UNEF
UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DE FEIRA DE SANTANA
O HIPERTEXTO NO WEBJORNALISMO:
ESTUDO DE CASO JORNAL GRANDE BAHIA
CARLOS AUGUSTO OLIVEIRA DA SILVA
FEIRA DE SANTANA - BAHIA
NOVEMBRO DE 2010
0
CARLOS AUGUSTO OLIVEIRA DA SILVA
O HIPERTEXTO NO WEBJORNALISMO:
ESTUDO DE CASO JORNAL GRANDE BAHIA
Trabalho de conclusão de curso apresentado como parte das atividades para obtenção do título de Bacharel em Comunicação
Social com Habilitação em Jornalismo da
UNEF - Unidade de Ensino Superior de Feira
de Santana / FAESF - Faculdade de Ensino
Superior da Cidade de Feira de Santana. Autorizada pela Portaria Ministerial nº 1263, de 25
de abril de 2002, publicada no D.O.U em 26
de abril de 2002.
Orientador: Professor especialista Andrews Ferreira Pedra Branca.
FEIRA DE SANTANA - BAHIA
NOVEMBRO DE 2010
1
TERMO DE APROVAÇÃO
CARLOS AUGUSTO OLIVEIRA DA SILVA
O HIPERTEXTO NO WEBJORNALISMO:
ESTUDO DE CASO JORNAL GRANDE BAHIA
Trabalho de conclusão de curso apresentado como parte das atividades para obtenção do
título de Bacharel em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo da UNEF - Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana / FAESF - Faculdade de Ensino Superior da
Cidade de Feira de Santana, área de concentração Ciências Sociais.
Os componentes da banca de avaliação, abaixo listados, consideram este trabalho
aprovado.
Orientador : Andrews Ferreira Pedra Branca, Especialista em Metodologia e Didática do
Ensino Superior (Faculdade São Bento).
____________________________________________
Professora membro da banca: Lílian Mattos Santos Pedra Branca, Especialista em Metodologia e Didática do Ensino Superior (Faculdade São Bento).
____________________________________________
Professor convidado: Genivaldo Conceição Oliveira, professor da Universidade Federal
do Recôncavo da Bahia (UFRB), Mestre em Linguística pela UT at Austin, Estados Unidos
da América.
____________________________________________
Feira de Santana, Bahia, 25 de novembro de 2010.
2
Que o fim seja compreendido como a
oportunidade de darmos início a algo novo.
A minha mãe Lucy Oliveira. Está mulher nordestina de fibra e caráter moral inalienável, religiosa, caridosa, amiga e amável,
uma pessoa singular na bondade e plural na
generosidade, pessoa que me apoiou e apoia
quando sempre necessito.
Ao meu pai José Augusto. De quem
herdei o amor pela fotografia e a têmpera da
personalidade.
A minha filha Carla Patrícia, esta pequena joia. Me faz lembrar que podemos produzir algo infinitamente melhor do que nos
mesmos.
Aos meus irmãos José Augusto Junior
e Luís Cláudio, por esta amizade que transcende o terreno.
A Patricia de Lacerda, Meirivan Santos, Edilma Moura, Iêda Pereira, Débora
Guedes, Luziane Pereira e todas as mulheres
da minha vida. As que passaram anos, meses,
dias e horas ao meu lado. Que me fizeram sentir: forte e frágil, repleto e vazio, alegre e triste, amado e odiado, mas, acima de tudo, humano.
3
AGRADECIMENTOS
Os primeiros passos em direção ao conhecimento é perceber a própria ignorância.
A minha família, meus pais Jose Augusto e Lucy Oliveira; meus irmãos Luís Claudio e
José Augusto Junior e a minha sempre e infinitamente amada filha, Carla Patricia de Lacerda Silva.
A memória do meu imortal amigo e irmão, Gilson Carlos Silva Pereira (Gilson Alves - in
memoriam), que ao me presentar o livro de autoria de Jô Soares, ‘O homem que matou Getúlio Vargas’, escreveu: “Amigo é o irmão que a gente pode escolher. Gostaria de registrar a
alegria de tê-lo como irmão. Feira de Santana, 24 de dezembro de 1998.”.
A Vanuza Rios, Sérgio Jones e Joilton Freitas.
Aos meus poucos e significativos amigos.
As pessoas que de forma diversa, percebendo ou não, se tornaram mestres em minhas vidas. Ensinando-me coisas novas ou ensinando-me a rever antigos conceitos.
Ao Ser Supremo, que tem o nome pronunciado de diversas formas, nas diferentes religiões e culturas da humanidade. Compreendido de múltiplas maneiras, detém apenas uma face,
que nos toca de forma singular e desta maneira tentamos compreendê-lo e aceitá-lo.
4
RESUMO
Este trabalho analisa a historicidade e características do hipertexto no webjornalismo,
com estudo de caso de três notícias publicadas no Jornal Grande Bahia online. Estas notícias
foram selecionadas usando critérios de noticiabilidade, como proximidade, abrangência, etc.
Elas foram publicadas em períodos distintos e estão inter-relacionadas. O que nos conduz a
outras características do webjornalismo, descritas por Machado e Palacios (2003) como: hipertextualidade, memória, instantaneidade e atualização contínua. O próprio webjornal foi
analisado sob o prisma da Teoria da Notícia de Sousa (2010) e sobre os critérios de veículos
de Comunicação de Massa propostos pelos estudos de Lévy (1999), Monteiro (2001) e Serra
(2007).
Palavras-chave: hipertexto, cibercultura, não-linearidade, multi-linearidade, webjornalismo, tecnocosmo, redes telemáticas.
5
ABSTRACT
This work analyses the historicity and characteristics of Hypertext in webjornalismo, with
case study of three news published in the Journal Large Bahia online. These news were selected using criteria such as proximity noticiabilidade, comprehensiveness, etc. They were
published in different periods and are interrelated. What leads to other features of webjornalismo, described by Machado and Palacios (2003) as: hypertextuality, memory, immediacy
and continuous update. Webjornal himself was analyzed in the prism of Theory news de Sousa (2010) and on criteria for vehicles of mass communication studies proposed by Lévy
(1999), Monteiro (2001) and Serra (2007).
Keywords: Hypertext, cyberculture, nonlinearity, multi-linearity, webjornalismo, tecnocosmo, telematic networks.
6
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Placa celebrando o "Nascimento da Internet" na Universidade de Stanford,
Estados Unidos. ........................................................................................................................ 25
Figura 2: O browser Google Chrome, apresenta no topo, a barra de navegação com
endereço IP: http://www.jornalgrandebahia.com.br/ ................................................................ 31
Figura 3: Ilustração conceitual do Memex ........................................................................ 39
Figura 4: Elipses ilustram a delimitação da abrangência das terminologias. O Jornalismo
Eletrônico abrange todo o sistema, enquanto o webjornalismo é o jornalismo aplicado na rede,
ou web. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 44) ................................................................... 51
Figura 5: Teoria Unificada da Notícia, equação e definição das forças. (SOUSA, 2010,
p.10) .......................................................................................................................................... 57
Figura 6: Imagem ilustra disposição das colunas. ............................................................. 60
Figura 7: Ao clicarmos no link do Google, foi aberta uma nova janela com a página do
JGB. Fica aparente as características propostas por Palacios: Multimidialidade/Convergência,
Interatividade, Hipertextualidade, Personalização e Instantaneidade de Acesso. .................... 68
Figura 8: Acionando o hiperlink listado pelo Google, o internauta é remetido à notícia.
Conceito de Memória, de Palacios, é comprovado pelo uso prático dos links......................... 69
Figura 9: O jornal é acessado através de um browser. A URL descreve a página de
entrada do JGB. ........................................................................................................................ 70
Figura 10: Imagem captura a tela, onde são verificáveis os hiperlinks e o hipertexto em
forma de vídeo, oriundo da globo.com. .................................................................................... 72
Figura 11: Imagem oriunda da captura de tela comprova a reprodutibilidade da notícia na
web.
A
postagem
pode
ser
encontrada,
acessado
a
URL:
www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=64587099. ........................................................ 73
Figura 12: Após lerem a notícia, participantes do fórum iniciam um debate sobre o
programa JN no Ar e sobre a entrevista exclusiva que Ernesto Paglia concedeu ao JGB. ...... 73
7
Figura 13: À esquerda está à página decodificada pelo browser e, à direita, a imagem
exibe os códigos que trafegam pela Internet. ........................................................................... 74
Figura 14: A notícia foi publicada em 9/6/2010 às 16:44:26.
Endereço da URL:
http://www.jornalgrandebahia.com.br/materia.asp?id=19186. ................................................ 84
Figura 15: Captura de tela da notícia: Departamento de Projetos Especiais da TV Globo
troca informações com o JGB. ................................................................................................. 85
Figura 16: A notícia foi publicada em publicada em 29/9/2010 às 04:22:57. Endereço da
URL: http://www.jornalgrandebahia.com.br/materia.asp?id=22893 ....................................... 86
Figura 17: Captura de tela da notícia: Ernesto Paglia e a equipe do JN no Ar visitam Feira
de Santana nesta quarta e o Jornal Grande Bahia é contatado pela produção da Tv Globo. .... 88
Figura 18: A notícia foi publicada em publicada em 30/9/2010 às 15:42:04. Endereço da
URL: http://www.jornalgrandebahia.com.br/materia.asp?id=22969 ....................................... 89
Figura 19: Captura de tela da notícia: Entrevista exclusiva com Ernesto Paglia, que
declara sobre Feira de Santana: vocês tem o desafio de modernizar o arruamento do centro da
cidade. ....................................................................................................................................... 94
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Pesquisa objetiva comprovar a baixa circulação de jornais impressos diários,
levando em consideração a população total do município. ...................................................... 20
Tabela 2: Lévy (1993) propõe seis características que abrangem as múltiplas
possibilidades de interpretações do hipertexto. (idem, p.25-26). ............................................. 43
Tabela 3: Resumo das definições de nomenclaturas sobre práticas de produção e
disseminação de informação no jornalismo contemporâneo. (MACHADO; PALACIOS, 2003,
p. 44) ......................................................................................................................................... 50
Tabela 4: Relatório de visitas do JGB, compreendendo o período de 1º de outubro 2010 a
31 de outubro de 2010. Apontando: 100.779 visitas únicas, 9 minutos e 38 segundos de tempo
gasto por cada visitante e 3.487.876 de páginas visualizadas. ................................................. 65
Tabela 5: Relatório de visitas do JGB, compreendendo o período de 1º de agosto 2010 a
31 de agosto de 2010. Apontando: 121.627 visitas únicas, 8 minutos de tempo gasto por cada
visitante e 5.948.358 páginas visualizadas. .............................................................................. 65
9
SUMÁRIO
1 Introdução .......................................................................................................... 12
1.1 Epistemologia e Metodologia Científica ....................................................................... 14
1.2 Apresentação .............................................................................................................. 17
2 O surgimento da Internet e da Web .................................................................. 21
2.1 Computador pessoal ................................................................................................... 21
2.2 Internet x Web ............................................................................................................. 22
2.3 ARPAnet, o começo .................................................................................................... 23
2.4 Web 1.0, o início.......................................................................................................... 25
2.5 Web 2.0, a evolução .................................................................................................... 27
2.6 Os blogs, bilhões de páginas e usuários ..................................................................... 28
2.7 A Internet no Brasil ...................................................................................................... 29
2.8 Os primeiros webjornais .............................................................................................. 31
2.9 A Internet e uso da Web .............................................................................................. 31
3 A Internet como meio de comunicação............................................................ 33
4 O surgimento do hipertexto .............................................................................. 36
4.1 O hipertexto na Idade Média ....................................................................................... 37
4.2 O moderno hipertexto .................................................................................................. 38
4.3 Lévy e o conceito de hipertexto ................................................................................... 41
5 A Internet e o uso do Hipertexto ....................................................................... 44
5.1 Não-linearidade ........................................................................................................... 44
5.2 Não-linearidade x Multilinearidade .............................................................................. 46
5.3 O hipertexto no webjornalismo .................................................................................... 46
6 O jornalismo na Web ......................................................................................... 48
6.1 Etapas do desenvolvimento do Webjornalismo ........................................................... 51
6.2 Características do jornalismo desenvolvido para web ................................................. 53
6.3 Formatos das notícias dentro do webjornal ................................................................. 55
7 Teoria da notícia ................................................................................................. 56
8 Estrutura do Jornal Grande Bahia .................................................................... 58
8.1 A equipe ...................................................................................................................... 58
8.2 Estrutura da página inicial ........................................................................................... 59
8.3 Estrutura das páginas internas .................................................................................... 62
8.4 Relatório de audiência do JGB .................................................................................... 63
10
8.5 Linha editorial .............................................................................................................. 66
9 Identificando o webjornalismo.......................................................................... 67
10 O hipertexto no Jornal Grande Bahia............................................................. 70
11 Considerações finais ....................................................................................... 75
12 Referências ....................................................................................................... 77
13 Anexos .............................................................................................................. 84
11
1 INTRODUÇÃO
Para ser universal, basta falar de sua aldeia.
Dostoievski
A opção pelo estudo do hipertexto em sítio jornalístico online advém da expansão do uso da
Internet como meio de disponibilização de conteúdos jornalísticos. Faggion (2010): “Essa
realidade tecnológica veio para exercer uma influência tal na vida das pessoas a ponto de hoje
o computador não apenas ser o responsável pela solução de problemas mais complexos, mas
também um dos responsáveis por uma nova cultura” (idem, p. 4). A Hipertextualidade é considerada um elemento da pós-modernidade por inúmeros estudiosos, Ferrari (2007) aborda:
“Considerado uma linguagem híbrida, o hipertexto é capaz de se revigorar a partir da dicotomia entre oralidade e escrita, tornando muito positivo este movimento de ruptura, que vários
autores identificam com pós modernidade”, (idem, p. 9)
Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática. As relações entre os homens, o trabalho, a própria
inteligência dependem, na verdade, da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura, visão, audição, criação e aprendizagem são capturados por uma informática cada vez mais avançada. Não se pode mais
conceber a pesquisa científica sem uma aparelhagem complexa que redistribui as antigas divisões entre experiência e teoria. (LÉVY, 1993, p. 7)
Durante palestra, Lévy reafirmou a importância da Internet na sociedade atual, desconsiderando o argumento de que o problema da Internet é a dificuldade ao acesso das pessoas. "A
Internet é um instrumento de desenvolvimento social. Devemos lembrar que a escrita demorou pelo menos 3000 anos para atingir o atual estágio, no qual todos sabem ler e escrever. A
Internet tem apenas 10 anos", ponderou. "O importante é ver o índice de pessoas plugadas",
concluiu. (COVAS, 2010, p. 1)
Pierre Lévy descortina a importância da Cibercultura nas relações humanas pósmodernas. Sua episteme provoca e esclarece a profundidade deste novo espaço de comunica12
ção que se constitui no ciberespaço1 e nos veículos que surgem através dele. No caso específico de estudo, o hipertexto através do Jornal Grande Bahia, será um dos teóricos da comunicação a serem citados em nossa pesquisa. Desta episteme, decorre a opção por uma abordagem
pós-moderna, tendo como base os estudos de Pierre Lévy.
O Estudo de Caso, parte do recorte de duas matérias e de uma entrevista publicada no sítio jornalístico Jornal Grande Bahia, com os seguintes títulos:
‘Departamento de Projetos Especiais da TV Globo troca informações com o JGB’. Publicada na editoria Mídia em 9/6/2010 às 16:44:26 (AUGUSTO, 2010, p. 1).
‘Ernesto Paglia e a equipe do JN no Ar visitam Feira de Santana nesta quarta e o Jornal
Grande Bahia é contatado pela produção da Tv Globo’. Publicada na editoria Manchete em
29/9/2010 às 04:22:57 (AUGUSTO, 2010, p. 1).
‘Entrevista exclusiva com Ernesto Paglia, que declara sobre Feira de Santana: vocês tem
o desafio de modernizar o arruamento do centro da cidade’. Publicada na editoria Manchete
em 30/9/2010 às 15:42:04 (AUGUSTO, 2010, p. 1).
Critérios clássicos como: notoriedade, proximidade, relevância e atualidade, foram utilizados para seleção das notícias (GRADIM, 2002, p. 23-24). Além do fato delas estarem inter-relacionas em momentos distintos de sua produção e publicação e de possuírem características de hipertextualidade com os hiperlinks, inter-relacionados e extra-relacionados.
O jornalismo, sobretudo de influência norte-americana, se consolidou sobre o fundamento da objetividade. Ou seja, o conhecimento produzido pelo jornalismo se baseia elementarmente na rigorosa observação dos fatos, que seriam “estáveis, absolutos e disponíveis a qualquer consciência” (Gomes, 1991, p. 25). Isso implica que o jornalista deve produzir seu relato
a partir das características do fato, constatadas com base nos parâmetros estabelecidos pela
realidade que lhe é própria. Os repórteres, portanto, esperam o acontecer dos fatos (e esperam
também estar na hora e no lugar que eles acontecem), procurando capturá-los e torná-los de
conhecimento público, isto é, reportá-los.
Tuchman (1983) considera impossível a separação entre o relato de um fato e o juízo de
valor sobre ele. Segundo ela, todo conhecimento do fato envolve uma forma específica de
como isso se faz, isto é, determina-se a “trama da faticidade” como toda realidade possível e
1
Segundo Lévy (1999) a palavra ciberespaço foi inventada em 1984 por William Gibson, no romance de ficção científica ‘Neuromonte’. O próprio Lévy define ciberespaço como um espaço de comunicação aberto pela interconexão
mundial dos computadores e das memórias dos computadores. (idem, 92)
13
desenvolve-se o aparato institucional que forma a imprensa imbricada em torno daquela estrutura (idem, p.112). A cobertura jornalística então seria “uma realización artificiosa afinada
según modos específicos de comprender la realidad social. Esos modos de comprender, constituidos como procesos y prácticas de trabajo específicos, legitiman el status quo” (ídem, p.
230).
1.1 Epistemologia e Metodologia Científica
Gil (1999) aborda que embora o termo ciência signifique conhecimento, é preciso levar
em conta outros saberes, que também formam o conhecimento humano, a exemplo do conhecimento vulgar, religioso e em certa acepção, o filosófico. “Pode-se considerar a ciência como
uma forma de conhecimento que tem por objetivo formular, mediante linguagem rigorosa e
apropriada – se possível, com auxílio da linguagem matemática -, leis que regem os fenômenos.” Estes fenômenos podem ser comprovados por meio da observação e da experimentação,
dadas as circunstâncias idênticas em que eles foram postulados. (idem, p. 20)
Pode-se definir ciência mediante a identificação de suas características essenciais.
Assim, a ciência pode ser caracterizada como uma forma de conhecimento objetivo,
racional, sistemático, geral, verificável e falível. O conhecimento cientifico é objetivo porque descreve a realidade independentemente dos caprichos do pesquisador. É
racional porque se vale, sobretudo da razão, e não de sensação ou impressões, para
chegar a seus resultados. É sistemático porque se preocupa em construir sistemas de
ideias organizadas racionalmente e em incluir os conhecimentos parciais em totalidade cada vez mais amplas. É geral porque seu interesse se dirige fundamentalmente
á elaboração de leis ou normas gerais, que explicam todos os fenômenos de certo tipo. É verificável porque sempre possibilita demostrar a veracidade das informações.
Finalmente, é falível porque, ao contrario de outros sistemas de conhecimento elaborados pelo homem, reconhece sua própria capacidade de errar. (GIL, 1999, p. 20-21)
Gil (1999) destaca que as ciências podem ser classificadas de duas grandes categorias:
formais e empíricas. As formais tratam de entidades de ideias e de suas relações, a exemplo
da matemática e da lógica formal. As ciências empíricas estão classificadas em naturais e sociais. “Dentre as ciências naturais estão: a Física, a Química, a Astronomia e a Biologia. Dentre as ciências sociais estão: a Sociologia, a Antropologia, a Ciência Politica, a Economia e a
História. A Psicologia, a despeito de apresentar algumas características que a aproximam das
ciências naturais, constitui também uma ciência social. Isto porque, ao tratar do estudo do
comportamento humano, trata-o sobretudo a partir da interação entre indivíduos.”. (idem, p.
21)
O método científico é um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir determinado conhecimento. E para que o conhecimento possa se tornar científico
14
é necessário identificar e sistematizar as operações mentais e as técnicas necessárias para verificação deste conhecimento científico. (GIL, 1999, p. 26).
A objetividade, entretanto, não é facilmente obtida por causa de sua sutileza e implicações complexas. Todo o conhecimento do mundo é afetado pelas predisposições
dos observadores. Quanto mais as observações se afastam da realidade física, maiores as possibilidades de distorção. (GIL, 1999, p. 45)
O tema da monografia: O hipertexto no Webjornalismo: Estudo de Caso Jornal Grande
Bahia. Tem como objeto de estudo o Hipertexto no webjornalismo, seguindo uma epistemologia pós-moderna, com base nos estudos de Pierre Lévy. O problema identificado questiona
de que forma o hipertexto é utilizado no Jornal Grande Bahia. A hipótese trabalhada analisa
que, embora seja um elemento natural do ciberespaço, e que toda página disposta na web é
um hipertexto, todos os hipertextos formam um grande hipertexto. Elementos da hipertextualidade ainda são pouco utilizados no Jornal Grande Bahia, devido a deficiência de domínio
técnico e tecnológico desta linguagem.
O pesquisador, desde a escolha do problema, recebe influência do seu meio cultural,
social e econômico. A escolha do problema tem a ver com grupos, instituições, comunidades ou ideologias com que o pesquisador se relaciona. Assim, na escolha do
problema de pesquisa podem ser verificadas muitas implicações, tais como relevância, oportunidade e comprometimento. (GIL, 1999, p. 50 a 51 apud TRUJILO FERRARI, 1982, p. 188)
A opção por trabalhar com a HP (Hermenêutica de Profundidade) deve-se ao fato do pesquisador “poder analisar o contexto sócio histórico e espaço-temporal que cerca o fenômeno
pesquisado, pode empreender análises discursivas, de conteúdo, semióticas ou de qualquer
padrão formal que venha a ser necessário; pode analisar a ideologia como vertente social importante, conferindo um caráter potencialmente crítico à pesquisa, o que vem a ser destacado
por Thompson (1998) em sua obra Ideologia e cultura moderna. O referencial metodológico
da HP inclui formas de análise complementares entre si, partes de um processo interpretativo
complexo.”. (VERONESE, GUARESCHI, 2006, p. 87)
O que distingue o debate moderno sobre o conhecimento dos debates anteriores é o
facto de a ciência moderna ter assumido a sua inserção no mundo mais profundamente do que qualquer outra forma de conhecimento anterior ou contemporânea:
propôs-se não apenas compreender o mundo ou explicá-lo, mas também transformálo. Contudo, paradoxalmente, para maximizar a sua capacidade de transformar o
mundo, pretendeu-se imune às transformações do mundo. Nos termos da consciência de si próprios que a ciência e os cientistas tenderam, dominantemente, a formar
desde os tempos da revolução científica até um período muito recente, o privilégio
epistemológico que a ciência moderna se arroga pressupõe que a ciência é feita no
mundo, mas não é feita de mundo. (VERONESE, GUARESCHI, 2006, p. 86 apud
SANTOS, 2004, p. 18)
O método segue os preceitos científicos da Pesquisa Bibliográfica (GIL, 1999, p. 65) e da
Pesquisa Descritiva, objetivando através da descrição do fenômeno, a partir de estudiosos,
15
identificar a recorrência e aplicabilidade do hipertexto no webjornal, assim bem como suas
limitações (GIL, 1999, p. 44). Usaremos teóricos da comunicação que abordam os aspectos
técnicos a exemplo de J.B. Pinho, Pollyana Ferrai, Marcos Palacios, Maria Clara Aquino, Danilo Oliveira, Luciana Mielniczuk, dentre outros. Para abordar a parte epistemológica usaremos os estudos de Pierre Lévy publicados nos Livros: Cibercultura, As tecnologias da inteligência e O que é virtual. Esta articulação de abordagens epistêmicas forma o resultado desta
monografia.
As teorias são muito importantes no processo de investigação em ciências sociais.
Eles proporcionam adequada definição de conceitos, bem como o estabelecimento
de sistemas conceituais; indicam lacunas nos conhecimentos; auxiliam na construção de hipóteses; explicam, generalizam e sintetizam os conhecimentos e sugerem a
metodologia apropriada para investigação. (GIL, 1999, p. 36 apud Trujillo Ferrari,
1982, p. 119)
A abordagem técnica da pesquisa segue o formato de Estudo de Caso. Realizado a partir
de uma análise profunda de um ou de poucos objetos, o que permite o conhecimento amplo e
detalhado do objeto estudado. O Estudo de Caso é uma forma de estudo empírica que investiga um fenômeno atual dentro do seu contexto de realidade e pode ser utilizado em pesquisas
exploratórias, além das pesquisas descritivas e explicativas. (GIL, 1999, p. 72-73)
Ele é utilizado com frequência crescente por parte dos pesquisadores sociais, em função
das possibilidades que abrange: explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos; descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação; e explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamento e experimentos. (GIL, 1999, p. 72-73)
A pesquisa no jornalgrandebahia.com.br surgiu como uma necessidade subjetiva, um desejo de validá-lo do ponto de vista científico, a partir de uma pesquisa aprofundada. A pesquisa permite compreender os mecanismos que limitam o uso do hipertexto.
As possibilidades de convergências das mídias em uma notícia são amplas, embora seja
mais comum, a publicação de um texto ilustrado com uma fotografia, como no jornalismo
impresso. Compreender melhor os mecanismos da hipertextualidade e seu uso, podem nos
levar a um melhor entendimento dos motivos da baixa convergência midiática em uma mesma notícia online. Está é a necessidade cientifica.
16
1.2 Apresentação
A escolha do sítio jornalístico jornalgrandebahia.com.br (JGB) surge da necessidade de
analisar a recorrência das teorias e técnicas jornalísticas digitais em seu uso prático. O sítio
tem sede em Feira de Santana, o que nos levou a utilizar como forma de escolha dele, critério
jornalístico de proximidade2, que possui duas dimensões: a temática e a geográfica. Fernandes
(2010) aborda que a questão temática supre a necessidade de grupos sociais que buscam trocar informações, têm afinidades por temas diversos e expectativas em comum. A geográfica
diz respeito à proximidade espacial, que está inserida de modo direto na convivência cotidiana
das pessoas, gerando um grau de interação e afetividade ainda maiores (idem, p. 6-7). Fernandes (2010) afirma que “Fontcuberta (1993 : 45) ressalta que a proximidade é um dos fatores mais poderosos na hora de eleger uma notícia. Mas que essa proximidade não deve ser
entendida apenas como geográfica, mas também social e inclusive psicológica. ” (idem p. 67).
Estudos científicos conduzem a uma intepretação compartilhada por pesquisadores que
preconizam sobre a atividade jornalística:
“A essência da prática jornalística não mudou. O bom jornalista continua sendo
aquele capaz de apurar uma boa matéria, escrever um bom texto, fazer um bom título. Aquele que dá a informação rápida, objetiva, crítica, pluralista e independente. O
papel do jornalista multimídia se expande, ele se torna mais flexível e completo,
exige novas habilidades. Para trabalhar na internet, ele precisa ousar e tentar novas
formas de comunicar; conhecer as especificidades do meio, entender e aprender a
usar as ferramentas; ser cada vez mais um contador de histórias.” (JORGE; PEREIRA, 2009, p.59 apud SCHIARETTA, 2006)
Outro a discorrer do papel do jornalista nos tempos pós-modernos é Pablo Marmorato,
jornalista do Clarín Global, pertencente jornal argentino Clarín: “Hoje o jornalista tem que
fazer de tudo um pouco. Não há mais diferenças entre um fotógrafo, um cinegrafista, um redator. Parece que a realidade obriga todos a incorporar novas ferramentas. O jornalista multimídia tem que entender de tudo, até de desenho gráfico. Tem que ser capaz de editar uma foto, de editar um vídeo, um podcast. Creio que é também uma questão de custo para as empresas. Em vez de mandar uma equipe de quatro pessoas para cobrir uma guerra, agora mandam
só uma (...) que vai cobrir a invasão do Iraque com uma câmara e um telefone via satélite. E
produz quatro informes por dia.” (JORGE; PEREIRA, 2009, p.59-60 apud JORGE, 2007)
2
A primeira categoria de considerações diz respeito ao acontecimento a transformar em notícia; a segunda, diz respeito
ao conjunto dos processos de produção e realização; a terceira, diz respeito à imagem que os jornalistas têm acerca dos
destinatários e a última diz respeito às relações entre os mass media existentes no mercado informativo. (WOLF, 1995,
p.179-180).
17
Implicação com o objeto de estudo
Enquanto aluno do Curso de Comunicação Social com habilitação em jornalismo. entendo que o jornalista contemporâneo deve adotar a ação de multimidialidade como forma de
produção e exposição dos conteúdos. Ao adotar esta ação de multimeios de produção e divulgação, também foi levado em consideração o reduzido número de jornais impressos, bem como a sua circulação na cidade de Feira de Santana.
O JGB nasce a partir de estudos acadêmicos realizados por mim, enquanto aluno do curso
de comunicação social da UNEF. Compreendendo que o jornalismo impresso está em declínio, enquanto o webjornalismo em situação de ascensão. Vislumbrei a oportunidade de começar um empreendimento jornalístico que nascia em conjunto com uma nova cultura, denominada por Lévy de Cibercultura.
A ideia inicial é que ele emulasse um jornal impresso no espaço da Internet. Em março de
2008, participei do Curso de Extensão em Jornalismo Digital, oportunidade em que solicitei
uma avalição do professor doutor Sérgio Augusto Soares Mattos, sobre o sítio jornalístico: “O
sítio copia as formas do jornal impresso no espaço da Internet e não utiliza em profundidade
as ferramentas da hipertextualidade” (Mattos, 29/03/2008). A cultura de consumo do jornalismo online local, em Feira de Santana, era incipiente, pois não existiam webjornais. A ideia
de não adotar um formato moderno, objetiva transferir a credibilidade atingida pelo jornal
impresso no espaço da Internet e paulatinamente migrar para um modelo próprio de webjornalismo.
Crise no jornalismo impresso
Ao acompanhar as análises do Centro Knight, ligada a Universidade do Texas, Austin,
Estados Unidos, que publica temas concernentes ao universo jornalístico em seu sítio: Centro
Knight for Journalism in the America3. A partir do pressuposto empírico analítico, chegou-se
a conclusão, em 2007, ano de lançamento do JGB, que o jornalismo impresso sofria perda
continuadas de leitores, enquanto o jornalismo online estava em plena expansão.
Diversas matérias foram publicadas pelo Centro Knight e reproduzidas no JGB na editoria4 de mídia, sobre o fechamento de veículos de comunicação impressos nos Estados Unidos,
conforme destacamos: Com Newsweek à venda, uma era se desfaz (MAGRO, 2010, p. 1).
Editorial Reed fecha 23 revistas especializadas nos Estados Unidos (MAGRO, 2010, p.1). O
3
4
http://knightcenter.utexas.edu/
Editoria: Cada uma das seções de um veículo de imprensa, que está a cargo de um editor.
18
triste canto pelo jornal impresso (MAGRO, 2010, p. 1). Circulação de jornais nos EUA registra queda acentuada(MAGRO, 2010, p.1). Outra matéria do Centro Knight aborda a ampliação da oferta de edições de notícias online: Veja prepara novo site para concorrer com grandes portais (MAGRO, 2010, p. 1).
O JGB publicou dentre outras matérias: Jornal do Brasil circula em papel pela última vez
(MAGRO, 2010, p. 1). E reproduziu o editorial: A nova fase digital do Jornal do Brasil
(BRASIL, 2010, p.1). Elas anunciam o fim do jornal impresso mais antigo do Brasil e a adesão ao modelo online de jornalismo. O que evidencia a perda de leitores de jornais e revistas
impressas e a migração para o jornal online, disponibilizado através de sítios de notícias na
Internet.
No relatório O estado da imprensa 2006, elaborado pela Escola de Jornalismo da
Universidade de Colúmbia (EUA), nota-se que as receitas publicitárias dos jornais
norte-americanos tendem a, cada vez mais, enfrentar um crescente processo de migração para outros meios, principalmente para a internet. Essa fuga publicitária é,
como constatam os especialistas em mídia, resposta imediata à queda no número de
leitores. Se em 1984 cerca de 63,3 milhões de norte-americanos liam 1,6 mil jornais,
em 2005 eram 45,2 milhões de leitores optando por 1,4 mil diários. Entre 1990 e
2005, a tiragem dos impressos nos Estados Unidos caiu 15%, o equivalente a mais
de 9 milhões de exemplares, em dias da semana. A cereja desse bolo indigesto são as
crescentes demissões no setor, que só na primeira metade dessa década dispensou
pelo menos 3,8 mil jornalistas naquele país. (FERRARI, 2007, p. 44)
Tiragem de jornais impressos em Feira de Santana.
Pesquisa de Campo, realizada em outubro de 2010.
Veículo
Jornal
Fundação
A 15/10/1912
Tarde
Editor
Sede, circulação e tiragem
Florisvaldo
Tem sede em Salvador. O jornal é diário com distribui-
Mattos
ção nacional. Em Feira de Santana o jornal conta com
1.000 assinantes e são vendidos 600 exemplares nas
bancas.
Jornal
20/12/1978
Correio
Jornal
22/06/1998
Sergio
Tem sede em Salvador. O jornal é diário com distribui-
Costa
ção nacional. A empresa não forneceu os dados.
João
Au- Tem sede em Feira de Santana. O jornal é mensal com
Feira
gusto Oli- distribuição regional e conta com tiragem de 6000
Negócios
veira
exemplares.
19
Jornal
22/12/1996
Folha do
Kenna
Tem sede em Feira de Santana. O jornal é diário, mas
Martins
não circula as segundas-feiras. Sua distribuição é esta-
Estado
dual. Ele tem tiragem diária de 4.400 jornais (usando o
conceito de média ponderada).
Jornal
17/09/1909
Folha do
Hugo Na- Tem sede em Feira de Santana. O jornal é semanário,
varro Silva
Norte
com tiragem semanal de 2.500 jornais.
Jornal
Noite
20/09/1998
e
Cristóvão
Tem sede em Feira de Santana. O jornal é semanário,
Aguiar
circula as sextas-feiras. Sua distribuição é local e conta
Dia
Jornal
Tribuna
circula as sextas-feiras. Sua distribuição é local e conta
com tiragem semanal de 5.000 jornais.
10/04/1999
Valdomiro
Tem sede em Feira de Santana. O jornal é semanário,
Silva
circula as sextas-feiras. Sua distribuição é local e conta
Feirense
com tiragem semanal de 2.000 jornais.
O município de Feira de Santana possuí 591.707 habitantes5 e circulam diariamente 9.157 jornais impressos. Para os jornais semanais, foi usando o conceito de média ponderada. Foi atribuído ao Jornal Correio, os mesmos valores do Jornal A Tarde, em função de ambos possuírem as
mesmas características de público alvo.
Conclusão: Um jornal impresso para cada 64 habitantes.
Tabela 1: Pesquisa objetiva comprovar a baixa circulação de jornais impressos diários, levando em
consideração a população total do município.
5
IBGE: Estimativa da população feirense para 2009: 591.707. Área da unidade territorial 1.363 (Km²). Código do Município: 291080.
20
2 O SURGIMENTO DA INTERNET E DA WEB
“Se uma tecnologia de comunicação
desempenha uma função essencial, então é
porque simboliza, ou catalisa, uma ruptura
radical existente em simultâneo na ordem cultural da sociedade.” (Dominique Wolton)
Antes de compreendermos o conceito de hipertexto é importante termos ideia do meio em
que este conceito é aplicado em sua plenitude, a Internet, e dentro da Internet, a Web. Sendo
que está passa por constantes modificações e aprimoramentos. Também se faz necessário o
entendimento da importância do computador6 no processo de codificação e decodificação das
mensagens que trafegam pela Internet.
A sociedade atual move-se em torno das pessoas, das suas histórias, de seus costumes, suas experiências de vida, enfim, da informação individualizada. Naturalmente,
o processo de comunicação está relacionado de modo íntimo com esse macromercado de seres humanos que precisam de informação e comunicação todos os dias, da
mesma maneira que precisam do ar que respiram. Com a mídia eletrônica, as informações diferenciam-se de outros meios tradicionais como, por exemplo, a impressão
ou a transmissão por ondas eletromagnéticas. Ela perde sua característica unívoca,
de relação um para um, pra transforma-se em dado com múltiplo significados e leituras. (FERRARI, 2007, p. 7)
2.1 Computador pessoal
Com a disseminação dos computadores pessoais (PC’s), formados por unidades de processamento, de transmissão, de memória e de interfaces para entrada e saída de informações.
(LÉVY, 1999, p.43) existiu uma ampliação da base de computadores interconectados à rede.
“Os órgãos de tratamento de informação ou "processadores", que hoje se encontram em chips,
efetuam cálculos aritméticos e lógicos sobre os dados. Eles executam em grande velocidade e
6
Computador: Máquina capaz de receber, armazenar e enviar dados, e de efetuar, sobre estes, seqüências previamente
programadas de operações aritméticas (como cálculos) e lógicas (como comparações), com o objetivo de resolver problemas.
21
de forma extremamente repetitiva um pequeno número de operações muito simples sobre informações codificadas digitalmente.” (LÉVY, 1999, p. 33).
Os primeiros computadores (calculadoras programáveis capazes de armazenar os
programas) surgiram na Inglaterra e nos Estados Unidos em 1945. Por muito tempo
reservados aos militares para cálculos científicos, seu uso civil disseminou-se durante os anos 60. Já nessa época era previsível que o desempenho do hardware aumentaria constantemente. (LÉVY, 1999, p. 31)
A Digital Equipment apresenta, em 1965, o PDP-8, o primeiro minicomputador comercial, com preço competitivo (AQUINO, 2006, p. 4). Em julho de 1975, foi aberta em Los Angeles, a primeira loja de computadores e em 1973, Anthony Smit, publica o livro From Books to
Bytes. “A palavra bit7, pronunciada pela primeira vez em 1946 por John Stukey, um estatístico de Princeton, não tinha conotações literárias. Era uma abreviação de binary digit, "dígito
binário", a menor unidade de informação digitalizada.”. O sistema digital baseia-se na codificação numérica de “0” e “1”. (BRIGGS; BURKE, 2004, p. 281)
Um computador é uma montagem particular de unidades de processamento, de
transmissão, de memória e de interfaces para entrada e saída de informações. Mas
computadores de marcas diferentes podem ser montados a partir de componentes
quase idênticos, e computadores da mesma marca contêm peças de origens muito diferentes. Além disso, os componentes do hardware (sensores, memórias, processadores etc.) podem ser encontrados em outros lugares que não os computadores
propriamente ditos: cartões inteligentes, terminais de bancos, robôs, motores, eletrodomésticos, automóveis, copiadoras, fax, câmeras de vídeo, telefones, rádios, televisões, até os nós das redes de comunicação... em qualquer lugar onde a informação
digital seja processada automaticamente. Por último, e mais importante, um computador conectado ao ciberespaço pode recorrer às capacidades de memória e de
cálculo de outros computadores da rede (que, por sua vez, fazem o mesmo), e também a diversos aparelhos distantes de leitura e exibição de informações. Todas as
funções da informática são distribuíveis e, cada vez mais, distribuídas. O computador não é mais um centro, e sim um nó, um terminal, um componente da rede universal calculante. Suas funções pulverizadas infiltram cada elemento do tecnocosmos. No limite, há apenas um único computador, mas é impossível traçar seus
limites, definir seu contorno. É um computador cujo centro está em toda parte e a
circunferência em lugar algum, um computador hipertextual, disperso, vivo, fervilhante, inacabado: o ciberespaço em si. (LÉVY, 1999, p. 44)
2.2 Internet x Web
É muito comum a confusão entre os termos Internet e Web (WWW - WORLD WIDE
WEB). A primeira foi lançada na década de 1960 e tinha por objetivo interconectar os computadores domésticos em uma rede independente do sistema militar oficial de comunicações dos
Estados Unidos. Desta forma, em caso de guerra o serviço de comunicação poderia continuar
ativo através da rede de dados dos civis. Enquanto Web é um recurso ou serviço oferecido na
Internet, que consiste num sistema distribuído de acesso a informações, as quais são apresen7
Bit: Unidade mínima de informação em um sistema digital, que pode assumir apenas um de dois valores (ger. 0 ou 1).
22
tadas na forma de hipertexto, com elos entre documentos e outros objetos (menus, índices),
localizados em pontos diversos da rede. (FERREIRA, 2004)
Internet versus World Wide Web: Contradizendo a crença popular, esses dois termos
não são sinônimos. A Internet se refere à rede de computadores conectados que trocam informações. A World Wide Web se refere a um modo de acesso à informação
através da Internet usando o hypertext transfer protocol (http) e os navegadores da
Web. Ela não inclui outros protocolos como e-mail, mensagem instantânea e transferência de arquivo (FTP). (BRIGGS, 2007, p. 18)
2.3 ARPAnet, o começo
A palavra Internet é definida como: conjunto de redes de computadores ligadas entre si
por roteadores e gateways (dispositivo ou programa que permite a ligação entre redes que
utilizam protocolos de comunicação diferentes, compatibilizando-os). Dentro da Internet funcionam diversos serviços como correio eletrônico, salas de bate-papo (chats), página de Web,
também transitam dados e voz. Para realizar este trafego, ela utiliza o sistema Transmission
Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP) traduzido como: Protocolo de Controle de
Transmissão/Protocolo de Internet. (FERREIRA, 2004)
Em 1960, Donald Watt Davies, do Laboratório Nacional de Física da Grã-Bretanha, apresentou a ideia da quebra de mensagens em pacotes de informação ou blocos de mensagens,
usando a expressão "transferência de pacote". Para definir o procedimento. Para colocar em
rede computadores com interfaces diferentes e linguagens distintas, era necessário utilizar
microcomputadores para agir como decodificadores, ficaram conhecidas nos Estados Unidos
como IMPs. (BRIGGS; BURKE, 2004, p. 300)
A ARPA (Advanced Research and Projects Agency - Agência de Pesquisas em Projetos
Avançados do Departamento de Defesa dos Estados Unidos) foi fundada em 1957 como parte da
resposta do governo estadunidense ao lançamento pelos Soviéticos, atual Rússia, em 4 de outubro
de 1957, do satélite Sputnik. Os estudos da ARPA tinham objetivo de conectar as bases militares
e os departamentos de pesquisa do governo americano, formando uma rede, que foi estabelecida em 1968 e 1969, com o nome de ARPAnet, dando início a atual Internet. (BRIGGS;
BURKE, 2004, p.301). Briggs e Burke ( 2004) “O primeiro deles chegou ao campus da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, em janeiro de 1969, quando Leonard Kleinrock os
instalou e usou em seu laboratório; em dois anos, a ARPANet era totalmente operacional.”
(idem, p. 300)
Em 1962, Joseph Carl Robnett Licklider foi designado para liderar as pesquisas desenvolvidas na ARPA (Advanced Research Projects Agency) com o objetivo de
23
aperfeiçoar o uso militar da tecnologia de computadores. No estado atual, uma única
bomba nuclear do inimigo poderia eliminar completamente qualquer forma de comando ou controle entre o Pentágono e as instalações militares norte-americanas espalhadas pelo mundo. (PINHO, 2003, p. 22).
Os cientistas Vinton G. Cerf (Vint Cerf) e Robert Elliot Kahn (Bob Kahn) desenvolveram
o conceito de TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol). Este protocolo, teoricamente, permitia o crescimento ilimitado da rede. No modelo concebido pelos pesquisadores, o TCP/IP oferece bilhões de endereços diferentes e utilizam uma arquitetura de comunicação em camadas, cada uma cuidando de uma tarefa, o que permite a aplicação em diferentes
plataformas de hardware8. (BRIGGS; BURKE, 2004, p. 328)
Os pacotes de informações enviadas pelos computadores da Internet contêm porções
de dados e informações especiais de controle e endereçamento necessários para levar os pacotes aos seus destinos e remonta-los na sua forma original. Essa tarefa é
realizada por um protocolo original – Transmission Control Protocol (TCP) –, que
define as regras para os procedimentos de comunicação em uma rede. Por sua vez, o
Internet Protocol (IP) cumpre a função de descobrir o caminho adequado entre o remetente e o destinatário e enviar os pacotes. (PINHO, 2003, p. 42)
No início dos anos 80, o desenvolvimento e utilização do TCP/IP como protocolo para a
troca de informações na ARPAnet (Advanced Research Projects Agency Network), possibilitou a conexão entre redes diferentes, aumentando a sua abrangência. Em 1983 houve a separação entre as aplicações militar e civil. O segmento militar passou a ser denominado de Milnet e o civil manteve o nome ARPAnet, que começou a se chamar progressivamente de Internet. (PINHO, 2003, p. 28)
Em 1984 a National Science Foundation (NSF), órgão independente do governo americano, passou a ser responsável pela manutenção da ARPAnet. Em 1986 a NSF criou cinco centros de supercomputação interconectados por ligações de alta velocidade, formando a NFSnet.
(PINHO, 2003, p. 29). “A NSF cria o Internet Network Information Center (InterNIC), que
atribui números IP únicos a quem pedir e é também o gestor da raiz (topo da hierarquia) do
Domain Name System (DNS) mundial. A InterNIC (http://www.internic.net) ainda armazena
informações sobre a rede mundial e mantém um banco de dados com informações sobre toda
a comunidade da Internet.” (PINHO, 2003, p. 34). Em 1990, a ARPAnet foi transformada em
NSFnet (National Science Foundation’s Network), o que possibilitou a conexão com outras
redes, inclusive fora dos Estados Unidos, passando a interconectar centros de pesquisa e universidades em todo o mundo. Estava formada a Internet. Inicialmente era utilizada como uma
ferramenta de troca de informações no meio acadêmico. (MONTEIRO, 2001, p. 29)
8
Hardware: Componente, ou conjunto de componentes físicos de um computador ou de seus periféricos.
24
O termo Internet foi cunhado com base na expressão inglesa “INTERaction or INTERconnection between computer NETworks”. Assim, a Internet é a rede das redes,
o conjunto das centenas de redes de computadores conectados em diversos países
dos seis continentes para compartilhar a informação e, em situações especiais, também recursos computacionais. As conexões entre elas empregam diversas tecnologias, como linhas telefônicas comuns, linhas de transmissão de dados dedicados, satélites, linhas de microondas e cabos de fibra óptica. (PINHO, 2003, p. 41)
Segundo Pinho (2003) os governos, empresas ou instituições não são responsáveis pelo
controle da rede mundial. Os padrões e as normas da Internet são estabelecidos pela comunidade. “Cada organização instala e mantém a sua própria parte na rede, permitindo ainda que
as informações enviadas por ela transitem pelas suas rotas isentas de qualquer custo.”. (idem,
p. 41). Fisicamente, a Internet equivale a superstada da informação, um mecanismo de transporte que conduz os dados por milhões de computadores interligados. “Os pacotes de informação viajam então por meio das redes que compõem a Internet, seguindo um caminho que
passa por muitos níveis diferentes de redes em vários tipos de linhas de comunicação.”.
(idem, p. 42)
Figura 1: Placa celebrando o "Nascimento da Internet" na Universidade de Stanford, Estados Unidos.
2.4 Web 1.0, o início
A World Wide Web (Teia de Alcance Mundial) surgiu em 1989. Tim Berners-Lee, físico
inglês, pesquisador do CERN(Organização Europeia para a Investigação Nuclear), laboratório
de partículas físicas, localizado nos arredores de Genebra, apresentou estudo que definia um
modelo para a gestão da informação. Briggs e Burke (2004) citam Berners-Lee: ““Suponha
25
que eu tenha a possibilidade de programar meu computador para criar um espaço em que tudo
possa ser ligado a tudo”, especulava ele.” (idem , p.302). Neste trabalho ele defendia a tese de
uma rede mundial de computadores conectada por hiperlinks, ligações para outras páginas de
Web, baseadas na Internet. Estas ligações seriam realizadas a partir de textos, imagens e áudio.
A Internet e a WWW ou world wide web (que quer dizer algo como “teia de alcance
mundial”, em inglês) não são sinônimos, embora frequentemente utilizemos esses
termos como tal. Na realidade, a WWW é um espaço que permite a troca de informações multimídia (texto, som, gráficos e vídeo) através da estrutura da internet. É
uma das formas de utilização da Rede, assim como o e-mail (correio eletrônico), o
FTP (File Transfer Protocol) ou outros menos conhecidos atualmente. (FERREIRA,
2005)
Seguindo com os estudos, em 1990, Berners-Lee, apresentava as ferramentas necessárias
para o funcionamento da rede, criando: o protocolo HTTP (Hyper Text Transfer Protocol), a
linguagem HTML (Hyper Text Markup Language), o primeiro software de servidor HTTP, o
primeiro navegador (chamado World Wide Web) e as primeiras páginas da Web (blocos de
textos contendo links), que buscavam explicar o funcionamento da própria WWW. (MONTEIRO, 2001, p. 29)
A web é provavelmente a parte mais importante da internet e, para muitas pessoas, a
única parte que elas, usam um sinônimo mesmo de internet. Mas a World Wide Web
é fundamentalmente um modo de organização da informação e dos arquivos na rede.
O método extremamente simples e eficiente do sistema de hipertexto distribuído, baseado no modelo cliente-servidor, tem como principais padrões protocolo de comunicação HTTP, a linguagem de descrição de páginas HTML e o método de identificação e recursos URL. (PINHO, 2003, p. 33)
Estas duas características, leitura e ligação a outras páginas, marcam o conceito fundamental da WEB 1.0. Não existindo qualquer tipo de interação com o leitor/usuário, que passa
a ser mero receptador da informação apresentada. Outra característica é que o internauta, paga
pelos programas que utiliza e para que funcionem, devem ser instalados em um computador
pessoal (PC).
No mesmo período, o acesso público a um programa de navegação (Mosaico), descrito na seção de negócios do New York Times de dezembro de 1993 como "a primeira janela para o ciberespaço", tornou possível atrair usuários — na época chamados "adaptadores" — e provedores, os pioneiros em programas cujas origens já foram descritas. (BRIGGS; BURKE, 2004, p. 300)
As páginas da Web 1.0 são estáticas, sem dinamismo ou interação. O modelo de indexação e hierarquia segue o conceito de Taxonomia (os dados são indexados por categorias e
subcategorias, similar a estrutura de pastas do PC) (AQUINO, 2007, p.3). “World Wide Web
é uma função da Internet que junta, em um único e imenso hipertexto ou hiperdocumento
26
(compreendendo imagens e sons), todos os documentos e hipertextos que a alimentam,” (LÉVY, 1999, p. 27)
2.5 Web 2.0, a evolução
Neste processo de expansão da Web, surgiu a NASDAQ, a bolsa de valores das empresas
pontocom. Em 2000, devido a elevado movimento especulativo e baixos resultados financeiros, várias empresas da Web com ações na bolsa fecharam. Deste processo surgem novas empresas pontocom, que possuíam características bem distintas das anteriores. Tim
O’Reilly emprega o termo Web 2.0 para definir este renovado modelo de Web/negócio.
(AQUINO, 2007, p. 6)
Um dos primeiros colapsos foi o da empresa sueca Boo.com, no verão de 20006, seguido de uma notável diminuição no valor das ações da Amazon, uma das empresas
mais conhecidas na Internet, que negocia com livros: ela perdeu um quinto de seu
valor na Wall Street em um dia. Em um guia da e-conomy, em abril de 2000, The
Economist falava não em flutuações, mas em “rodopios”. (BRIGGS e BURKE,
2006, p. 304)
A principal característica da Web 2.0 é a interação com o usuário e com os diversos sítios existentes. O conteúdo de um site pode ser distribuído e reinserido em outras páginas,
este processo é denominado de Mashup (conteúdos de terceiros), que utiliza ferramentas
computacionais como: RSS, Atom, XML, Widgets, API’s, JavaScript, dentro outras. O próprio site pode ser personalizado pelo internauta, modificando diversas configurações como
layout e tipos de assuntos a serem visualizados. Surgem as redes sociais a exemplo do Orkut e
mais recentemente o Twitter. O leitor/usuário que pagava para ter programas instalados em
seu computador passa a contar com softwares gratuitos que rodam diretamente na Internet, é a
computação nas nuvens (Could Computing). A Internet deixa de ser tratada como rede e passa
a ser uma plataforma.
Encarando como a “segunda geração de serviços online”, Primo (2006, online) caracteriza a web 2.0 como potencializadora das formas de publicação, compartilhamento e organização de informações. Para Tim O’Reilly, criador do termo, a web 2.0
não tem limites rígidos, mas sim um núcleo gravitacional, já que é encarada como
uma plataforma, na qual os próprios usuários controlam seus dados, que não mais
depende de pacotes fechados de software, mas de serviços que rodam no browser,
online. A arquitetura é edificada sob a cooperação, como chama O`Reilly, uma “arquitetura de participação”, na qual os dados possuem origem remixável e podem ser
transformados, o que traduz a idéia do “beta eterno”, onde tudo está sempre sendo
construído de forma colaborativa, no intuito de atender às necessidades dos usuários.
Com tudo isso, o que se busca é a formação de uma inteligência coletiva e, porque
não dizer, uma memória coletiva. (AQUINO, 2007, p. 6)
27
O conceito de convergência tecnológica atinge novo patamar. As páginas da Web passam
a hospedar em um mesmo espaço: vídeos, áudios, imagens, texto e espaço para comentários.
O internauta passa a interagi, recepcionado, comentando e postando conteúdos multimeios,
que podem ser visualizados e redistribuídos instantaneamente, inclusive para outros dispositivos, como os telefones celulares. O sistema passa a ser indexado obedecendo ao conceito
de Folksonomia, ou seja, conteúdos classificados a partir de palavras chaves, que criam relacionamentos diretos.
Dentro desse novo contexto da web emerge uma nova forma de representação, organização e recuperação de informações que funciona com base no hipertexto, subverte antigas formas de taxonomia4 e converge com os ideais de cooperação derivados
da noção de web 2.0: a folksonomia que traduz o neologismo entre os termos folk e
taxonomia, criado pelo arquiteto da informação Thomas Vander Wal (PRIMO, 2006,
online). Trata-se de um sistema de indexação de informações que permite a adição
de tags (etiquetas) que descrevem o conteúdo dos documentos armazenados. Baseada na livre organização, a folksonomia traz um novo tipo de link, a tag, criada pelos
próprios usuários da web, que assim, de forma coletiva representam, organizam e recuperam os dados na Rede. (AQUINO, 2007, p. 3-4).
2.6 Os blogs, bilhões de páginas e usuários
Com a criação gratuita de blogs (diários pessoais) e das redes sociais, a Web cresceu e
passou a ter bilhões de páginas e internautas. Neste ambiente, como organizar e encontrar
conteúdos de acordo com a necessidade de cada um? A resposta surge com os programas de
pesquisa de páginas, ou buscadores. Neste contexto a estrela mais reluzente é a Google. O
sistema algorítmico adotado pela corporação permite realizar pesquisas com eficiência e precisão. (AQUINO 2006, p. 10)
A inovação tecnológica permitiu a criação de novas ferramentas de publicação e de
estruturação das páginas noticiosas. Hoje, é possível inserir variados elementos,
além dos básicos – (enviar e-mail e imprimir) -: incluir comentários, adicionar a sites de bookmarks (favoritos), escolher o melhor conteúdo, eleger critérios de credibilidade por meio de votação, RSS (Really Simple Syndication), newsletter, verificar
estatísticas de acesso, postagem de conteúdo via blog, fotolog e sistemas de open
source, como Wikipedia, por exemplo, e melhorar o desempenho da busca por meio
de palavras-chave inseridas no texto, entre outros. A utilização de gerenciadores de
conteúdo com interfaces amigáveis, com ferramentas de edição de áudio, vídeo,
imagem, flash, slide show, permitem realizar todo o processo de produção em uma
redação online. (MOHERDAUI, 2007, p. 5)
O primeiro a introduzir o blog na prática jornalística foi Kevin Cullen, que descreve sua
experiência: BRIGGS (2007) “O blog parecia melhor do que o artigo do jornal. Ele não era
muito longo, talvez tivesse de 300 a 400 palavras, mas aquelas palavras extras continham algumas boas citações, alguns dados estatísticos importantes, e um pouco mais de cor. Era, sem
dúvida, uma melhor leitura. Sem ter de espremer palavras num espaço limitado, a Internet
28
provou ser melhor para mim, como escritor e também para os leitores, do que a versão impressa.” (idem, p. 54)
Kevin Cullen, repórter do The Boston Globe, foi introduzido na prática do blog durante a Copa do Mundo de 2006, quando era o correspondente americano do Goethe
Institut. Simultaneamente, ele estava escrevendo para a seção de esportes do The
Globe. “No dia seguinte, comparei meu texto que foi publicado no jornal com o que
eu escrevi para o blog”, escreveu Cullen no número de Dezembro de 2006 do Relatório Nieman. (BRIGGS, 2007, p. 56)
2.7 A Internet no Brasil
Em 1987, pesquisadores da área de tecnologia e de informática de todo o país se reuniram
na USP (Universidade de São Paulo) com o governo federal e a EMBRATEL (Empresa
Braisleira de Telecomunicações), estatal federal responsável pela gestão do sistema de comunicação telefônica do país (privatizada durante o governo Fernando Henrique Cardoso). O
objetivo da reunião era formar uma rede de comunicação nacional, com objetivos acadêmicos.
(MOURA, 2002, p. 21)
Em 1988 o Brasil deu inicio a conexão entre computadores através da Bitnet9 (Because
it‘s Time to Network) através das instituições: Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Com objetivo de desenvolver contato com
instituições de outros países e compartilhar dados por meio da rede de computadores. Em
1989, o Brasil associasse a rede de comunicação global, conectando a Fapesp ao Fermilab
(Laboratório de Física de Altas Energias de Chicago (EUA). No mesmo ano, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) implanta a rede Alternex, dando início a uma
nova rede de comunicação. (MOURA, 2002, p. 21-22)
A RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa) foi criada em setembro de 1989 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) com o objetivo de construir uma infraestrutura de
Rede Internet Nacional para a comunidade acadêmica. Ela começou a ser montada em 1991 e
9
BITNET, acrônimo para "Because It's Time Network", foi criada em 1981, como rede remota. Era administrada pelo
CREN (Corporation for Research and Educational Networking) em Washington. Usada para fornecer serviços de correio eletrônico e de transferência de arquivos entre computadores de grande porte em instituições educacionais e de
pesquisa na América do Norte e do Sul, Europa e Japão. A BITNET utilizava o protocolo NJE (Network Job Entry) da
IBM em vez do TCP/IP, mas podia trocar mensagens de correio eletrônico com a Internet e deu origem ao software Listserv para a manutenção de listas de debates. Até o início dos anos 90, a BITNET tinha relativa importância na conectividade mundial, mas foi definitivamente suplantada pela maior abrangência da Internet.
29
em 1994, atingia todas as regiões do país. Desde então, o backbone10 RNP, passou a possuir
pontos de presença em todos os estados brasileiros. (SOBRE A RNP, 2010, p. 1)
De 1994 a 1996, a RNP dedicou-se à implantação de uma infraestrutura que integraria todos os estados brasileiros numa conexão mais rápida. Com vinte estados conectados, os BBSs (Bullettin Boars Systems) já ofereciam os serviços de e-mail e acessos à rede nacional. (MOURA, 2002, p. 23)
A partir de 1994, a RNP implantou uma infraestrutura integrando vinte estados brasileiros, através de conexões mais rápidas. Os sistemas BBSs (Bullettin Boars Systems) ofereciam
serviços de e-mail e acessos à rede nacional (MOURA, 2002, p. 23). Até 1995, no Brasil, o
acesso à Internet era restrito a professores, estudantes e funcionários de universidades e instituições de pesquisa.
O governo federal cria em 1995, o Comitê Gestor da Internet (CGI), com objetivo de traçar os rumos da implantação, administração e uso da Internet no Brasil. Ainda em 1995, surgiu a primeira publicação nacional especializada em Internet, denominada de Internet World,
e, a Escola Técnica Federal do Ceará, apresenta o primeiro chat11. (MOURA, 2002, p. 23)
Em maio de 1995, teve início a abertura da Internet Comercial no país. Neste período, a
RNP passou por uma redefinição de seu papel, estendendo seus serviços de acesso a todos os
setores da sociedade. Com essa reorientação, a RNP ofereceu apoio para consolidar a Internet
comercial no Brasil, criando o Centro de Informações Internet/BR para dar suporte no surgimento de provedores e usuários da rede. (SOBRE A RNP, 2010, p. 1)
No dia 31 de maio de 1995, o Ministério das Comunicações e o Ministério da Ciência e Tecnologia promulgaram a Portaria Interministerial 147, constituindo o Comitê
Gestor da Internet no Brasil (http://www.cg.org.br), com os objetivos de assegurar a
qualidade e a eficiência dos serviços ofertados, a justa e livre competição entre provedores, e a manutenção de padrões de conduta de usuários e provedores. (PINHO,
2003, p. 39)
No contexto de redes de computadores, o backbone (espinha dorsal) designa o esquema
de ligações centrais de um sistema mais amplo, de elevada velocidade. Os operadores de telecomunicações, por exemplo, mantêm sistemas internos de elevadíssimo desempenho para
comutar os diferentes tipos e fluxos de dados (voz, imagem, texto, etc.). Na Internet, encontram-se hierarquicamente divididos, vários backbones: os de ligação intercontinental, que
derivam dos backbones internacionais, que por sua vez derivam dos backbones nacionais.
10
Backbones: Rede de computadores capaz de transmitir e processar dados em alta velocidade, responsável por garantir
o tráfego de informações entre redes menores a ela ligadas. Ou, a parte de uma rede de computadores, ou sua estrutura
física, que suporta o maior tráfego de informações.
11
Chat: Forma de comunicação através de rede de computadores, similar a uma conversação, na qual se trocam, em
tempo real, mensagens escritas, áudios e vídeos, se configurando em um bate-papo online ou virtual.
30
Neste nível, encontram-se várias empresas que exploram o acesso à rede e a disponibilizam
para o usuário final. (ROSE, 2007, p. 9)
2.8 Os primeiros webjornais
O primeiro jornal impresso do mundo, a utilizar a Internet como meio de comunicação,
com uma interface própria para distribuição de conteúdos, foi o estadunidense, New York
Times. O Jornalista Sérgio Charlab, em 1995, lançou o JB Online. Configurando-se na primeira versão brasileira de um webjornal. (MOURA, 2002, p. 45)
2.9 A Internet e uso da Web
A Internet é formada por conjuntos de computadores que estão conectados e trocam informação. O Servidor Web é um tipo especial de computador, que armazena, distribui e apresenta a informação na Internet. Isto é feito através da URL (Uniform Resource Locator – Localizador Padrão de Recursos). Ele fica localizado na parte superior do browser e se configura
no endereço IP (Internet Protocol – Protocolo da Internet) que funciona como a identidade
numérica de um servidor da Web. (BRIGGS, 2007, p. 16-17)
Figura 2: O browser Google Chrome, apresenta no topo, a barra de navegação com endereço IP:
http://www.jornalgrandebahia.com.br/
31
Para utilizar a Web é necessário um navegador Web, também conhecido como browser.
Trata-se de um software12 utilizado para acessar a Internet com a função de codificador e decodificador as informações disponibilizadas na Web. São exemplos de browsers: Internet Explorer, Safari, Google Chrome, Firefox, etc. Estes programas realizam três tarefas distintas:
Busca e localiza informações, recupera a informação e a traz de volta para usuário e converte
a informação para exibição no seu computador. Ao realizar estas atividades, ele armazena na
memória cache13 do computador, as informações da página exibida através de um monitor,
(BRIGGS, 2007, p. 16). Em 1993 surge o primeiro navegador, denominado de Mosaic O
Netscape Navigator é lançado em 1994, sua interface mais agradável conquista em pouco
temo, 65 milhões de usuários. (MOURA, 2002, p. 19)
O grande avanço aconteceu entre setembro de 1993 e março de 1994, quando uma
rede até então dedicada à pesquisa acadêmica se tornou a rede das redes, aberta a todos. A rede era "frouxa" e não tinha proprietário, embora dependesse das agências de
comunicação. No mesmo período, o acesso público a um programa de navegação
(Mosaico), descrito na seção de negócios do New York Times de dezembro de 1993
como "a primeira janela para o ciberespaço", tornou possível atrair usuários — na
época chamados "adaptadores" — e provedores, os pioneiros em programas cujas
origens já foram descritas. (BRIGGS; BURKE, 2004, p. 300)
12
Software: Em um sistema computacional, o conjunto dos componentes que não fazem parte do equipamento físico
propriamente dito e que incluem as instruções e programas (e os dados a eles associados) empregados durante a utilização do sistema.
13
Cache: Dispositivo de memória, de capacidade reduzida e alta velocidade, que funciona associado a um dispositivo
de armazenamento de grande capacidade, porém mais lento, mantendo cópia temporária de dados acessados com mais
frequência ou mais recentemente, com o objetivo de agilizar o processamento de tais dados.
32
3 A INTERNET COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO
“Vivemos um destes raros momentos
em que, a partir de uma nova configuração
técnica, quer dizer, de uma nova relação com
o cosmos, um novo estilo de humanidade é inventada” (Pierre Lévy)
A Internet é um meio de comunicação interpessoal. Mas é possível classificarmos a Internet como um meio de comunicação de massa? O Dicionário de Comunicação diz que os
meios de comunicação de massa possuem as seguintes características: são operados por organizações amplas e complexas, envolvendo diversos profissionais com diferentes habilidades;
são capazes de difundir suas mensagens para milhares ou até milhões de pessoas, utilizando
recursos tecnológicos (os veículos de massa), sustentados pela economia de mercado (através
da publicidade, principalmente); falam para uma audiência numerosa, heterogênea, dispersa
geograficamente e anônima; e, principalmente, exercem uma comunicação de um só sentido,
ainda que possuam algum sistema de feedback (retorno sobre a ação comunicacional).
(MONTEIRO, 2001, p. 31)
Por um lado, a internet possui de certa forma ao menos as três primeiras características citadas: um site do tipo portal, por exemplo (como Terra, Universo Online, entre
outros) é uma organização ampla e complexa (a) que – através de um aparato tecnológico sofisticado (inúmeros computadores, linhas telefônicas dedicadas, conexões
via satélite ou fibra ótica, etc.), sustentado por verbas publicitárias (b) – difunde conteúdos para uma audiência numerosa, heterogênea, geograficamente dispersa e anônima (c). Exatamente como acontece na comunicação de massa. (MONTEIRO,
2001, p. 31-32)
Monteiro (2001) aborda que a Internet também permite que “apenas uma pessoa, utilizando apenas um computador simples e uma linha telefônica, sem grandes despesas, faça o
mesmo, disponibilizando conteúdos para potencialmente a mesma audiência”. Ou seja, exatamente o contrário do que acontece na comunicação de massa. (idem, p. 32)
33
Na Internet a comunicação não ocorrer em um só sentido, em função das características
da hipertextualidade. Permitindo que leitor/internauta defina o caminho para acessar os conteúdos, de acordo com as suas necessidades. Podendo, inclusive em vários momentos, promover um retorno (feedback) da informação acessada de forma instantânea. “A sua postura deixa
de ser a do receptor passivo. Em outras palavras, sai o espectador e entra em cena o usuário.”.
(MONTEIRO, 2001, p. 32)
Podemos classificar a Internet como um meio híbrido. Capaz de produzir comunicação
dirigida e pessoal, mas também, de Comunicação de Massa, a exemplo dos portais de notícias
e das agências de comunicação online, cito: Agência Brasil, Agência Senado, Rádio ONU. A
sua classificação dependerá do uso que está sendo feito da Rede. Por ser hibrida, ela é caracteriza como uma “tecnologia revolucionária, que trará aspectos nunca antes previstos ao cenário
da comunicação, como veremos a seguir”. (MONTEIRO, 2001, p. 32)
A Internet é uma ferramenta de comunicação bastante distinta dos meios de comunicação tradicionais – televisão, rádio, cinema, jornal e revista. Cada um dos aspectos
críticos que diferenciam a rede mundial dessas mídias – não linearidade, fisiologia,
instantaneidade, dirigibilidade, qualificação, custos de produção e de veiculação, interatividade, pessoalidade, acessibilidade e receptor ativo – deve ser mais bem conhecido e corretamente considerado para o uso adequado da Internet como instrumento de informação. (PINHO, 2003, p. 49)
John Thompson - A mídia e a modernidade
Serra (2007) utiliza o conceito de comunicação de massa definida por John Thompson14,
a partir de quatro características fundamentais: (idem, p. 143)
a) A produção e a difusão de bens simbólicos que é armazenada, distribuída e descodificada para os potenciais destinatários. Esta transformação dos bens simbólicos em informação
permite que eles se tornem indefinidamente reprodutíveis e sejam disponibilizados como
mercadorias a uma massa indefinida de receptores. (SERRA, 2007, p. 143-144)
b) A cisão entre a produção e a recepção dos bens simbólicos, os meios de comunicação
de massa generalizam um processo que acontecia com a escrita, ou seja, a mediação dos bens
simbólicos pelos meios técnicos em que são fixados e pelos quais são transmitidos. (SERRA,
2007, p. 143-144)
14
John Thompson, professor de sociologia na Universidade de Cambridge e membro do Jesus College. Thompson estuda o processo da expansão das redes de comunicação, o fluxo de informação desde os inícios da imprensa até a globalização ocorrida nos últimos séculos.
34
c) A extensão da disponibilidade das formas simbólicas no tempo e no espaço. (SERRA,
2007, p. 143-144)
d) A circulação pública das formas simbólicas. Ao contrário do que acontece com meios
como o telefone, as formas simbólicas transmitidas pela comunicação de massa destinam-se a
uma pluralidade indeterminada de receptores, estando disponíveis para todos indivíduos que
disponham dos meios técnicos, capacidades e recursos para os adquirir. (SERRA, 2007, p.
143-144)
A Internet é um meio em que confluem, de forma digital, todos os outros meios. Para
McLuhan o conteúdo ou a mensagem de qualquer meio é sempre um outro meio. Na Internet
podem ser observadas as múltiplas categorias de comunicação: a difusão (da informação)
massiva e unidirecional, mas também a comunicação interpessoal e bidirecional; a comunicação escrita, mas também a audiovisual; a comunicação síncrona, mas também a assíncrona.
(SERRA, 2007, p. 175).
A Internet revolucionou o mundo do computador e das comunicações como nada antes dela. A invenção do telégrafo, telefone, rádio e computador lançaram as bases para esta integração de capacidades sem precedentes. A Internet é, simultaneamente,
uma aptidão para emissão a nível mundial, um mecanismo para a disseminação da
informação e um medium para a colaboração e interacção entre os indivíduos e os
seus computadores, sem olhar à localização geográfica. (SERRA, 2007, p. 171)
Pierre Lévy e as categorias
Lévy (1999) avalia que podem ser distinguidas três grandes categorias de dispositivos
comunicacionais: um-todos, um-um e todos-todos. Fazem parte da categoria ‘um-todos’: jornal impresso, o rádio e a televisão. Neste contexto, um centro emissor envia suas mensagens a
um grande número de receptores passivos e dispersos. Na categoria “um-um” se classificam:
correio e telefone. Os indivíduos se comunicam de ponto a ponto. Por último, na categoria
‘todos-todos’ está o ciberespaço, com sua característica original, possibilitando que exista
comunicação progressiva e cooperativa. (LÉVY, 1999, p. 63)
Junto ao crescimento das taxas de transmissão, a tendência à interconexão provoca
uma mutação na física da comunicação: passamos das noções de canal e de rede a
uma sensação de espaço envolvente. Os veículos de informação não estariam mais
no espaço mas, por meio de uma espécie de reviravolta topológico todo o espaço se
tornaria um canal interativo. A cibercultura aponta para uma civilização da telepresença generalizada. Para além de uma física da comunicação, a interconexão constitui a humanidade em um contínuo sem fronteiras, cava um meio informacional
oceânico, mergulha os seres e as coisas no mesmo banho de comunicação interativa.
A interconexão tece um universal por contato. (LÉVY, 1999, p. 127)
35
4 O SURGIMENTO DO HIPERTEXTO
Palavra de origem anglo-saxônica15, o hipertexto encontrasse incorporado ao idioma português, sendo definido como uma forma de apresentação ou organização de informações escritas, em que blocos de texto estão articulados por remissões, de modo que, em lugar de seguir um encadeamento linear e único, o leitor pode formar diversas sequências associativas,
conforme seu interesse. Também é classificado como conjunto de textos estruturados, organizados e disponibilizados em meio eletrônico computadorizado, ou não, no qual as remissões
correspondem a comandos ou orientações que permitem ao leitor passar diretamente aos elementos associados. (FERREIRA, 2004)
A palavra “texto” em um sentido amplo, não excluí sons e imagens, os hiperdocumentos16 também podem ser chamados de hipertextos. Em oposição ao texto linear o hipertexto é
um texto estruturado em rede, constituído por nós, que são os elementos de informação, parágrafos, páginas, imagens, sequências musicais. Estes nós são marcados e inter-relacionados
por links, ligações onde são utilizadas referencias, notas, ponteiros, botões, sublinhas, cores,
algo que indique a passagem de um nó para o ouro. (LÉVY, 1999, p. 55-56)
Tecnicamente, um hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós
podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos, seqüências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos. Os itens de
informação não são ligados linearmente, como em uma corda com nós, mas cada um
deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrela, de modo reticular. Navegar
em um hipertexto significa portanto desenhar um percurso em uma rede que pode
ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode, por sua vez, conter uma
rede inteira. (LÉVY, 1993, p. 33)
O hipertexto utilizado nas redes telemáticas permite em uma mesma interface a coexistência de textos, sons e imagens. A inovação está na possibilidade das interconexões quase
15
Nelson, Ted (1965). "Complex information processing: a file structure for the complex, the changing and the indeterminate." Proceedings of the 20th ACM Annual Conference (August 24-26, 1965, Cleveland, Ohio) pp. 84-100.
16
Segundo Leiro (1994) os nós são as unidades de informações em um hiperdocumento que podem conter um ou mais
tipos de dados: texto, figuras, fotos, sons, sequências animadas, código de informação e outros. Em Noções básicas de
hipertexto de Cláudia Correia e Heloísa Andrade.
36
instantânea através de links. O que pode ser feito não apenas a partir de trechos de um determinado texto, mas entre textos fisicamente dispersos e localizados em diferentes suportes que
se integram a teia de informação constituída a partir da Web. (MIELNICZUK; PALACIOS,
2010, p. 1)
4.1 O hipertexto na Idade Média
De acordo com Burke (2004) e Chartier (2002) a ideia de hipertexto não nasce com a Internet, nem com a web ele surgiu muito antes do advento da Internet, nos séculos XVI e XVII
com a marginalia. Que tem como ideia básica a remissão a um novo texto ou breve explicação
sobre um determinado tema, inserido em um espaço à parte do texto original (AQUINO,
2007, p. 4). Eram índices pessoais, citações de textos, remissões a outras partes ou outros textos, feitas pelos leitores dos livros da época, anotadas nos cantos das páginas e depois transferidas para um caderno de para que posteriormente pudessem ser consultadas. (FERREIRA,
2005)
Desde as mais antigas formas de comunicação gestual e do uso da linguagem falada
e escrita, até os mais recentes desenvolvimentos da tecnologia computacional, a
produção, o intercâmbio, o armazenamento e a circulação de informações e conteúdos simbólicos têm sido aspectos centrais da vida social. [...] O surgimento das tecnologias da comunicação como novas bases de poder simbólico é um processo que
tem sua origem no final do século XV. As técnicas de impressão, originalmente desenvolvidas por Gutenberg, se espalharam pelos centros urbanos da Europa. (OLIVEIRA, 2007, p. 2)
Aquino (2006) aborda: “na idade média os livros eram acorrentados às mesas das bibliotecas e lidos em voz alta. Os comentários dos leitores eram anotados com ilustrações e notas
de rodapé remissivas aos textos nas margens das páginas que iam acumulando-se ao longo das
leituras. Devido a uma modificação na dobradura promovida pelo editor veneziano Aldo Manucio, o livro tornou-se portátil, possibilitando a sua maior difusão e assim, o livro tornou-se
disponível para apropriação pessoal. Um dos exemplos do uso passado da escrita hipertextual
é Leonardo da Vinci (1452-1519), que realizava anotações nas margens das páginas de seus
escritos. Manuscritos do artista, que pretendia escrever um livro sobre as propriedades físicas
e os efeitos geográficos da água, datados de 1508, foram encontrados na Itália pelo colecionador de arte inglês Thomas Howard. Em 1681 Henry Howard, neto de Thomas, presenteou a
Royal Society com os documentos, que posteriormente foram transferidos para o Museu Britânico em 1831” (idem, p. 2-3).
37
Palacios (1999): “Textos literários supostamente não-lineares não são novidade. Para citar apenas alguns exemplos, temos O Jogo de Amarelinha, de Júlio Cortazar (1966), Composition numéro 1, de Marc Saporta (1965), Se numa noite de inverno um viajante...(1981), de
Italo Calvino, O Dicionário Kazar (1988), de Milorad Pavitch, o famoso conto de Jorge Luis
Borges sobre "O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam" (1941), etc, etc, etc. Cada uma dessas obras tem uma estrutura específica e busca "quebrar" a linearidade da narrativa de uma
forma particular. ” (idem p. 111-112).
Dois pesquisadores, Monteiro e Aquino fazem abordagens distintas quanto ao surgimento
da escrita hipertextual. A Rede de Alcance Mundial ou Web trouxe novos elementos para os
meios de comunicação, criando inúmeras possibilidades, no sentido da democratização da
informação. Novos elementos surgiram através da Internet e da Web, os meios de comunicação passaram a contar com um canal que reúne diversas mídias, texto, áudio, vídeo, imagens
estáticas e dinâmicas em um mesmo espaço. Monteiro alerta quanto ao processo de exclusão
digital, em função do baixo acesso a este tipo de tecnologia, por segmentos da população.
(MONTEIRO, 2001, p. 27)
Com o avanço da globalização, termo utilizado somente nas últimas décadas, mas
que surgiu nos tempos das primeiras trocas mercantis, o mundo hoje vem passando
por significantes transformações na sua forma de organização. Vivemos hoje o que
Castells (2002) denomina de “sociedade da informação”, cuja estrutura em forma de
redes configura o novo espaço global. A economia mundial guia-se sob as rédeas de
uma nova mercadoria: a informação; e a comunicação medida por computador, além
de influenciar o andamento do mercado mundial, possibilita a entrada nesta nova
morfologia social. (AQUINO, 2006, p. 1)
4.2 O moderno hipertexto
Ferrari (2007) identifica o hipertexto como um elemento da pós-modernidade. Ela considera uma linguagem híbrida, capaz de revigorar a partir da divisão entre oralidade e escrita
(idem, p. 9). Palacios e Ribas (2007) afirma que a hipertextualidade é uma condição fundante
do jornalismo na Internet. O jornalismo torna-se hipertextual, pois se utiliza das redes digitais.
Sendo o hipertexto uma interconexão de “textos”, formados por blocos de informação. Com
capacidade de possuir ou acumular uma ou mais formas midiáticas: escrita, som, foto, animação, vídeo, etc. Sendo necessário a interconexão para forma o elo. Possibilitando aos usuários
uma leitura não linear, através da navegação pelos hiperlinks. (idem, p. 37).
Os hipertextos, seja online ou offline são informações textuais combinadas com
imagens, sons, organizadas de forma a promover uma leitura (ou navegação) nãolinear, baseada em indexações e associações de ideias e conceitos, sob a forma de
links. Os links funcionam como portas virtuais que abrem caminhos para outras in38
formações. O hipertexto é uma obra com várias entradas, onde o leitor/navegador
escolhe seu percurso pelos links. (LEMOS, 2002, p. 130)
Vannevar Bush
A primeira referência à estrutura hipertextual, foi publicada em forma de artigo na revista
The Atlantic Monthly em julho de 1945, pelo matemático e físico americano, Vannevar Bush
(1890-1974) com o título: As We May Think (Como podemos pensar). Bush questionava os
métodos de organização de informação utilizados na comunidade científica, baseados em ordem hierárquica. Segundo o autor, deveria ser buscado um método inspirado na maneira como a mente humana funciona, ou seja, através de associações, pulando de uma informação
para a outra, através de referências não-lineares. (MONTEIRO, 2001, p. 30)
A principal crítica de Bush (1945, online) em As We May Think10 era aos sistemas
de indexação de informações da época, por serem alfabéticos, ou numéricos, ou por
classes e subclasses, ou seja, sempre dotados de alguma espécie de hierarquia que
fazia com que diversas vezes o pesquisador fosse obrigado a reiniciar uma busca em
função da falta de conexão entre os assuntos. Como o próprio título do ensaio de
Bush diz (As We May Think – “Como podemos pensar”), ele acreditava que as informações deveriam ser armazenadas e depois consultadas através de um esquema
similar ao pensamento humano, ou seja, de forma associativa. (AQUINO, 2007, p.
6-7)
Figura 3: Ilustração conceitual do Memex
Em As We May Think, Bush expressa o conceito de trilhas associativas, onde a mente
humana organiza as informações de forma associativa, aleatória e não sequencial. Ele utiliza
este conceito para esboçar o Memex, aparelho conceitual formado por uma mesa de trabalho,
com telas de projeção, teclado, botões e alavancas. O conteúdo é armazenado em microfilmes
e pode ser recuperado a partir da indexação por códigos e mnemônicos17. Mecanismos mecânicos procediam avanço ou retrocesso da publicação em exibição. Uma placa transparente
possibilitaria ao usuário proceder: anotações, imagens e memorandos, possibilitando a micro17
Mnemônica: Arte e técnica de desenvolver e fortalecer a memória mediante processos artificiais auxiliares, como, p.
ex.: a associação daquilo que deve ser memorizado com dados já conhecidos ou vividos; combinações e arranjos; imagens.
39
filmagem e armazenamento. “As trilhas associativas seriam os elos, hoje, chamados links hipertextuais, que conectariam as informações umas às outras em meio à grande quantidade de
dados armazenada.” O Memex permaneceu como um conceito acadêmico, sem jamais ser
construído.
Em 1946, logo após a publicação do artigo de Bush, surge o primeiro computador
eletrônico, o ENIAC – Eletronic Numeric Integrator and Calculator – projetado por
John W. Mauchly e J. Presper Eckert e construído na Universidade da Pensilvânia,
extremamente pesado e cujo funcionamento dependia de uma grande quantidade de
cabos telefônicos. Ao longo dos anos, após a invenção do transistor por John Bardeen, William Shockley e Walter Brattain, outros computadores foram sendo construídos e evoluídos por máquinas cada vez menores e mais rápidas. (AQUINO,
2006, p. 4)
Na década de 50, o diretor do Augmentation Research Center (ARC) do Stanford Research Institute (Instituto de Pesquisa de Stanford), Douglas Engelbart, testou telas com múltiplas janelas de trabalho. Com a ajuda do mouse18, manipulavam informações representadas na
tela por um símbolo gráfico, através das conexões associativas (hipertextuais) em bancos de
dados ou entre documentos escritos por autores diferentes. Em 1968, Engelbart desenvolveu
um processo denominado de On-line System (NLS). Este sistema incorporava algumas ideias
de Bush e tinha o objetivo proporcionar para os pesquisadores um ambiente de trabalho online. (AQUINO, 2006, p. 4)
Ted Nelson
Filósofo e sociólogo estadunidense nascido em 1937, Theodor Holm Nelson19 (Ted Nelson) é um dos pioneiros da Tecnologia da Informação. Em 1963 ele criou os termos: hipertexto e hipermídia20, publicados no vigésimo congresso ACM, no ano de1965, na cidade de Cleveland, Ohio. Aquino (2006) “Com o surgimento da Internet, em 1969, quando os membros
da Secretaria de Defesa dos Estados Unidos precisavam trocar informações a uma longa distância e através de um rápido acesso, uma forma de editoração textual, que já existia desde a
Idade Média, foi-se desenvolvendo e acabando por determinar a estrutura editorial básica da
rede mundial de computadores: o hipertexto. (idem, p. 1-2)
Ted Nelson concebeu em 1960, o que ele denominou de Projeto Xanadu. Baseado em hipertexto, o Projeto Xanadu seria uma biblioteca universal, podendo ser comparado à concep-
18
Mouse: Dispositivo periférico de apontamento, que controla a posição de um cursor na tela e que conta com um ou
mais botões, usado para indicar e selecionar opções, ícones e outros elementos de interface.
19
Nelson, Ted (1965). "Complex information processing: a file structure for the complex, the changing and the indeterminate." Proceedings of the 20th ACM Annual Conference (August 24-26, 1965, Cleveland, Ohio) pp. 84-100.
20
Hipermídia: Conjunto de informações apresentadas na forma de textos, gráficos, sons, vídeos e outros tipos de dados,
e organizadas segundo o modelo associativo e de remissões, próprio do hipertexto.
40
ção original da Biblioteca de Alexandria construída por Alexandre III da Macedônia (Alexandre, o Grande, nasceu em 20 de julho de 356 a.C. em Pella e morreu em 10 de junho de 323
a.C na Babilônia). Inspirado por seus preceptores, entre eles o mais destacado filósofo de todos os tempos, Aristóteles, Alexandre institui a construção da Biblioteca de Alexandria, um
complexo de bibliotecas, museus e escolas. Ponto de encontro dos principais pensadores da
cultura helênica. Ela foi concebida com o objetivo de colecionar e preservar toda a literatura
existente e promover a pesquisa. A instituição continha importante acervo da literatura grega
além de obras estrangeiras, traduzidas ou não. (AQUINO, 2006, p. 4)
Mesmo sem nunca ter saído do papel, o Projeto Xanadu, de Ted Nelson relembra o
intuito de Alexandre (o armazenamento de documentos), porém com um diferencial:
a conexão entre os documentos armazenados. Nelson foi mais ambicioso nos seus
pensamentos e com o projeto pretendia unir livros, enciclopédias, jornais, revistas,
documentos particulares e corporativos, enfim, todas as publicações do mundo disponibilizando-as para acesso dos leitores de forma interligada. Da mesma forma que
Bush, Ted Nelson pretendia que as informações, ligadas umas as outras, pudessem
ser acessadas de forma arbitrária e não de forma seqüencial. Assim, o termo hipertexto acabou sendo cunhado pelo filósofo quando da propositura do Xanadu. No entanto, a aplicação da prática hipertextual só foi sendo efetivamente utilizada e disseminada com o desenvolvimento da World Wide Web. (AQUINO, 2006, p. 4)
Andries Van Dam
Em 1967, foi implementado o primeiro hipertexto do mundo, através do sistema computacional na Universidade de Brown (Providence, RI), em parceria com a IBM (BUGAY e
ULBRICHT, 2000, p. 70). Andries Van Dam liderou um grupo de pesquisadores no desenvolvimento do Sistema de Edição de Hipertexto, que foi usado no Centro Espacial Lyndon B.
Johnson, no Texas (EUA), com objetivo de produzir a documentação para as missões Apolo21. Este mesmo grupo criou, posteriormente, o sistema Fress, uma continuação do Sistema
de Edição de Hipertexto. Os sistemas inicialmente “tinham a funcionalidade básica do hipertexto de ligar e saltar para outros documentos, mas a maioria da sua interface do usuário era
baseada em texto e requeria especificações indiretas do usuário para os saltos.”. (BUGAY e
ULBRICHT, 2000, p. 70)
4.3 Lévy e o conceito de hipertexto
Pierre Lévy aborda nas três publicações: As tecnologias da inteligência (1993), O que é
virtual? (1996) e Cibercultura (1999), a questão da hipertextualidade como elemento da co-
21
O Projeto Apollo (Projecto Apollo - Project Apollo - Projecto Apolo) foi um conjunto de missões espaciais coordenadas pela Nasa (agência espacial dos EUA) entre 1961 e 1972 com o objetivo de colocar o homem na Lua. O projeto
culminou com o pouso da Apollo 11 no solo lunar em 20 de julho de 1969.
41
municação na web e afirma: “O hipertexto [...] representa sem dúvida um dos futuros da escrita e da leitura.”. (LÉVY, 1993, p. 19)
O hipertexto é dinâmico, está perpetuamente em movimento. Com um dos dois cliques, obedecendo por assim dizer ao dedo e ao olho, ele mostra ao leitor uma de suas faces, depois outra, um certo detalhe ampliado, uma estrutura complexa esquematizada. Ele se redobra e desdobra à vontade, muda de forma, se multiplica se corta e
se cola outra vez de outra forma. Não é apenas uma rede de microtextos, mas sim
um grande metatexto de geometria variável, com gavetas, com dobras. (LÉVY,
1993, p. 41)
Lévy (1993) afirma que o tremo hipertexto tem o objetivo de exprimir a ideia de escrita/leitura não linear em um sistema de informática e que ao entrar em um espaço interativo de
manipulação, de associações e de leitura, a imagem e o som adquirem um estatuto de textos.
“Funcionalmente, um hipertexto é um tipo de programa para a organização de conhecimentos
ou dados, a aquisição de informações e a comunicação. [...] Constituindo-se em uma rede de
interfaces.”. (idem, p. 29, 33, 37).
Princípios gerais do hipertexto propostos por Lévy
Princípio de me- A rede hipertextual está em constante construção e renegociação. Ela pode
tamorfose
permanecer estável durante um certo tempo, mas esta estabilidade é em si
mesma fruto de um trabalho. Sua extensão, composição e desenho estão
permanentemente mudança, através dos atores envolvidos: humanos, palavras, imagens, traços de imagens ou de contexto, objetos técnicos, componentes destes objetos, etc.
Princípio de he- Os nós e a conexões de uma rede hipertextual são heterogêneos. Na memóterogeneidade
ria serão encontradas imagens, sons, palavras, diversas sensações, modelos,
etc., e as conexões serão lógicas, afetivas, etc.
Princípio de mul- O hipertexto se organiza em um modo “fractal”. Qualquer nó ou conexão,
tiplicidade e de quando analisado, pode revelar-se como sendo composto por toda uma
encaixe das esca- rede, e assim por diante, indefinidamente, ao longo da escala dos graus de
las
precisão.
Princípio de ex- A rede não possui unidade orgânica, nem motor interno. Seu crescimento e
terioridade
sua diminuição, sua composição e sua recomposição permanente dependem
de um exterior indeterminado: adição de novos elementos, conexões com
42
outras redes, excitação de elementos terminais.
Princípio de to- Nos hipertextos, tudo funciona por proximidade, por vizinhança. Neles, o
pologia
curso dos acontecimentos é uma questão de topologia, de caminhos. Não há
espaço universal homogêneo onde haja forças de ligação e separação, onde
as mensagens poderiam circular livremente. Tudo que se desloca deve utilizar-se da rede hipertextual tal como ela se encontra, ou então será obrigado
a modificá-la. A rede não está no espaço, ela é o espaço.
Princípio de mo- A rede não tem centro, ou melhor, possui permanentemente diversos cenbilidade dos cen- tros que são como pontas luminosas perpetuamente móveis, saltando de
tros
um nó a outro, trazendo ao redor de si uma ramificação infinita de pequenas
raízes, de rizomas, finas linhas brancas esboçando por um instante um mapa
qualquer com detalhes delicados, e depois correndo para desenhar mais à
frente outras paisagens do sentido.
Tabela 2: Lévy (1993) propõe seis características que abrangem as múltiplas possibilidades de inter-
pretações do hipertexto. (idem, p.25-26).
43
5 A INTERNET E O USO DO HIPERTEXTO
Sobre o uso do hipertexto na Internet, Aquino (2007) diz que o “hipertexto mental funciona, em partes, já que a nossa memória muitas vezes falha, mas ainda assim nossas lembranças são recuperadas através de uma rede de associações mentais que criamos em cada momento em que precisamos recuperar alguma informação. As lembranças, de acordo com autores como Halbwachs (2004); Sepúlveda (2003); Bartlett (SEPÚLVEDA, 2003); Casalegno
(2006) entre outros, são possíveis não apenas com fragmentos de memória individual, ou seja,
estes autores afirmam que a memória é sempre coletiva, na medida em que o homem é um ser
social, que mantém experiências com outros homens e que assim sua memória é formada em
conjunto com memórias alheias.”. (idem p. 3)
Entretanto, o suporte digital traz uma diferença considerável em relação aos hipertextos que antecedem a informática: a pesquisa nos sumários, o uso dos instrumentos de orientação, a passagem de um nó a outro são feitos, no computador, com
grande rapidez, da ordem de alguns segundos. Por outro lado, a digitalização permite a associação na mesma mídia e a mixagem precisa de sons, imagens e textos. De
acordo com esta primeira abordagem, o hipertexto digital seria definido como informação multimodal disposta em uma rede de navegação rápida e "intuitiva". Em
relação às técnicas anteriores de ajuda à leitura, a digitalização introduz uma pequena revolução copernicana: não é mais o navegador que segue os instrumentos de leitura e se desloca fisicamente no hipertexto, virando as páginas, deslocando volumes
pesados, percorrendo a biblioteca. Agora é um texto móvel, caleidoscópico, que
apresenta suas facetas, gira, dobra-se e desdobra-se à vontade frente ao leitor. (LÉVY, 1999, p. 56)
5.1 Não-linearidade
Aquino (2007) afirma de forma categórica que a navegação não-linear não surge com a
Internet, nem com a Web. O pensamento associativo é característico do ser humano, que em
uma simples reflexão pode perder-se em um complexo de significações. “Ao ler um livro,
assistir a um filme, escutar uma música, travar relações de comunicação, estamos constantemente formando um hipertexto mental, na medida em que pulamos de um assunto a outro
estabelecendo relações entre os mesmos.” Qualquer fenômeno que envolva significação é um
44
hipertexto, pois a construção de sentido é feita através dos elementos comunicacionais ou de
forma associativa. (idem p. 2)
Uma das características marcantes da narrativa na Web é a fragmentação do discurso.
Acessar diferentes blocos de informação através de links possibilita uma dinâmica singular ao
webjornalismo. O que permite ao leitor/internauta22 acessar diferentes visões informacionais
sobre um mesmo tema. Para alguns autores, a exemplo de Lévy, 1993; Landow, 1997; Rich,
1999, o hipertexto possibilita uma leitura não-linear. Liestol, 1994 e Palacios, 2000, consideram que ao estabelecer determinada leitura, o usuário mantém certa linearidade, específica,
provisória e provavelmente única. Oferecendo múltiplas possibilidades de continuidade, sendo mais adequada a utilização do termo ‘multilinear’ para o acesso do hipertexto. (PALACIOS; RIBAS, 2007, p. 39)
Palacios (1999) afirma que diferente da narrativa hipertextual da Web, a narrativa tradicional chega sempre a um fim, seja através de um livro ou filme. No hipertexto o Fechamento
não se dá de forma convencional (idem, p.3). “É perfeitamente válido afirmar-se que cada
leitor, ao estabelecer sua leitura, estabelece também uma determinada "linearidade" específica, provisória, provavelmente única.”. A cada nova leitura do mesmo texto, novas “linearidades” podem surgir, oferecendo múltiplas possibilidades de continuidade. (idem, p. 115).
Para entender os conceitos de Linearidade e Não-linearidade, é necessária a distinção entre Discurso (Discourse) e História ou Estória (Story) no âmbito da Narrativa. Christian Metz
faz a seguinte observação: A narrativa é uma sequencia duplamente temporal, entre o tempo
dos fatos narrados e o tempo da narrativa (o tempo do significado23 e o tempo do significante24). O que possibilita as rupturas temporais, a exemplo dos saltos temporais que um personagem vivencia em uma história, no primeiro momento uma criança, passa pela adolescência
e em minutos chega a vida adulta. Os fatos são narrados como flashes que marcam as passagens do tempo. “O que nos leva a pensar que uma das funções da narrativa é inventar um esquema temporal em termos de um outro esquema temporal." (PALACIOS, 1999, p. 115)
Existe uma distinção entre a Linha do Discurso e a Linha da História na narrativa. Num
filme ou numa novela, o Discurso é sempre linear. Ao assistirmos a um filme, para termos
uma noção mais exata, devemos assisti-lo do começo ao fim. O que represente uma sequencia
22
Internauta: Usuário da Internet, rede mundial de computadores, ou, Usuário intensivo da rede Internet, que ocupa
grande parte de seu tempo explorando os recursos por ela oferecidos.
23
Significado: Aquilo que uma língua expressa acerca do mundo em que vivemos ou acerca de um mundo possível.
24
Significante: A expressão oral de uma língua.
45
de imagens gravadas e projetadas frame a frame. Ao lermos uma novela, temos que decodificar letra por letra, que formam palavras que formam frases e estas as páginas do texto. “A
sequência temporal discursiva é unidirecional.”. (PALACIOS, 1999, p. 115-116)
Na Linha da História, no entanto, isso não é necessariamente verdade. Com efeito,
na maioria das narrativas, não existe uma sincronia entre Discurso e História. Gunnar Liestøl em seu artigo "The Readers Narrative in Hypertext"8 toma o exemplo do
filme Cidadão Kane, de Orson Welles, para ilustrar esse ponto: a história é contada
através de muitos flash-backs, mostrando uma anacronia entre os elementos da história e os elementos do discurso. O primeiro elemento no tempo do Discurso é a
morte de Kane em seu quarto em Xanandu, que na linha da História é quase o último. Além disso, podemos relacionar História e Discurso em termos de Duração, ou
seja, o tempo que leva para se narrar um evento na História, comparado com o tempo dos eventos no universo ficcional. (PALACIOS, 1999, p. 116)
5.2 Não-linearidade x Multilinearidade
A partir de um processo de leitura, o discurso armazenado (virtual) se atualiza. Independente da sua forma, hipertextual ou tradicional, levando a linearidades discursivas forjadas
pelo leitor. Esta ideia sugere a Multi-linearidade do Hipertexto, em contraposição à Unilinearidade do texto tradicional, e mesmo no texto tradicional, leituras regressivas são possíveis, criando Multi-linearidade. “A palavra “browser”, utilizada para designar os programas
de leitura de hipertexto, provém do verbo pré-informático “to browse”, que significa (entre
outras coisas) percorrer páginas a esmo.”. (PALACIOS, 1999, p. 117-118)
Em conclusão, parece-nos que a apropriação das ideias trabalhadas por Liestøl levam a uma melhor caracterização do Hipertexto enquanto estrutura discursiva MultiLinear, um termo que consideramos muito mais preciso e mais apropriado do que
Não-Linear, por traduzir mais adequadamente a multiplicidade de possibilidades de
construção e Leitura abertas pelo Hipertexto. (PALACIOS, 1999, p. 118)
5.3 O hipertexto no webjornalismo
Oliveira (2007) afirma que a produção de conteúdo no Webjornalismo se coloca como
um desafio para jornalistas e para as empresas de comunicação. Novas ferramentas de produção de conteúdo e novas práticas de leitura multilinear e hipertextual passaram a integrar o
campo do jornalismo na atualidade. À medida que o jornalismo online evolui, mais se domina
a convergência das mídias no meio Internet. Ficando claras as distinções entre o jornalismo
online e os demais meios de comunicação. “O hipertexto tem sido colocado como o principal
elemento para o desenvolvimento do Webjornalismo”. “Estudos apontam que o hipertexto foi
46
o principal mecanismo pela passagem da mera reprodução do jornal impresso no espaço da
Internet para um jornalismo hipermidiático e interativo.”. (idem p. 1)
Assim como a imprensa revolucionou o modo de vida social das sociedades modernas, as
novas tecnologias da informação, especialmente a Internet, têm produzido grandes transformações socioculturais e político-econômicas no mundo contemporâneo. A Internet, por sua
vez, tem alterado o modo de vida e de produção e trocas simbólicas, especialmente por meio
do hipertexto. Novas formas de apropriação e produção do conhecimento vêm-se desenvolvendo a partir da última década, com a expansão da Internet. A Web trouxe também um novo
paradigma junto à prática jornalística. (OLIVEIRA, 2007, p. 2)
Oliveira (2007) afirma que o hipertexto é um modo de interagir com os textos e não só
uma ferramenta como os processadores de textos. A partir de uma ação multilinear o leitor
assume o papel de coautor. Refutando a noção aristotélica25 de linearidade, proporcionando ao
leitor uma nova prática de leitura hipertextual/multilinear, elementos que fazem parte do jornalismo contemporâneo. O uso do hipertexto pelo leitor/usuário/internauta está levando os
webjornais a alteraram as rotinas produtivas. Isto ocorre em função do uso dos mecanismos
de interatividade proporcionados pelas Novas Tecnologias de Informação (NTC). Através dos
mecanismos de feedback26: comentários, correio eletrônico, chats , fóruns, grupos de discussão, entrevistas on-line, informações complementares, etc, o leitor/usuário/internauta interfere
na produção e veiculação dos conteúdos. Este processo de retroalimentação, interatividade, do
hipertexto, tem proporcionado o crescimento exponencial do jornalismo online. (idem, p. 3-4,
6-7)
Segundo Peruzzo (2006), a hipertextualidade no jornal pode ser potencializada mediante vários mecanismos já descritos por J. South (2001), citados e complementados por Sérgio Capparelli (2002, p. 20-21): a) antecipação d e um fato pela web; b)
versão expandida da reportagem; c) conexões dentro da reportagem com documentos relacionados ou com sites; d) interrupção da reportagem em segmentos conectados; e) antecedentes da reportagem; f) informações sobre o repórter; g) perfil de personagens históricas; h) glossário on-line : i) materiais complexos (relatórios de governo, arquivos jurídicos, agendas, minutas); j) transcrições de entrevistas ou discussões; l) listas ou sumários; m) listas de sites relevantes; n) fotos; o) gráficos; p) gráficos com animação; q) arquivos de áudio; r) arquivos de vídeo; s) conteúdo imersivo (3-D, vídeo de 360 graus e áudio). (OLIVEIRA, 2007, p. 4-5)
25
Aristotélico: O grupo das doutrinas de Aristóteles, filósofo grego (384-322 a.C.), e de seus seguidores. São temas
centrais do aristotelismo a teoria da abstração e do silogismo, os conceitos de ato e potência, forma e matéria, e substância e acidente, doutrinas todas que serviram à criação da lógica formal e da ética, e que exerceram e ainda exercem
enorme influência no pensamento ocidental. (FERREIRA, 2004)
26
Feedback: Realimentação e retroalimentação. Volta a um sistema, de parte do que ele eliminou, de forma a obter-se
algum controle sobre esta eliminação. (FERREIRA, 2004)
47
6 O JORNALISMO NA WEB
O jornalismo na Web passa por um processo de pesquisa e sistematização constante. Alguns termos são entendidos de forma diferenciada por teóricos da comunicação. Ainda não
existe um consenso sobre as terminologias a serem utilizadas para definir esta nova forma de
produção de conteúdos. Autores estadunidenses preferem os termos “jornalismo on-line” ou
“jornalismo digital”, enquanto os espanhóis aplicam o termo “jornalismo eletrônico”. Também são aplicadas as nomenclaturas: jornalismo multimídia ou ciberjornalismo. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 40)
Algumas tentativas já foram realizadas no sentido de estabelecer definições mais
precisas para estes termos, vejamos, por exemplo, o que dizem Bastos (2000) e Machado (2000). Bastos, após realizar um levantamento bibliográfico apresentando a
opinião de diversos outros autores, utiliza o termo jornalismo eletrônico para englobar o jornalismo online e o jornalismo digital (JE = JO + JD). Para ele, integrada às
práticas do jornalismo assistido por computador está a pesquisa online, a qual ele
denomina de jornalismo online. O jornalismo online, seria então, a pesquisa realizada em redes, onde as informações circulam, em tempo real e cujo objetivo é a apuração jornalística (pesquisa de conteúdos, recolha de informações e contato com fontes). As possibilidades referentes à disponibilização de informações jornalísticas na
rede são denominadas, pelo autor, de jornalismo digital. Fica evidente a preocupação com a esfera da produção: nas definições propostas por Bastos, fazer apuração é
jornalismo online; desenvolver e disponibilizar produtos é jornalismo digital. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 40-41)
Luciana Mielniczuk propõe um sistema que privilegia os meios tecnológicos, como fator
para determinar em que tipo de prática jornalística, seja na instância da produção ou na instância da disseminação de informações jornalísticas, está identificado à atividade. Ela afirma
que o termo jornalismo eletrônico é o mais abrangente de todos, tendo em vista o fato de que
a aparelhagem tecnológica que se utiliza no jornalismo é em sua maior parte de natureza eletrônica, seja ela analógica ou digital. Ao utilizar aparelhagem eletrônica para a captura das
informações, ou para a disseminação das mesmas, exerce-se o jornalismo eletrônico. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 41)
48
O termo jornalismo digital refere-se às tecnologias oriundas dos sistemas de codificação
binária e utilizadas nas práticas jornalísticas. Por exemplo, um gravador de som que armazena
a informação captada em uma fita magnética é um aparelho eletrônico analógico e não digital.
O gravador que utiliza a memória flash para armazenar a informação captada, é um dispositivo digital, pois as informações são armazenas em forma de códigos binários. (MACHADO;
PALACIOS, 2003, p.41-42)
A palavra online remete a ideia de conexão em tempo real, em um fluxo de informação
contínuo e quase instantâneo. Também pode ser classificada como operação realizada em conexão com outros pontos do sistema, permitindo compartilhamento de informações e colaboração no processamento, através de consultas e atualizações imediatas em bases de dados remotas. Para que se enviem as informações de forma online, é necessário que elas estejam codificadas digitalmente. Ou seja, é impossível mandar uma a fita magnética pela Internet. É
necessária a decodificação das informações contidas na fita magnética em um sistema binário,
digital. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 43)
A cibernética é uma ciência que estuda as comunicações e o sistema de controle não só
nos organismos vivos, mas também nas máquinas (FERREIRA, 2004). O ciberespaço é definido como um espaço hipotético ou imaginário, no qual se encontrar imersos aqueles que pertencem ao mundo da eletrônica, da informática. Enquanto o ciberjornalismo remete a ideia do
jornalismo praticado com auxílio de tecnológicas oferecidas pela cibernética, ou jornalismo
praticado com o auxílio do ciberespaço. “A utilização do computador para gerenciar um banco de dados na hora da elaboração de uma matéria é um exemplo da prática do ciberjornalismo.”. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 42-43)
Mielniczuk adota o termo Webjornalismo, referindo-se a parte específica da Internet, que
disponibiliza interfaces gráficas de uma forma amigável. “A Internet envolve recursos e processos que são mais amplos do que a web, embora esta seja, para o público leigo, sinônimo de
Internet. Conforme Canavilhas (2001), a nomenclatura encontra-se relacionada com o suporte
técnico: para designar o jornalismo desenvolvido para a televisão, utilizamos telejornalismo; o
jornalismo desenvolvido para o rádio, chamamos de radiojornalismo; e chamamos de jornalismo impresso àquele que é feito para os jornais impressos em papel.”. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 43)
O quadro a seguir, foi elaborado por Luciana Mileniczuk e apresenta de forma resumida,
as terminológicas e suas definições:
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Definição
Nomenclatura
utiliza de equipamentos e recursos eletrônicos
Jornalismo eletrônico
Jornalismo
digital
ou emprega tecnologia digital, todo e qualquer procedimento
Jornalismo multimídia
que implica no tratamento de dados em forma de bits
Ciberjornalismo
envolve tecnologias que utilizam o ciberespaço
Jornalismo online
é desenvolvido utilizando tecnologias de transmissão de
dados em rede e em tempo real
Webjornalismo
diz respeito à utilização de uma parte específica da Internet, que é a web
Tabela 3: Resumo das definições de nomenclaturas sobre práticas de produção e disseminação de informação no jornalismo contemporâneo. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 44)
Mielniczuk elabora um sistema elíptico para delimitar os campos de abrangências das
nomenclaturas e alerta para o fato destas delimitações não serem excludentes, mas complementares. Pois, perpassam, e se enquadram em formas concomitantes, e em distintas elipses.
(MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 44)
Na rotina de um jornalista contemporâneo estão presentes atividades que se enquadram em todas as nomenclaturas definidas. Vejamos pois, ao consultar o arquivo da
empresa na qual trabalha, o profissional poderá assitir a uma reportagem gravada em
fita VHS (jornalismo eletrônico); usar o recurso do e-mail para comunicar-se com
uma fonte ou mesmo com seu editor (jornalismo online); consultar a edição anual
condensada – editada em CD-ROM – de um jornal (jornalismo digital); verificar dados armazenados no seu computador pessoal (ciberjornalismo); ler em sites noticiosos disponibilizados na web material que outros veículos já produziram sobre o assunto (webjornalismo). (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 45)
50
Figura 4: Elipses ilustram a delimitação da abrangência das terminologias. O Jornalismo Eletrônico
abrange todo o sistema, enquanto o webjornalismo é o jornalismo aplicado na rede, ou web. (MACHADO;
PALACIOS, 2003, p. 44)
6.1 Etapas do desenvolvimento do Webjornalismo
Segundo Mielniczuk, surgiram ao longo de uma década de webjornalismo, diversas tentativas de desenvolvimento tecnológico para disponibilização de conteúdos jornalísticos online.
Estudos desta evolução apontam para a divisão em três categorias distintas, que são abordados
pelos pesquisadores: Pavlik (2001), Silva Jr, (2002) e Palacios (2002). (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 45)
John Pavlik (2001) descreve as fases do webjornalismo, como foco a produção de conteúdos e identificando três fases. A primeira fase é denominada de “modelo-mãe”, os sites reproduzem o material jornalístico, produzido inicialmente para outros meios. Na segunda fase
os jornalistas criam conteúdos originais para a web, passando a utilizar hiperlinks. A terceira
fase, caracteriza-se pela produção de conteúdos jornalísticos desenvolvidos especificamente
para a web, além do reconhecimento científico como novo meio de comunicação. “O aspecto
mais importante desta fase, segundo o autor, são as experimentações de novas formas de
storytelling. Ele cita a possibilidade de narrativas imersivas que permitem ao leitor navegar
através da informação em multimídia.”. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 46)
51
Silva Junior ao estabelece três estágios de desenvolvimento para identificar o período histórtico em que se encontra o sítio jornalístico: Transpositivo, Perceptivo e Hipermidiático. O
estágio Transpositivo, ocorre nos primeiros jornais online. O formato e a organização seguem
o modelo do jornal impresso. Sendo uso mais fechado, reproduzindo em novo suporte, com
bastante fidelidade, o referente pré-existente como origem simbólico. No estágio Perceptivo,
alguns recursos tecnológicos são agregados, permanecendo o caráter transpositivo, mas com
uma organização própria para a rede. O Hipermidiático é mais recente, existe uso de recursos
hipertextuais e convergências midiáticas, além da disseminação do mesmo conteúdo jornalístico através de diversas plataformas e serviços informativos. (MACHADO; PALACIOS,
2003, p. 46-47)
A sistematização de Silva Jr. difere de John Pavlik, enquanto Silva Junior abordas as etapas de desenvolvimento do webjornalismo a partir da disseminação dos conteúdos nas redes
digitais, Pavlik observa produção de conteúdos noticiosos, como forma de diferenciar as fases
do desenvolvimento do webjornalismo. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 47-48)
Luciana Mielniczuk propõe uma classificação a partir da esfera do produto aplicado no
webjornal, com possibilidades de se pensar as questões da produção e disseminação das informações. A trajetória do webjornalismo também é dividida em fases ou momentos: produtos de primeira geração ou fase da transposição; produtos de segunda geração ou fase da metáfora; e produtos de terceira geração ou fase da exploração das características do suporte
web. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 48)
Webjornalismo de primeira geração – “Num primeiro momento, os produtos oferecidos eram reproduções de partes dos grandes jornais impressos, que passavam a ocupar o espaço na Internet. [...] Os produtos desta fase, em sua maioria, são simplesmente cópias para a
web do conteúdo de jornais existentes no papel. A rotina de produção de notícias é totalmente
atrelada ao modelo estabelecido nos jornais impressos [...]. A disponibilização de informações
jornalísticas na web fica restrita à possibilidade de ocupar um espaço, sem explorá-lo enquanto um meio que apresenta características específicas.” (MACHADO; PALACIOS, 2003, p.
48-49)
Webjornalismo de segunda geração – “Favorecidas pelo aperfeiçoamento e desenvolvimento da estrutura técnica da Internet, podemos identificar uma segunda tendência nas iniciativas para o jornalismo online na web, quando mesmo ‘atrelado’ ao modelo do jornal impresso, começam a ocorrer experiências na tentativa de explorar as características específicas
52
oferecidas pela rede. Nesta fase, o jornal impresso é utilizado como metáfora para a elaboração das interfaces dos produtos. [...] Ao mesmo tempo em que se ancoram no modelo do jornal impresso, as publicações para a web começam a explorar as potencialidades do novo ambiente, tais como links com chamadas para notícias de fatos que acontecem no período entre
as edições; o e-mail passa a ser utilizado como uma possibilidade de comunicação entre jornalista e leitor ou entre os leitores, através de fóruns de debates; a elaboração das notícias passa
a explorar os recursos oferecidos pelo hipertexto; surge as seções ‘últimas notícias’. A tendência, salvo exceções, ainda é a existência de produtos vinculados não só ao modelo do
jornal impresso enquanto produto, mas também às empresas jornalísticas cuja credibilidade e
rentabilidade estavam associadas ao jornalismo impresso.” (MACHADO; PALACIOS, 2003,
p. 49-50)
Webjornalismo de terceira geração – “O cenário começa a modificar-se com o surgimento de iniciativas tanto empresariais quanto editoriais destinadas exclusivamente para a
Internet. São sites jornalísticos que extrapolam a ideia de uma versão para a web de um jornal
impresso já existente. Um dos primeiros e, talvez, principal exemplo desta situação seja a
fusão entre a Microsoft e a NBC, uma empresa de informática e uma empresa jornalística de
televisão, ocorrida em 1996 (Estado, 1997). O www.msnbc.com é um site de jornalismo mas
que não surgiu como decorrência da tradição e da experiência do jornalismo impresso. [...]
Neste estágio, [...] os produtos jornalísticos apresentam: - recursos em multimídia, como sons
e animações, que enriquecem a narrativa jornalística; - recursos de interatividade, como chats
com a participação de personalidades públicas, enquetes, fóruns de discussões; apresentam
opções para a configuração do produto de acordo com interesses pessoais de cada leitor/usuário; - a utilização do hipertexto não apenas como um recurso de organização das informações da edição, mas também como uma possibilidade na narrativa jornalística de fatos; atualização contínua no webjornal e não apenas na seção ‘últimas notícias’.” (MACHADO;
PALACIOS, 2003, p. 50)
6.2 Características do jornalismo desenvolvido para web
Palacios ao estudar o jornalismo desenvolvido na web, aborda os estudos de Bardoel e
Deuze, onde identifica a existência de quatro elementos distintivos que o caracterizam: Interatividade, Customização de Conteúdo, Hipertextualidade. Seguindo com os estudos, Palacios
estabelece seis características: Multimidialidade/Convergência, Interatividade, Hipertextuali53
dade, Personalização, Memória e Instantaneidade de Acesso, o que possibilita a atualização
continua. “Estas características refletem as potencialidades oferecidas pela Internet ao jornalismo desenvolvido para a Web.”. Nem todas as características oriundas das Novas Tecnologias de Comunicação (NTC), são efetivamente aproveitadas utilizadas nos jornais online.
(MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 17)
Multimidialidade/Convergência – A multimidialidade refere-se à convergência dos
formatos das mídias tradicionais (imagem, texto e som) na narração do fato jornalístico. A
convergência torna-se possível em função do processo de digitalização da informação e sua
posterior circulação e/ou disponibilização em um mesmo espaço, a Internet. (MACHADO;
PALACIOS, 2003, p. 18)
Interatividade – “[...] a notícia online possui a capacidade de fazer com que o leitor/usuário sinta-se mais diretamente parte do processo jornalístico. [...] pela troca de e-mails
entre leitores e jornalistas, através da disponibilização da opinião dos leitores, como é feito
em sites que abrigam fóruns de discussões, através de chats com jornalistas, etc. [...] a navegação pelo hipertexto também pode ser classificada como uma situação interativa. Adota-se o
termo multi-interativo para designar o conjunto de processos que envolvem a situação do leitor de um jornal na web. Diante de um computador conectado à Internet e ao acessar um produto jornalístico, o usuário estabelece relações”. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 18-19)
Hipertextualidade – Consiste na interconexão entre textos através do hiperlink (link). O
que possibilita acesso a textos diversos, mas inter-relacionados com a notícia inicial, ou textos
complementares (fotos, sons, vídeos, animações, etc). (MACHADO; PALACIOS, 2003, p.
19)
Customização do Conteúdo/Personalização – “Também denominada individualização,
a personalização ou costumização, consiste na opção oferecida ao Usuário para configurar os
produtos jornalísticos de acordo com os seus interesses individuais.” (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 19)
Memória – Segundo Palacios, a web possibilita o acumulo e acesso online das informações publicadas com custos mais reduzidos do que em outras mídias. O fato dos textos estarem interconectados através de hiperlinks transforma a memória em uma construção coletiva.
Possibilitando um crescimento exponencial dos conteúdos disponibilizados na Internet. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 20)
54
Instantaneidade/Atualização Contínua – A digitalização das informações jornalísticas,
aliada às redes telemáticas, proporciona um processo de disponibilização quase instantâneo
destes conteúdos. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 20)
6.3 Formatos das notícias dentro do webjornal
Luciana Mielniczuk divide os espaços que identificam o tipo da informação em três características: Cobertura Cotidiana, Especiais e Últimas Notícias: (MACHADO; PALACIOS,
2003, p. 51)
Coberturas Cotidianas – São formadas pelas notícias rotineiras dos veículos. Geralmente são mais resumidas e ilustradas por fotografias, eventualmente podem possuir links para
arquivos de áudio e vídeo. O que não ocorre com Últimas Notícias. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 51)
Especiais – São formadas por notícias mais extensas, elaboradas com intervalo de tempo
maior e ocupam lugares específicos no webjornal, ficam expostas por mais tempo, são ilustradas através da múltiplo meios, texto, imagem, ilustração e som. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 52)
Últimas Notícias – As notícias tem o caráter de notas, textos curtos. Buscam transmite
um determinado fato o mais próximo de tempo possível do tempo em que eles transcorrem.
Nos webjornais brasileiros são denominados de “Plantão” ou “Últimas Notícias”. A maior
parte dos textos disponibilizados é oriunda das agências de notícias. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 51)
55
7 TEORIA DA NOTÍCIA
A teoria cientifica objetiva delimitar conceitualmente os fenómenos que explica ou prevê.
A teoria do jornalismo deve ser vista como uma teoria da notícia. Pois ela resulta do processo
jornalístico de produção da informação, ou seja, a notícia é um fenômeno que deve ser explicado e previsto pela teoria do jornalismo. Qualquer que seja a teoria do jornalismo, objetiva
delimitar o conceito de notícia. (SOUSA, 2010, p.2)
É preciso também notar que o conceito de notícia tem uma dimensão que poderíamos classificar como táctica e uma dimensão que poderíamos classificar como estratégica. A dimensão táctica esgota-se na teoria dos géneros jornalísticos. Nessa dimensão, distingue-se notícia de outros géneros, como a entrevista ou a reportagem.
Todavia, a dimensão estratégica encara a notícia como todo o enunciado jornalístico.
Esta opção é aquela que interessa à teoria do jornalismo enquanto teoria que procura
explicar as formas e os conteúdos do produto jornalístico. (SOUSA, 2010, p.2-3)
Teoria da Notícia Unificada, segundo Sousa
As diversas teorias que tentam explicar o conceito do que é notícia, esbarram nas suas
próprias limitações históricas. Desenvolvidas a partir de um olhar do presente histórico e sob
suas influências socioculturais, não conseguem explicar na sua totalidade os conceitos do que
é notícia. Sousa em sua sistematização, busca definir a parir de uma formulação matemática/social o que é notícia, que forças atuam para que ela exista e seja válida. Sua teoria, denominada de “Teoria Unificada da Notícia” cuja equação: N = f (Fp.Fso.Fseo.Fi.Fc.Fh.Fmf.Fdt),
aborda conceitos amplos e presentes nas diversas culturas.
Há autores que consideram que as explicações que têm sido avançadas para explicar
os formatos e conteúdos das notícias são insuficientes para se edificar uma teoria do
jornalismo e por vezes são também antagónicas e contraditórias. O mais referenciado defensor lusófono desta tese é, provavelmente, Nelson Traquina (2001; 2002).
(SOUSA, 2010, p.4)
Sousa parte de um conceito matemático, exemplo: teoria da relatividade explicita que a
energia é diretamente proporcional ao produto da massa pelo quadrado da velocidade da luz
(E =mc2). Para formular o conceito de uma Teoria da Notícia. A partir dos estudos teóricos de
56
Shoemaker e Reese (1991; 1996) e de Schudson (1988), Sousa (1997; 2000; 2002), procurou
unificar os conceitos através de uma fórmula matemática, clara e breve. (SOUSA, 2010, p.9)
A teoria unificada da notícia de Sousa tem o seguinte enunciado: a notícia é o resultado da interação simultaneamente histórica e presente de forças de matriz pessoal,
social (organizacional e extra-organizacional), ideológica, cultural, do meio físico e
dos dispositivos tecnológicos, tendo efeitos cognitivos, afectivos e comportamentais
sobre as pessoas, o que por sua vez produz efeitos de mudança ou permanência e de
formação de referências sobre as sociedades, as culturas e as civilizações. (SOUSA,
2010, p.9-10)
N = f (Fp.Fso.Fseo.Fi.Fc.Fh.Fmf.Fdt)27
Nomenclatura
Definição
Fp - Força pessoal
As notícias resultam parcialmente das pessoas e das suas intenções, da
capacidade pessoal dos seus autores e dos atores que nela e sobre ela
intervêm.
A Força Social é constituída: Fso (Força Aócioorganizacional) e Fseo
(Força Social Extraorganizacional)
As notícias são fruto das dinâmicas e dos constrangimentos do sistema
social (força social extra-organizacional- Fseo), particularmente do meio
organizacional em que foram construídas e fabricadas (força sócioorganizacional- Fso).
Fi - Força ideológica
As notícias são originadas por conjuntos de ideias que moldam processos
sociais, proporcionam referentes comuns e dão coesão aos grupos, normalmente em função de interesses, mesmo quando esses interesses não
são conscientes e assumidos.
Fc - Força cultural
As notícias são um produto do sistema cultural em que são produzidas,
que condiciona quer as perspectivas que se têm do mundo quer a significação que se atribui a esse mesmo mundo (mundividência).
Fh - Força histórica
As notícias são um produto da história, durante a qual agiram as restantes forças que enformam as notícias que existem no presente.
Fmf - Força do meio As notícias dependem do meio físico em que são fabricadas.
físico
Fdt - Força dos disposi- As notícias dependem dos dispositivos tecnológicos usados no seu protivos tecnológicos
cesso de produção.
A tradução matemática da parte da teoria que diz respeito à construção da notícia é uma função em
que N = notícia, está ligada de forma proporcional ao produto das forças (f). Ou seja, o conjunto de
forças determina o que é notícia.
Figura 5: Teoria Unificada da Notícia, equação e definição das forças. (SOUSA, 2010, p.10)
27
Ao enunciar a teoria em formato de fórmula (N = f (Fp.Fso.Fseo.Fi.Fc.Fh.Fmf.Fdt.Fh), Jorge Pedro Sousa, nascido
em 1967, professor e pesquisador de jornalismo na Universidade Fernando Pessoa (Porto, Portugal), comete um equivoco ao repetir a Força Histórica (Fh) duas vezes. Neste trabalho foi eliminada a repetição.
57
8 ESTRUTURA DO JORNAL GRANDE BAHIA
O Jornal Grande Bahia (JGB) foi criado em 18 de janeiro de 2007, inicialmente como o
nome Jornal Feira Hoje. Com. Br (domínio: jornalfeirahoje.com.br). Em 20 de agosto de
2010, o conteúdo, cerca de 20 mil noticias, foi transferido para o Jornal Grande Bahia (domínio: jornalgrandebahia.com.br), em 29 de outubro de 2010, o jornal passou a contar com
23.793 notícias publicadas. “Este nome foi sugestão de Joilton Freitas. Na época buscávamos
um nome que desse a ideia de um jornal estadual”, afirma Sérgio Jones, editor do JGB.
A Locaweb Serviços de Internet S/A. é a empresa responsável pelo sistema de banco de
dados do jornal, ou seja, pelo armazenamento e segurança das notícias publicadas. Segundo o
relatório IDC LA IT Services 2009, categoria Infrastructure Hosting Services, la é líder em
hospedagem de sítios no Brasil e na América Latina. Possuí 12 anos de experiência e parcerias com 19 mil desenvolvedores, além de oferecer soluções de Internet, Data Center e Comunicação. Em outubro de 2010, a Locaweb informou que possuía: 221.014 clientes, com
2.540.000 serviços de E-mails, hospedando 355.576 sítios, sendo responsável pela manutenção de 587.684 domínios de Internet. (LOCAWEB, 2010, p.1)
A Locaweb provê um conjunto de soluções corporativas, entre servidores e outros
serviços dedicados, que garantem desempenho, segurança, confiabilidade e flexibilidade às suas aplicações empresariais. Para oferecer tudo isso, a Locaweb conta
com dois data centers próprios no Brasil. Ambos foram projetados e construídos utilizando práticas de TI verde, desde a concepção de seus espaços até a utilização de
equipamentos adequados e tecnologias modernas, atendendo também a rigorosos
padrões internacionais de operações e segurança. (LOCAWEB; DATA CENTER,
2010, p.1)
8.1 A equipe
O JGB trabalha com o conceito de jornalismo colaborativo, ou seja, os profissionais podem publicar seus textos onde quer que eles estejam sem a necessidade de ocuparem o mesmo
58
local de trabalho. A redação do webjornal fica situada na Rua Barão de Cotegipe, número
878, 1º andar, sala 101, Bairro Centro, em Feira de Santana. Ele é editado pela empresa: Carlos Augusto Oliveira da Silva Me, CNPJ 00.404.143/0001-69.
No controle dos fluxos de notícias participam: Carlos Augusto Oliveira da Silva, diretor
do veículo e Sérgio Antônio Costa Jones, na condição de editor. Vanuza Rios de Oliveira atua
como secretaria-assistente e José Carlos dos Santos Silva é o responsável pelo departamento
comercial. De forma colaborativa, o jornal conta com: Antônio José Laranjeira na condição de
colunista social, além os blogs assinados por: Alberto Peixoto, Alexandru Solomon, Bruno
Peron Loreiro, Carlos Lima, Carlos Silva, Décio Nascimento, Emiliano José, Jamerson Ribeiro, João Herkenhoff, Juarez Duarte Bomfim, Julio César Cardoso, Ligia Motta, Marcelo Vinicius, Oldack Miranda, Amorim Neto, Sandro Penelú, Sérgio Tarcitano e Vasco Vasconcelos.
Além das pessoas citadas, assinam blogs: Carlos Augusto, Carlos Silva e Sérgio Jones.
Dois links, Opinião e Sociedade em Debate, dão acesso à publicação de artigos enviados por
leitores do jornal, ou, oriundos, em sua maior parte, do sítio Observatório da Imprensa. É importante notar que o número de blogs ativos pode variar de acordo com o fluxo de postagens.
Pessoas que postam depois de períodos longos, acima de um mês, são desativadas do sistema
pelos administradores dos conteúdos, Carlos Augusto e Sérgio Jones. O objetivo é manter
pessoas que atualizem sempre os conteúdos, o que leva a rotatividade de colaboradores.
8.2 Estrutura da página inicial
A página inicial do webjornal, também conhecida como index, é formada por uma tabela,
com 1024 pixels de largura, dividida por três colunas horizontais: topo, editorias principais,
rodapé. No topo estão dispostas: local e data da publicação, opção de impressão e favoritos,
além de links para os canais de vídeo e áudio. É oferecida a opção de pesquisa, além de espaços para a logomarca do jornal e anúncios publicitários em forma de banners.
59
Figura 6: Imagem ilustra disposição das colunas.
Na segunda coluna horizontal estão dispostos links para os principais conteúdos postados
no jornal. Eles foram divididos por editorias e objetivam hierarquiza as notícias, sendo classificadas de: Manchete, Política 1, Política 2, Feira 1, Feira 2, Cidades, Salvador, Estadual, Nacional, Congresso, Economia, Mídia e Últimas Notícias. A opção pela subdivisão de uma
mesma editoria é devido à ocorrência de fatos relevantes ao longo do dia, sendo que “ao optarmos por Feira 1 e Feira 2, mantemos na capa do jornal, duas notícias sobre a cidade. Isto
ocorre em função da reduzida quantidade de profissionais na redação, ou seja, o ideal é que
um webdesign28, orientado pelo editor realizasse modificações na capa do jornal, de acordo
com o fluxo de notícias postadas.
Na terceira coluna horizontal, também denominado de rodapé, consta o termo de direito
autoral, endereços e telefones do jornal, além de um link geral de RSS (sistema realmente
simples de distribuição de informações) cujo objetivo é disponibilizar para diversas plataformas tecnológicas, um resumo hipertextual das últimas vinte notícias postadas no JGB. Este
resumo conta com: título da notícia, os primeiros 500 caracteres da primeira linha do corpo da
28
Webdesign: conjunto das atividades e técnicas de design gráfico e de editoração eletrônica aplicadas à preparação de
sites e páginas na web. (PINHO, 2003, p. 275)
60
notícia, nome do autor da postagem, além da data e hora da publicação. Este sistema é atualizado
instantaneamente
e
pode
ser
acessado
através
do
endereço:
www.jornalgrandebahia.com.br/rss/.
Na vertical, o sítio foi dividido em quatro colunas. A primeira coluna da esquerda, possuí
160 pixels de largura, sendo composta por links, divididos em editorias principais e secundárias. As editorias principais são denominadas de: colunista social, justiça, mundo, educação,
entretenimento, blogs, artigos, reportagem fotográfica, sobre a empresa, interatividade e links
diversos com conexões externas.
Ela é hierarquizada por editorias, sendo que o primeiro item, Todas Notícias, leva o leitor/usuário/internauta a uma página com o títulos publicados de forma cronológica inversa, ou
seja, da data presente para o passado. Podendo efetuar pesquisas por palavras chaves, datas ou
listagem dos conteúdos disponibilizados no jornal. Cada editoria: Colunista, Judiciário, Mundo, Educação e Entretenimento, Especiais, Reportagem Especial, Blogs, Artigos, Fotografia,
JGB - A empresa, JGB – Interatividade, Visitas e Newsletter, conta com sub editorias correspondentes aos enunciados.
Todos os links da primeira coluna vertical são dedicados exclusivamente a criar vínculos
com os diversos conteúdos do jornal. Comparado com os webjornais, G1, Folha e Estadão,
este formato de divisão está uma geração atrasada. Os modernos webjornais deslocaram todos
os links pra o rodapé
A segunda coluna vertical, possuí 468 pixels de largura, nela é destacada a Manchete do
webjornal. O tipo da fonte é Arial, o jornal trabalha com as cores azul e preta, sendo que a cor
azul é usada para títulos e a preta para os subtítulos, intertítulos e corpo dos parágrafos. O
título é composto por 140 caracteres no máximo e obedece a postagem máxima de textos
SMS (Short Message Service – Serviços de Mensagens Curtas) usadas em trocas de mensagens entre telefones, web e redes sociais, a exemplo do Twitter. Seguido do título, um breve
resumo, criado de forma automática pela programação do sistema e contendo no máximo 250
caracteres, oriundo do primeiro parágrafo da manchete. Tanto o título, como o resumo são
hiperlincados com o conteúdo. Ou seja, acionando o hiperlink, o internauta é remetido ao conteúdo completo da notícia, através de uma nova janela.
Abaixo da Manchete, é disponibiliza uma galeria de fotos, com máximo de seis imagens.
A galeria conta com miniaturas das fotos dispostas, além de legenda com máximo de 215 caracteres. As imagens são hiperlincadas com conteúdos do jornal ou conteúdos externos. O
61
editor pode postar uma imagem que ao ser acionada remeta para uma página externa a exemplo do New York Times (nytimes.com).
Na sequência são depostos banners no formato 468x60 pixel, intercalados por notícias,
formados por: Título, resumo, data e hora. Ao final da coluna é disponibilizada uma galeria de
fotos que utiliza a linguagem Java. Esta galeria conta com um título, não existe a presença de
resumo, ela é atualizada mensalmente. Nela são postadas no máximo 30 fotografias. Sendo
que todas as publicações da página inicial, também chamada de Index ou Home, são hiperlincadas com o conteúdo completo.
A terceira coluna vertical é composta pelas editorias secundárias. Nelas estão dispostos
apenas os títulos das notícias, a exceção é do Colunista Social, que conta com título e resumo.
No final da coluna é disponibilizado um canal de vídeo, áudio e as cinco últimas fotos publicadas. Podem ser vistos na página inicial, ou o usuário pode optar por acionar o hiperlink para
uma página, onde terá acesso a um breve comentário sobre o conteúdo. No caso das fotos o
usuário e remetido às respectivas notícias postadas.
A quarta coluna vertical possuí 120 pixels de largura. Ela é dedicada à publicidade comercial ou institucional, são disponibilizados banners nos formatos de arquivo: JPEG, GIF ou
Flash. A exceção da galeria de fotos da segunda coluna vertical, todo o sistema funciona de
forma automática, ou seja, uma vez postada à notícia, ela automaticamente aparece na página
inicial. Isto ocorre em função da deficiência de pessoal. O ideal seria que o jornal contasse
com um editor e um webdesigne, responsáveis pela organização do conteúdo na página inicial. Uma vez que o conteúdo fosse liberado, eles analisam a melhor forma de apresentá-lo na
página inicial.
8.3 Estrutura das páginas internas
As páginas internas do JGB são dívidas em três colunas horizontais e três colunas verticais. As três colunas horizontais e a primeira e a quarta coluna vertical são fixas, ou seja, aparecem em todas as páginas do JGB. A segunda coluna vertical, possuí 720 pixels de largura.
No alto da página é indicada em que editoria a notícia está inserida, um link direciona para o
RSS e outro leva para um índice com todas as publicações da editoria. Na segunda linha,
consta a data e hora da publicação, se existem comentários e um sistema de compartilhamento
da informação, onde o conteúdo disposto pode ser disponibilizado para diversos serviços da
web. A terceira linha é formada pelo título da notícia, e caso tenha sido utilizada é disposta na
62
quarta linha um subtítulo. Na quinta linha é disponibilizado o corpo da notícia. No final da
notícia, ela é assinada pelo responsável.
Na sequência é disposto um espaço para comentário com os campos: Nome, E-mail e
comentário limitado a 500 caracteres, com a observação: O comentário é de total responsabilidade do internauta que o inseriu. O JGB reserva-se o direito de não publicar mensagens com
palavras de baixo calão, publicidade, calúnia, injúria, difamação ou qualquer conduta que
possa ser considerada criminosa. Existe um botão de enviar, mas nenhuma resposta é verificada ao acioná-lo, o que pode levar o internauta a não saber se o sistema funciona ou se sua
mensagem foi corretamente envida. Os portais de notícias também estão optando por cadastros completos dos comentaristas, reduzindo a possibilidade de anonimato. No JGB permanece um modelo simplificado de comentário.
Por último, aparece uma chamada com o título: Leia Também, onde são dispostos os últimos cinco textos publicados. Sistemas mais modernos indexam esta listagem de acordo com
o conteúdo postado. De qualquer maneira, uma das características do jornalismo na web é que
o internauta pode ler sempre as notícias anteriores, ou seja, usando a Memória (MACHADO;
PALACIOS, 2003, p. 20), e uma chama pode ser interessante para mantê-los por mais tempo
no webjornal. Não se tem conhecimento sistematizado para afirmar quais dos dois sistemas
tem melhor efeito sobre os internautas. Abaixo da listagem, repete-se o link, ‘Ver todas as
publicações de (nome da editoria)’. Na sequência é disposto um banner no formato 768x90
pixel, que por limitação da coluna, 720 pixels de largura, é exposto com corte abrupto.
As paginas dos blogs seguem a estrutura citada anteriormente, sendo que no topo, é identificado o autor do blog, com breve resumo sobre sua biografia.
8.4 Relatório de audiência do JGB
A audiência de um sítio pode ser medida com precisão através do relatório de visitas do
sistema de hospedagem. No caso do JGB, o relatório é fornecido pelo sistema da Locaweb e
não existe neste processo, qualquer nível de interferência da direção do webjornal junto aos
indicadores de audiência. Esta precisão é possível porque cada computador, ou aparelho, conectado a rede tem um IP (Internet Protocolo) independente e cada vez que existe uma conexão a um determinado sítio, fica registrado o número do IP, além da sua localização geográfica. (LOCAWEB, RELATÓRIOS, 2010, p. 1)
63
O sistema de relatório é protegido por senha, o que impossibilita a terceiros terem acessos
aos dados estatísticos do sítio. Os itens expostos na tabela abaixo utiliza a opção de Resumo
Estatístico, que mostra os totais e médias das: Sessões, Impressões de Páginas, Hits, e Bytes,
para o intervalo de tempo selecionado, neste caso, o período de um mês. (LOCAWEB, RELATÓRIOS, 2010, p. 1)
Metodologia de Cálculo: a sessão é uma série de Hits para seu website em um determinado intervalo de tempo por um visitante. As visualizações de páginas são requisição de página
web feita pelo navegador do visitante ao servidor web; isto exclui imagens, JavaScript, e outros tipos de arquivos anexados. Hit é qualquer requisição com sucesso ao servidor web pelo
navegador de um visitante e Bytes, trata-se do tráfego de rede em bytes gerado pelos arquivos
requisitados durante o intervalo selecionado. (LOCAWEB, RELATÓRIOS, 2010, p. 1)
64
Relatório de visitas do Jornal Grande Bahia
Intervalo de tempo: 01/10/2010 - 31/10/2010
Total de Sessões
100.779,00
Total de Impressões de Página
3.487.876,00
Total de Hits
5.759.197,00
Total de Bytes Transferidos
Média de Sessões por dia
71,68 GB
3.250,94
Média de Impressões de Página por dia
112.512,13
Média de Hits por Dia
185.780,55
Média de Bytes Transferidos por dia
2,31 GB
Média de Impressões de Páginas por Sessão
34,61
Média de Hits por Sessão
57,15
Média de Bytes por Sessão
745,76 KB
Duração média da Sessão
00:09:38
Tabela 4: Relatório de visitas do JGB, compreendendo o período de 1º de outubro 2010 a 31 de outubro de 2010. Apontando: 100.779 visitas únicas, 9 minutos e 38 segundos de tempo gasto por cada visitante
e 3.487.876 de páginas visualizadas.
Relatório de visitas do Jornal Grande Bahia
Intervalo de tempo: 01/08/2010 - 31/08/2010
Total de Sessões
Total de Impressões de Página
Total de Hits
Total de Bytes Transferidos
Média de Sessões por dia
121.627,00
5.948.358,00
10.468.365,00
118,96 GB
3.923,45
Média de Impressões de Página por dia
193.043,81
Média de Hits por Dia
338.017,77
Média de Bytes Transferidos por dia
3,84 GB
Média de Impressões de Páginas por Sessão
49,20
Média de Hits por Sessão
86,15
Média de Bytes por Sessão
Duração média da Sessão
1 MB
00:08:00
Tabela 5: Relatório de visitas do JGB, compreendendo o período de 1º de agosto 2010 a 31 de agosto
de 2010. Apontando: 121.627 visitas únicas, 8 minutos de tempo gasto por cada visitante e 5.948.358 páginas visualizadas.
65
8.5 Linha editorial
O JGB toma como base os princípios editorias da rede de comunicação, BBC de Londres,
que no Brasil atua através da BBC Brasil. Por ser uma entidade de jornalismo pública com
independência editorial, optamos por seguir os mesmos preceitos jornalísticos. Participando
da Academia BBC de Jornalismo29, o JGB busca manter sua linha editorial atualizada e em
sincronia com os valores éticos da sociedade.
"A BBC, por meio da sua Academia de Jornalismo, começa a compartilhar com seu
público os padrões em que se baseia a sua produção jornalística. Este novo espaço
do site da BBC Brasil explicará ao leitor os princípios que regem o trabalho da sua
equipe, como objetividade, imparcialidade, independência e transparência." Rogério
Simões, Diretor da BBC Brasil.
Dentre os princípios publicados no manual da BBC e seguidos pelo JGB, destacam-se: a
busca pela exatidão da notícia; checar junto às fontes, as informações antes da publicação;
abordagem justa e transparente; nas entrevistas os profissionais devem ser corteses com o
entrevistado, mantendo uma postura crítica e respeitosa, evitando apelos emotivos. O direito
de resposta deve ser universal e aberto, sempre que solicitado.
“O JGB não segue os princípios de imparcialidade propostos pela BBC, por entender que a ‘Imparcialidade é Mito’, como aborda o professor doutor Sérgio Mattos,
em seu livro homônimo. O Jornal Grande Bahia tem opinião e aplica sempre que
necessária. Optando por abordagens críticas com relação a fatos que ocorrem na sociedade.”, Sérgio Jones, editor.
Conteúdos das matérias objeto de analises
Para analisarmos a hipertextualidade no Jornal Grande Bahia, partimos do recorte de três
notícias, inter-relacionadas em momentos distintos de sua produção. A primeira notícia afirmava que a Rede Globo preparava um novo programa. As outras duas desvendam a primeira
e a comprovas (ver anexos com integra das notícias).
29
Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/academiajornalismo.shtml
66
9 IDENTIFICANDO O WEBJORNALISMO
É necessário verificarmos alguns fatores que definem se o Jornal Grande Bahia pode ser
identificado como webjornal. Se pode ser configurado como um veículo de comunicação de
massa. E se os critérios de noticiabilidade foram corretamente aplicados para identificar e
produzir as notícias, objeto de estudo de caso.
Monteiro (2001) diz que os meios de comunicação de massa possuem as seguintes características: são operados por organizações amplas e complexas, envolvendo diversos profissionais com diferentes habilidades; são capazes de difundir suas mensagens para milhares ou até
milhões de pessoas, utilizando recursos tecnológicos (os veículos de massa), sustentados pela
economia de mercado (através da publicidade, principalmente); falam para uma audiência
numerosa, heterogênea, dispersa geograficamente e anônima. (idem, p. 31)
Conforme aponta o relatório de visitas do JGB, o conteúdo do jornal foi acessado por
100.779, o que comprova a teoria de um emissor e vários receptadores. Outro fator a ser considerado é a troca de informações entre os dois veículos de comunicação, Tv Globo e JGB. É
importante notar que o relato de nomes e a indicação de trocas telefônicas e e-mails caracterizam a forma mais comum de levantamento de informações jornalísticas.
Levando em consideração a segunda notícia, onde novos contatos telefônicos são realizados e novos nomes aparecem, pode-se afirma que as informações estão baseadas em fatos.
Tendo em vista que os registros telefônicos e e-mails são formas de comunicação que utilizam
empresas que não estão sob o controle nem da Tv Globo e nem do JGB. Taís registros, seriam
fáceis de ser verificados, caso fosse necessário, ou um simples telefonema para a Tv Globo,
onde poderia se verificar se houve efetivamente troca de informações.
Luciana Mielniczuk adota o termo Webjornalismo, referindo-se a parte específica da Internet, que disponibiliza interfaces gráficas de uma forma amigável. O JGB está enquadrado
67
neste tipo de comunicação, além de estar também no referido Jornalismo Eletrônico, que engloba todas as etapas do jornalismo praticado no Ciberespaço. (MACHADO; PALACIOS,
2003, p. 43-44)
Em que geração o webjornal está inserido? Esta questão nos conduz aos conceitos teóricos de Luciana Mielniczuk, que caracterizam o Webjornalismo de terceira geração, como
sites jornalísticos que extrapolam a ideia de uma versão para a web de um jornal impresso já
existente. Os produtos jornalísticos apresentam recursos em multimídia, como sons e animações, que enriquecem a narrativa jornalística e recursos de interatividade [...]” (MACHADO;
PALACIOS, 2003, p. 50). Nas matérias apresentadas, são identificáveis hiperlinks, formas
automáticas de redistribuição dos conteúdos e espaço para comentários.
Palacios estabelece seis características para o jornalismo praticado na web: Multimidialidade/Convergência, Interatividade, Hipertextualidade, Personalização, Memória e Instantaneidade de Acesso, o que possibilita a atualização continua (MACHADO; PALACIOS, 2003,
p. 17). Todas estas categorias foram verificadas e são funcionais no JGB. Utilizando os sistemas de pesquisa do Google (mecanismos de pesquisa online), solicitamos que fossem listados, ‘Jornais de Feira’, o resultado é apresentado na figura abaixo.
Figura 7: Ao clicarmos no link do Google, foi aberta uma nova janela com a página do JGB. Fica
aparente as características propostas por Palacios: Multimidialidade/Convergência, Interatividade, Hipertextualidade, Personalização e Instantaneidade de Acesso.
68
Foi realizada uma nova pesquisa no Goolge. Utilizando o título das notícias publicadas,
objeto de estudo de caso, ficou comprovado o efeito memória, descrito por Palacios. (MACHADO; PALACIOS, 2003, p. 17). Conforme documenta a imagem abaixo, objeto de captura de tela (Print Screen).
Figura 8: Acionando o hiperlink listado pelo Google, o internauta é remetido à notícia. Conceito de
Memória, de Palacios, é comprovado pelo uso prático dos links.
Uma nova questão é posta. As notícias publicadas se caracterizam como algo que deva
ser noticiado? Elas têm valor de notícia? Utilizado os conceitos formulados por Sousa, na
‘Teoria Unificada da Notícia’ cuja equação: N = f (Fp.Fso.Fseo.Fi.Fc.Fh.Fmf.Fdt), podemos
dizer que as notícias tem força pessoal, social, ideológica, cultural, do meio físico e força dos
dispositivos tecnológicos.
O jornalista identifica o que é notícia pelo grau de importância dos atores envolvidos e do
assunto em questão. A importância do veículo de comunicação, Tv Globo, e seu destaque no
cenário nacional, determina uma predominância ideológica. É cultural devido à importância
como produtor de conteúdos que refletem cultura. Meio físico e tecnologia foram necessários
para a produção das três notícias.
69
10 O HIPERTEXTO NO JORNAL GRANDE BAHIA
A questão que se coloca, é se os conteúdos apresentados para análises desta monografia
se caracterizam como hipertextos? Tim Berners-Lee desenvolveu as ferramentas necessárias
para o funcionamento da rede, criando: o protocolo HTTP (Hyper Text Transfer Protocol), a
linguagem HTML (Hyper Text Markup Language), o primeiro software de servidor HTTP, o
primeiro navegador (chamado World Wide Web) e as primeiras páginas da Web (blocos de
textos contendo links), que buscavam explicar o funcionamento da própria WWW. (MONTEIRO, 2001, p. 29)
A imagem abaixo foi obtida a partir do processo de captura de tela, nela é identificado o
browser
Safari,
da
empresa
Apple.
Na
Barra
de
endereço
da
URL
consta:
http://www.jornalgrandebahia.com.br/. Onde ‘http’ designa o tipo de linguagem (Hyper Text
Transfer Protocol), ‘www’ (World Wide Web) e ‘jornalgrandebahia.com.br’ a URL (Uniform
Resource Locator – Localizador Padrão de Recursos), fica localizado na parte superior do
browser e se configura no endereço IP (Internet Protocol – Protocolo da Internet) que funciona como a identidade numérica de um servidor da Web. (BRIGGS, 2007, p. 16-17)
Figura 9: O jornal é acessado através de um browser. A URL descreve a página de entrada do JGB.
70
Analisando o exposto, podemos dizer que qualquer página na web é um hipertexto. Estes
conjuntos de hipertextos estão ligados em rede e formam um imenso hipertexto. Conforme
descreve Lévy (1999) : “World Wide Web é uma função da Internet que junta, em um único e
imenso hipertexto ou hiperdocumento (compreendendo imagens e sons), todos os documentos
e hipertextos que a alimentam,” (idem, p. 27). Portanto, os conteúdos disponibilizados no JGB
formam um hipertexto.
Lévy (1996) explica que o hipertexto, hipermídia ou multimídia, levam a um processo antigo de artificializasão da leitura. “Se ler consiste em selecionar, em esquematizar, em construir uma rede de remissões internas ao texto, em associar a outros dados, em integrar as palavras ao texto e as imagens a uma memória pessoal em reconstrução permanente, então os dispositivos hipertextuais constituem de fato uma espécie de objetivação, de exteriorização, de
virtualização dos processos de leitura.”. (idem, p.43)
O pesquisador francês diz que a leitura é um processo de construção mental elaborativa e
remissiva. O hipertexto do JGB detém em maior ou menor grau as características dispostas.
Ou seja, de leitura não-linear, multi-linear, faz parte de um processo de colaboração na construção do texto por parte do leitor/internauta, onde o fechamento nunca ocorre e a cada novo
leitor ou nova leitura, pode ser levado a um nível diverso de imersão no conteúdo. A possibilidade de acrescentar novas informações ao texto a partir dos comentários, passam a ideia de
que o assunto nunca se encerra.
O navegador pode se fazer autor de maneira mais profunda do que percorrendo uma
rede preestabelecida: participando da estruturação do hipertexto, criando novas ligações. Alguns sistemas registram os caminhos de leitura e reforçam (tornam mais visíveis, por exemplo) ou enfraquecem as ligações em função da maneira como elas
são percorridas pela comunidade dos navegadores. (LÉVY, 1996, p, 45)
Todo o texto é um imenso hipertexto, fragmentado em partes, e reunificado em uma única página. As palavras, áudios, imagens estáticas, vídeos, ilustração, links com outras páginas
e notas explicativas, todos estes elementos podem ser visualizados em maior ou menor grau
de uso, nas páginas das três notícias, objeto de estudo. A possibilidade de redistribuição automática dos conteúdos torna o controle sobre a informação publicada, impossível de ser efetivada. A notícia passa a ser um elemento permanente da cibercultura.
Enfim, os leitores podem não apenas modificar as ligações igualmente acrescentar
ou modificar nós (textos, imagens, etc.), conectar um hiperdocumento a outro e fazer
assim de dois hipertextos separados um único documento, ou traçar ligações hipertextuais entre uma série de documentos. Sublinhemos que essa prática encontra-se
hoje em pleno desenvolvimento na Internet, notadamente na World Wide Web. Todos os textos públicos acessíveis pela rede Internet doravante fazem virtualmente
parte de um imenso hipertexto em crescimento ininterrupto. Os hiperdocumentos
71
acessíveis por uma rede informática são poderosos instrumentos de escrita-leitura
coletiva. (LÉVY, 1996, p, 45-46)
Estas características podem ser verificadas na terceira notícia publicada: Entrevista exclusiva com Ernesto Paglia. O texto publicado no JGB conta com links para as notícias anteriormente publicadas sobre o tema e com um vídeo da globo.com. O vídeo não está postado no
sistema ou canais do Jornal Grande Bahia, trata-se de um hipertexto que atua em camada, ou
seja, o vídeo está no sistema da Rede Globo, sendo reproduzido no JGB. A imagem abaixo,
captura a tela em que estas características são verificáveis.
Figura 10: Imagem captura a tela, onde são verificáveis os hiperlinks e o hipertexto em forma de vídeo, oriundo da globo.com.
Outra demonstração prática das características de reprodutibilidade do hipertexto na web
é a reprodução da mesma notícia. A ‘Entrevista exclusiva com Ernesto Paglia’ foi reproduzida
por Lukas Baiano, em um sítio denominado: SkyscraperCity (www.skyscrapercity.com), especializado na postagem de informações sobre as cidades do mundo.
72
Figura 11: Imagem oriunda da captura de tela comprova a reprodutibilidade da notícia na web. A
postagem pode ser encontrada, acessado a URL: www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=64587099.
Outra constatação prática é a possibilidade de se acrescentar informações através de comentários que podem surgir do texto originalmente publicado, ou de fóruns de discussões,
sobre o tema exposto. Ainda na notícia reproduzida por Lukas Baiano, pode-se identificar um
link que remete ao texto original do Jornal Grande Bahia, além de comentários postados por
participantes do fórum que discute as cidades.
Figura 12: Após lerem a notícia, participantes do fórum iniciam um debate sobre o programa JN no
Ar e sobre a entrevista exclusiva que Ernesto Paglia concedeu ao JGB.
Lévy (1996) expõe com precisão esta característica hipertextual dizendo que “O computador não é um centro mas um pedaço, um fragmento da trama, um componente incompleto
da rede calculadora universal. Suas funções pulverizadas impregnam cada elemento do tecnocosmo. No limite, só há hoje um único computador, um único suporte para texto, mas tornou73
se impossível traçar seus limites, fixar seu contorno. É um computador cujo centro está em
toda parte e a circunferência em nenhum, um computador hipertextual, disperso, vivo, pulsante, inacabado, virtual, um computador de Babel: o próprio ciberespaço.” (idem, p.47).
Outra verificação possível de ser realizada é a existência de códigos linguísticos específicos para programação. Estes códigos são decodificados pelo browser, o que permite uma demonstração inteligível, amigável do conteúdo que trafega pelo ciberespaço. Na imagem abaixo, foi utilizado o browser Google Chrome, versão 7.0.517.41, acionando com o botão direito
do mouse na opção ‘Exibir código fonte da página’ uma nova página é apresentada com várias linhas de programação.
A informação digital (traduzida para 0 e 1) também pode ser qualificada de virtual
na medida em que é inacessível enquanto tal ao ser humano. Só podemos tomar conhecimento direto de sua atualização por meio de alguma forma de exibição. Os códigos de computador, ilegíveis para nós, atualizam-se em alguns lugares, agora ou
mais tarde, em textos legíveis, imagens visíveis sobre tela ou papel, sons audíveis na
atmosfera. (LÉVY, 1999, p. 47)
Figura 13: À esquerda está à página decodificada pelo browser e, à direita, a imagem exibe os códigos que trafegam pela Internet.
74
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS
“O virtual não “substitui” o “real”,
ele multiplica as oportunidades para atualizálo.” (Pierre Lévy)
Todos os conteúdos disponibilizados através da Internet, e que utilizam a web, formam
um imenso hipertexto. Pelas características abordadas anteriormente, pode-se afirmar que o
Jornal Grande Bahia é um veículo de comunicação de massa, descrito como webjornal e que
utiliza o hipertexto. Seus conteúdos estão dispostos na web e se tornam parte do tecnocosmo,
da cibercultura e da inteligência coletiva, “[...] que é um dos principais motores da cibercultura.”. (LÉVY, 1999, p. 29)
A linguagem da Internet é matemática, digital, binária, universal. Tudo que se veicula
através da web é mensurável. Uma letra no ciberespaço é decodificada em códigos binários, o
mesmo ocorre com a imagem e o som, tudo é digital. Lévy (1999) “Digitalizar uma informação consiste em traduzi-la em números. [...] Uma imagem pode ser transformada em pontos
ou pixels (picture elements) [...] Um som também pode ser digitalizado [...]” (idem, p, 50)
A palavra "virtual" pode ser entendida em ao menos três sentidos: o primeiro, técnico, ligado à informática, um segundo corrente e um terceiro filosófico. [...] Na acepção filosófica, é virtual aquilo que existe apenas em potência e não em ato, o campo
de forças e de problemas que tende a resolver-se em uma atualização. O virtual encontra-se antes da concretização efetiva ou formal (a árvore está virtualmente presente no grão). No sentido filosófico, o virtual é obviamente uma dimensão muito
importante da realidade. Mas no uso corrente, a palavra virtual é muitas vezes empregada para significar a irrealidade — enquanto a "realidade" pressupõe uma efetivação material, uma presença tangível. A expressão "realidade virtual" soa então
como um oxímoro, um passe de mágica misterioso. Em geral acredita-se que uma
coisa deva ser ou real ou virtual, que ela não pode, portanto, possuir as duas qualidades ao mesmo tempo. Contudo, a rigor, em filosofia o virtual não se opõe ao real
mas sim ao atual: virtualidade e atualidade são apenas dois modos diferentes da realidade. Se a produção da árvore está na essência do grão, então a virtualidade da árvore é bastante real (sem que seja, ainda, atual). (LÉVY, 1999, p. 47)
75
Pode-se afirmar que as notícias publicadas em webjornais tem uma validade maior do que
as publicadas em um jornal impresso. Pelas características da própria web, elas são mais universais, se constituindo em um elemento amplificado da comunicação. A questão da verdade
e sentido são elementos da própria subjetividade de entendimento do que real ou virtual. Em
um jornal impresso estão narradas histórias que virtualizam uma realidade, o mesmo ocorre
com o webjornal. A aceitação do que está exposto, dar-se-á pela verificação da inteligência
coletiva.
Quanto mais os processos de inteligência coletiva se desenvolvem — o que pressupõe, obviamente, o questionamento de diversos poderes —, melhor é a apropriação,
por indivíduos e por grupos, das alterações técnicas, e menores são os efeitos de exclusão ou de destruição humana resultantes da aceleração do movimento tecnosocial. O ciberespaço, dispositivo de comunicação interativo e comunitário, apresenta-se justamente como um dos instrumentos privilegiados da inteligência coletiva. É
assim, por exemplo, que os organismos de formação profissional ou de ensino à distância desenvolvem sistemas de aprendizagem cooperativa em rede. [...] O ciberespaço como suporte da inteligência coletiva é uma das principais condições de seu
próprio desenvolvimento. [...]o crescimento do ciberespaço não determina automaticamente o desenvolvimento da inteligência coletiva, apenas fornece a esta inteligência um ambiente propício. (LÉVY, 1999, p. 29)
Analisando as possibilidades de aplicação dos recursos hipertextuais, pode-se afirmar que
o Jornal Grande Bahia, mesmo sendo classificado como webjornal de terceira geração, não
utiliza em profundidade os recursos da hipertextualidade.
76
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Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM.
CHAT. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da
Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM
CACHE. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da
Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM.
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HIPERTEXTO. Em: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Versão 5.0. Curitiba: Positivo, 2004. CD-ROM.
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83
13 ANEXOS
DEPARTAMENTO DE PROJETOS ESPECIAIS DA TV GLOBO
TROCA INFORMAÇÕES COM O JGB
Figura 14: A notícia foi publicada em 9/6/2010 às 16:44:26.
Endereço da URL: http://www.jornalgrandebahia.com.br/materia.asp?id=19186.
Roberto De Martin, Produtor para desenvolvimento de Projetos Especiais de Jornalismo
da TV Globo, manteve contato com do diretor do Jornal Grande Bahia. Com. Br, Carlos Augusto, com o objetivo de trocar informações sobre o município de Feira de Santana.
Segundo De Martin, O núcleo TV Globo vem desenvolvendo um estudo que pode levar
ao lançamento de um programa dedicado à realidade das cidades brasileiras. Abordando práticas positivas como exemplo a ser copiado, e, criticando os aspectos negativos. Roberto explica que o objetivo é “traçar uma espécie de perfil desses municípios”.
Este é o segundo contato trocando entre o produtor Roberto De Martin e o jornalista Carlos Augusto. Algo que vem ocorrendo com frequência na redação do JGB, troca de informa84
ções entre os grandes veículos de imprensa da Bahia e do Brasil com o Jornal Grande Bahia.
Com. Br.
O JGB é parceiro oficial da Rádio ONU de Nova York e do Deutsche Welle da Alemanha. Mantendo-se na linha do jornalismo crítico estadunidense e do HardTalk da BBC de
Londres.
Figura 15: Captura de tela da notícia: Departamento de Projetos Especiais da TV Globo troca informações com o JGB.
85
ERNESTO PAGLIA E A EQUIPE DO JN NO AR VISITAM FEIRA DE SANTANA NESTA QUARTA
E O JORNAL
GRANDE BAHIA É CONTATADO PELA PRODUÇÃO DA TV GLOBO
Figura 16: A notícia foi publicada em publicada em 29/9/2010 às 04:22:57.
Endereço da URL: http://www.jornalgrandebahia.com.br/materia.asp?id=22893
A preparação da visita da equipe da equipe JN no Ar à Feira de Santana começou a algum
tempo atrás, através de contatos mantidos entre Roberto De Martin, produtor para desenvolvimento de Projetos Especiais de Jornalismo da TV Globo e Carlos Augusto. Estes contatos
tinham com o objetivo trocar informações sobre o município de Feira de Santana, além de
outros municípios baianos.
Ontem, O JGB foi mais uma vez contatado pela produção. Eles nos informaram que Feira
de Santana foi escolhida para visita da equipe do JN no AR, através de sorteio, realizado durante a apresentação do Jornal Nacional. A produção nos agradeceu o apoio e como forma de
cortesia profissional, colocou a equipe de jornalismo, liderada por Ernesto Paglia, à nossa
disposição para entrevista.
A produtora nos questionou sobre a possibilidade de pouso do avião do JN no aeroporto
de Feira de Santana. Informamos que o mesmo, até recentemente encontrava-se fechado para
reformas, mas que a informação poderia ser conferida através da ANAC.
+ Sobre O JN no Ar
A produção do JN no Ar decola ainda nesta terça-feira do município de Paraíso do Tocantins com destino à Feira de Santana. Esta é a última semana do projeto JN no Ar, que percorre todos os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal.
86
O repórter Ernesto Paglia é o comandante da equipe de oito profissionais que viaja a bordo do um avião executivo francês, com 700 quilos de equipamento eletrônico a bordo. Nos 27
dias que o projeto estará, literalmente, no ar, Paglia entrará ao vivo de uma cidade no "Jornal
Nacional". Os jornalistas contam ainda com o apoio de um segundo avião apresentado por
Paglia como "um 4x4 dos ares", que ajudará no deslocamento nos locais sem rodovias. (Com
informações do O Globo)
Departamento de Projetos Especiais da TV Globo troca informações com o JGB
Assista ao vídeo do sorteio
Acesse o site do JN no Ar
Equipe do JN no Ar mostra como será o trabalho pelo Brasil
Ernesto Paglia convida você a ser mais um tripulante do JN no Ar
Bonner diz que JN no Ar vai apresentar mosaico do Brasil
Os bastidores do JN no Ar, a cobertura ‘a jato’ das Eleições 2010 na Globo
Geovanna mostra os bastidores do 'JN no Ar', a cobertura ‘a jato’ das Eleições 2010
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Figura 17: Captura de tela da notícia: Ernesto Paglia e a equipe do JN no Ar visitam Feira de Santana nesta quarta e o Jornal Grande Bahia é contatado pela produção da Tv Globo.
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ENTREVISTA EXCLUSIVA COM ERNESTO PAGLIA,
QUE DECLARA SOBRE
FEIRA DE SANTANA:
VOCÊS TEM O DESAFIO DE MODERNIZAR O ARRUAMENTO DO CENTRO DA CIDADE
Paglia: “Acho que uma cidade como Feira de Santana merecia um aeroporto funcionando a pleno vapor”.
Figura 18: A notícia foi publicada em publicada em 30/9/2010 às 15:42:04.
Endereço da URL: http://www.jornalgrandebahia.com.br/materia.asp?id=22969
Responsável pelo quadro jornalístico JN no AR, Ernesto Paglia concedeu entrevista exclusiva por telefone ao diretor do Jornal Grande Bahia, Carlos Augusto, às 19:20 horas do dia
29 de setembro, quando Paglia se encontrava em Salvador a menos de uma hora de colocar no
ar, o especial sobre Feira de Santana. A entrevista contou com a colaboração dos profissionais
da Tv Globo, Roberto De Martin e Alfredo Bokel.
Durante o colóquio, Ernesto Paglia aborda alguns dos aspectos urbanísticos de Feira de
Santana, curiosidades e processo de produção do JN no AR. Em uma frase, o jornalista sintetiza o sentimento de quem percorreu parte do Brasil: “É preciso que o Estado esteja à frente,
projetando a infraestrutura, para não ser aquele gigante com pés de barro do passado”.
O JN no Ar foi iniciado ha 39 dias, com objetivo de percorrer algumas das principais cidades brasileiras, possibilitando uma visão plural da sociedade, ou, como o editor-chefe e
apresentador do Jornal Nacional, William Bonner, gosta de afirmar: “um mosaico do Brasil”.
JGB - Como você avalia os aspectos urbanísticos de Feria de Santana?
Ernesto Paglia - Nós passamos cerca de quatro horas na cidade. Seria muita ousadia da
minha parte, fazer avaliações mais profundas como a questão urbanística. O que eu pude notar
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é que em alguns lugares do centro, sem dúvida, as ruas parecem que estão estreitas para o
trânsito. O que é algo comum a outras capitais do país. E vocês se qualificam entre as grandes
metrópoles brasileiras. Vocês tem o desafio de modernizar o arruamento do centro da cidade.
Nós também ficamos parados no Anel de Contorno. O que se constitui em um desafio para os governantes e autoridades: ampliar o Anel de Contorno. E ter um Anel é algo maravilhoso. Eu moro em São Paulo e até hoje se constrói o anel rodoviário. Vocês tem o privilégio
de terem construído o Anel Rodoviário, que tira o trânsito pesado do centro da cidade. Trânsito oriundo das grandes rodovias que se encontram ai [Feira de Santana].
Parece que o crescimento da cidade foi maior do que a capacidade do Anel de Contorno.
Isto se constitui em mais um desafio. Algo que vocês já poderiam ter resolvido. Repito, não
sou especialista e também passei poucas horas na cidade. Mas, como observador, como usuário do Anel, ficou evidente que ele está superlotado. Inclusive abordo isto em minha matéria,
por ter tido a confirmação de várias fontes.
O que eu vi hoje: o congestionamento, trânsito carregado, vias sobrecarregadas, o Anel
que contornava a cidade e hoje não contorna mais. Ele foi engolido pelo crescimento da cidade. Este crescimento é bem vindo, mas deve ser acompanhado pelo crescimento da infraestrutura. Isso não é um desafio que é só de Feira de Santana. O Brasil inteiro está enfrentando
isto. Está onda de crescimento. Ocorre a partir de uma década e meia de estabilidade econômica do país. Que está crescendo e vai crescer muito mais. É preciso que o Estado esteja à
frente, projetando a infraestrutura, para não ser aquele gigante com pés de barro do passado.
Agente não pode continuar se desenvolvendo como um adolescente. Uma hora tem os
braços maios compridos dos que as pernas, outra hora, têm a cabeça maior do que o corpo.
Para nós é importante que seja um crescimento equilibrado. É o que os especialistas chamam
de crescimento sustentável. Só assim, conseguiremos romper a barreira do país em desenvolvimento e se transformar em um país desenvolvido.
JGB – Paglia, produzir um material jornalístico que vai ao ar no mesmo dia, contando
com uma estrutura móvel, não é algo fácil de ser feito. Você teve alguma dificuldade em realizar o seu trabalho em Feira de Santana?
Ernesto Paglia - Não, agente está bastante estruturado. Depois de quase 40 dias, qualquer
dúvida que existisse, já foi sanada. O nosso ´modos operandi`, vamos dizer assim, nossa logística, está bem programada. Primeiro trabalhamos com duas equipes, que filmam simulta90
neamente. Uma vai comigo e com o editor de Internet do Jornal Nacional, Alfredo Bokel.
Outra vai com a chefe de produção do Jornal Nacional, Adriana Caban. Além de dois cinegrafistas de primeira linha, que vão se revezando, um dia, um sai comigo, outro dia, sai com a
Adriana, que são: Lúcio Rodrigues e Dennys Leutz.
Você veja que nós temos uma capacidade de produção grande. Por isto que a gente consegue em três, quatro horas, produzir o material que você verá hoje no Jornal Nacional. Esperamos que tenhamos conseguido capturar um instantâneo da vida de Feira de Santana, hoje
[29/09/2010]. Para a gente poder compor este imenso mosaico do país. Que pretende, amanhã
[30/09/2010], quando completamos com a última peça, uma cidade do Rio Grande do Sul,
fornecer um retrato do país. Uma panorâmica para poder informar ainda melhor o nosso telespectador. Para que ele possa ter um voto ainda mais consciente.
Então hoje, para se te dar uma ideia, quando era mais ou menos, meio-dia, na nossa ilha
de edição, que está montada aqui no aeroporto de Salvador, a nossa editora de imagens estava
aqui esperando. Então a gente mandou os primeiros discos [unidades de arquivamento de
imagens de vídeos digitais] através de um portador. Ela recebeu os primeiros discos por volta
de uma e meia da tarde e começou a colocar tudo para dentro do computador [através do
computador é feito a edição não linear das imagens (corte, seleção e sequenciamento dos vídeos)].
Quando nós chegamos por volta das três e meia da tarde, eu já vinha escrevendo o texto
pelo caminho [no deslocamento de Feira de Santana a Salvador]. A distância foi uma aliada,
eu cheguei com o texto pronto. A minha colega recebeu às três e meia, quatro horas [15:30,
16 horas]. E desse horário até as seis, seis e pouco [18 horas]. Ela fez a montagem [gravação
do texto na voz de Ernesto Paglia e colagem com as sequências das imagens]. Revisamos,
batemos o martelo, com o produto final e já foi mandado para o Rio de Janeiro [A entrevista
foi concedida às 19:20 horas do dia 29/09]. A reportagem já está no Rio de Janeiro. O tempo é
bem apertado.
JGB – Você foi bem recebido pelo público de Feira de Santana? Pelas pessoas que você
entrevistou?
Ernesto Paglia - Muito bem, com grande simpatia. A repercussão que o projeto JN no Ar
está tendo, abre portas. As pessoas, para a minha surpresa, devo confessar, estão festejando,
torcendo para que as suas cidades sejam sorteada. Por um momento eu temi que as pessoas
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tivessem a sua cidade exposta sob os aspectos negativos. Nem sempre é agradável ouvirmos
sobre as mazelas de cada lugar.
Mas, parece que as pessoas estão vendo isto de forma muito positiva. Elas estão percebendo que nós esta fazendo uma cobertura equilibrada. Que mostramos de uma forma muito
justa, o que tem de bom e o que tem de ruim em cada lugar. O que tem de ruim eu nem diria.
Mas o que tem de desafio para ser superado. E com isto, eu acho que as pessoas que se veem
espelhadas neste retrato que a gente faz a cada noite, gostam do que veem. Mesmo que tenham criticas e que não gostem daquela situação, elas gostam de ver que a cobertura foi equilibrada, foi justa.
Espero ter isto ocorra na próxima cidade que nos espera. Que nos recebam de braços
abertos. Como fomos recebidos em Feira de Santana. Onde tivemos algumas surpresas agráveis. Fiquei sabendo de uma fábrica de aviões. Sinceramente desconhecia. Ao mesmo tempo,
foi chato perceber que esta fábrica de aviões esta ao alado de um aeroporto que está desativado. Aeroporto que poderia comportar o avião do JN no Ar. O aeroporto está totalmente desequipado, desmobilizado, desativado mesmo. São contrastes de uma cidade que cresceu muito
e que ainda precisa equalizar estas situações. Acho que uma cidade como Feira de Santana
merecia um aeroporto funcionando a pleno vapor.
Saiba +
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Departamento de Projetos Especiais da TV Globo troca informações com o JGB
Áudio da entrevista exclusiva com Ernesto Paglia
Assista ao vídeo do sorteio
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Repentistas cantam para o JN no Ar em Feira de Santana (BA)
Só a lanchonete funciona no aeroporto
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Acesse o site do JN no Ar
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Feira de Santana, BA, tem o maior centro de abastecimento do Norte e Nordeste
Repentistas cantam para o JN no Ar em Feira de Santana
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Figura 19: Captura de tela da notícia: Entrevista exclusiva com Ernesto Paglia, que declara sobre
Feira de Santana: vocês tem o desafio de modernizar o arruamento do centro da cidade.
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Silva, Carlos Augusto Oliveira da
S586h
O hipertexto no webjornalismo: estudo de caso Jornal
Grande Bahia / Carlos Augusto Oliveira da Silva – Feira de Santana: O autor, 2010.
94f;il:
Monografia apresentada a Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana
para obtenção do titulo de Bacharel em Comunicação Social com habilitação em
Jornalismo.
1. Jornalismo 2. Webjornalismo 3. Hipertexto 4. Jornal
Grande Bahia I. Silva, Carlos Augusto Oliveira da II. Pedra
Branca, Andrews Ferreira III. UNEF IV. Título V. Série
CDU: 070:004
Responsável Técnico: Elthon Luiz da Silva Santos
CRB – 5 - 1209
96
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