A educação em saúde na Estratégia de Saúde da Família e a Prevenção do Vírus da Gripe A André de Freitas Pereira Graduado em Farmácia - UNIPAC Av dos Expedicionários, 478 / Leopoldina-MG Telefone: (32)9986-8694 : [email protected] Rejane Maria Santos de Freitas, M.Sc Orientadora Enfermeira Obstétrica - UFF Licenciatura em Ciências - CDRH Especialista em Saúde da Família - FMC Pós-Graduada em Planejamento Educacional - FISG Pós-Graduada em Formação Pedagógica em Educação Profissionais na Área de Saúde - ENSP/FIOCRUZ/UFF Mestrado em Planejamento Regional e Gestão de Cidades - UCAM Rua Profº Osório R. Conceição, 44 – Itaperuna/RJ Tele (22) 38221522 [email protected] RESUMO A Influenza, conhecida popularmente como gripe, é uma doença respiratória aguda de origem viral, causada pelo vírus Myxovirus influenzae. Cada cepa variante do vírus recebe uma denominação especifica de acordo com a OMS. Pelo motivo dos sintomas provocados pelo vírus não serem suficientemente específicos da doença, outras doenças são muitas vezes diagnosticadas como Influenza. Ela caracteriza-se como de elevada taxa de mutação e transmissibilidade, podendo assim, resultar surtos ou epidemias facilmente. A gravidade da doença nas epidemias é bastante variável, causando desde quadros de rinofaringite leve até pneumonia viral, com complicações fatais. A prevenção é muito importante no combate à doença. Atualmente existem vários tipos de vacinas para influenza. E no que diz respeito ao tratamento são disponibilizados fármacos recentes com maior eficiência e efeitos adversos significantemente menores em relação a fármacos clássicos. Entretanto é importante ressaltar a necessidade da prática de Educaçao em Saúde, articulando os conhecimentos a respeito do virus e da doença com o objetivo de conscientizar a populaçao de forma a tomar as devidas precauções. Palavras-chaves: influenza; sintomas; epidemiologia; tratamento e prevenção. ABSTRACT Influenza, most popular know as Flu, is a kind of viral respiratory disease caused by Myxovirus Influenzae vírus. Each vírus strain receave an especific denomination from WHO. A lot of other diseases are mistaken with Influenza, because their symptons are not very specific.This disease has a high level of mutation and transmissibility, can result in na outbreak of epidemics quite easily. The level of danger in an outbreak of epidemics can vary a lot, causing simple rhinopharingitis or a viral pneumonia that can result in deadly complications. Each year we can calculate that more than 10% of the world became victim of this disease. Prevenction is quite important in order to fight against this disease. Today we can find lots of vaccines and medication more powerfull and efficient against flu, and that causes less damage to our healthes as classic medication. Key-words: influenza; symptoms; epidemiology, treatment and prevention. 1 INTRODUÇÃO A gripe ou Influenza é uma doença viral que acomete milhares de pessoas em todo o globo. A palavra gripe deriva da espressão russa “khripu”, a qual significa rouquidão. Já o termo Influenza, tem origem antiga, deriva da suposta “influência” planetária sobre a saúde, logo “influenza”. O vírus Myxovirus influenzae, causador da doença, pertence à família Orthomyxoviridae e é constituído por partículas envelopadas de RNA de fita simples. Tem como importante característica da estrutura morflógica do vírus; projeções radiais de espículas, que se observam em toda a sua superfície. Estas espículas correspondem às glicoproteínas hemaglutinina (HA) e neuraminidase (NA) (FRANCISCO, DONALISIO E LATTORRE, 2005). Elas são capazes de ligarem-se a moléculas de ácido siálico na superfície das células. E esta ligação, por sua vez, induz a célula a absorver o vírus que logo libera o seu material genético, feito de RNA, e suas proteínas, no citoplasma. Algumas destas proteínas auxiliam na duplicação do RNA e na produção de mRNA, que orienta o ribossomo na fabricação de mais proteínas virais. Os genes virais e as novas proteínas formam então novos vírus que são ejetados da célula infectada e partem para infectar outras (CINTRA, 2006). Os vírus influenza são divididos em três subtipos; A, B e C. Apenas o tipo A e B têm importante relevância em humanos, eles são morfológica e molecularmente mais estreitamente relacionados, do que com o vírus C. No entanto o vírus influenza B é quase exclusivamente humano, já o vírus A tem sido isolado a partir de muitas espécies além do homem. E, além disto, o tipo A é que está relacionado com a maior variabilidade antigênica, portanto, sendo ainda dividido em subtipos de acordo com as diferenças de suas glicoproteínas de superfície (hemaglutinina e neuraminidase) (CINTRA, 2006), (FRANCISCO, DONALISIO E LATTORRE, 2005). São conhecidos 15 tipos de hemaglutininas e 9 tipos de neuraminidases observadas em diversas espécies animais. E têm-se conhecimento na atualidade, para influenzas do tipo A adaptadas para infectar humanos, de 3 tipos de hemaglutininas (H1, H2 e H3) e 2 tipos de neuraminidases (N1 e N2) (CINTRA, 2006). O vírus da gripe A contém especificidades que diferem dos demais vírus da gripe como, por exemplo, a sua capacidade elevada de mutação dando grande capacidade de adaptação ao vírus. Dessa forma pode-se ressaltar a alta capacidade de provimento de epidemais do vírus influenza. Como medida preventiva e de promoção em saúde, podemos destacar a educaçao em saúde como meio de ação. Pode-se definir educação em saúde como método do qual o conhecimento científico produzido ná áera de saúde atinge a vida das pessoas modificando suas condutas de forma a beneficiarem-se no processo de saúde, contribuindo 2 para a promoção de saúde. Assim, o presente trabalho tem como objetivo elucidar as caracterisitcas do vírus da Gripe A ressaltando a importancia da educação em saúde com o objetivo de transmitir tais conhecimentos a fim de proporcionar oportunidade aos cidadãos e também aos profissionais de saúde de promoção e prevenção em relação ao vírus. 1 CLASSIFICAÇÕES E CARACTERÍSTICAS DO VIRUS INFLUENZA Os vírus influenza coletados em muitos lugares do mundo são classificadas e catalogados através do uso de um código da OMS, este consiste nos itens respectivamente; Tipo antigênico da nucleoproteína central (tipo A, B ou C); hospedeiro de origem (suíno, aviário, etc), quando não especificado o vírus tem origem humana; local do primeiro isolamento (Beijing, Texas, Sydney, etc); número laboratorial da cepa, atribuído de acordo com a ordem cronológica na qual a cepa foi isolada, em determinada localidade e ano de isolamento. Além disso, para o vírus influenza tipo A, os subtipos de hemaglutinina (H) e neuraminidase (N) são apresentados em parênteses. Deste modo, a cepa A/Sydney/5/97 (H3N2) é do tipo A, origem humana, isolada na cidade de Sydney em 1997, com antígenos de superfície H3 e N2. 1.2 Sintomatologia É importante observar que várias infecções agudas do aparelho respiratório, desencadeadas normalmente por vírus, estreptococos e micoplasmas demonstram alguns sintomas semelhantes aos da influenza, provocando confusões. Nesse grupo estão: resfriado comum; laringite; traqueíte; faringite; bronquite, pneumonia e pleurite (DONALÍSIO, 2006). O resfriado, por exemplo, pode ser causado por diversos vírus, como o adenovírus, rinovírus e parainfluenza. Apresenta características mais vinculáveis à processos inflamatórios como; febre baixa, irritação na garganta e coriza. Os sintomas remetem principalmente as alterações locais causadas pelos vírus nas vias aéreas superiores e são bem mais amenos do que os quadros gripais. Já a Influenza ou gripe, por sua vez, além de poderem provocar manifestações respiratórias de maior intensidade (desconforto no peito, tosse freqüente ou persistente e catarro) normalmente apresenta também sintomas como; febre alta, dores musculares, mialgia, calafrios, fadiga e cefaléia (TECNOMED MEDICINA OCUPACIONAL, 2008). A febre normalmente tem variações entre 38 a 40 C com um período de duração de 1 a 3 dias e pico nas primeiras 24 horas. Também pode-se observar, em menor freqüência, náuseas, dores abdominais, diarréia e fotofobia. Em adultos e crianças saudáveis, a doença dura aproximadamente entre uma a duas semanas, e as conseqüências são geralmente 3 moderadas. No entanto, o quadro em idosos ou indivíduos com presença de doenças crônicas pode ser mais alarmante, resultando muitas vezes na aparição de pneumonias virais ou bacterianas e agravamentos de quadros preocupantes de saúde pré-existentes (NETO, PASTERNAK, (VRNJAC, 2008)000), (TECNOMED MEDICINA OCUPACIONAL, 2008). Assim, a presença de quadro febril, somada à manifestações respiratórias e sintomas sistêmicos como dores musculares, calafrios ou fadiga auxiliam bastante na distinção da influenza de demais infecções respiratórias como o resfriado. No entanto não são sintomas suficientemente específicos para se ter um diagnóstico realmente seguro sem confirmações laboratoriais. Dados referentes à circulação do influenza na comunidade pode-se melhorar a especificidade do diagnóstico clínico. A sensibilidade e especificidade reportadas para o diagnóstico baseado na definição clínica de síndrome gripal, incluindo febre e tosse, são de 63%-78% e 55%-71%, respectivamente, comparados à confirmação por cultura celular21. Infecções causadas pelo influenza tipo A e pelo tipo B geralmente causam quadros clínicos similares. Mas o número de infecções graves com possibilidade de hospitalizações ou com complicações fatais é expressivamente maior nas manifestações causadas pelo tipo A do que nas causadas pelo tipo B (DONALÍSIO, 2006). 1.3 Transmissão A disseminação do influenza se dá principalmente pelo ar, através de gotículas produzidas pela tosse, espirros ou ao falar. E, além disto, através da auto-inoculação, que ocorre após o contato das mãos com superfícies como; toalhas, maçanetas, torneiras, corrimãos, entre outras. Ou seja, superfícies com a possibilidade de estarem previamente contaminadas com secreções respiratórias de pacientes gripais (ARANDA, CARVALHANAS, PAIVA E BRANDILEONE, 2004). Os vírus, desta forma, penetram no sistema respiratório ou nos olhos através das mucosas, e, atingem assim a corrente sanguínea, elevando a produção de secreção, provocando o primeiro sintoma da doença: a coriza. Na corrente sangüínea, os vírus promovem a infecção celular. Neste processo a hemaglutinina e a neuraminidase estão envolvidas fortemente. Elas reconhecem e interagem com resíduos de ácidos siálicos presentes nas glicoproteínas celulares e induzem, posteriormente, a fusão e incorporação do envelope viral pela célula (ROCHE, 2008). No interior da célula o vírus libera o material genético (RNA), e este é então internalizado com proteínas virais no núcleo. As proteínas virais são responsáveis pela duplicação do 4 RNA viral e produção do RNA mensageiro viral, utilizando as próprias estruturas celulares para a produção de novas proteínas virais. Estas novas proteínas virais, então, juntamente com as cópias de RNA viral, promovem a formação de cópias do vírus. As quais saem da célula infectada e vão infectar outras células. Logo após os vírus se replicarem nas células epiteliais colunares do trato respiratório, eles misturam-se às secreções respiratórias e são espalhados por pequenas partículas de aerossol produzidas durante estes atos de espirrar, tossir ou falar, iniciando assim o ciclo novamente. O tempo de incubação do influenza apresenta-se bastante curto (de 1 a 4 dias) e, deste modo, um indivíduo infectado pode transmitir a doença para um elevado número de pessoas com um quadro imunológico favorável para a implantação da doença (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). 1.4 Mutagenicidade A capacidade de provimento de epidemias, ou mesmo, pandemias do vírus influenza é consideravelmente muito elevada. Este fato se mostrar presente graças aos seus elevados índices de mutação e conseqüente grande capacidade de adaptação do vírus. Os grandes índices de fragmentação do material genético promovem elevadas taxas de mutação durante o período de replicação viral, principalmente das glicoproteínas de superfície (hemaglutinina e neuraminidase) (VRNJAC, 2008). Devida esta ocorrência de mutações independentes, eventualmente, promovem o aparecimento de cepas às quais a população ainda não apresenta imunidade. Isto, uma vez que mesmo que o individuo já tenha sido imunizado anteriormente, por já ter passado por um processo gripal por exemplo, a resistência advinda deste fato é pouca ou nula em relação à essa nova variante do vírus. As variações antigênicas que ocorrem nos vírus influenza são divididas em maiores (antigenic shift) ou menores (antigenic drift) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). As variações antigênicas menores, ocorrem normalmente a cada 2 ou 3 anos para os subtipos do vírus A e a cada 5 ou 6 anos para os vírus do tipo B. Estas variações são explicadas pela imunidade de grupo, pelo que o aparecimento de um novo vírus deve-se à sua selecção numa população imunizada contra a variante precendente, no qual as modificações dos seus antigênios de superfície, mesmo que ligeiras, lhe permitem escapar à pressão imunológica e difundir-se na população. Estas variações devem-se à mutações pontuais nos segmentos do genoma viral, as quais resultam em mudanças nos aminoácidos que compõem as glicoproteínas de superfície, particularmente na hemaglutinina. Assim, alteram partes principais na identificação do antígeno, de modo a não serem reconhecidos 5 pelo sistema imune do hospedeiro. Surgem, então, novas variantes virais capazes de escapar da imunidade estimulada por infecção ou vacinação prévias (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). As variações antigênicas maiores ocorrem geralmente em intervalos irregulares de 10 a 40 anos. Elas estão vinculadas à completa substituição de um ou ambos segmentos do genoma viral, que controlam a produção de glicoproteínas de superfície. Essas alterações são devidas ao reagrupamento entre vírus humanos e vírus que infectam outras espécies animais, e estão relacionadas com a segmentação do material genético que facilita sua recombinação com o material genético de outros vírus influenza sempre que ocorrem infecções mistas (DONALÍSIO, 2005). Quando ocorrem estas grandes variações antigênicas, a maior parte da população ainda não apresenta imunidade para as novas cepas do vírus e a doença se espalha de forma rápida. Uma das dificuldades para o controle da disseminação do vírus ocorre devido à existência de vários reservatórios animais, especialmente aves e mamíferos, tornando possível assim o reagrupamento entre genes de vírus que infectam animais e humanos (DONALÍSIO, 2005). As epidemias do vírus influenza de variável gravidade têm se mostrado de maneira sistemática a cada 1 a 3 anos, predominantemente no inverno. Já as pandemias de influenza têm ocorrido de forma mais irregular, geralmente com 30 a 40 anos de intervalo, ocorrendo quando há o aparecimento de variações antigênicas maiores, e estas não são controladas (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2005). 2 A EDUCAÇAO EM SAÚDE NA ESF E PREVENÇÃO DA GRIPE A Conforme destacado por Cintra (2006), os vírus influenza são responsáveis por epidemias anuais associadas à morbidade e mortalidade significativas com elevado impacto para a saúde coletiva. As populações de elevado risco demonstram maior gravidade da infecção por vírus influenza com base no excesso de pneumonias, mortalidade e das taxas de hospitalização, especialmente em idosos, nos portadores de doenças cardiopulmonares e naqueles com imunodeficiências. A circulação dos vírus influenza é mundial, e suas epidemias anuais e pandemias estão associadas à imunidade populacional ao subtipo circulante (CINTRA, 2006). A Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo (2005) ressalta que a forma mais adequada para a prevenção contra o Influenza é a vacinação anual antes de iniciar o inverno, época em que ocorrem os maiores números de casos. Ela pode ajudar a prevenir os casos de gripe ou, pelo menos, diminuir a gravidade da doença. Sua efetividade entre 6 adultos jovens significativa, e menor em idosos muito frágeis. Isso porque estes têm pouca capacidade de desenvolver anticorpos protetores após a imunização (vacinação). No entanto, mesmo nesses casos, a vacinação pode proteger contra complicações graves da doença como as hospitalizações e óbitos. Entretanto devemos destacar, antes de citar a importancia da Educação em Saúde e do que se tratra, a forma como o modelo hegemônico tendo o enfoque curativista, gerou uma produção imaginária de demanda de usuários buscando atendimento médico, que dificulta a produção do cuidado em saúde no Brasil. Os usuários desconhecem o trabalho em equipe desenvolvido nas ESF e pouco valorizam a produção do cuidado de outros trabalhadores responsáveis pelo seu cuidado que não o médico. Assim destaca-se que a Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo (2005) também ressalta que as epidemias do vírus influenza, assim como de outras doenças, estão relacionadas às determinantes sociais, culturais, ecológicos que favorecem a disseminação de novas variações e influenciam na dinâmica de transmissão no espaço e no tempo. Dessa forma cabe ressaltar a importancia da Educação em Saúde como medida de ação preventiva e de promoção em saúde. A educação pode ser definida como um recurso o qual o conhecimento produzido na área de saúde atinge a vida das pessoas sendo intermediado por profissionais de saúde, onde tais conhecimentos sobre a saúde e doença oferecem condições para adoção de novos hábitos e condutas de saúde. Todos os processos educativos, assim como as técnicas educativas que são instrumentos de ensino - aprendizagem, se baseiam em uma determinada concepção de como conseguir que as pessoas aprendam e modifiquem sua prática” (BORDENAVE apud MANUAL PARA A OPERACIONALIZAÇÃO DAS AÇÕES EDUCATIVAS NO SUS - SÃO PAULO, 2001) Devemos destacar como forma de cautela e esclarecimento, a respeito das práticas de Educação em Saúde, haja vista que conforme citado por Alves (2005) em diferentes momentos históricos, os saberes e as práticas de educação em saúde foram impregnados por um discurso sanitarista e que, tal discurso higienista, tradicionalmente têm marcado o campo de práticas da educação em saúde. Em virtude das necessidades de domínio sobre epidemias de varíola, peste, febre amarela, tuberculose, entre outras, nos grandes centros urbanos, visto que estas acarretavam transtornos para a economia agroexportadora, 7 desenvolveram-se as primeiras práticas sistemáticas de educação em saúde. Estas voltavam-se principalmente para as classes subalternas e caracterizavam-se pelo autoritarismo, com imposição de normas e de medidas de saneamento e urbanização com o respaldo da cientificidade. (ALVES, 2005) Segundo Alves (2005) as práticas de Educação em Saúde eram orientadas por um discurso biologicista, reduzindo o processo de saúde e doença a uma perspectiva indivudual, nao enxergando o sujeito como um indivíduo biopsicossocial, não destacando então as condiçoes de vida e trabalho como também determinantes de saúde. Tal discurso biologicista propagava então que os problemas de saúde eram decorridos das normas e condutas dos indivíduos e que mudanças de atitudes individuais seriam a resoluçao para os problemas de saúde. Alves (2005) cita que Vasconcelos (2001) destaca que os movimentos que iniciaram o rompimento de tais perspectivas de Educação em Saúde com ações normatizadores e autoritárias foi o movimento da Educação Popular em Saúde, mobilizado por profissionais de saúde insatisfeitos com os serviços de saude que então se dirigiram para as periferias e zonas rurais aproximando-se das classes populares e dos movimentos sociais locais, onde tal aproximação auxiliou na compreensão da dinâmica do processo de adoecimento e cura no meio popular, como tambem a complexidade dos problemas de saúde nessas populações. Assim surge a necessidade de reformular e reorientar as práticas de saúde de forma a enxergá-las e enfrentá-las de forma global. A Educação Popular em Saúde prioriza a relação educativa com a população priorizando uma relação de horizontalidade entre profissional e usuário, considerando-os como portadores de saber, valorizando as trocas interpessoais. Dessa forma tal movimento retira o usuário de uma posiçao de passividade, onde este contém um saber a respeito do procedimento de saúde e cuidado capaze de estabelecer uma interlocução dialógica com o serivço de saúde a fim de desenvolver uma análise crítica sobre a realidade e os procedimentos e estratégia e promoção em saúde. “Uma compreensão ampliada do processo saúde-doença, assistência integral e continuada a famílias de uma área adscrita são algumas das inovações verificadas na ESF” (ALVES, 2005). Pensar na ESF como estratégia de reorientação do modelo assistencial aponta a ruptura com práticas convencionais e hegemônicas de saúde, e também a adoção de novas estratégias de trabalho. Os objetivos do programa basicamente incluem: humanização das práticas de saúde por meio do estabelecimento de um vínculo entre os profissionais e a população; democratização do conhecimento do processo saúde-doença e da produção social da saúde; desenvolvimento da cidadania, levando a população a reconhecer a saúde 8 como direito; estimulação da organização da comunidade para o efetivo exercício do controle social (ALVES, 2005). Pode-se observar então que o reconhecimento de sujeitos estsá presente como centro norteador das reorientações e reformulações das estratégias de saúde. Conforme destacado por Alves (2005) de acordo com o princípio da integralidade, a ESF deve ofertar prioritariamente assistência promocional e preventiva, sem, contudo descuidar da atenção curativa e reabilitadora. Dentro da Estrategia em Saúde da Familia, segundo destacado por Alves (2005) a educação em saúde estabelece-se como uma pratica prevista e atribuida a todos os profissionais que compoem a equipe, desenvolvendo processos educativos, identificando situações de risco em parceria com a comunidade. para a saúde voltados a melhoria do cuidado dos indivíduos. As particularidades da estratégia do PSF remetem a um modelo de educação em saúde que seria mais coerente com os princípios do SUS incorporados pelo PSF, particularmente o da integralidade. Pelo nível de compromisso e responsabilidade esperado dos profissionais que compõem as equipes de saúde da família, pelo nível de participação desejado da comunidade na resolução dos problemas de saúde, pela compreensão ampliada do processo saúde-doença, pela humanização das práticas, busca da qualidade da assistência e de sua resolutividade, depreende-se que o modelo dialógico de educação em saúde corresponderia ao modelo mais pertinente para o contexto de atividades do PSF (ALVES, 2005). CONCLUSÃO Educar para a saúde implica ir além da assistência curativa, significa dar prioridade a intervenções preventivas e promocionais. No caso da ESF, a equipe está capacitada para executar ações de busca ativa de casos e até mesmo acompanhamento ambulatorial de casos através de visitas domicialires. E de acordo com o princípio de integralidade, as atividades de educação em saúde estão incluidas entre as responsabilidades dos profissionais que atuam na Estrategia de Saúde da Familia. Atualmente a influenza, ou gripe, tem sido compreendida de forma cada vez mais significativa. Avanços que dizem respeito ao conhecimento de suas características morfológicas virais, sintomáticas, epidêmicas têm implicado em grandes melhorias nos processos de: prevenção, através de vacinas cada vez mais recentes e racionalizadamente administradas; e tratamento, pelo desenvolvimento de fármacos com menores efeitos colaterais e maiores espectros de ação. Através do profundo conhecimento deste vírus e 9 divulgação destes conhecimentos através dos processos e estratégias de educação em saúde como forma de conhecimento biopsicossocial, agindo de acordo com os principios de integralidade, objetivando a prvenção e promoção de saúde é que se espera evitar não somente epidemias catastróficas ocorridas no passado recente do mundo, mas também promover a qualidade de vida mediante a relidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Vania Sampaio. 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