Violências nas escolas
“Violência é uma palavra ícone da modernidade em crise”
(RIFIOTIS, 2000).
1. Estado Nação e Violência
2. A violência na vida das crianças e dos
adolescentes;
3. Violência nas escolas e suas faces
contextualizadas nas sociedades:
–
–
–
francesa;
americana;
brasileira.
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1. Estado Nação e Violência
•
GIDDENS (2001) vê a história sem nenhuma
linearidade
–
•
ao contrário, vê a modernidade como uma
ruptura.
Sua análise histórica está estruturada em
eixos fundamentais,
–
1) uma genealogia do Estado em formação précapitalistas, as quais se constituem em exemplares
de “sociedade divididas em classe” antes que de
“sociedades de classe”;
– 2) a definição do capitalismo e uma discussão de
sua relação com o industrialismo;
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1. Estado Nação e Violência
– 3) as relações do modo capitalista de produção
com, sobretudo, o Estado-nação;
– 4) a vigilância e a pacificação subjacentes e
associadas historicamente ao surgimento do
estado-moderno;
– 5) a “poliarquia”, a cidadania, o nacionalismo e o
totalitarismo típicos da modernidade ocidental;
– 6) o papel da guerra na formação do Estado-nação;
– 7) o futuro dos movimentos sociais;
– 8) a situação da teoria crítica no mundo
contemporâneo – “realismo utópico”.
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• teses de Marshall - desenvolvimento da cidadania e a
articulação com a noção de poliarquia (governo de
muitos)
forma contemporânea da democracia.
• Marshall distingue três formas de direitos
– direito civis,
– políticos,
– sociais
Juntos preservam a cidadania.
• Já Giddens discorda e afirmar que “o papel das lutas
dos trabalhadores em seu estabelecimento, substitui o
próprio conceito de direitos sociais por direitos
econômicos” (GIDDENS, 1982).
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• Domingues (2001)
– a busca de um “local” onde se realizariam os
direitos
– nascem de tipos específicos de vigilância,
– em torno dos quais “disputas” e “conflitos” se
desdobram.
– É necessário que se observe que a vigilância, uma
forma de poder monitorado de certos grupos sobre
outros,
– como parte de sistemas de dominação, desencadeia
outros-sim,
• designado por Giddens (1982) como “dialética de controle”.
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– Ou seja: para a vigilância exercida de cima para baixo se
opõem formas de resistência e afirmação dos
subordinados.
– No caso das três arenas distintas do direito, os direitos
civis ligam-se à vigilância exercida pelas atividades de
“policiamento” do Estado, e seu local de exercício é a
corte de justiça.
– No caso dos direitos políticos têm como foco o
parlamento ou as câmaras.
– Direito econômico possuem como foco o local de
trabalho, seu eixo sendo sempre fornecido pela vigilância
exercida pela gerência sobre a força de trabalho.
– Em sendo o local de trabalho seu foco, o local para
exercício e defesa não é claro tornando-se grande tema
de luta social no capitalismo.
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• Assim para Guiddens, com uma nítida
influência de Michel Foucault (1985) e
Norbert Elias (1975), a vigilância é um
elemento crucial para a ligação do
Estado-nação, a economia capitalista e
violência
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2. O fenômeno da violência,
•
várias dificuldades.
•
à multiplicidade de compreensões a seu respeito.
•
o divisor de águas entre o que é violência ou não, é
muito tênue.
•
várias são as correntes, teorias e ciências que
tentam explicar o fenômeno da violência:
•
Sob o olhar da antropologia
•
neurofisiológico,
•
etológico,
•
psicológico
•
e psicanalítico.
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• O ponto de vista neurofisiológico
• traz os organismos mesmo, os mais elementares, como
determinados,
• como produtos da interação e conseqüente reação aos
estímulos do ambiente, que para eles são agressões.
• As tensões resultantes do meio são chamadas de stress,
podem ser desde a um ataque microbiano a variação de
temperatura, barulho, luz etc.
• Quando exposto a essas situações stressantes o organismo
entra primeiramente em uma fase de alarme e depois
resiste, essa resistência se esgota rapidamente.
• podemos discordar do caráter da inferência pura
• subestima o fator, tão importante, das significações apreendidas e
do simbolismo no desencadeamento e na inibição da agressividade,
principalmente as significações sociais.
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• O ponto de vista etológico
– Lorenz (1969) a visão etológica
– Considera os comportamentos dos animais em seu
meio ambiente natural.
– A agressividade seria um instinto que
eventualmente se desencadeia sem razão
– ou um subinstinto a serviço de outros como a fome
ou a sexualidade.
– Tais instintos têm funções positivas na evolução e
preservação da espécie.
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• O ponto de vista etológico Lorenz (1969)
– ao nível filogenético ele tende principalmente
estruturar as relações sociais fazendo-as
evoluir para o intercâmbio e a comunicação:
“é um instinto de vida que organiza as
relações dos seres vivos através de seus
confrontos”.
• Estrutura-se com Lorenz (1969) a tese do
Inato, uma força inata de confronto que
estrutura a vida. Como ele mesmo diz: “o
mal é bom para alguma coisa”.
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• O ponto de vista psicológico
• Na ciência da psicologia existem várias
correntes.
– Algumas pertencem a psicologia geral e
apresentam teorias da agressividade e de
suas causas a partir de estudos
experimentais das condutas agressivas.
– Outras consideram as personalidades
violentas numa perspectiva clínica.
– Outras finalmente consideram as relações de
agressão em termos de interações sociais.
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• corrente da psicologia geral/D. Caneghen
– em seus estudos experimentais e estatísticos,
– baseada nas teorias mecanicistas de tipo
behaviorista ou neobehaviorista,
– considera os estímulos desencadeadores da
agressividade e da raiva.
– O que comprovou isso foram pesquisas
realizadas com crianças onde a privação de
movimentos, de alimentos ou de bebida,
desencadeou a raiva da criança. (Canghem,
1978).
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• Outras teorias psicológicas
– insistem na importância
aprendizagem da agressão.
dos
modelos
na
– Assim jovens delinqüentes têm freqüentemente uma
história familiar de crianças espancadas.
– Nessa linha, Bandura (1973), sublinha o importante
impacto sobre as crianças dos modelos de
comportamento agressivo difundido pela mídia.
– A agressão nesse caso é facilitada pela imitação, pela
desinibição
dos
instintos
agressivos,
pelo
desencadeamento de ações agressivas estruturadas no
passado, ou ainda pelo aumento geral da excitação.
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• A psicologia dinâmica
– traz a abordagem empírica que nos anos 60 foi utilizada
para elaboração de modelos quantitativos,
– tentava correlacionar violência política e os diferentes
indicadores, em particular econômicos, da situação
social.
– Esses estudos tinham inspiração na teoria da agressão
como efeito da frustração elaborada por Lorenz
• A psicologia clínicas e estatísticas.
– Elas sublinham os fatores traumáticos na formação das
personalidades agressivas, o papel da frustração, a
importância das separações e das crises familiares, o
lugar dos processos de desdobramentos e a construção
da personalidade paranóica.
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• John Dollard (1961),
– cuja tese central é de que a primeira e típica
reação à frustração é a agressão.
– Quanto mais forte é a estimulação,
– maior é a intensidade da frustração,
– e quanto mais a frustração afeta aspectos do
comportamento mais importante será a
agressão. A agressão é considerada por
Dollard como a catarse da frustração.
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• Tal tese
– passou por verificação experimentais medindo, por
exemplo:
– a intensidade das raivas dos bebês a partir da
quantidade de leite de que haviam sido privados
– até as frustrações da educação e da concorrência
econômica, ou ainda as frustrações sexuais que
explicariam parte da agressividade de nossas
sociedades.
• Tais agressividades poderiam ser redirigidas
através das competições esportivas, da violência
fantasmática dos filmes ou da imprensa
sensacionalista (Dollard et al., 1961).
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• Já a psicologia social,
– estuda a agressividade e a violência no âmbito das
situações de interação.
– Certas experiências de agressões e violências se
concentram na dimensão propriamente social do
fenômeno e nos fatores relativos ao grupo ou à
autoridade,
– como é o caso de nosso objeto, violências nas escolas.
Onde as interações aluno-aluno; aluno-professor;
aluno-direção; professor-direção; funcionário-aluno;
funcionário-direção e mais escola-família; e escolasociedade são conflitantes e interações dentro de um
modelo hierarquizado, muitas vezes autoritário.
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• Ainda sob o olhar antropológico - contribuições
da psicanálise,
– Freud, reconheceu muito cedo a importância da
agressividade.
– Em 1915, em As pulsões e o seu destino, distingue
simplesmente entre as pulsões sexuais que
ultrapassam o indivíduo levando-o à realização das
finalidades da espécie e as pulsões do ego que
perseguem a autoconservação do indivíduo.
– Nessa mesma linha teórica, o ódio e o amor não se
encontram em posições simétricas: o amor procede
das pulsões sexuais enquanto o ódio tem a ver com a
luta do ego para se afirmar e se manter (Freud, 1968).
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• Abordagens sociológicas, podem ser subdivididas entre: as
abordagens empíricas e teoria social (Michaud, 1989).
– Na abordagem empírica
– trabalhando com recursos estatísticos sofisticados, o
sociólogo Gurr (1970)
– relaciona o número de acontecimentos violentos com
indicadores socioeconômicos variados, mediu, então a
intensidade da violência política considerando suas diversas
espécies – manifestações terrorismo, guerra civil – sua
extensão, sua duração e sua intensidade.
– Constatou, que o volume de violência varia
proporcionalmente segundo a intensidade da privação
relativa; que a violência também evolui proporcionalmente
ao potencial repressivo e só começa a decrescer uma vez
ultrapassado um certo nível – alto – desse potencial.
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• A abordagem social - a teoria social
– tem a tarefa de compreender a violência
enquanto fenômeno social.
– Fundamenta-se epistemologicamente no
funcionalismo; no ponto de vista sistêmico e
na concepção marxista.
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• As abordagens sociológicas
– não deixam de ser funcionalistas,
– pois consideram a função da violência no espaço social.
– Os grandes sociólogos clássicos como: Spencer,
Gumplowicz, Ratzenhofer, Summer, Max Weber ou
Tönnie
• não ignoraram a importância do conflito, vendo nele até mesmo
uma forma de sociabilidade dos grupos.
– Coser conclui em um de seus trabalhos:
– “A violência de um conflito que ameaça desagregar o
consenso básico de um sistema social está ligada à rigidez
da estrutura. Não é o conflito enquanto tal qual ameaça o
equilíbrio dessa estrutura, mas a rigidez que permite que as
hostilidades se acumulem e se concentrem numa única
linha de separação quando o conflito eclode” (Coser apud
Michaud, 1989. p:93).
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– Analisando o exposto:
– “os motins violentos, o terrorismo, as
manifestações de violências nas escolas são
meios de obrigar a levar em conta as
reivindicações de grupos marginais e de
conseguir ganhos. Vide o atentado ao World
Trade Center em Nova York, onde um
grupo extremista – o Taleban - quis fazer
ouvir suas reivindicações.”
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• Concepção Marxista sobre violência,
– reserva um lugar privilegiado,
– faz da luta de classes
desenvolvimento histórico.
o
motor
do
– Cada regime social, se caracteriza por um
modo de produção determinado (modo de
produção antigo, feudal, asiático, capitalista)
– a existência de classes antagônicas numa
relação de dominação, exploração e de
confronto violento.
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• Marx apud Giddens (1992) coloca:
“a violência é um aspecto inevitável da
história, mas secundário e derivado. Não é
o emprego da violência que produz as
transformações sociais, são as
transformações sociais que passam pela
violência”. (Bottomore, T.B., 1974. p:
30).
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• Marx afirma que:
– o crime é uma necessidade das sociedades
capitalistas,
– uma vez que a luta contra ele absorve um
volume considerável de mão de obra,
– criando novas empresas de segurança,
indústrias de armas e um grande volume de
aparelhos de segurança industrial e de uso
doméstico,
– aumentando assim a arrecadação do Estado.
Violências nas escolas
• Durkheim, em As Regras do Método
Sociológico,
– o primeiro autor a dar tratamento
sistemático ao problema da violência.
– Durkheim (1980) escreve que a violência
desperta e une as consciências.
– Segundo o autor a violência não se observa
só na maior parte da sociedade, mas sim em
todas as sociedades.
– Diz ainda da correlação da violência com a
saúde pública afirmando:
Violências nas escolas
• “A violência muda de forma(...) Sempre e
em todas as parte do mundo existem
homens que se conduziam de modo a
incorrer na repressão penal. É a violência
um fator de saúde pública, uma fonte
integrante de qualquer sociedade sã
(Durkhiem, 1980, p.85).
Violências nas escolas
•
Durkheim acentua que:
– além de reforçar a coesão social,
– o crime ajuda a vencer a rigidez das estruturas
institucionais e normativas e o imobilismo,
– abrindo as portas às modificações necessárias e ao
progresso.
– Esse mesmo autor cita, a propósito da rigidez das
estruturas sociais,
– o caso de Sócrates, que era criminoso segundo o direito
ateniense e cuja condenação nada tinha de injusto.
• Contudo, seu crime, a saber, a independência de seu
pensamento, era útil não só para humanidade, mas também à
sua pátria (Durkheim, 1980, p.90).
Violências nas escolas
Um grande legado de Durkheim
Teoria da anomia
– é uma propriedade de um sistema social e
não do estado de espírito deste ou daquele
indivíduo dentro do sistema.
– Refere-se a uma ruptura dos padrões sociais
que comandam a conduta, significando
também pouca coesão social (Dias, 1984,
p.311).
Violências nas escolas
• Durkheim, (1980), usou o conceito de anomia,
– Para psicologia exprime um estado de espírito do
indivíduo
– que perdeu o sentido de pertencer a uma sociedade
– e, conseqüentemente, o sentido de responsabilidade
moral e social, para explicar uma forma específica de
suicídio,
– mas acabou construindo uma teoria geral sobre a
criminalidade e das formas mais variadas de
comportamento desviante, desde o alcoolismo, consumo
de drogas, doenças mentais e condutas políticas que
levam à alienação da realidade política dominante.
– A teoria da anomia tem como pólo epistemológico a
psicologia social e se assenta no determinismo
sociológico.
Violências nas escolas
• A crítica principal à Teoria da Anomia
– é que ela não descobre as tensões socialmente
estruturadas que atingem o indivíduo e o leva a
procurar soluções desviantes.
– Os estudos microssociológicos, como os realizados
em prisões mostram uma violência cotidiana,
organizada de uma maneira que não tem nada a ver
com a lei e passa a ser combatida através da
brutalidade e das drogas.
– A insegurança anômica das sociedades modernas
dissimula que a maioria dos crimes e danos físicos
põe em jogo pessoas que se conhecem, são os casos
das violências das relações entre sexo – como o
estupro.
Violências nas escolas
– Outro exemplo, de estudo microssociológico, foi o
realizado com policiais, onde foi mostrado que a maneira
como a polícia trabalha não é necessariamente de acordo
com os processos formais da legalidade
– Nesses dois exemplos de estudos microssociológicos foi
permitido, como ocorre na abordagem sociológica,
ressaltar:
• importância dos processos de socialização,
• dos fenômenos psicológicos em ação e rituais de interação que
permitem controlar a violência,
• como por exemplo, no caso dos prisioneiros investiu-se em ações
de transformações da vida carcerária, e na formação do policial
(Whyte apud Michaud, 1989).
Violências nas escolas
3. A violência na vida das crianças e dos adolescentes;
•
Dissertação: estabelecer uma nova relação entre as
áreas de Educação e da Saúde em busca de práticas,
principalmente as que reportem à atuação conjunta
junto ao aluno, sua família, à escola, à comunidade;
•
ressaltava ainda, estratégias de intervenção nas
causas externas como fatores determinantes na
morbi-mortalidade da criança e o impacto da
violência em sua saúde,
•
considerando que no Brasil é 5,89/100 a incidência de
acidentes em crianças menores de 12 anos, com um
coeficiente de mortalidade de 114,9/100.000, e um
coeficiente de letalidade de 8,2/1000 acidentes em
(Unglert, 1987).
Violências nas escolas
• Ainda no Brasil, 19,8 % é a porcentagem de
mortalidade por causas externas registradas na faixa
etária de 0 a 19 anos,
– sendo que na faixa etária de 15 a 19 anos a mortalidade
proporcional por causas externas atinge seu pico máximo
praticamente 65% dos óbitos foram por acidentes e violência
(Miranda, 1998, 2001).
• que a violência na escola não deve ser vista
simplesmente como uma outra modalidade de violência
juvenil,
• expressa a intersecção de três conjuntos de variáveis
independentes: o institucional (escola e família), o social
(sexo, cor emprego, origem sócio-espacial, religião,
escolaridade dos pais, status socioeconômico) e o
comportamental (informação, sociabilidade, atitudes e
opiniões).
Violências nas escolas
• Violências nas Escolas - conceito
– JOHAN GALTUNG apud ABRAMOVAY (2002)
“é tudo que causa a diferença entre o potencial e
ao atual, entre o que foi e o que é. Nesse sentido
uma definição possível de violência é toda ação
que impede ou dificulta o desenvolvimento”.
– Se a escola está se tornando um espaço propiciador do
desenvolvimento, a violência representaria a própria
negação da instituição escolar.
Violências nas escolas
• Para Lorrain apud Depâquier (2000) “a
violência nada mais é que uma
representação social dependente das
determinações
sócio-históricas.
As
definições são imprecisas e levam a um
questionamento: Seria violência nas
escolas ou violência das escolas?”
(Dupâquier, 2000. p: 5).
Violências nas escolas
• Debarbieux, (1997)
– chama a atenção:
– para relevantes mudanças, tanto no que é considerado
violência,
– como também no pólo epistemológico utilizado para
realização das pesquisas sobre o assunto.
– identificou uma fase - as análises recaíam sobre a violência
do sistema escolar, especialmente por parte dos professores
contra os alunos.
– Mais recente, sob o olhar de antropólogos, sociólogos, de
psicólogos e de enfermeiros - foco sobre a análise da
violência entre os alunos ou desses contra o patrimônio
escolar e em menor número de alunos contra professores e
professores contra os alunos.
Violências nas escolas
– Dupâquier (2000 p: 7) “o espaço escolar é visto
como o resultado de uma intervenção coletiva
que traz a característica de um dispositivo
simbólico – a escrita – que tem a finalidade da
transformação social do mundo natural. Já a
violência é colocada como uma atividade que põe
fim a finalidade objetiva do dispositivo escolar”.
Ou seja, a violência destrói o dispositivo
simbólico da escola.
Violências nas escolas
• O significado de violência não é
consensual, o que é caracterizado como
violência varia no espaço, tempo e em
função do estabelecimento escolar, de
quem está envolvido e fala (professores,
alunos, funcionários, famílas...) da idade,
de sexo (CHESNAIS, 1981).
Violências nas escolas
– Hanke (1996) - escolas nos Estados Unidos da América,
conclui que “não basta focalizar atos considerados
criminosos e extremos, pois isso não colaboraria para
melhor entender a natureza, a extensão e as associações
entre violências e a vitimização”.
– As definições de violência, bem como os seus estudos se
ativeram até recentemente nos aspectos físicos.
– Em países como Inglaterra, as violências presentes no
espaço escolar com conotações emocionais recebem
outro termo para designa-las, como: “agressividade”,
“comportamento
agressivo”,
“perturbações”,
“desengajamento” ou desinteresse pela aprendizagem e
“comportamento anti-sociais” (Smith e Sharp, 1994).
• Bullying
Violências nas escolas
– Bullying é definido por Smith & Sharp (1994) como abuso
físico ou psicológico contra alguém que não é capaz de se
defender.
– O termo não encontra uma tradução exata na língua
portuguesa, sendo entendido como “intimidação física”.
– São quatro os fatores que contribuem para o
desenvolvimento de um comportamento de bullying:
• 1) uma atitude negativa pelos pais ou por quem cuida da criança
ou adolescente;
• 2) uma atitude tolerante ou permissiva quanto ao comportamento
agressivo da criança ou adolescente;
• 3) um estilo de paternidade que utiliza o poder e a violência para
controlar a criança ou adolescente;
• 4) uma tendência natural da criança ou do adolescente a ser
arrogante.
Violências nas escolas
• Bullying
– a maioria dos bullies são meninos,
– mas as meninas também o podem ser.
– As meninas que são bullies utilizam às vezes
métodos indiretos, como fofocas, a
manipulação de amigos, mentiras e a
exclusão de outros de um grupo.
Violências nas escolas
• Sposito (2001) pesquisa sobre violência
escolar no Brasil, após 1980,
– examinou os raros diagnósticos quantitativos em
torno do tema e a produção discente (dissertação
e teses) na pós-gradução em Educação.
– As pesquisas, apesar de incipientes traçam um
quadro importante do fenômeno no Brasil,
– onde as principais modalidades são ações contra
o patrimônio – depredações, pichações – e formas
de agressão interpessoal, sobretudo entre os
próprios alunos.
Violências nas escolas
• Guimarães (1984),
– contraria a hipótese dominante - ser a
violência na escola decorrência do controle e
vigilância exercidos por professores e demais
profissionais das unidades escolares quando
constata:
“que esse fenômeno era presente tanto em
escolas rígidas sob o aspecto disciplinar
quanto em escolas permissivas e
desorganizadas”.
Violências nas escolas
• O Instituto Latino Americano das Nações
Unidas para a Prevenção do Delito e
Tratamento do Delinqüente (ILANUD)
– desenvolveu uma pesquisa em escolas públicas na
cidade de São Paulo,
– onde observou “que, do total de alunos, as
modalidades mais freqüentes de vitimização foram:
• o furto de objetos de pequeno valor dentro da escola
(48,1% dos alunos),
• ameaça de agressão (33,1%) e agressão (36,5%),
• pertences danificados (33,1%) e agressão física por colega
(4,6%).
– A pesquisa ainda conclui que são bastante raros
comportamento como ir a escola portando arma de
fogo entre os estudantes paulistas” (ILANUD, 2000).
Violências nas escolas
• A década/90 - rica em produção acadêmica (dissertações e
teses).
– a influencia do aumento da criminalidade e da
insegurança sobre os alunos e a deterioração do setor
Educação.
– Questões como o tráfico de drogas e a disputa pelos
territórios são consideradas as grande causas da onda de
violência nas escolas públicas, principalmente de cidades
como o Rio de Janeiro Costa (1993), Paim (1997) e
Guimarães (1995).
– Esses estudos também reconhecem o que Costa (1993) e
Cárdia (1999) constataram: “os efeitos da banalização
da violência sobre a sociabilidade dos alunos e a
existência de um clima tenso entre os alunos e
adolescentes, ou dos alunos entre si afetando o conjunto
de atividades da escola”.
Violências nas escolas
• No Brasil durante os anos 90, a preocupação com a
violência nas escolas foi mais bem delineada.
– deixou de ser um fenômeno de origem exógena,
– ainda ênfase ao narcotráfico à exclusão social,
– notamos a constatação da existência de outras causas
atribuídas à violência.
• Essas características que acompanharam
– o processo de redemocratização brasileira
– são associadas à abertura das oportunidades de acesso a rede
escolar que absorveu amplo contingente de estudantes
oriundos dos segmentos empobrecidos da sociedade.
– O crescimento do acesso à escola, sem o devido preparo da
rede e formação dos professores,
– revelaram a falta de projetos educativos capazes de absorver
a nova realidade das escolas brasileiras.
Violências nas escolas
• Pesquisa qualitativa Miranda et al. (2002)
• relata alguns aspectos da violência mais percebidos
pelos alunos das redes pública e privada do
município de Ribeirão Preto, estes foram
categorizadas em dois Núcleos Temáticos:
– 1) “A escola como espaço de exclusão social e racismo” e
– 2) “Escola, democracia e violência simbólica”.
As manifestações de violência institucional
emergiram dos significados dos discursos. As
regras são impostas, mas só valem para os alunos.
Violências nas escolas
Algumas considerações
1. A discussão sobre as faces da violência é importante
para nosso estudo porque é um fenômeno que se
desdobra no espaço escolar
2. Segundo Norbert Elias as pequenas violências ou
pequenas agressões do cotidiano, as transgressões
de códigos de boas maneiras ou da ordem
estabelecida,
de
incivilidades
devem
ser
distinguidas
das
condutas
criminosas
ou
delinqüentes.
3. Pois, pequenas agressões podem ter respostas
criminosas como a ocorrida em 2003 mais
precisamente, dia 27 de janeiro, na pequena cidade
de Taiúva, no interior de São Paulo
Violências nas escolas
4. Os resultados + o ocorrido na cidade de
Taiúva vêm corroborar as pesquisas
coordenadas por Bernard Charlot, (1997):
1. que dava indicações que a tensão no cotidiano
escolar tem aumentado bem mais que a
violência entendida como agressão física.
“Essas tensões se mantém e exacerba a
incivilidade; e explode sob a forma de crises –
injúrias, rixas, tumultos, pancadas, e mortes”
(Charlot, 1997:20).
Violências nas escolas
5. Seguindo ainda Norbert Elias (1996),
• violência como decorrente da falta de
controle sobre as condutas e a ausência da
civilidade,
• a idéia que é a civilização que canaliza e
estabelece a contenção dos instintos.
• a escola é responsável pela “hominização”,
ela deve civilizar os alunos, levando-os a
controlar suas condutas, suas emoções e
seus impulsos agressivos.
Violências nas escolas
– a escola não tem cumprido seu papel de hominizar porque
sua função socializadora não tem se evidenciado.
– como obter indicadores confiáveis sobre a violência e a
agressão nas escolas.
– Os dados qualitativos não apresentados aqui trazem
algumas respostas :
• unificação de um modelo de análise que proporcionem trabalhos
comparativos
• primeiramente devemos buscar uma definição do significado de
violência.
• O significado de violência não é consensual, o que é caracterizado
como violência varia no espaço, tempo e em função do
estabelecimento escolar, de quem está envolvido e fala (professores,
alunos, funcionários, famílias...) da idade, de sexo (CHESNAIS,
1981).
Violências nas escolas
• A necessidade de se estudar mais esse
“fenômeno” dentro da escola foi percebida em
nosso trabalho,
• e se reforça nas consideráveis evidências que a
contínua ou severa exposição ao bullying pode
contribuir para problemas como também para
uma imediata infelicidade.
• Crianças que sofrem a ação de bullying
continuamente correm o risco de diminuir ou
perder sua auto-estima, com efeito, em longo
prazo (Smith e Sharp, 1994, p: 7).
Violências nas escolas
• Refinar, precisar o conceito de violência nas
escolas,
• unificar instrumentos de pesquisas
• para que trabalhos comparativos possam ser
efetivados.
• Buscar formas de divulgação e intercâmbios de
conhecimentos produzidos.
• Poderão em conjunto com a sociedade e os atores
sociais envolvidos (alunos, pais, professores,
diretores e funcionários) trazer respostas e
principalmente questionamentos para tal
fenômeno.
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