A ÁGUA E O FUTURO DA HUMANIDADE
Prof. Msc: Magnus de Souza
Resumo
A água é essencial para a manutenção da vida, sendo usada para os mais diversos
fins, mas com o desenvolvimento da espécie humana e suas técnicas de uso do solo
e produção de bens de consumo, estão destruindo sua qualidade. Apesar de sua
importância, não esta recebendo a atenção devida, aonde a maioria dos países não
disponibilizam sistemas de saneamento básico para sua população, as atividades
industriais e agrícolas depositam uma infinidade de contaminantes nos mananciais
hídricos diariamente. Para a maioria dos autores ligados ao meio ambiente, a crise
da água é a dimensão mais difusa e mais severa da problemática ecológica que
estamos enfrentando. Devido ao número crescente de países que enfrentam a
escassez ou por terem seus cursos de água poluídos. Os problemas relacionados a
escassez da água ou sua contaminação, são responsáveis pela maior quantidade de
mortes e disseminação de doenças da atualidade, matando mais do que conflitos
armados e os acidentes no trânsito. Este artigo visa relatar a situação da água nas
diversas regiões do Planeta, buscando destacar o que deve ser feito para diminuir a
degradação dos mananciais hídricos.
Palavras-chave: Água; Problemática; Escassez; Meio ambiente.
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O futuro da humanidade depende dos cuidados com a água
O planeta Terra, como explica a ciência, surgiu a mais de 4,5 bilhões de
anos, passou por diversos períodos até chegar às condições necessárias para o
surgimento das primeiras espécies. Os nossos ancestrais foram uma das últimas
espécies a habitar o planeta, surgindo na era Cenozóica, há 65 milhões de anos.
Sempre sob uma contínua evolução1, foram se adaptando a novos ambientes e
moldando as primeiras regras. O primeiro sinal de evolução foi à convivência desses
indivíduos em pequenos grupos, passando a formar aldeias e posteriormente
cidades.
Independente do grau de organização, localização ou sistema de
abastecimento alimentício, em todas as épocas, os seres humanos se aglomeravam
e fixavam suas habitações junto a mananciais hídricos. Pequenas cidades se
tornaram grandes centros econômicos por estarem situadas às margens de rios,
tendo como principal exemplo, a capital do Egito, Cairo, as margens do rio Nilo.
Tantos outros rios serviram e ainda servem grandes conglomerados urbanos:
Ganges, Eufrates, Amarelo, Sena, etc... Não somente áreas urbanizadas, mas,
vastas regiões agrícolas evoluíram economicamente usufruindo da água de rios e
lagos.
Todas as sociedades, independente de sua localização geográfica, ou
grau de desenvolvimento econômico, tiveram como base a exploração dos recursos
naturais. Essa concepção colocada em prática sem culpa alguma por nossos
antepassados proporcionou um grau de destruição difícil de ser contabilizado, que
atualmente é o viés das principais discussões acerca do futuro da humanidade.
[...] a expressão dominar a natureza só tem sentido a partir da premissa de
que o homem é não-natureza... Mas se o homem é também natureza,
como falar em dominar a natureza? Teríamos que falar em dominar o
homem também... E aqui a contradição fica evidente. Afinal, quem
dominaria o homem? [...] (GONÇALVES, 2008, pg 26).
A capacidade de regeneração do meio ambiente frente tamanha
aceleração do processo de degradação, desencadeado com a primeira revolução
industrial, não é suficiente para proporcionar as condições necessárias para o
desenvolvimento dos ecossistemas. Assim, depois da visível percepção de que algo
1
Aprimoramento de técnicas de sobrevivência.
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deveria ser feito para diminuir essa degeneração da fonte geradora de lucros,
surgiram conceitos e estudos para conciliar a exploração econômica com a
manutenção do meio ambiente, entre elas o desenvolvimento sustentável.
A necessidade de cuidar da água é uma questão urgente
Entre as teorias mais aceitas para o surgimento de água na Terra, esta a
que enfatiza que após vários períodos seguidos de aquecimento e resfriamento,
houve uma condensação do vapor, se materializando em forma de chuva, com isso
a água foi depositada nas áreas baixas, formando os primeiros lagos e oceanos.
Outra se refere ao bombardeio de cometas e asteróides ricos em gelo, que ao
chocar-se com a superfície quente mudaram do estado sólido para o líquido.
Entretanto, a terceira corrente, direciona os estudos para uma junção das duas
primeiras, aonde somente através de vários fatores foi possível ter tanta água no
nosso planeta.
Devido a grande quantidade, durante séculos a água não foi uma
preocupação. Quando faltava, migrava-se para outras regiões. Atualmente, não
existem tantas opções de encontrar água em quantidade com qualidade, a
população foi multiplicando-se e hoje somos mais de sete bilhões. Não foi somente a
população que cresceu, mas, suas exigências e aspirações, como a necessitada
cada vez maior de água para proporcionar a higiene, o lazer, às práticas de irrigação
e da indústria. “A demanda mundial de água divide-se 54% para a agricultura (dos
quais 70% para irrigação), cerca de 38% para uso industrial e pouco menos de 10%
para uso doméstico [...] (GIANSSANTI, 1998, pg 68).
Mas, não está somente na quantidade de pessoas e suas práticas os
problemas relacionados ao acesso a água, e sim, também na ma distribuição da
mesma no Planeta. Temos regiões ricas em mananciais superficiais e subterrâneos,
muitas vezes pouco habitadas. Já, em outros locais com grande aglomeração, existe
a dificuldade de abastecimento, como regiões desérticas e áridas.
Segundo CANDESSUS (2005), se tivéssemos cada um, igualmente
acesso à grande cisterna mundial, poderia todos guardar 15000 litros por dia. Para
lembrar, um europeu utiliza de 300 a 400 litros dessa água diariamente. Sabe-se
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que o planeta Terra é munido de uma grande quantidade de água, mas a mesma
esta concentra em grande parte nos oceanos, ou regiões isoladas.
Vinte e seis países estão hoje em situação de penúria, recebendo menos
do que 1000m3 por habitante e por ano. Perto de 400 milhões de
habitantes conheceriam uma situação de “estresse hídrico” com gastos
maiores que do que a renovação natural. Pior ainda: um relatório publicado
no inicio de 2003, pela Unesco e a ONU, prevê que de agora a 2050 o
número de países em situação de penúria dobrará. As análises mais
alarmistas vão até o anuncio de três quartos da população mundial
poderiam, daqui a meio século, ser confrontados com o estresse hídrico.
(CANDESSUS, 2005, pg 20).
Para TUNDISIU (2009), uma das grandes ameaças à sobrevivência da
humanidade nos próximos séculos é a contaminação química das águas. A
fabricação de produtos químicos iniciada na segunda guerra mundial, que passaram
a ser usados nas indústrias, agricultura e até mesmo nas residências, está
destruindo os mananciais e o solo.
Para a militante da água, a indiana Vandana Schiva (2006), a crise da
água é a dimensão mais difusa e mais severa da problemática ecológica que
estamos enfrentando. Devido ao número crescente de países que enfrentam a
escassez, abrigando uma população que passa dos 800 milhões de pessoas, o
fornecimento de água potável é a principal prioridade entre as políticas ambientais,
sociais e econômicas.
Diz-se que um país enfrenta uma crise de água grave quando a água
disponível é menor que mil metros cúbicos por habitante por ano. Abaixo
desse ponto, a saúde e o desenvolvimento econômico de uma nação são
dificultados consideravelmente. Quando a disponibilidade anual de água
por habitante cai abaixo de quinhentos metros cúbicos, compromete-se
cruelmente a sobrevivência da população. [..] (SCHIVA, 2006, pg 17)
Os piores exemplos em termos do efeito sobre as pessoas são,
evidentemente, as áreas do mundo com grandes populações e recursos
insuficientes para oferecer saneamento básico. Dois quintos da população
mundial não têm acesso ao saneamento básico, o que tem levado a
epidemias em massa de doenças transmissíveis pela água. Metade dos
leitos de hospitais do mundo está ocupada por pessoas com doenças
propagadas pela água, de fácil prevenção, e a Organização Mundial da
Saúde (OMS) relata que a água contaminada é uma das causas de 80% de
todas as enfermidades e doenças em todo o mundo. Na última década, o
número de crianças mortas por diarréia ultrapassou o número de pessoas
mortas em todos os conflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial. A
cada oito segundos, uma criança morre por beber água suja. (BARLOW,
2009 pg 17).
Outro fator que contribui para essa problemática é o crescimento
demográfico em regiões que já sofrem com a escassez. “Como a água, é dividida
muito desigualmente. A população tende a crescer nos locais onde a água já é rara,
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lá onde o acesso e os saneamentos mesmo hoje não estão garantidos: nas grandes
metrópoles da África, do Oriente Médio e do sul da Ásia. (CANDESSUS , 2005, pg
29).
A água contaminada é responsável pela morte de milhões de pessoas a
cada ano, matando muito mais do que a AIDS, do que as guerras e os acidentes no
transito. A cada dia são mais de 10.000 pessoas que morrem de doenças ligadas à
água, metade delas crianças. “São três Wold Trade Centers que cotidianamente
desaparecem no silencio e no esquecimento. É impossível falar seriamente em
desenvolvimento humano e na redução da pobreza se não se mede o tamanho da
onda”. (CANDESSUS , 2005, pg 33).
A descarga excessiva de águas de esgotos, de insumos agrícolas vem
acelerando o processo de enriquecimento natural dos lagos, represas e rios. A
eutrofização é um fenômeno mundial, provocando a deterioração dos ecossistemas
aquáticos e produzindo impactos ecológicos, econômicos, sociais e na saúde
pública. Isso tem gerado um aumento nos custos de tratamento da água para
abastecer a população urbana e principalmente para a manutenção da saúde
pública.
Além dos problemas ambientais, a dificuldade de acesso a água é
sinônimo para muitos povos, principalmente para as mulheres e crianças, de
humilhação, analfabetismo e medo. É imposto como uma cultura entre os povos
africanos e asiáticos, a tarefa de conseguir água ser responsabilidade das mulheres,
mesmo que isso represente passar quase que todos os dias de sua vida em função
de carregar baldes por longas distâncias.
Apesar de ser uma tarefa importante, o serviço de buscar água é
altamente prejudicial à saúde das mulheres, que além do peso dos recipientes com
o precioso liquido, as mesmas enfrentam as intempéries climáticas, ficam a mercê
do ataque de animais selvagens e até mesmo são vítimas de assaltos e estupros.
Com as crianças, principalmente as meninas, a problemática da
dificuldade de acesso a água é ainda mais acentuada. Por ter que acompanhar as
mães nas longas caminhadas diárias, podendo ser superiores a dez quilômetros
diários, as crianças não freqüentam com regularidade a escola. Assim como as
casas, as escolas não possuem água encanada e muito menos banheiro, obrigando
os parcos alunos a fazer suas necessidades em locais improvisados. Para as
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meninas isso é um contribuinte para a evasão escolar, já que não possuem um local
privativo para fazer a higiene e as necessidades fisiológicas.
De acordo com BARLOW (2009), existem três cenários que conspiram em
direção a calamidade:
Cenário um: O mundo está ficando sem água doce. Não é apenas uma
questão de encontrar dinheiro para salvar os dois bilhões de pessoas que
moram em regiões do mundo que apresentam estresse hídrico. A
humanidade está poluindo, desviando e esgotando as fontes finitas de
água da Terra, em um ritmo perigoso que aumenta constantemente. O uso
excessivo e o deslocamento da água são o equivalente , em terra, às
emissões de gases de efeito estufa e, provavelmente, uma das causas
mais importantes da mudança climática.
Cenário dois: A cada dia, mais e mais pessoas estão vivendo sem acesso
à água limpa. À medida que a crise ecológica se aprofunda, a crise
humana também o faz. O número de crianças mortas devido à água suja
supera o de mortes por guerra, malária, AIDS e acidentes de trânsito. A
crise global da água se tornou um símbolo muito poderoso da crescente
desigualdade do mundo. Enquanto os ricos bebem água de alto nível de
qualidade sempre que desejam, milhares de pessoas pobres têm acesso
apenas à água contaminada de rios e de poços locais.
Cenário três: um poderoso cartel corporativo da água surgiu para assumir o
controle de todos os aspectos da água a fim de obter lucro em beneficio
próprio. As corporações fornecem água para beber e recolhem a água
residual; colocam enormes quantidades de água em garrafas plásticas e
nos vendem a preços exorbitantes; as corporações estão desenvolvendo
tecnologias novas e sofisticadas para reciclar nossa água suja e vendê-la
de volta para nós; elas extraem e movimentam a água através de enormes
dutos, retirando-a de bacias hidrográficas e aqüíferos com o objetivo de
vendê-la para grandes cidades e industrias; as corporações [...]. E o mais
importante: as corporações querem que os governos desregulamentem o
setor hídrico e permitem que o mercado estabeleça uma política para a
água. [...].
Através destas informações é possível perceber que as corporações
saíram na frente para conseguir vantagens sobre a água. Sabido que é um produto
de suma importância, indispensável para a sobrevivência de todas as espécies e
determinante no desenvolvimento da agricultura e da indústria, as grandes
empresas investiram pesado para controlar o comércio deste bem. Um exemplo são
as usinas de dessalinização que circundam os oceanos, as quais através do uso de
tecnologias avançadas como a nanotecnologia, retiram o excesso de salinização da
água e a vendem.
A privatização da água é algo que assusta a todos que se desenvolvem
propostas de universalização deste precioso liquido. Como já citado, as camadas
mais pobres, aqueles grupos que vivem distantes dos recursos hídricos e
principalmente os grandes conglomerados urbanos periféricos são os que mais
sofrem e vão sofrer com os altos custos da água dominada pelo capital econômico.
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O poder público deve manter o domínio sobre todo o sistema de coleta e distribuição
da água, caso contrário poderemos acompanhar um surto de conflitos populares
para conseguir água. “Apartheid da água. Os pobres do mundo que estão vivendo
sem água concentram-se em áreas que não têm água suficiente desde o inicio
(África), onde a água da superfície se tornou intensamente poluída”. (BARLOW,
2009, pg 18).
[...] A economia globalizada está mudando a definição da água, de
propriedade pública para um bem privado, a ser livremente extraída e
comercializada. A ordem econômica global pede a remoção de todos os
limites no uso e na regulamentação da água e o estabelecimento de
mercados desse recurso. Proponentes do livre comércio da água vêem os
direitos da propriedade privada como o único substituto parta a
regulamentação burocrática das reservas de água. (SHIVA, 2006, pg 35)
Apesar de tantos argumentos, com pessoas se empenhando em
disseminar informações em todas as partes do Planeta sobre a necessidade de
cuidar da água, muitos líderes de países destacados na economia insistem em
abafar o assunto. Foi criado uma preocupação a nível global que os problemas
ambientais significativos são decorrentes apenas da queima de combustíveis fosseis
e do desmatamento. Mas, quando é passado informações sobre a problemática da
água, muitos se sentem surpresos e até ignoram, achando que isso é algo que não
merece tanta importância.
Se for analisado o quando precisamos de água para expandir os parques
industriais, para promover as atividades de turismo e principalmente para produzir
alimentos, percebemos que não poderemos continuar avançando economicamente
sem termos acesso fácil a água potável. Para a produção de um litro de etanol são
necessários cerca de 1700 litros de água, para o abate de um frango é usado 22
litros de água; uma vaca em lactação consome de 90 a 120 litros de água por dia e
assim podemos citar tantos outros exemplos da grande quantidade de água
empregada nas diversas áreas da economia.
Comida e água são nossas necessidades mais básicas. Sem água, a
produção de alimentos não é possível. É por isso que a seca e a escassez
de água se traduzem em declínio da produção de alimentos e em aumento
dos índices de fome. Tradicionalmente, as culturas agrícolas evoluíram em
resposta às possibilidades de água que as cercavam. Safras que não
exigiam muitos recursos hídricos emergiram em regiões de escassas em
água e safras que necessitavam de muita água em regiões ricas em
recursos hídricos. (SHIVA, 2006, pg 129).
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No Brasil a situação não é muito diferente dos demais países
O Brasil é um dos países com as maiores reservas de água, aonde temos
a maior bacia hidrográfica do Planeta, a bacia amazônica, o aqüífero Guarani, o
aqüífero Alter do Chão, o rio São Francisco que abastece parte do nordeste, entre
outros. Os nossos recursos hídricos são utilizados para diversos fins, como a
navegação, geração de energia, abastecimento de cidades e plantações. Temos
exemplos de explorações turísticas como o Pantanal e cataratas do Iguaçu e temos
maus exemplos como a poluição do rio Tiete e outros tantos rios.
O Brasil concentra em torno de 12% da água doce do mundo disponível em
rios e abriga o maior rio em extensão e volume do Planeta, o Amazonas.
Além disso, mais de 90% do território brasileiro recebe chuvas abundantes
durante o ano e as condições climáticas e geológicas propiciam a formação
de uma extensa e densa rede de rios, com exceção do Semi-Árido, onde
os rios são pobres e temporários. Essa água, no entanto, é distribuída de
forma irregular, apesar da abundância em termos gerais. A Amazônia,
onde estão as mais baixas concentrações populacionais, possui 78% da
água superficial. Enquanto isso, no Sudeste, essa relação se inverte: a
maior concentração populacional do País tem disponível 6% do total da
água. (www.socioambiental.org)
Desde o período de colonização, os cursos de água foram fundamentais
para delimitar o nosso território, exportar nossos produtos e deslocar pessoas.
Grandes sítios arqueológicos foram encontrados as margens de rios e do oceano, as
regiões agrícolas demonstraram desenvoltura baseadas no uso dos mananciais
hídricos. Não pode ser esquecido também o potencial extrativista dos rios e lagos,
fornecendo alimento e minérios para fomentar a economia nacional.
Podemos perceber que assim como em outras regiões do mundo, no
nosso país a questão da água nunca foi levada a sério. Grandes cidades foram
edificadas ao longo de rios ou em cima de nascentes e o uso da água para irrigação
e na indústria não é regulamenta. A nossa matriz energética esta baseada quase
que exclusivamente no sistema de hidroelétricas, aonde somos um dos países com
maior quantidade dessas represas, contribuindo para a destruição de ecossistemas
locais, influenciado também nas relações sociais e econômicas de diversas regiões.
[...] O especialista brasileiro em mudança climática, Phili Fearnside, estima
que as represas hidrelétricas no Amazonas causam muito mais
aquecimento global que as usinas modernas de gás natural que geram a
mesma quantidade de energia [...]. [...] “os reservatórios tropicais de
energia hidrelétrica podem exercer um impacto muito maior sobre o
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aquecimento global do que suas rivais mais poluentes: as usinas de
conbustivel fóssil”. (BARLOW, 2009, pg 35).
Não podemos esquecer que a questão social é de suma importância para
a manutenção dos recursos hídricos. Não é difícil encontrarmos verdadeiras cidades
construídas em palafitas sobre rios e mangues, grandes conglomerados de
residências se formando em encostas e o mais preocupante sem sistemas de
tratamento de esgoto, despejando seus resíduos diretamente nos cursos de água.
A falta de um saneamento adequado reflete diretamente na saúde da
população, nas inundações cada vez mais freqüentes e na degradação
do meio ambiente. O aumento da população nas cidades agrava ainda
mais esta situação, deixando para as gerações futuras um passivo muito
alto em decorrência dos efeitos dos impactos ambientais que sofrerão.
(LIMA, 2009 ,p 68).
Para o homem ter saúde, é necessário atender às suas necessidades de
alimentação, habitação, trabalho, saneamento, recreação e prevenção de
doenças; quando estas condições são melhores, há redução da
incidência de doenças transmissíveis, ocorrendo o contrario quando as
mesmas são precárias ou inexistentes [...]. (PIRES, 2009, pg 117).
Apesar de tamanho desrespeito sobre o tema, a nossa legislação que já é
branda poderá facilitar ainda mais a degradação da água. O ano de 2011, foi
marcado pela discussão acerca da reformulação do novo Código Ambiental
Brasileiro, existindo um grupo de deputados empenhados em aprovar o código que
reduz a área de mata ciliar de as encostas, o que afeta diretamente a qualidade e a
quantidade de água dos rios e nascentes. Em vez de evoluir para leis mais rigorosas
e protecionistas ao meio ambiente, estão tentando facilitar ainda mais as agressões
ambientais.
No caso brasileiro, as legislações federal e estaduais de recursos hídricos
colocam a racionalização do uso da água como um dos principais
objetivos. Todavia, em nenhum momento está mencionada a meta de
consecução de objetivos ambientais por cobrança. A cobrança é entendida
como um dos instrumentos que contribuem para a melhora da
disponibilidade e qualidade dos recursos hídricos. (MOTTA, 2006 Pg 132)
A delimitação por bacias hidrográficas para a identificação de problemas e
projeção de soluções vem sendo uma das grandes esperanças para a manutenção
da nossa água. Através da delimitação destas áreas é possível identificar os
principais agentes interventores e projetar ações mais eficazes, inclusive tendo já
resultados satisfatórios.
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O poder público, ou pela ineficácia do sistema ou por falta de recurso tem
se mostrado pouco eficiente nos cuidados com essa área, deixando que ONGs
desenvolvam projetos em parceria com a iniciativa privada. Entre as atividades mais
notórias estão as de conscientização entre as comunidades ribeirinhas, divulgando a
problemática relacionada a água e buscando alternativas que visam a diminuição da
intervenção humana.
Devido o Brasil ser um grande dependente dos recursos hídricos para dar
continuidade a produção agrícola, nada mais justo ou inteligente conciliar projetos
que promovam a manutenção dos recursos hídricos, assim, possibilitando aumentar
a produção agrícola, a qual é altamente consumidora de água. Sobre esse viés, não
somente a produção de grãos é altamente consumidora de água, mas a
principalmente a criação de animais, que consomem uma grande quantidade de
água diariamente.
Na região Oeste de Santa Catarina esse fato é bastante visível, onde ao
longo do tempo a criação de animais esteve vinculada a grande quantidade de água
consumida e principalmente pelo elevado potencial de contaminação. Não é muito
difícil encontrar poços abandonados devido a contaminação por dejetos de suínos,
além da contaminação do solo e dos córregos.
Não podemos esquecer que a produção agrícola é importante para
alimentar a população e fomentar a economia de municípios e países. Mas, ainda
mais importante é o cuidado em manter a qualidade da água. Do contrário, a
população, principalmente os mais carentes, irá sucumbir por fome e sede. Assim,
como já temos exemplos em outros países, onde a produção agrícola está
extremamente custosa financeiramente, devido ao alto custo de despoluir a água,
nós podemos estar caminhando na mesma direção, se nada for feito.
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Considerações finais
A problemática relacionada a água é algo que esta chamando a atenção
em todos os continentes, sendo objeto de estudo entre cientistas, ambientalistas,
políticos, entre outros. Por ser um recurso de necessidade básica, do qual depende
a vida de todas as espécies, se faz necessário juntar todas as forças para garantir a
manutenção desse recurso.
Como já foi citado, o acesso a água foi determinante para a evolução de
todas as sociedades, tanto para o abastecimento da população, quanto para o
fomento da economia, como a produção agrícola e a industrialização. Apesar de sua
grande importância, capaz de determinar o sucesso ou não de um empreendimento
socioeconômico, os mananciais hídricos vem sofrendo ao longo do tempo, todos os
tipos de agressão, começando pela contaminação, passando pelo represamento e
até pela mudança do curso de rios.
Assim como todos os demais problemas ambientais, a degradação dos
recursos hídricos somente chamou a atenção quando os problemas se tornaram
muito aparentes. Quando começou a chamar a atenção por causa do elevado
número de mortes provocadas pelo contato com água contaminada, pelo auto custo
do tratamento de purificação, ou pela exposição da mídia em relação aos milhões
que não possuem acesso fácil a água, é que esse problema se tornou tão evidente.
Através de informações obtidas com pessoas especializadas no assunto,
é possível perceber que a degradação dos recursos hídricos é um dos principais
problemas da atualidade. Essa deterioração afeta principalmente as camadas
menos favorecidas da população, como os africanos e latinos. O alto custo do
tratamento, distribuição e o lucro das empresas privadas de água, fazem com que
somente uma parcela da população tenha acesso a esse precioso liquido. Além do
custo direto da água, a população sofre com o encarecimento dos demais produtos
consumidos, já que todos fazem uso da água no processo de produção e na
industrialização.
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Referências
BARLOW, Maude. Água, Pacto Azul. A crise global da água e a batalha pelo
controle da água potável no mundo. São Paulo: M.Books do Brasil Editora, 2009.
CANDESSUS, Michel. [et al]. Água: oito milhões de mortes por ano: um escândalo
mundial. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
GIANSANTI, Roberto. O desafio do desenvolvimento sustentável. São Paulo:
Atual, 1998.
GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Os (des) caminhos do meio ambiente. São
Paulo: Contexto, 14 ed, 2008.
LIMA, Rosimeire Suzuki. Sistemas de gestão ambiental: gestão ambiental. São
Paulo: Pearsin Prentice Hall, 2009
MOTTA, Ronaldo Seroa da. Economia Ambiental. Rio de Janeiro: FGV, 2006.
PIRES, Ewerton de Oliveira. Poluição do solo, atmosfera e águas continentais:
gestão ambiental. São Paulo, Pearson Prentice Hall, 2009.
SHIVA, Vandana. Querras por água: privatização e lucro. Tradução Georges
Kormikiaris – São Paulo: Radical Livros, 2006.
TUNDISI, José Galizia. Água no século XXI: Enfrentando a escassez. São Carlos:
RiMa, IIE, 2003, 2005, 2009
http://www.socioambiental.org. Água doce e limpa: de "dádiva" à raridade acesso em 2 de junho de 2011
http://www.censo2010.ibge.gov.br acesso em 25 de maio de 2011
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