UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA
NOVO PERFIL DO PROFISSIONAL DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E
EXTENSÃO RURAL
BRUNO GOLÇALVES DE REZENDE
DIAMANTINA
2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA
NOVO PERFIL DO PROFISSIONAL DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E
EXTENSÃO RURAL
Bruno Gonçalves de Rezende
Orientador(a):
Profº. M.Sc. Luiz Henrique Silvestre
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Agronomia como parte dos requisitos
exigidos para a conclusão do curso.
Diamantina
2012
2
NOVO PERFIL DO PROFISSIONAL DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E
EXTENSÃO RURAL
Bruno Gonçalves de Rezende
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de Agronomia como parte dos requisitos
exigidos para a conclusão do curso.
APROVADO em 28/09/2012
____________________________________________
Profº Luiz Henrique Silvestre – UFVJM
Orientador
____________________________________________
Profª Marcela Carlota Nery – UFVJM
3
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................5
2. OBJETIVO...........................................................................................................6
3. REVISÃO DA LITERATURA ..........................................................................6
3.1 HISTÓRICO .......................................................................................................6
3.2 A EXTENSÃO RURAL NO BRASIL ..............................................................7
3.3 A NOVA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO
RURAL – PNATER ..........................................................................................10
3.4 A NECESSIDADE DE UM NOVO PROFISSIONALISMO........................16
4. METODOLOGIA .............................................................................................20
4.1 PROPOSTA METODOLOGIA.......................................................................20
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................22
5.1 A PERCEPÇÃO DOS AGRICULTORES E AGRICULTORAS
FAMILIARES....................................................................................................22
5.2 FORMANDOS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS..................................................24
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................25
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................26
8. ANEXO 01 .........................................................................................................28
9. ANEXO 02 .........................................................................................................29
4
1. INTRODUÇÃO
Atualmente as instituições formadoras de profissionais de ciências agrárias
baseiam-se no modelo curricular que privilegia a divisão disciplinar e a especialização,
introduzindo na formação desses profissionais uma visão da agricultura como um conjunto
de técnicas agrícolas aplicadas, levando em consideração apenas os aspectos técnicos e,
consequentemente, muitos profissionais que atuam na área de Assistência Técnica e
Extensão Rural (Ater) limitam-se a difundir tecnologias. Ao longo do tempo, esse tipo de
Ater, que era baseado na metodologia difusionista, causou muitos resultados negativos na
agricultura familiar, como a exclusão social, migração para a cidade, contaminação do solo
e da água pelo uso intensivo de agrotóxicos, dentre outros. A partir das críticas e dos
resultados negativos gerados pela antiga metodologia da Ater, o MDA (Ministério de
Desenvolvimento Agrário) responsabilizou-se pelas atividades de Ater, formulando a nova
Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER) com o objetivo de
fortalecer a agriculta familiar e a preservação do meio ambiente; adotar novos enfoques
metodológicos e novas abordagens; trazer a comunicação num modelo dialético e
dialógico, visto a interação entre o conhecimento dos agricultores e dos técnicos, o que
privilegia a promoção da participação através de metodologias e enfoques coletivos e
participativos.
É neste contexto que a PNATER propõe às entidades que participem de um
processo capaz de promover estratégias que levem a sustentabilidade sócio-economica e
ambiental ao meio rural. Porém, atuar nessa nova perspectiva requer um novo perfil
profissional, capaz de compreender as condições específicas e totalizadoras inerentes aos
ecossistemas e agroecossistemas.
Portanto, é imprescindível que a formação desses “novos” profissionais seja capaz
de compreender a agricultura como atividade ademais da produção, e que este processo
relaciona o homem ao ecossistema onde vive e trabalha, visto que, para os agricultores, as
atividades que são desenvolvidas fazem parte de seu modo de vida e não apenas de um
negócio.
5
2. OBJETIVO
Avaliar a adequação do ensino de graduação em ciências agrárias com as
diretrizes contidas na PNATER 2004, que exige um profissional que saiba atuar não
apenas em aspectos técnicos, mas também em aspectos sociais, políticos, culturais e
ambientais.
3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1 HISTÓRICO
O conceito de extensão rural, de forma organizada, surgiu nos Estados Unidos,
na década de 80 do século XIX. Nesta época, os resultados das pesquisas realizadas nos
Centros de Experimentação e nos Colégios Agrícolas precisaram ser divulgados entre os
produtores rurais da região, o que deu origem ao “Extention Service”, que se
apresentava com seus métodos pedagógicos próprios, caracterizados principalmente
pelas demonstrações e o envolvimento com os produtores (SANTOS, 2008).
Segundo o mesmo autor, essas demonstrações eram realizadas diretamente nas
propriedades dos agricultores, geralmente no terreno de um líder comunitário, sob o
princípio pedagógico do “ensinar a fazer, fazendo”. Ou seja, o técnico realizava a
prática (ou a demonstração) na frente dos produtores e logo após esta atividade era
repetida, comentada e avaliada pelos presentes.
É nesse cenário que passou-se a entender a Extensão Rural como um processo
cooperativo, baseado em princípios educacionais e com a finalidade de levar
diretamente aos adultos e jovens do meio rural, ensinamentos sobre agricultura,
pecuária e economia doméstica, visando modificar hábitos e atitudes da família, nos
aspectos técnico, econômico e social, ou seja, estender ao povo rural conhecimentos e
habilidades sobre práticas agropecuárias, florestais e domésticas, reconhecidas como
importantes e necessárias à melhoria de sua qualidade de vida.
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3.2 A EXTENSÃO RURAL NO BRASIL
O serviço de extensão rural foi implantado no Brasil no ano de 1948, no Estado
de Minas Gerais, devido em grande parte ao trabalho pioneiro desenvolvido pela Acar –
Associação de Crédito e Assistência Rural, fundada no mesmo. Esta, por sua vez, foi
fruto dos esforços feito pela “American International Association for Economic and
Social Development” (A. I. A.), que empenhou-se em difundir o modelo de Serviço de
Extensão norte-americano como meio de promover o desenvolvimento econômico e
social de alguns países em fase de desenvolvimento (PORTILHO, 1999).
O modelo norte-americano visava superar o atraso na agricultura, havendo a
necessidade de “educar” o povo rural para que ele pudesse adquirir equipamentos e
insumos industrializados necessários à modernização de sua atividade agropecuária.
Esse modelo tinha como base fazer com que o homem do campo entrasse na dinâmica
da sociedade de mercado, ou seja, que ele produzisse mais, com melhor qualidade e
maior rendimento (COSTA, 2001).
A difusão era baseada em um modelo “tecnicista”, isto é, com estratégias de
desenvolvimento e intervenção que levam em conta apenas os aspectos técnicos da
produção, sem observar as questões culturais, sociais ou ambientais (CAPORAL &
COSTABEBER, 2000). As raízes “difusionistas” dizem respeito à divulgação,
imposição ou extensão de um conceito, sem levar em conta as experiências e os
objetivos das pessoas atendidas (COSTA, 2001).
No contexto da política desenvolvimentista no momento pós-guerra, o Brasil
iniciou os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural – Ater, com o intuito de
promover melhorias das condições de vida da comunidade rural e apoiar o processo de
modernização da agricultura, inserindo-se nas estratégias voltadas à política de
industrialização do país (PNATER, 2007).
A sua implantação no país se concretizou com o apoio de entidades públicas e
privadas. Em 1956, com o apoio do governo do presidente Juscelino Kubitscheck,
criou-se a Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural – ABSCAR,
constituindo-se, então, um Sistema Nacional articulado com Associações de Crédito e
Assistência Técnica Rural nos estados. Durante o governo de Ernesto Geisel, em
7
meados dos anos 70, o próprio “estatizou” o serviço de Ater, implantando o Sistema
Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural – Sibrater, coordenado pela Empresa
Brasileira de Extensão Rural e Assistência Técnica – Embrater e executado pelas
empresas estaduais de Ater, as Empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural –
Emater (PNATER, 2007).
Em 1990, o governo do presidente Fernando Collor de Melo extinguiu a
Embrater, resultando na desativação do Sibrater e no abandono claro de todos os
esforços antes realizados para garantir a existência de serviços de Ater no país. As
tentativas de coordenação nacional por meio da Embrapa, posteriormente, pelo
Ministério da Agricultura não foram capazes de evitar que as Emater ficassem à mercê
das políticas de ajuste estrutural e das difíceis condições financeiras dos respectivos
estados, além de se ver ampliada a influência dos interesses políticos dominantes em
cada região sobre os destinos das entidades oficiais de Ater. Este afastamento do estado
nacional resultou em um forte golpe aos serviços levando a uma crise sem precedentes
na Ater oficial, que é tanto maior quanto mais pobres são os estados e municípios
(MDA, 2004).
A ausência do apoio federal e a inexistência de uma política nacional para o
setor de Ater fizeram com que alguns estados da federação, num esforço de manutenção
deste importante instrumento de política pública, reestruturassem os serviços dando-lhes
diversas formas institucionais e criando novos mecanismos de financiamento e
operacionalização das empresas oficiais, além de apoiarem outras entidades emergentes.
Nesse período, surgiram e se expandiram várias iniciativas, visando suprir a carência e o
vácuo deixado pelo estado, destacando-se aquelas patrocinadas pelas prefeituras,
organizações não-governamentais e por organizações de agricultores, entre outros. Não
obstante, cabe destacar a Lei Agrícola de 1991 da Constituição Federal de 1988, onde é
determinado que a União mantenha serviços de Ater pública e gratuita para os pequenos
agricultores, compromisso que o MDA resgata, a partir de agora, estabelecendo esta
nova Política Nacional de Ater – PNATER, com vistas a atender as necessidades da
agricultura familiar de forma coerente com as estratégias de desenvolvimento do país
(MDA, 2004).
A partir da crítica ao modelo difusionista e dos resultados negativos da
Revolução Verde, além de um modelo inadequado de extensão rural, que predominou
até recentemente no cenário agrícola brasileiro (LIMA, 2006), surgiram vários estudos,
8
avaliações e proposições alternativas, que partiram tanto de grupos de resistência que
estavam dentro das entidades de extensão, como, principalmente, de setores
acadêmicos, da sociedade civil organizada, das igrejas e de organizações de
representação dos agricultores (CAPORAL & RAMOS, 2006).
Por trás desse tipo de Extensão Rural, que foi dominante ao longo de várias
décadas, estava um modelo de desenvolvimento urbano-industrial cuja viabilização
necessitava que a agricultura cumprisse funções, entre as quais a de fornecedora de
mão-de-obra e de consumidora de serviços e produtos industrializados, como as
máquinas, os equipamentos, as sementes híbridas ou melhoradas, os agrotóxicos e
fertilizantes químicos sintéticos, o que contribuía também com as exportações e com o
superávit da balança comercial. Este modelo, que é fruto de decisões políticas, norteou a
ação extensionista e, ao mesmo tempo, continua responsável pela concentração da terra,
êxodo rural, baixa escolaridade no campo, redução da biodiversidade, poluição,
exclusão social, desvalorização do trabalho na agricultura, empobrecimento no meio
rural, dentre outros problemas (CAPORAL & RAMOS, 2006).
É neste contexto que Paulo Freire destaca-se como um dos primeiros críticos do
processo educacional e da extensão convencional, com a proposta de estabelecer uma
relação dialética entre o agricultor e o extensionista para que houvesse a construção de
conhecimentos apropriados a cada realidade prevalecendo à troca de saberes como uma
forma de (re) valorização da cultura local (FREIRE, 1971).
Esse quadro, somado à crítica histórica ao extensionismo convencional, fez com
que a sociedade brasileira optasse por uma nova Ater, voltada para o fortalecimento da
agricultura familiar e preservação do meio ambiente, além do compromisso com
estratégias e formatos tecnológicos que levassem ao desenvolvimento sustentável e a
tipos de agriculturas que respeitassem mais a natureza e provocassem menos impactos
(CAPORAL & RAMOS, 2006).
Em 2003, o Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA passou a ser
responsável pelas atividades de Assistência Técnica e Extensão Rural – Ater, como
estabelece o Decreto Nº 4.739, de 13 de junho daquele ano. Por delegação da Secretaria
da Agricultura Familiar – SAF, um grupo de técnicos coordenou a elaboração da nova
Pnater, promovendo um amplo processo de consulta a partir de audiências, encontros e
seminários envolvendo representações dos agricultores familiares, de movimentos
sociais e de prestadoras de serviços de Ater governamentais e não governamentais. Este
9
processo democrático e participativo, que envolveu mais de 100 entidades e mais de 500
pessoas, levou à construção de alguns consensos e a um conjunto de acordos e redundou
no documento que sintetiza a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural
(MDA, 2004).
3.3 A NOVA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL PNATER
Frente aos desafios impostos pela necessidade de implementar estratégias de
produção agropecuária que sejam compatíveis com os ideais do desenvolvimento
sustentável, os aparatos públicos de Ater terão que transformar sua prática convencional
e introduzir outras mudanças institucionais para que possam atender às novas exigências
da sociedade. As crises econômica e socioambiental, geradas pelos estilos
convencionais de desenvolvimento, recomendam uma clara ruptura com o modelo
extensionista baseado na “Teoria da Difusão de Inovações” e nos tradicionais pacotes da
“Revolução Verde”, substituindo-os por novos enfoques metodológicos e outro
paradigma tecnológico, que sirvam como base para que a extensão rural pública possa
alcançar novos objetivos (MDA, 2004).
A nova política de extensão rural Ater contrapõe-se à antiga proposta, porque
esta seguia o modelo desenvolvimentista e difusionista modernizador, traduzido por
pacotes de inovações tecnológicas. Ao contrário, a novidade da proposta atual é a de
substituir as velhas práticas por novos enfoques metodológicos e novas abordagens
(LIMA & JESUS, 2006), trazendo a comunicação num modelo dialético e dialógico,
visto que propõe-se a interação entre o conhecimento dos agricultores e o conhecimento
dos técnicos, privilegiando a promoção da participação através de metodologias e
enfoques coletivos e participativos, na construção do conhecimento onde o público, o
campesinato, é valorizado pelo saber que traz e que pode construir conjuntamente com o
saber técnico, numa abordagem de diálogo de saberes (LIMA, 2006).
É neste contexto que a Pnater propõe às entidades e agentes de extensão rural
que participem de um processo capaz de promover e apoiar estratégias que levem à
sustentabilidade socioeconômica e ambiental no meio rural. Atuar, nessa nova
perspectiva, requer das entidades, de seus diretores, de seus gerentes e de seus agentes
10
uma nova postura de trabalho, um novo papel e um novo perfil, além de uma atuação
baseada em métodos e técnicas que estimulem a participação. Uma nova Ater precisa
ser, verdadeiramente, uma ação educativa, democrática e participativa (CAPORAL &
RAMOS, 2006), como observado na 1ª conferência de Ater.
A Política de Assistência Técnica e Extensão Rural tendo como
princípios a agroecologia, o diálogo entre os saberes tradicionais e
científicos, a abordagem territorial, considerando as especificidades de
cada bioma e as diferentes identidades territoriais, é um instrumento
estratégico e essencial para o acesso às políticas públicas no meio rural,
a organização produtiva e econômica, e a implantação e consolidação
do novo desenvolvimento rural sustentável, e deve ser fortalecida e
consolidada (MDA, 2012).
A nova Ater descreve como seus objetivos, um serviço que tem em vistas a
contribuição para a melhoria da renda, da segurança alimentar, da diversificação da
produção, da recuperação dos ecossistemas, da produção de alimentos sadios entre
outros (SCARAMELO et al., 2009).
O modelo de desenvolvimento com o qual nos comprometemos, tem como
fundamentos o ordenamento fundiário com a realização de uma ampla e massiva
reforma agrária e a garantia dos direitos territoriais, defesa e conservação dos recursos
naturais e bens comuns, o fim das desigualdades, a soberania e segurança alimentar e
nutricional, o fortalecimento da produção familiar e comunitária livre de agrotóxicos e
transgênicos, bem como o cooperativismo solidário como estratégias de inclusão
política, social, produtiva e econômica, além da ampliação do mercado interno do país
(MDA, 2012).
A idéia de desenvolvimento ao qual essa extensão rural atual está ligada vem de
uma política que visa ampliação das possibilidades e, consequentemente, aumento das
liberdades e diminuição da dependência de alguns setores sociais, que historicamente
foram marcados como ignorantes e incapazes (SCARAMELO et al., 2009). Como
afirma SEN (2000), “as liberdades não estão ligadas somente à riqueza e sim a uma
qualidade de vida. O desenvolvimento julgado pela ampliação das liberdades deve
eliminar as privações das pessoas”.
11
Segundo a missão e os objetivos estabelecidos na Pnater, o processo produtivo
agropecuário deve adotar estratégias que assegurem a preservação ambiental. Por essa
razão, o conceito de desenvolvimento rural sustentável é repetidamente enfatizado e a
adoção dos princípios da agroecologia é recomendada. Nessa perspectiva, a ação
extensionista precisa fazer uso de tecnologias e de formas de manejo que levem à
construção de uma agricultura de base ecológica e, ao mesmo tempo, fortaleçam
relações sociais mais equitativas, não só entre os agricultores familiares, mas entre todos
os atores envolvidos, de modo a preservar a natureza e caminhar na direção do
desenvolvimento rural sustentável (CAPORAL & RAMOS, 2006).
As novas concepções de agricultura, que tomam como base os pressupostos da
agroecologia e do desenvolvimento sustentável, que tem por objetivo “melhorias em
seis dimensões principais: econômica, social, ambiental, cultural, ética e política”
(CAPORAL, 2002) merecem destaque, pois, acredita-se que essas novas abordagens e
estratégias de trabalho poderão romper com o modelo “modernizante” das décadas
anteriores (SCARAMELO et al.,2009).
A construção de agriculturas sustentáveis requer, portanto, um marco
tecnológico baseado em outro paradigma, que trate de estabelecer uma nova e
qualificada aproximação entre Agronomia e Ecologia, que leve ao manejo integrado de
sistemas complexos. Isto exige técnicas e formas de manejo que se articulem entre si,
respeitando princípios ecológicos básicos e gerando sistemas de produção que se
assemelhem, em seu desenho e em seu funcionamento, aos ecossistemas naturais onde
estão inseridos. Por estas e outras razões de natureza científica, a ciência e a tecnologia
necessárias para a o desenvolvimento rural sustentável, com inclusão social, com
fortalecimento da agricultura familiar, com produção de alimentos sadios e com
preservação ambiental, devem basear-se num paradigma ecossocial, buscando alicerçarse nos princípios e bases epistemológicas da Agroecologia (GUZMÁN &
WOODGATE, 2002).
No entanto, é necessário enfrentar e superar os seguintes desafios, segundo a
Declaração da 1° Conferência de Assistência Técnica e Extensão Rural (MDA, 2012).
1. Qualificar e ampliar a oferta de serviços de ATER, na perspectiva da sua
universalização;
2. Construir um sistema nacional de ATER integrando as esferas atuantes neste serviço
no governo federal, nos governos estaduais e municipais e incluindo as entidades não
12
governamentais de ATER, as organizações da sociedade civil e os movimentos
sociais;
3. Articular as esferas estatais federal, estaduais e municipais e as organizações da
sociedade civil, assegurando nas suas especificidades condições igualitárias de
acesso aos recursos e de prestação de serviço de qualidade;
4. Estruturar o MDA e o INCRA para que possam responder às crescentes demandas de
expansão da ATER, evitando a interrupção dos serviços e a instabilidade nas
entidades prestadoras de serviços, bem como fortalecer o CONDRAF e seus comitês
permanentes, garantindo as condições para a plena efetivação da PNATER;
5. Garantir recursos financeiros e orçamentários suficientes para a universalização e boa
qualidade dos serviços, sem cortes e contingenciamentos que desestabilizam a
execução dos serviços e a implementação da Política;
6. Garantir a formação continuada dos profissionais de ATER nos princípios, práticas e
métodos da agroecologia, garantindo a expansão de uma ATER de qualidade
centrada na promoção do desenvolvimento rural sustentável;
7. Universalizar a ATER priorizando estratégias de inclusão para os povos indígenas, as
comunidades quilombolas e os povos e comunidades tradicionais ainda hoje à
margem deste serviço;
8. Garantir que a ATER reconheça o papel e importância das mulheres no
desenvolvimento rural, por meio da promoção da autonomia econômica na gestão, na
produção e na comercialização fortalecendo sua cidadania, seu processo organizativo
e o seu protagonismo;
9. Estabelecer estratégias de atuação que propiciem o acesso às políticas públicas para a
juventude do campo, respeitando suas especificidades, garantido a sua inclusão nas
dinâmicas sociais, culturais e organizativas de produção, agregação de valor,
comercialização, formação e educação contextualizada como forma de garantir a sua
permanência no meio rural e a sucessão na agricultura familiar;
10. Ampliar e fortalecer os serviços de ATER que promovam o desenvolvimento
sustentável dos assentamentos da Reforma Agrária tendo como referência os
princípios da agroecologia orientado para a inclusão social e produtiva e a segurança
e soberania alimentar e nutricional;
11. Articular as ações e recursos do programa Brasil Sem Miséria a outras políticas, de
modo a integrar os setores mais pobres a processos de desenvolvimento local,
13
comunitário ou territorial envolvendo os setores sociais mais dinâmicos e
organizados;
12. Aperfeiçoar os processos de identificação das demandas, de formulação das
chamadas de ATER e planejamento de ações a partir das realidades locais,
assegurando o protagonismo das entidades representativas do público da PNATER,
de modo a viabilizar o uso das metodologias participativas e das práticas da
agroecologia, definidas como princípios orientadores da PNATER;
13. Propiciar que a ATER contemple a sociodiversidade com metodologias, projetos e
formação que considere os públicos do campo, da floresta e da água;
14. Estabelecer ações multidisciplinares para os povos indígenas, quilombolas, povos e
comunidades tradicionais, buscando valorizar o conhecimento popular existente e o
respeito a sua autonomia e a preservação de suas culturas, valores e tradições;
15. Ampliar e fortalecer o serviço de ATER que promova o desenvolvimento
sustentável, propiciando o acesso a uma ATER diferenciada e adequada para as
populações indígenas, quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais,
garantindo uma abordagem que considere sua diversidade cultural, contribuindo
para preservação das tradições e promovendo o etnodesenvolvimento;
16. Reconhecer e fortalecer o cooperativismo solidário como instrumento de
organização econômica da agricultura familiar, assentados/as da reforma agrária,
povos indígenas, quilombolas, povos e comunidades tradicionais e demais
segmentos citados e contemplados na PNATER;
17. Assegurar que a Conferência Nacional de ATER seja realizada a cada quatro anos
com a finalidade de avaliar as diretrizes da PNATER e deliberar sobre a
implementação da política, garantindo que tais deliberações sejam acolhidas no
Plano Plurianual subseqüente. Nós, participantes da 1a Conferência Nacional de
Assistência Técnica e Extensão Rural, conclamamos o governo federal, os governos
estaduais e municipais, o congresso nacional e a sociedade a responder
positivamente e com urgência a estas demandas, para que a ATER possa cumprir
com eficiência o seu papel estratégico na construção do Brasil que queremos: um
país rico e sem pobreza.
Para dar conta destes desafios, os serviços públicos de Ater (realizados por
entidades estatais e não estatais) devem ser executados mediante o uso de metodologias
participativas, devendo seus agentes desempenhar um papel educativo, atuando como
14
animadores e facilitadores de processos de desenvolvimento rural sustentável. Ao
mesmo tempo, as ações de Ater devem privilegiar o potencial endógeno das
comunidades e territórios, resgatar e interagir com os conhecimentos dos agricultores
familiares e demais povos que vivem e trabalham no campo em regime de economia
familiar, e estimular o uso sustentável dos recursos locais. Ao contrário da prática
extensionista convencional, estruturada para transferir pacotes tecnológicos, a nova Ater
pública deve atuar partindo do conhecimento e análise dos agroecossistemas e dos
ecossistemas aquáticos, adotando um enfoque holístico e integrador de estratégias de
desenvolvimento, além de uma abordagem sistêmica capaz de privilegiar a busca de
eqüidade e inclusão social, bem como a adoção de bases tecnológicas que aproximem os
processos produtivos das dinâmicas ecológicas (MDA, 2004).
Neste contexto, se foi um avanço ter uma proposta oficial com tal perspectiva,
um desafio é implementar na prática de Ater um novo paradigma de trabalho e de
desenvolvimento. Sobre o trabalho ou a prática extensionista, observa-se a preocupação
com a transição e de que forma preparar ou formar os profissionais para tal
implementação. Neste sentido, algumas estratégias são pensadas tendo como ponto de
partida um processo de capacitação de técnicos e assessores técnicos para assegurar a
implantação de um enfoque de Ater baseado em processos educativos potencializadores
do crescimento do ser humano como cidadão e de um desenvolvimento local
sustentável (LIMA, 2006).
Assim, o processo de capacitação para a transição deverá ter um conteúdo capaz
de formar os profissionais para atuarem como agentes de desenvolvimento local, com
condições de investigar, identificar e disponibilizar aos agricultores, demais públicos da
extensão e aos conjuntos das pessoas que vivem no meio rural um conjunto de opções
técnicas e não técnicas, compatíveis com as necessidades dos beneficiários e com o
espaço territorial onde estejam inseridos (MDA, 2004).
Deste modo, como contribuir com a formação de profissionais para que estes
atuem como agentes de uma proposta com tamanha responsabilidade? Segundo o
pensamento de Paulo Freire (1971), tal projeto de formação para atuação na extensão
rural deve contemplar que:
Na concepção crítica esta capacitação não é um ato ingênuo de transferir
ou ‘depositar’ contendas técnicas. É, pelo contrário, o ato em que o
15
proceder técnico se oferece ao educando com um problema ao qual ele
deve responder; (...) não se faz mediante um trabalho meramente
intelectualista, mas sim na práxis verdadeira, que demanda a ação
constante sobre a realidade e a reflexão sobre esta ação que implica num
pensar e atuar corretamente (FREIRE, 1971).
Portanto, a nova Ater vai buscar seu modelo teórico-pedagógico no
construtivismo, cujo ponto central é a premissa de que o homem-agricultor possui um
acúmulo de conhecimentos históricos, culturais, individuais ou coletivos que fazem com
que ele esteja inserido no mundo do saber. Esses conhecimentos precisam ser
valorizados e incorporados como elementos fundamentais de uma estratégia de
desenvolvimento rural, o que é quase impossível conseguir utilizando-se os métodos
persuasivos da tradição extensionista (CAPORAL & RAMOS, 2006).
3.4 NECESSIDADE DE UM NOVO PROFISSIONALISMO
Entre os desafios de uma extensão rural para o desenvolvimento sustentável está
a necessidade de estabelecer-se um “novo profissionalismo”. Em efeito, como sabemos,
uma das deformações geradas pelo modelo de desenvolvimento rural e agrícola ainda
vigente foi a transformação imposta aos modelos de educação e formação de
profissionais das ciências agrárias e outras áreas do conhecimento. E, lamentavelmente,
a absoluta maioria das escolas de nível médio e superior das ciências agrárias continuam
com o mesmo perfil de formação profissional da época dos convênios do Ministério da
Educação e United States Agency for International Development - MEC-Usaid
(SCARAMELO et al., 2009).
Além disso, não se pode esquecer que existem fortes implicações ideológicas e
políticas no ensino, presentes na dimensão “meritocrática” e de competição (status) que
conformam a concepção educativa das sociedades atuais e que acabam introduzindo na
formação dos profissionais alguns valores éticos individualistas, que são dominantes na
sociedade e que se reproduzem, posteriormente, nas atitudes individuais e na prática dos
agentes (CAPORAL, 2006).
A partir dessa formação muitos profissionais ainda definem como o mais
moderno e como ciência, certas práticas e experiências aprendidas apenas nas
16
universidades. Relegam e desclassificam no plano de superstições e descabimento, os
anseios dos agricultores familiares e assentados. As experiências no campo, ou até
mesmo a falta desta, no caso dos “rurbanos”, não tem merecido atenção devida de
muitos técnicos, por inexperiência ou por puro preconceito. Sobre essa separação
valorativa dos saberes, surge o dilema em que se acredita que apenas o saber produzido
por instituição científica e de pesquisa é capaz de solucionar ou produzir soluções para a
vida humana (COELHO, 2005).
Muitas vezes não há essa possibilidade ou liberdade de ruptura em muitos dos
cursos que formam profissionais para atuarem no meio rural. Muitos ainda são
preparados para levar a tecnologia (mercadoria) salvadora, a partir da ideia de que “é
vendendo produtos em empresa de insumos que vocês ficarão ricos”; “as Ematers
pagam pouco”. Esse é um discurso muito comum entre docentes das agrárias. Quando
muito, cria-se a expectativa nos estudantes de que eles serão agentes que irão retirar o
campo do atraso e inserindo o agricultor no mercado por meio do aumento da
produtividade, via uso de insumos industriais e maquinários. A base pedagógica dessas
expectativas é uma concepção de educação que apenas transfere “conhecimentos” aos
agricultores. Assim, muitos extensionistas, antes de indagar por que o agricultor faz
assim e não do outro jeito, o técnico/ profissional, cientificado e academizado, considera
que ele “faz tudo errado”, ou simplesmente conclui que “não é assim que se faz”.
(COELHO, 2005).
Segundo Coelho (2005), ainda permanece a idéia que só o conhecimento técnico
organizado e codificado pela Universidade e instituições de pesquisa possui
legitimidade para solucionar problemas cotidianos com competência. Ao longo da
história da institucionalização das profissões agrárias, essa foi a dinâmica de
conhecimento e de extensão que se contemplou. Nessa dinâmica de produção do saber,
criaram-se um novo “Habitus” de investigação e as primeiras diferenciações
profissionais, pois uns se encarregavam da pesquisa e outros da difusão do
conhecimento mercadoria.
Em realidade, em vez de formar profissionais que entendam as condições
específicas e totalizadoras inerentes aos ecossistemas e agroecossistemas, o ensino nas
universidades e escolas agrotécnicas brasileiras adotou um modelo que privilegia a
divisão disciplinar, a especialização e, por conseqüência, os profissionais egressos
sabem mesmo é fazer difusão de receitas técnicas e pacotes tecnológicos. Assim, os
17
profissionais que saem destas instituições de ensino, em geral, não tiveram a
oportunidade de chegar a uma compreensão da agricultura como uma atividade que,
ademais de sua "função de produzir bens", é um processo que implica uma relação entre
o homem e o ecossistema onde vive e trabalha, sem considerar também, que, para
muitos agricultores e agricultoras familiares, a atividade que desenvolvem é parte de seu
modo de vida e não apenas um negócio. Em geral, durante a formação profissional não
se faz sequer um momento de integração das disciplinas. Cada uma delas é repassada
aos alunos em sua própria “gaveta”, isolada das demais e, quase sempre, alheia à
realidade objetiva das pessoas e dos processos produtivos concretos. Esta primeira
carência na formação limita os profissionais quanto à possibilidade de ter uma visão
holística da realidade na qual vai atuar, o que minimiza sua possibilidade de ter uma
compreensão da agricultura a partir dos princípios básicos dos processos naturais
(CAPORAL, 2006).
A segunda grande deformação na formação dos profissionais das ciências rurais
e agrárias, segundo Caporal (2006), está relacionada com a distância abstrata com que
se trata ao homem-agricultor. Em geral, se estuda muito sobre as máquinas e os
insumos, o solo como substrato para sustentação da produção, são estudadas algumas
culturas e a criação de alguns animais domésticos, mas muito pouco se estuda sobre o
homem e a mulher trabalhadores da agricultura e o papel decisivo que eles têm na
agricultura. O ensino costuma basear-se numa visão da agricultura como um conjunto
de técnicas agrícolas aplicadas, sequer conseguindo integrar a agronomia com a
ecologia.
Portanto, a formação determina um estilo de profissionalismo, que pode ser
entendido como um “profissionalismo normal”, ou seja, como aquele que se refere ao
pensamento, valores, métodos e comportamentos dominantes em uma profissão ou
disciplina, de maneira que, como a ciência normal, o profissionalismo normal é
conservador, baseado numa estrutura de geração e transferência de conhecimentos,
reforçada pela educação e pelo treinamento, pela hierarquia das organizações e por
pautas de recompensa e carreiras, que tendem a reproduzir ações profissionais também
conservadoras (CAPORAL, 2006). Logo, a implementação da Pnater exige um amplo
processo de formação de profissionais com outro perfil, cujas bases podem ser buscadas
nos conceitos, princípios e objetivos estabelecidos na Política Nacional de Ater.
18
Vale lembrar a necessidade de um novo profissionalismo, como afirma
Chambers (1997), entre os problemas que dizem respeito às possibilidades de mudança,
há uma inquietude permanente: se nós, como profissionais do desenvolvimento, temos
sentimentos e mudaremos nosso comportamento, isto é, se estamos dispostos a abraçar
as possibilidades de mudança e a atuar de forma inversa à convencional. Os desafios são
lançados a todos. Para nós, os extensionistas, o principal desafio é conseguir falar
menos e escutar mais; aprender a aprender e a facilitar processos de aprendizagem;
proporcionar opções e serviços responsáveis e comprometidos com os beneficiários, que
sejam animados por um novo profissionalismo. Não se trata, evidentemente, de uma
mudança que afetaria só os extensionistas. Chambers (1997) também atribui
responsabilidades a outros profissionais: para ele, economistas e burocratas devem
apoiar a diversidade local; professores de universidades, institutos e escolas devem ir
com seus alunos às comunidades para aprender, devem revisar os currículos, reescrever
os livros de texto, dar menos aulas e ajudar mais os outros a aprender (CAPORAL &
RAMOS, 2006).
Com base nas afirmativas apresentadas até agora, pode-se afirmar que a nova
extensão rural exige um “novo profissionalismo”, que se caracterize, em primeiro lugar,
pela capacidade de colocar e ver as pessoas antes das coisas, com especial atenção aos
grupos menos favorecidos. Como já se destacou, os métodos ajudam, mas não são
suficientes para construir novas relações entre agentes de Ater e agricultores, de modo
que os profissionais da Extensão Rural Agroecológica deveriam assumir novos
conceitos, valores e comportamentos, ademais de novos métodos. Deve-se considerar
que este “novo profissionalismo” é necessário, inclusive porque os métodos não são
neutros, já que correspondem a contextos sociais, ideológicos, políticos e históricos, de
modo que podem ser utilizados para levar a uma genuína capacidade de construção e
organização, assim como podem ser utilizados apenas para satisfazer objetivos externos
(PRETTY, 1995).
Assim, segundo o mesmo autor, o “novo profissionalismo” requer que se
reconheça que nem sempre o que pensamos e estabelecemos como necessidades dos
indivíduos e grupos assistidos, correspondem às necessidades sentidas por eles mesmos,
de modo que o agente deveria estar, cotidianamente, em busca dos valores próprios dos
beneficiários. Por outro lado, estabelecer um “novo profissionalismo” exige que, ao
contrário da especialização profissional, se adote uma formação mais multidisciplinar
19
ou pelo menos se amplie a capacidade de interagir com outras profissões e disciplinas.
Como destacam diversos autores, este “novo profissionalismo” é mais um grande
desafio, de modo que os agentes não devem se intimidar frente à complexidade e
incerteza, próprios de ações que devem estar baseadas no diálogo e na participação.
Portanto, há que se criar mecanismos capazes de influir na mudança curricular,
pelo menos das ciências agrárias, de modo que possam ser estabelecidos currículos
capazes de formar profissionais que tenham as habilidades para olhar a realidade com as
lentes de um novo paradigma e atuar a partir de uma compreensão multidisciplinar e
humanista e adotando métodos e pedagogias construtivistas. Em verdade, cabe às
escolas de nível médio e às universidades, a iniciativa do processo de mudança
curricular necessária para atender os imperativos do desenvolvimento sustentável e das
novas práticas exigidas pela Pnater. Se não o fizerem, seguirão formando profissionais
para o passado e não para o futuro (CAPORAL, 2006).
O profissional da Ater, ao contrário do tradicional difusor de tecnologias, deve
ser um mediador e um facilitador de processos de desenvolvimento, dando-se conta de
que atua numa realidade concreta da qual faz parte e sobre a qual tem influência. Röling
(1994) afirma que o processo de transição para a agricultura sustentável exige uma
contínua observação do meio físico e uma permanente retro-alimentação, de forma que
permita a construção de um corpo de dados, conhecimentos e saberes que serão mais
profundos com o passar do tempo. Portanto, é preciso compreender que a informação
técnica sozinha é insuficiente e que um novo enfoque extensionista deve estar baseado
no paradigma da facilitação, pois ele é mais adequado para apoiar o desenvolvimento e
a agricultura sustentáveis.
4. METODOLOGIA
4.1 PROPOSTA METODOLÓGICA
Para a realização desta pesquisa foram realizadas entrevistas com agricultores
familiares e discentes que cursavam o último período em cursos de ciências agrárias da
UFVJM. Além das entrevistas, recorreu-se a observação participante para que o
pesquisador avaliasse, no dia a dia da atividade extensionista, dificuldades e facilidades
ao exercício do trabalho, que é o objetivo deste estudo.
20
Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com caráter exploratório, em uma
amostra de 15 agricultores familiares para analisar a percepção dos mesmos em relação
à assistência técnica e extensão rural recebida em suas propriedades ou em seus
sistemas de produção. Quanto a composição da amostra, 60% se encontram na faixa
etária de 40 a 60 anos de idade, 13,3% se encontram acima da idade de 60 anos e os
outros 26,6% encontra-se na faixa etária de 30 a 40 anos de idade. Nessa mesma análise
observa-se que 60% dos agricultores familiares são do sexo masculino e 40% do sexo
feminino, sendo seu tempo de atuação como agricultores: 26,6% se encontram no
campo entre 10 a 20 anos, 13,3% de 20 a 30 anos, 46,6% de 30 a 40 anos e 13,3% de 40
a 50 anos.
Também foram realizadas entrevistas com alunos formandos dos cursos de
ciências agrárias da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri –
UFVJM, para analisar a percepção sobre a sua aptidão e/ou competência no serviço de
assistência técnica e extensão rural. Observamos que do universo dos entrevistados que
100% se encontram numa faixa etária de 21 a 27 anos de idade, concentrando-se a
grande maioria, ou seja, 80% entre 24 e 26 e que 93,3% são do sexo masculino.
No referente ao estágio curricular foram executadas técnicas extensionistas
visando o processo de educação não formal de forma contínua, sendo elas: Dinâmica de
Grupo; Palestra Técnica; Mini-curso; Reunião; Demonstração Técnica; Dia de Campo e
Visita Técnica.
A Unidade Regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
(EMATER – MG), onde foi realizado o estágio que fomentou esta pesquisa, localiza-se
na Rua Herculano Pena, número 133, Bairro Rio Grande, Diamantina, Minas Gerais. O
trabalho realizado consistia em atender as comunidades rurais do distrito de Diamantina,
sendo elas: Comunidade da Sopa, localizada a 15 Km de Diamantina, contando com a
produção de hortaliças em horta comunitária; Comunidade de São João da Chapada,
localizada a 33 Km de Diamantina, contando com o Grupo de Mulheres (22)
responsáveis pela horta comunitária; Comunidade do Vau, localizada a 30 Km de
Diamantina, atendendo a Associação de pequenos produtores; Comunidade do Inhaí,
localizada a 45 Km de Diamantina, atendendo a Associação de agricultores familiares;
Comunidade de Vargem do Inhaí, localizada a 60 Km de Diamantina, atendendo ao
grupo beneficiários da fábrica de rapadura na comunidade; Comunidade de Maria
Nunes, localizada a 42 Km de Diamantina, contando com o “Grupo de Fruticultura de
21
Maria Nunes” o cultivo da cultura do abacaxizeiro; Distrito de Conselheiro Mata,
localizado a 46 Km de Diamantina, na Fazenda Senhor Antônio, cultivo do
maracujazeiro; Distrito de Planalto de Minas, localizado a 72 Km de Diamantina, em
uma Unidade Experimental, através do cultivo consorciado das culturas de mandioca,
milho e feijão.
Através do trabalho desenvolvido nestas Comunidades, adotou-se para esta
pesquisa a metodologia da observação participativa, a qual permitiu estabelecer uma
relação mais próxima com a Comunidade e, assim, perceber as dificuldades encontradas
pelos agentes extensionistas (estudantes/agentes) que atuam no campo e nesta função.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 A Percepção dos Agricultores e Agricultoras Familiares
Do total de entrevistados 26,6% responderam que recebem assistência técnica
diretamente, ou seja, por órgão governamental, neste caso a Emater, e que
compreendem bem a tecnologia que é repassada. Alegou-se que técnicos mais
experientes possuem uma linguagem adaptada, ou seja, a linguagem do produtor,
adquirida pelo convívio com os agricultores facilitando a compreensão de todos
envolvidos e não uma linguagem técnica. 73,3% responderam que não recebem
assistência técnica nem de órgão governamental e nem de ONGs. A tecnologia
repassada para este grupo é de forma indireta, sendo responsáveis por este repasse,
líderes comunitários.
Os agricultores que recebem assistência técnica de forma direta, responderam
que a própria é repassada em suas propriedades e/ou lavouras e em reunião junto à
associação. Os agricultores que recebem assistência técnica de forma indireta alegaramse ter recebido o repasse em reunião junto à associação.
Questionando-se os agricultores se necessitavam de assistência técnica e como
gostariam de receber essa assistência, 100% dos entrevistados alegaram que realmente a
assistência técnica é essencial para eficiência do seu sistema produtivo. A principal
reivindicação desses produtores é a questão da orientação técnica, ambiental, social e
política dentro de suas propriedades e comunidades. Sobre a questão de como receber a
22
assistência, relataram que gostariam que fossem abordados com uma linguagem clara,
ou seja, linguagem do produtor e não técnica, com acompanhamento e participação mais
frequente do técnico, semanal ou quinzenal, com intuito de compreender melhor seus
costumes e adquirir confiança da comunidade e visitas com disponibilidade de tempo
maior, mais técnicos atuantes e com iniciativa, não sendo preciso chama-los para a
visita.
Questionado se a assistência técnica que recebem é suficiente para que ocorra
evolução técnica e socioambiental de sua propriedade ou comunidade e se o técnico de
Ater é capacitado de atender as suas necessidades, do total de entrevistados, os que
alegam que recebem assistência técnica, 26,6% confirmam que sim, ou seja, os técnicos
de Ater orientam bem os agricultores nas questões práticas e socioambientais e são
capacitados em atender suas necessidades pelo fato de ter a linguagem do produtor e
conhecimento técnico desejável.
Percebe-se a necessidade de reformas estruturais e políticas na atuação dos
serviços de Ater para o atendimento das necessidades reais desses agricultores
corroborando o que os delegados/as da 1ª Conferência Nacional de Assistência Técnica
e Extensão Rural - CNATER, que envolveu no processo de preparação mais de 40 mil
participantes em conferências municipais, intermunicipais, territoriais, estaduais,
setoriais e temáticas reunidos em Brasília entre os dias 23 e 26 de abril de 2012, quando
reafirmaram a importância estratégica da Ater pública, de qualidade, gratuita e
continuada, executada por instituições estatais e não estatais, para a construção do
desenvolvimento rural sustentável e solidário tendo como protagonistas trabalhadores/as
rurais, camponeses/as, acampados/as, assentados/as da reforma agrária, povos
indígenas, povos de terreiro e ciganos/as, quilombolas, açorianos/as, atingidos/as por
barragens mineradoras e hidrelétricas, extrativistas, seringueiros/as, quebradeiras de
coco, fundos de pasto, faxinalenses, pescadores/as ar tesanais, ribeirinhos/as,
aquicultores/as familiares, caiçaras, marisqueiros/as, retireiros/as, torrãozeiros/as,
geraizeiros/as, vazanteiros/as, pomeranos/as, pantaneiros/as, caatingueiros/as, dentre
outros/as segmentos citados e contemplados na Pnater, assim como as organizações que
os representam.
No que tange ao atendimento recebido percebe-se a necessidade de reformas
curriculares para inserção de conhecimentos na prática da Extensão Rural devido a sua
23
complexidade de atuação e conhecimento generalistas e específicos exigidos, sendo
muitas vezes de caráter interdisciplinar.
5.2 Formandos de Ciências Agrárias
Questionado aos alunos formandos se reconheciam o que se entendia sobre
assistência técnica, 100% dos entrevistados confirmaram que sim, baseando-se no
princípio que a assistência técnica seria o processo de difundir o conhecimento técnico
cientifico adquirido na universidade através de orientações, assessoramento, auxilio e
apoio aos produtores rurais, visando o aumento da produtividade e rentabilidade de suas
atividades.
Questionado aos alunos formandos se reconheciam o que se entendia sobre
extensão rural, 100% dos entrevistados confirmaram que sim, baseando-se no contexto
da difusão de tecnologias, ou seja, transferir o conhecimento adquirido na universidade
para o campo, introduzindo nos produtores novas tecnologias visando melhorias na
produção e inserção nos mercado.
Questionado aos alunos formandos se sentiam preparados para atuar na
assistência técnica, 33,3% dos entrevistados responderam que não se sentiam
preparados pela falta de prática, citando essa deficiência como papel da universidade.
66,6% dos entrevistados responderam que sim, ou seja, sentem preparado para atuar na
assistência técnica, sendo que 70% acham que o conhecimento adquirido na
universidade é suficiente para credencia-lo para atuação, 30% responderam que sentem
preparados pelo fato de ter experiência prática adquirida fora da universidade.
Questionado aos alunos formandos se sentiam preparados para na atuar na
extensão rural, 53,3% confirmaram que não, sendo 100% destes justificando a falta de
prática. 46,6% confirmaram que se sentem aptos para atuar como extensionistas, sendo
que, 42,8% destes justificam ter prática na área e adquiriram fora da universidade,
57,15% justificam que a formação acadêmica o credencia para atuar, porém a falta de
prática os deixam inseguros.
Questionado aos entrevistados se já atuaram na área de extensão rural e quais a
dificuldades encontradas 53,3% nunca atuaram e 46,6% já atuaram, apontando como
principais dificuldades a adaptação de linguagem direcionada para o agricultor,
adequação a realidade local, falta de conhecimento técnico, abordagem técnica e o
24
caráter difusionista na prática de extensão, onde a política pública tende a influenciar os
agentes de Ater pela demanda de mercado.
Percebe-se aqui que a partir de um conceito errôneo do processo educativo na
atuação em extensão rural e o apoio técnico aos sistemas produtivos gerados na
academia leva os profissionais de Ater a equívocas atuações junto ao seu público alvo
devido a imposição institucional do cumprimento de metas impostas pelos programas e
políticas públicas governamentais onde os indicadores de desenvolvimento são apenas
numero de beneficiários atendidos. Além disso, percebe-se a formação voltada para o
tecnicismo e produtividade do agronegócio.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a forma como os agricultores familiares pretendem e precisam
receber assistência técnica em suas comunidades e/ou propriedades, e como os
acadêmicos formandos em ciências agrárias compreendem a assistência técnica e
extensão rural, torna-se necessário uma reformulação curricular que garanta a formação
do profissional de Ater para atender as novas exigências da sociedade para o
desenvolvimento rural sustentável baseando-se nas diretrizes da Política Nacional de
Assistência Técnica e Extensão Rural.
A partir da análise de observação participativa durante o estágio realizado nas
comunidades pertencentes ao Distrito de Diamantina, observa-se se que os jovens não
se encontram de forma ativa na zona rural e que as mulheres são a minoria nas
atividades. Percebemos aqui a necessidade de construção de políticas públicas
direcionadas à inserção das mulheres e dos jovens nas atividades rurais, o que implica a
necessidade de um profissional que atue na área de mobilização comunitária, formação
de lideranças e treinados pela academia.
Portanto, a partir das dificuldades encontradas durante o estágio e da análise das
entrevistas aplicadas torna-se necessário que o estudante, durante a sua formação,
compreenda de forma clara e objetiva as possibilidades que os cercam como
profissionais de ciências agrárias, e que as unidades de formação contribuam com essa
percepção através da interação de disciplinas, estágios direcionados às áreas de atuação,
práticas nas disciplinas e/ou entre disciplinas, vivência no meio rural, dentre outras
práticas que possibilitem uma maior interação dos estudantes com as realidades do meio
25
rural, afim de prepará-los para atuarem de forma coerente com a realidade local e
regional.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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alguns obstáculos e desafios a serem enfrentados. In: RAMOS, L.; TAVARES, J.
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2000.
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o desenvolvimento sustentável: Enfrentar desafios para romper a inércia. Disponível
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a 14 de março de 2002.
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diálogo de saberes. Trabalho apresentado ao NP – Comunicação científica e ambiental.
In: XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Brasília, 2006.
26
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Desenvolvimento Sustentável: Alguns fundamentos epistemológicos. Recife, UFRPE.
Doc mimeo. 2006.
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Assistência Técnica e Extensão Rural. MDA/SAF/Dater. 2004.
MDA - MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO Política Nacional de
Assistência Técnica e Extensão Rural. MDA/SAF/Dater. 2012. Acesso em setembro de
2012. Disponível em: < http://www.mda.gov.br/portal/noticias/item?item_id=9627230.
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Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário, Secretaria de Agricultura Familiar,
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2012.
SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras,
2000.
27
ANEXO 01
Agricultor Familiar
1 - Nome:
_____________________________________________________________________
Idade: _____
Sexo: M ( )
F( )
2 - Quanto tempo atua como agricultor familiar?
______________________________________________________________________
3 - Recebe assistência técnica? Sim ( ) Não ( ) Quanto tempo?
______________________________________________________________________
4 - A assistência técnica que você recebe é: de órgão governamental (EMATER,
IDENE, outros) ou órgão não governamental (ONGs)?
______________________________________________________________________
5 - Você compreende a tecnologia que lhe é repassado? Sim ( ) Não ( ) Por que?
______________________________________________________________________
6 - A assistência técnica que lhe é repassada ocorre em sua casa ou em reunião junto à
associação?
______________________________________________________________________
7 - Você acha que precisa de assistência técnica? Sim ( ) Não ( ) Por que?
______________________________________________________________________
8 - Como você gostaria de receber essa assistência técnica?
______________________________________________________________________
9 - A assistência que recebe é suficiente para que ocorra evolução prática e
socioambiental em sua propriedade e/ou comunidade? Sim ( ) Não ( ) Por que?
______________________________________________________________________
10 - Você acha o técnico de ATER é capacitado de atender suas necessidades? Sim ( )
Não ( ) Por que?
28
ANEXO 02
Alunos Formandos
1 - Nome:
_____________________________________________________________________
Idade: _____
Sexo: M ( )
F( )
2 - Curso __________________________________ Período ____________________
3 - Você sabe o que é assistência técnica? Sim ( ) Não ( )
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4 – Você sabe o que é extensão rural? Sim ( ) Não ( )
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
5 - Você se acha preparado para atuar na Assistência técnica? Sim ( ) Não ( ) Por
que?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
6 – Você se acha preparado para atuar na extensão rural? Sim ( ) Não ( ) Por que?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
7 - Se já atuou na área de extensão rural qual/quais as principais dificuldades
encontradas?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
29
Download

universidade federal dos vales do jequitinhonha e mucuri