O Mundo do Rei Artur
-3Antonio L. Furtado
Ementa
Introdução: Rei Artur - história, lenda, ficção?
1. Primeira fase: crônicas pseudo-históricas - Geoffrey of Monmouth
1.1. Bretões, saxões e normandos
1.2. História dos Reis da Bretanha
1.3. Vida de Merlim
2. Segunda fase: romances de cavalaria - Chrétien de Troyes
2.1. Cavalaria e amor cortês
2.2. Erec e Enide
2.3. Cligés
2.4. Lancelote
2.5. Yvain
2.6. Persival - ou o Conto do Graal
3. Terceira fase: estórias exemplares - Robert de Boron
3.1. Cruzadas e cavalaria sacra
3.2. Joseph ou O Romance da Estória do Graal
3.3. Vulgata Arturiana ou Lancelote-Graal
3.4. A Demanda do Santo Graal
Conclusão: rei que foi, rei que será
3a. Apresentação
18/01/2011
Primeira fase: crônicas pseudohistóricas
- Biografia de Artur na História dos Reis da
Bretanha
- Vida de Merlim
Fontes sobre Alexandre da Macedônia
• Fontes gregas históricas: Plutarco, Arriano e Diodoro
Sículo
• Fontes latinas históricas: Quinto Cúrcio e Trogo
(epítome de Justino)
• Fonte fictícia em grego: Romance de Alexandre do
Pseudo-Calístenes
• Tradução em latim do arcebispo Leo de Nápoles:
Historia de Preliis
• Na Idade Média a obra de Quinto Cúrcio serviu de base
ao Alexandreis em latim de Gautier de Chatillon, e a
tradução de Leo ao Roman d'Alexandre de Alberic de
Briançon, Lambert le Tort, e Alexandre de Bernay
Moeda, representando Alexandre
com os chifres do deus Amon
História e lenda de Alexandre
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A concepção de Alexandre é obra de Nectanebo
Ao morrer seu pai nominal, Filipe, assume o trono
Menosprezando seus 20 anos, os gregos, trácios, etc. se revoltam
Mas são dominados pela força ou por hábil combinação de diplomacia e
intimidação; toma a cidade-ilha de Tiro e outras cidades litorâneas
Sai a enfrentar o Império Persa, tendo sido desafiado por Dario
Deixa Antipater como regente e inicia sua longa expedição militar
Derrota os persas (a batalha decisiva é Gaugamela), e segue para Susa
Casa-se com a filha de Dario, Barsine ou Stateira (confundida na lenda
com Roxana) após a morte do imperador
Penetra na Índia, onde derrota o rei Poro em combate singular
Quer atravessar o Ganges, mas a revolta dos soldados o leva a retornar
Longe ainda da pátria, é envenenado por ordem de Antipater
Tenta desaparecer no Eufrates para preservar a crença em sua divindade,
mas Roxana o traz de volta
Esquema padrão: conquistador do
mundo
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Um mago intervém em sua concepção
Assume o trono pela morte do pai
Achando-o jovem e inexperiente, povos que temiam o pai se revoltam
Ele derrota esses povos e conquista outros mais
É desafiado pelo mais poderoso império de seu tempo
Deixa um regente governando seu país e parte para enfrentar o império
Vence grande batalha contra o império
Desposa mulher de nobre família do Império
Conquista um povo por intermédio de combate singular
Quer continuar a campanha vitoriosa de conquistas mas é forçado a voltar
Deverá morrer em decorrência da traição do regente
Tenta tornar duvidosas as circunstâncias de sua morte
Aplicando o esquema a Artur
(conforme Geoffrey of Moumoth)
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A concepção de Artur é presidida por Merlim
Assume o trono pela morte do pai, Uter Pendragão
Enganados pelos seus 15 anos, os saxões e outros bárbaros atacam
Mas são derrotados, como também os reis das ilhas, tais como Irlanda etc.
Emula Júlio César ao conquistar a Gália, mas o consegue por suas
próprias mãos ao vencer o rei Flolo em combate singular
É desafiado pelo Império Romano, na pessoa de Lúcio Hibério
Guinevere, sua esposa e rainha, era de nobre descendência romana
Deixa Mordred, seu sobrinho, como regente ao partir contra os romanos
Derrota os romanos próximo a Siésia
Já se prepara para seguir em direção a Roma, quando é obrigado a voltar
Fora traído por Mordred e, ao enfrentar suas forças, é ferido de morte
Levam-no à ilha de Avalon, podendo voltar um dia
Biografia de Artur
na História dos Reis da Bretanha
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Nascimento mágico
Artur torna-se rei
Guerra aos saxões
Submetendo os reis das ilhas
Invasão da Gália
Festa na corte
Desafio do Império Romano
O gigante da montanha
Batalhas contra os Romanos
A traição de Mordred
Artur torna-se rei
• Morre o rei Uter Pendragon
• Sabendo disso, os saxões atacam sob o comando de
Colgrin
• Os nobres bretões se reúnem e pedem ao arcebispo
Dubrício para coroar Artur, o filho de Uter
• Artur tinha quinze anos
• Observa o costume tradicional de dar presentes
• Acorre tão grande multidão que os presentes acabam
• Artur decide que é dos saxões que irá tomar as riquezas
a serem distribuídas
• Convoca os jovens e marcha sobre York
Guerra aos saxões
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Colgrin convoca saxões, escotos e pictos
Batalha vencida por Artur junto ao rio Douglas
Colgrin sitiado em York, o irmão Baldulf vem socorrê-lo
Cador, duque da Cornualha, aniquila a tropa de Baldulf
Disfarçado de citarista, Baldulf chega até Colgrin
Cheldric vem da Germânia com seiscentos navios
Artur deixa o cerco, vai para Londres, e pede auxílio a
Hoel, seu sobrinho e filho do rei dos bretões da Armórica
• Vencidos na selva de Calidon, os saxões pactuam sua
retirada, mas no caminho se arrependem e voltam
• Os saxões em Badon -- Artur se arma para a luta
Baldulf
(e Clódio - Plutarco, vida de César)
•
Concluindo Baldulf que não tinha
outro meio de acesso, cortou
rente o cabelo e a barba e vestiuse como menestrel, portando uma
cítara. Andou pelo acampamento,
exibindo-se como citarista, a tocar
melodias. Ninguém suspeitando
dele, chegou cada vez mais perto
das
muralhas
da
cidade,
mantendo o disfarce. Por fim foi
notado pelos sitiados, içado para
o topo das muralhas por meio de
cordas, e levado ao irmão. Assim
que avistou o irmão, reconfortouse, trocando com ele beijos e
abraços afetuosos.
•
Pompéia celebrava a festa da Bona
Dea, em que não é permitida a
presença de homens. O jovem Clódio,
ainda imberbe, vestiu-se como cantora.
Entrou com ajuda de uma servente
que sabia do caso. Ela foi avisar
Pompéia mas, enquanto demorava,
outra servente o convidou a divertir-se
com ela. Ao responder, ele foi traído
pela voz. Ela gritou ter descoberto um
homem. Clódio foi expulso, e depois
processado por profanar os ritos.
César divorciou-se mas, convocado a
depor, não deu queixa. Diante desse
paradoxo, o acusador lhe perguntou
porque deixara a esposa. César disse:
"Não admito que, sobre minha mulher,
haja nem mesmo uma suspeita."
Vitória em Badon
•
•
•
Sem demora, cada homem, inspirado pela bênção de Dubrício, correu a
armar-se. Quanto a Artur, pôs ele na cabeça um capacete de ouro gravado
com o simulacro de um dragão e, ao ombro, um escudo circular chamado
Pridwen, no qual estava pintada a imagem de Santa Maria, mãe de Deus,
cuja memória lhe era assim a todo instante reavivada. Cingiu Escalibur
(Caliburnus), ótima espada, forjada na ilha de Avalon. Tomou na mão direita
uma lança chamada Ron, longa, de lâmina larga, apta para o extermínio …
A cada um que atingia, invocando a Deus, matava de um só golpe. Não
esmoreceu até ter exterminado 470 homens, sempre com a espada
Escalibur.
Apollonius Rhodius, Argonautica : "E aqui se situa a planície de Doeas e,
perto dela, estão as 3 cidades das amazonas; e, mais adiante, os Cálibes,
os mais desafortunados dos homens, donos de um solo áspero e intratável,
filhos do trabalho árduo, ocupam-se em trabalhar o ferro."
Em latim "chalybs" significa "aço"
Guerra aos saxões
• Artur manda o duque da Cornualha perseguir os saxões
sobreviventes, enquanto ele vai para a Albânia (Escócia)
socorrer seu sobrinho Hoel
• O duque segue os saxões até a ilha de Thanet e renova
o massacre até que Cheldric é morto e seus homens se
rendem, ficando alguns como reféns
• Artur e Hoel se encontram à beira do lago Lomond
Maravilhas da Bretanha
• Artur conta a Hoel: o lago Lomond contém 60 ilhas,
recebe 60 afluentes, e nas ilhas há 60 escarpas com 60
ninhos de águias. As águias costumam vir a cada ano
anunciar os prodígios que deverão suceder no reino -por um grito agudo que emitem juntas.
• Há um poço ainda mais extraordinário, na forma de um
quadrado de 20 por 20 pés, com 4 espécies de peixe,
sendo que em cada canto do quadrado só uma espécie
é encontrada
• Outro poço, Lin Ligua: marés provocam torvelinho, e se
alguém se aproxima olhando para o poço é sorvido pela
água, mas se ficar de costas não corre nenhum perigo
Submetendo os reis das ilhas
• Enquanto enfrentava escotos e pictos, Artur é atacado por Gilomário
rei da Irlanda, que é vencido e forçado a voltar para casa
• Os escotos e pictos são tratados cruelmente até que seus bispos,
com todo o clero, vem descalços, carregando relíquias, para pedir a
misericórdia do rei. Artur comovido chora e lhes concede a graça
pedida
• Três irmãos de família real: Artur entrega o reino dos escotos a
Auguselo, o de Moray a Uriano, e o ducado de Lothian a Lot
• Gawain, filho de Lot, aos 12 anos de idade é posto a serviço do
papa Sulpício, do qual receberá armas
• Artur se casa com Genevra (Guinevere) de nobre família romana
• Conquista Irlanda, Islândia, as ilhas Órcadas, Noruega e Dinamarca
Lamentáveis suplicantes
(Geoffrey e Romance de Alexandre)
•
Diante disso, os bispos desse
lamentável país, com o clero sob
sua jurisdição, de pés delcalços, e
tendo nas mãos relíquias de seus
santos e os tesouros das igrejas,
reuniram-se para pedir piedade ao
rei. Chegando a ele, caíram de
joelhos e imploraram que se
apiedasse da gente contrita. Se
lhes cedesse um pequeno trato de
terra, suportariam o jugo da
servidão perpétua. Movido de
compaixão até as lágrimas, o rei
concedeu a esses santos homens
a graça pedida.
•
Quando Jado, grande sacerdote dos
judeus, soube da vinda de Alexandre
teve muito medo. Foi para a cidade
com os sacerdotes e uma multidão.
Alexandre os viu chegar em trajes
brancos. E viu o grande sacerdote em
um manto de púrpura e ouro, tendo na
cabeça uma tiara e no topo desta uma
fina placa de ouro em que estava
escrito o tetragramaton, significando o
nome de Deus. Alexandre adorou o
nome de Deus e homenageou o
grande sacerdote, que lhe pediu:
"Permite-nos viver pelas leis de
nossos pais", e pediu ainda que em
cada sétimo ano ficassem livres de
tributo. Alexandre consentiu a tudo.
Invasão da Gália
• Artur invade a Gália, então sob domínio romano, governada pelo
tribuno Flolo, em nome do imperador Leo
• Como Flolo sofresse ao ver sua gente perecer pela fome, mandou
mensagem a Artur para se enfrentarem em combate singular. O
vencedor ganharia o reino do outro. Era de grande estatura,
audácia e força, o que o tornava sobremodo confiante. Reuniram-se
em uma ilha fora da cidade, acorrendo a multidão para assistir.
Enfrentaram-se com mútuos golpes, cada um buscando matar o
outro. Por fim Flolo, achando uma abertura, atingiu Artur na fronte.
Vendo o sangue que jorrava tingir sua couraça e seu escudo, Artur
ardeu em ira e, alçando Escalibur com toda a força, atravessou com
ela o capacete e a cabeça de Flolo, cortando-os em duas metades.
Por essa ferida caiu Flolo e, debatendo os calcanhares, exalou o
espírito para os ares. Ao ser isso divulgado, os cidadãos abriram as
portas e entregaram a cidade a Artur.
Combate singular na Índia
(Romance de Alexandre)
• Quando Poro viu seus homens fraquejar, avançou e gritou para
Alexandre: "Não convém a um imperador que seu povo pereça sem
razão, mas o próprio rei deve demonstrar seu valor pessoal. Faze
com que teu povo se ponha de um lado, o meu ficará do outro, e
vamos tu e eu lutar corpo a corpo. Se venceres meu povo será teu,
mas se caíres por minha mão teu povo me pertencerá." Poro assim
falara porque pensava que o corpo de Alexandre não se comparava
ao seu. Subestimava Alexandre por seu tamanho reduzido pois era
baixo, de apenas 3 cúbitos de altura. Poro confiava na sua, que era
de 5 cúbitos. Ao começarem os dois a lutar, os soldados de Poro
puseram-se a berrar. Ouvindo os berros, Poro virou a cabeça.
Alexandre atacou. Fletindo os joelhos, saltou contra Poro e
golpeou-o na cabeça com a espada, matando-o. Alexandre disse
aos hindus: "Que agora cesse toda luta." Nisso, eles largaram as
armas, louvando Alexandre e abençoando-o como a um deus.
Conquistas de Alexandre
Festa na corte
• Quando a festa de Pentecostes se aproximava, decidiu Artur, tal era
sua alegria após tantos triunfos, celebrar uma corte plenária, tendo
sobre a cabeça a coroa real. Resolveu convocar para a festa os reis
e duques a ele sujeitos, desejando celebrá-la com a maior
solenidade, aproveitando ainda para renovar os pactos de paz.
Aceitou o conselho dos membros da corte de que deveria executar
seu propósito na Cidade das Legiões, situada em Glamorganshire,
à beira do rio Usk.
• O rei, uma vez coroado, foi conduzido à igreja da sede
metropolitana. À direita e à esquerda, dois arcebispos o
acompanhavam. Quatro reis, da Albânia, Cornualha, Demécia e
Venedócia, seguiam à sua frente portando espadas de ouro. Vindo
de outro lado, arcebispos e bispos conduziam a rainha, ornada com
suas insígnias, à igreja das donzelas consagradas. Iam à frente as
consortes daqueles quatro reis, trazendo pombas brancas
Festa na corte
• O rei foi com os homens a seu palácio e a rainha com as mulheres
ao dela, pois, observando um antigo costume troiano, os bretões
costumavam celebrar os dias festivos reunindo em separado
homens e mulheres. Quando se haviam postado, conforme o grau
de cada um, Kaio, o senescal, vestido de arminho fez servir o
banquete com a ajuda de mil nobres, também vestidos de arminho.
Por outra entrada, outros tantos, vestidos de pele de marta,
seguiam após Beduero, o escanção, e distribuiam em diversos tipos
de taças toda sorte de bebida.
• Todo homem de armas do país, que fosse famoso por seu valor,
trajava vestes e armas de uma só cor. E mulheres elegantes,
vestindo indumentárias parecidas, só se dignavam conceder seu
amor àqueles que, pelo menos três vezes tivessem sido
experimentados em combate. Faziam-se assim castas as mulheres
e mais nobres os guerreiros, por amor a elas.
Desafio do Império Romano
• Doze homens de idade madura e aparência respeitável
entram com ramos de oliveira na mão, em sinal de que
vinham como legados
• Mensagem de Lúcio Hibério, procurador da República (?)
• Trata Artur como um tirano, que ofendera o Senado, ao
qual o mundo inteiro devia obediência
• Acusa Artur pela invasão da Gália e de outras terras
romanas, e por não pagar tributo, e o convoca a Roma
• Artur consulta os reis e chefes militares que lhe são
sujeitos. Diz que não deveria ir a Roma para pagar
tributo, e sim para exigir tributo dos romanos
Missão: conquista de Roma
•
•
Hoel, após louvar a "eloquência
ciceroniana" de Artur:
"Acaso não testemunham as profecias
sibilinas (1) em verso (2) que pela
terceira vez alguém nascido de
sangue bretão (3) assumirá o império
de Roma (4)? Quanto aos dois
primeiros, as profecias já se
cumpriram (5), pois é bem sabido,
como tu mesmo disseste, que os
famosos
príncipes
Belino
e
Constantino (6) outrora conquistaram
a coroa imperial de Roma. Agora
temos a ti como o terceiro varão (7) a
quem o supremo galardão de tal honra
é prometido (8). Apressa-te pois a
tomar em tuas mãos (9) o que Deus
está pronto a conceder (10) ."
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
8)
9)
10)
uma profecia diretamente registrada
ou baseada nos livros sibilinos
afirma
em verso
que três pessoas de uma dada
origem
conquistarão Roma como reis
dois dos quais já haviam cumprido a
profecia
seus nomes sendo mencionados
e agora o terceiro se apresenta
a quem essa honra está sendo
oferecida
não devendo demorar a aceita-la
dado que os poderes divinos assim
desejam.
Missão: conquista de Roma
•
•
Referência à Catilinária iii, 4, 9 de
Cícero (em Plutarco)
... falsos profetas e farsantes ...
recitaram oráculos em verso (2)
pretensamente originários dos livros
sibilinos (1), que proclamavam que
três [da família dos] Cornélios (3)
estavam fadados a ser monarcas em
Roma (4), dois dos quais já haviam
cumprido
este
destino
(5),
notadamente Cina e Sula (6), e que
agora a ele [Lentulus], o terceiro
Cornélio restante (7), os poderes
celestes (10) vinham oferecer a
monarquia (8), que ele deveria de todo
modo aceitar, e não desperdiçar a
oportunidade pela demora (9), como
Catilina.
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
8)
9)
10)
uma profecia diretamente registrada
ou baseada nos livros sibilinos
afirma
em verso
que três pessoas de uma dada
origem
conquistarão Roma como reis
dois dos quais já haviam cumprido a
profecia
seus nomes sendo mencionados
e agora o terceiro se apresenta
a quem essa honra está sendo
oferecida
não devendo demorar a aceita-la
dado que os poderes divinos assim
desejam.
O gigante da montanha
• É anunciado a Artur que um gigante raptara Helena, sobrinha de
Hoel, e fugira para o topo do que se chama hoje monte SaintMichel. Em companhia apenas de Kaio e Beduero, Artur vai
enfrentar pessoalmente o monstro - assim fazendo pretendia
inspirar seus homens
• Artur combate com a espada e o gigante com uma clava. Trocam
golpes. O gigante agarra Artur pela cintura e o põe por terra de
joelhos. Artur recobra o ânimo e, vibrando a espada ora num lugar,
ora noutro, acaba cravando a lâmina toda na cabeça. O gigante cai
com grande estrondo. Rindo, o rei faz Beduero cortar-lhe a cabeça.
O monte onde sepultam Helena vai chamar-se Tumba de Helena (*)
• Artur lembra sua luta contra o gigante Ritho no monte Arávio. Ritho
fazia uma túnica com as barbas dos reis que matava, e intimou
Artur a contribuir com a sua. Artur o matou e tomou barba e troféu.
(*) cf. Helesponto - estreito de Dardanelos, cruzado por Alexandre para atacar a Pérsia
Batalha contra os Romanos
• Lúcio Hibério e os "reis do oriente": Epístrofo dos
gregos, Mustensar dos africanos, Alifátima da Espanha,
Hirtácio dos partas, Boco dos medas, Sertório da Líbia,
Serses dos itureus, Pandraso do Egito, Micipsa da
Babilônia, Politetes da Bitínia, Teucer da Frígia, Evandro
da Síria, Echion da Beócia, Hipólito de Creta
• Membros do senado que participam: Mário Lépido, Gaio
Metelo Cota, Quinto Mílvio Catulo, Quinto Carúcio
• Escaramuças e emboscadas - Gawain embaixador
• Batalha da Siésia
• O cadáver de Lúcio é o único tributo pago a Roma…
Estratégia militar
• Artur decidiu organizar as tropas por unidades. Mandou
que uma, comandada pelo cônsul Moriud, ficasse de
reserva. Distribuiu o restante em 7 divisões. Impôs a
regra de que, quando a unidade de infantaria fosse
avançar, a unidade correspondente de cavalaria,
sobrevindo em movimento oblíquo em formação
cerrada, se esforçaria a pôr em debandada o inimigo.
Conforme o costume bretão, as unidades de infantaria
estavam dispostas em quadrados, com ala direita e ala
esquerda … Dispostas essas unidades, escolheu o rei
uma legião que colocou sob seu próprio comando.
Estratégia militar
(Diodoro Siculo - confirmado por Quinto Cúrcio)
• Alexandre organizou o exército dispondo-o para o
combate contra os persas, ordenando que os
esquadrões de cavalaria cavalgassem à frente da
falange de infantaria. Na ala direita, posicionou o
esquadrão real sob o comando de Cleito, o Negro, e em
seguida a este os outros Amigos sob o comando de
Filotas, depois em sucessão os outros 7 esquadrões …
Em ambos os flancos manteve as alas recuadas de
modo que o inimigo, em maior número, não pudesse
envolver as linhas mais reduzidas dos macedônios …
Ele próprio assumiu o comando da ala direita e,
avançando obliquamente, planejava decidir a sorte da
batalha por suas ações.
A traição de Mordred
• Artur planeja terminar a guerra com a invasão de Roma
• Precisa voltar, porque é informado de que o regente, Mordred,
assumira o poder, e se unira à rainha Genevra
• Deixa Hoel em seu lugar e retorna à Bretanha
• Mordred faz um pacto com o saxão Chelric
• Ao saber das derrotas de Mordred, Guinevere entra em convento
• Ocorre a batalha final, junto ao rio Kamblan
•
… Investiu Artur com sua divisão, em que colocara 6.666 homens, contra a
unidade em que sabia estar Mordred e, abrindo caminho com a espada,
logrou penetrar e infligiu tristíssimo massacre. Aí morreram o traidor
nefando e muitos milhares dos seus … Também Artur, o rei assinalado, foi
mortalmente ferido; levaram-no à ilha de Avalon para que lá cuidassem de
seus ferimentos, tendo antes concedido a coroa da Bretanha a
Constantino, seu primo, no ano 542 da encarnação do Senhor.
A traição de Antipater
(Romance de Alexandre)
• Alexandre é traído por Antipater, que deixara como
regente ao partir para a expedição contra o Império
Persa. Iobas, filho de Antipater, serve veneno a
Alexandre enquanto ele se divertia à mesa com os
companheiros de armas.
• No meio da noite ergueu-se do leito, rastejando, em direção ao rio a
fim de afogar-se e ser levado pela corrente, de modo a não ser
achado. Eis que sua mulher, Roxana, correu-lhe ao encalço. Atirouse a ele, abraçou-o e, chorando amargamente, disse: "Ah,
desgraçada que sou! Estás-me abandonando, meu senhor, indo
matar-te?" E ele: "Roxana, bem-amada, imploro-te que ninguém
saiba do meu fim, embora não tenhas tido o privilégio de desfrutar a
vida comigo." Mas Roxana o levou de volta ao leito.
Artur em Avalon
Cadvaladro, e a promessa
de volta dos bretões
• Cadvaladro (refugiado na Armórica) recordou-se de seu reino, já
purificado da praga, e pediu ao rei Alano que lhe desse recursos
para reconquistar o antigo poder. Quando já preparava uma frota,
ouviu soar como trovão uma voz angélica que o mandou desistir de
seu intento. Não queria Deus que os bretões reinassem na ilha da
Bretanha até que chegasse o tempo que Merlim profetizara a Artur.
Ordenou-lhe também ir ao papa Sérgio, em Roma, onde, cumprida
uma penitência, seria contado entre os bem-aventurados. Dizia
ainda a voz que o povo bretão, pelo mérito de sua fé, ocuparia a
ilha no futuro, quando viesse o tempo marcado. Isso não ocorreria
porém antes que os bretões trouxessem de Roma para a Bretanha
seus restos mortais; e só quando fossem também achadas as
relíquias dos demais santos, que por causa da invasão dos pagãos
tinham sido escondidas, recuperariam o reino perdido.
Artur em Avalon
(Geoffrey: Vida de Merlim)
Mas Tylos, em eterna primavera,
flores e frondes dá que reverdecem,
nem perdem seu verdor com as estações.
A seu lado outra existe: a Afortunada
Ilha dos Pomos, onde o campo fértil
não carece do arado dos colonos.
Sem cultivo, a não ser da Natureza,
por sua conta produz searas e uvas
em vez de grama; árvores frutíferas
do chão da mata crescem por si mesmas.
Artur em Avalon
Com branda lei, governam nove irmãs
quem vem a elas das paragens nossas.
Uma é sábia nas artes de curar
e supera as irmãs em formosura:
Morgen a chaman, e aprendeu das ervas
a virtude que sana o corpo enfermo.
Pode as formas mudar e os ares corta,
qual Dédalo, vestindo novas penas;
vai quando quer a Brest, a Chartres, a Pavia
e pousa quando quer em nossas praias.
Ensinou matemática às irmãs:
Moronoe, Mazoe, Gliten, Glitonea,
Gliton, Tyronoe, Thiten, e a de nome
Thiton, muito famosa pela cítara.
Hesíodo, Teogonia
E é lá que cantam as musas, habitantes
do Olimpo,
as nove irmãs geradas pelo grande Zeus:
Clio, Euterpe, Tália e Melpômene,
Terpsícore, Erato, Polímnia, Urânia
e Calíope, enfim, a primeira de todas,
pois lhe cabe atender aos príncipes
valorosos.
Na mitologia: (1) escapam voando ao
assédio de Pireneu
(2) o atributo de Terpsícore
é a cítara
Artur em Avalon
Foi nesse rumo que, ferido em Kamblan,
transportamos Artur; e, com Barinto,
que as águas sabe e os astros reconhece,
guiando a nau, com ele ali chegamos.
A nós, como convém, Morgen atende;
pondo o rei em seu quarto, em áureo leito,
com mão prudente lhe descobre a chaga.
Longamente a contempla. E diz por fim
que, se quiser os filtros seus provar,
e muito tempo lá ficar com ela,
salvo haverá de ser. Nós, jubilosos,
o rei lhe confiamos e partimos,
dando as velas aos ventos favoráveis.
Na abadia de Glastonbury
Artur e o padrão de Lord Raglan
•
Sua mãe, Igraine, é (1) de sangue nobre, e seu pai
– se ele fosse filho legítimo – seria (2) o duque da
Cornualha. Entretanto ele (5) é dito ser filho do rei
Uther Pedragon, que (4) visita Igraine sob a
aparência do Duque. Ao nascer, embora
aparentemente não corra perigo, é (7) retirado do
convívio dos pais e (8) educado por sir Ector em
local distante. Não ouvimos (9) nada sobre sua
infância, mas, ao atingir a idade adulta, (10) viaja
para a capital do reino, (11) obtém uma vitória
mágica ao retirar uma espada da pedra em que
estava cravada, e em virtude disso (13) é
proclamado rei. Depois de outras vitórias, (12)
casa-se com Guinevere, e, como dote, recebe do
pai dela a Távola Redonda. Depois disso (14) reina
com tranqüilidade, e (15) prescreve as mais
reputadas leis da cavalaria, porém mais tarde
ocorre (16) uma conspiração contra ele, enquanto
(17) está ausente, combatendo contra o Império
Romano. Há um (18) mistério sobre sua morte, de
vez que, tendo sido ferido mortalmente, é
transportado para Avalon, terra das fadas. Aquele
que o sucede no trono (20) não é seu filho. Seu
corpo (21) não teria sido sepultado, conforme a
crença de que um dia ele voltaria a reinar, mas
ainda assim lhe atribuíam (22) um sepulcro em
solo consagrado em Glastonbury.
(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
(6)
(13)
(14)
(15)
(16)
(17)
(18)
(19)
(20)
(21)
A mãe do herói é uma virgem de família real;
O pai é um rei, e muitas vezes também
* Um parente próximo da mãe, mas
As circunstâncias de sua concepção são incomuns, e
Há quem acredite que ele seja filho de um deus.
* Ao nascer, é feita uma tentativa de matá-lo, em geral pelo
pai ou pelo avô materno, mas
Ele é retirado de casa e transportado secretamente, e
É criado por pais adotivos em um país longínquo.
Nada nos contam de sua infância, mas
Ao atingir a maturidade regressa a (ou viaja para) seu futuro
reino.
Em seguida a uma vitória sobre o rei e/ou um gigante, dragão
ou animal selvagem,
Ele se casa com uma princesa, muitas vezes filha do
antecessor, e
Torna-se rei.
Durante algum tempo, reina sem problemas, e
Prescreve leis, mas, mais tarde,
Perde o favor dos deuses e/ou de seus súditos, e
É alijado do trono e expulso da cidade, depois do que
Sofre uma morte misteriosa,
* Muitas vezes no topo de um monte.
Os filhos, quando existem, não o sucedem.
Seu corpo não é enterrado, mas, ainda assim,
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Tem um ou mais sepulcros sagrados.
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