ISSN 1984-2279
Planos de ensino individualizados na escolarização de alunos com deficiência
intelectual
Carla Fernanda Oliveira de Siqueira1
(UERJ)
Cristina Angélica Aquino de Carvalho Mascaro2
(FAETEC/UERJ)
Márcia Marin Vianna3
(CAp/UERJ)
Suzanli Estef da Silva4
(UERJ)
Annie Gomes Redig5
(UERJ)
Eixo Temático: Procedimentos de ensino: acomodações/adaptações curriculares
Categoria: Pôster
Resumo:
O texto apresenta as reflexões a cerca de uma pesquisa que tem como foco o
estudo sobre a aplicação do Plano de Ensino Individualizado para alunos com
deficiência intelectual, em uma escola pública especializada no município do
Estado do Rio de Janeiro. A pesquisa teve como objetivo levar a proposta do
plano de ensino individualizado para uma turma dessa escola, com alunos que
possuem deficiência intelectual. O plano que será descrito no decorrer do trabalho
foi realizado com uma aluna de seis anos. Para que a proposta se efetivasse foi
necessária a formação continuada do professor da turma, partindo da metodologia
de pesquisa-ação que tem como ideal buscar soluções encontradas, já que muitos
desses alunos permanecem anos e anos na escola e não apresenta ganhos
significativos na sua aprendizagem acadêmica e social, sendo então proposta a
elaboração desse Plano para esses alunos. Durante o decorrer do trabalho, foi
demonstrado o passo a passo do trabalho desenvolvido na instituição. Como
resultados obtidos, destacamos a relevância do trabalho colaborativo com a
comunidade escolar; a elaboração compartilhada com a professora da turma de
Bolsista de Iniciação Científica PIBIC – UERJ, graduanda do curso de Pedagogia da UERJ. Endereço: Rua
Araticum, 121 Casa. 26 – Jacarepaguá, Rio de Janeiro (RJ) CEP 22753-501 E-mail: [email protected]
2
Pedagoga com habilitação em Educação Especial pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ),
mestre em Educação Especial (UERJ). Endereço: Rua Francisco Dantas, 85 bloco 2 apto 402- Frequesia, Rio
de Janeiro (RJ) CEP : 22753-045. E-mail: [email protected]
3
Pedagoga com habilitação em Educação Especial pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ),
mestre em Educação (UERJ), doutoranda em Educação (UERJ). Endereço: Avenida Dom Hélder Câmara,
8985 casa 76 – Piedade, Rio de Janeiro (RJ) CEP 21380-008. E-mail: [email protected]
4
Bolsista de Iniciação Científica FAPERJ – UERJ, graduanda do curso de Pedagogia da UERJ. Endereço:
Rua Araguari, 137 Apto. 201 – Ramos, Rio de Janeiro (RJ) CEP 21031-670 E-mail:
[email protected]
5
Doutoranda em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação – PROPEd/UERJ. Endereço: Rua
Ambaitinga 160, apto 202, Praia da Bandeira, Ilha do Governador. Rio de Janeiro (RJ). CEP: 21921-520. Email: [email protected]
1
11671
ISSN 1984-2279
uma proposta plano individualizado, apontando caminhos no desenvolvimento de
ações que favoreçam o trabalho pedagógico com os alunos com deficiência
intelectual.
Palavras-chave: Deficiência Intelectual. Planos de Ensino Individualizados.
Formação docente.
Introdução
“A educação hoje é um direito do homem, construção e conquista
humana, e deve levar à efetivação de uma vida com qualidade para todas
as pessoas (KASSAR, 2007, p.65).”
Na década de 90, observamos enormes mudanças no cenário educacional,
a começar pela inclusão de pessoas que não tinham direito de fazer parte do
universo escolar, entre eles o público alvo da Educação Especial: pessoas com
deficiências, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades (BRASIL,
2008).
Nosso país começou a compartilhar dessas mudanças ao participar da
Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e
qualidade, realizada em Salamanca, no ano de 1994, que teve como resultado a
Declaração de Salamanca. Onde o Brasil assume o compromisso de incluir todas
as crianças, independente de suas especificidades, na escola.
Cabe destacar que a citada Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994,
p.5) possui como pressuposto básico:
todos
os
alunos
independentemente
de
suas
condições
socioeconômicas, raciais, culturais ou de desenvolvimento, sejam
acolhidos nas escolas regulares, as quais devem se adaptar para atender
as suas necessidades.
No que se refere aos aparatos legais do nosso país para a efetivação da
inclusão podemos citar a Constituição Federal de 1988, que inciso III do artigo 208
estabelece que o atendimento educacional especializado aos alunos com
deficiências deve se dar “preferencialmente na rede regular de ensino”
11672
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(BRASIL,1988), a Declaração de Salamanca, assim como a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional – LDBEN /Lei nº 9.394/96 (BRASIL, 1996) e as
Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica- Resolução
CNE/CEB Nº 2 de 2001 (BRASIL, 2001) como exemplos.
A partir de então, os alunos com deficiência passam a ter direito a uma
pedagogia diferenciada, ou seja, onde o foco passa a ser no aluno, e não na sua
deficiência, de forma que a escola seja capaz de reconhecer e satisfazer as
necessidades desse alunado, levando-o a condições próprias para o seu
desenvolvimento e aprendizagem.
Podemos dizer que, no cenário educacional atual, no qual vivenciamos o
paradigma da inclusão escolar, a escolarização de alunos com alguma deficiência
ou outro transtorno traduz-se em um desafio para os educadores. Nesse sentido,
este estudo tem como foco uma pesquisa pautada em propostas pedagógicas
diferenciadas que favoreçam os processos de ensino e aprendizagem de alunos
com deficiência intelectual neste novo contexto.
Quanto à definição de que é a pessoa com deficiência intelectual, cabe
destacar que a American Association on Intellectual and Develpmental Disabilities
- AAIDD6 já realizou dez revisões sobre a definição de deficiência intelectual em
seu manual. Fontes et al (2009) ressaltam que a definição desta associação é a
mais divulgada nos meios educacionais e documentos oficiais do nosso país.
Para a AAIDD (2010), o indivíduo com deficiência intelectual é
caracterizado
como
aquele
que
apresenta
limitações
significativas
no
funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo (expresso em
habilidades adaptativas, conceituais, sociais e práticas), manifestadas antes dos
18 anos.
De acordo com a AAIDD (2010), o funcionamento individual desse
indivíduo se caracterizará de acordo com os apoios que ele recebe do ambiente.
Conforme a figura abaixo:
Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento. (denominada anteriormente American
Association on Mental Retardation6- AAMR),
6
11673
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Figura 1: Modelo Teórico da Deficiência Intelectual
Fonte: AAMR, 2006
Nesse sentido a proposta de investigar uma alternativa educacional
pautada na individualização do ensino para estes alunos surgiu à proposta da
pesquisa com o Plano de Ensino Individualizado para favorecer a aprendizagem
dos alunos com deficiência intelectual neste estudo.
O trabalho pedagógico dentro da proposta de planos individuais é algo bem
recente aqui no Brasil, tanto na sua aplicação, como em referenciais teóricos
nacionais. Mas tivemos contato e analisamos alguns materiais em estudos no
grupo de pesquisa7, tais como do Distrito Federal, de Minais Gerais e do Município
de Duque de Caxias. Mas em outros países ele já está bem presente como nos
Estados Unidos, Portugal, Catalunha, Áustria, Bélgica e Reino Unido, onde existe
uma prática de atendimento educacional especializado para pessoas com
necessidades educacionais especiais.
O texto irá apresentar o Plano de Ensino Individualizado (PEI), trabalhando
com base nos conceitos de individualização, diferenciação e adaptação curricular.
Iremos analisar um plano que foi realizado durante um trabalho desenvolvido pelo
Grupo de Pesquisa Inclusão e aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais: práticas
pedagógicas, cultura escolar e aspectos psicossociais. Ligado ao Programa de pós graduação em EducaçãoUERJ
7
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grupo de pesquisa, em uma escola especializada, na rede pública do Estado do
Rio de Janeiro.
Mas afinal, o que seria esse Plano? Podemos caracterizar o PEI, como um
planejamento individualizado, periodicamente revisado e avaliado, contendo todas
as informações do discente, que envolve a família, os profissionais que lidam com
o aluno, o próprio sujeito, ou seja, é um plano de acompanhamento
individualizado. Tendo como base interesses, possibilidades, conhecimentos do
estudante, necessidades e prioridades de aprendizagem (como ensinar, quem vai
ensinar e como ensinar). Ou seja, preveem recursos, estratégias, conteúdos,
profissionais envolvidos, expectativas, prazos, habilidades.
O Plano caracteriza-se por ser uma alternativa de trabalho que tanto
individualiza como personaliza os processos de ensino para um determinado
sujeito, sua elaboração se dá através de toda comunidade escolar, que participa
desse processo. O PEI deve prever estratégias pedagógicas que favoreça o
desenvolvimento da pessoa com deficiência intelectual nas áreas não só
acadêmicas, mas também social e laboral, dependendo de sua faixa etária e do
nível de desenvolvimento e do interesse do sujeito.
A individualização e a diferenciação são entendidas como ações
contextualizadas que consideram a proposta escolar de todos os alunos e buscam
alternativas diferenciadas de aprendizagem para aqueles que requerem alguma
necessidade específica. De acordo com Pacheco e colaboradores (2007), a
natureza prática de um Plano de Ensino Individualizado depende tanto do ajuste
educacional quanto de sua conexão ao trabalho geral da turma.
A elaboração do plano se dá a partir de quatro metas, que serão descritas
de forma teórica. A primeira meta consiste em avaliar e conhecer o aluno, ou seja,
ter clareza das reais necessidades desse discente, conhecendo sua história, seus
interesses, conhecimento adquirido e suas necessidades. A segunda baseia-se
em estabelecer metas para aquele sujeito, sendo elas de curto, médio e longo
prazo. Terceira tem como fundamento a elaboração de um cronograma com data
de inicio e termino do Plano e a quarta e ultima é organizar os procedimentos para
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a avaliação do mesmo, podendo ser através de observação do professor e da
família, registros e etc.
A partir da elaboração foi definido: capacidades e interesses, necessidades
e prioridades, metas e recursos, profissionais envolvidos na aplicação do plano.
Como já citado a cima, outros países também utilizam o Plano de Ensino
individualizado, mas em geral ele deve conter essas informações básicas sobre o
aluno: nome, idade, quanto tempo está na escola, aprendizagens já consolidadas,
dificuldades já encontradas, objetivos, metas e prazos, recursos e adaptações
utilizados e por últimos os profissionais envolvidos.
O estudo foi realizado por meio da metodologia da pesquisa-ação
(PIMENTA, 2005; JESUS, 2010; GLAT; PLETSCH, 2011). Essa metodologia
consiste em ser uma:
pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em
estreita associação com uma ação ou com resolução de um problema
coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da
situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou
participativo (THIOLLENT, 2011, p.14).
Esse tipo de pesquisa, por sua vez, tem a função de diagnosticar,
acompanhar e avaliar uma situação, bem como buscar soluções para os
problemas encontrados. Essa metodologia é uma investigação aplicada, pois o
pesquisador se envolve na causa do estudo (MARTINS, 2010). A pesquisa-ação
não é uma simples intervenção ou somente prestação de serviço. Thiollent (2011)
acrescenta que a pesquisa-ação pode ser qualificada quando houver uma ação
das pessoas envolvidas no problema observado e que essa ação tenha um
caráter investigativo para ser elaborada e conduzida.
O objetivo do trabalho, aqui apresentado é levar a proposta do Plano de
Ensino Individualizado para uma turma em uma escola especializada pública, com
pessoas que possuem deficiência intelectual, visando o desenvolvimento
pedagógico destes alunos. Para que isso ocorresse, foram propostos encontros
entre os pesquisadores e os professores, denominados de formação continuada.
11676
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A intenção destas atividades era de compartilhar conhecimentos, tanto aqueles
advindos da universidade quanto os advindos da experiência dos professores,
onde ninguém é o detentor do “saber” e o outro possui a necessidade de
“aprender”, a intenção era a troca e compartilhamento para o desenvolvimento do
estudo proposto.
A pesquisa foi realizada em uma escola especializada tendo como públicoalvo alunos com deficiência intelectual, pois independente das políticas
educacionais inclusivas indicarem que todos os alunos devem ser matriculados
em escolas regulares, muitas escolas especializadas continuam ainda recebendo
alunos com deficiência. Entendemos que, a escola especial no contexto da
educação inclusiva precisa se resignificar para atender a nova demanda.
Nessas situações a pesquisa foi dividida em dois momentos, sendo o
primeiro no qual o grupo propôs ao professor leituras e reflexões sobre o
desenvolvimento acadêmico e social de pessoas com deficiência intelectual. Já no
segundo momento foram trabalhadas, de maneira mais complexas, questões
pertinentes ao plano de ensino individualizado e proposto que ao professor que
escolhesse um aluno que apresentasse uma demanda mais urgente e que
pudesse se beneficiar da proposta da elaboração de um Plano de Ensino
Individualizado. Foi selecionada uma aluna com deficiência intelectual de seis
anos do Ciclo I8.
A partir da escolha da aluna, foi proposto o preenchimento do Inventário de
Habilidades Escolares, desenvolvido pelo grupo de pesquisa tendo como base
Correia (1999) e Pletsch (2009), onde lista as habilidades escolares em quatro
categorias, sendo elas: comunicação oral, leitura e escrita, raciocínio lógicomatemático e informática. Nessa ficha o professor registrou suas observações
assinalando as opções que melhor correspondia ao desempenho do aluno
8
A estrutura curricular da escola é baseada em ciclos de acordo com a faixa etária dos alunos, sendo o ciclo
I- Núcleo Pedagógico, alunos entre 6 e 11 anos; Ciclo II – Núcleo Pedagógico, alunos entre 12 e 17 anos e
Ciclo III- Educação Profissional, alunos entre 18 e 40 anos ; e o Núcleo Bem Viver – atende os alunos que não
estão aptos a frequentar um curso de profissionalização, mas realizam atividades diversificadas como:
pintura, esportes, artesanatos, entre outros.
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avaliado conforme exemplificado abaixo. Feito o preenchimento do inventário de
habilidades escolares foi possível avaliar as necessidades e as habilidades que o
mesmo possui. Partindo do inventário que se torna possível a elaboração do plano
de ensino individualizado. Segue abaixo, o inventário realizado com a aluna:
Inventário de habilidades escolares
NOME DO ALUNO: Letícia
IDADE: 6 anos
GRUPO: Ciclo I
Há quanto tempo na escola: 1 Mês
Razões para a indicação: Assiduidade, sexo feminino
Aprendizagens Consolidadas (Currículo Escolar): Não houve tempo hábil para
a avaliação.
Objetivos para esse aluno: Organização do Pensamento, desenvolvimento da
atenção.
Habilidades
Realiza
sem
necessida
de de
suporte
Realiza
com
ajuda
Não
realiza
Comunicação Oral
1.
Relata
acontecimentos
simples de modo compreensível
2. Lembra-se de dar recados
após, aproximadamente, 10
minutos
X
X
11678
Não foi
observad
o
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3. comunica-se com outras
pessoas usando outro tipo de
linguagem
(gestos,
comunicação alternativa) que
não a oral
4. Utiliza a linguagem oral para
se comunicar
Leitura e escrita
5.
Conhece as letras do
alfabeto
6. Reconhece a diferença entre
letras e números
7. Domina sílabas simples
8. Ouve histórias com atenção
9. Consegue compreender e
reproduzir histórias
10.
Participa de jogos,
atendendo às regras?
11.
Utiliza
vocabulário
adequado para a faixa etária
12. Sabe soletrar
13. Consegue escrever palavras
simples
14. É capaz de assinar seu
nome
15. Escreve endereços (com o
objetivo de saber aonde chegar)
16. Escreve pequenos textos
e/ou bilhetes
17. Escreve sob ditado
18. Lê com compreensão
pequenos textos
19. Lê e segue instruções
impressas,
por
ex.
em
transportes públicos
20. Utiliza habilidade de leitura
para informações, por ex., em
jornais ou revistas
Raciocínio lógicomatemático
21. Relaciona quantidade ao
número
22.
Soluciona
problemas
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
11679
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simples
23. Reconhece os valores dos
preços dos produtos
24. Identifica o valor do dinheiro
25. Diferencia notas e moedas
26. Sabe agrupar o dinheiro
para formar valores
27. Dá troco, quando necessário
nas atividades realizadas em
sala de aula.
28. Possui conceitos como: cor,
tamanho, formas geométricas,
posição direita e esquerda,
antecessor e sucessor
29. Reconhece a relação entre
número e dias do mês
(localização temporal)
30. Identifica dias da semana?
31. Reconhece horas
32. Reconhece horas em relógio
digital
33. Reconhece horas exatas
(em relógio com ponteiros)
34. Reconhece horas não
exatas (meia hora ou 7 minutos,
por exemplo), em relógio digital
35. Reconhece horas não
exatas
(em
relógio
com
ponteiros)
36. Associa horários aos
acontecimentos
37. Reconhece as medidas de
tempo (ano, hora, minuto, dia,
semana etc.)
38.
Compreende
conceitos
matemáticos, como dobro e
metade
39.
Resolve
operações
matemáticas
(adição
ou
subtração) com apoio de
material concreto
40.
Resolve
operações
matemáticas
(adição
ou
subtração) sem apoio de
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
11680
ISSN 1984-2279
material concreto
41. Demonstra curiosidade.
Pergunta
sobre
o
funcionamento das coisas
42. Gosta de jogos envolvendo
lógica como, por exemplo,
quebra-cabeça, charadas, entre
outros
43. Organiza figuras em ordem
lógica
Informática na escola
X
X
X
44. Usa o computador com
relativa autonomia (liga, desliga,
acessa arquivos e programas)
45. Sabe usar a computador e
Internet quando disponibilizado
na escola
Observações sobre:
Desenvolvimento cognitivo:
Relacionamento social:
Dificuldades encontradas:
Possibilidades observadas:
Há quanto tempo está na escola:
Razões da indicação:
Aprendizagens consolidadas (currículo escolar):
Objetivos para este aluno:
X
X
Fonte: Pletsch (2009)
Após o preenchimento do inventário, foi proposto que o grupo de
pesquisadores juntamente com o professor realizasse um esboço do Plano de
Ensino Individualizado para a Letícia. O modelo apresentado foi elaborado pelo
grupo de pesquisa a partir da interação com o professor, e com base em um
estudo teórico que vinha sendo realizado:
11681
ISSN 1984-2279
Plano de Ensino Individualizado (PEI)
Aluno: Letícia
Nascimento/idade: 6 anos
Grupo: Ciclo I
Data do planejamento:
Capacidades,
interesses
O QUE SABE?
DO QUE
GOSTA?
Necessidades
O QUE
APRENDER/E
NSINAR?
*Música
*Desenvolvime
nto das
atividades
cognitivas
*Coordenação
motora
*Brincar de
“casinha”
*Jogos de
encaixe com
ajuda
Metas e
prazos
EM QUANTO
TEMPO?
Recursos/estr
atégias
O QUE USAR
PARA
ENSINAR?
COMO?
Profissionais
envolvidos
QUEM
PLANEJA E
APLICA?
*Lápis, papel,
canetinha.
*Em longo
prazo
*Desenvolver a
iniciativa
(escolhas
próprias)
*Materiais
variados
*Computador
*Alfabeto
móvel
*Jogos
Segue abaixo o PEI elaborado juntamente com a professora para a aluna
Letícia:
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Aluno(a): Letícia
Docente:
Objetivos
acadêmicos/sociais/la
borais
Sugestão para área
acadêmica :
>> desenvolver
habilidades motoras
>> aprender a rotina
da sala
>>aprender a brincar
junto com os colegas
Conteúdos/
Recursos
Nascimento/ idade: 6 anos
Grupo: Ciclo I
Data:
Prazos
Avaliação Observações
>> trabalhar com
pinturas,
desenhos,
massinha.
>>fazer um
quadro com a
rotina do dia e as
regras da sala de
aula.
>>realizar
atividades em
grupo, como
brincadeiras de
>> cumprir
casinha, jogos de
regras/rotinas
montagem, jogo
escolares
da memória, entre
>>Manter-se sentada, outros.
sem repetir a fala das
professoras
>>orientação a
família sobre as
atitudes relacionadas
a sexualidade.
Sugestões para a
área de habilidades
sociais:
>> todos os
conteúdos
em dois
meses (até
o final do
ano letivo)
>> no
decorrer do
processo,
apontando
para o
aluno seus
ganhos e o
que ainda
precisa
alcançar
Conclusão:
É fundamental ressaltar a importância da individualização do ensino para
alunos com deficiência intelectual, visto que, facilita no seu processo de ensinoaprendizagem, respeitando suas singularidades. O PEI contribui para o
estabelecimento dos suportes necessários para esse educando se desenvolva de
forma plena.
11683
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Dessa forma, o grande desafio hoje da Educação Especial, e isso não se
limita apenas à Escola Especial, é a individualização do ensino, entrelaçando
metas acadêmicas e sociais. De acordo com a AAIDD (2010), o sujeito com
deficiência intelectual não deve ter como objetivo apenas a sua socialização, mas
a escola precisa construir estratégias para que esse educando possa participar de
todas as propostas escolares, beneficiando-se tanto no processo de ensinoaprendizagem quanto das tarefas que contemplam o seu desenvolvimento social.
Portanto, o PEI, mesmo tendo sido desenvolvido em uma Escola Especial,
mostra sua eficácia diante do aprendizado e da individualização do ensino. Vale
ressaltar, também, a preocupação da instituição especializada na busca de novas
práticas educacionais que visem a inclusão social do seu alunado e quiçá uma
futura inclusão educacional em uma turma regular. Outro ponto relevante é a
formação continuada que a escola oferece para seus professores, entendendo a
importância dessa ação.
Dessa forma, pensar na inclusão escolar de maneira coerente, significa que
todos os alunos tem o direito de permanecer na escola e aprender, tendo suas
diferenças respeitadas, e adaptadas para a sua realidade, visto que o plano
demonstra-se uma ferramenta eficaz nesse processo. Já que pudemos observar
que a individualização é uma estratégia que favorece a inclusão desse alunado de
forma coerente. Segundo Glat; Pletsch (2011), uma escola inclusiva requer que o
ensino ali ministrado responda as necessidades diferenciadas de todos os alunos.
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