e participativa
de fanfics, podendo-se enxergar uma diferente paisagem no processo de criação no mundo
digital. Nessa dimensão Lopes (2010) argumenta que:
“Os novos letramentos digitais, como práticas sociais envolvem a
participação colaborativa de atores sociais localizados sócio-histórico
culturalmente na construção conjunta de significados” (LOPES, 2010, p.
398).
À luz dos diálogos analisados, parece ser possível considerar a construção conjunta
de significados, característica da sociedade contemporânea, um fenômeno que revela um
movimento que parece desordenar a linearidade a hierarquia, pois no espaço digital autor e
leitor interagem intensamente “Nossa como essa história é legal é tão interessante escreve
mais” gerando textos em uma rede de significados.
Nesse sentido, Chartier (2002, p. 25) ressalta que no espaço digital há a escrita
coletiva onde o leitor pode intervir no conteúdo como observamos no papel da comentarista.
Enfatiza esse autor que o texto eletrônico, território flexível, expansivo, permite engajamento
não o isolamento, pois se alimentam das ideias e opiniões na perspectiva de melhorar seu
desempenho na escrita.
Articulando essa premissa com a dinâmica ainda instaurada em muitos ambientes
escolares, tal como aponta Tapscott (2010), em que é premente a prática “faça sozinho”, a
participante parece admitir que o paradigma de aprendizado individual pode soar estranho
para os sujeitos intimamente imersos no território virtual e que cresceram no ambiente de
colaboração, criação e participação levando em consideração que : “Tem muitas garotas que
abandonam as fanfics por causa disso porque não tem ninguém para comentar não tem
ninguém para falar […] Então elas acabam abandonando”. Acredito que, diante dessa fala
da Adolescente 2, parece ser de central interesse dessa geração, a cumplicidade com a escrita
colaborativa, o que faz compreender que neste comentário há indícios que o ambiente digital
parece ser um local de apoio mútuo e os usuários são impulsionados a prosseguir diante das
contribuições dos leitores, traço que difere a escrita digital da escrita da escola.
Diante disso, compreendo que as escolas contemporâneas necessitam de uma nova
postura, um novo ethos diante de uma sociedade híbrida onde as relações são fluidas em todas
as suas esferas, pois à luz de Sibilia (2012) os habitantes dos universos escolares estão bem
diferentes daqueles que a frequentaram em épocas passadas tendo esse espaço como o meio
prevalecente de socialização. Já as novas gerações se utilizam de novas maneiras de
comunicar, colaborar e estão ávidos para contribuir com suas experiências nas comunidades
das quais participam.
4.2. Aprendizagem fora do ambiente escolar
Vive-se um momento social e histórico em que o advento do computador e a Web
2.0 indicam novas formas de aprender, falar, fazer e de estar presente no mundo
contemporâneo.
Em tempos de computação ubíqua, os jovens reconfiguram novas construções e
participações em eventos de letramento. Segundo Lankshear e Knobel (2006, p. 30), as
escolas ainda estão dominadas pelo letramento convencional e são os estudantes que vivem
também em espaços fora da sala de aula que têm se engajado com os novos letramentos, como
exemplificam os excertos a seguir:
Excerto 4
P: “E você acha que com a leitura de fanfics você melhorou um pouco sua leitura,
sua escrita? Você aprendeu palavras novas? Você conseguiu algum aprendizado?”
A1: “Eu comecei a melhorar a minha leitura. A minha escrita melhorou bastante, foi
o que mais melhorou.”
P: “Melhorou a leitura e a escrita?”
A1: “A leitura. Quando eu leio em voz alta, eu leio de uma forma mais adequada, eu
leio melhor e de uma forma que dê de entender, uma forma boa.”
P: “E os professores nunca perceberam essa melhora em você ou já perceberam e te
elogiaram?”
A1: “Sim. Minha professora de Português disse que teve uma época que eu tinha
melhorado.”
P: “Mas não perguntou o que você estava fazendo para melhorar?”
A1: “Não.” (Entrevista 5, em 27-10-2013)
Excerto 5
P: “Você considera que sua escrita e leitura melhoraram lendo fanfiction?”
A2: “Sim, bastante.”
P: “O que você acha que melhorou?”
A2: “A gramática melhora, a forma de organizar as ideias na hora de você escrever
algum texto, a introdução, como você faz pra levar da introdução até o final do
capítulo, sem deixar nada meio maçante e sim mais envolvente. Até que aprendi
bastante coisa.” (Entrevista 6, em 28-10-2013)
Nesse sentido, parece-me que as alunas, em seus depoimentos, admitem a
importância da fanfiction no processo de aprender, “Eu comecei a melhorar a minha leitura.
A minha escrita melhorou bastante, foi o que mais melhorou”, mesmo distante do ensino
formal. Essa afirmação parece colaborar com o que pontua Jenkins (2009), ao inferir que, na
atualidade, há aprendizagem fora dos espaços educacionais, num processo de participação em
ambientes de dedicação, criatividade, em torno da cultura popular.
O autor postula que os alunos têm se apropriado de aprendizagem, mesmo distantes
das práticas escolares canonizadas. Ampliam, assim, seus conhecimentos, pelo rompimento
das barreiras geográficas e pela fluidez demandadas pelas novas configurações que hoje
circulam na sociedade, conforme a fala da A2 no excerto 23.
Em vista dessas novas configurações, Sibilia (2012, p. 195) justifica que o mundo
contemporâneo é caracterizado por uma interação on-line mais contínua “pois a ubiquidade do
dispositivo permite que cada um se conecte quando está em condições de participar, o que
nem sempre acontece nas salas de aulas comuns”. A prova disso é a afirmação de A2, que
sinaliza ter aprendido “bastante” com a leitura e a escrita de fanfiction, que ocorre, sobretudo,
em meio não institucional.
Em conformidade com Sibilia (2012), essa mobilidade, conexão e a ausência de
confinamento, podem estar sendo mais favoráveis para a aprendizagem para além da escola,
como afirmam os diálogos abaixo da Adolescente 4.
Excerto 6
P: “Você acredita que depois que se tornou leitora escritora você teve algum avanço
na sua escrita e leitura?”
A4: “Sim, avancei. Eu percebo que quando paro de escrever começo a cair.”
P: “No decorrer de suas leituras e escritas, na escola, algum professor percebeu que
você avançou?”
A4: “(risos) Professor falou que minha nota tinha aumentado na redação.”
(Entrevista 8, em 6-11-2013)
Intui-se que as alunas, embora participem de práticas de escrita, distantes do ensino
formal, parecem apresentar sinais de avanço, pela superabundância da leitura e escrita na
internet, diante da fala da Adolescente 4 “[...] Professor falou que minha nota tinha
aumentado na redação”. Como se pode observar, as adolescentes pesquisadas agregam
saberes através de elementos característicos do meio digital ao circularem pela internet.
Esses dados podem sugerir que a aprendizagem não está relacionada exclusivamente
com o processo linear prescrito nos currículos escolares, pois, mesmo que a professora não
tenha aparentemente percebido, o avanço da aluna pode ter sido devido à relevância de sua
participação na leitura e escrita colaborativa no ambiente digital.
Dessa forma, assim como a lâmpada elétrica trouxe mudança de costumes para as
pessoas que viveram no tempo em que emergiu essa tecnologia, a contemporaneidade e as
mudanças provocadas pela fluidez nas relações sociais têm imprimido características que
devem ser observadas com atenção pela esfera escolar.
5. Considerações finais
Podemos observar, que a contemporaneidade abre espaço para a prática dos variados
eventos de letramentos. Esses espaços estão repletos de mídias que permitem conexão
ininterrupta potencializando uma comunicação mais fluida e híbrida. No entanto, as novas
gerações estariam tendo tudo isso fora da escola, onde ganham mais habilidade no uso do
letramento digital.
Neste trabalho discorremos sobre fanfiction, um
dos diferentes letramentos
emergentes na mídia contemporânea e presente no ambiente virtual,
que circula no
ciberespaço onde os usuários expõem de forma espontânea suas percepções, produções,
opiniões, experiências e compartilham nesse ambiente que pode ser entendido, então, como
um local de construção de uma inteligência coletiva em potencial (LÉVY, 2008).
Importante fato a salientar sobre as fanfictions é que tal cultura tecnológica parece
ainda predominar em torno de atividades sociais desenvolvidas pelos jovens fora dos limites
da escola. Sibilia (2012) afirma que a escola ainda continua com a ideia de confinamento,
própria da instituição oitocentista, alimentada por antigas tecnologias como o quadro e o giz,
permitindo que os arcaicos rigores escolares façam parte diariamente das experiências
escolares.
Observa-se ainda, nos ambientes escolares, a recorrência da queixa que os jovens não
leem nem escrevem nem se interessam pelas leituras e escritas mais tradicionais, mas parece
ser possível constatar, através dos diálogos das adolescentes, uma diferente configuração, uma
vez que as participantes escrevem histórias colaborativamente, conforme o excerto abaixo:
Excerto 7
A2: Sim tanto que é normal você entrar em uma fanfic e ver alguém falando: “ah
essa parte aqui eu que contribuí” e também tem leitoras que pede para fazer a
correção do português dizendo: “olha essa frase está legal você podia colocar
assim” e as autoras sempre agradecem; elas falam: “nossa, obrigada, é sempre bom
ter alguém para colaborar”. As autoras agradecem pelas ideias.
Evidentemente, diante disso é interessante destacar que esses usuários se encontram
nas salas de aula e se o letramento é um fenômeno social seria pertinente trazer para o espaço
escolar os usos sociais da leitura e escrita. Nesse sentido é possível perceber que abrir espaço
para dialogar com alunos sobre em que práticas estão engajados fora da sala de aula pode ser
uma maneira interessante de conhecê-los mais.
Diante desse panorama, Sibilia destaca que:
Falta, sem dúvida, o mais difícil: redefini-las (escolas) como espaços de
encontro e diálogo, de produção de pensamento e decantação de
experiências capazes de insuflar consistência nas vidas que as habitam.
(SIBÍLIA, 2012, p.211)
Em face desse novo contexto de produção, lidar com esses desafios é levar em conta
a urgência de descobrir maneiras de valorizar o fenômeno fanfiction na esfera escolar,
enxergando o aluno como um construtor e colaborador na era das linguagens líquidas.
Para Jesus (2010), faz se necessário um movimento escolar em espaços isentos de
barreiras territoriais dirimindo, assim, o estilo tradicional evidenciado pela presença do
educador e do educando, abrindo espaço para o engajamento em atividades colaborativas de
escrita.
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A CONSTRUÇÃO DA ESCRITA NO AMBIENTE DIGITAL