Contribuições às
Ciências da Terra
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EVOLUÇÃO CRUSTAL E RECURSOS NATURAIS
RASTREAMENTO GEOQUÍMICO DE POSSÍVEIS CONTAMINAÇÕES
REMANESCENTES DE MINERAÇÕES DE PIRITA NO MUNICÍPIO DE
OURO PRETO, QUADRILÁTERO FERRÍFERO, MINAS GERAIS
CRISTINA MARIA MARTINS
2005
Contribuições às Ciências da Terra
RASTREAMENTO GEOQUÍMICO DE POSSÍVEIS
CONTAMINAÇÕES REMANESCENTES DE MINERAÇÕES
DE PIRITA NO MUNICÍPIO DE OURO PRETO,
QUADRILÁTERO FERRÍFERO, MINAS GERAIS
i
ii
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
Reitor
João Luiz Martins
Vice-Reitor
Antenor Barbosa Júnior
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Tanus Jorge Nagem
ESCOLA DE MINAS
Diretor
José Geraldo Arantes de Azevedo Brito
Vice-Diretor
Marco Túlio Ribeiro Evangelista
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
Chefe
César Augusto Chicarino Varajão
iii
EVOLUÇÃO CRUSTAL E RECURSOS NATURAIS
iv
CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA – VOL. 21
TESE DE MESTRADO
Nº 233
RASTREAMENTO GEOQUÍMICO DE POSSÍVEIS CONTAMINAÇÕES
REMANESCENTES DE MINERAÇÕES DE PIRITA NO MUNICÍPIO
DE OURO PRETO, QUADRILÁTERO FERRÍFERO, MINAS GERAIS
Cristina Maria Martins
Orientador
Dr. Hubert Mathias Peter Roeser
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais do
Departamento de Geologia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito
parcial à obtenção do Título de Mestre em Ciências Naturais, Área de Concentração: Geologia
Ambiental e Conservação de Recursos Naturais
OURO PRETO
2005
v
Universidade Federal de Ouro Preto – http://www.ufop.br
Escola de Minas - http://www.em.ufop.br
Departamento de Geologia - http://www.degeo.ufop.br/
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais
Campus Morro do Cruzeiro s/n - Bauxita
35.400-000 Ouro Preto, Minas Gerais
Tel. (31) 3559-1600, Fax: (31) 3559-1606 e-mail: [email protected]
Os direitos de tradução e reprodução reservados.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada
ou reproduzida por meios mecânicos ou eletrônicos ou utilizada sem a observância das normas de
direito autoral.
ISSN: 85-230-0108-6
Depósito Legal na Biblioteca Nacional
Edição 1ª
Catalogação elaborada pela Biblioteca Prof. Luciano Jacques de Moraes do
Sistema de Bibliotecas e Informação - SISBIN - Universidade Federal de Ouro Preto
M386r
Martins, Cristina Maria.
Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes de
minerações de pirita no Município de Ouro Preto, Quadrilátero Ferrífero, Minas
Gerais. [manuscrito]. / Cristina Maria Martins - 2005.
xxix, 159f. : il.; color.; grafs.; tabs.; mapas.
Orientador: Prof. Dr. Hubert Mathias Peter Roeser.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de
Minas. Departamento de Geologia. Programa de Pós Graduação em Geologia
Ambiental e Conservação de Recursos Naturais.
Área de concentração: Geoquímica Ambiental.
1. Sulfetos - Oxidação - Teses. 2. Água - Teses. 3. Piritas - Teses. 4. Minérios
de ferro - Teses. 5. Quadrilátero Ferrífero - Ouro Preto (MG). I. Universidade
Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. Departamento de Geologia. Programa de
Pós-graduação em Geologia Ambiental e Conservação de Recursos Naturais.
II. Título.
CDU: 622.3
Catalogação: [email protected]
vi
Ao meu pai, Antônio Martins
À minha mãe, Geralda Maria Martins
vii
viii
Tudo o que acontece com a Terra,
acontece com os filhos e filhas da Terra.
O homem não tece a teia da vida;
ele é apenas um fio.
Tudo que se faz à teia, ele faz a si mesmo.
(Ted Perry, inspirado por carta do chefe Seattle)
ix
x
Agradecimentos
Gostaria de transmitir meus agradecimentos:
A Deus; à minha família; ao Departamento de Geologia da Universidade Federal de Ouro
Preto, pela oportunidade e meios necessários para desenvolver uma pesquisa ao nível de mestrado. Ao
CNPq, pela concessão da bolsa de estudo, e ao projeto de cooperação internacional CAPES/DAAD
Probal. Ao meu orientador, Prof. Dr. Hubert Roeser, pela oportunidade de realizar essa pesquisa, pela
sua confiança, incentivo e diversas contribuições conferidas a esse trabalho. Ao Prof. Dr. Hermínio
Nalini, pelo acompanhamento dos trabalhos, principalmente os de caráter laboratorial. Ao Prof. Dr.
Jorge Lena pelos ensinamentos que contribuíram para a composição da parte referente à geoquímica
de águas. Aos demais amigos e colegas do Laboratório de Geoquímica Ambiental - LGqA/DEGEO: à
Janice Cardoso e à Luciana Vetel pelo grande auxílio nas diversas etapas de laboratório. Aos demais
pesquisadores e funcionários do LGqA - Adivane, Adriana, Márcio Basílio, Aline, Camila e Vandir.
Ao Sr. Elmo de Castro Guimarães e ao Sr. Washington Dias pelas informações concedidas a respeito
das antigas minas de pirita de Ouro Preto. Ao Núcleo de Valorização de Materiais Minerais do
Departamento de Metalurgia EM/UFOP, pela disponibilização dos recursos necessários à execução
das análises bacteriológicas: a Dominique Daman e ao Prof. Dr. Versiane Abis Leão pelo
acompanhamento e interesse conferido a essa etapa. Ao Prof. Dr. José Fernando de Paiva, pelo auxílio
na execução de análises via polarografia. Ao Prof. Dr. José Domingues Fabris, do Dep. de Química da
UFMG, pela execução de análises a partir de espectroscopia Mössbauer. Ao Sr. Eike Gierth, da
Universidade de Clausthal - Alemanha, pela análise microscópica de minerais opacos. Ao Prof. Dr.
Maurício Carneiro e funcionários do LOPAG/DEGEO, pela disponibilização do laboratório para
preparação de amostras e confecção de lâminas. Ao DEMIN/UFOP, pela utilização de um de seus
laboratórios. À Profa. Dra. Angélica e a Wanderley pela disponibilização das análises mineralógicas
via difratometria de raios-X. À bióloga Míriam Roschel, pelo auxílio nos procedimentos utilizados
para a coleta, armazenamento e descrição de plantas. Ao Dr. Berhnard Dold e à UNESCO, pela
oportunidade de participar de um curso sobre Metalogenia e Geoquímica Ambiental, que me
conferiram vários conhecimentos preliminares. Àqueles que me acompanharam nas etapas de campo:
Prof. Dr. Jorge Lena, Sr. Elmo Guimarães, Valter Pereira, Virgínia Porfiro, Miguel Martins e Daniela
Teixeira. A Edson da secretaria de pós-graduação, aos funcionários de laboratórios, biblioteca, e
demais dependências do DEGEO/DEMIN pela cooperação ao longo dos trabalhos. À Wanusa, Lane,
Míriam, Fernanda, Ariana, Rafael, Newman, Gabriel e demais amigos e colegas do DEGEO, pelos
inúmeros momentos de companheirismo. À Virgínia e à Daniela, pela amizade e presença constantes.
A todos: muito obrigada!
xi
xii
Sumário
AGRADECIMENTOS.................................................................................................................
xi
LISTA DE ILUSTRAÇÕES........................................................................................................
xix
LISTA DE QUADROS.................................................................................................................
xxiii
LISTA DE TABELAS..................................................................................................................
xxv
RESUMO.......................................................................................................................................
xxvii
ABSTRACT..................................................................................................................................
xxix
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO..................................................................................................
01
1.1. Generalidades..........................................................................................................................
01
1.2. Objetivos..................................................................................................................................
02
1.3. Localização e acesso................................................................................................................
03
CAPÍTULO 2. GEOLOGIA REGIONAL.................................................................................
05
2.1. Introdução................................................................................................................................
05
2.2. Litoestratigrafia.......................................................................................................................
06
2.2.1. Complexos Metamórficos Arqueanos........................................................................
06
2.2.2. Supergrupo Rio das Velhas........................................................................................
07
Grupo Nova Lima......................................................................................................
07
Grupo Maquiné..........................................................................................................
07
2.2.3. Supergrupo Minas......................................................................................................
08
Grupo Caraça............................................................................................................
08
Grupo Itabira.............................................................................................................
08
Grupo Piracicaba......................................................................................................
09
Grupo Sabará.............................................................................................................
10
2.2.4. Grupo Itacolomi.........................................................................................................
10
2.2.5. Depósitos Sedimentares Cenozóicos.........................................................................
10
2.3. Geologia Estrutural e Geotectônica.........................................................................................
11
2.4. Fisiografia, Geomorfologia, Clima e Vegetação.....................................................................
13
CAPÍTULO 3. ASPECTOS LOCAIS.........................................................................................
15
3.1. Litoestratigrafia......................................................................................................................
15
3.2. Descrição Geral.......................................................................................................................
16
3.3. Breve Histórico........................................................................................................................
17
CAPÍTULO 4. OXIDAÇÃO DE SULFETOS, GERAÇÃO DE ACIDEZ E
MOBILIZAÇÃO DE ELEMENTOS QUÍMICOS...................................................................
21
4.1. Generalidades..........................................................................................................................
21
4.2. Os sulfetos.............................................................................................................................
22
4.3. Reações de oxidação em sulfetos............................................................................................
24
xiii
4.3.1. Reações de oxidação nos principais sulfetos produtores de ácido.............................
24
Pirita..........................................................................................................................
24
Marcassita..................................................................................................................
25
Pirrotita......................................................................................................................
26
Calcopirita.................................................................................................................
26
Arsenopirita...............................................................................................................
26
4.3.2. Reações de oxidação em outros sulfetos....................................................................
27
4.4. Mobilidade, especiação e processos de sorção........................................................................
27
4.5. Processos de neutralização......................................................................................................
29
4.6. Predição da drenagem ácida....................................................................................................
30
4.7. Tratamento...............................................................................................................................
31
CAPÍTULO 5. METAIS E TOXICIDADE................................................................................
33
5.1. Introdução................................................................................................................................
33
5.2. Os Metais.................................................................................................................................
34
5.2.1. Elementos principais..................................................................................................
35
Cálcio (Ca).................................................................................................................
35
Magnésio (Mg)...........................................................................................................
36
Sódio (Na)..................................................................................................................
36
Potássio (K)...............................................................................................................
37
Ferro (Fe)..................................................................................................................
37
Manganês (Mn)..........................................................................................................
37
Alumínio (Al)..............................................................................................................
38
Silício (Si)...................................................................................................................
38
5.2.2. Metais pesados e/ou potencialmente tóxicos.............................................................
39
Arsênio (As)...............................................................................................................
39
Mercúrio (Hg)............................................................................................................
39
Cádmio (Cd)...............................................................................................................
40
Chumbo (Pb)..............................................................................................................
41
Cromo (Cr).................................................................................................................
41
Cobre (Cu).................................................................................................................
42
Níquel (Ni).................................................................................................................
42
Zinco (Zn)...................................................................................................................
43
Cobalto (Co)..............................................................................................................
43
Antimônio (Sb)...........................................................................................................
44
Vanádio (V)................................................................................................................
44
Molibdênio (Mo)........................................................................................................
45
Lítio (Li).....................................................................................................................
45
xiv
CAPÍTULO 6. METODOLOGIA...............................................................................................
47
6.1. Introdução................................................................................................................................
47
6.2. Sistemática de coleta, preparação e análise de amostras.........................................................
49
6.2.1. Rochas........................................................................................................................
50
Preparação e análises mineralógicas e químicas.....................................................
50
6.2.2. Água...........................................................................................................................
51
Preparação dos frascos e coleta................................................................................
51
Armazenamento e análises químicas.........................................................................
52
6.2.3. Sedimentos e Solos.....................................................................................................
53
Preparação e análises................................................................................................
53
6.2.4. Plantas........................................................................................................................
55
Coleta e preparação..................................................................................................
55
Abertura e análises químicas.....................................................................................
56
6.2.5. Análise Bacteriológica...............................................................................................
56
CAPÍTULO 7. GEOQUÍMICA DAS ROCHAS.......................................................................
57
7.1. Aspectos gerais........................................................................................................................
57
7.2. Mineralogia das rochas............................................................................................................
60
7.3. Análises químicas....................................................................................................................
62
7.3.1. Elementos maiores.....................................................................................................
63
Ferro (Fe)..................................................................................................................
64
Alumínio (Al)..............................................................................................................
65
Manganês (Mn)..........................................................................................................
65
Cálcio (Ca)................................................................................................................
66
7.3.2. Elementos menores....................................................................................................
67
Vanádio (V)................................................................................................................
67
Cromo (Cr).................................................................................................................
68
Cobalto (Co)..............................................................................................................
69
Níquel (Ni).................................................................................................................
69
Cobre(Cu)..................................................................................................................
70
Zinco (Zn)...................................................................................................................
70
Arsênio (As)...............................................................................................................
71
Molibdênio (Mo)........................................................................................................
72
Chumbo (Pb)..............................................................................................................
72
Lítio (Li).....................................................................................................................
73
Cádmio (Cd)...............................................................................................................
73
7.4. Conclusões...............................................................................................................................
74
xv
CAPÍTULO 8. HIDROQUÍMICA .............................................................................................
75
8.1. Generalidades..........................................................................................................................
75
8.2. Aspectos geoquímicos locais...................................................................................................
75
8.2.1. Parâmetros físico-químicos........................................................................................
76
Potencial hidrogeniônico (pH)..................................................................................
77
Potencial de oxi-redução (Eh)...................................................................................
79
Temperatura (T).........................................................................................................
80
Sólidos totais dissolvidos (STD)................................................................................
80
Condutividade elétrica (CE)......................................................................................
81
Turbidez.....................................................................................................................
82
Alcalinidade...............................................................................................................
82
(SO4=)
-
e cloreto (Cl ).....................................................................................
83
8.2.2. Concentração dos elementos em água........................................................................
84
8.2.3. Estudo da Lagoa do Gambá.......................................................................................
88
Parâmetros físico-químicos.......................................................................................
88
Concentração dos elementos em água.......................................................................
90
8.3. Conclusões...............................................................................................................................
91
CAPÍTULO 9. GEOQUÍMICA DE SEDIMENTOS................................................................
93
9.1. Introdução................................................................................................................................
93
9.2. Apresentação dos resultados....................................................................................................
94
9.2.1. Caracterização mineralógica......................................................................................
94
9.2.2. Análises químicas.......................................................................................................
95
Elementos maiores.....................................................................................................
96
Elementos menores....................................................................................................
99
9.3. Conclusões...............................................................................................................................
108
CAPÍTULO 10. GEOQUÍMICA DE SOLOS............................................................................
111
10.1. Fontes de metais em solos.....................................................................................................
111
10.2. Apresentação dos resultados..................................................................................................
112
10.2.1. Generalidades...........................................................................................................
112
10.2.2. Caracterização mineralógica....................................................................................
114
10.2.3. Análises químicas.....................................................................................................
115
Sulfato
Elementos maiores.................................................................................................
115
Elementos menores....................................................................................................
117
10.3. Conclusões.............................................................................................................................
124
CAPÍTULO 11. METAIS PESADOS EM PLANTAS..............................................................
125
11.1. Introdução..............................................................................................................................
125
11.2. Apresentação dos resultados..................................................................................................
126
xvi
11.2.1. Elementos maiores...................................................................................................
127
Ferro e Alumínio........................................................................................................
128
Zinco..........................................................................................................................
128
Manganês...................................................................................................................
129
11.2.2. Outros elementos......................................................................................................
129
Vanádio......................................................................................................................
130
Cromo........................................................................................................................
131
Cobalto.......................................................................................................................
131
Níquel.........................................................................................................................
132
Cobre..........................................................................................................................
132
Molibdênio.................................................................................................................
133
Chumbo......................................................................................................................
133
Lítio............................................................................................................................
134
11.3. Conclusões.............................................................................................................................
134
CAPÍTULO 12. BACTÉRIAS E A OXIDAÇÃO DE SULFETOS.........................................
135
12.1. O papel das bactérias na oxidação de sulfetos.......................................................................
135
12.2. Resultados da análise bacteriológica.....................................................................................
137
12.3. Conclusões.............................................................................................................................
143
CAPÍTULO 13. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................
145
ANEXOS........................................................................................................................................
157
BANCA EXAMINADORA (Ficha de Aprovação).....................................................................
159
xvii
xviii
Lista de Ilustrações
Figura 1.1. Processo de formação de drenagem ácida com mobilização e acumulação de
metais pesados em diferentes ambientes......................................................................................
02
Figura 1.2. Mapa de localização de Ouro Preto, com a delimitação da área de estudo..............
04
Figura 2.1. Mapa geológico simplificado do Quadrilátero Ferrífero..................................................
05
Figura 2.2. Coluna estratigráfica do Quadrilátero Ferrífero.......................................................
11
Figura 3.1. Mapa litoestratigráfico da região, com a localização das minas de pirita
estudadas na região de Ouro Preto...............................................................................................
15
Figura 3.2. Ruínas das instalações da Mina de Santa Efigênia, exibindo rejeito às margens do
Ribeirão do Carmo.......................................................................................................................
18
Figura 3.3. Ruínas das instalações da mina do Piquete..............................................................
19
Figura 4.1. Cristais de pirita........................................................................................................
23
Figura 4.2. Formas da pirita........................................................................................................
24
Figura 6.1. Etapas de preparação, dissolução e análise das amostras de rocha..........................
50
Figura 6.2. Coleta de água no ponto da Lagoa do Gambá (P3A1).............................................
52
Figura 6.3. Etapas de preparação e análise das amostras de água..............................................
53
Figura 6.4. Etapas de preparação, dissolução e análise das amostras de solos e sedimentos.....
54
Figura 6.5. Etapas de preparação, dissolução e análise das amostras de plantas........................
55
Figura 7.1. Filito da antiga mina do Piquete, exibindo material precipitado, de coloração
amarelada.....................................................................................................................................
57
Figura 7.2. Amostra de quartzito (P2R6B), da antiga mina de Santa Efigênia, exibindo
sulfetos oxidados..........................................................................................................................
59
Figura 7.3. Capa de oxidação (c. o.) em rocha filítica contendo pirita, na antiga mina do
Piquete..........................................................................................................................................
60
Figura 7.4. Concentração de elementos maiores (Al, Fe, Mn e Ca) em amostras de rochas......
64
Figura 7.5. Concentração de Fe em amostras de rochas.............................................................
64
Figura 7.6. Concentração de Al em amostras de rocha...............................................................
65
Figura 7.7. Concentração de Mn em amostras de rochas...........................................................
66
Figura 7.8. Concentração de Ca em amostras de rochas.............................................................
66
Figura 7.9. Concentração de elementos menores em amostras de rochas (V, Cr, Co, Ni, Cu,
Zn, As, Mo, Pb, Li, Sb, Cd).........................................................................................................
67
Figura 7.10. Concentração de V em amostras de rochas............................................................
68
Figura 7.11. Concentração de Cr em amostras de rochas...........................................................
68
Figura 7.12. Concentração de Co em amostras de rochas.........................................................................
69
Figura 7.13. Concentração de Ni em amostras de rochas..........................................................................
69
Figura 7.14. Concentração de Cu em amostras de rochas.........................................................................
70
Figura 7.15. Concentração de Zn em amostras de rochas...........................................................
71
Figura 7.16. Concentração de As em amostras de rochas..........................................................
71
xix
Figura 7.17. Concentração de Mo em amostras de rochas.........................................................
72
Figura 7.18. Concentração de Pb em amostras de rochas...........................................................
72
Figura 7.19. Concentração de Li em amostras de rochas...........................................................
73
Figura 7.20. Concentração de Cd em amostras de rochas..........................................................
73
Figura 8.1. Valores de pH medidos em amostras de águas de estações de seca e chuva...........
78
Figura 8.2. Percolação de água sobre filito contendo pirita oxidada..........................................
78
Figura 8.3. Drenagem ácida na antiga mina do Piquete (P1A1), durante estação chuvosa........
79
Figura 8.4. Valores de Eh medidos em amostras de águas de estações de seca e chuva............
79
Figura 8.5. Valores de temperatura medidos em amostras de águas de estações de seca e
chuva............................................................................................................................................
80
Figura 8.6. Valores de sólidos totais dissolvidos medidos em amostras de águas de estações
de seca e chuva.............................................................................................................................
81
Figura 8.7. Valores de condutividade elétrica medidos em amostras de águas de estações de
seca e chuva.................................................................................................................................
81
Figura 8.8. Valores de turbidez medidos em amostras de água de estações de seca e chuva.....
82
Figura 8.9. Valores de alcalinidade determinados em amostras de águas de estações de seca
e chuva.........................................................................................................................................
83
Figura 8.10. Concentração de Al em amostras de águas de estações de seca e chuva...............
85
Figura 8.11. Concentração de Mn em amostras de água nas estações de seca e chuva..............
85
Figura 8.12. Concentração de Fe em amostras de águas de estações de seca e chuva...............
86
Figura 8.13. Correlação positiva entre - Na e Ca (A), Na e K (B), Mg e Ca (C), Sr e Ca (D),
Ba e Ca (E), Sr e Na (F) em amostras de água.............................................................................
87
Figura 8.14. Relação entre pH e profundidade em amostras da Lagoa do Gambá (P3A1)........
89
Figura 8.15. Relação entre alcalinidade e profundidade em amostras da Lagoa do Gambá
(P3A1)..........................................................................................................................................
89
Figura 8.16. Relação entre Eh (potencial de oxi-redução) e profundidade em amostras da
Lagoa do Gambá (P3A1).............................................................................................................
90
Figura 8.17. Relação entre concentração e profundidade em amostras da Lagoa do Gambá
(P3A1)..........................................................................................................................................
91
Figura 9.1. Concentração de elementos maiores (Ca, Mn, Al, Fe) em sedimentos....................
96
Figura 9.2. Concentração de elementos maiores (Ca, Mn, Al, Fe) em sedimentos de fundo.....
96
Figura 9.3. Concentração de Fe em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo
(B)................................................................................................................................................
97
Figura 9.4. Concentração de Al em amostras de sedimento (A) e de sedimentos de fundo (B)
97
Figura 9.5. Concentração de Mn em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo
(B)................................................................................................................................................
98
Figura 9.6. Concentração de Ca em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo
(B)...............................................................................................................................................
98
Figura 9.7. Concentração de elementos menores (Cd, Sb, Li, Pb, Mo, As, Zn, Cu, Ni, Co, Cr,
V) em amostras de sedimentos.....................................................................................................
99
xx
Figura 9.8. Concentração de elementos menores (Cd, Li, Pb, Mo, As, Zn, Cu, Ni, Co, Cr, V)
em amostras de sedimentos de fundo...........................................................................................
99
Figura 9.9. Concentração de As em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo
(B)................................................................................................................................................
100
Figura 9.10. Concentração de Ni em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo
(B)................................................................................................................................................
101
Figura 9.11. Concentração de Co em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo
(B)................................................................................................................................................
101
Figura 9.12. Correlação positiva entre Ni e Co em amostras de sedimentos de fundo..............
102
Figura 9.13. Concentração de Cu em amostras de sedimento (A) e de sedimentos de fundo
(B)................................................................................................................................................
102
Figura 9.14. Concentração de Li em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo
(B)................................................................................................................................................
103
Figura 9.15. Concentração de Cr em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo
(B).....
103
Figura 9.16. Concentração de Pb em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo
(B)................................................................................................................................................
105
Figura 9.17. Concentração de Zn em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo
(B)................................................................................................................................................
105
Figura 9.18. Correlação positiva entre - Pb e Zn (A), Pb e Fe (B) - em amostras de
sedimentos de fundo ....................................................................................................................
105
Figura 9.19. Concentração de V em amostras de sedimento (A) e de sedimento de fundo (B).
106
Figura 9.20. Correlação positiva entre - V e Fe (A), V e Cr (B) - em amostras de sedimento
de fundo........................................................................................................................................
106
Figura 9.21. Concentração de Mo em amostras de sedimentos (A) e de sedimento de fundo
(B)................................................................................................................................................
106
Figura 9.22. Concentração de Cd em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo
(B)................................................................................................................................................
107
Figura 9.23. Correlação positiva entre - Cd e Fe (A), Cd e V (B), Cd e Pb (C) - em amostras
de sedimentos de fundo................................................................................................................
107
Figura 10.1. Cambissolo (amostra P1O2) sobre rocha filítica................................................
113
Figura 10.2. Concentração de elementos maiores (Ca, Mn, Al e Fe) em amostras de solos......
115
Figura 10.3. Concentração de Al em amostras de solos.............................................................
116
Figura 10.4. Concentração de Fe em amostras de solos.............................................................
116
Figura 10.5. Concentração de Ca em amostras de solos............................................................
117
Figura 10.6. Concentração de Mn em amostras de solos............................................................
117
Figura 10.7. Concentração de elementos menores (Cd, Li, Pb, Mo, As, Zn, Cu, Ni, Co, Cr,
V) em amostras de solos..............................................................................................................
118
Figura 10.8. Concentração de Cd em amostras de solos............................................................
119
Figura 10.9. Correlação positiva entre Cd e Fe em amostras de solos.......................................
119
Figura 10.10. Concentração de Li em amostras de solos............................................................
119
Figura 10.11. Concentração de Pb (A) e Zn (B) em amostras de solos.....................................
120
xxi
Figura 10.12. Correlação positiva entre Pb e Zn em amostras de solos.....................................
120
Figura 10.13. Concentração de Mo em amostras de solos..........................................................
121
Figura 10.14. Concentração de As em amostras de solos...........................................................
121
Figura 10.15. Concentração de Cu nas amostras de solos..........................................................
122
Figura 10.16. Concentração de Co (A) e Ni (B) em amostras de solos......................................
122
Figura 10.17. Correlação positiva entre Co e Ni em amostras de solos.....................................
123
Figura 10.18. Concentração de V (A) e Cr (B) em amostras de solos........................................
123
Figura 10.19. Correlação positiva entre V e Cr em amostras de solos.......................................
124
Figura 11.1. Baccharis sp. (P1P1C), proveniente da mina do Piquete.......................................
126
Figura 11.2. Briófita (P2P1B) localizada no ponto da mina de Santa Efigênia..........................
126
Figura 11.3. Concentração de elementos maiores (Zn, Al, Fe, Mn) em amostras de plantas.....
128
Figura 11.4. Concentração de Fe e Al em amostras de plantas..................................................
128
Figura 11.5. Concentração de Zn em amostras de plantas..........................................................
129
Figura 11.6. Concentração de Mn em amostras de plantas.........................................................
129
Figura 11.7. Concentrações de Cd, Sb, Li, Pb, Mo, Cu, Ni, Co, Cr, V em amostras de
plantas..........................................................................................................................................
130
Figura 11.8. Concentração de V em amostras de plantas...........................................................
130
Figura 11.9. Concentração de Cr em amostras de plantas..........................................................
131
Figura 11.10. Concentração de Co em amostras de plantas.......................................................
131
Figura 11.11. Concentração de Ni em amostras de plantas........................................................
132
Figura 11.12. Concentração de Cu em amostras de plantas.......................................................
132
Figura 11.13. Concentração de Mo em amostras de plantas......................................................
133
Figura 11.14. Concentração de Pb em amostras de plantas........................................................
133
Figura 11.15. Concentração de Li em amostras de plantas.........................................................
134
Figura 12.1. Gráfico Eh-t para cultura de bactéria em rocha P1R3............................................
138
Figura 12.2. Gráfico Eh-t para cultura de bactéria em amostra de rocha P1R4.........................
139
Figura 12.3. Gráfico Eh-t para cultura de bactéria em sedimento P1S1-c..................................
139
Figura 12.4. Gráfico Eh-t para cultura de bactérias em sedimento P2J-c...................................
139
Figura 12.5. Gráfico Eh-t para cultura de bactérias em sedimento P2JX1.................................
140
Figura 12.6. Gráfico exibindo valores de Eh para os experimentos de confirmação, e seus
respectivos controles, na cultura de bactérias..............................................................................
141
Figura 12.7. Gráfico exibindo valores de pH para os experimentos de confirmação, e seus
respectivos controles, na cultura de bactérias..............................................................................
141
Figura 12.8. Presença de bactérias em experimento relativo a sedimento de corrente - P1S1-c
- (A), e sua mudança de posição alguns segundos depois - (B)...................................................
142
Figura 12.9. Presença de bactérias em experimento relativo a sedimento de corrente - P1S1c(A), e sua mudança de posição alguns segundos depois - (B).....................................................
143
xxii
Lista de Quadros
Quadro 4.1- Mobilidade de alguns elementos químicos em função do meio............................
28
Quadro 4.2. Compostos que acumulam metais pesados e algumas de suas propriedades.........
29
Quadro 5.1: Tabela periódica, mostrando elementos químicos e seus efeitos biológicos
conhecidos e prováveis................................................................................................................
33
Quadro 5.2: Relação de algumas propriedades químicas para elementos químicos..................
35
Quadro 5.3: Elementos químicos e os principais efeitos causados nos organismos..................
46
Quadro 6.1: Designações das amostras coletadas referentes às sub-áreas.................................
49
Quadro 6.2: Componentes das soluções utilizadas na cultura de bactérias...............................
56
Quadro 7.1. Tipos de amostras de rochas e seus respectivos pontos de coleta..........................
58
Quadro 8.1. Amostras de água e respectivos pontos de coleta...................................................
76
Quadro 9.1. Sedimentos e suas respectivas regiões amostradas.................................................
94
Quadro 10.1. Relação entre as amostras de solos, tipos e os pontos de coleta...........................
114
Quadro 11.1. Relação entre as partes analisadas dos diferentes tipos de plantas e seus
respectivos pontos e ambientes de coleta.....................................................................................
127
Quadro 13.1. Elementos caracterizados nos ambientes das antigas minas de pirita, onde se
encontram assinalados aqueles que se apresentaram em altas concentrações.............................
148
xxiii
xxiv
Lista de Tabelas
Tabela 7.1. Mineralogia das amostras de rochas, definida a partir de difratometria de raios-X.
62
Tabela 7.2. Valores máximos de concentrações obtidos para as rochas da região investigada
e para outras rochas do Sinclinal Dom Bosco..............................................................................
63
Tabela 8.1. Parâmetros físico-químicos das amostras de água relativos à estação de seca........
77
Tabela 8.2. Parâmetros físico-químicos das amostras de água relativos à estação de chuva.....
77
Tabela 8.3. Parâmetros físico-químicos da água na Lagoa do Gambá.......................................
88
Tabela 9.1. Concentrações de metais (máximas e mínimas) definidas em amostras de
sedimentos de fundo e os níveis críticos TEL e PEL...................................................................
108
Tabela 10.1. Medidas de pH e Eh em amostras de solos............................................................
114
Tabela 12.1. Medidas de Eh e pH para cultura de bactéria em rocha P1R3...............................
138
Tabela 12.2. Medidas de Eh e pH para cultura de bactéria em rocha P1R4...............................
139
Tabela 12.3. Medidas de Eh e pH para cultura de bactéria em sedimento P1S1-c.....................
139
Tabela 12.4. Medidas de Eh e pH para cultura de bactéria em sedimento P2J-c........................
139
Tabela 12.5. Medidas de Eh e pH para cultura de bactéria em sedimento P2JX1......................
140
Tabela 12.6. Medidas de Eh e pH para cultura de bactérias em teste de confirmação...............
141
xxv
xxvi
Resumo
No município de Ouro Preto, Minas Gerais, são conhecidas algumas regiões onde a pirita foi
explorada com a finalidade de se produzir ácido sulfúrico. Sabe-se que os depósitos sulfetados
geralmente contêm quantidades significativas de alguns elementos químicos, como - Hg, As, Cd, Pb,
Zn, Cu, Co e Ni. Esses constituintes pertencem à gama dos elementos potencialmente tóxicos que,
uma vez liberados em grandes quantidades em águas, sedimentos, solos ou plantas, podem causar
contaminações. Vários dos elementos pesados são liberados e mobilizados por drenagem ácida, cuja
formação é bastante comum em regiões de ocorrência de pirita. A água pode adquirir um caráter ácido
ao percorrer terrenos contendo sulfetos, que se oxidam sob a atuação de oxigênio e microorganismos
específicos. Nesse processo, são gerados íons de H+, além de Fe3+ e SO4=. Quando a drenagem ácida
entra em contato com vários minerais, ela libera e mobiliza elementos dos mesmos, concentrando-os,
o que pode causar a contaminação de diferentes ambientes. O problema de geração de drenagem ácida
e mobilização de elementos pesados é bastante comum em ambientes de minas que contêm sulfetos.
Nesses locais, o processo de acidificação é acelerado pelas atividades exploratórias, que expõem
grandes volumes de materiais à atuação da atmosfera. A presença de altas concentrações de elementos
tóxicos torna-se agravante se esses elementos se encontrarem biodisponíveis. Quando ocorre a
incorporação de altos níveis de metais pesados nos organismos, esses elementos podem exercer um
elevado nível de toxicidade no ser humano, animais e plantas.
O relato deste trabalho possui enfoque geoquímico ambiental que trata da existência de
contaminações por metais pesados em regiões de duas antigas minas de pirita de Ouro Preto e
circunvizinhanças. Nesses pontos, procurou-se investigar os processos de geração de drenagem ácida e
conseqüente mobilização e concentração de metais em ambientes distintos. Para tanto, foram
analisadas diferentes amostras de rochas, águas, sedimentos, solos e plantas. As investigações
permitiram verificar que, em determinados pontos, existe contaminação por alguns elementos. Essa
acumulação deve-se tanto aos processos de lixiviação por drenagem ácida, quanto à própria litologia
local. Para a região da antiga mina do Piquete, verificou-se um aumento na concentração de metais
regida por um ambiente ácido. Em alguns pontos, principalmente naqueles localizados na região da
antiga mina de Santa Efigênia, observou-se que a presença de carbonatos inibe o processo de
acidificação dos ambientes. As regiões das minas estão assinaladas pela presença de níveis tóxicos de
metais, como: Al (152,5 µg/L) em água; As (273,4 mg/kg) - Cr (148,6 mg/kg) - Cd (57,9 mg/kg) - Cu
(179,1mg/kg) - Pb (58,7 mg/kg) - Zn (231,7 mg/kg) em sedimentos de corrente; As (177,9 mg/kg) Cd (36,3 mg/kg) - Cu (225 mg/Kg) - Pb (122,9 mg/kg) - Ni (85,1mg/kg) - Cr (122,7mg/kg) em solos;
Zn (0,17%), - Mn (0,35%) - Ni (67,6 mg/kg) - Cu (150 mg/kg) - Pb (48,2 mg/kg) em plantas. A
concentração de elementos químicos em águas, sedimentos, solos e plantas possui uma relação direta
com a litologia local; porém é influenciada por outros fatores, como: condições físico-químicas do
ambiente, variações sazonais, disponibilidade e biodisponibilidade de elementos químicos.
xxvii
xxviii
Abstract
In Ouro Preto county, Minas Gerais, some regions are known where pyrite was explored for
the production of sulfuric acid. One knows that the sulfurized deposits generally contain significative
quantities of some chemical elements, such as Hg, Cd, Pb, Zn, Cu, Co, Ni. These constituents belong
to the range of the heavy metals that, once liberated in great quantities in water, sediments, soils and
plants, may cause contaminations. From these heavy elements, several of them are liberated and
mobilized by acid drainage, the formation of which is very common in regions of pyrites occurrence.
The water may acquire an acid nature, while it runs through soils containing sulfides, which oxidize
themselves under the action of oxygen and specific organisms. In the process, ions of H+ are
generated, as well as Fe3+ and SO4=. When the acid drainage enters in contact with various minerals, it
liberates and mobilizes some elements. This may cause contamination in different kinds of
environment. The problem of acid drainage generation and mobilization of heavy elements is very
common in sites containing sulfides. In these sites the acidification process is accelerated by
exploration activities that expose great volumes of materials to the action of the atmosphere. The
presence of high concentrations of toxic elements becomes aggravating if these elements are
bioavaillable. When the incorporation of high levels of heavy metals occurs in the organisms, the
elements may cause a high level of toxidity in human being, animals and plants.
The report of this work has geochemical environmental focus, that deals with the existence of
contaminations by heavy metals in regions of two old pyrite mines in Ouro Preto and surrounding. In
these points, the aim was to investigate the process of acid drainage generation and consequent
mobilization and concentration of heavy metals in different areas. For this purpose, different samples
of rocks, waters, sediments, soils and plants were analyzed. The investigations made it possible to
verify that, in certain points, there is contamination by some elements. This accumulation is due to the
leaching processes by acid drainage, that concentrated various elements and, also, according to the
local lithology itself. As to the region of the old Piquete Mine, an increase was observed in the
concentration of metals generated by the acid ambiance. In some points, mainly those situated in the
regions of the old Santa Efigênia Mine, the fact observed is that the presence of carbonates inhibits the
acidification process of the sites. The areas of mines are distinguished by the presence of the toxic
levels of metals such as: Al (152,5 µg/L) in water; As (273,4 mg/kg) - Cr (148,6 mg/kg) - Cd (57,9
mg/kg) - Cu (179,1 mg/kg) - Pb (58,7 mg/kg) - Zn (231,7 mg/kg) in botton sediments; As (177,9
mg/kg) - Cd (36,3 mg/kg) - Cu (225 mg/Kg) - Pb (122,9 mg/kg) - Ni (85,1 mg/kg) - Cr (122,7 mg/kg)
in soils; Zn (0,17%), - Mn (0,35%) - Ni (67,6 mg/kg) - Cu (150 mg/kg) - Pb (48,2 mg/kg) in plants.
The concentration of chemical elements in water, sediments, soils and plants has a direct
relation with the site lithology. But it is influenced by other factors such as: physico-chemical
conditions of the site, seasoming variations, availability and bioavaillability of the chemical elements.
xxix
xxx
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1. GENERALIDADES
Os diversos jazimentos metálicos localizados no sudeste do Quadrilátero Ferrífero têm
imprimido, ao longo dos anos, uma forte conotação econômica à região. No entanto, as atividades
mineiras acarretaram uma série de mudanças nas características físico-químicas do ambiente. Durante
os últimos anos, registra-se um grande esforço no sentido de se conhecer o comportamento químico de
alguns elementos, principalmente no que diz respeito aos metais pesados e a sua dispersão em
ambientes distintos, principalmente em águas e sedimentos (cf. Eleutério 1997, Andrade 2000, Costa
2001, Cruz 2002).
Os metais pesados possuem uma de suas fontes relacionada à ocorrência de depósitos
sulfetados, nos quais, geralmente, se encontram presentes os elementos calcófilos (que possuem
afinidade com o cobre), tais como: Hg, As, Cd, Pb, Zn, Cu, Co, Ni. Esses constituintes pertencem à
gama dos elementos pesados que, uma vez liberados em grandes quantidades em águas, sedimentos,
solos e plantas, podem causar a contaminação do meio ambiente. Alguns dos elementos pesados
possuem um caráter tóxico e, como podem ser acumulados nos organismos, são nocivos para o ser
humano, animais e plantas.
No município de Ouro Preto, Minas Gerais, em locais próximos ao Bairro Santa Efigênia, são
conhecidas algumas regiões onde se exerciam atividades exploratórias de pirita. Tais atividades
destinavam-se à produção de ácido sulfúrico, muito utilizado na confecção de pólvora, principalmente
em épocas da Segunda Guerra Mundial. Sabe-se que, durante a exploração mineral, grandes
quantidades de pirita eram mobilizadas e expostas ao ar, sendo, então, oxidadas. Devido à percolação
de água nas rochas sulfetadas, supõe-se que prevaleciam condições de drenagem ácida na região das
minas. Essa condição de acidez pode ter mobilizado elementos pesados que, anteriormente, em outras
condições, poderiam possuir uma baixa mobilidade; tais elementos, uma vez liberados, possuem uma
grande chance de serem acumulados na biota (Figura 1.1). Devido a esse processo de acidez e
liberação de elementos pesados, é importante que se realize um rastreamento geoquímico nas áreas das
minas e circunvizinhanças, com o intuito de se verificar a dispersão e a acumulação de elementos
pesados nos diferentes ambientes.
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
O2
Água superficial
Água meteórica
Pirita
Atividade
microbiológica
Água ácida
Rochas
(Filitos, xistos, quartzitos)
Depósitos hidrotermais
(Hg, As, Cd, Pb, Zn, Cu, Co Ni, Fe)
Mobilização de metais pesados
Água
Solo
Sedimento
Planta
Figura 1.1: Processo de formação de drenagem ácida com mobilização e acumulação de metais pesados em
diferentes ambientes.
1.2. OBJETIVOS
Os estudos desenvolvidos neste trabalho visam investigar o comportamento geoquímico de
elementos químicos vinculados às antigas minas de pirita de Ouro Preto. As pesquisas realizadas
permitirão determinar a concentração de elementos pesados nos ambiente das minas (rocha, água,
sedimento, solo e planta). Procurou-se verificar a existência da acumulação de metais pesados devido
à presença de pirita, à sua oxidação e conseqüente liberação e mobilização de elementos. Para tanto,
foram estudadas duas regiões (mina do Piquete e mina de Santa Efigênia) onde esse mineral foi
extraído. Nesses locais, era interessante fazer um estudo geoquímico/ambiental, pois os terrenos se
encontram ocupados, tendo seus solos e/ou águas utilizados pelo homem e animais. Procurou-se,
também, determinar a concentração dos elementos químicos em questão em águas, solos, sedimentos e
plantas, em alguns pontos, fora da área de influência da mina. Tais estudos foram realizados a título de
comparação com o conteúdo de metais presentes nas amostras coletadas dentro das regiões que
continham pirita, para determinar se essas se encontravam contaminadas.
As principais atividades desenvolvidas nesse estudo estão voltadas para:
- verificar a situação atual das antigas minas, em relação à ocorrência de pirita e à geração de
drenagem ácida;
2
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
- verificar a ocorrência de elementos pesados vinculados à pirita, tais como As, Zn, Pb, Cu, Ni,
Mo, Sb, Co, Cr, e Cd;
- investigar possíveis contaminações remanescentes relativas à presença de elementos pesados
em águas, sedimentos, solos e plantas nas imediações das minas;
- verificar alguns parâmetros condicionantes dos processos de oxidação da pirita, e de geração
de drenagem ácida, tais como as variações sazonais e a presença de bactérias acidófilas;
- determinar a influência que os eventuais contaminantes exercem no ambiente;
- verificar a segurança da utilização da água e dos solos nas regiões próximas às antigas minas.
1.3. LOCALIZAÇÃO E ACESSO
A área investigada situa-se na região sudeste do município de Ouro Preto, Estado de Minas
Gerais. A região envolve duas antigas minas de pirita, localizadas próximo à saída de Ouro Preto em
direção à Mariana (Figura 1.2). Os pontos das antigas minas e circunvizinhanças estudadas
compreendem, em conjunto, cerca de 3,7 km².
O acesso para as duas antigas minas pode ser feito, em Ouro Preto, pela MG-356 até o Bairro
de Santa Efigênia, seguindo-se, então, em direção ao Bairro Padre Faria, até a Estação Vitorino Dias
(antiga Fábrica de Tecidos). Para acessar a região da antiga mina de Santa Efigênia, deve-se, nesse
ponto, seguir pela Estrada de Ferro Central Brasil, por cerca de 0,6 km, em sentido ao Bairro da Barra,
até o ponto das ruínas. O acesso à segunda antiga mina (Piquete) pode ser feito a partir da Estação
Vitorino Dias até a BR-262, ou então, pelo Bairro Bauxita, e depois, por aproximadamente 1,5 km por
essa mesma rodovia, em sentido à Mariana. Nesse trajeto, segue-se até uma estrada de terra, à direita,
posicionada próximo ao Córrego Bigode Chinês, e depois, por cerca de 0,7 km em estrada secundária
em direção ao sul.
3
4
40º
30º
20º
Dom Bosco
as
tória-Min
E. F.Vi
7744
Rodrigo Silva
Serra do Siqueira
Taboões
Ouro Preto
656
na
di
ol
op
e
-L
SA
FF
R
MG-356
Boa Vista
Botafogo
MG-356
Rancharia
Estação do
Tripuí
do
Parque Estadual do
Itacolomi
BR-262
Carmo
Ouro Preto
Parque Municipal da
Cachoeira das Andorinhas
656
Mapa de localização da região de Ouro Preto - MG
Vitória
Mariana
660
1
0
1
Ribeirão
2km
Estrada não
pavimentada
Ferrovia
Rodovia
Povoado
Distrito
Cidade
Área de proteção
ambiental
Área de estudo
Legenda
Figura 1.2: Mapa de localização de Ouro Preto, com a delimitação da área de estudo.(Modificado de Cruz, 2000 e Projeto “Mapas Municipais de Minas Gerais”,
Município de Ouro Preto -MG, 1980).
7738
7744
MG
0º
10º
Cachoeira do Campo
Be
lo H
oriz
on
te
638
7750
BRASIL
40º
Ri
be
irã
o
70º 60º 50º
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
CAPÍTULO 2
GEOLOGIA REGIONAL
2.1. INTRODUÇÃO
O Quadrilátero Ferrífero corresponde a uma área de cerca de 7.000 km² situada na porção
centro-sul do Estado de Minas Gerais. Segundo Almeida (1977), encontra-se inserido no extremo
sudeste do Cráton São Francisco (Figura 2.1). Constitui uma região clássica da geologia préCambriana do mundo, que é amplamente estudada devido à potencialidade econômica de seus
depósitos minerais e à sua complexidade geológica.
Brasil
N
Brasília
CSF
500 km
0
0
44 00'
43 30'
Complexo Belo Horizonte
Serra da Piedade
Complexo de
Caetés
Belo Horizonte
20 0 00'
Serra do Curral
Complexo do Bonfim
BIF
Metassedimentos Proterozóicos
Complexo do Bação
Greenstone Arqueano
Complexos graníticos
Maiores falhas/empurrões
•
Ouro Preto
Sinclinal Dom Bosco
N
Foliação principal
Sinclinais/anticlinais
0
20 km
Figura 2.1: Mapa geológico simplificado do Quadrilátero Ferrífero (modificado de Dorr, 1969).
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Os primeiros trabalhos voltados para estudos mineralógicos-geológicos dessa região datam do
século XVIII e início do século XIX. Os trabalhos de tal cunho descrevem ocorrências de minerais (ou
minérios) contendo elementos como: Au, Pd e Pt (e.g. Sarmento 1735, Wollaston 1805). O início
sistemático das pesquisas foi realizado por Eschwege (1833) e por Gorceix (1881). A partir de então,
seguiu-se uma série de publicações voltadas para a caracterização litoestratigráfica e estrutural da
região (e.g. Derby 1906, Harder & Chamberlim 1915, Guimarães 1931, Guild 1957, Pomerene 1964,
Barbosa 1968). Vários desses trabalhos, juntamente a uma outra gama de cunho geológico, foram
sumarizados em Dorr (1969); esse autor executou um mapeamento geológico em escala 1:25.000, que
constitui um dos principais trabalhos já realizados no Quadrilátero Ferrífero.
2.2. LITOESTRATIGRAFIA
Nas diversas publicações sobre a geologia do Quadrilátero Ferrífero, constam várias
iniciativas para se propor uma coluna estratigráfica da região. Atualmente, acredita-se que o
Quadrilátero Ferrífero seja composto por três grandes unidades litoestratigráficas (e.g. Dorr 1969,
Ladeira & Viveiros 1984, Ladeira 1985, Carneiro 1992, Carneiro et al. 1995, Alkmim & Marshak
1998), representadas na Figura 2.2: embasamento cristalino arqueano (complexos metamórficos),
seqüências vulcano-sedimentares arqueanas (Supergrupo Rio das Velhas) e seqüências supracrustais
proterozóicas (Supergrupo Minas e Grupo Itacolomi). Ainda na região, ocorrem as intrusivas pósMinas e os depósitos cenozóicos.
2.2.1. Complexos Metamórficos Arqueanos
Os complexos metamórficos correspondem ao embasamento cristalino arqueano. Os litotipos
dos complexos compreendem rochas como metatonalitos, metagranitos, migmatitos, anfibolitos,
mataultramafitos e pegmatitos, de idades Arqueana e Transamazônica (e.g. Cordani et al. 1980,
Teixeira 1985, Machado et al. 1989). Os complexos metamórficos possuem denominações como
Bonfim, Belo Horizonte, Caeté, Bação; esses complexos apresentam-se geralmente na forma de
estruturas dômicas que circundam a região do Quadrilátero Ferrífero, à exceção do Bação, que é
localizado em seu interior (Chemale Jr. et al. 1991). As rochas granito-gnáissicas, que representam os
complexos em sua grande totalidade, foram consideradas por Dorr (1969) e Herz (1970) como
compostas apenas por rochas graníticas intrusivas na seqüência supracrustal. Com a evolução das
pesquisas e, com base nas novas tecnologias Rb-Sr, parte desses complexos foi reinterpretada como
embasamento remobilizado (e.g. Ladeira 1980, Roeser et al. 1982, Belo de Oliveira & Teixeira 1990).
6
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
2.2.2. Supergrupo Rio das Velhas
A unidade assim denominada representa um clássico terreno greenstone belt arqueano
(Almeida 1976; Ladeira 1980). Esses terrenos associam litotipos como metabasalto e metakomatiíto,
lava riolítica metamorfizada e rocha metassedimentar intercalada, que incluem formação ferrífera
bandada do tipo Algoma (BIF), carbonatos e silicatos (Alkmim & Marshak 1998).
O Supergrupo Rio das Velhas é subdividido, da base para o topo, em Grupo Nova Lima e
Grupo Maquiné, sendo esse primeiro o que abrange maior área (Dorr et al. 1957, Dorr 1969).
Grupo Nova Lima
As rochas do Grupo Nova Lima, inicialmente descritas por Dorr et al. (1957), encontram-se
subdivididas, segundo Ladeira (1980), Ladeira et al. (1983), Ladeira e Viveiros (1984), em:
- Unidade metavulcânica (basal): composta de metakomatiítos peridotíticos, metabasaltos,
metafelsitos,
metacherts,
metacherts
carbonáticos,
formação
ferrífera
e
xistos
tufáceos,
correspondentes ao Grupo Quebra Osso. Apresentam textura spinifex e estruturas do tipo pilow-lava.
- Unidade metassedimentar química (intermediária): os litotipos compreendem metachert
ferruginoso, formação ferrífera bandada, quartzo-carbonato xisto, filitos e xistos grafitosos, que se
alternam com derrames de basaltos.
- Unidade clástica superior: envolve rochas como quartzo-mica xisto, filito e quartzitos
imaturos, além de conglomerado polimítico.
Grupo Maquiné
O Grupo Maquiné encontra-se sobreposto ao Grupo Nova Lima. É separado do mesmo por
uma discordância angular e, localmente, erosiva (Dorr et al. 1957). O Grupo Maquiné é subdividido
em Formação Palmital e Formação Casa Forte. A primeira, definida por O’Rourke (1957), é
constituída predominantemente de filito, filito quartzoso com lentes de quartzito e metaconglomerado
basal subordinado. A Formação Casa Forte (Gair 1962) é composta de quartzitos sericíticos, cloríticos
a xistosos, conglomerados e filitos.
7
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
2.2.3. Supergrupo Minas
Esse supergrupo compreende uma seqüência supracrustal proterozóica. A base do Supergrupo
Minas é representada pelas unidades dos Grupos Tamanduá e Caraça (Alkmim & Marshak 1998),
conforme exibido na Figura 2.2. O posicionamento de alguns grupos, como Tamanduá e Sabará, bem
como sua gênese, é muito questionada por alguns autores. O Grupo Tamanduá foi definido nas Serras
do Cambotas e do Caraça (Simmons & Maxwell 1961) e subdividido por Simmons (1968), em duas
formações: Quartzito Cambotas, posicionado na base do grupo, sendo constituído de filitos, xistos e
quartzitos; Formação Superior, sem denominação, composta de filitos, xistos, quartzitos e formação
ferrífera.
Os trabalhos mais recentes definem a seguinte subdivisão para esse supergrupo, considerandose, da base para o topo:
Grupo Caraça
Caracterizado por Dorr et al. (1957), esse grupo sobrepõe-se em discordância angular sobre o
Grupo Tamanduá, sendo subdividido em Formação Moeda e Formação Batatal.
- Formação Moeda: nomeada por Wallace (1958), tal formação comporta rochas como
quartzito, “grit”, conglomerado e filitos subordinados. O tipo característico dessa unidade é o quartzito
sericítico, resultante do metamorfismo de arenitos transgressivos (Barbosa 1968).
- Formação Batatal: essa unidade foi assim designada por Maxwell (1958). Encontra-se
capeando a Formação Moeda, em contato transicional. As rochas dessa formação são caracterizadas
por constituírem filitos ou mica xistos, podendo apresentar filitos muito puros, ou, em alguns pontos,
levemente grafitosos (Dorr 1969).
Grupo Itabira
O Grupo Itabira compreende rochas cujos sedimentos foram depositados em bacia pouco
profunda, em condições oxidantes, onde ligeiras variações de pH determinariam a deposição das
litologias que caracterizam as duas formações (Barbosa 1968), definidas da base para o topo (Dorr
1969, Barbosa 1968), em:
8
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
- Formação Cauê: a base dessa formação é concordante com o aleitamento do Filito Batatal.
As rochas compreendem itabirito dolomítico, itabirito anfibolítico e leitos de quartzito, filito e
dolomito; o litotipo é a formação ferrífera tipo Lake Superior, que corresponde a uma rocha bandada,
com níveis alternados de quartzo e hematita.
- Formação Gandarela: sobrepõe-se ao Itabirito Cauê em contato de transição e interdigitado.
A principal rocha da Formação Gandarela é o mármore dolomítico, ao qual se associam itabiritos
dolomíticos, filitos e clorita xistos.
Grupo Piracicaba
Compreende quatro formações, sendo a Fecho do Funil descrita por Simmons (1968) e, as
demais, por Pomerene (1958):
- Formação Cercadinho: encontra-se separada da Formação Gandarela por meio de
discordância erosiva (Dorr 1969). A Formação Cercadinho é descrita por Barbosa (1968) como
tipicamente constituída por bancos decimétricos a métricos de quartzito cinzento hematítico,
alternados a interbancos de filito prateado; esse último constitui-se predominantemente de sericita e
hematita. O tipo de sedimentação reflete, segundo o mesmo autor, o caráter rítmico de sedimentação
em águas rasas.
- Formação Fecho do Funil: dispõe-se subjacente à Formação Cercadinho por meio de contato
gradacional. O caráter da sedimentação muda, em relação à deposição anterior, devido ao
aprofundamento da bacia (Barbosa 1968), onde seriam formadas as rochas dessa unidade: filitos,
filitos dolomíticos, dolomito, itabirito dolomítico e clorita xistos.
- Formação Taboões: a rocha típica ocorre geralmente decomposta nos afloramentos,
correspondendo a um material arenoso, branco, fino e friável, ou ainda, pode se apresentar como um
quartzito de granulação muito fina, de cor cinza-oliva quando fresco (Barbosa 1968). O contato com a
Formação Barreiro, subjacente, é concordante, e geralmente, de transição brusca (Dorr et al. 1957).
- Formação Barreiro: as rochas compreendem filitos, filitos grafitosos pretos a cinza e xistos
rosados, localmente associados a camadas de quartzito fino de cor preta. Na região de Ouro Preto,
Barbosa (1968) descreve um quartzito semelhante ao Taboões, interestratificado com filito grafitoso,
sendo o conjunto denominado Formação Barreiro.
9
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Grupo Sabará
Essa unidade foi inicialmente relatada por Gair (1958) como Formação Sabará, e,
posteriormente, considerada como grupo (e.g. Ladeira 1980, Renger et al. 1994). Encontra-se separada
da seqüência sobrejacente por meio de profunda discordância angular.
A base do Grupo Sabará é normalmente assinalada por um filito conglomerático. As rochas
típicas são tufos, vulcanoclásticas, conglomerados e diamictitos, apresentando matriz comumente
clorítica e xistosa (Barbosa 1968, Dorr 1969, Renger et al. 1994). O Grupo Sabará pode representar
turbiditos derivados de terrenos vulcânicos (Alkmim & Marshak 1998), sendo interpretado como uma
fácies sin-orogênica do Evento Transamazônico (Renger et al. 1994).
2.2.4. Grupo Itacolomi
Esse grupo foi inicialmente designado de Quartzito Itacolomi por Harder & Chamberlin
(1915). Os litotipos característicos são: quartzitos, quartzitos conglomeráticos e lentes de
conglomerado com seixos de itabirito, filito, quartzito e quartzo de veio (Dorr 1969). O contato com a
unidade superior é feito segundo uma discordância angular (Guimarães, 1931).
O Grupo Itacolomi representa sedimentos que foram originados a partir da erosão de todas as
formações pré-Cambrianas, o que reflete a heterogeneidade do material, cuja deposição realizou-se em
estreita depressão intermontante (Barbosa 1968, Dorr 1969).
2.2.5. Depósitos Sedimentares Cenozóicos
Os depósitos cenozóicos são pouco expressivos na região do Quadrilátero Ferrífero. Gorceix
(1884) caracterizou argilas cobertas por linhitos, com vestígios de capeamento limonítico, nas Bacias
de Gandarela e Fonseca. Johnson (1962) caracterizou depósitos superficiais de tálus, laterita, canga e
aluvial nas quadrículas de Cachoeira do Campo e Ouro Branco. Pomerene (1964) descreve depósitos
superficiais em Vargem dos Óculos e Lagoa do Miguelão (sopé da Serra da Moeda), definindo sua
deposição como lacustre e de preenchimento de vale. Santos (1998) atribui uma gênese sedimentar
para os corpos argilosos do Morro do Caxambu, e sedimentar, com alteração de uma intrusiva félsica,
para o corpo argiloso da Mina de Vermelhão, na região de Ouro Preto.
10
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Figura 2.2: Coluna estratigráfica do Quadrilátero Ferrífero (modificada de Alkmim & Marshak 1998).
2.3. GEOLOGIA ESTRUTURAL E GEOTECTÔNICA
A região do Quadrilátero Ferrífero encerra uma série de megaestruturas (cf. Figura 3.1) que se
encontram dispostas principalmente na forma de sinclinais (e.g. Sinclinais Santa Rita, Dom Bosco,
Moeda e Serra do Curral) e anticlinais (e.g. Anticlinal de Mariana). Outras feições marcantes na região
correspondem aos complexos metamórficos e aos sistemas de falhamentos. Esses primeiros
apresentam-se preferencialmente na forma de estruturas dômicas, recebendo denominações locais,
como Complexo Metamórfico Bonfim, Caeté, Bação (e.g. Guimarães et al. 1967, Herz 1970, Carneiro
1992). Os grandes falhamentos estão representados pelos Sistemas do Fundão, Engenho e Água
Quente (e.g. Dorr et al. 1957, Dorr 1969, Chemale Jr. et al. 1991, Endo 1997).
11
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Os primeiros modelos propostos para a evolução geológica do Quadrilátero Ferrífero foram
fundamentados essencialmente na análise estrutural (e.g. Barbosa 1961, Dorr 1969, Ladeira e Viveiros
1984). Com o avanço de estudos geotectônicos integrados à geoquímica e geocronologia,
desenvolveu-se uma série de trabalhos, cujos enfoques se direcionaram para o arcabouço tectônico e a
evolução geológica da região. Apesar dos modelos propostos serem bastante divergentes entre si,
admite-se que a região tenha sido submetida a uma deformação de caráter polifásico. De uma forma
geral, os dados geocronológicos fornecem o registro de três principais eventos responsáveis pelo
metamorfismo generalizado a que a região foi submetida. Esses eventos correspondem ao Rio das
Velhas, Transamazônico e Brasiliano, sendo o primeiro arqueano e os demais proterozóicos. Admitese, ainda, uma tectônica extensional Mesocenozóica (<130 Ma), a que se tem atribuído a formação das
bacias sedimentares mais recentes (Chemale Jr. et al. 1991).
O registro da deformação mais antiga da região remonta a 2,92 Ga (Carneiro 1992), e foi
denominado por Evento pré-Rio das Velhas (Endo 1997). As principais fases de geração ou
retrabalhamento da crosta arqueana envolveram magmatismo e recristalização (Noce 1995, Carneiro et
al. 1995), associados a um metamorfismo de fácies anfibolito superior (Gomes 1985).
O greenstone belt Rio das Velhas representa, segundo uma das hipóteses levantadas por
Carneiro et al. (1995), o empilhamento estrutural de duas ou mais seqüências vulcano-sedimentares de
diferentes épocas do Arqueano. Endo (1997) relacionou os eventos Rio das Velhas (2,78 - 2,55 Ga) ao
Ciclo Orogênico Jequié. Alkmim & Marshak (1998) propõem um modelo para a formação do
greenstone bel envolvendo plutonismo dentro das supracrustais do Supergrupo Rio das Velhas, a gerar
estruturas do tipo domos e calhas.
A Bacia Minas seria formada em um evento posterior, onde, no período entre 2,6 - 2,4 Ga, a
região do Quadrilátero Ferrífero se tornaria uma porção da plataforma continental de uma bacia de
margem passiva. Os sedimentos correspondentes seriam gerados de uma única fonte arqueana, de
idade máxima 2,6 Ga (Renger et al. 1994, Carneiro et al. 1995, Noce 1995).
Chemale Jr. et al. (1991) citam um megaevento extensional, paleoproterozóico (2,10 - 1,70
Ga), responsável pela formação dos megassinclinais interconectados de Santa Rita, Dom Bosco,
Moeda e Serra do Curral, bem como o soerguimento dos complexos granito-gnáissicos de Santa Rita,
Bonfim, Bação, Belo Horizonte e Caeté. Outras feições associadas são o desenvolvimento de
megazonas extensionais de cisalhamento. Já Alkmim & Marshak (1998) propõem, para a idade
aproximada de 2,1 Ga, um evento de caráter compressional (possível colisão de arco de ilha),
atribuível à geração de um fold-thrust belt com vergência para NW. O mesmo produzira zona de
cisalhamento tipo empurrão em escala de dobramento regional, além de dobras parasíticas de segunda
ordem.
12
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
A deposição do Grupo Itacolomi é considerada por esses autores como sin-extensional à
Orogenia Transamazônica. Posteriormente, um evento de idade 2,09 Ga, representa uma fase de
colapso extensional orogênico, produzindo um segundo terreno de domo e calha, superimposto ao
primeiro.
Endo (1997) define o Ciclo Transamazônico (2,25 - 1,90 Ga) como o resultado de duas
orogêneses (Minas e Itacolomi), caracterizando, assim, dois megaeventos extensionais progressivos. O
metamorfismo associado ao Ciclo Transamazônico atingiu as condições de fácies xisto verde baixa a
anfibolito (Endo 1997), durante o qual houve uma transformação da sucessão original do greenstone
em vários metamorfitos (Ladeira et al. 1983).
Para o Neoproterozóico, Chemale Jr. et al. (1991) consideraram um evento de natureza
compressional, responsável pela geração de um fold-thrust belt brasiliano, bem como pela
amplificação dos megassinclinais e geração de novas estruturas. Endo (1997) definiu o Ciclo
Orogênico Brasiliano como sendo o último a afetar as rochas da região. O Evento Brasiliano teria se
processado na fácies xisto verde (Endo 1997), sendo o responsável pela transformação dos sedimentos
do Supergrupo Minas em xistos, filitos, quartzitos, itabiritos, mármores e dolomitos (Ladeira et al.
1983). Alkmim & Marshak (1998) relacionam tramas associados ao Brasiliano (0,7 - 0,45 Ga) com a
geração de uma fase de empurrão para oeste e reativação de antigas estruturas.
2.4. FISIOGRAFIA, GEOMORFOLOGIA, CLIMA E VEGETAÇÃO
A fisiografia do Quadrilátero Ferrífero é definida por características geomorfológicas que
conferem um estilo bastante característico para a região. Os limites fisiográficos do Quadrilátero
Ferrífero são delimitados por serras que sugerem a forma de um polígono de quatro lados (Barbosa
1980). Tal quadro fisiográfico é definido pela seguinte morfologia: Serra da Moeda a oeste, Serra de
Ouro Branco ao sul, Serra do Caraça a leste; ao norte, o limite é feito pelas linhas de cumeada da Serra
do Curral, bem como sua extensão ao sudoeste, através das Serras de Rola-Moça, Três Irmãos,
Itatiaiuçu e Azul (Gatto et al. 1983). A evolução do relevo é condicionada pelas estruturas que, aliadas
à erosão diferencial, conferem um estilo próprio para as paisagens locais (Barbosa & Rodrigues 1967).
As serras são constituídas por formações estratificadas, representadas essencialmente por quartzitos,
filitos e itabiritos, formando um relevo do tipo pseudo-apalacheano (Barbosa 1980). Em regiões
topograficamente deprimidas, os terrenos granito-gnáissicos encontram-se profundamente alterados e
expostos na forma de morros arredondados (Barbosa 1968).
13
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
O Rio São Francisco drena o Quadrilátero Ferrífero por meio dos afluentes Rio Paraopeba, Rio
das Velhas e Rio Doce. Os dois primeiros ocorrem na maior parte da região; já o Rio Doce atinge a
porção oriental através dos afluentes Ribeirão do Carmo, Piracicaba e Gualaxo (Barbosa 1980). A rede
hidrográfica forma um padrão dendrítico, com trechos retilinizados, em função do controle dado por
falhas e fraturas locais (Gatto et al. 1983).
As condições climáticas do Quadrilátero Ferrífero referem-se ao tipo tropical chuvoso com
invernos secos. Essas condições, porém, não se refletem diretamente nos solos ou na cobertura vegetal
em decorrência das alterações específicas dos metassedimentos (Barbosa 1980). Os solos são
classificados como podzólicos vermelhos a amarelos, cambissolos, litossolos, latossolos ferríferos
húmicos e latossolos vermelho-escuros (Gatto et al. 1983). Os tipos mais comuns são os solos rasos,
ferruginosos e fortemente pedregosos (Barbosa 1980).
A vegetação compreende florestas densas, matas secas, cerrados e campos limpos (Barbosa
1980). No entanto, essa vegetação encontra-se bastante degradada pela intensa exploração mineral e
ocupação humana, sendo rapidamente substituída por formações secundárias, como pastagens e
reflorestamento de eucaliptos (Johnson 1962, Gatto et al. 1983).
14
CAPÍTULO 3
ASPECTOS LOCAIS
3.1. LITOESTRATIGRAFIA
A litoestratigrafia da área em estudo (Figura 3.1) é marcada pela presença de diferentes rochas
pertencentes à Formação Cercadinho, à Formação Fecho do Funil e ao Grupo Sabará (cf. Barbosa
1969). Na antiga mina de Santa Efigênia, a pirita é encontrada em rochas da Formação Cercadinho
(quartzitos alternados a filitos) e em rochas da Formação Fecho do Funil (xistos, filitos e dolomitos).
No entanto, alguns autores (eg. Cerceau et al. 1996) citam as rochas dolomíticas dessa área como
pertencentes à Formação Gandarela. Na antiga mina do Piquete, a pirita é encontrada associada a
clorita xistos, com raras lentes de quartzito, pertencentes ao Grupo Sabará.
Mapa geológico simplificado da região sudeste de Ouro Preto
7745000
Ribeirão
do
Ca
r
Legenda
m
Laterita
o
Canga
Grupo Itacolomi
7744000
Formação Sabará
Sta. Efigênia
Piquete
Formação Fecho do Funil
Formação Cercadinho
Formação Gandarela
7743000
Metabasito, anfibolio, esteatito
e talco-xisto
659000
658000
657000
656000
Ribeirão do Carmo
Ferrovia
Falha
Mina de pirita
Figura 3.1: Mapa litoestratigráfico exibindo a localização das minas de pirita estudadas na região de Ouro Preto
(modificado de Barbosa 1969).
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
3.2. DESCRIÇÃO GERAL
O território da cidade de Ouro Preto é drenado por águas de duas grandes bacias,
correspondentes às bacias do Rio São Francisco e do Rio Doce. A Bacia do São Francisco está
representada pelo Rio das Velhas. A Bacia do Rio Doce ocupa a maior parte do município e encontrase definida principalmente pelo Rio Mainart, Rio Piracicaba, Rio Gualaxo e Rio do Carmo.
A sub-bacia do Rio do Carmo possui o Ribeirão do Funil como um de seus formadores. O
Ribeirão do Funil nasce na Serra do Veloso, no município de Ouro Preto, onde atravessa a área urbana
até a divisa com o município de Mariana, quando passa a ser denominado Ribeirão do Carmo. A
micro-bacia do Funil abrange uma área de 59 km2 e possui a forma ligeiramente alongada. As
principais sub-bacias contribuintes do Ribeirão do Funil são a do Córrego Tripuí e as dos córregos que
nascem na Serra do Itacolomi, pela margem direita. Pela margem esquerda, contribuem apenas
pequenos córregos que nascem na Serra do Veloso, como o Córrego Passa Dez e o Córrego Taquaral.
O Ribeirão do Funil cavou uma garganta estreita entre as cristas da Serra do Itacolomi e da Serra do
Veloso. Os cursos de água que drenam a encosta norte da Serra do Itacolomi são: o Córrego do Bigode
Chinês, o Córrego do Sistema Itacolomi e o Córrego do Sistema Pocinho; esses córregos encontram-se
preservados, o que se deve, em parte, à baixa ocupação de seus entornos. A microbacia do Ribeirão do
Funil é constituída por vários sistemas ambientais, na sua maioria sob forte influência antrópica. As
fontes de poluição relatadas nessa microbacia estão relacionadas à existência de atividade metalúrgica
(ALCAN), mineira (Mina do Vermelhão), e à presença de depósitos de lixo. A morfologia do Ribeirão
do Funil é profundamente condicionada pelos litotipos e se encontra caracterizada por vales
encaixados, profundos e por vertentes íngremes. Os interflúvios são caracterizados por áreas
aplainadas, quase sempre protegidas por cobertura de canga. Associadas às fortes declividades, as altas
precipitações resultam em um rápido escoamento superficial, dinamizando os processos de remoção e
transporte de materiais (FEAM/DIPLA 1995).
Ouro Preto apresenta regime tropical: o trimestre mais chuvoso (53.3% da precipitação)
corresponde aos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, apresentando índices médios de 362.6 mm,
321.7 mm e 233.6 mm, respectivamente, distribuídos em cerca de 18 dias de cada um dos meses. No
período seco, (meses de junho, julho e agosto), a precipitação atinge 16.2 mm, 16.1 mm e 28.8 mm,
respectivamente; essa precipitação corresponde a 3.5% do total anual. A temperatura média anual de
Ouro Preto, medida de 1976 a 1990 é de 18.5°C, sendo o mês de janeiro o mais quente (média de
21.2°C) e julho o mais frio (média de 15.5°C); as temperaturas mais elevadas coincidem com o
período chuvoso, enquanto as temperaturas mais baixas ocorrem no período seco (Coelho 1995).
16
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
O relevo é fortemente acidentado e escarpado, e a taxa de erosão é alta; esses fatores irão se
refletir em uma predominância local de afloramentos de rochas, saprolitos e litossolos. Na microbacia
do Funil são encontrados solos do tipo litossolos, cambissolos, latossolos e solos aluviais. Os
litossolos são descritos como apresentando um horizonte organo-mineral (horizonte A) de espessura
inferior a 30 cm sobreposto a saprolitos de filitos; devido à sua distribuição em relevos acidentados,
esses solos são facilmente removidos pela erosão. A aptidão agrícola dos litossolos é praticamente
nula, pois predominam baixos níveis de fertilidade e acentuada acidez. Os cambissolos ocupam áreas
de sopés de vertentes, onde a declividade é mais suave. Apresentam um horizonte A de natureza
organo-mineral sobreposto a um horizonte B incipiente, de textura argilo-arenosa. Os latossolos
ocorrem pontualmente em topos de elevações; nesses, predominam os latossolos ferríferos distróficos
derivados de lateritas e itabiritos, possuindo fertilidade muito baixa. Nos solos aluviais predominam os
tipos hidromórficos classificados como Gley pouco úmido. São pouco expressivos e se restringem às
planícies fluviais dos córregos Tripuí, Marzagão e Ribeirão do Funil (Fernandes 1995).
Na microbacia do Funil, são encontrados diferentes tipos de cobertura vegetal, em estágios de
regeneração diversos: Floresta Estacional Semidecidual Submontanhosa, Savana Gramíneo lenhosa
(Campo Cerrado) e Refúgio Ecológico Altimontano (Campo Rupestre). A cobertura florestal,
remanescente da Floresta Estacional Semidecidual, é encontrada nas grotas das encostas ou associada
a cursos d’água, constituindo as matas ciliares ou de galeria. Esse tipo de floresta também inclui a
mata de candeias em alguns pontos. Os Campos Cerrados localizam-se em áreas degradadas e
atingidas por queimadas. Constituem formações campestres intercaladas por plantas lenhosas arbóreas,
de pequeno a médio porte, em geral, com florestas de galeria. Os Campos Rupestres encontram-se em
pontos elevados, como na Serra do Veloso, sendo típicos de solos litólicos e afloramentos rochosos no
maciço do Itacolomi. A vegetação apresenta uma cobertura herbáceo-graminóide intercalada por
pequenos arbustos (Silva & Gontijo 1995).
3.3. BREVE HISTÓRICO
A pirita da região sudeste da cidade de Ouro Preto foi explorada com o objetivo de se produzir
ácido sulfúrico, utilizado principalmente para fins bélicos, na confecção de pólvora, durante a Segunda
Guerra Mundial. As atividades tiveram início na década de 30, e perduraram até a década de 60.
Existem poucas referências sobre as minas de pirita de Ouro Preto. Barbosa (1969), em seu trabalho de
mapeamento geológico, reportou as minas de pirita da região. A gênese desses corpos foi interpretada
por Cerceau et al. (1996) como acumulações sin-deposicionais formadas pelas descargas de salmouras
metalíferas em uma bacia euxínia, possivelmente associadas ao Evento Transamazônico.
17
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Alguns dados sobre as ocorrências e a exploração de pirita em Ouro Preto foram obtidos por
meio de comunicações verbais. Sabe-se que tal mineral era extraído de pequenas lavras a céu aberto,
situadas na região do Bairro Padre Faria e proximidades. A pirita ocorria em veios, ou disseminada em
rochas, principalmente as dolomíticas, filíticas, xistosas e, raramente, quartzíticas. As rochas
sulfetadas se encontravam, freqüentemente, capeadas pela bauxita.
A Mina de Santa Efigênia localizava-se em uma região onde hoje se encontra a Casa Lírios do
Campo (Casa de recuperação para dependentes químicos). As ruínas das instalações dessa mina estão
situadas ao lado da Estrada de Ferro Central Brasil, às margens do Ribeirão do Carmo (Figura 3.2). A
lavra aí localizada foi inicialmente explorada pela Empresa Mineira de Pirita Limitada. As atividades
extrativas perduraram até cerca de 1964.
Rejeito
Figura 3.2: Ruínas das instalações da Mina de Santa Efigênia, exibindo rejeito às margens do Ribeirão do
Carmo.
A Mina do Piquete (Mina da Chácara dos Cintra) se encontrava localizada no sopé da Serra do
Itacolomi, onde ainda podem ser vistas as ruínas de algumas instalações (Figura 3.3). A cava da mina
possuía cerca de 12 m, e se posicionava às margens de um curso d’água. Essa lavra produzia cerca de
30 toneladas/dia de pirita. A composição química da pirita apresentava teores médios da ordem de
44% Fe e 46%S.
18
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Figura 3.3: Ruínas das instalações da mina do Piquete.
A pirita extraída era transportada por trem, pela Estrada de Ferro Central Brasil, até o Rio de
Janeiro, onde era tratada para a produção de ácido. As atividades exploratórias de pirita da região
foram supervisionadas pelo Ministério da Guerra, e mais tarde, gerenciada por terceiros. A exploração
foi encerrada devido às dificuldades em acessar os corpos sulfetados, que se encontravam profundos,
uma vez que a pirita aflorante já havia sido lavrada. Outro fator determinante para o encerramento das
atividades exploratórias diz respeito ao abaixamento de preço desse mineral, quando finalizada a
Segunda Guerra Mundial.
Nas duas antigas minas de pirita, é suposto que, devido às reações de oxidação de pirita e à
presença de água, prevaleciam condições de drenagem ácida nos locais das minas e arredores. A
drenagem ácida era naturalmente formada, e agravada pelas atividades exploratórias de pirita que,
comumente, expõem grandes volumes de sulfetos à atmosfera. Desse modo, em presença de oxigênio,
a pirita (FeS2) se oxida (Fe2+ passa a Fe3+); tal fato ocorre principalmente sob a atuação de alguns
microorganismos específicos, como as bactérias acidófilas (e.g. Acidithiobacillus ferrooxidans), que
vivem em ambientes ácidos.
Além do processo de oxidação da pirita, a geração de ácido sulfúrico no ambiente das minas
poderia ser desencadeada devido às seguintes interações:
- contato entre o mineral pirita e a água de chuva;
- contato entre o minério ou estéril e os cursos d’água presentes nas regiões;
19
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
- contato entre o minério e a água que o lavava, a fim de separar a pirita do estéril.
Nesse contexto, é possível que alguns metais pesados, provenientes das rochas, ou associados
aos depósitos sulfetos, tenham sido mobilizados em condições de drenagem ácida.
20
CAPÍTULO 4
OXIDAÇÃO DE SULFETOS, GERAÇÃO DE ACIDEZ E
MOBILIZAÇÃO DE ELEMENTOS QUÍMICOS
4.1. GENERALIDADES
A atuação do ar sobre um depósito sulfetado, aliado a alguns fatores como a presença de água
e microorganismos específicos, constituem fatores que propiciam a geração de uma drenagem ácida
(comumente com valores de pH<4). Esse processo geralmente ocorre em minérios de ouro, urânio,
ferro e carvão, que contêm proporções variáveis de minerais sulfetados. Quando a oxidação de sulfetos
é causada por fatores naturais, que conduzem a geração de uma drenagem ácida, essa é definida como
ARD - Acid Rock Drainage. No momento em que um corpo mineralizado é submetido às atividades
exploratórias, haverá uma maior exposição dos sulfetos às condições atmosféricas, o que promoverá
um aumento significativo na produção de ácido. Quando assim, um corpo sulfetado é submetido às
atividades da indústria minero-metalúrgica, propiciando a formação de uma drenagem ácida, essa é
denominada AMD - Acid Mine Drainage (Evangelou 1995, Dold 1999). Além do ácido sulfúrico
produzido a partir da oxidação dos sulfetos, as drenagens ácidas das minas normalmente contêm altos
níveis de Fe, Al e elementos potencialmente tóxicos, tais como Ni, Zn, Co, Cr, Cu e As. A associação
desses elementos com a drenagem ácida pode ser originada pela própria pirita, que pode conter metaistraço, ou por paragêneses da pirita com outros sulfetos, como a calcopirita (CuFeS2), dentre outros.
Uma outra fonte para os metais é proveniente dos minerais das rochas, que podem ser dissolvidos pela
água ácida, liberando elementos químicos (Nalini & Friese 2001). Também os metais pesados
precipitados em sedimentos (como carbonatos e hidróxidos) podem ser mobilizados mediante a
dissolução dessas fases sob condições ácidas (Yanful et al. 1988).
Os elementos pesados podem ser constituintes principais ou secundários de alguns minerais,
participando, assim, da constituição de várias rochas como elementos-traço (< 0,1%). Vários desses
elementos pesados, especialmente os calcófilos, se encontram fortemente unidos ao enxofre,
compondo diversos minerais, em paragêneses hidrotermais. O sulfeto mais comum é a pirita (FeS2).
Esse mineral é comumente encontrado em veios hidrotermais ou ainda, associado principalmente a
carvão e a minérios de Zn, Cu, U, Au e Ag (Evangelou 1995). A liberação desses elementos químicos,
então propiciada pelas condições de baixos valores de pH, pode gerar um problema ambiental quando
disponibiliza, para o meio, os elementos químicos potencialmente tóxicos (As, Cd, Co, Cr, Cu, Hg,
Mo, Ni, Pb, Sb, V e Zn).
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Diversos trabalhos já investigaram a presença de elementos pesados associados a sulfetos, e
dispersos sob condições ácidas (e.g. Karlsson et al. 1988, Yanful et al. 1988, Thornton 1996, Dold
1999, Berger et al. 2000, Williams et al. 2000). Em vários dos casos relatados, verificou-se que a
drenagem ácida constituiu o fator condicionante para a mobilização de vários elementos, como: Pb,
Zn, Cd, Cu, As, Al, Sb, Hg, Mo.
A ocorrência do problema de acidez e mobilização de metais na região do Quadrilátero
Ferrífero é marcada principalmente pela ocorrência de ouro associado à pirita e outros sulfetos, em
paragêneses hidrotermais. Como exemplos dessas ocorrências, podem ser citadas as regiões
mineralizadas da Quadrícula de Capanema, bem como do distrito de Passagem de Mariana, e dos
municípios de Nova Lima, Raposos, Rio Acima, Santa Bárbara e Caeté (Gair 1962, Dorr 1969,
Menezes 1988, Menezes & Leonardo 1992, Chauvet et al. 1994). Em várias investigações realizadas,
concluiu-se que o arsênio (As) constitui um dos elementos que oferece maior ameaça ao ambiente. O
arsênio foi encontrado em concentrações elevadas, próximo a regiões sulfetadas, principalmente em
águas e solos (e.g. Branco 1991, Borba et al. 2000, Costa 2001).
4.2. OS SULFETOS
Os sulfetos constituem uma importante classe de minerais que ocorrem em grande parte dos
minérios. Fazem parte da classe dos sulfetos todos os compostos simples e complexos de Me-S (Me =
metal). A mineralogia também determina, como pertencente a essa classe, os compostos dos elementos
similares ao S, tais como Se, Te, As, Sb, B, na forma de selenidos, telluridos, arsenidos, antimonidos e
bismutitos. Na formação desses sulfetos (latu sensu) participam quase todos os metais pesados e os
semimetais. Existem algumas restrições, onde cada grupo, abaixo representado, participa somente com
os seguintes elementos:
Selenidos - Cu, Ag, Hg, Pb, Bi; Telluridos - Cu, Ag, Au, Hg, Pb, Bi, Ni, Pt; Arsenidos - Fe,
Co, Ni, Pt; Arsenidos complexos - Cu, Ag, Pb; Antimonidos - Ni; Antimonidos complexos - Cu, Ag,
Pb; Bismutitos complexos - Cu, Ag, Pb.
Da combinação desses elementos entre si, e com o enxofre, resultam densidades elevadas para
esses minerais. O S pode ser substituído em quantidades menores somente pelo Se e Te. Os
semimetais, como As, Sb e Bi, podem, por causa das suas propriedades ambivalentes, se posicionarem
tanto nos lugares dos cátions (4CuS. 3FeS. As2S5 - epigenita, Cu2S. Sb2S3 - calcostibnita) como nos
lugares dos ânions (FeAs2 - loellingnita, NiAs2 - rammelsbergita). Os sulfetos apresentam,
freqüentemente, brilho metálico, diafaneidade opaca e boa condutibilidade elétrica.
22
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
A fórmula geral dos sulfetos é AmXn, onde A representa elementos metálicos e X os elementos
não-metálicos. Desse modo, podem ser formados sulfetos simples ou complexos. Alguns exemplos de
sulfetos simples são: pirita (FeS2 sistema isométrico), marcassita (FeS2 sistema ortorrômbico),
calcocita (Cu2S), galena (PbS), esfalerita (ZnS), millcrita (NiS), covelita (CuS), cinábrio (HgS),
realgar (AsS), ouro-pigmento (As2S3), molibdenita (MoS2), estibnita (Sb2S3). Alguns minerais
representantes da classe dos sulfetos compostos são: bornita (Cu5FeS4), calcopirita (CuFeS2),
petlandita (Fe, Ni)9S8, cobaltita (Co, Fe)AsS, arsenopirita (FeAsS).
A pirita (FeS2) constitui o sulfeto mais comum; possui peso molecular 119,98, e envolve
teores de 46,55% Fe e 53,45% S. Algumas características marcantes para a pirita constituem-se na cor
amarelo claro ou amarelo latão (Figura 4.1), no brilho metálico, na fratura conchoidal, no hábitos
estriado e na dureza alta (6.0 - 6.5). A utilização da pirita relaciona-se à obtenção de enxofre/ácido
sulfúrico e ferro; a pirita também é bastante apreciada em joalheirias e na confecção de obras
artesanais. A pirita pode variar em tamanho de grão e morfologia, dependendo do ambiente de
formação. São conhecidas as formas framboidal, poliframboidal, conglomerática, octaédrica,
piritoedron e maciça (Figura 4.2). Segundo Caruccio et al. (1977) in Evangelou (1995), a forma mais
reativa da pirita é a framboidal, devido a sua alta superfície específica e a sua alta porosidade.
A pirita pode ter sua gênese relacionada a processos hidrotermais, onde se encontra
comumente constituindo paragêneses com minerais de Cu, Zn, Au, Hg, dentre outros. A pirita também
pode se associar ao carvão e a outros minérios gerados em ambientes redutores (Evangelou 1995, Dold
1999).
Figura 4.1: Cristais de pirita (Fonte: Torrego 2002).
23
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Figura 4.2 - Formas da pirita: A) framboidal, B) poliframboidal, C) conglomerática, D) octaedron, E)
piritoedron, F) maciça (Fonte: Evangelou 1995).
4.3. REAÇÕES DE OXIDAÇÃO EM SULFETOS
Os fatores que controlam a oxidação dos sulfetos incluem taxa de difusão de oxigênio, taxa de
infiltração de água, pH, temperatura, presença de minerais alcalinos, tais como CaCO3, MgCO3,
CaMg(CO3)2, variabilidade vertical ou lateral da camada no estrato e a presença de microorganismos
específicos (Evangelou 1995).
4.3.1. Reações de oxidação nos principais sulfetos produtores de ácido
Pirita
A oxidação da pirita (FeS2) pode ser considerada como efetuada em três passos - reações (1, 2,
3), onde as cinéticas de cada reação são diferentes e dependem das condições prevalecentes no
ambiente (Dold 1999).
(1) FeS2 + 7/2O2 + H2O → Fe2+ + 2SO42- + 2H+
(2) Fe2+ + 1/4O2 + H+ ⇔ Fe3+ + 1/2H2O (acelerada por atividade microbiológica)
(3) FeS2 + 14Fe3+ + 8H2O → 15Fe2+ + 2SO42- + 16H+
24
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
A reação 1 descreve o passo inicial da oxidação da pirita na presença de oxigênio atmosférico,
dada pela oxidação do enxofre. Posteriormente, o ferro ferroso se oxida e a produção de Fe3+ (reação
2) pode ser acelerada, em condições de baixo pH, pela atividade microbiológica (e.g. Acidithiobacillus
ferrooxidans). O Fe3+ pode ser o oxidante primário do sulfeto (reação 3). A oxidação da pirita pelo
Fe3, sob condições abióticas, e abaixo do pH em torno de 3, é muitas vezes mais rápida que por
oxigênio. De um modo geral, verifica-se que quando o Fe3+ é acrescentado ao sistema, a oxidação de
sulfetos possui maior cinética e é capaz de oxidar minerais sulfetados no caso da ausência de oxigênio
(e.g. reação 3), porém não produz mais ácido como pela oxidação a partir do oxigênio. Quando a água
ácida da mina, rica em Fe3+ atinge a superfície, ela pode precipitar ferrihydrita (5Fe2O3.9H2O),
schwertmannita (composição intermediária entre Fe8O8(OH6)SO4 e Fe16O16(OH)10(SO4)3), goethita
(FeOOH), ou jarosita (KFe3+3(SO4)2(OH)6), além de hematita (Fe2O3), dependendo das condições de
pH-Eh do ambiente. A hidrólise e precipitação de hidróxidos de ferro (e, em menor escala, jarosita),
produzirão a maioria do ácido nesse processo. Se o pH é menor que cerca de 3,5, então Fe(OH)3 não é
estável, e o Fe3+ poderá restar na solução (equação 4). A schwertmannita forma-se em condições de pH
intermediário entre jarosita e ferrihydrita. A jarosita ocorre somente sob condições fortemente ácidas
(pH<3), a schwertmannita ocorre na faixa de pH de 2.8-4.0, e a ferrihydrita é estável em pH>4 (Dold
1999). Esses compostos desempenham uma função importante nos processos de absorção e
incorporação de elementos mobilizados em ambientes como solos e rejeitos de mina (Evangelou 1995,
Dold 1999).
(4) Fe3+ + 3H2O ⇔ Fe(OH)3(s) + 3H+
A reação da completa oxidação da pirita, hidrólise do Fe3+ e precipitação de hidróxido de ferro
(soma das equações 1, 2 e 4) produz 4 mols de H+ por mol de pirita - no caso da formação de Fe(OH)3
conforme exibido na equação 5 (Dold 1999).
(5) FeS2 + 15/4O2 + 7/2H2O → Fe(OH)3 + 2SO42- + 4H+
Marcassita
A marcassita possui a mesma fórmula química da pirita (FeS2), mas cristaliza-se em sistema
ortorrômbico, enquanto a pirita cristaliza-se em sistema isométrico. A marcassita pode ocorrer como
mineral primário em rejeitos sulfetados, bem como produto da alteração primária da pirrotita. A
cinética da oxidação da marcassita é, possivelmente, mais rápida que a da pirita, talvez como resultado
de sua típica morfologia e tamanho de grão inferior, que oferece maior superfície para a oxidação
(Evangelou 1995, Dold 1999).
25
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Pirrotita
A pirrotita apresenta fórmula química Fe(1-x)S; possui x variando de 0,125 (Fe7S8) à 0,0 (FeS,
troilita, que somente ocorre em meteoritos). A pirrotita pode ser freqüentemente encontrada em
resíduos de minérios sulfetados. O papel de tal mineral em processos acidificantes é similar ao da
pirita, mas é muito importante em estágios preliminares de intemperismo, pois sua ordem de oxidação
é 20 a 100 vezes mais alta que o da pirita em concentrações atmosféricas de O2, a 22°C (Dold 1999).
Segundo Nicholson & Scharer (1994), a oxidação da pirrotita realiza-se segundo a equação
(6). A estequiometria da pirrotita afeta a produção de ácido. Se x=0, a fórmula é FeS e nenhum H+
poderá ser produzido na reação de oxidação do enxofre; já a fase Fe7S8 poderá produzir uma quantia
máxima de ácido.
(6) Fe(1-x)S + (2-x/2)O2 + x H2O → (1-x)Fe2+ + SO42- + 2 xH+
Calcopirita
A calcopirita (CuFeS2) é um dos sulfetos que apresenta maior resistência à oxidação (Plumlee
1999). A oxidação desse mineral é mostrada, a seguir - reações (7) e (8), podendo haver formação de
ácido - reação (8). Porém, considera-se raro a ocorrência de tal processo.
(7) 2CuFeS2 + 4O2 → 2Cu2+ + Fe2+ + SO42(8) 2CuFeS2 + 17/2O2 + 5H2O → 2Cu2+ + 2Fe(OH)3+ 4SO42- + 4H+
Arsenopirita
A oxidação da arsenopirita (FeAsS) pode efetuar-se segundo as reações apresentadas abaixo (9
e 10). A reação (10) discrimina a completa oxidação da arsenopirita, combinada à oxidação do Fe2+ e
precipitação de ferridrato. Se o Fe3+ é o oxidante, a taxa de oxidação da arsenopirita é similar à taxa de
oxidação da pirita. Se for o oxigênio, a taxa de oxidação da arsenopirita é um tanto mais baixa que o
da pirita (Dold 1999).
(9) 4FeAsS + 13O2 + 6H2O → 4Fe2+ + 4SO42- + 4H2AsO4 - + 4H+
(10) FeAsS + 7/2O2 + 6H2O → Fe(OH)3 + SO42- + H2AsO4 - + 3H+
26
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
4.3.2. Reações de oxidação em outros sulfetos
A esfalerita (ZnS) e a galena (PbS) são dois importantes sulfetos. Embora o Zn seja tóxico
apenas em concentrações muito altas, a esfalerita pode conter quantias ambientalmente perigosas de
Cd e Tl. Ainda, o ferro pode ser substituído por zinco em até 15% molar. Nesse caso, a esfalerita pode
ser uma geradora de ácido de maneira similar a pirrotita. A galena é a principal fonte de contaminação
de chumbo nas áreas de minas, e sua oxidação origina o mineral secundário anglesita (PbSO4), em
equilíbrio com soluções de Pb2+ e SO42-. As reações de oxidação (11 e 12) desses dois minerais são
mostradas a seguir (cf. Dold 1999):
(11) ZnS + 2O2 → Zn2+ + SO42(12) PbS + 2O2 → Pb2+ + SO42Existem, porém outras maneiras para se descrever a oxidação desses minerais. Röesler &
Lange (1975) descrevem a oxidação da galena, tendo por produto a anglesita - reação (13); tal
processo é efetuado em dois passos - reações (13a e 13b), onde o H2CO3, quando presente no sistema,
participa como catalizador, conforme exibido a seguir:
(13) PbS + 2O2 → PbSO4
(13a) PbS + 2H2CO3 → Pb2+ + H2S + 2HCO3(13b) H2S + 2O2 + Pb2+ + 2HCO3- → PbSO4 + 2H2CO3
4.4. MOBILIDADE, ESPECIAÇÃO E PROCESSOS DE SORÇÃO
A mobilidade dos elementos químicos é controlada principalmente pelas condições de pH e Eh
do meio (Quadro 4.1). Então, quando a água ácida da mina entra em contato com diversas rochas, ela é
capaz de dissolver minerais e mobilizar determinados elementos químicos, considerados pouco móveis
em outras condições. A solubilidade dos minerais é a principal condicionante para que os elementos
neles contidos possam ser liberados. Uma vez que tal fato acontece, a mobilidade dos elementos é
controlada pela estabilidade das espécies nas condições geoquímicas existentes (pH, Eh) e pela carga
de superfície dos adsorventes, que também é dependente do pH (Dold 1999).
27
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
A especiação química de um elemento fornece dados sobre sua mobilidade, frente a diferentes
condições ambientais, e, conseqüentemente, sobre o seu potencial de toxicidade. São vários os
diagramas de Eh x pH que auxiliam a predizer quais espécies dominam em condições químicas
específicas. Uma vantagem de se conhecer a especiação química de metais pesados relaciona-se à sua
química ambiental, pois podem ser adicionados reagentes químicos que extraem elementos de certas
fases de maneira seletiva. A adição em alta concentração de cátions tais como Mg2+, Ba2+, NH4+ e Li+,
pode propiciar uma troca iônica, da seguinte maneira:
sedimento-M + Mg2+ ⇔ sedimento-Mg + M2+ (Fergusson 1990)
Quadro 4.1- Mobilidade de alguns elementos químicos (tipos essenciais escritos normalmente e tóxicos em
itálico) em função do meio: in Dissanayake & Chandrajith (1999).
MOBILIDADE
RELATIVA
CONDIÇÕES DO AMBIENTE
Oxidante
Ácido
NeutroAlcalino
Redutor
I
I
I
I
MUITO ALTA
ALTA
MÉDIA
BAIXA
MUITO BAIXA
A IMÓVEL
Mo U Se
Mo U Se
F Ra
Zn
Cu Co Ni Hg
As Cd
Pb Be Bi Sb
Tl
Fe Mn
Al Cr
Mo U Se
F Ra
Zn
Cu Co Ni Hg
F Ra
As Cd
As Cd
Pb Be Bi Sb
Tl
Fe Mn
Pb Be Bi Sb
Tl
Fe Mn
Al Cr
Al Cr
Zn
Cu Co Ni Hg
F Ra
Fe Mn
Al Cr
Mo U Se
Co Cu Ni Hg
As Cd
Pb Be Bi Sb Tl
Diversos autores já mencionaram a capacidade de alguns materiais (óxidos e hidróxidos de Fe
e Mn, argilas e matéria orgânica) em adsorverem metais. Essa propriedade os torna muito importantes,
pois possui uma grande implicação na imobilização de metais pesados em áreas contaminadas. Em
sistemas aquáticos, quando o pH da solução se eleva, os elementos são adsorvidos por esses materiais,
e assim, transferidos da água, tornando-se, então, pouco biodisponíveis (Karlsson et al.1988).
28
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Nas argilas, a capacidade de adsorção se deve à grande área superficial dessas partículas e à
existência de uma carga elétrica negativa nas superfícies das mesmas. Essa carga elétrica é resultante
da substituição de cátions de valências mais baixas em camadas tetraédricas e octaédricas desses
minerais (Evangelou 1995), o que faz com que possuam uma boa capacidade de troca iônica,
principalmente em climas tropicais.
O fato das substâncias húmicas serem capazes de formar complexos com metais é atribuído ao
elevado conteúdo de oxigênio de grupos funcionais como carboxil (COOH), hidroxil (OH) e carbonil
(C=O).
Outras importantes formas de incorporação de metais em materiais como sedimentos e solos
são feitas por meio de substituições iônicas, bem como por processos de sorção e co-precipitação de
metais com óxidos/hidróxidos de ferro e manganês (e.g. Fe(OH)3; MnO2). Tanto o ferro quanto o
manganês sofrem reações de oxidação e redução. O estado de oxidação desses elementos se reflete em
uma maior ou menor mobilidade: ambos elementos são móveis no estado reduzido, mas formam
espécies pouco solúveis nos estados oxidados (Fergusson 1990). O Quadro 4.2, abaixo, discrimina os
materiais supracitados (óxidos /hidróxidos de Fe e Mn, matéria orgânica e argila) e algumas
propriedades vinculadas a eles. Quanto à cristalização desses materiais, ressalta-se que, em regiões de
climas tropicais, os óxidos de ferro podem ser bem cristalizados.
Quadro 4.2: Compostos que acumulam metais pesados e algumas de suas propriedades (Modificado de
Fergusson 1990).
Propriedades
Óxidos/hidróxidos de
Matéria orgânica
Argilas
ferro e manganês
Tamanho
grão fino
pequeno a grande
grão fino
Cristalinidade
amorfo ou cristalino
não cristalino
cristalino
Área superficial
grande
grande
grande
4.5. PROCESSOS DE NEUTRALIZAÇÃO
O problema da drenagem ácida torna-se mais alarmante quando envolve grandes volumes de
materiais, como os rejeitos de minerações (envolvendo sulfetos), onde o pH pode alcançar valores de
1,5 - 4,0. Algumas classes de minerais como carbonatos ou silicatos são capazes de reagir com o ácido
produzido e os elementos mobilizados, desempenhando o papel de neutralizadores. A capacidade que
certos minerais possuem de neutralizar ácido é referida como Neutralizing Potential – NP (Evangelou
1995, Dold 1999).
29
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
O método mais comum para o controle de acidez consiste no uso de carbonatos, quando são
liberados elementos alcalinos-terrosos e cátions metálicos (Ca, Mg). A calcita é o carbonato de reação
mais rápida. Em valores de pH próximos a neutro, necessita-se de 1 mol de calcita para neutralizar 1
mol de H+ - reação (14), enquanto que, em pH menores, é necessário 1 mol de calcita para neutralizar
2 moles de H+ - reação (15).
(14) CaCO3 + H+ ⇔ Ca2+ + HCO3-
(para valores de pH: 6,5 - 7,0)
(15) CaCO3 + 2H+ ⇔ Ca2+ + CO2 + H2O
(para valores de pH <5)
As reações de neutralização de ácido resultam em uma elevação do pH da água, propiciando a
precipitação de compostos como: gibbsita Al(OH)3, Fe(OH)3 amorfa, ferrihydrita (5Fe2O3.9H2O),
goethita (FeOOH) ou schwertmannita (Fe3+8O8(OH6)SO4). Isso resultará na remoção de metais da
água. Algumas reações envolvendo a gibbsita (16), o hidróxido de ferro (17) e a goethita (18) são
mostradas a seguir (Dold 1999, Dold 2002):
(16) Al(OH)3 + 3H+ ⇔ Al3+ + 3H2O
(17) Fe(OH)3(s) + 3H+ ⇔ Fe3+ + 3H2O
(18) FeO(OH)(s) + 3H+ ⇔ Fe3+ + 3H2O
A dissolução da maioria dos minerais aluminossilicáticos também consome íons de H+ e
contribui com cátions básicos (Ca, Mg), elementos álcalis (Na, K), além de Si e Al. A dissolução da
maioria de minerais aluminossilicáticos é muito mais lenta que de carbonatos ou hidróxidos metálicos.
Um exemplo de neutralização a partir k-feldspato (KAlSiO3O8) gerando caulinita (Al2Si2O5(OH)4),
íons de potássio e monoácido silícico (reação 19) é apresentado a seguir:
(19) 2KAlSiO8 + 9H2O + 2H+ → Al2Si2O5(OH)4 + 2K+ + 4H4SiO4
4.6. PREDIÇÃO DA DRENAGEM ÁCIDA
É importante predizer se um minério possui a capacidade de gerar ácido, principalmente
quando o mesmo irá constituir objeto de exploração. Nos depósitos sulfetados é possível realizar
aproximações de maneira a se predizer o potencial de geração de acidez, o que constitui um fator
decisivo para futuras estratégias de tratamento do material. Um método utilizado é a rápida oxidação
por H2O2, que determina a quantidade de ácido produzida pela completa oxidação do mineral
(Evangelou 1995).
30
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Um dos métodos utilizados para se verificar a capacidade de neutralização de um depósito
constitui-se no Acid-Base Accounting (ABA), ou seja, o balanço de ácido-base. Esse método é utilizado
para se verificar o potencial de produção de ácido (ocasionado pela presença da pirita), e o potencial
de neutralização existente (propiciado pela presença de materiais alcalinos, tais como rochas
carbonáticas ou argilas). Para se realizar um teste ABA mede-se o total de enxofre, bem como o
conteúdo total de carbono em uma amostra; em seguida, deve-se assumir que o valor total do enxofre
representa o conteúdo de pirita e o valor total de carbono representa o conteúdo em calcita (Evangelou
1995, Dold 1999). Deve-se observar, entretanto, que esses testes não envolvem toda a complexidade
da assembléia mineralógica, e sim, fornecem uma aproximação do conteúdo de ácido provável de ser
gerado. Desse modo, é possível presumir se existe uma quantidade suficiente de base para neutralizar
todo o ácido produzido pela oxidação da pirita (Dold & Fontboté 2001, Dold 2002).
Outros métodos utilizados para a predição de ácido-base são: simulação de intemperismo e
simulação computadorizada. O primeiro desses métodos permite simular, em escala de laboratório, as
ações intempéricas a que um depósito sulfetado poderia ser submetido, e a aplicação dos resultados no
campo. Alguns autores consideram a simulação computadorizada como a melhor técnica para se
predizer o potencial de produção de drenagem ácida, uma vez que os modelos de computadores
consideram um número máximo de variáveis, tais como O2, temperatura, pH (Evangelou 1995, Dold
1999).
4.7. TRATAMENTO
A drenagem ácida pode ser tratada de diferentes maneiras, de modo a se neutralizar o ácido e
fazer com que metais, antes disponibilizados, possam ser retidos por meio de precipitação e processos
de sorção e substituição. Uma das maneiras de se neutralizar o ácido consiste na aplicação da
combinação de vários compostos químicos (CaO, KOH, H2O2, etc) sobre o material de rejeito (a
lama), que, geralmente, é retida em tanques (Dold 1999).
Outro sistema de tratamento é denominado wetlands, e consiste no isolamento de uma área
com baixa declividade, onde são utilizadas excessivas quantias de matéria orgânica (palha, forragem).
Nesses ambientes, o sulfato é reduzido, e pode haver a adsorção de metais por óxidos/hidróxidos
férricos, a precipitação de metais dentro de óxidos, hidróxidos e sulfetos, ou ainda, a complexação de
metais com materiais orgânicos. Outros métodos de tratamento consistem em se conduzir a drenagem
ácida a partir de dutos revestidos por calcário, ou então, por trincheiras rasas recobertas por materiais
alcalinos, que são denominadas zonas de recargas alcalinas. Detergentes e bactericidas também podem
ser utilizados no tratamento dos rejeitos, principalmente quando associados a outros métodos
(Evangelou 1999, Nalini & Friese 2001).
31
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Um fator importante a ser observado durante o planejamento do sistema de remediação diz
respeito ao conhecimento dos elementos envolvidos e as mobilidades desses elementos frente a
diferentes ambientes. Como exemplo, em contraste com a mobilização da maioria dos metais pesados,
que geralmente é feita em condições de baixo pH, o arsênio também é móvel sob condições alcalinas.
Essa característica do arsênio possui importantes implicações para esquemas de remediação, pois, pelo
tamponamento convencional, a colocação de cal pode ser ineficaz em águas de minas contaminadas
por esse elemento (Plant et al. 1998). Os órgãos e as empresas que realizam tratamentos de efluentes
contendo arsênio necessitam estabelecer criteriosos cuidados para essa etapa. Nesse sentido, as
empresas necessitam desenvolver um método de tratamento que possa reter o arsênio, evitando, assim,
a contaminação dos ambientes do entorno. Algumas empresas realizam um processo preliminar com o
minério (como a flotação), visando a concentração de sulfetos. Só então é que esses materiais vão ser
dispostos em tanques impermeabilizados, onde será realizado o processo de neutralização dos ácidos,
com a adição de calcário.
32
CAPÍTULO 5
METAIS E TOXICIDADE
5.1. INTRODUÇÃO
É bem conhecido que a distribuição de substâncias químicas no ambiente pode influenciar a
saúde de homens, animais e plantas. Apesar de muitos elementos químicos serem benéficos para a
saúde humana, vários deles podem se tornar tóxicos se ingeridos ou inalados em altos níveis e/ou por
longos períodos de tempo. Como exemplos, podem ser citados o Cu e o Zn, que são micronutrientes
essenciais, mas que, em concentrações altas, podem ser tóxico para plantas e animais (Plant et al.
1998). Alguns metais apresentam características toxicológicas bem mais acentuadas que outros
(Quadro 5.1).
Quadro 5.1: Tabela periódica, mostrando elementos químicos e seus efeitos biológicos conhecidos e prováveis
(Plant et al 1998).
†
H
Li
†
Na
†
K
He
Be
†
Cs
Fr
*
Mg
†
Rb
#
‡
Ca
Sc
Sr
Ba
#
Ra
Y
La
#
Ti
Zr
‡
V
Nb
‡
†
Cr
Mo
Hf
Ta
W
Ce
Pr
Nd
†
Mn
#
†
Fe
Tc Ru
Re
†
Co
Rh
Os
‡
Ni
Pd
†
Cu
Ag
Ir
Pt
Au
Eu
Gd
Tb
†
*
*
B
Al
Zn Ga
Cd
Hg
In
*
Tl
†
‡
C
Si
Ge
*
*
Sn
†
N
†
*
P
As
*
†
O
†
†
Sb
S
Se
Te
#
Pb
Bi
Po
Er
Tm Yb
‡
F
Ne
Cl
Ar
Br
Kr
†
§
†
#
I
At
Ac
La
#
Ac
#
Th
#
Pa
#
U
#
#
Pm Sm
Np
#
Pu
#
#
#
Am Cm Bk
Dy
Ho
#
#
Cf
† Essencial para a maioria dos organismos (pode ser tóxico em excesso)
* Geralmente tóxico para a maioria das espécies
‡ Essencial para pelo menos uma espécie; pode ser tóxico para outras
§ Função biológica suspeita
# Radioativo
Es
#
#
#
Fm Md No
Lu
#
Lw
Xe
#
Rn
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Os metais pesados são particularmente conhecidos por possuírem um caráter nocivo sobre os
organismos. Devido a esse motivo, vários países têm estudado aspectos sobre a ocorrência,
distribuição e efeitos adversos dos metais pesados sobre a biota. Os resultados das investigações têm
sido divulgados por revistas e órgãos, como a Organização Mundial de Saúde - OMS (ou World
Healthy Organization - WHO), a Environmental Protection Agency (EPA), e a Agency for Toxic
Substances and Desease Registry (ATSDR).
Os metais ocorrem naturalmente no ambiente, de onde podem ser solubilizados e liberados dos
depósitos minerais por meio de processos intempéricos. Os metais podem constituir elementos traço
na rede cristalina de minerais primários ou na estrutura de minerais secundários; eles também podem
estar presentes como resultado dos processos de sorção em argilominerais, óxidróxidos de ferro e
manganês e compostos orgânicos (Föstner & Wittmann 1983, Fergusson 1990, Evangelou 1995).
Algumas regiões particularmente apresentam grandes acumulações, ou mesmo, deficiências de
elementos-traço. Essas regiões podem exercer um caráter nocivo sobre a biota. A concentração natural
de elementos químicos de uma região está principalmente condicionada pela geologia e clima locais.
Essas características irão reger os processos de solubilização, a liberação de metais e as reações com
os materiais presentes, sob as condições físico-químicas do ambiente. Porém, a concentração local
pode ser significativamente aumentada devido às fontes antropogênicas, que envolvem processos de
uso da terra, urbanização, industrialização e atividades mineiras e metalúrgicas (cf. Plant et al. 1998,
Williams et al. 2000).
Os metais podem entrar no organismo humano por meio da inalação, ingestão e transferência
através da pele. Alguns metais pesados (e.g. As) podem ser removidos do corpo humano em algumas
horas; outros metais, como Cd e Pb, levam anos para serem eliminados. A remoção do elemento varia
com o tipo de tecido do organismo, e é dependente da sua mobilidade, que é influenciado pela espécie
química.
5.2. OS METAIS
Os metais podem ser classificados em elementos principais ou elementos traço. Os elementos
principais são aqueles mais comuns de serem encontrados no ambiente, tais como: Ca, Mg, Na, K, Fe,
Mn, Al. São denominados de elementos traço os diversos elementos que comumente ocorrem em
teores muito baixos (<0,1%) na crosta terrestre, como é o caso de: Ba, Sr, Y, Rb, Zr, Cd, V, As, Sb,
dentre outros.
34
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Recebem a denominação de metais pesados os metais ou metalóides que possuem densidade
maior que 6 g/cm3 (Fe, Mn, Hg, Cd, Cr, Cu, Ni, Zn, Pb, Sb, Co, V, Mo). Apesar de não serem
propriamente metais pesados, alguns elementos químicos, tais como As e Li, são adicionados a esse
grupo por muitos autores, devido às suas características toxicológicas. A questão dos metais pesados
ocorrerem como traço ou como elemento principal dependerá da litogeoquímica local. Porém, esses
metais geralmente ocorrem ao nível de traço, e se associam a alguns tipos de minérios e a depósitos
sulfetados.
Será aqui realizada uma abordagem geral sobre alguns elementos químicos (descritos no Quadro
5.2) e seus principais minerais e fontes antropogênicas. Serão enfatizados os elementos pesados e as
toxicidades atribuídas àqueles mais nocivos, pois essa temática constitui alvo de grande importância
para este estudo.
Quadro 5.2: Relação de algumas propriedades químicas para elementos químicos.
Elemento
Classificação
químico
Número
Massa atômica Densidade (g/cm3)
Estado de oxidação
atômico
Ca
Metal
20
40,08
1,55
+2
Mg
Metal
12
24,30
1,737
+2
Na
Metal
11
22,99
0,968
+1
K
Metal
19
39,098
0,862
+1
Fe
Metal
26
55,845
7,874
+2, +3
Mn
Metal
25
54,938
7,47
+2, +3, +4, +6, +7
Al
Metal
13
26,981
2,702
+3
Si
Metalóide
14
28,085
2,33
+4
As
Metalóide
33
74,922
5,72
±3, +5
Hg
Metal
80
200,59
13,546
+1, +2
Cd
Metal
48
112,411
8,65
+2
Pb
Metal
82
207,2
11,34
+2, +4
Cr
Metal
24
51,996
7,14
+2, +3, +6
Cu
Metal
29
63,546
8,92
+1, +2
Ni
Metal
28
58,693
8,908
+2, +3
Zn
Metal
30
65,39
7,14
+2
Co
Metal
27
58,933
8,9
+2, +3
Sb
Metalóide
51
121,76
6,697
±3, ±5
V
Metal
23
50,941
6,11
+2, +3, +4, +5
Mo
Metal
42
95,94
10,28
+2, +3, +4, +5, +6
Li
Metal
3
6,941
0,535
+1
35
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
5.2.1. Elementos principais
Cálcio (Ca)
O cálcio é um metal alcalino que pode ter sua fonte derivada de uma extensa gama de
minerais, tais como: carbonatos (calcita e aragonita - CaCO3, dolomita - CaMg(CO3)2 ); sulfatos
(gipsita - CaSO4.2H2O, anidrita - CaSO4); fosfatos (apatita - Ca5(PO4)3(OH,F,Cl) ); fluoretos (fluorita CaF2); plagioclásios (anortita - CaAl2Si2O8); anfibólios (hornblenda - Ca2(Mg, Fe2+)4(Al,
Fe3+)(Si7Al)O22(OH)2 ); piroxênios (diopsídio - CaMgSi2O6), dentre outros (Turekian & Wedepohl
1961, Wedepohl 1978, Hounslow 1995). O cálcio é essencial para o crescimento dos vegetais. No
corpo humano, o cálcio atua na saúde dos ossos, no mecanismo de coagulação do sangue, no controle
dos impulsos nervosos e das contrações musculares (Santos 1997).
Magnésio (Mg)
O magnésio ocorre principalmente em rochas carbonatadas, onde é constituinte da dolomita CaMg(CO3)2 e da magnesita - MgCO3. Outros principais minerais fontes de magnésio são: silicatos olivina (forsterita - Mg2SiO4); talco - Mg3Si4O10.(OH)2; granada (piropo - Mg3Al2(SiO4)3); micas
(flogopita - KMg3(Si3Al)O10(F,OH)2, clorita - (Mg, Fe2+, Al)6(Si, Al)4O10(OH)8, biotita K(Mg,Fe2+)3(AlSi3O10(OH,F)2 ); piroxênios (enstatita - Mg2Si2O6, diopsídio - CaMgSi2O6); cloretos carnalita - KMgCl3.6H2O e sais como o sulfato epsomita - MgSO4.7H2O (Wedepohl 1978, Santos
1997).
O magnésio é benéfico às plantas, pois é um dos componentes essenciais da clorofila. No
corpo humano, além de ser necessário ao bom funcionamento de nervos e músculos, participa do
processo de conversão do açúcar em energia (Santos 1997).
Sódio (Na)
Os principais minerais-fontes de sódio na crosta terrestre são: a halita - NaCl, os plagioclásios
(albita - NaAlSi3O8), os feldspatóides (nefelina - (Na, K)AlSiO4; sodalita - Na8Al6Si6O24Cl2), os
anfibólios (glaucofana-riebeckita - Na2[(Mg, Fe2+)3(Al, Fe3+)2]Si8O22(OH)2) e os piroxênios (jadeíta Na(Al, Fe3+)Si2O6 ).
O sódio é um elemento essencial para o ser humano, mas pode ser tóxico em grandes
quantidades. Concentrações elevadas de sódio em águas são nocivas às plantas por que reduzem a
permeabilidade do solo (Hounslow 1995, Santos 1997).
36
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Potássio (K)
O potássio ocorre principalmente em: feldspatos potássicos (ortoclásio - KAlSi3O8); micas
(moscovita - KAl2(AlSi3O10) (OH)2, biotita - K(Mg,Fe2+)3Si3AlO10(OH,F)2) e feldspatóides (leucitas KAlSi2O6). Altas concentrações desse elemento também estão associadas a ocorrências de evaporitos,
tais como a carnalita - KMgCl3.6H2O e a silvita - KCl. O potássio possui intensa participação em
processos de troca iônica, devido à facilidade de ser adsorvido pelos minerais de argila.
O potássio é muito importante para o desenvolvimento dos vegetais, sendo comumente
adicionado aos solos como fertilizante. No corpo humano, o potássio regula os batimentos cardíacos,
controla os impulsos nervosos e as contrações musculares (Santos 1997).
Ferro (Fe)
Dentre os principais minerais constituídos de ferro, podem ser citados: os óxidos (hematita Fe2O3; goethita - FeOOH; magnetita - Fe2+Fe3+2O4; ilmenita - Fe2+TiO3), os sulfetos (pirita e
marcassita - FeS2; arsenopirita - FeAsS; pirrotita - Fe(1-x)S), os carbonatos (ankerita - Ca(Fe2+, Mg,
Mn)(CO3)2; siderita - Fe2+CO3; os silicatos (fayalita - Fe2+2SiO4; ferrossilita - Fe2+SiO3) e os
aluminossilicatos (biotita - K(Mg,Fe2+)3(AlSi3O10(OH,F)2).
No corpo humano, o ferro atua na formação da hemoglobina. A carência desse elemento pode
causar anemia e seu excesso pode aumentar a incidência de problemas cardíacos e diabetes (Santos
1997).
Manganês (Mn)
O manganês compõe uma série de minerais, dentre os quais se encontram: óxidos e hidróxidos
(pirolusita - MnO2, manganita - γ-MnO(OH)), carbonatos (rodocrosita - MnCO3, rodonita - (Mn2+,
Fe2+, Mg, Ca)SiO3) e minerais aluminossilicáticos (espessartita - Mn2+3Al2(SiO4)3, cloritóide (Fe2+,
Mg, Mn)2Al4Si2O10(OH)4), dentre outros (Wedepohl 1978, Santos 1997).
O manganês é um elemento essencial ao organismo humano. A incorporação de Mn pelo
organismo comumente é feita pela ingestão de água e de alimentos (grãos, cereais, chá); porém, a
ingestão excessiva de Mn pode causar danos ao cérebro, em uma parte que ajuda a controlar os
movimentos. Segundo a ATSDR (2003), alguns indivíduos que estiveram expostos a altos níveis de
Mn, por um largo tempo, sofreram perturbações mentais/emocionais e falta de coordenação motora, o
que representa uma enfermidade denominada “manganismo”. Outro efeito negativo do Mn sobre os
organismos é a disfunção reprodutiva. A ingestão excessiva de Mn geralmente se dá ao aspirar ar em
ambientes onde se manufatura produtos contendo esse elemento (e.g. baterias, pesticidas, fundições).
37
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Alumínio (Al)
O alumínio é um elemento que compõe uma extensa gama de minerais aluminossilicáticos,
dentre os quais podem ser citados como exemplos: a pirofilita - Al2Si4O10(OH)2, a caolinita Al2Si2O5(OH)4, o epidoto - Ca2(Fe3+,Al)3(SiO4)3(OH), os feldspatos (ortoclásio - KAlSi3O8), as micas
(moscovita - KAl2(AlSi3O10) (OH)2), além de óxidos (córindon - Al2O3, polimorfos do Al2SiO5:
cianita, sillimanita e andaluzita) e hidróxidos (gibbsita - Al(OH)3).
O alumínio é utilizado em diversos materiais, tais como equipamentos industriais e utensílios
de cozinha. Esse elemento também é utilizado na fabricação de tintas, fogos de artifício, vidros,
borrachas, cerâmicas, aditivos de alimentos e medicamentos (antiácido, aspirina). O alumínio não
constitui um elemento necessário ao organismo humano, onde uma alta concentração pode ser
perigosa. As pessoas estão expostas ao Al pela ingestão de alimentos, água e ar. Pesquisas
demonstraram que muito pouco Al entra no organismo humano a partir de utensílios de cozinha.
Porém, ambientes com altos níveis de Al, em suspensão, podem provocar o surgimento de problemas
respiratórios. Existem suspeitas de que o alumínio pode causar problemas na estrutura óssea e Mal de
Alzheimer (ATSDR 2003).
Silício (Si)
O silício é o segundo elemento mais abundante na crosta terrestre, ocorrendo em grande
variedade de minerais, principalmente os silicatos. Alguns exemplos da extremamente vasta gama de
minerais contendo esse elemento são: quartzo - SiO2 - e suas variedades (quartzo rosa, ametista,
citrino, prásio, etc); topázio - Al2SiO4(F,OH)2; ortoclásio (KAlSi3O8); leucita - KAl(SiO3)2; enstatita
MgSiO3; os polimorfos do Al2SiO5 (andaluzita, sillimanita e cianita); a serpentina Mg3Si2O5(OH)4; a
caulinita (Al2Si2O5(OH)4), moscovita - KAl2(AlSi3O10(OH)2), o piropo - Mg3Al2(SiO4)3. Vários
compostos de silício estão presentes também na água, na atmosfera, em muitas plantas e nos ossos,
tecidos e fluidos internos de alguns animais. Em certas profissões, onde as pessoas estão mais expostas
a poeiras ricas em silício, esse elemento pode provocar doenças pulmonares graves, como a silicose.
O silício pode ser aplicado na usina metalúrgica, na construção de semicondutores, na
confecção de transistores e chips. O silício é também usado em dispositivos fotoelétricos. As areias e
argilas, que contêm grandes proporções de sílica, são usadas na fabricação de concretos e tijolos,
materiais refratários, e na fabricação de cerâmica e vidro. Os silicones, polímeros sintéticos
parcialmente orgânicos, constituídos por silício, oxigênio, carbono e hidrogênio, são empregados
como lubrificantes, vernizes e, devido a sua consistência e inércia química, em próteses cirúrgicas.
38
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
5.2.2. Elementos pesados e/ou potencialmente tóxicos
Arsênio (As)
O arsênio normalmente vincula-se a diversos minérios sulfetados, tais como: arsenopirita FeAsS, cobaltita - CoAsS, tenantita - (Cu, Fe)12As4S13, enargita - Cu3AsS4, loellingita - FeAs2,
rammelsbergita - NiAs2, ouropigmento - As2S3, realgar - AsS (Wedepohl 1978). Além dos vários
sulfetos que contêm quantidades variáveis de As (e.g. pirita - FeS2), esse elemento pode constituir a
impureza de certos minerais, como a galena (PbS). As fontes antropogênicas se relacionam ao uso do
arsênio em tubos fluorescentes, pinturas, cerâmica, vidros, raticidas, praguicidas e inseticidas
(Fergusson 1990).
O arsênio é moderadamente tóxico para plantas e altamente tóxico para mamíferos. A
toxicologia desse elemento encontra-se condicionada pelo seu estado de oxidação: o As3+ é
potencialmente tóxico. Devido a sua similaridade química com o fósforo, o As interfere em algumas
reações bioquímicas envolvendo tal elemento. No homem, o As interfere na produção da substância
adenosina trifosfato (ATP), ou seja, na geração bioquímica da energia. A absorção dos compostos de
arsênio se dá pela ingestão de alimentos, água, ou pela inalação de ar contaminado. A exposição de
organismos ao As é geralmente feita pelo contato de processos industriais ou ambientes contendo
teores naturais elevados desse elemento. O As+5 não se acumula e é rapidamente excretado pelos rins,
enquanto o As+3 concentra-se nos leucócitos; acumula-se no fígado, rins, trato gastrintestinal, baço e
pulmões e se deposita no cabelo, ossos e unhas. Os efeitos generalizados são: irritações de pele e
pulmões, podendo se estender a câncer; redução da produção de glóbulos vermelhos e brancos,
alteração nos batimentos cardíacos, danificação nos vasos sanguíneos; disfunção no sistema nervoso,
causando neuropatia periférica e defeitos de audição; disfunções renais e gastrintestinais; amnésia. O
limite de aceitação para a ingestão de arsênio no organismo humano é de 0,05 mg/L; a ingestão de 100
mg pode envenenar seriamente (ATSDR 2003). Existem muitos relatos sobre a contaminação de solos,
vegetais, água, peixes e homem. Atualmente, alguns governos estão investindo na pesquisa da
geoquímica do As com enfoque epidemiológico, principalmente quando vinculada a atividades
mineiras (Thornton 1996, Dissanayake & Chandrajith 1999).
Mercúrio (Hg)
O mercúrio ocorre principalmente compondo o mineral cinábrio (HgS) e, subordinadamente,
como elemento nativo (Hg°). As fontes antropogênicas para o mercúrio constituem-se em garimpos,
laboratórios odontológicos, laboratórios químicos, fabricação de explosivos, lâmpadas, equipamentos
elétricos, instrumentos científicos, fungicidas, inseticidas e bactericidas (Wedepohl 1978).
39
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
O mercúrio se combina com alguns elementos (Cl, S, O) formando compostos inorgânicos, e
também compostos orgânicos, sendo o mais comum deles o metilmercúrio (CH3Hg). Esse composto é
produzido a partir da atuação de bactérias, e, como se acumula nos tecidos dos peixes, constitui uma
fonte de contaminação para o homem. Outras formas de contaminação ocorrem a partir do contato
propiciado pela ocorrência natural (rochas com alto conteúdo de Hg, atividades vulcânicas), pela
ingestão de água ou alimentos contendo Hg, pelo contato a partir de atividades de garimpo, pelas
atividades médicas e industriais envolvendo esse elemento, pela queima de carvão e lixo. O mercúrio
não é essencial para mamíferos ou plantas. As formas mais perigosas de exposições ao mercúrio se
dão a partir da inalação do vapor de Hg, prontamente absorvido pelos pulmões, e pela ingestão de
peixes contaminados. A exposição a altos níveis de Hg pode prejudicar aos rins e ao cérebro. Os
efeitos sobre a função cerebral são manifestados como irritabilidade, tremores, alterações na vista, na
audição e na memória. Outras disfunções descritas foram: problemas nos pulmões, náuseas, vômitos,
diarréia, aumento da pressão sanguínea, irritação nos olhos. Na literatura, são citados vários casos de
contaminação por mercúrio, sendo graves os de países como: Canadá, Estados Unidos, Coréia, China e
Austrália (Thornton 1996, ATSDR 2003).
Cádmio (Cd)
O cádmio possui um comportamento similar ao zinco, estando presente em alguns sulfetos
como a esfalerita (ZnS), e no carbonato smithsonita (ZnCO3). São encontrados altos níveis de cádmio
associados ao carvão (0.01-22 ppm) e ao óleo. Os minerais de cádmio são muito raros; alguns
exemplos são a greenoquita - β-CdS e a otavita - CdCO3. As fontes antropogênicas para o cádmio se
relacionam ao seu uso na galvanoplastia, na fabricação de baterias Ni-Cd, na fabricação de pigmentos
e em fundições; o cádmio também é encontrado no tabaco (Wedepohl 1978, Fergusson 1990,
Thornton 1996).
O cádmio pode afetar o crescimento da planta e comprometer o alimento. O cádmio é
altamente tóxico para a saúde humana. Sua absorção se dá por via respiratória e por via digestiva. A
exposição por um longo período de tempo pode fazer com que o cádmio seja acumulado nos rins,
produzindo enfermidades. Aspirar altos níveis de cádmio (originários de processos industriais, do
tabaco, da queima de lixo e combustíveis fósseis) pode causar lesões nos pulmões. Outros efeitos
causados por intoxicação crônica incluem descalcificação óssea, hipertensão arterial, anemia,
irritações no estômago e retardamento no crescimento (Santos 1997, ATSDR 2003). Foram também
relatadas contaminações devido a altas concentrações de cádmio em solos de plantio, e intoxicações
pela ingestão de peixes e águas, nas proximidades de áreas de mineração (Föstner & Wittmann 1983,
Thornton 1996).
40
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Chumbo (Pb)
Embora existam vários minerais de chumbo, apenas alguns ocorrem com maior freqüência,
como a galena - PbS, a cerrusita - PbCO3, a anglesita - PbSO4 e a piromorfita - Pb5Cl(PO4)3. O
chumbo também ocorre associado a minerais de zinco (esfalerita - ZnS) e cobre (calcopirita - CuFeS2),
bem como pode realizar substituição isomórfica com íons de K, Sr, Ba, Ca. As altas concentrações de
origem antrópica para o chumbo podem se relacionar à utilização desse elemento nas indústrias de
petróleo, tintas, corantes, cerâmicas, gráficas e bélicas. O chumbo também é encontrado em sucatas,
baterias, aerosóis de automóveis. Outra forma de contaminação por esse elemento foi relacionada à
água conduzida por tubos de chumbo, muito utilizados no passado (Wedepohl 1978, Fergusson 1990).
O efeito tóxico do chumbo pode afetar o crescimento da planta e comprometer a segurança na
ingestão de alimentos. Existem muitos relatos na literatura sobre a intoxicação por chumbo. A
contaminação se dá, principalmente, devido à existência de altos teores desse elemento em áreas
agrícolas, bem como nas proximidades de regiões de mineradoras e metalúrgicas (Thornton 1996).
Grande parte do Pb contido nos solos de zonas urbanas tem sua origem vinculada a pinturas de casas,
que, antigamente, continham um alto conteúdo de Pb em sua composição. Devido à alta toxicidade
desse elemento, a indústria procurou reduzir a quantidade de Pb presente na gasolina, pinturas,
cerâmicas e materiais de soldagens. A absorção do Pb se dá por via respiratória, via oral e via dérmica.
O Pb apresenta efeito cumulativo no organismo; a ingestão máxima de chumbo foi avaliada em até 0,5
mg/L. Valores acima desse teor podem causar intoxicações variáveis no sistema nervoso, no sistema
renal, no sistema reprodutivo e no fígado. As intoxicações crônicas por Pb (saturnismo) provocam
alterações gastrintestinais, neuromusculares e hematológicas. O chumbo armazena-se nos ossos,
cabelos, unhas, cérebro, fígado e rins (ATSDR 2003).
Cromo (Cr)
O mineral de cromo mais comum é a cromita - Fe2+Cr2O4. Outros minerais que contêm esse
elemento são a crocoíta - PbCrO4 e a uvarovita - Ca3Cr2(SiO4)3, embora ocorram muito mais
raramente. O cromo pode ocorrer substituindo outros elementos químicos (e.g. alumínio) em alguns
minerais. As fontes não naturais para esse elemento relacionam-se ao seu uso como: anticorrosivo em
indústrias metalúrgicas, em indústrias de cromagem e de cimento, em tintas anticorrosivas, na
preservação de couros e madeiras, e na formação de ligas com vários metais, compondo aços
inoxidáveis (Wedepohl 1978, Fergusson 1990).
O cromo é um elemento natural, encontrado em rochas, animais, plantas, solo, e em poeira e
gases vulcânicos. O Cr3+ ocorre de forma natural no ambiente, e constitui um elemento nutritivo
essencial que auxilia o corpo a utilizar o açúcar, proteínas e gorduras. O Cr6+ e o Cr0 são, geralmente,
produzidos por processos industriais.
41
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
A absorção de Cr pelo organismo se dá por via respiratória, oral e dérmica. Os compostos
trivalentes de cromo possuem baixa toxicidade; enquanto que os compostos hexavalentes podem
provocar reações adversas: respirar ou ingerir altos níveis de Cr6+ pode causar irritação nas mucosas
nasais, hemorragias nasais, úlceras, irritações estomacais, convulsões, lesões no fígado, rins e anemia.
Algumas pessoas são extremamente sensíveis ao Cr6+, ou ao Cr3+, sofrendo reações alérgicas, como
vermelhidão e inchaço na pele. O cromo armazena-se nos pulmões, pele, músculos e tecido adiposo
(ATSDR 2003).
Cobre (Cu)
O cobre é um elemento de baixa solubilidade que ocorre naturalmente em rochas, solo, água,
ar, animais e plantas. Os minerais mais comuns de cobre são: calcocita - Cu2S, bornita - Cu5FeS4,
calcopirita - CuFeS2, covelita - CuS, cuprita - Cu2O, azurita - Cu3(CO3)2(OH)2 e malaquita Cu2CO3(OH)2. As fontes antropogênicas para o cobre vinculam-se ao seu uso em: inseticidas, tintas,
pigmentos, vidros, esmaltes, preservativos de alimentos e couros, ligas metálicas, fios e cabos elétricos
(Wedepohl 1978, Fergusson 1990).
O cobre é um elemento essencial; porém, quando ingerido em grandes quantidades, pode
causar irritação no nariz, boca, olhos, produzir cefaléia, náuseas, diarréia, cólicas estomacais, danos
nos rins e fígado. A ingestão é realizada pelas vias respiratórias, oral e dérmica. A exposição ao Cu
geralmente é feita pela ingestão de alimentos ou água contendo altos níveis desse elemento; ou então,
pode ser, ainda, propiciada pelo contato com o Cu em ambientes de minas, ou em indústrias que
manufaturam ou utilizam esse elemento ou seus compostos. Outras formas de contato com o Cu
podem ser feitas pela queima de combustíveis fósseis ou resíduos, pelo uso de tubulações de Cu, pela
aplicação de fungicidas, ou pelo contato em ambientes com altas concentrações naturais desse
elemento (ATSDR 2003). No corpo humano, esse elemento é tolerado se ingerido até quantidades
limites de 1,0 mg/L (Santos 1997).
Níquel (Ni)
O níquel ocorre na composição de vários minerais, dentre os quais: pentlandita - (Ni,Fe)9S8,
nicolita - NiAs, garnierita - (Ni,Mg)4Si6O15(OH)2·6(H2O), ulmanita - NiSbS. Alguns minerais de
níquel comumente se associam a depósitos de minérios sulfetados, principalmente vinculados a rochas
máficas e ultramáficas (Wedepohl 1978).
O Ni puro é um metal duro, que pode combinar-se com outros elementos (Fe, Cu, Cr e Zn)
para formar ligas metálicas. O níquel também é utilizado na galvanoplastia, na produção de aço
inoxidável, catalizadores, baterias de Ni/Cd e corantes de cerâmicas (Fergusson 1990).
42
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
A exposição ao níquel pode ser realizada: pela ingestão de água e alimentos contaminados
com Ni, pelo uso de tabaco que contenha esse elemento, pelo contato da pele com solos ou materiais
que contenham Ni (jóias ou moedas), pelo contato com ar contaminado por incineradores de lixo, pela
exposição à ambientes industriais onde compostos de Ni são utilizados. O efeito adverso mais comum
é a reação alérgica na pele. Existem relatos de contaminações provocadas pela inalação de altos níveis
de Ni, em indivíduos que trabalharam com o processamento desse elemento. Os sintomas apresentados
foram: ataques de asma, bronquite crônica e alterações no pulmão. Algumas pessoas que ingeriram
água com altos níveis de Ni apresentaram efeitos adversos no sangue e nos rins. Também foram
observados vários efeitos adversos em animais expostos ao Ni (ATSDR 2003).
Zinco (Zn)
Os principais minerais de zinco são a esfalerita - ZnS e a smithsonita - ZnCO3; entretanto, o
zinco pode ser encontrado associado a vários outros minerais (eg. zincita - (Zn, Mn)O, hemmimorfita Zn4Si2O7(OH)2 . H2O). O zinco é utilizado em revestimentos anticorrosivos e em ligas metálicas, como
as de Ni/Cu. Os materiais originários dos processos de galvanização, luminescência e indústrias
(têxteis, de pigmentos, tintas, cerâmicas, farmacêuticas e químicas) podem constituir outras fontes
antropogênicas para esse elemento (Wedepohl 1978, Fergusson 1990).
O zinco é o metal pesado mais solúvel. Constitui um elemento essencial na dieta dos
homens/animais, de modo que, os organismos podem apresentar deficiências nesse elemento; não
obstante, a ingestão de grandes concentrações de Zn pode ser prejudicial (superiores a 5 mg/L).
Geralmente, os efeitos negativos no organismo se iniciam após a ingestão de uma quantidade de 10 a
15 vezes superior àquela indicada como saudável, podendo causar cólicas estomacais e anemia; a
ingestão de altas concentrações de Zn por um período de tempo mais prolongado pode produzir
anemia e alterar os níveis de colesterol. A exposição humana a altas concentrações de zinco pode ser
realizada: ao ingerir água ou alimentos com altos níveis de Zn; ao trabalhar em ambientes que
processam ou utilizam o zinco, ao ter contato com ambientes onde existem níveis naturalmente altos
desse elemento, como em rochas, solos e ar (cf. ATSDR 2003).
Cobalto (Co)
O cobalto constitui um elemento naturalmente encontrado em rochas, solo, água, plantas e
animais. O principal mineral de cobalto é a cobaltita - CoAsS. Esse elemento não é encontrado em
muitos minerais comuns, mas pode estar associado a vários compostos naturais. As fontes
antropogênicas para esse elemento relacionam-se à produção de materiais magnéticos, ligas, aço,
corantes de vidro, cerâmicas e pinturas (Wedepohl 1978).
43
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
O cobalto possui efeitos tantos benéficos quanto prejudiciais ao organismo humano,
dependendo dos níveis ingeridos. Os efeitos positivos advêm da sua participação na composição da
vitamina B12. Altos níveis de cobalto nos organismos, porém, podem produzir dermatite e afetar
negativamente os pulmões, o fígado e o coração. A forma mais comum de exposição ao cobalto pela
população é, geralmente, feita pela ingestão de água e alimentos. Existe o cobalto radioativo e o
cobalto estável (não radioativo). Os dois isótopos radioativos de cobalto, comercialmente importantes,
são o
60
Co e o
57
Co. Esses isótopos são utilizados: como fontes de raios-gama em
equipamentos/tratamentos médicos, na fabricação de plásticos, na irradiação de alimentos (60 Co) e nas
investigações clínicas e científicas (57Co). As pessoas raramente são expostas ao cobalto radioativo.
Isso pode ocorre em indivíduos que recebem radioterapia ou que trabalham com os isótopos
radioativos ou resíduos nucleares. A exposição ao cobalto radioativo (ou a radiação) pode produzir
vários efeitos, como diarréia e hemorragia e danificar as células do corpo (ATSDR 2003).
Antimônio (Sb)
O antimônio ocorre na composição de uma gama de minerais, dentre os quais podem ser
citados: estibnita - Sb2S3, calcoestibnita - CuSbS2, valentinita - Sb2O3, ulmanita - NiSbS. Na indústria,
o antimônio não é utilizado isoladamente porque é muito quebradiço, mas quando se combina em
ligas, pode ser utilizado em baterias de automóveis, soldagens, ou ainda, acrescentado a materiais para
conferir-lhes resistência ao fogo. Também é utilizado em pinturas, cerâmicas, fogos de artifícios e
esmaltes para plásticos, metais e vidros. Na medicina, há citações onde o Sb foi utilizado com
propósitos medicinais, no tratamento de parasitas (Wedepohl 1978, Fergusson 1990, ATSDR 2003).
As pessoas geralmente estão, diariamente, expostas a baixos níveis de Sb pelo contato com a
água, alimentos e ar. A exposição a altos níveis de Sb é mais comumente realizada em ambientes de
indústrias que processam ou liberam esse elemento (fundições, queimas de carvão ou lixo), ou em
áreas onde o Sb se apresenta em altos teores no ar, água ou solo. Os efeitos do Sb são causados
principalmente pela inalação, que causa irritação de olhos e pulmões; pode, ainda, causar problemas
mais graves no coração e pulmão, além de diarréia, vômitos e úlceras estomacais (ATSDR 2003).
Vanádio (V)
O vanádio ocorre em vários depósitos, inclusive os sulfetados, onde se associa ao Pb, Zn, Cu e
Mn (Wedepohl 1978). Tal elemento pode substituir o Fe. Alguns minerais contendo vanádio são a
carnotita - K2(UO2)2V2O8·3(H2O) e a vanadinita - Pb5(VO4)3Cl. O vanádio, quando combinado com
outros elementos, pode formar ligas metálicas; o óxido de vanádio compõe um tipo especial de aço
usado em algumas partes de automóveis. O vanádio também é utilizado em outros compostos na
manufatura de partes de motores de aviões, plásticos, cerâmicas, e outros produtos químicos.
44
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
O vanádio é considerado um elemento que pode ser essencial para algumas espécies, e tóxico
para outras (Plant et al. 1996). O corpo não absorve facilmente o vanádio através do estômago,
intestino ou pele. Esse elemento é absorvido principalmente via inalação. Os principais efeitos
negativos causados pela aspiração do vanádio ocorrem nos pulmões, garganta e olhos. Segundo a
ATSDR (2003), indivíduos que trabalharam com vanádio por um largo tempo (≥ 1 ano)
ocasionalmente sofreram irritação nos pulmões, tosse, dificuldades respiratórias, dor no peito, secreção
nasal e dor de garganta, que cessaram após a interrupção na exposição ao ar contaminado.
Molibdênio (Mo)
O molibdênio ocorre em poucos minerais, sendo os mais comuns a molibdenita - MoS2 e a
wulfenita - Pb(MoO4). Alguns relatos sobre as fontes antropogênicas para esse elemento advêm do seu
uso em ligas metálicas, fertilizantes, lubrificantes, catalisadores e pigmentos para vidros e tubos de
vácuo (Wedepohl 1978).
O molibdênio é considerado essencial para a maioria dos organismos, podendo ser tóxico em
excesso (Plant et al 1996). Existem alguns estudos realizados envolvendo o nível de molibdênio na
dieta de gado. O molibdênio pode exercer um efeito negativo no organismo quando, associado ao
enxofre, interage com o cobre na dieta animal, reduzindo a utilização desse último pelo organismo. O
excesso de molibdênio na dieta animal pode causar problemas nas juntas e a doença conhecida como
molibdenose.
Lítio (Li)
Os minerais mais comuns de lítio são: lepidolita - K(Li, Al)3(Si, Al)4O10(F,OH)2, espodumênio
- LiAlSi2O6, ambligonita - (Li,Na)Al(PO4)(F,OH), petalita - LiAlSi4O10, trifilita - LiFe2+PO4. Os
compostos de lítio são utilizados em lubrificantes, esmaltes para porcelanas, sistemas de refrigeração e
como medicamento. O lítio é encontrado naturalmente nos organismos. A função desse elemento nos
organismos não é bem elucidada; alguns estudos, porém, sugerem que lítio compete com o iodo ao
nível da tireóide. O lítio é utilizado na medicina para tratar disfunções do sistema simpático,
hiperemotividade ou insônias e psicoses maníaco-depressivas. O excesso desse elemento afeta o
sistema nervoso central, gerando visão turva, ruídos nos ouvidos, vertigens, debilidade e tremores.
O Quadro 5.3 descreve o lítio e os demais elementos aqui descritos, e suas principais
implicações no organismo humano.
45
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Quadro 5.3: Elementos químicos e os principais efeitos causados nos organismos (cf. Fergusson 1990, Santos
1997, ATSDR 2003).
Elem.
Carência
Ca
Raquitismo, Osteomalácia
Mg
Doenças cardiovasculares
Na
Não balanceamento hídrico
K
Disfunções (em batimentos
cardíacos, impulsos nervosos
e contrações musculares)
Anemia; pré-disposição a
infecções, apatia e fadiga
Deficiência em vitamina K;
disfunções reprodutivas
Fe
Mn
Al
As
Hg
Cd
Pb
Cr
Cu
Ni
Zn
Co
Sb
V
Mo
Li
Si
Excesso
Hipertensão arterial, diabete, problemas renais
e cardíacos
Fontes mais comuns
Leite, carne, peixes e ovos
Nozes, frutos do mar,
vegetais
Sal de cozinha, outros
temperos à base de sais
Hiperpotassemia
Tecidos animais e vegetais
Agente cancerígeno; aumenta a incidência de
problemas cardíacos e diabetes
Frutos do mar, fígado,
castanha
Nozes, cereais integrais,
raízes, chás
Ar poluído, antiácidos,
utensílios de Al
Hipercalcemia
Cálculos renais
Disfunções cerebrais manganismo
Desmineralização esquelética e Mal de
Alzheimer
Irritações de pele e pulmões; disfunções
cardíacas, nervosas, renais, gastrintestinais;
agente cancerígeno
Prejudica rins, cérebro, pulmões; causa
irritabilidade nos olhos, vômitos, diarréia e
aumento da pressão sanguínea
Doenças pulmonares, anemia, hipertensão
arterial, irritações no estômago, retardamento
de crescimento; inibe a absorção de Ca
Problemas neurológicos, renais, disfunções no
sistema reprodutivo e no fígado; anemia,
alterações gastrintestinais e hematológicas;
intoxicações crônicas (saturnismo)
Irritações e hemorragias nasais; anemia;
Problemas de crescimento,
úlceras; irritações estomacais; convulsões;
distúrbios metabólicos
lesões no fígado e rins; agente cancerígeno
Doença de Wilson; degeneração do fígado, rins
Anemia, anormalidades
esqueléticas, lesões cardíacas e cérebro; irritações nariz, boca, olhos;
cefaléia; náuseas; diarréia; cólicas estomacais
Doença do trato respiratório; alergia; asma e
Dermatites
bronquite; alterações pulmonares; efeitos
adversos no sangue e nos rins; cancerígeno
Acrodermatite, diarréia,
Problemas no crescimento e inanição; cólicas
infecções secundárias,
estomacais; anemia; alteração nos níveis de
nanismo, imaturidade sexual colesterol
Deficiência na síntese de
Ataque cardíaco; policitemia; dermatite;
vitamina B12, anemia,
alterações nos pulmões, fígado e coração;
anormalidades neurológicas. agente cancerígeno (Co radioativo)
Irritação de olhos e pulmões; dor de estômago;
diarréia; vômitos; úlceras estomacais;
problemas no coração e pulmão
Aumento da tireóide
Irritação nos pulmões, garganta e olhos
Deficiência no metabolismo Problemas nas juntas; molibdenose
de proteína
Disfunções neurológicas
Inibe calcificação dos ossos Silicose; pode depositar-se formando cálculos
46
Ar, água e alimentos
contaminados
inalação do vapor de Hg,
ingestão de águas e peixes
contaminados
Enlatados, rins; ar poluído:
indústria, queima de
tabaco, lixo, combustíveis
fósseis
Ar poluído
Levado de cerveja,
pimenta preta e fígado
Crustáceos, fígado,
castanha
Vegetais de folhas verdes
Ostra, músculos e nozes
Vegetais e folhas verdes
Ar poluído
Ar poluído, mariscos
Ar poluído, água, leite,
fígado, cereais
Ar poluído, água
Ar poluído, água, vegetais
CAPÍTULO 6
METODOLOGIA
6.1. INTRODUÇÃO
A metodologia de trabalho utilizada no levantamento geoquímico-ambiental da área estudada
iniciou-se por pesquisa bibliográfica e escolha dos pontos a serem amostrados. Para tanto, procurouse, inicialmente, encontrar e estudar algumas bibliografias referentes à drenagem ácida e à dispersão
de elementos pesados no ambiente. Essa pesquisa teve como intuito captar informações sobre a
disponibilidade e os aspectos toxicológicos dos metais pesados. Realizou-se também, nesse período,
uma visita preliminar nas áreas das minas, com o propósito de definir a área de trabalho, e de verificar
os pontos mais apropriados para a coleta de amostras, os quais foram assinalados em uma ortofoto.
Dentro das áreas afetadas pelas minas, foram selecionados alguns pontos nos quais havia uma grande
possibilidade de serem encontrados águas, solos, sedimentos, rochas e plantas com maiores
concentrações de elementos pesados. Também foram eleitos alguns pontos fora da área de abrangência
das minas, em locais não afetados por essas, a fim de se avaliar o conteúdo de metais pesados
naturalmente presente em amostras. Dessa maneira, seria possível realizar uma comparação entre o
teor de metais pesados em águas, solos, sedimentos e plantas nos locais das minas e em locais não
afetados pelas mesmas. Esse método permitiria avaliar se existe alguma acumulação de metais nos
locais das minas e adjacências, provavelmente lixiviados e mobilizados por drenagem ácida. Essa
correlação é plausível de ser efetuada uma vez que as rochas dos pontos investigados são bastante
similares, constituindo-se principalmente de xistos, filitos e quartzitos subordinados.
As regiões a serem investigadas foram subdivididas em quatro sub-áreas, onde a localização
das amostras e os seus respectivos pontos de coleta encontram-se discriminados nos Anexos 1, 2, 3 e
4. A primeira sub-área corresponde à antiga mina de pirita do Piquete (P1) e arredores, onde foram
escolhidos 4 locais para amostragem; o primeiro desses encontra-se situado na região da mina, onde
foram coletadas amostras nos seguintes pontos: rochas (P1R1, P1R2, P1R3, P1R4, P1R5, P1R6,
P1R7); águas e sedimentos de corrente (P1A1; P1S1); sedimentos compostos essencialmente de
óxidos/hidróxidos (P1EX1; P1EX2); plantas - Baccharis sp. ou carqueja (P1P1C) e briófita (P1P1B);
solo (P1O1). O segundo e o terceiro ponto situam-se à montante da mina. Esses pontos foram
escolhidos com o propósito primordial de se avaliar se as amostras portariam um menor conteúdo em
metais pesados do que as originárias da região da mina. Esses locais correspondem a regiões que
envolvem dois córregos e arredores: em um desses pontos foram coletadas amostras de águas,
sedimentos de corrente (P1A2; P1S2) e solo (P1O2); no outro local em questão, situado mais à
montante, foram coletadas amostras de água, sedimento de corrente (P1A3; P1S3) e plantas
(Baccharis sp. - P1P3C; briófita - P1P3B).
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
O último ponto da primeira sub-área situa-se em um córrego conhecido por “Bigode Chinês”.
Essa região que foi escolhida com o propósito de se verificar o processo de lixiviação, bem como a
dispersão dos elementos químicos vinculados à mina do Piquete. Para tal fim, foram coletadas, nesse
ponto, amostras de água e sedimento de corrente (P1A4; P1S4).
A segunda sub-área corresponde à antiga mina de pirita de Santa Efigênia (P2), localizada
próximo ao Bairro Padre Faria. Nessa região, foram coletadas as seguintes amostras: rochas (P2R1,
P2R2, P2R3, P2R4, P2R5, P2R6A, P2R6B, P2R7A, P2R7B, P2R8), água e sedimento de corrente
(P2A1; P2S1), solos (P2O1A, P2O1B, P2O1C, P2O2, P2O3), rejeito (P2J), sedimentos compostos
essencialmente de óxidos/hidróxidos (P2JX1; P2JX2) e argila provenientes do rejeito (PJG), além de
plantas (Baccharis sp. ou carqueja - P2P1C; briófita - P2P1B).
A terceira região ou sub-área (P3) é conhecida por “Lagoa do Gambá”. Esse ponto foi
escolhido com o propósito de se verificar o conteúdo de elementos tóxicos na água (P3A1),
particularmente o arsênio, uma vez que Freise (1933) reportou valores de 2,2 ppm de As nesse local.
As investigações sobre o conteúdo de arsênio na água poderiam indicar uma correlação com corpos
sulfetados da região. Foi realizado um trabalho particular na Lagoa do Gambá, que consistiu em
coletas de amostras de água em diferentes profundidades (P3A1-0m, P3A1-1m, P3A1-2m, P3A1-4m),
além de coleta de amostra de sedimento de fundo (P3S1).
A quarta região (P4) corresponde a um ponto localizado no Ribeirão do Carmo, no Bairro da
Barra. Esse local pode ser considerado livre das influências da mina de pirita de Santa Efigênia,
situada à jusante, onde foram coletadas, a título de comparação, amostras de água e de sedimento de
corrente (P4A1; P4S1).
Com exceção das amostras situadas na Lagoa do Gambá, todas as amostras de água e
sedimentos de corrente foram coletadas nas estações de seca (inverno) e de chuva (verão). As amostras
de plantas foram coletadas somente na estação de chuva. Os solos foram coletados na estação de seca
e/ou de chuva. O Quadro 6.1 fornece informações sobre as sub-áreas e as amostras correspondentes.
As amostras (água, sedimentos e solos) coletadas em estação de chuva possuem o código acrescido de
“-c”.
Tão logo realizada a coleta, preservação e armazenamento, as amostras foram encaminhadas a
diferentes laboratórios, onde os materiais foram preparados e analisados. De posse dos dados obtidos
nas análises, realizou-se a interpretação e correlação dos dados, a elaboração de gráficos e diagramas
e, finalmente, a confecção da dissertação.
48
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Quadro 6.1: Designações das amostras coletadas referentes às sub-áreas.
Amostras
Rocha
Sedimentos
Água
Sedim. corrente
Solo
Planta
Rocha
Sedimentos
Água
Sedim. corrente
Solo
Planta
Água
Estação de seca (inverno)
Estação de chuva (verão)
MINA DO PIQUETE (P1)
P1R1, P1R2, P1R3, P1R4, P1R5, P1R6, P1R7
P1EX1, P1EX2
P1A1, P1A2, P1A3, P1A4
P1S1, P1S2, P1S3, P1S4
P1O1, P1O2
P1A1-c, P1A2-c, P1A3-c, P1A4-c
P1S1-c, P1S2-c, P1S3-c, P1S4-c
P1O1-c, P1O2-c
P1P1B, P1P1C, P1P3B, P1P3C
MINA DE SANTA EFIGÊNIA (P2)
P2R1, P2R2, P2R3, P2R4, P2R5, P2R6A, P2R6B, P2R7A, P2R7B, P2R8
P2JG, P2J, P2JX1, P2JX2
P2J-c
P2A1
P2S1
P2O1A, P2O1B, P2O1C, P2O2
P2A1-c
P2S1-c
P2O1A-c, P2O1B-c, P2O2-c, P2O3-c
P2P1B-c, P2P1C-c
LAGOA DO GAMBÁ (P3)
P3A1
P3A1-0m, P3A1-1m, P3A1-2m, P3A1-3m
P3A1-c
Número
7
2
8
8
4
4
10
5
2
2
8
2
6
Sedim. fundo
P3S1
1
Água
P4A1
P4A1-c
2
Sedim. corrente
P4S1
P4S1-c
2
BARRA (P4)
6.2. SISTEMÁTICA DE COLETA, PREPARAÇÃO E ANÁLISE DE AMOSTRAS
As amostras de rocha, água, sedimentos, solos e plantas necessitam receber um tratamento
bastante diferenciado, pois constituem materiais com características físicas, físico-químicas e químicas
bastante distintas. Desde os momentos que precedem a coleta das amostras até a realização das
análises, torna-se necessário executar alguns procedimentos padrões que evitem ou minimizem as
modificações físico-químicas e biológicas dos materiais. Exemplos desses procedimentos são o
tratamento pré-coleta das garrafas a serem utilizadas para o armazenamento de água; a utilização de
pegadores de plástico durante a coleta de solos e sedimentos; a observação dos prazos para a
realização de testes físico-químicos e o cuidado para a não contaminação das amostras, dentre outros
(cf. Agudo 1987, Santos 1997).
A caracterização mineralógica das amostras foi realizada mediante análises de raios-X
(aparelho de marca Rigaku, modelo Geigerflex D/Max–2B) do DEGEO/UFOP e, para algumas
amostras, por Espectroscopia Mössbauer pertencente ao Laboratório de Química da Universidade
Federal de Minas Gerais (espectômetro com um transdutor e gerador de função CMTE modelo MA
250 e uma fonte de 57Co suportada em uma matriz de ródio, sob temperatura ambiente).
49
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
As análises químicas via ICP-OES (Inductively Coupled Plasma Optical Emission
Spectrometry) foram efetuadas em um aparelho da marca SPECTRO, modelo CIROS do Laboratório
de Geoquímica Ambiental do DEGEO/UFOP.
6.2.1. Rochas
Preparação e análises mineralógicas e químicas
Depois de coletadas, algumas amostras contendo pirita foram selecionadas para descrição
petrográfica (P1R1, P1R3, P1R5, P1R6, P1R7) e para análise bacteriológica (P1R3, P1R4), que será
descrita em um item mais à frente. O restante do material foi encaminhado ao Laboratório de
Preparação de Amostras para Geocronologia e Geoquímica (Lopag), onde se realizou a redução
granulométrica, por britagem e pulverização. Alíquotas do material pulverizado foram utilizadas para
a caracterização mineralógica, por meio da difratometria de raios-X, e para a análise química via ICPOES. As diversas etapas processadas para análise das rochas, após coleta, se encontram exibidas na
Figura 6.1.
Figura 6.1: Etapas de preparação, dissolução e análise das amostras de rocha.
Para a solubilização das rochas, foi utilizado o método de abertura total descrito por Moutte
(1990): em um vaso Savilex de 30 mL, adicionou-se 0.250 g de material pulverizado junto a 1 mL de
HNO3 (10 mol/L) e 3 mL de HCl (10 mol/L); colocou-se o vaso aberto em chapa quente a 110°C e
aqueceu-se até secagem incipiente. Adicionou-se 3 mL de HF concentrado, e o material foi aquecido a
140°C até secagem. Adicionou-se 3 mL de HF concentrado, fechou-se os vasos firmemente e realizouse aquecimento a 140°C por 16 horas.
50
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Deixou-se esfriar, abriu-se os vasos e realizou-se aquecimento a 140°C até secagem. Deixouse esfriar e adicionou-se 3 mL de HNO3 (10 mol/L), aqueceu-se a 110°C até secagem. Acrescentou-se
3 mL de HNO3 (10 mol/L), aqueceu-se a 110°C até secagem. Adicionou-se 3 mL de HCl (10 mol/L),
aqueceu-se a 110°C até secagem. Adicionou-se 25 mL de HCl (2 mol/L) fechando-se os vasos para
aquecimento a 110°C por 2 horas, para redissolução de sais. Depois de resfriado, o material foi pesado
(frasco+amostra) e a solução analisada via ICP-OES. No procedimento com os vasos savilex, é
importante que se pese os vasos e as tampas, para que as massas sejam subtraídas nos cálculos. Outro
cuidado relaciona-se à limpeza dos vasos. Para executar tal tarefa, adicionou-se 10 mL de HNO3 (2
mol/L) aos frascos, que foram fechados com as tampas para aquecimento a 110°C por 4 horas, para,
posteriormente, serem lavados com água deionizada.
6.2.2. Água
Para que se realizem coletas e análises satisfatórias de amostras de água, é necessário adotar
medidas que se iniciam na preparação dos frascos para a armazenagem de água, e se estendem à
coleta, medição dos parâmetros físico-químicos em campo, armazenamento correto e análise química.
Segundo Santos (1997), os principais métodos de preservação de amostras de água são o controle de
pH, a refrigeração e a adição química, de modo a se reduzirem os efeitos das ações biológicas, a
hidrólise dos complexos e compostos químicos, a volatilização dos constituintes e os efeitos de
absorção e/ou aderência ao material do recipiente armazenador.
Preparação dos frascos e coleta
No armazenamento das amostras de água foram utilizadas garrafas de polietileno. Esse
material apresenta importantes aspectos que condicionaram a sua utilização: possibilita uma menor
adsorção de íons metálicos nas paredes da garrafa e possui baixo custo de aquisição. Os frascos foram
limpos antes da coleta de água; tal procedimento constituiu-se, seqüencialmente, nos seguintes passos:
lavar as garrafas e tampas com água destilada; preencher as garrafas com HNO3 (2,5%) e deixar a
solução permanecer durante 24 horas nas garrafas tampadas; enxaguar as garrafas com água
deionizada, por sete vezes.
Para a coleta, realizou-se primeiramente a lavagem das garrafas, com a água local (ambiente),
para, posteriormente, se realizar a coleta de água, tendo-se o cuidado de voltar a tampa da garrafa em
direção contrária à correnteza. Em cada ponto, coletaram-se duas amostras: uma em uma garrafa de
um litro e outra em frascos de 50 mL. Essa última, a ser utilizada para análise de metais, foi filtrada e
acidificada com ácido nítrico até atingir o pH em torno de 3. Esse procedimento foi adotado a fim de
se manter os íons em solução e assim, evitar que algum material fosse adsorvido nas paredes dos
frascos (cf. recomendado por Agudo 1987).
51
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Em cada ponto de coleta (e.g. Figura 6.2) também foram determinados, in loco, os seguintes
parâmetros: pH, Eh, condutividade elétrica, sólidos totais dissolvidos (STD) e temperatura (T). Todos
esses parâmetros foram medidos com um mesmo aparelho denominado Ultrameter. Isso foi feito
mergulhando-se, inicialmente, o aparelho na água, na porção onde a água seria coletada, realizando-se
um “ambiente” e, posteriormente, para se recolher um pouco dessa água, e tomar-se, imediatamente, a
leitura de cada parâmetro.
Figura 6.2: Coleta de água no ponto da Lagoa do Gambá (P3A1).
Armazenamento e análises químicas
Imediatamente após a coleta, as amostras de água foram encaminhadas ao Laboratório de
Geoquímica Ambiental (LGqA) do DEGEO/UFOP. As amostras de 50 mL foram guardadas em um
freezer até a realização das análises químicas, efetuadas por meio de ICP-OES. Das amostras de 1 L
efetuaram-se testes de alcalinidade, turbidez, sulfatos e cloretos, respeitando-se os prazos máximos
para cada um deles, que correspondem, respectivamente, à 24 horas, 24 horas, 7 dias e 14 dias (Santos
1997). Determinou-se a concentração de arsênio (As3+ e As5+) na água, por meio do Polarógrafo
Metrohm Ion Analysis - 757 VA, pertencentes ao LGqA do DEGEO/UFOP. Para tanto, retiraram-se
alíquotas das amostras de 1L (não acidificadas), que foram, após a coleta, imediatamente enviadas ao
laboratório, filtradas e analisadas, para se evitar um maior contato da água com o oxigênio e, por
conseqüência, a eventual oxidação do As3+ para o As5+. O procedimento adotado para as análises das
amostras encontra-se sumarizado na Figura 6.3:
52
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Figura 6.3: Etapas de preparação e análise das amostras de água.
6.2.3. Sedimentos e Solos
Preparação e análises
Depois de coletadas, as amostras de sedimentos e solos foram encaminhadas ao LGqA do
DEGEO/UFOP, onde foram dispostas em recipientes plásticos para secagem natural. Após secos, os
materiais foram quarteados. De cada amostra retirou-se duas alíquotas, sendo uma pulverizada e
enviada a difratometria de raios-X para a caracterização mineralógica, e a outra utilizada para a
determinação de pH e Eh. A quantidade correspondente a ¾ de amostra foi submetida a peneiramento,
onde foram utilizadas as seguintes malhas: 30 mesh, 70 mesh, 100 mesh e 230 mesh, obtendo-se,
respectivamente, as frações granulométricas: >0.590mm, >0.210mm, >0.149mm, >0.063mm, e
<0.063mm. Da fração mais fina retirou-se uma alíquota de material para a caracterização mineralógica
por análises de raios-X. O conhecimento da mineralogia dessas frações é importante porque os metais
pesados comumente se concentram nas frações mais finas (cf. Fergusson 1990, Eleutério 1997).
Algumas amostras de sedimentos (P1EX1, P1EX2, P2JX1) e uma amostra de solo (P2O2)
foram selecionadas para análise via Espectroscopia Mössbauer, com o intuito de se verificar a
existência de minerais secundários, como óxidos e hidróxidos amorfos de ferro. As amostras de
sedimento de corrente (P1S1-c) e de rejeito de mina (P2J-c, P2JX1) foram utilizadas na realização de
análises bacteriológicas. A Figura 6.4 exibe as etapas para análise de solos e sedimentos, após coleta.
53
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
A abertura química de sedimentos e solos foi realizada no LGqA do DEGEO/UFOP. Para
tanto, foram efetuados vários testes, uma vez que os procedimentos comumente utilizados na
solubilização de amostras em chapa quente não surtiram efeito para a maioria das amostras.
Inicialmente, atacou-se 0,5 g de material pulverizado com 10 mL água régia, por três vezes, em um
béquer sobre chapa quente. Essa metodologia foi ineficiente para a maioria das amostras, pois se
observou, ao final do ataque ácido, um resíduo de coloração escura. A abertura final constituiu-se em
atacar 0,5 g de material com água régia, a frio, por 16 horas, e, posteriormente, aquecê-lo por 2 horas
em chapa quente (100°C). Adicionou-se então, ao material resfriado à temperatura ambiente, um
volume de 10 mL de ácido perclórico em cada amostra. Esse material foi aquecido à cerca de 100°C,
até a redução de volume. A solução foi então filtrada e transferida para completar o volume de um
balão de 50 mL. Essa solução foi armazenada em garrafas de polietileno e guardadas em freezer até o
momento próximo à análise química por ICP-OES.
Os parâmetros - pH e Eh - das amostras foram medidos adicionando-se, em um tubo de
centrífuga, 25 mL de amostra de sedimento ou solo com 5 mL de água. Esse material foi
homogeneizado em um agitador, por cinco minutos, e, posteriormente, colocado em repouso para a
decantação das partículas, durante duas horas. Após esse período, foram realizadas as medições.
Figura 6.4: Etapas de preparação, dissolução e análise das amostras de solos e sedimentos.
54
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
6.2.4. Plantas
Coleta e preparação
Coletaram-se dois tipos diferentes de plantas, sendo, a primeira delas, correspondente a
Baccharis sp., que é popularmente conhecida como carqueja. Essa planta foi coletada nos locais
pertencentes às duas minas de pirita (P1P1C, P2P1C), bem como em um ponto (P1P3C) fora da
abrangência das minas. O segundo tipo de planta, conhecido como briófita, foi coletado em um ponto
na mina do Piquete (P1PB), em um ponto fora da influência dessa mina (P1PB) e em um ponto na
mina do Padre Faria (P1P3B). No LGqA do DEGEO/UFOP, o procedimento inicial consistiu em lavar
abundantemente as amostras, a fim de eliminar o solo aderido às raízes, além dos sedimentos e outras
impurezas presentes na superfície das plantas. De cada espécie, separou-se um exemplar para
identificação, que foi incorporado ao herbário Professor José Badini (OUPR) do Instituto de Ciências
Exatas e Biológicas (ICEB) da UFOP. As amostras de Baccharis sp. foram desmembradas em duas
partes, segundo a sua morfologia, em: parte aérea (caule/folhas) e parte subaérea (raiz); tal
procedimento foi realizado com o intuito de comparar se existiriam diferenças significativas nos teores
dos elementos químicos dosados. As plantas foram posteriormente lavadas por quatro vezes com água
destilada e três vezes com água deionizada, e colocadas para secagem natural. Depois de secas, as
amostras foram moídas, pulverizadas em um gral, e em seguida submetidas à abertura química e à
análise química, conforme exibido na Figura 6.5.
Figura 6.5: Etapas de preparação, dissolução e análise das amostras de plantas.
55
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Abertura e análises químicas
A abertura química das plantas foi realizada utilizando-se bombas de teflón em um sistema
fechado de um forno microondas. Adicionou-se 0.5 g de material pulverizado aos vasos de teflón,
juntamente com 5 mL de HNO3 e 2 mL de H2O2; esse material foi deixado em uma capela para uma
pré-digestão de 24 horas, e, posteriormente, levado para abertura no microondas. A solução foi, então,
filtrada para completar um volume de 25 mL em um balão volumétrico e, posteriormente, analisada
via ICP-OES.
6.2.5. Análise Bacteriológica
A análise bacteriológica foi realizada no Núcleo de Valorização de Materiais Minerais, no
Departamento de Metalurgia (DEMET) da Escola de Minas/UFOP, a partir de um meio de cultura
para Acidithiobacillus ferrooxidans - “TK”. Utilizaram-se, para tanto, duas soluções responsáveis pelo
fornecimento de nutrientes (solução A) e energia (solução B) às eventuais bactérias existentes nas
amostras, preparadas segundo o Quadro 6.2. Foram realizados dez experimentos de cultura de
bactérias. Para os primeiros cinco experimentos, foram adicionados 80 mL da solução A e 20 mL da
solução B em erlenrneyer, junto a 5 g de uma das amostras: P1R3, P1R4, P1S1-c, P2J-c e P2JX1-c; os
outros cinco experimentos constituíram a duplicata de cada amostra, sendo a elas adicionadas o
bactericida de nome Timol. Esses últimos experimentos foram nomeados como controle de cada
amostra, e foram efetuadas com o objetivo de verificar se algumas propriedades físico-químicas da
solução seriam alteradas sem a atividade bacteriana, uma vez que esses microorganismos seriam
eliminados pela ação do bactericida.
Os experimentos foram colocados em agitação em uma sala climatizada a 34°C. Durante
quinze dias, mediu-se o valor do Eh e controlou-se o pH da solução de cada experimento para um
valor de 1,7±0.3 (propícios à proliferação de bactérias acidófilas). Realizou-se um teste de
confirmação, para certificação de que não houve contaminação nos experimentos. Nesse teste,
utilizou-se outro bactericida, denominado Lauril Tiossulfato de sódio. Essa modificação foi realizada
em função de que o Timol se mostrou ineficaz na eliminação das bactérias em amostras-controle. No
teste de confirmação, não foram medidos os parâmetros pH e Eh, pois se queria evitar qualquer tipo de
interferência externa na solução; o desejado era confirmar a existência das bactérias encontradas nos
primeiros experimentos. Ressalta-se que as soluções e os materiais utilizados nos procedimentos
foram esterilizados.
Quadro 6.2: Componentes das soluções utilizadas na cultura de bactérias.
Solução A
Solução B
0.5 g MgSO4 + 0.5 g (NH4)2SO4.7H2O + 0.5 g de K2HPO4
H2O para completar 800 mL
pH ajustado para 1.80
56
33.3 g FeSO4.7H2O
H2O para completar 200 mL
pH ajustado para 1.80
CAPÍTULO 7
GEOQUÍMICA DE ROCHAS
7.1. ASPECTOS GERAIS
O estudo litogeoquímico efetuado nas regiões das duas antigas minas de pirita teve por
finalidade verificar a ocorrência de metais pesados nesses locais, e a sua possível associação com os
depósitos de sulfetos. Mediante tal pesquisa, foi possível determinar a composição mineralógica e
química de algumas rochas compreendidas nas regiões em questão. A partir dos dados referentes aos
teores naturais dos elementos em rochas, é possível compreender a dispersão dos metais pesados em
ambientes distintos, principalmente em águas, solos e sedimentos. Em um estudo ambiental, essa
determinação é importante porque aponta a existência de elementos que podem ser tóxicos, quando
liberados em grandes quantidades na biota.
As amostras de rochas foram coletadas nas regiões das antigas minas: Piquete (P1) e Santa
Efigênia (P2), conforme exibidos nos Anexos 1 e 4. Nesses dois locais, foram coletadas tanto amostras
de rocha onde se visualizava a pirita a olho nu (cf. Quadro 7.1), quanto amostras de rochas onde esse
mineral não podia ser assim determinado. Na região P1, as amostras coletadas constituem filitos de
colorações acinzentadas, que, por vezes, apresentam um material amarelado, provavelmente
relacionado à presença de enxofre. As rochas com esse aspecto, principalmente quando úmidas,
exalam um cheiro forte, como o de “ovo podre” , que é muito característico do enxofre. Esse elemento
pode ter sido lixiviado da pirita, muito provavelmente, na forma de sulfato, e precipitado nas
superfícies das rochas (cf. Figura 7.1).
Figura 7.1: Filito da antiga mina do Piquete, exibindo material precipitado, de coloração amarelada.
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
As rochas coletadas na região da antiga mina de Santa Efigênia (P2) apresentam uma maior
variação mineralógica, traduzida em filitos, xistos, quartzitos e material do tipo “borra de café”. Os
xistos e filitos exibem grandes variações laterais. Esses materiais, às vezes, se encontram mais
ferruginosos em alguns pontos, tornando-se muito friáveis, quando apresentam um maior conteúdo em
caulinita. Também nesse local (P2), algumas rochas possuem uma coloração amarelada e exalam um
cheiro forte, indicativo da presença de enxofre (S-2, H2S).
As rochas (principalmente xistos e filitos) se encontram muito intemperizadas.
Particularmente, aquelas aqui descritas como “borra de café” possuem aspectos bem peculiares:
ocorrem como lentes de materiais extremamente alterados, desagregados, ricos em ferro e em
manganês. Esses materiais, embora bastante alterados, foram descritos como rochas em vários
trabalhos que caracterizam a litologia da região de Ouro Preto (e.g. Ferreira 1991, Gandini 1994,
Porfiro 2000, Cruz 2002). A gênese dos materiais do tipo “borra de café” não é totalmente conhecida,
mas tem sido atribuída a rochas dolomíticas alteradas.
O Quadro 7.1 abaixo exibe os tipos de rocha e seus respectivos pontos de coleta. Com exceção
da amostra P2R1 - coletada um pouco mais afastada - todas as amostras foram coletadas nos locais
onde eram desenvolvidas as atividades exploratórias.
Quadro 7.1: Tipos de amostras de rochas e seus respectivos pontos de coleta.
Ponto
Região
Amostra
P1R1
P1
Mina do Piquete
Mina de Santa
P2
Efigênia
Tipo de rocha
Filito acinzentado
P1R2
Filito acinzentado e amarelado
P1R3
Filito acinzentado com pirita
P1R4
Filito acinzentado e amarelado
P1R5
Filito acinzentado com pirita
P1R6
Filito acinzentado com capa de oxidação
P1R7
Filito acinzentado
P2R1
Material do tipo “borra de café”
P2R2
Filito escuro
P2R3
Xisto amarelado
P2R4
Material do tipo “borra de café”
P2R5
Xisto ferruginoso
P2R6A
Quartzito com pirita
P2R6B
Quartzito com pirita oxidada
P2R7A
Filito amarelado
P2R7B
Xisto acinzentado e amarelado
P2R7C
Filito caulinítico
P2R8
Filito com pirita
58
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.21, 159p.
Atualmente, observa-se que existe um volume bem pequeno de pirita aflorante nas regiões das
duas antigas minas. Esse mineral se encontra disseminado nas rochas, na forma de grãos de diversos
tamanhos, dispostos preferencialmente no plano Sn de xistosidade. Outra forma de ocorrência da pirita
é compondo pequenos veios da ordem de até 2 cm de largura, que usualmente interceptam a
xistosidade Sn das rochas. Nas rochas quartzíticas, nota-se que a pirita foi oxidada (Figura 7.2),
provavelmente, junto à marcassita e à esfalerita, de ocorrências mais raras. Em diversas rochas das
duas regiões, entretanto, os cristais mostram um aspecto de pirita não oxidada; mas esse aspecto não
determina que a pirita se encontra “fresca”. Segundo (Chávez 2002), quando a taxa de oxidação da
pirita é muito rápida, os elementos são rapidamente mobilizados, e a pirita pode apresentar um aspecto
de mineral “fresco”.
Figura 7.2: Amostra de quartzito (P2R6B), da antiga mina de Santa Efigênia, exibindo sulfetos oxidados.
Na região do Piquete, observa-se que existe uma capa de oxidação nas rochas filíticas,
principalmente naquelas situadas às margens dos cursos d’água (Figura 7.3). Essa carapaça foi
definida como sendo essencialmente composta por hidróxidos de ferro e alumínio (goethita - FeOOH,
gibbsita - Al(OH)3); tal material pode ter sido originado a partir do ferro da pirita, assim como de
outros minerais presente nas rochas (e.g. hematita - Fe2O3) e a sua co-precipitação com outros
elementos na forma de Fe3+, que é pouco móvel. Conforme citado anteriormente no Capítulo 4,
quando existe um ambiente bastante ácido (pH<4), o ferro combinado com outros elementos (O, H, S,
K) pode dar origem a minerais secundários tais como: jarosita (KFe3(SO4)2(OH)6) e schwertmannita
(Fe16O16(OH)10(SO4)3), além da goethita (FeOOH), dependendo das condições pH-Eh do meio. Porém,
somente a goethita foi determinada nas amostras de rochas. Um dos motivos que explica a ausência da
jarosita e da schwertmannita relaciona-se ao fato de que esses minerais são metaestáveis em relação a
goethita, onde as transformações geram, inclusive, íons de H+, conforme as reações (Dold 1999):
jarosita para goethita: KFe3(SO4)2(OH)6 ⇒ 3FeO(OH) + K+ + 2SO42- + 3H+
schwertmannita para goethita: Fe16O16(OH)10(SO4)3 + 6H2O ⇒ 16FeO(OH) + 3SO42- + 6H+
59
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Também foram coletados fragmentos soltos, originários da capa de oxidação, bem como
outros sedimentos compostos por óxidos. Essa amostragem teve como propósito verificar a existência
dos minerais supracitados, e assim, caracterizar um provável antigo ambiente ácido. Esses materiais
(P1EX1, P1EX2, P2JG, P2JX1, P2JX2) serão descritos no capítulo 9.
c. o.
Figura 7.3: Capa de oxidação (c. o.) em rocha filítica contendo pirita, na antiga mina do Piquete.
7.2. MINERALOGIA DAS ROCHAS
A mineralogia das rochas foi determinada via difratometria de raios-X, para todas as amostras
(Tabela 7.1), por Espectroscopia Mössbauer para as amostras P1R6, P2R5, P2R6B, e por lâminas
polidas e delgadas, para as amostras P1R1, P1R3, P1R5, P1R6, P1R7. Verifica-se que as rochas
investigadas compõem-se essencialmente dos seguintes minerais:
- quartzo (SiO2): foi determinado em todas as amostras assim investigadas - xistos, filitos,
quartzitos e o material do tipo “borra de café”.
- micas: praticamente todas as amostras de rochas exibiram a moscovita (fórmula geral KAl2(AlSi3O10) (OH)2) em sua composição, com exceção das amostras P2R7A e P2R4. Porém,
conforme apontado na Tabela 7.1 e em difratogramas do Anexo 5, foram identificados dois tipos de
moscovitas, designadas por moscovita de vanádio e bário ((K, Ba, Na)0,75(Al, Mg, Cr, V)2 (Si, Al,
V)4)10), e moscovita do tipo 3T ((K, Na,) (Al, Mg, Fe)2(Si3,1Al0,9)O10(OH)2).
60
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.21, 159p.
- goethita (FeOOH): determinada em quase todas as amostras de xistos e filitos. A goethita
somente foi identificada em uma das duas amostras do material tipo “borra de café” (P2R1).
- hematita (Fe2O3): esse mineral foi identificado somente em algumas das amostras de filitos
(P1R2 e P2R7A), a partir da análise por raios-X. Nas amostras de filitos - P1R1 e P1R5, pode-se
observar, a partir de amostras de lâminas polidas, a existência de pequenas palhetas de hematita.
- argilominerais: nos xistos e filitos da região, freqüentemente são encontradas grandes
quantidades de argilominerais, que podem se apresentar como caulinita - Al2Si2O5(OH)4, ou
montmorilonita – H2Al2Si4O12·n(H2O). A caulinita também foi identificada em uma das amostras de
quartzito (P2R6B).
- sulfetos: para essa classe de minerais, somente a pirita (FeS2) foi identificada, a partir de
análises de raios-X, nas amostras de filitos (P1R1, P1R3, P1R4), no material do tipo “borra de café”
(P2R4), e nos quartzitos (P2R6A, P2R6B). Em associação com esse mineral, identificaram-se, por
meio de lâminas polidas, os minerais: esfalerita (ZnS), marcassita (FeS2), e o óxido pirolusita (MnO2).
- rutilo (TiO2): esse mineral foi identificado, por meio de raios-X, somente na amostra filítica
-P1R4. Entretanto, o rutilo pode ser visualizado, em lâminas, nas amostras de xistos e filitos.
- albita (NaAlSi3O8): de ocorrência rara nesses nessas rochas comumente intemperizadas, a
albita foi determinada somente nas amostras de filito - P1R6, P2R7A.
- gismondina (Ca2Al4Si4O16.9H2O): esse mineral aluminossilicático foi determinado somente
em uma amostra filítica (P2R3), e no material do tipo “borra de café” (P2R4).
- dolomita: (CaMg(CO3)2): mineral definido, a partir da análise por raios-X, somente na
amostra de quartzito (P2R6A). Porém, a partir do estudo realizado em lâminas delgadas, observou-se a
presença de carbonato em todas as amostras assim investigadas - P1R1, P1R3, P1R5, P2R6A, P2R6B.
- sauconita (Na0.3Zn3(Si, Al)4O10(OH)2.4H2O): identificada somente na composição de uma
das rochas analisadas (xisto - P2R7B).
- clorita de ferro e magnésio (Mg, Fe2+, Al)6(Si, Al)4O10(OH)8: esse mineral foi identificado
somente nos filitos analisados por lâmina delgada (P1R1, P1R3, P1R5).
61
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Tabela 7.1: Mineralogia das amostras de rochas, definida a partir de difratometria de raios-X.
Amostras
Composição mineralógica de rochas determinada por raios-X
P1R1
Quartzo, moscovita do tipo vanádio e bário, pirita, goethita
P1R2
Quartzo, goethita, moscovita do tipo vanádio e bário, hematita
P1R3
Quartzo, moscovita do tipo vanádio e bário, pirita, caulinita, goethita
P1R4
Quartzo, moscovita do tipo 3T, pirita, caulinita, rutilo
P1R5
Quartzo, caulinita, moscovita do tipo vanádio e bário, clorita
P1R6
Quartzo, moscovita do tipo vanádio e bário, albita, montmorilonita, goethita
P1R7
Quartzo, caulinita, moscovita do tipo vanádio e bário, goethita
P2R1
Quartzo, moscovita do tipo vanádio e bário, goethita
P2R2
Quartzo, moscovita do tipo vanádio e bário, caulinita, goethita
P2R3
Quartzo, moscovita do tipo 3T, gismondina, goethita
P2R4
Quartzo, pirita, gismondina
P2R5
Quartzo, moscovita do tipo 3T, goethita
P2R6A
Quartzo, dolomita, pirita, moscovita do tipo vanádio e bário
P2R6B
Quartzo, pirita, dolomita, caulinita, moscovita do tipo 3T
P2R7A
Quartzo, caulinita, montmorilonita, hematita, albita
P2R7B
Quartzo, moscovita do tipo vanádio e bário, caulinita, sauconita
P2R7C
Quartzo, moscovita do tipo vanádio e bário, caulinita, goethita
P2R8
Quartzo, moscovita do tipo vanádio e bário, caulinita, pirita, goethita
quartzo (SiO2), moscovita do tipo vanádio e bário ((K, Ba, Na)0,75(Al, Mg, Cr, V)2 (Si, Al, V)4)10), pirita
(FeS2), goethita (FeOOH), hematita (Fe2O3), caulinita Al2Si2O5(OH)4, rutilo (TiO2), moscovita do tipo 3T
((K, Na,) (Al, Mg, Fe)2(Si3,1Al0,9)O10(OH)2), albita (NaAlSi3O8), montmorilonita H2Al2Si4O12·n(H2O),
gismondina (Ca2Al4Si4O16.9H2O), dolomita (CaMg(CO3)2) sauconita (Na0.3Zn3(Si, Al)4O10(OH)2.4H2O).
7.3. ANÁLISES QUÍMICAS
A análise química foi realizada por meio de ICP-OES, quando foram dosadas as concentrações
dos 27 elementos químicos: Na, K, Ca, Ti, V, Cr, Mn, Co, Ni, Cu, Zn, As, Sr, Y, Zr, Mo, Ba, Pb, Fe,
Li, Be, P, Sc, Th, Cd, Al, Mg. As Tabelas que exibem as concentrações desses elementos são descritas
nos Anexos 6 e 7. Por se tratar de um trabalho com enfoque ambiental, serão aqui discutidos somente
os resultados dos elementos considerados pesados e/ou potencialmente tóxicos (V, Cr, Co, Ni, Cu, Zn,
As, Mo, Pb, Li, Sb, Cd). Também será aqui discutido o comportamento de alguns elementos
majoritários, tais como: Ca, Fe, Al e Mn; o cálcio terá seu comportamento aqui descrito devido a sua
capacidade de neutralizar ácidos. Os valores máximos de concentrações obtidas para esses elementos
se encontram na Tabela 7.2. Para fins de comparação, nessa tabela também se encontram
discriminadas as máximas concentrações de elementos determinadas em rochas do Sinclinal Dom
Bosco (SDB) e compiladas por Cruz (2002). As rochas envolvidas no estudo litogeoquímico do SDB
compreendem quartzitos ferruginosos, “borra de café”, filitos, xistos e mármores.
62
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.21, 159p.
Tabela 7.2: Valores máximos de concentrações obtidos para as rochas da região investigada e para outras rochas
do Sinclinal Dom Bosco.
Concentração máxima dosada em amostras de rochas
Elem.
Áreas investigadas (P1 e P2)
Região do Sinclinal Dom Bosco (SDB)
Fe
34,69% (xisto ferruginoso)
39,40% (quartzito ferruginoso); 3,48% (borra); 10,00% (filito)
Al
14,40% (xisto)
7,39% (borra); 4,32% (filito); 4,04% (xisto)
Mn
40,06% (filito)
22,40% (borra); 6,80% (outras rochas)
Ca
17,57% (quartzito)
20,70% (mármore)
V
343,08 mg/kg (xisto)
110 mg/kg (borra); 99 mg/kg (filito); 75 mg/kg (xisto)
Cr
399,80 mg/kg (xisto caulinítico)
166 mg/kg (xisto); 122 mg/kg (borra); 120 mg/kg (filitos)
Co
265,47 mg/kg (filito)
60 - 1860 mg/kg (borra)
Ni
143,78 mg/kg (filito)
6950 mg/kg (borra); 4,7 - 21 mg/kg (mármore)
Cu
341,62 mg/kg (xisto caulinítico)
236-3940 mg/kg (borra); 111 mg/kg (filito); 43 mg/kg (xisto)
Zn
119,60 mg/kg (borra de café)
77,9 - 581 mg/kg (borra); 65,3 - 150 mg/kg (filito)
As
720,23 mg/kg (xisto caulinítico)
15 - 30 mg/kg (borra e mármore)
Mo
18,89 mg/kg (filito)
5,8 mg/kg (borra); 0,2 -8,1 mg/kg (xisto); <0,53 -3,2 mg/kg (filito)
Pb
41,18 mg/kg (xisto caulinítico)
33 - 99 mg/kg (borra); 10 a 33 mg/kg (filito); 8,4 - 46 mg/kg (xisto)
Li
18,89 mg/kg (filito)
-
Cd
53,32 mg/kg (xisto ferruginoso)
0,48 - 1,4 mg/kg (borra)
0,25 - 4,1 mg/kg (filito)
É importante salientar que, embora se tenha adotado a mesma metodologia para todas as
amostras, nem todas elas foram completamente solubilizadas durante a abertura química. Mas, como
esse trabalho possui um enfoque ambiental, os resultados são interessantes por se tratarem de
concentrações dos elementos químicos que poderiam ser, eventualmente, solubilizados das rochas, em
um ambiente extremamente ácido.
7.3.1. Elementos maiores
Dentre os elementos maiores (Al, Fe, Mn, Ca), o ferro é o componente majoritário na maioria
das amostras, seguido pelo alumínio. O manganês e o cálcio ocorrem em maiores concentrações
somente em algumas amostras (Figura 7.4; Anexos 6 e 7).
63
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
600000
Al
Fe
500000
Mn
400000
Ca
300000
200000
100000
0
A mo s tras de ro c has
Figura 7.4: Concentração de elementos maiores (Al, Fe, Mn e Ca) em amostras de rochas.
Ferro (Fe)
O ferro é encontrado em altas concentrações em praticamente todas as rochas da região (cf.
Figura 7.4, Figura 7.5). As altas concentrações de ferro estão vinculadas à ocorrência de minerais
ferruginosos, onde, dentre os mais comuns, se encontram a hematita, a goethita, a pirita e a clorita. O
teor mais elevado para o Fe foi dosado na amostra de xisto ferruginoso (P2R5), e equivale a 34,69%;
esse valor é relativamente alto, já que, dentre as rochas estudadas na região do SDB (cf. Tabela 7.2), se
determinou um valor máximo de 39,40% de Fe em rochas ricas em ferro (quartzitos ferruginosos).
Fe
Conc. (%)
40
30
20
10
Figura 7.5: Concentração de Fe em amostras de rochas.
64
P2R8
P2R7B
P2R7A
P2R6B
P2R5
Amostras de rochas
P2R6A
P2R4
P2R3
P2R2
P2R1
P1R7
P1R6
P1R5
P1R4
P1R3
P1R2
P1R1
0
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.21, 159p.
Alumínio (Al)
O alumínio encontra-se presente em altas concentrações nas rochas investigadas, o que reflete
a abundância em minerais aluminosos, principalmente em moscovita e caulinita. Os maiores valores
obtidos para a concentração de alumínio se encontram em torno de 14,40%, que foi determinado em
rocha xistosa (Figura 7.6). Esse valor se encontra bastante elevado, pois nas rochas estudadas no SDB,
as máximas concentrações obtidas foram de 7,39% para o material do tipo “borra de café”; nos xistos
e filitos, as concentrações se situaram em torno de 4,0%.
Al
Conc. (%)
20
15
10
5
P2R8
P2R7B
P2R7A
P2R6B
P2R5
P2R6A
P2R4
P2R3
P2R2
P2R1
P1R7
P1R6
P1R5
P1R4
P1R3
P1R2
P1R1
0
Amostras de rochas
Figura 7.6: Concentração de Al em amostras de rochas.
Manganês (Mn)
O manganês ocorre como elemento principal em todas as amostras analisadas. A concentração
mais elevada de Mn se encontra em torno de 40,0%, dosada em rocha filítica (P1R1). Também as
amostras de material do tipo “borra de café” portam um conteúdo mais elevado em manganês (Figura
7.7), com valores de concentrações correspondentes a 8,45% (P2R1) e a 2,66% (P2R4). Na região do
SDB, as concentrações máximas de Mn situam-se em torno de 22,40% de Mn no material “borra de
café”, e em torno de 6,80% de Mn, para as demais rochas. Porém, as baixas concentrações de Mn
obtidas nas amostras de “borra de café” investigadas nesse trabalho podem ser atribuídas à abertura
parcial das amostras. Na filtragem, observou-se um resíduo escuro que efervesce na presença de água
oxigenada. Uma possibilidade é que esse material possa conter Mn, o que se relaciona à presença do
mineral pirolusita, determinada em algumas das amostras. Porém, verificou-se também que esse
material escuro tem um aspecto oleoso.
65
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Mn
Conc. (%)
45
30
15
P2R8
P2R7B
P2R7A
P2R6B
P2R5
P2R6A
P2R4
P2R3
P2R2
P2R1
P1R7
P1R6
P1R5
P1R4
P1R3
P1R2
P1R1
0
Amostras de rocha
Figura 7.7: Concentração de Mn em amostras de rochas.
Cálcio (Ca)
O conteúdo de cálcio é muito variável nas rochas (Figura 7.8). Nos filitos, o maior valor
encontrado foi de 0,95% (P2R8), enquanto que, no material do tipo “borra de café”, o maior valor de
concentração dosada corresponde a 0,48% (P2R1). Entretanto, os maiores conteúdos em cálcio foram
definidos nas rochas quartzíticas da antiga mina de Santa Efigênia, próximo ao contato com as rochas
dolomíticas presentes naquela região. As concentrações equivalem a 17,57% de Ca para a amostra
P2R6A, e a 17,13% de Ca para a amostra P2R6B. O elevado teor de cálcio nesses quartzitos deve-se
ao grande conteúdo em dolomita nas duas amostras em questão. Os demais minerais de cálcio
determinados em outras amostras são: a gismondina e a albita.
Ca
Conc. (%)
20
15
10
5
Amostras de rochas
Figura 7.8: Concentração de Ca em amostras de rochas.
66
P2R8
P2R7B
P2R7A
P2R6B
P2R6A
P2R5
P2R4
P2R3
P2R2
P2R1
P1R7
P1R6
P1R5
P1R4
P1R3
P1R2
P1R1
0
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.21, 159p.
7.3.2. Elementos menores
Dos elementos analisados e discutidos abaixo (V, Cr, Co, Ni, Cu, Zn, As, Mo, Pb, Li, Sb, Cd),
verifica-se que esses se encontram distribuídos de uma forma mais uniforme nos filitos/xistos (P1R1,
P1R2, P1R3, P1R4, P1R5, P1R6, P1R7, P2R2, P2R3, P2R5, P2R7A, P2R7B, P2R8). Observa-se que,
dentre as amostras analisadas, o xisto caulinítico (P2R5) é a amostra que mais concentra metais. Nas
amostras de material do tipo “borra de café” (P2R1, P2R4), assim como nas amostras de quartzito
(P2R6A, P2R6B), os elementos analisados possuem uma distribuição mais diferenciada (cf. Figura
7.9; Anexos 6 e 7).
2400
V
Conc. (mg/kg)
2000
Cr
Co
1600
Ni
Cu
1200
Zn
As
800
Mo
Pb
400
Li
P2R8
P2R7B
P2R7A
P2R6B
P2R5
P2R6A
P2R4
P2R3
P2R2
P2R1
P1R7
P1R6
P1R5
P1R4
P1R3
P1R2
P1R1
0
Sb
Cd
Amostras de rochas
Figura 7.9: Concentração de elementos menores em amostras de rochas (V, Cr, Co, Ni, Cu, Zn, As, Mo, Pb, Li,
Cd).
Vanádio (V)
O vanádio é elemento constituinte de todas as rochas investigadas, o que se deve,
principalmente, à presença de moscovita do tipo vanádio e bário em grande parte das amostras. O
vanádio aparece mais concentrado nas amostras da região P2 - antiga mina de Santa Efigênia (cf.
Figura 7.10); nesse local, o maior valor encontrado para o vanádio corresponde a 343,08 mg/kg,
dosado em amostra xistosa (P2R7B). Então, determinadas rochas possuem um conteúdo elevado de
vanádio, quando comparadas àquelas rochas do SDB, onde os valores máximos situam-se em torno de
110 mg/kg.
67
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
400
300
200
100
P2R8
P2R7B
P2R7A
P2R6B
P2R5
P2R6A
P2R4
P2R3
P2R2
P2R1
P1R7
P1R6
P1R5
P1R4
P1R3
P1R2
0
P1R1
Conc. (mg/kg)
V
Amostras de rochas
Figura 7.10: Concentração de V em amostras de rochas.
Cromo (Cr)
O cromo ocorre em maiores proporções nas amostras xistosas e filíticas, principalmente
naquelas situadas na região da antiga mina de Santa Efigênia (Figura 7.11). Nas amostras do material
do tipo “borra de café” (P2R1, P2R4), assim como nas amostras de quartzito (P2R6A, P2R6B), o
cromo se apresenta em teores mais baixos. A concentração mais elevada foi definida na amostra de
xisto caulinítico (P2R5), e corresponde a 399,80 mg/kg de Cr. Dos minerais identificados, somente a
moscovita de vanádio e bário contém esse elemento; porém, como as rochas analisadas contêm
sulfetos, ou se encontram posicionadas lateralmente às rochas que contêm sulfetos, o Cr pode estar
vinculado a algum mineral dessa classe, que não foi, todavia, detectado.
De um modo geral, pode-se dizer que as rochas investigadas possuem uma alta concentração
em cromo, quando comparadas às rochas do SDB; nessas, foram determinados conteúdos máximos de
166 mg/kg de Cr em rocha xistosa.
Amostras de rochas
Figura 7.11: Concentração de Cr em amostras de rochas.
68
P2R8
P2R7B
P2R7A
P2R6B
P2R6A
P2R5
P2R4
P2R3
P2R2
P2R1
P1R7
P1R6
P1R5
P1R4
P1R3
P1R2
500
400
300
200
100
0
P1R1
Conc. (mg/kg)
Cr
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.21, 159p.
Cobalto (Co)
As amostras apresentam baixas concentrações de cobalto, comumente inferiores a 100 mg/kg
(Figura 7.12). A maior concentração de cobalto foi determinada em rocha filítica (P2R7A), e
corresponde a 265,47 mg/kg. Não foi, porém, determinado nenhum mineral de cobalto nas amostras de
rochas; então, o cobalto pode estar associado à estrutura de algum mineral, ou co-precipitado em
outros. Nas rochas do SDB, os valores máximos de concentrações obtidas variaram de 60 a 1860
mg/kg de Co, dosadas na “borra de café”.
300
200
100
P2R8
P2R7B
P2R7A
P2R6B
P2R5
P2R6A
P2R4
P2R3
P2R2
P2R1
P1R7
P1R6
P1R5
P1R4
P1R3
P1R2
0
P1R1
Conc. (mg/kg)
Co
Amostras de rochas
Figura 7.12: Concentração de Co em amostras de rochas.
Níquel (Ni)
O níquel é encontrado como elemento traço em todas as amostras de rocha analisadas, em
concentrações inferiores a 150 mg/kg (Figura 7.13). Nessas amostras, também não foram observados
minerais de níquel. Nas rochas do SDB, o níquel encontra-se mais concentrado na “borra de café”
(6950 mg/kg) e, secundariamente, em mármores (4,7 a 21 mg/kg).
200
150
100
50
Amostras de rochas
Figura 7.13: Concentração de Ni em amostras de rochas.
69
P2R8
P2R7B
P2R7A
P2R6B
P2R6A
P2R5
P2R4
P2R3
P2R2
P2R1
P1R7
P1R6
P1R5
P1R4
P1R3
P1R2
0
P1R1
Conc. (mg/kg)
Ni
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Cobre (Cu)
Esse mineral geralmente ocorre em baixas concentrações nas amostras de rochas das duas
regiões (Figura 7.14). Porém, na amostra de xisto caulinítico (P2R5) da região P2, foi determinada
uma concentração mais acentuada (341,62 mg/kg). Essa concentração pode ser considerada baixa,
quando comparada aos valores máximos encontrados para as rochas do SDB. Nessa região, foram
encontradas concentrações anômalas, de até 3940 mg/kg em rochas “borra de café”. Para as demais
rochas do SDB, os maiores valores obtidos para o Cu correspondem a 111 mg/kg (filitos), e a 43
mg/kg (xistos) Porém, algumas rochas aqui investigadas portam um conteúdo maior em cobre, quando
comparadas aos filitos e xistos do SDB.
400
300
200
100
P2R8
P2R7B
P2R7A
P2R6B
P2R5
P2R6A
P2R4
P2R3
P2R2
P2R1
P1R7
P1R6
P1R5
P1R4
P1R3
P1R2
0
P1R1
Conc. (mg/kg)
Cu
Amostras de rochas
Figura 7.14: Concentração de Cu em amostras de rochas.
Zinco (Zn)
O zinco é encontrado em baixas concentrações nas rochas da região (Figura 7.15). A maior
concentração de zinco (119,60 mg/kg) foi definida na amostra de material do tipo “borra de café”
(P2R1). A amostra P2R4, de constituição semelhante, também apresentou concentrações elevadas de
Zn, em torno de 42 mg/kg; esse valor se encontra próximo aos valores de concentrações definidos para
a rocha xistosa (P2R5) e para a rocha filítica (P1R1). Porém, quando essas concentrações são
comparadas àquelas determinadas nas rochas do SDB, elas constituem baixos valores. Nas amostras
pertencentes a essa região, foram determinados conteúdos máximos de Zn variando de 77,90 a 581
mg/kg em “borra de café” e, secundariamente, de 65,30 a 150 mg/kg em rocha filítica.
A presença de zinco nas rochas das regiões das antigas minas pode ser atribuída, em parte, à
ocorrência do mineral esfalerita.
70
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.21, 159p.
150
100
50
P2R8
P2R7B
P2R7A
P2R6B
P2R6A
P2R5
P2R4
P2R3
P2R2
P2R1
P1R7
P1R6
P1R5
P1R4
P1R3
P1R2
0
P1R1
Con. (mg/kg)
Zn
Amostras de rochas
Figura 7.15: Concentração de Zn em amostras de rochas.
Arsênio (As)
O arsênio ocorre em quantidades variáveis (Figura 7.16): as amostras de material “borra de
café” possuem baixo conteúdo de arsênio, que envolvem concentrações de até 24,71 mg/kg (P2R4). O
maior conteúdo em arsênio foi determinado na amostra de xisto caulinítico (P2R5), na qual se dosou
uma concentração de 720,23 mg/kg. Entretanto, não se determinou, em nenhuma amostra, a existência
do mineral arsenopirita. Poré, pode ser que exista algum mineral de As, que possua pequena
participação nas rochas (<5%, não identificada por raios-X). Outra possibilidade é que o As pode estar
associado a minerais de ferro, que adsorvem esse elemento, assim como também o fazem os
argilominerais.
Pode-se dizer que, grande parte das amostras analisadas apresentou um alto conteúdo em As,
quando comparadas aos conteúdos máximos verificados nas rochas do SDB, que variaram de 15 a 30
mg/kg.
Amostras de rochas
Figura 7.16: Concentração de As em amostras de rochas.
71
P2R8
P2R7B
P2R7A
P2R6B
P2R6A
P2R5
P2R4
P2R3
P2R2
P2R1
P1R7
P1R6
P1R5
P1R4
P1R3
P1R2
800
600
400
200
0
P1R1
Conc. (mg/kg)
As
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Molibdênio (Mo)
O molibdênio foi encontrado em baixíssimas concentrações nas rochas (Figura 7.17). Alguns
valores são tão baixos que se encontram abaixo do limite de detecção pela análise por ICP-OES. O
valor mais alto de concentração situa-se em torno de 19 mg/kg, dosado em rocha filítica (P2R2). Na
composição mineralógica das rochas, não foi identificado nenhum mineral de molibdênio. Também, as
outras rochas analisadas na região do SDB possuem baixos valores de concentração em Mo, com
máximos de 5,80 mg/kg na “borra de café”.
P2R8
P2R7B
P2R7A
P2R6B
P2R6A
P2R5
P2R4
P2R3
P2R2
P2R1
P1R7
P1R6
P1R5
P1R4
P1R3
P1R2
20
15
10
5
0
P1R1
Conc. (mg/kg)
Mo
Amostras de rochas
Figura 7.17: Concentração de Mo em amostras de rochas.
Chumbo (Pb)
As rochas investigadas possuem baixos conteúdos em chumbo. A maior concentração de
chumbo em rochas (41,18 mg/kg) foi determinada no xisto caulinítico - amostra P2R5 (Figura 7.18).
Nas rochas da região do SDB, foram obtidos valores máximos de concentração de Pb entre 33 e 99
mg/kg na “borra de café” e, secundariamente, de 8,4 a 46 mg/kg em xistos.
Amostras de rochas
Figura 7.18: Concentração de Pb em amostras de rochas.
72
P2R8
P2R7B
P2R7A
P2R6B
P2R6A
P2R5
P2R4
P2R3
P2R2
P2R1
P1R7
P1R6
P1R5
P1R4
P1R3
P1R2
50
40
30
20
10
0
P1R1
Conc. (mg/kg)
Pb
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.21, 159p.
Lítio (Li)
O lítio é encontrado em concentrações muito baixas nas rochas, comumente com valores
situados entre 2,9 e 11 mg/kg (Figura 7.19). Determinou-se, porém, para uma amostra filítica (P1R5),
uma concentração mais elevada para esse elemento, correspondente a 18,89 mg/kg.
P2R8
P2R7B
P2R7A
P2R6B
P2R5
P2R6A
P2R4
P2R3
P2R2
P2R1
P1R7
P1R6
P1R5
P1R4
P1R3
P1R2
20
15
10
5
0
P1R1
Conc. (mg/kg)
Li
Amostras de rochas
Figura 7.19: Concentração de Li em amostras de rochas.
Cádmio (Cd)
Esse elemento está contido nas rochas em concentrações geralmente inferiores a 32,50 mg/kg
(Figura 7.20). Apenas em uma amostra (P2R5), determinou-se uma concentração mais elevada de Cd,
correspondente a 53,32 mg/kg. Os conteúdos de cádmio existentes nas rochas analisadas nesse
trabalho são elevados, quando comparados com as concentrações obtidas para as rochas do SDB.
Nessas rochas, foram encontrados valores máximos entre 0,48 e 1,40 mg/kg em “borra de café”, e,
secundariamente, entre 0,25 e 4,1 mg/kg em filitos.
60
40
20
Amostras de rochas
Figura 7.20: Concentração de Cd em amostras de rochas.
73
P2R8
P2R7B
P2R7A
P2R6B
P2R6A
P2R5
P2R4
P2R3
P2R2
P2R1
P1R7
P1R6
P1R5
P1R4
P1R3
P1R2
0
P1R1
Conc. (mg/kg)
Cd
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
7.4. CONCLUSÕES
A partir do estudo das fontes litogênicas pode-se conhecer o conteúdo de diversos elementos
químicos presentes no ambiente. Contudo, a dispersão desses elementos dependerá de sua
mobilização, o que será regido, principalmente, pelas condições do ambiente, tais como pH e Eh. Uma
vez disponibilizados no meio, os elementos podem exercer um efeito positivo ou não sobre os
organismos. Essa influência dependerá principalmente de fatores como: o tipo de elemento e
organismo envolvido, a química do elemento (concentração, especiação).
Na região investigada, os elementos - Fe, Al, Mn e Ca - são encontrados nas rochas com teores
bem elevados. Os elementos - Fe, Ca e, até mesmo, o Mn, em baixas concentrações - são considerados
essenciais para a maioria dos organismos, enquanto que o Al é considerado tóxico. Além disso, a
presença de ferro no ambiente é muito importante, quando se trata de questões ambientais, devido a
uma possível adsorção de elementos tóxicos nos compostos de ferro, e a conseqüente imobilização
desses elementos. Um outro aspecto que deve ser observado refere-se ao cálcio. Como algumas rochas
da região (principalmente as da antiga mina de Santa Efigênia - P2) possuem um elevado conteúdo de
cálcio, elas possuem alto potencial de neutralização do ácido gerado a partir da oxidação da pirita.
No que se refere à análise dos elementos menores, se observou que a concentração dos
mesmos em rochas é bastante variável. De uma forma geral, foram observadas altas concentrações de
V, Cr, As e Cd. Quando se observam valores de concentrações obtidos para elementos como Ni e Cu,
verifica-se que esses não são altos, em relação aos valores máximos obtidos nas rochas da região do
SDB (cf. Tabela 7.2).
74
CAPÍTULO 8
HIDROQUÍMICA
8.1. GENERALIDADES
A água é uma substância quimicamente muito ativa e abundante, podendo dissolver e reagir com
outras substâncias orgânicas e inorgânicas. Os elementos químicos podem estar presentes na água na fase
sólida (partículas em suspensão) ou dissolvida, o que é condicionado por vários fatores, dentre eles:
especiação, pH, Eh e presença de ligantes orgânicos (Fergusson 1990, Santos 1997).
Diferentes materiais podem entrar naturalmente na hidrosfera a partir da água de escoamento
superficial, que carreia partículas provenientes do intemperismo de materiais geológicos, bem como pela
atmosfera (poeira, combustão emissões vulcânicas e biológicas). As fontes antropogênicas relacionam-se
principalmente a operações de mineração e metalurgia, queima de combustível fóssil, lixiviação de
resíduos do lixo, escoamento superficial urbano, efluentes de esgotos e resíduos de agricultura. A
concentração de elementos pesados torna-se geralmente mais elevada nas proximidades de áreas
mineralizadas, devido aos processos de acidificação e solubilização das espécies metálicas (Fergusson
1990).
8.2. ASPECTOS GEOQUÍMICOS LOCAIS
Realizou-se o estudo geoquímico das águas de sete regiões distintas, em estações de seca e de
chuva (Quadro 8.1, Anexos 2 e 4). Porém, ressalta-se que, as regiões de maior interesse nesse estudo
correspondem aos pontos: P1A1 (mina do Piquete), P2A1 (mina de Santa Efigênia) e P3A1 (Lagoa do
Gambá); os outros pontos foram estudados a título de comparação com esses primeiros. A caracterização
geoquímica das águas foi efetuada mediante a determinação de alguns parâmetros físico-químicos, bem
como da definição das concentrações de alguns elementos químicos. Para a Lagoa do Gambá, além das
amostras coletadas em estação de seca e de chuva, foram coletadas amostras para um estudo batimétrico
desse local, que será descrito à parte.
O propósito principal dessa descrição é definir se as águas possuem um conteúdo elevado de
metais pesados, que causem uma toxidez nos organismos. Para tanto, os resultados obtidos das análises
físico-químicas e químicas serão comparados com os valores máximos permitidos em águas, estabelecidos
por órgãos ambientais, ou sugeridos por alguns autores.
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Sabe-se que algumas águas aqui investigadas já se encontravam poluídas, como pelo esgoto, no
Ribeirão do Carmo. Porém, devido ao fato de que as águas dos pontos P1A1, P1A2 e P1A3 são utilizadas
para o consumo humano, alguns resultados aqui obtidos serão comparados com os valores críticos
definidos para águas doces da Classe 1 do CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente). Esse órgão
estabelece, mediante a Resolução 20/86, vários parâmetros de controle de qualidade de águas. Dentre as
oito classes estabelecidas para as águas doces (salinidade igual ou inferior a 0,5%o), a Classe 1 é a que
representa as águas de maior grau de potabilidade, que são destinadas, dentre outros aspectos: ao
abastecimento doméstico após tratamento simplificado; à proteção das comunidades aquáticas; à irrigação
de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam
ingeridas cruas sem remoção de película.
Quadro 8.1: Amostras de água e respectivos pontos de coleta.
Ponto
P1
Região
Est. seca
Est. chuva
Mina Piquete
P1A1
P1A2
P1A3
P1A1-c
P1A2-c
P1A3-c
P1A4
P1A4-c
P2A1
P2A1-c
Montante da mina Piquete
Jusante da mina Piquete
(Bigode Chinês)
Mina Santa Efigênia
(Ribeirão do Carmo)
P2
P3
Lagoa do Gambá
P3A1
P3A1-0m, P3A1-1m, P3A1-2m, P3A1-3m
P3A1-c
P4
Montante da mina Santa Efigênia
(Ribeirão do Carmo - Barra)
P4A1
P4A1-c
8.2.1. Parâmetros físico-químicos
Devido aos diversos fatores que controlam a mobilidade dos elementos químicos é fundamental
que se conheça as características físico-químicas de cada amostra, pois elas ajudam a interpretar o
comportamento dos elementos aí presentes. Para as amostras de água, encontram-se abaixo definidos os
valores de potencial hidrogeniônico (pH), potencial de oxi-redução (Eh), temperatura (T), sólidos totais
dissolvidos (STD), condutividade elétrica, turbidez, alcalinidade, sulfato e cloreto. As amostras de água
apresentaram valores diferenciados para os parâmetros analisados, nas estações de seca (Tabela 8.1) e de
chuva (Tabela 8.2).
76
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.21, 159p.
Tabela 8.1: Parâmetros físico-químicos das amostras de água relativos à estação de seca.
Parâmetros
P1A1
6,73
334,0
18,2
11,75
17,85
0,7
10,31
1,5
1,0
PH
Eh (mV)
T (°C)
STD (mg/L)
Condutividade (µS)
Turbidez (UNT)
Alcalinidade (mg/L HCO3-)
Sulfato (mg/L SO4=)
Cloreto (mg/L Cl-)
Amostras de água - Estação seca (09/2002)
P1A2
P1A3
P1A4
P2A1
P3A1
5,09
5,94
6,26
7,34
7,96
356,3
468,0
315,0
258,0
294,0
18,7
18,2
20,3
22,6
24,2
4,65
2,56
15,09
549,5
53,99
7,06
3,92
23,04
789,12
81,45
0,9
0,4
12,0
8,0
7,0
5,89
5,89
7,37
95,79
48,63
<1,0
<1,0
6,0
187,0
<1,0
0,5
0,5
1,0
18,99
1,0
P4A1
7,57
359,0
21,2
703,1
993,0
6,0
97,79
215,0
17,49
Tabela 8.2: Parâmetros físico-químicos das amostras de água relativos à estação de chuva.
Parâmetros
pH
Eh (mV)
T (°C)
STD (mg/L)
Condutividade (µS)
Turbidez (UNT)
Alcalinidade (mg/L HCO3-)
Sulfato (mg/L SO4=)
Cloreto (mg/L Cl-)
P1A1-c
3,68
537,0
23,4
44,65
67,5
2,5
3,12
<1,0
<1,0
Amostras de água - Estação chuvosa (01/2003)
P1A2-c P1A3-c P1A4-c P2A1-c P3A1-c
7,54
8,06
6,13
7,14
7,24
339,0
361,0
396,0
364,0
371,0
19,7
20,7
20,0
20,6
24,8
3,68
2,75
5,09
102,8
32,41
5,59
4,21
7,76
154,8
48,93
1,4
0,5
50,0
23,0
2,6
4,68
3,12
2,95
32,42
28,00
<1,0
<1,0
<1,0
48,0
<1,0
<1,0
0,5
0,5
6,25
<1,0
P4A1-c
7,37
379,0
21,4
151,2
224,1
22,0
36,84
73,0
6,0
Potencial hidrogeniônico (pH)
O pH representa a medida da concentração hidrogeniônica da água ou solução. É calculado a
partir da concentração de íons H+, por meio da fórmula: pH = - log [H+]. O pH representa um número
adimensional, que varia de 0 a 14. Valores abaixo de 7 representam um pH ácido; um valor igual a 7 é
considerado como neutro, enquanto que, valores acima de 7 são considerados básicos ou alcalinos. O pH é
controlado pelas reações químicas e pelo equilíbrio entre os íons presentes, e depende, principalmente, da
quantidade de gás carbônico e da alcalinidade da água (Evangelou 1995, Santos 1997). Para que uma água
seja considerada adequada ao abastecimento doméstico, são esperados valores de pH que variem entre 6 e
9 (CONAMA, Resolução 20/86).
A variação no valor de pH foi muito pequena para as amostras P1A4, P2A1, P3A1 e P4A1,
considerando-se as duas estações (Figura 8.1). Nesses pontos, as águas apresentaram um caráter tendendo
a neutro.
77
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
pH
10
seca
pH
8
P 2A 1 P 3A 1 P 4A 1
6
P 1A 3 P 1A 4
4
2
chuva
P 1A 2
P 1A 1
A mo s tras
Figura 8.1: Valores de pH medidos em amostras de águas de estações de seca e chuva.
Então, no que se refere à região da mina de Santa Efigênia (P2A1), não se observou a geração de
uma drenagem ácida, originada a partir do material de rejeito, ou de rochas sulfetadas locais, que
interferisse na variação do pH do Ribeirão do Carmo. Para as amostras P1A2 e P1A3, localizadas à
montante da mina do Piquete, os valores de pH indicam a passagem de um caráter ácido, na estação de
seca, para um caráter básico, na estação de chuva. No ponto referente à região da mina do Piquete (P1A1),
entretanto, foi constatada a presença de uma drenagem ácida local, de pH equivalente a 3,68, durante a
estação de chuva. Nessa época, as águas meteóricas percolam as rochas contendo pirita (Figura 8.2)
liberando íons de H+, o que propicia a geração de acidez nesse local (Figura 8.3). No entanto, no ponto
P1A4, situado à jusante, verifica-se uma elevação no valor de pH devido à contribuição de outros cursos
d’água presentes na própria região da mina, mas que não percolam as rochas sulfetadas.
Figura 8.2: Percolação de água sobre filito contendo pirita oxidada.
78
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.21, 159p.
Figura 8.3: Drenagem ácida na antiga mina do Piquete (P1A1), durante estação chuvosa.
Potencial de oxi-redução (Eh)
Indica a medida da transferência de elétrons (potencial elétrico) em uma reação de oxi-redução:
Eh = potencial redox (volt). O valor do potencial de oxi-redução informa se um meio é oxidante ou
redutor. Valores mais baixos de Eh traduzem uma maior disponibilidade de elétrons, revelando um meio
mais redutor. Valores elevados de Eh indicam que existem poucos elétrons disponíveis para a redução, ou
seja, o meio é oxidante. A reação de oxidação geralmente libera prótons, ou gera um meio mais ácido. A
redução geralmente consome prótons, e o pH do meio se eleva (Langmuir 1997, Dold 1999).
Observou-se que o potencial de oxi-redução (Eh) atingiu o valor mais elevado no ponto P1A1-c,
onde a acidez da água foi mais acentuada (Figura 8.4). De um modo geral, verifica-se que os maiores
valores de Eh foram medidos na estação de chuva, o que está relacionado a uma maior oxigenação da
água, proporcionando um meio mais oxidante.
Eh
600
450
300
150
seca
P 1A 1 P 1A 2
P 1A 3
P 1A 4
P 4A 1
P 2A 1
P 3A 1
chuva
0
A mo s tras
Figura 8.4: Valores de Eh medidos em amostras de águas de estações de seca e chuva.
79
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Temperatura (T)
A temperatura das águas varia com as estações do ano e possui influência sobre as reações
químicas, e assim, pode interferir nas solubilidades dos compostos, e assim, nas concentrações dos
elementos.
A temperatura das águas oscilou entre 18,2 e 24,8°C. Observa-se que as temperaturas das águas em
estação de seca (inverno) são menores do que as temperaturas de estação de chuva (verão) para quase
todas as amostras. Dos cursos d’água amostrados (o que não inclui o ponto P3A1 da lagoa), a maior
temperatura foi atingida no ponto P1A1-c, em condições de baixo pH (Figura 8.5).
Tem peratura
T (°C)
30
P 3A 1
20
P 1A 1 P 1A 2 P 1A 3
P 1A 4
P 2A 1
P 4A 1
seca
chuva
10
0
A mo s tras
Figura 8.5: Valores de temperatura medidos em amostras de águas de estações de seca e chuva.
Sólidos totais dissolvidos (STD)
Corresponde à massa total de materiais em suspensão, tais como silte, argila e matéria orgânica,
depois de secos e pesados. A unidade de medida é fornecida em mg/L (Santos 1997).
Os valores de sólidos totais dissolvidos foram baixos para quase todas as amostras, com a exceção
das amostras do Ribeirão do Carmo, principalmente na estação de seca, pois essas contêm muito material
orgânico. A maioria das amostras apresentou valores mais elevados de totais de sólidos dissolvidos na
água em estação de seca (Figura 8.6). Uma exceção é feita no ponto onde se observou a existência de
drenagem ácida, em estação de seca. Nessas condições de baixo pH, a água pode dissolver e lixiviar
alguns elementos químicos dos minerais, aumentando assim, a carga de sólidos dissolvidos.
80
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.21, 159p.
Sólidos totais dissolvidos
800
seca
600
chuva
400
200
P 4A 1
P 2A 1
0
P 1A 1
P 3A 1
P 1A 2 P 1A 3 P 1A 4
A mo s tras
Figura 8.6: Valores de sólidos totais dissolvidos medidos em amostras de águas de estações de seca e chuva.
Condutividade elétrica (CE)
A condutividade elétrica é a medida da facilidade da água em conduzir corrente elétrica, o que
está diretamente relacionado ao teor de sais dissolvidos sob a forma de íons. A unidade de medida é o
Siemens (S), sendo, ainda, mais comum a utilização do µS=10-6S (Santos 1997).
Para as amostras analisadas, os valores de condutividade elétrica assumem o mesmo
comportamento dos valores encontrados para o total de sólidos dissolvidos. Os valores de condutividade
elétrica são mais altos, para a maioria das amostras, na estação de seca, onde há mais sólidos dissolvidos
(Figura 8.7). As exceções são feitas para os pontos P1A1-c e P3A1-c, cujos valores indicam uma maior
lixiviação, em estação de chuva, que resulta em uma elevação da carga de sólidos dissolvidos, e assim, a
condutividade elétrica nesses pontos.
Condutividade
1200
seca
900
chuva
600
300
0
P 2A 1
P 1A 1 P 1A 2 P 1A 3 P 1A 4
P 4A 1
P 3A 1
A mo s tras
Figura 8.7: Valores de condutividade elétrica medidos em amostras de águas de estações de seca e chuva.
81
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Turbidez
Designa a dificuldade da água em transmitir luz; é causada pela presença de sólidos em suspensão,
que reduzem a limpidez da água (Santos 1997). Esse parâmetro é avaliado por um turbidímetro, e as
medidas fornecidas em FTU (Formazin Turbidity Unit) ou UNT (Unidade Nefelométrica de Turbidez).
Em termos de turbidez, a maior exigência na qualidade das águas é traduzida em valores ≤40 UNT
segundo a Resolução 20/86 do CONAMA.
Com exceção da Lagoa do Gambá (P3A1), as amostras exibiram uma maior turbidez durante a
estação chuvosa (Figura 8.8). O ponto relativo ao Córrego do Bigode Chinês (P1A4) foi o que apresentou
maior turbidez na água (50 UNT).
Turbidez
60
seca
45
chuva
30
15
P 1A 4
0
P 1A 1
P 2A 1
P 3A 1
P 1A 2 P 1A 3
P 4A 1
A mo s tras
Figura 8.8: Valores de turbidez medidos em amostras de águas de estações de seca e chuva.
Alcalinidade
A alcalinidade da água é a medida de sua capacidade de neutralizar ácidos. A alcalinidade das
águas naturais deve-se principalmente à presença de sais de ácidos fracos e bases fortes. Embora outros
materiais possam contribuir para a alcalinidade das águas, os principais são os bicarbonatos, carbonatos e
hidróxidos. Os bicarbonatos (HCO3-) representam a forma maior de alcalinidade; esse íon apresenta-se
com valores entre 50 e 350 mg/L em águas doces, podendo atingir valores de até 800 mg/L. O bicarbonato
é benéfico às plantas, principalmente na forma bicarbonato de cálcio (Sawyer et al. 1994, Santos 1997).
A alcalinidade das águas encontra-se muito mais acentuada na estação de seca. Algumas amostras
apresentam valores muito baixos de alcalinidade (P1A1, P1A2, P1A3), outros, como os pontos referentes
à Lagoa do Gambá (P3A1) e Ribeirão do Carmo (P2A1, P4A1), apresentam valores mais acentuados
(Figura 8.9). O significativo aumento da alcalinidade no Ribeirão do Carmo está possivelmente associada
à presença de hidróxido de sódio, provavelmente originado a partir dos rejeitos produzidos pela ALCAN.
82
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.21, 159p.
Alcalinidade
120
90
seca
chuva
60
30
0
P 2A 1 P 3A 1 P 4A 1
P 1A 1
P 1A 2 P 1A 3
P 1A 4
A mo s tras
Figura 8.9: Valores de alcalinidade determinados em amostras de águas de estações de seca e chuva.
Sulfato (SO4=) e cloreto (Cl-)
Os sulfatos se originam da oxidação da pirita, bem como da lixiviação de minerais como gipsita e
anidrita, sendo, geralmente, muito solúveis (Santos 1997). O sulfato deve estar presente nas águas de
irrigação, pois é um composto importante para a nutrição das plantas. Para o ser humano, concentrações
inferiores a 250 mg/L SO4= são aceitas para as águas (CONAMA, Resolução 20/86).
O cloreto encontra-se presente nas águas doces com valores situados entre 10 e 250 mg/L. O Cl- é,
geralmente, muito solúvel e estável em solução. Esse íon comumente se origina da lixiviação de minerais
como a halita (NaCl) e a carnalita (KMgCl3.6H2O). Altas concentrações de Cl- (>400 mg/L) são tóxicas
para a maioria dos vegetais e, segundo Hounslow (1995) podem inibir o crescimento. Para o ser humano,
quantidades inferiores a 250 mg/L de Cl- são consideradas inofensivas (CONAMA, Resolução 20/86).
Excetuando-se os pontos do Ribeirão do Carmo, as concentrações dos íons Cl- e SO4= se encontram
baixas, menores que 1,0 mg/L e 6,0 mg/L, respectivamente, sendo mais acentuadas em estação de seca (cf.
Tabela 8.1, Tabela 8.2). Os mais altos teores de sulfato dosados nas amostras dos pontos P2A1 (187,0
mg/L) e P4A1 (215,0 mg/L) podem ser atribuídos à presença de material de esgoto, enquanto que os mais
altos valores de cloreto dosados nessas mesmas amostras - P2A1 (18,99 mg/L) e P4A1 (17,49 mg/L) estão provavelmente associados aos rejeitos industriais da fábrica de alumínio - ALCAN, situada à
montante.
83
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
8.2.2. Concentração dos elementos em água
Determinou-se a concentração de 24 elementos químicos em água, nas estações de seca e chuva:
Li, Be, Al, K, Ca, Cr, Fe, Co, Cu, As, Cd, Ba, Na, Mg, Ti, V, Mn, Ni, Zn, Sr, Mo, Sn, Pb, Si (Anexo 8).
Vários desses elementos apresentaram concentrações baixas, toleráveis nas águas. Outros elementos
apresentaram concentrações muito baixas, que não foram quantificadas pelo ICP (Be, Cr, Co, Cu, Cd, Ti,
V, Ni, Mo, Sn, Pb) ou pelo polarógrafo (As).
Quando se comparam as concentrações determinadas neste estudo com os valores máximos
tolerados em águas de consumo humano (CONAMA, Resolução 20/86) verifica-se que os únicos
elementos que exibiram valores considerados potencialmente tóxicos foram: Al, Mn e Fe. De uma
maneira geral, observa-se que os valores das concentrações dosadas para a estação de seca são maiores do
que para a estação de chuva. A exceção se faz para o As, no ponto P3A1. Observa-se que o As foi
encontrado em maiores concentrações na estação de chuva, pois deve ter sofrido lixiviação das rochas
circunvizinhas. O As possui um comportamento bem próprio, pois também é móvel sob condições
alcalinas (cf. Dissanayake & Chandrajith 1999, Dold 1999).
Para a amostra coletada na região da mina do Piquete, em estação de chuva (P1A1-c), foi
determinado um valor de 152,5 µg/L para o Al (Figura 8.10). Esse valor se encontra acima daquele
máximo de 100 µg/L admitido pela Resolução 20/86 do CONAMA para águas de uso doméstico e
irrigação de hortaliças. Porém, segundo a Organização Mundial da Saúde, o valor de 152,5 µg/L de Al
seria tolerável, já que esse órgão considera valores inferiores a 200 µg/L de Al em águas inofensivos. O
valor mais acentuado de Al está, provavelmente, associado à dissolução de gibbsita ou de minerais de
argila, sob condições de baixo pH da água, que pode ter liberado maiores quantidades de íons desse
elemento. Nesse ponto (P1A1-c), nota-se inclusive, que a água ácida possui uma coloração esbranquiçada
(cf. Figura 8.3). Segundo Chávez (2002), essa coloração é indicativa da presença de hidróxidos de
alumínio dissolvidos em um ambiente ácido. Uma reação envolvendo tais processos pode ser descrita
como (cf. Langmuir 1997): Al(OH)3 + 3H+ = Al3+ + 3H2O. Na amostra correspondente ao ponto P4A1-c,
localizada à jusante, a concentração de Al já é inferior (cf. Figura 8.10). Isso pode ter se dado tanto pelo
aumento no valor de pH da água (6,13), que faz com que os metais sejam transferidos dessa para os
sedimentos (cf. Karlsson et al. 1988), quanto pela diluição do Al, já que outros cursos de água,
provenientes da região da mina, desembocam no ponto P4A1-c.
84
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.21, 159p.
Al
Conc. (µg/L)
200
150
seca
100
chuva
50
P4A1
P3A1
P2A1
P1A4
P1A3
P1A2
P1A1
0
Amostras de água
Figura 8.10: Concentração de Al em amostras de águas de estações de seca e chuva.
Nas águas naturais, o manganês apresenta-se em baixos teores (<0,2 mg/L) e ocorre
principalmente no estado Mn2+, podendo também ocorrer como Mn3+ (Santos 1997). Segundo a
Organização Mundial da Saúde, quantidades de até 100 µg/L de Mn nas águas são consideradas
inofensivas. Para as amostras analisadas, foram determinados valores mais acentuados de Mn em pontos
variados (Figura 8.11): 131,9 µg/L (P2A1-c), 157,4 µg/L (P4A1-c), 432,4 µg/L (P1A4), 858 µg/L (P4A1)
e 1438 µg/L (P2A1). As altas concentrações de Mn podem ser atribuídas à presença de rochas típicas
locais, enriquecidas nesse elemento, e denominadas “borra-de-café”. Porém, as águas das regiões
amostradas que contêm alto conteúdo de Mn não são diretamente utilizadas para ingestão ou agricultura.
Mn
Conc. (µg/L)
1600
seca
1200
chuva
800
400
P4A1
Amostras
P3A1
P2A1
P1A4
P1A3
P1A2
P1A1
0
Figura 8.11: Concentrações de Mn em amostras de águas de estações de seca e chuva.
85
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
O ferro pode estar presente em baixos teores (<0,3 mg/L) em quase todas as águas, sob as formas
Fe2+, e mais comumente, Fe3+ (Santos 1997). Embora a geologia da região imprima um caráter mais
ferruginoso às rochas, as águas exibiram um baixo conteúdo em ferro (Figura 8.12), provavelmente devido
ao ambiente oxidante, e sob esse, à presença do Fe3+, que é menos móvel. Somente em um ponto (P1A2-c)
foi dosada uma maior concentração para esse elemento, correspondentes a 375,2 µg/L. O valor máximo
recomendado pela Organização Mundial de Saúde é de 300 µg/L.
Fe
seca
Conc. (µg/L)
400
chuva
300
200
100
P4A1
Amostras
P3A1
P2A1
P1A4
P1A3
P1A1
P1A2
0
Figura 8.12: Concentração de Fe em amostras de águas de estações de seca e chuva.
Uma outra característica observada nas concentrações das amostras refere-se ao fato de que alguns
elementos possuem uma forte correlação entre si (Figura 8.13); nessa análise estatística, excetuou-se,
todavia, os pontos relativos à Lagoa do Gambá, por constituírem um ambiente bastante distinto das demais
amostras.
Observou-se uma forte correlação positiva entre o sódio e o cálcio, onde o coeficiente de
determinação (R2 = 0,9932, Figura 8.13A); tal correlação sugere que a água contém elementos originados
a partir do intemperismo de minerais comuns, como os plagioclásios.
A correlação positiva entre os elementos sódio e potássio (R2 = 0,8898, Figura 8.13B) pode indicar
uma mesma fonte derivada da alteração de minerais como os feldspatos.
86
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.21, 159p.
Na x K
K (mg/L)
Ca (mg/L)
Na x Ca
40
20
0
0
50
100
150
0
200
Na (mg/L)
(A)
10
5
0
3
Ca (mg/L)
Ca (mg/L)
2
4
40
20
0
(D)
Na (mg/L)
Ca (mg/L)
(E)
100
150
100
150
Sr x Na
40
20
0
20
50
Sr (µg/L)
Ba x Ca
0
200
Na (mg/L)
0
Mg (m g/L)
(C)
150
Sr x Ca
40
20
0
1
100
(B)
Mg x Ca
0
50
40
60
Ba (µg/L )
250
150
50
-50
0
(F)
50
Sr (µg/L)
Figura 8.13: Correlação positiva entre diferentes elementos entre os elementos Na e Ca (A); Na e K (B); Mg e Ca
(C), Sr e Ca (D); Ba e Ca (E); Sr e Na (F).
Nota-se também uma correlação positiva entre os elementos magnésio e cálcio (R2 = 0,9488, Figura
8.13C), o que indica a presença de rochas dolomíticas na região.
A correlação positiva atribuída ao estrôncio e ao cálcio (R2 = 0,9960, Figura 8.13D)
pode
representar a presença de estrôncio na estrutura dos carbonatos, de forma a haver uma solução sólida entre
esses dois elementos. A correlação positiva observada entre os elementos bário e cálcio (R2 = 0,9224,
Figura 8.13E) pode ser o resultado de uma substituição de Ba no lugar do Ca em alguns minerais,
possivelmente nos carbonatos e plagioclásios. A correlação positiva observada entre os elementos Sr e Na
(R2 = 0,9897, Figura 8.13E) pode, também, estar relacionada aos processos de substituição: o Sr pode
substituir o Ca, que juntamente com o Na, compõem minerais como os plagioclásios.
87
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
8.2.3. Estudo da Lagoa do Gambá
A Lagoa do Gambá foi estudada à parte por constituir um ambiente aquático bastante diferente das
águas dos cursos amostrados. Nessa análise efetuada em estação de seca, mediu-se uma profundidade
máxima de 3,2 m para a lagoa. Em um ponto onde se mediu a profundidade de 3 m, foi realizado um
estudo da estratificação da lagoa, coletando-se, para tanto, amostras de água a cada metro de
profundidade.
Parâmetros físico-químicos
Observa-se uma leve mudança nos valores dos parâmetros medidos, na proporção em que se varia
a profundidade (Tabela 8.3).
Tabela 8.3: Parâmetros físico-químicos da água na Lagoa do Gambá.
Amostras de água - Estação seca (06/2003)
Parâmetros
P3A1-0m
P3A1-1m P3A1-2m
P3A1-3m
pH
8,30
8,21
8,12
7,55
Eh (mV)
382,0
373,0
377,0
357,0
T (°C)
20,0
20,1
19,8
19,3
STD (mg/L)
43,23
43,32
42,95
50,59
Condutividade (µS)
62,0
64,32
63,75
75,09
Turbidez (UNT)
0,5
0,5
0,5
0,6
Alcalinidade (mg/L HCO3-)
38,06
38,06
36,60
45,38
=
Sulfato mg/L SO4 )
<1
<1
<1
<1
Cloreto (mg/L Cl-)
<1
<1
<1
<1
Observou-se que o pH da água diminui na medida em que a profundidade aumenta (Figura 8.14).
As explicações para tal fato podem estar relacionadas a diferentes fatores, tais como a composição de
sedimentos e uma maior concentração de matéria orgânica no fundo da lagoa, ou ainda, da contribuição de
águas de outras fontes. É sabido que a solubilidade do CO2 aumenta com a diminuição da temperatura. O
dióxido de carbono é um gás ácido, de tal modo que, também um aumento na quantidade de matéria
orgânica na carga de fundo pode aumentar a concentração de CO2 na água, influenciando assim, a
diminuição do pH. Tal fato pode ser traduzido pela equação:
CO2 + H2O ⇔ H2CO3 ⇔ HCO3- + H+
88
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.21, 159p.
Esse sistema reflete que, qualquer alteração na concentração de algum membro do sistema alterará
o equilíbrio da reação, o que se refletirá na concentração dos outros íons. Um fator que pode ter
contribuído para a elevação de pH na superfície da lagoa é a presença, nesses pontos, de determinadas
estruturas, possivelmente algas, por possuírem a propriedade de extrair o dióxido de carbono da água (cf.
Sawyer et al. 1994).
pH x Profundidade
9
pH
8,5
8
7,5
7
0
1
2
Profundidade (m)
3
Figura 8.14: Relação entre pH e profundidade em amostras da Lagoa do Gambá (P3A1).
As maiores temperaturas das águas são encontradas próximas à superfície da lagoa, e as menores,
nos pontos mais profundos. De maneira inversa, os maiores valores de sólidos totais dissolvidos,
condutividade elétrica e turbidez são encontrados no ponto mais profundo, o que se relaciona com a carga
sedimentar de fundo da lagoa.
A alcalinidade exibe um comportamento inverso do pH. Verifica-se que a água possui um valor de
alcalinidade mais alto no ponto mais profundo da lagoa (Figura 8.15), o que se reflete no pH.
Alcalinidade (mg/L)
Alcalinidade x Profundidade
50
40
30
20
0
1
2
3
Profundidade (m )
Figura 8.15: Relação entre alcalinidade e profundidade em amostras da Lagoa do Gambá (P3A1).
89
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Os valores do potencial de oxi-redução indicam um ambiente oxidante para a lagoa. O menor valor
é encontrado no ponto mais profundo, enquanto o maior valor é encontrado na superfície, onde a água se
encontra mais oxigenada (Figura 8.16).
Eh x Profundidade
Eh (mV)
390
380
370
360
350
0
1
2
3
Profundidade (m)
Figura 8.16: Relação entre Eh (potencial de oxi-redução) e profundidade em amostras da Lagoa do Gambá (P3A1).
Concentração dos elementos em água
A concentração de elementos dosados em água na Lagoa do Gambá encontra-se bastante baixa
(Tabela 8.6, Anexo 9). Vários elementos apresentaram concentrações menores do que o limite de detecção
do ICP (Cr, Cu, Cd, Ti, V, Ni, Mo, Sn, Pb). O arsênio, principal objeto de estudo na lagoa, apresenta-se
em concentrações menores do que o limite detectável pelo polarógafo, ou seja, <5,0 µg/L.
A concentração dos elementos químicos em água não possui um comportamento típico mediante
as alterações de profundidade. Dependendo do elemento, as maiores concentrações para os elementos
químicos são encontradas, às vezes, mais próximas à superfície, nos pontos intermediários, ou mesmo nos
pontos mais profundos da lagoa (Figura 8.17). O manganês é o elemento que se encontra em
concentrações mais elevadas, embora somente no ponto mais profundo da lagoa, o que parece se
relacionar com a carga de fundo, que deve conter materiais manganesíferos típicos da região.
90
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.21, 159p.
Concentração x Profundidade
Li
Al
Conc. (µg/L)
800
Fe
600
Ba
400
Mn
200
Zn
Sr
0
0m
1m
2m
3m
Profundidade
Figura 8.17: Relação entre concentração e profundidade em amostras da Lagoa do Gambá (P3A1).
8.3. CONCLUSÕES
Como não foram encontrados valores significativamente altos para as concentrações de elementos
traço nos pontos das minas, é possível dizer que não existe uma lixiviação significativa de metais dos
depósitos sulfetados, ou de rochas circunvizinhas, que causem a contaminação da água. Efetivamente, as
únicas águas que são utilizadas pelo ser humano, além de serem usadas por animais e para a irrigação de
plantas, são as águas dos pontos: P1A1, P1A2 e P1A3; isto significa que, o problema de concentrações
altas de elementos traço potencialmente prejudiciais à saúde se restringe ao alumínio, analisado na
amostra P1A1 (cf. CONAMA 1986). Verifica-se, também, que o pH da água é muito ácido nesse mesmo
ponto (P1A1-c), e pode constituir um problema na utilização dessa água na estação de chuva. As águas
ácidas são tóxicas para a fauna e flora aquáticas, e podem ameaçar o suprimento de água potável e
sistemas de irrigação situados à jusante (cf. Berger et al. 2000). No entanto, já não mais se observam
problemas de alta concentração de Al, ou de baixos valores de pH, no ponto à jusante (P1A4), devido ao
poder de diluição dos cursos d’água.
Da mesma maneira, não foram encontradas altas concentrações de arsênio na Lagoa do Gambá. Os
valores encontrados são muito baixos, variando de <5,0 µg/L a 9,6 µg/L, ou seja, muito menores do que
aquelas de 2,2 mg/L detectadas por Freise (1933) nesse local, e inferiores ao limite de 10 µg/L
recomendado pela OMS, para consumo humano.
91
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Além das características litológicas locais, a baixa concentração de elementos químicos em água
pode estar condicionada pela freqüente presença de minerais de argila e óxidos e hidróxidos de ferro e
manganês na região. Conforme descrito anteriormente, esses materiais podem incorporar vários elementos
químicos, por meio de processos de sorção. Dessa maneira, os metais são removidos das águas e retidos
nos sedimentos, principalmente sob condições mais alcalinas.
92
CAPÍTULO 9
GEOQUÍMICA DE SEDIMENTOS
9.1. INTRODUÇÃO
O estudo envolvendo sedimentos compreendidos nas regiões das antigas minas de pirita e
circunvizinhanças (Quadro 9.1, Anexo 2) permitiu caracterizar o conteúdo de alguns elementos
químicos contidos nesses materiais. O propósito primordial de tal estudo visou verificar se a região
encontra-se contaminada por metais, principalmente por aqueles vinculados aos depósitos sulfetados
(e.g. Zn, Cu, Pb). Para que fosse diagnosticada uma possível contaminação de metais nessas regiões,
foram escolhidos alguns pontos fora da área de influência das minas. Tal procedimento foi adotado a
fim de se estabelecer valores de concentração de metais, sem a contribuição do enriquecimento em
sulfetos, ou das atividades mineiras, que aceleram a liberação de elementos para o meio. Deve-se,
porém, considerar que, dentre as regiões escolhidas fora das minas, somente os pontos P1S2 e P1S3
foram preliminarmente consideradas como áreas não poluídas (àquelas que não causam efeitos
degradantes, gerados por atividades humanas, sobre o ambiente). Esses pontos recebem contribuições
de águas e sedimentos originários de algumas nascentes próximas, assim como de um pequeno curso
d’água do sopé da Serra do Itacolomi. Os sedimentos do ponto P4S1, pertencentes ao Ribeirão do
Carmo, são considerados contaminados (por esgotos, resíduos de empresa) e foram analisados
somente a título de comparação, por estarem situados à montante da antiga mina de Santa Efigênia.
Para a análise dos sedimentos de fundo, foram coletadas 7 amostras em estação de seca (P1S1,
P1S2, P1S3, P1S4, P2S1, P3S1, P4S1) e 2 amostras em estação chuvosa (P1S1-c, P2S1-c), sendo
essas últimas pertencentes às regiões das duas minas. Fora dos cursos d’água, também foram coletados
sedimentos correspondentes a óxidos/hidróxidos na região da antiga mina do Piquete (P1EX1,
P1EX2). De maneira similar, foram coletados sedimentos (rejeito) na antiga mina de Santa Efigênia,
em estação de seca (P2J) e de chuva (P2J-c). Além dessas amostras, procurou-se selecionar, dentro do
material de rejeito, uma amostra contendo material essencialmente argiloso (P2JG), bem como
amostras representativas da fase óxido/hidróxido de ferro (P2JX1, P2JX2). O propósito de analisar as
amostras - P1EX1, P1EX2, P2JG, P2JX1, P2JX2 - advém do interesse em verificar a existência de
minerais secundários, típicos de regiões ácidas. Também é interessante definir a química desses
sedimentos, uma vez que muitos trabalhos demonstram a precipitação de metais junto a materiais
argilosos e de composição ferruginosa.
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Quadro 9.1: Sedimentos e suas respectivas regiões amostradas.
Ponto
Região
Mina Piquete
P1
Montante da Mina Piquete
Jusante da Mina Piquete
(Bigode Chinês)
Mina Santa Efigênia
(Ribeirão do Carmo)
P2
Mina Santa Efigênia
(margens do Ribeirão do Carmo)
Est. seca
Est. chuva
Classificação
P1S1
P1S1-c
sedimentos de fundo
P1S2
P1S3
P4
Lagoa do Gambá
Montante da Mina Santa Efigênia
(Ribeirão do Carmo - Barra)
sedimentos de fundo
P1S4
P2S1
P2S1-c
sedimentos de fundo
P2J
P2JX1
P2JX2
P2J-c
P3S1
material de rejeito
material de rejeito
composto essencialmente
de óxidos/hidróxidos
material de rejeito
composto essencialmente
de argila
sedimento de fundo
P4S1
sedimento de fundo
P2JG
P3
sedimentos compostos
essencialmente de
óxidos/hidróxidos
P1EX1
P1EX2
9.2. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
9.2.1. Caracterização mineralógica
A caracterização mineralógica de todos os sedimentos foi realizada na fração <0.063mm, por
difratometria de raios-X. Algumas amostras de sedimentos (P1EX1, P1EX2, P2JX1) foram analisadas
via Espectroscopia Mössbauer. Esse método foi utilizado a fim de se verificar a existência de minerais
secundários típicos de drenagem ácida, tais como jarosita (KFe3(SO4)2(OH)6) e schwertmannita
(Fe16O16(OH)12(SO4)3); porém, tais minerais não foram encontrados nas amostras investigadas.
Os sedimentos coletados apresentam granulometrias muito variadas, que comportam as
frações: silte, argila, areia, cascalho e seixos. Somente para a amostra da Lagoa do Gambá (P3S1), o
sedimento se encontra em uma fração muito fina (silte-argila). Em vários pontos, onde os sedimentos
de fundo foram amostrados (regiões P1, P2 e P4), podem ser observados ainda, a presença de
fragmentos de rocha filítica e, secundariamente, de rochas quartzíticas com conteúdos variáveis de
ferro.
94
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
De um modo geral, pode-se dizer que os sedimentos das regiões estudadas são compostos
predominantemente por quartzo, moscovita, goethita, hematita e caulinita. Todas as amostras são
compostas por quartzo (SiO2) e caulinita (Al2Si2O5(OH)4). A moscovita, determinada nas amostras de
sedimentos (P1S1, P1S2, P1S3, P1S4, P2S1, P4S1, P1EX1, P2J, P2J-c, P2JG), é a do tipo vanádio e
bário, de fórmula: (K, Ba, Na)0,75(Al, Mg, Cr, V)2 (Si, Al, V)4O10, conforme exibido nos difratogramas
de dois sedimentos das áreas das minas (Anexo 10). Os minerais ferruginosos - hematita e goethita foram determinados tanto por difratometria de raios-X quanto por Espectroscopia Mössbauer (nas
amostras em que esse segundo método foi utilizado). A goethita (FeOOH)) foi determinada em
praticamente todas as amostras (à exceção dos sedimentos de fundo P1S2 e P1S3). A hematita foi
determinada nas amostras: P1S4, P1EX1, P2S1, P2J, P2JX1. A pirita (FeS2) somente foi identificada
nas amostras de rejeito: P2J e P2JX1. Porém, cristais de pirita podem ser visualizados a olho nu, nos
sedimentos de corrente da antiga mina do Piquete. Também os materiais de rejeito coletados na antiga
mina de Santa Efigênia apresentaram o mineral gibbsita (Al(OH)3) em sua composição.
9.2.2. Análises químicas
A análise química dos sedimentos permitiu que fossem determinadas, a partir de
espectrometria de emissão ótica com plasma acoplado (ICP-OES), as concentrações dos 27 elementos
químicos: Na, K, Ca, Ti, V, Cr, Mn, Co, Ni, Cu, Zn, As, Sr, Y, Zr, Mo, Ba, Pb, Fe, Li, Be, P, Sc, Th,
Cd, Al, Mg (Anexos 11 e 12). Por se tratar de um trabalho que visa determinar se existe uma alta
concentração de elementos pesados, serão aqui discutidos somente os resultados dos dados referentes
aos mesmos. Serão aqui também discutidos os conteúdos e os comportamentos dos elementos - Fe, Al,
Mn e Ca, nos sedimentos da região. É importante, porém, salientar que foi realizada uma abertura
parcial para os sedimentos. De acordo com a metodologia utilizada, alguns sedimentos se
solubilizaram completamente, outros não.
No Brasil, não existe uma legislação que estabelece os teores máximos críticos de metais em
sedimentos. Então, as concentrações dos elementos definidos para os sedimentos estudados neste
trabalho serão comparadas, como aproximação, com os níveis críticos estabelecidos pela agência
ambiental canadense (Environmental Canada 1999a). Essa instituição estabelece dois níveis: TEL
(Threshold Effect Level), que corresponde ao nível abaixo do qual não são esperados efeitos adversos
sobre os organismos aquáticos, e PEL (Probable Effect Level), que é a concentração acima da qual são
esperados efeitos adversos sobre os organismos aquáticos. Porém, esses níveis não foram definidos
para todos os metais (cf. Tabela 9.1).
95
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Elementos maiores
Tanto nas amostras de sedimentos quanto nas amostras de sedimentos de fundo, podem ser
observados altos conteúdos em ferro, e, secundariamente, em alumínio; já o cálcio e manganês são
encontrados em concentrações bem mais inferiores, sendo mais acumulados somente em algumas
amostras (Figura 9.1, Anexo 11; Figura 9.2, Anexo 12).
Conc. (%)
60
Ca
50
Mn
40
Al
Fe
30
20
P2JX2
P2JX1
P2J-c
P2J
P2JG
P1EX2
0
P1EX1
10
Amostras de sedimentos
Figura 9.1: Concentração de elementos maiores (Ca, Mn, Al, Fe) em sedimentos.
40
Ca
Mn
Conc. (%)
30
Al
Fe
20
P4S1
P3S1
P2S1-c
P2S1
P1S4
P1S3
P1S2
P1S1-c
0
P1S1
10
Amostras de sedimentos de fundo
Figura 9.2: Concentração de elementos maiores (Ca, Mn, Al, Fe) em sedimentos de fundo.
Ferro
O ferro é o elemento que se apresenta com os maiores teores nas amostras. Para os sedimentos
(óxidos, hidróxidos e argilas), a concentração mais elevada é encontrada no material mais argiloso
(P2JG), que contém 47,14% de Fe (Figura 9.3A). Para os sedimentos de fundo, foram dosadas
concentrações de 2,78% a 33,36% de Fe, onde os maiores valores foram definidos nas amostras da
região da antiga mina de Santa Efigênia (Figura 9.3B).
96
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Também o sedimento da região da Lagoa do Gambá (P3S1) contém uma alta concentração em
ferro, devido à presença de coberturas lateríticas, que envolvem a lagoa. A abundância em ferro nos
sedimentos reflete a mineralogia das rochas da região, que compreende filitos hematíticos, além de
lentes de quartzitos ferruginosos e de material do tipo “borra de café”.
As variações de concentração verificadas para o ferro, entre as estações de seca e de chuva,
são muito pequenas (Figura 9.3A, Figura 9.3B).
Fe
Fe
40
30
Conc. (%)
Conc. (%)
60
40
20
20
10
0
P1EX1
P1EX2
(A)
P2JG
P2J
P2JX1
0
P2JX2
P1S1
(B)
seca
Sedimentos
P1S2
P1S3
P1S4
P2S1
P3S1
Sedimentos de fundo
chuva
P4S1
seca
chuva
Figura 9.3: Concentração de Fe em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
Alumínio
As concentrações de alumínio dosadas nos sedimentos possuem valores da ordem de 0,736 a
11,94% (Figura 9.4A). Nos sedimentos de fundo, as concentrações se encontram entre 0,47 e 5,05%
(Figura 9.4B). As concentrações de Al em sedimentos de fundo apresentaram pequenas variações,
entre as estações de seca e de chuva, com exceções dos pontos situados no Ribeirão do Carmo (cf.
Figura 9.4B). Para os sedimentos de fundo, o valor mais alto de concentração de alumínio (5,05%) foi
dosado na Lagoa do Gambá. Circundando essa lagoa, existem depósitos de coberturas lateríticas, que
acumulam minerais como a gibbsita - Al(OH)3, que constitui a principal fonte de alumínio nesse
ponto.
Al
Al
6
Conc. (%)
Conc. (%)
15
10
5
2
0
0
P1EX1
(A)
4
P1EX2
P2JG
P2J
P2JX1
P1S1
P2JX2
(B)
seca
Sedimentos
P1S2
P1S3
P1S4
Sedimentos de fundo
chuva
Figura 9.4: Concentração de Al em amostras de sedimento (A) e de sedimentos de fundo (B).
97
P2S1
P3S1
P4S1
seca
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Manganês
Para o manganês, a variação de concentração encontrada nos sedimentos, de modo geral, é
muito pouco expressiva entre as estações de seca e de chuva (Figura 9.5A, Figura 9.5B). Observaramse teores maiores de Mn (1,99%) no sedimento de fundo da Lagoa do Gambá (P3S1).
Subordinadamente, também o sedimento de fundo Ribeirão do Carmo (P2S1) apresentou um alto teor
em Mn, da ordem de 0,67%. Os altos teores de Mn estão, muito provavelmente relacionados com o
material manganesífero do tipo “borra de café”, que ocorre como lentes na região.
Mn
Mn
2,5
1
2
Conc. (%)
Conc. (%)
0,8
0,6
0,4
0,2
0
1,5
1
0,5
0
P1EX1
P1EX2
P2JG
P2J
P2JX1
P1S1
seca
Sedimentos
(A)
P2JX2
P1S2
P1S4
P2S1
P3S1
P4S1
seca
Sedimentos de fundo
(B)
chuva
P1S3
chuva
Figura 9.5: Concentração de Mn em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
Cálcio
Para a amostra de sedimento P2J, praticamente não existe variação de concentração entre as
estações de seca e de chuva (Figura 9.6A). Existe uma variação expressiva para a amostra do ponto
P2S1 (Figura 9.6B); o maior conteúdo de Ca em sedimento de fundo (0,52%) foi determinado na
amostra do ponto P2S1, próximo às rochas carbonáticas existentes nesse local. Também o sedimento
de fundo da Lagoa do Gambá (P3S1) exibiu um alto teor em cálcio (1,06%). Nessa região, o elevado
conteúdo de cálcio pode estar associado à ocorrência de material originário da alteração de rochas
dolomíticas.
Ca
1
1,2
0,8
0,9
Conc. (%)
Conc. (%)
Ca
0,6
0,4
0,2
0
0,3
0
P1EX1
(A)
0,6
P1EX2
P2JG
P2J
Sedimentos
P2JX1
P1S1
P2JX2
seca
(B)
chuva
P1S2
P1S3
P1S4
P2S1
Sedimentos de fundo
Figura 9.6: Concentração de Ca em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
98
P3S1
P4S1
seca
chuva
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Elementos menores
Nas amostras de sedimento e, principalmente nas de sedimento de fundo, verifica-se uma
variação sazonal para a concentração de quase todos os elementos aqui descritos (Anexo 12; Figura
9.7, Figura 9.8). Observa-se que, para a região do Piquete, a amostra de sedimento de fundo (P1S1)
coletada em estação de chuva possui uma concentração maior de metais (As, Cd, Ni, Co, Cu, Li, Cr,
Pb, Zn, V, Mo) do que a amostra coletada em estação de seca. Este fato pode ser associado à lixiviação
desses metais das rochas e sulfetos, ou ainda, ao carreamento de partículas desses depósitos e a sua
Cd
1000
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
Li
Pb
Mo
As
Zn
Cu
Ni
P2JX2
P2JX1
P2J-c
P2JG
P2J
Co
P1EX2
P1EX1
Conc. (mg/kg)
deposição no leito do curso d’água.
Cr
V
Am ostras de sedim entos
Figura 9.7: Concentração de elementos menores (Cd, Li, Pb, Mo, As, Zn, Cu, Ni, Co, Cr, V) em amostras de
sedimentos.
Já para a região da antiga mina do Padre Faria, observa-se que, para o sedimento de fundo P2S1, a concentração de praticamente todos os metais aqui descritos, à exceção do Mo, se encontra
mais elevada na estação de seca. Para o material de rejeito (P2J), a grande maioria dos elementos tende
Cd
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
Li
Pb
Mo
As
Zn
Cu
Ni
P4S1
P3S1
P2S1-c
P2S1
P1S4
P1S3
P1S2
P1S1-c
Co
P1S1
Conc. (mg/kg)
a se concentrar mais durante a estação de seca.
Cr
V
Amostras de sedimentos de fundo
Figura 9.8: Concentração de elementos menores (Cd, Li, Pb, Mo, As, Zn, Cu, Ni, Co, Cr, V) em amostras de
sedimentos de fundo.
99
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Arsênio
O arsênio apresentou um comportamento bastante variável nas amostras investigadas. Para os
sedimentos, foram determinadas altas concentrações de As nas amostras (Figura 9.9A): P1EX1 (566
mg/kg), P2J (78,3 mg/kg), P2J-c (36,32 mg/kg) e P2JX1 (261,7 mg/kg). Os valores mais elevados de
arsênio em sedimentos de fundo (Figura 9.9B) foram encontrados nas amostras da antiga mina do
Piquete. Nessa região, determinou-se um conteúdo de 158,4 mg/kg na estação seca (P1S1) e de 273,4
mg/kg na estação chuvosa (P1S1-c). Essas amostras possuem um conteúdo de As muito maior do que
os limites críticos TEL (concentração abaixo da qual não são esperados efeitos adversos nos
organismos) e PEL (concentração acima da qual são esperados efeitos adversos), que possuem valores
de 5,9 mg/kg e 17,0 mg/kg, respectivamente. As demais amostras de sedimentos e de sedimentos de
fundo exibiram baixos conteúdos de As, que para quase todas elas, se encontram menores que 1,0
mg/kg de As.
Um maior conteúdo em arsênio nas regiões das antigas minas de pirita pode estar vinculado à
comum associação desse elemento com os depósitos de pirita. Porém, não foi registrada a presença de
minerais de As, como a arsenopirita, em nenhuma das amostras investigadas. Então, pode ser que
existam quantidades muito pequenas desse mineral, ou então, que o As pode estar associado a outro
mineral. Na amostra de sedimento da antiga mina do Piquete, observa-se que o arsênio alcança
maiores valores de concentração na estação de chuva, devido a sua lixiviação das rochas, o que pode
causar sua adsorção aos sedimentos. Comportamento semelhante também foi observado para esse
elemento nas amostras de água.
As
300
Conc. (mg/kg)
Conc. (mg/kg)
As
600
500
400
300
200
100
0
P1EX1
(A)
P1EX2
P2JG
P2J
Sedimentos
P2JX1
250
200
150
100
P2JX2
50
0
P1S1
seca
(B)
chuva
P1S2
P1S3
P1S4
P2S1
Sedimentos de fundo
P3S1
P4S1
seca
chuva
Figura 9.9: Concentração de As em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
100
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Níquel, Cobalto e Cobre
Esses três elementos exibiram comportamentos bastante similares entre si, no que diz respeito
às variações sazonais (Figura 9.10, Figura 9.11 e Figura 9.12). Nas amostras de sedimentos de fundo,
notou-se concentrações elevadas para esses três elementos, no ponto da antiga mina do Piquete, em
estação chuvosa (P1S1-c). Este fato pode estar associado à lixiviação de Ni, Co e Cu das rochas que
contêm os sulfetos, e nas quais esses elementos se encontram comumente associados. Para o
sedimento de fundo do ponto situado na antiga mina de Santa Efigênia, se observa um comportamento
inverso. O sedimento da estação de seca possui uma maior concentração de níquel, cobalto e cobre do
que o sedimento coletado em estação de chuva (ponto P2S1). Então, não parece haver uma
contribuição de material lixiviado que aumente o conteúdo dos elementos em questão nos sedimentos
dessa região.
O níquel apresentou valores máximos de concentração de 140,80 mg/kg, no sedimento do
ponto P1EX2 (Figura 9.10A), e de 77,70 mg/kg, no sedimento de fundo do ponto P2S1 (Figura
9.10B). Para o cobalto, verifica-se que os maiores teores correspondem a 232 mg/kg, determinado no
sedimento do ponto P1EX2 (Figura 9.11A), e a 49,93 mg/kg, determinado no sedimento de fundo do
ponto P1S1, em estação chuvosa (Figura 9.11B). Para as amostras de sedimentos de fundo, observa-se
que existe uma correlação positiva entre os elementos níquel e cobalto, onde R2 representa o
coeficiente de determinação (Figura 9.12).
Ni
Ni
100
Conc. (mg/kg)
Conc. (mg/kg)
150
120
90
60
30
80
60
40
20
0
0
P1EX1
P1EX2
(A)
P2JG
P2J
P2JX1
P2JX2
P1S1
seca
Sedimentos
P1S2
(B)
chuva
P1S3
P1S4
P2S1
P3S1
P4S1
seca
Sedimentos de fundo
chuva
Figura 9.10: Concentração de Ni em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
Co
Co
Conc. (mg/kg)
Conc. (mg/kg)
250
200
150
100
50
0
P1EX1
(A)
P1EX2
P2JG
P2J
Sedimentos
P2JX1
60
50
40
30
20
10
0
P1S1
P2JX2
seca
(B)
chuva
P1S2
P1S3
P1S4
P2S1
P3S1
Sedimentos de fundo
P4S1
seca
chuva
Figura 9.11: Concentração de Co em amostras de
sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
101
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Ni x Co
2
R = 0,814
60
50
40
30
20
10
0
0
20
40
60
80
N i (mg /kg )
Figura 9.12: Correlação positiva entre Ni e Co em amostras de sedimentos de fundo.
Para o cobre, as concentrações variaram de 41,65 a 158,50 mg/kg nos sedimentos (Figura
9.13A), e de 31,46 a 179,13 mg/kg nos sedimentos de fundo (Figura 9.13B). Os limites TEL e PEL
para o Cu são de 35,70 mg/kg, e de 197,0 mg/kg, respectivamente. Praticamente todas as amostras
apresentaram uma concentração acima do nível TEL, acima da qual não são esperados efeitos adversos
na saúde de organismos aquáticos. Apesar disso, nenhuma das amostras atingiu o nível PEL, que
representa o nível mais crítico.
Cu
Cu
200
Conc. (mg/kg)
200
150
100
50
150
100
0
50
0
P1EX 1
(A)
P1EX 2
P2JG
P2J
S ed imento
P2JX 1
P2JX 2
P1S1
seca
(B)
chuva
P1S2
P1S3
P1S4
P2S1
P3S1
Sedimentos de fundo
P4S1
seca
chuva
Figura 9.13: Concentração de Cu em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
Lítio
A máxima concentração obtida para o lítio é a de 52,0 mg/kg, verificada no sedimento do
ponto P1EX2 (Figura 9.14A), na antiga mina do Piquete. Para os sedimentos de fundo, os conteúdos
em lítio são muito baixos. O maior de concentração (9,43 mg/kg) foi determinado na amostra do ponto
P2S1, em estação de seca (Figura 9.14B). Nesse ponto, assim como no ponto pertencente à mina do
Piquete (P1S1), pode-se verificar uma certa variação sazonal na concentração desse elemento.
102
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Li
10
60
50
40
30
20
10
0
Conc. (mg/kg)
Conc. (mg/kg)
Li
P1EX1
P1EX2
(A)
P2JG
P2J
P2JX1
6
4
2
0
P2JX2
P1S1
seca
Sedimento
8
P1S2
(B)
chuva
P1S3
P1S4
P2S1
P3S1
P4S1
seca
Sedimentos de fundo
chuva
Figura 9.14: Concentração de Li em amostras de sedimento (A) e de sedimento de fundo (B).
Cromo
As concentrações de cromo variaram de 8,36 a 152,56 mg/kg nos sedimentos, e de 21,15 a
148,56 mg/kg nos sedimentos de fundo. As amostras pertencentes à região do Piquete possuem
concentrações inferiores de Cr, quando comparadas às amostras da região da mina de Santa Efigênia
(Figura 9.15A, Figura 9.15B). As concentrações mais elevadas de cromo foram determinadas na
amostra do ponto P2S1 (148,56 mg/kg) e na amostra do ponto P2JX1 (152,56 mg/kg). Os sedimentos
da estação de seca exibiram conteúdos mais elevados de Cr, o que foi mais efetivamente notado no
sedimento de corrente do ponto P2S1.
Com exceção das amostras - P1S1 e P1S3 - todos os sedimentos de fundo apresentaram
concentrações acima de 37,3 mg/kg, que é o valor definido para o nível TEL. Porém, somente as
amostras de sedimento de fundo - P1S4, P2S1 e P3S1 apresentaram concentrações maiores do que
aquelas definidas para o nível PEL, ou seja, nesses pontos o cromo pode causar efeitos tóxicos em
organismos aquáticos.
Cr
180
150
120
90
60
30
0
Conc. (mg/kg)
Conc. (mg/kg)
Cr
P1EX1
(A)
P1EX2
P2JG
P2J
Sedimentos
P2JX1
P2JX2
180
150
120
90
60
30
0
P1S1
seca
(B)
chuva
P1S2
P1S3
P1S4
P2S1
Sedimentos de fundo
Figura 9.15: Concentração de Cr em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
103
P3S1
P4S1
seca
chuva
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Chumbo e Zinco
O elemento chumbo apresenta uma variação de concentração muito pequena entre as estações
de seca e chuva (Figura 9.16A, Figura 9.16B), enquanto que o zinco apresenta uma maior variação
sazonal de concentração (Figura 9.17A, Figura 9.17B).
Os sedimentos possuem um conteúdo em chumbo com valores na faixa de 3,52 a 71,0 mg/kg,
enquanto que os sedimentos de fundo apresentam concentrações variando de 8,74 a 64,50 mg/kg
(Figura 9.16A, Figura 9.16B). O zinco apresenta concentrações que variam de 26,52 a 245,79 mg/kg
em sedimentos, e de 56,39 a 265,08 mg/kg em sedimentos de fundo (Figura 9.17A, Figura 9.17B).
Para o elemento Pb, verifica-se que, somente as amostras P2S1 (58,70 mg/kg), P2S1-c (43,6 mg/kg) e
P3S1 (64,50 mg/kg) possuem concentrações maiores do que as definidas para o índice TEL (35,0
mg/kg). Porém, nenhuma das amostras atingiu o nível PEL, onde são esperados que ocorram efeitos
negativos sobre os organismos. Nas amostras de sedimento de fundo, o elemento Zn também não
apresentou concentrações acima do nível PEL (315 mg/kg); somente as amostras P2S1 (231,78
mg/kg), P3S1 (265,08 mg/kg) e P4S1 (132,88 mg/kg) exibiram valores acima do nível TEL, ou seja,
superiores a 123,0 mg/kg.
O chumbo e o zinco são encontrados em baixas concentrações nas amostras de sedimento de
fundo coletadas dentro da antiga mina do Piquete, com valores equivalentes a 8,74 mg/kg de Pb e
56,64 mg/kg de Zn na estação seca, e a 15,70 mg/kg de Pb e 85,28 mg/kg de Zn na estação chuvosa
(ponto P1S1). Na região da antiga mina de Santa Efigênia, as concentrações de chumbo e zinco se
encontram mais acentuadas, atingindo valores de 58,70 mg/kg de Pb e 231,78 mg/kg de Zn na estação
seca, no ponto P2S1 (Figura 9.16B, Figura 9.17B). Porém, para os sedimentos de fundo, os teores
mais elevados de chumbo e de zinco foram determinados na amostra da Lagoa do Gambá, e
correspondem a 64,50 mg/kg de Pb e de 265,08 mg/kg de Zn. Nesse ponto (P3S1), além das
concentrações de chumbo e zinco derivadas das fontes litogênicas, pode haver uma contribuição de
fontes antropogênicas, já que existem relatos locais de que algum material bélico foi descartado dentro
dessa lagoa.
Os elementos chumbo e zinco apresentam uma correlação positiva entre si (Figura 9.18A).
Além disso, o chumbo também apresenta uma correlação positiva com o ferro (cf. Figura 9.18B).
104
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Pb
Pb
Conc. (mg/kg)
Conc. (mg/kg)
80
60
40
20
80
60
40
20
0
0
P1EX1
P1EX2
P2JG
P2J
P2JX1
Sedimentos
(A)
P1S1
P2JX2
seca
P1S2
P1S4
P2S1
P3S1
P4S1
seca
Sedimentos de fundo
(B)
chuva
P1S3
chuva
Figura 9.16: Concentração de Pb em amostras de sedimento (A) e de sedimento de fundo (B).
Zn
Zn
Conc. (mg/kg)
Conc. (mg/kg)
300
250
200
150
100
50
0
300
200
100
0
P1S1
P1EX1
P1EX2
(A)
P2JG
P2J
P2JX1
seca
Sedimentos
P1S2
P1S3
P2JX2
P2S1
P3S1
P4S1
seca
Sedimentos de fundo
(B)
chuva
P1S4
chuva
Figura 9.17: Concentração de Zn em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
Pb x Fe
Pb x Zn
R 2 = 0,8468
Zn (mg/kg)
R2 = 0,7747
300
250
200
150
100
50
0
400000
300000
200000
100000
0
0
10
20
30
40
50
60
70
0
Pb (mg/kg)
(A)
(B)
10
20
30
40
50
60
70
P b (mg /kg )
Figura 9.18: Correlação positiva entre - Pb e Zn (A), Pb e Fe (B) - em amostras de sedimento de fundo.
Vanádio
O vanádio é encontrado em baixas concentrações nos sedimentos e sedimentos de fundo da
região da antiga mina do Piquete (Figura 9.19A, Figura 9.19B). Na região da antiga mina de Santa
Efigênia, as concentrações de vanádio são mais elevadas, e alcançam valores de cerca de 120 mg/kg
nos sedimentos de fundo. Porém, o maior conteúdo em vanádio foi encontrado no Córrego do Bigode
(P1S4), cujos sedimentos apresentaram um teor de 130,66 mg/kg nesse elemento, em estação seca. O
vanádio possui correlações positivas com os elementos ferro e cromo, conforme exibido na Figura
9.20A e na Figura 9.20B.
105
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
V
V
150
Conc. (mg/kg)
100
80
60
40
20
120
90
60
30
0
0
P 1EX1
P 1EX2
(A)
P 2J G
P 2J
P 2J X1
P1S1
P 2J X2
P1S3
P1S4
P2S1
P3S1
P4S1
seca
Sedimentos de fundo
(B)
sec a
S e di me nt o s
P1S2
chuva
c huva
Figura 9.19: Concentração de V em amostras de sedimento (A) e de sedimento de fundo (B).
V x Fe
V x Cr
2
R = 0,9078
400000
200
300000
150
Cr (mg/kg)
Fe (mg/kg)
R2 = 0,7266
200000
100000
100
50
0
0
0
30
60
90
120
V (mg/kg)
(A)
0
150
30
60
90
120
150
V (mg/kg)
(B)
Figura 9.20: Correlação positiva entre - V e Fe (A), V e Cr (B) - em amostras de sedimento de fundo.
Molibdênio
As amostras investigadas possuem baixíssimas concentrações de molibdênio. O teor mais
elevado desse elemento foi encontrado no sedimento argiloso da região da antiga mina de Santa
Efigênia (P2JG), e equivale a 12,34 mg/kg (Figura 9.21A). Para os sedimentos de fundo, não se
observam concentrações mais elevadas de Mo nos pontos das minas, do que nos outros pontos (Figura
9.21B). Verifica-se uma variação sazonal para a concentração de molibdênio nas amostras dos
sedimentos do ponto P2J e dos sedimentos de fundo do ponto P1S1 (Figura 9.21A, Figura 9.21B).
Mo
Conc. (mg/kg)
Mo
15
8
12
6
9
4
6
2
3
0
0
P1EX1
P1EX2
P2JG
P2J
P2JX1
Sedimentos
(A)
P 1S 1
P2JX2
seca
(B)
P 1S 2
P 1S 3
P 1S 4
P 2S 1
S e di me nt os de f undo
P 3S 1
P 4S 1
seca
chuva
Figura 9.21: Concentração de Mo em amostras de sedimentos (A) e de sedimento de fundo (B).
Cádmio
Nas amostras analisadas, o conteúdo de cádmio nos sedimentos permaneceu praticamente
inalterado entre as estações de seca e chuva. As concentrações para esse elemento em sedimentos
variaram entre 7,27 e 69,3 mg/kg (Figura 9.22A); em sedimentos de fundo, os valores se encontram
entre 4,52 e 57,9 mg/kg (Figura 9.22B).
106
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
As maiores concentrações de cádmio em sedimentos de fundo foram dosadas nas amostras da
antiga mina de Santa Efigênia (P2S1). Já as amostras de sedimentos de fundo da região da antiga mina
do Piquete exibiram baixos conteúdos de Cd. Em relação à toxicidade, pode-se dizer que todos os
sedimentos possuem níveis críticos de cádmio, bem superiores ao nível PEL, que é de 3,5 mg/kg.
Verifica-se que existe uma vinculação do cádmio com outros elementos, compondo
correlações positivas, como: Cd e Fe, Cd e V e Cd e Pb, exibidas nas Figuras: 9.23A, 9.23B e 9.23C,
respectivamente. Nota-se também um comportamento bastante similar entre os elementos ferro e
cádmio nos sedimentos de fundo (cf. Figura 9.3B, Figura 9.22B). Esse comportamento e a correlação
existente entre esses dois elementos sugerem uma fonte comum, como os sulfetos, ou ainda, a retenção
de cádmio nos óxidos de ferro.
Cd
Cd
80
Conc. (mg/kg)
80
60
40
20
0
P 1EX1
P 1EX2
P 2J G
P 2J
P 2J X1
(A)
40
20
0
P 2J X2
P1S1
seca
S e di me nt o s
60
P1S2
(B)
chuva
P1S3
P1S4
P2S1
P3S1
P4S1
seca
Sedimentos de fundo
chuva
Figura 9.22: Concentração de Cd em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
Cd x Fe
Cd x V
R 2 = 0,7276
R 2 = 0,9967
150
300000
V (mg/kg)
Fe (mg/kg)
400000
200000
100000
100
0
0
0
(A)
50
10
20
30
40
50
60
0
10
20
(B)
Cd (mg/kg)
30
40
50
60
Cd (mg/kg)
Cd x Pb
R 2 =0,8604
80
60
40
20
0
0
10
20
30
40
50
60
C d (mg /kg )
(C)
Figura 9.23: Correlação positiva entre- Cd e Fe (A),
de fundo.
107
Cd e V (B), Cd e Pb (C) - em amostras de sedimentos
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Tabela 9.1: Concentrações de metais (máximas e mínimas) definidas em amostras de sedimentos de fundo e os
níveis críticos TEL e PEL (Environmental Canada 1999a).
Elementos
P1 e P2
C. mín.
*
C. máx.
Níveis críticos
*
TEL
**
PEL
Fe (%)
2,780
33,356
-
Al (%)
0,475
5,05
-
-
Mn (%)
0,0123
0,6750
-
-
Ca (%)
0,0094
0,5171
-
-
V (mg/kg)
16,22
130,66
-
-
Cr (mg/kg)
21,15
148,56
37,3
90
Co (mg/kg)
4,11
49,93
-
-
Ni (mg/kg)
9,61
77,7
-
-
Cu (mg/kg)
31,46
179,13
35,7
197,0
Zn (mg/kg)
56,39
231,78
123
315
As (mg/kg)
<1,08
273,4
5,9
17,0
Mo (mg/kg)
<1,39
7,04
-
-
Pb (mg/kg)
8,74
58,7
35,0
91,3
Li (mg/kg)
0,54
9,43
-
-
Cd (mg/kg)
4,52
57,9
0,6
3,5
TEL (Threshold Effect Level) - nível abaixo do qual não são esperados efeitos adversos sobre os organismos aquáticos.
**
PEL (Probable Effect Level) - nível acima do qual são esperados efeitos adversos sobre os organismos aquáticos.
9.3. CONCLUSÕES
Os sedimentos de corrente situados na região da antiga mina de Santa Efigênia e
circunvizinhanças (P2) possuem uma alta concentração de metais. As maiores concentrações para
vários elementos químicos (Fe, Al, Mn, Ca, Li, Cr, Pb, Zn, Cd) foram determinadas para a estação de
seca, no sedimento de fundo P2S1.
Verificou-se, também, que o sedimento de fundo da Lagoa do Gambá possui altas
concentrações de alguns elementos, tais como: Al, Mn, Ca, Pb e Zn.
108
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Na região do Piquete, observa-se que a sazonalidade influencia diretamente a acumulação de
metais nos sedimentos. Durante a estação chuvosa, quando ocorre a geração de drenagem ácida no
ambiente da mina do Piquete, alguns elementos podem ser lixiviados e, posteriormente, acumulados
nos sedimentos. Nesse ponto, pode ser observado que a amostra de sedimento de fundo coletada em
estação de chuva (P1S1-c) possui uma concentração maior de vários elementos (Fe, Mn, As, Cd, Ni,
Co, Cu, Li, Cr, Pb, Zn, V, Mo) do que a amostra coletada em estação de seca. Também nessa região,
se observa, dentre todas as amostras coletadas, que as maiores concentrações de As, Co e Cu se
encontram no sedimento de fundo P1S1-c. Durante a estação de seca, não foram observados níveis
mais elevados de metais nesse ponto, tendo-se em vista as outras regiões investigadas. No entanto, a
concentração de Cu nesse sedimento (P1S1) é mais elevada do que a do ponto situado à jusante
(P1S4), enquanto que as concentrações de Co permanecem com valores semelhantes nesses dois
pontos.
Um outro aspecto que pode ser observado nos sedimentos relaciona-se à presença de níveis
mais elevados de cálcio nos sedimentos de fundo da região P2. As altas concentrações desse elemento
nos sedimentos devem neutralizar algum eventual ácido, de maneira que os elementos não possam ser
lixiviados com uma maior intensidade, durante a estação de chuva. Desse modo, não haveria um
contraste tão elevado de concentração entre as duas estações. De modo contrário, observa-se que o
baixo conteúdo de cálcio nos sedimentos da mina do Piquete não é suficiente para neutralizar o ácido
gerado pela oxidação da pirita. Observou-se que alguns sedimentos (óxidos, hidróxidos e
argilominerais, essencialmente) contiveram um conteúdo mais elevado de elementos traço (As, Ni, Co,
Li, Pb, Cd) do que os sedimentos de fundo. Como os sedimentos possuíram teores mais elevados de Fe
e Al do que os sedimentos de fundo, pode-se verificar que os metais se acumulam mais nas fases
óxido-hidróxidos de Fe e Al; tal fato pode ser explicado pela propriedade que esses compostos
possuem de adsorverem metais.
Em relação à toxicidade, alguns elementos químicos (As, Cr, Cd) apresentaram níveis críticos.
O As excedeu o nível PEL no ponto da mina do Piquete, nas duas estações (P1S1, P1S1-c). Já o Cr
excedeu o nível PEL em três pontos, sendo um deles correspondente àquele da antiga mina de Santa
Efigênia - P2S1. O Cd apresentou, em todas as amostras, concentrações maiores do que as definidas
para o nível PEL, sendo os valores mais elevados nas regiões das antigas minas do que nas
circunvizinhanças. Alguns elementos apresentaram concentrações acima do nível TEL, no qual não se
descarta o caráter tóxico. Na maioria das amostras de sedimento de fundo, verificou-se que o Cu e o
Cr excederam esse nível. Para o Pb e o Zn, foram determinadas concentrações acima do nível TEL
para sedimentos de fundo da Lagoa do Gambá e da antiga mina de Santa Efigênia. Também o ponto
P4S1, localizado no Ribeirão do Carmo, apresentou uma concentração de Zn considerada acima do
nível PEL.
109
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Como esse estudo possui um enfoque ambiental, conclui-se que os elementos que atingiram
níveis críticos podem apresentar um caráter tóxico para a biota.
110
CAPÍTULO 9
GEOQUÍMICA DE SEDIMENTOS
9.1. INTRODUÇÃO
O estudo envolvendo sedimentos compreendidos nas regiões das antigas minas de pirita e
circunvizinhanças (Quadro 9.1, Anexo 2) permitiu caracterizar o conteúdo de alguns elementos
químicos contidos nesses materiais. O propósito primordial de tal estudo visou verificar se a região
encontra-se contaminada por metais, principalmente por aqueles vinculados aos depósitos sulfetados
(e.g. Zn, Cu, Pb). Para que fosse diagnosticada uma possível contaminação de metais nessas regiões,
foram escolhidos alguns pontos fora da área de influência das minas. Tal procedimento foi adotado a
fim de se estabelecer valores de concentração de metais, sem a contribuição do enriquecimento em
sulfetos, ou das atividades mineiras, que aceleram a liberação de elementos para o meio. Deve-se,
porém, considerar que, dentre as regiões escolhidas fora das minas, somente os pontos P1S2 e P1S3
foram preliminarmente consideradas como áreas não poluídas (àquelas que não causam efeitos
degradantes, gerados por atividades humanas, sobre o ambiente). Esses pontos recebem contribuições
de águas e sedimentos originários de algumas nascentes próximas, assim como de um pequeno curso
d’água do sopé da Serra do Itacolomi. Os sedimentos do ponto P4S1, pertencentes ao Ribeirão do
Carmo, são considerados contaminados (por esgotos, resíduos de empresa) e foram analisados
somente a título de comparação, por estarem situados à montante da antiga mina de Santa Efigênia.
Para a análise dos sedimentos de fundo, foram coletadas 7 amostras em estação de seca (P1S1,
P1S2, P1S3, P1S4, P2S1, P3S1, P4S1) e 2 amostras em estação chuvosa (P1S1-c, P2S1-c), sendo
essas últimas pertencentes às regiões das duas minas. Fora dos cursos d’água, também foram coletados
sedimentos correspondentes a óxidos/hidróxidos na região da antiga mina do Piquete (P1EX1,
P1EX2). De maneira similar, foram coletados sedimentos (rejeito) na antiga mina de Santa Efigênia,
em estação de seca (P2J) e de chuva (P2J-c). Além dessas amostras, procurou-se selecionar, dentro do
material de rejeito, uma amostra contendo material essencialmente argiloso (P2JG), bem como
amostras representativas da fase óxido/hidróxido de ferro (P2JX1, P2JX2). O propósito de analisar as
amostras - P1EX1, P1EX2, P2JG, P2JX1, P2JX2 - advém do interesse em verificar a existência de
minerais secundários, típicos de regiões ácidas. Também é interessante definir a química desses
sedimentos, uma vez que muitos trabalhos demonstram a precipitação de metais junto a materiais
argilosos e de composição ferruginosa.
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Quadro 9.1: Sedimentos e suas respectivas regiões amostradas.
Ponto
Região
Mina Piquete
P1
Montante da Mina Piquete
Jusante da Mina Piquete
(Bigode Chinês)
Mina Santa Efigênia
(Ribeirão do Carmo)
P2
Mina Santa Efigênia
(margens do Ribeirão do Carmo)
Est. seca
Est. chuva
Classificação
P1S1
P1S1-c
sedimentos de fundo
P1S2
P1S3
P4
Lagoa do Gambá
Montante da Mina Santa Efigênia
(Ribeirão do Carmo - Barra)
sedimentos de fundo
P1S4
P2S1
P2S1-c
sedimentos de fundo
P2J
P2JX1
P2JX2
P2J-c
P3S1
material de rejeito
material de rejeito
composto essencialmente
de óxidos/hidróxidos
material de rejeito
composto essencialmente
de argila
sedimento de fundo
P4S1
sedimento de fundo
P2JG
P3
sedimentos compostos
essencialmente de
óxidos/hidróxidos
P1EX1
P1EX2
9.2. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
9.2.1. Caracterização mineralógica
A caracterização mineralógica de todos os sedimentos foi realizada na fração <0.063mm, por
difratometria de raios-X. Algumas amostras de sedimentos (P1EX1, P1EX2, P2JX1) foram analisadas
via Espectroscopia Mössbauer. Esse método foi utilizado a fim de se verificar a existência de minerais
secundários típicos de drenagem ácida, tais como jarosita (KFe3(SO4)2(OH)6) e schwertmannita
(Fe16O16(OH)12(SO4)3); porém, tais minerais não foram encontrados nas amostras investigadas.
Os sedimentos coletados apresentam granulometrias muito variadas, que comportam as
frações: silte, argila, areia, cascalho e seixos. Somente para a amostra da Lagoa do Gambá (P3S1), o
sedimento se encontra em uma fração muito fina (silte-argila). Em vários pontos, onde os sedimentos
de fundo foram amostrados (regiões P1, P2 e P4), podem ser observados ainda, a presença de
fragmentos de rocha filítica e, secundariamente, de rochas quartzíticas com conteúdos variáveis de
ferro.
94
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
De um modo geral, pode-se dizer que os sedimentos das regiões estudadas são compostos
predominantemente por quartzo, moscovita, goethita, hematita e caulinita. Todas as amostras são
compostas por quartzo (SiO2) e caulinita (Al2Si2O5(OH)4). A moscovita, determinada nas amostras de
sedimentos (P1S1, P1S2, P1S3, P1S4, P2S1, P4S1, P1EX1, P2J, P2J-c, P2JG), é a do tipo vanádio e
bário, de fórmula: (K, Ba, Na)0,75(Al, Mg, Cr, V)2 (Si, Al, V)4O10, conforme exibido nos difratogramas
de dois sedimentos das áreas das minas (Anexo 10). Os minerais ferruginosos - hematita e goethita foram determinados tanto por difratometria de raios-X quanto por Espectroscopia Mössbauer (nas
amostras em que esse segundo método foi utilizado). A goethita (FeOOH)) foi determinada em
praticamente todas as amostras (à exceção dos sedimentos de fundo P1S2 e P1S3). A hematita foi
determinada nas amostras: P1S4, P1EX1, P2S1, P2J, P2JX1. A pirita (FeS2) somente foi identificada
nas amostras de rejeito: P2J e P2JX1. Porém, cristais de pirita podem ser visualizados a olho nu, nos
sedimentos de corrente da antiga mina do Piquete. Também os materiais de rejeito coletados na antiga
mina de Santa Efigênia apresentaram o mineral gibbsita (Al(OH)3) em sua composição.
9.2.2. Análises químicas
A análise química dos sedimentos permitiu que fossem determinadas, a partir de
espectrometria de emissão ótica com plasma acoplado (ICP-OES), as concentrações dos 27 elementos
químicos: Na, K, Ca, Ti, V, Cr, Mn, Co, Ni, Cu, Zn, As, Sr, Y, Zr, Mo, Ba, Pb, Fe, Li, Be, P, Sc, Th,
Cd, Al, Mg (Anexos 11 e 12). Por se tratar de um trabalho que visa determinar se existe uma alta
concentração de elementos pesados, serão aqui discutidos somente os resultados dos dados referentes
aos mesmos. Serão aqui também discutidos os conteúdos e os comportamentos dos elementos - Fe, Al,
Mn e Ca, nos sedimentos da região. É importante, porém, salientar que foi realizada uma abertura
parcial para os sedimentos. De acordo com a metodologia utilizada, alguns sedimentos se
solubilizaram completamente, outros não.
No Brasil, não existe uma legislação que estabelece os teores máximos críticos de metais em
sedimentos. Então, as concentrações dos elementos definidos para os sedimentos estudados neste
trabalho serão comparadas, como aproximação, com os níveis críticos estabelecidos pela agência
ambiental canadense (Environmental Canada 1999a). Essa instituição estabelece dois níveis: TEL
(Threshold Effect Level), que corresponde ao nível abaixo do qual não são esperados efeitos adversos
sobre os organismos aquáticos, e PEL (Probable Effect Level), que é a concentração acima da qual são
esperados efeitos adversos sobre os organismos aquáticos. Porém, esses níveis não foram definidos
para todos os metais (cf. Tabela 9.1).
95
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Elementos maiores
Tanto nas amostras de sedimentos quanto nas amostras de sedimentos de fundo, podem ser
observados altos conteúdos em ferro, e, secundariamente, em alumínio; já o cálcio e manganês são
encontrados em concentrações bem mais inferiores, sendo mais acumulados somente em algumas
amostras (Figura 9.1, Anexo 11; Figura 9.2, Anexo 12).
Conc. (%)
60
Ca
50
Mn
40
Al
Fe
30
20
P2JX2
P2JX1
P2J-c
P2J
P2JG
P1EX2
0
P1EX1
10
Amostras de sedimentos
Figura 9.1: Concentração de elementos maiores (Ca, Mn, Al, Fe) em sedimentos.
40
Ca
Mn
Conc. (%)
30
Al
Fe
20
P4S1
P3S1
P2S1-c
P2S1
P1S4
P1S3
P1S2
P1S1-c
0
P1S1
10
Amostras de sedimentos de fundo
Figura 9.2: Concentração de elementos maiores (Ca, Mn, Al, Fe) em sedimentos de fundo.
Ferro
O ferro é o elemento que se apresenta com os maiores teores nas amostras. Para os sedimentos
(óxidos, hidróxidos e argilas), a concentração mais elevada é encontrada no material mais argiloso
(P2JG), que contém 47,14% de Fe (Figura 9.3A). Para os sedimentos de fundo, foram dosadas
concentrações de 2,78% a 33,36% de Fe, onde os maiores valores foram definidos nas amostras da
região da antiga mina de Santa Efigênia (Figura 9.3B).
96
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Também o sedimento da região da Lagoa do Gambá (P3S1) contém uma alta concentração em
ferro, devido à presença de coberturas lateríticas, que envolvem a lagoa. A abundância em ferro nos
sedimentos reflete a mineralogia das rochas da região, que compreende filitos hematíticos, além de
lentes de quartzitos ferruginosos e de material do tipo “borra de café”.
As variações de concentração verificadas para o ferro, entre as estações de seca e de chuva,
são muito pequenas (Figura 9.3A, Figura 9.3B).
Fe
Fe
40
30
Conc. (%)
Conc. (%)
60
40
20
20
10
0
P1EX1
P1EX2
(A)
P2JG
P2J
P2JX1
0
P2JX2
P1S1
(B)
seca
Sedimentos
P1S2
P1S3
P1S4
P2S1
P3S1
Sedimentos de fundo
chuva
P4S1
seca
chuva
Figura 9.3: Concentração de Fe em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
Alumínio
As concentrações de alumínio dosadas nos sedimentos possuem valores da ordem de 0,736 a
11,94% (Figura 9.4A). Nos sedimentos de fundo, as concentrações se encontram entre 0,47 e 5,05%
(Figura 9.4B). As concentrações de Al em sedimentos de fundo apresentaram pequenas variações,
entre as estações de seca e de chuva, com exceções dos pontos situados no Ribeirão do Carmo (cf.
Figura 9.4B). Para os sedimentos de fundo, o valor mais alto de concentração de alumínio (5,05%) foi
dosado na Lagoa do Gambá. Circundando essa lagoa, existem depósitos de coberturas lateríticas, que
acumulam minerais como a gibbsita - Al(OH)3, que constitui a principal fonte de alumínio nesse
ponto.
Al
Al
6
Conc. (%)
Conc. (%)
15
10
5
2
0
0
P1EX1
(A)
4
P1EX2
P2JG
P2J
P2JX1
P1S1
P2JX2
(B)
seca
Sedimentos
P1S2
P1S3
P1S4
Sedimentos de fundo
chuva
Figura 9.4: Concentração de Al em amostras de sedimento (A) e de sedimentos de fundo (B).
97
P2S1
P3S1
P4S1
seca
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Manganês
Para o manganês, a variação de concentração encontrada nos sedimentos, de modo geral, é
muito pouco expressiva entre as estações de seca e de chuva (Figura 9.5A, Figura 9.5B). Observaramse teores maiores de Mn (1,99%) no sedimento de fundo da Lagoa do Gambá (P3S1).
Subordinadamente, também o sedimento de fundo Ribeirão do Carmo (P2S1) apresentou um alto teor
em Mn, da ordem de 0,67%. Os altos teores de Mn estão, muito provavelmente relacionados com o
material manganesífero do tipo “borra de café”, que ocorre como lentes na região.
Mn
Mn
2,5
1
2
Conc. (%)
Conc. (%)
0,8
0,6
0,4
0,2
0
1,5
1
0,5
0
P1EX1
P1EX2
P2JG
P2J
P2JX1
P1S1
seca
Sedimentos
(A)
P2JX2
P1S2
P1S4
P2S1
P3S1
P4S1
seca
Sedimentos de fundo
(B)
chuva
P1S3
chuva
Figura 9.5: Concentração de Mn em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
Cálcio
Para a amostra de sedimento P2J, praticamente não existe variação de concentração entre as
estações de seca e de chuva (Figura 9.6A). Existe uma variação expressiva para a amostra do ponto
P2S1 (Figura 9.6B); o maior conteúdo de Ca em sedimento de fundo (0,52%) foi determinado na
amostra do ponto P2S1, próximo às rochas carbonáticas existentes nesse local. Também o sedimento
de fundo da Lagoa do Gambá (P3S1) exibiu um alto teor em cálcio (1,06%). Nessa região, o elevado
conteúdo de cálcio pode estar associado à ocorrência de material originário da alteração de rochas
dolomíticas.
Ca
1
1,2
0,8
0,9
Conc. (%)
Conc. (%)
Ca
0,6
0,4
0,2
0
0,3
0
P1EX1
(A)
0,6
P1EX2
P2JG
P2J
Sedimentos
P2JX1
P1S1
P2JX2
seca
(B)
chuva
P1S2
P1S3
P1S4
P2S1
Sedimentos de fundo
Figura 9.6: Concentração de Ca em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
98
P3S1
P4S1
seca
chuva
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Elementos menores
Nas amostras de sedimento e, principalmente nas de sedimento de fundo, verifica-se uma
variação sazonal para a concentração de quase todos os elementos aqui descritos (Anexo 12; Figura
9.7, Figura 9.8). Observa-se que, para a região do Piquete, a amostra de sedimento de fundo (P1S1)
coletada em estação de chuva possui uma concentração maior de metais (As, Cd, Ni, Co, Cu, Li, Cr,
Pb, Zn, V, Mo) do que a amostra coletada em estação de seca. Este fato pode ser associado à lixiviação
desses metais das rochas e sulfetos, ou ainda, ao carreamento de partículas desses depósitos e a sua
Cd
1000
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
Li
Pb
Mo
As
Zn
Cu
Ni
P2JX2
P2JX1
P2J-c
P2JG
P2J
Co
P1EX2
P1EX1
Conc. (mg/kg)
deposição no leito do curso d’água.
Cr
V
Am ostras de sedim entos
Figura 9.7: Concentração de elementos menores (Cd, Li, Pb, Mo, As, Zn, Cu, Ni, Co, Cr, V) em amostras de
sedimentos.
Já para a região da antiga mina do Padre Faria, observa-se que, para o sedimento de fundo P2S1, a concentração de praticamente todos os metais aqui descritos, à exceção do Mo, se encontra
mais elevada na estação de seca. Para o material de rejeito (P2J), a grande maioria dos elementos tende
Cd
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
Li
Pb
Mo
As
Zn
Cu
Ni
P4S1
P3S1
P2S1-c
P2S1
P1S4
P1S3
P1S2
P1S1-c
Co
P1S1
Conc. (mg/kg)
a se concentrar mais durante a estação de seca.
Cr
V
Amostras de sedimentos de fundo
Figura 9.8: Concentração de elementos menores (Cd, Li, Pb, Mo, As, Zn, Cu, Ni, Co, Cr, V) em amostras de
sedimentos de fundo.
99
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Arsênio
O arsênio apresentou um comportamento bastante variável nas amostras investigadas. Para os
sedimentos, foram determinadas altas concentrações de As nas amostras (Figura 9.9A): P1EX1 (566
mg/kg), P2J (78,3 mg/kg), P2J-c (36,32 mg/kg) e P2JX1 (261,7 mg/kg). Os valores mais elevados de
arsênio em sedimentos de fundo (Figura 9.9B) foram encontrados nas amostras da antiga mina do
Piquete. Nessa região, determinou-se um conteúdo de 158,4 mg/kg na estação seca (P1S1) e de 273,4
mg/kg na estação chuvosa (P1S1-c). Essas amostras possuem um conteúdo de As muito maior do que
os limites críticos TEL (concentração abaixo da qual não são esperados efeitos adversos nos
organismos) e PEL (concentração acima da qual são esperados efeitos adversos), que possuem valores
de 5,9 mg/kg e 17,0 mg/kg, respectivamente. As demais amostras de sedimentos e de sedimentos de
fundo exibiram baixos conteúdos de As, que para quase todas elas, se encontram menores que 1,0
mg/kg de As.
Um maior conteúdo em arsênio nas regiões das antigas minas de pirita pode estar vinculado à
comum associação desse elemento com os depósitos de pirita. Porém, não foi registrada a presença de
minerais de As, como a arsenopirita, em nenhuma das amostras investigadas. Então, pode ser que
existam quantidades muito pequenas desse mineral, ou então, que o As pode estar associado a outro
mineral. Na amostra de sedimento da antiga mina do Piquete, observa-se que o arsênio alcança
maiores valores de concentração na estação de chuva, devido a sua lixiviação das rochas, o que pode
causar sua adsorção aos sedimentos. Comportamento semelhante também foi observado para esse
elemento nas amostras de água.
As
300
Conc. (mg/kg)
Conc. (mg/kg)
As
600
500
400
300
200
100
0
P1EX1
(A)
P1EX2
P2JG
P2J
Sedimentos
P2JX1
250
200
150
100
P2JX2
50
0
P1S1
seca
(B)
chuva
P1S2
P1S3
P1S4
P2S1
Sedimentos de fundo
P3S1
P4S1
seca
chuva
Figura 9.9: Concentração de As em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
100
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Níquel, Cobalto e Cobre
Esses três elementos exibiram comportamentos bastante similares entre si, no que diz respeito
às variações sazonais (Figura 9.10, Figura 9.11 e Figura 9.12). Nas amostras de sedimentos de fundo,
notou-se concentrações elevadas para esses três elementos, no ponto da antiga mina do Piquete, em
estação chuvosa (P1S1-c). Este fato pode estar associado à lixiviação de Ni, Co e Cu das rochas que
contêm os sulfetos, e nas quais esses elementos se encontram comumente associados. Para o
sedimento de fundo do ponto situado na antiga mina de Santa Efigênia, se observa um comportamento
inverso. O sedimento da estação de seca possui uma maior concentração de níquel, cobalto e cobre do
que o sedimento coletado em estação de chuva (ponto P2S1). Então, não parece haver uma
contribuição de material lixiviado que aumente o conteúdo dos elementos em questão nos sedimentos
dessa região.
O níquel apresentou valores máximos de concentração de 140,80 mg/kg, no sedimento do
ponto P1EX2 (Figura 9.10A), e de 77,70 mg/kg, no sedimento de fundo do ponto P2S1 (Figura
9.10B). Para o cobalto, verifica-se que os maiores teores correspondem a 232 mg/kg, determinado no
sedimento do ponto P1EX2 (Figura 9.11A), e a 49,93 mg/kg, determinado no sedimento de fundo do
ponto P1S1, em estação chuvosa (Figura 9.11B). Para as amostras de sedimentos de fundo, observa-se
que existe uma correlação positiva entre os elementos níquel e cobalto, onde R2 representa o
coeficiente de determinação (Figura 9.12).
Ni
Ni
100
Conc. (mg/kg)
Conc. (mg/kg)
150
120
90
60
30
80
60
40
20
0
0
P1EX1
P1EX2
(A)
P2JG
P2J
P2JX1
P2JX2
P1S1
seca
Sedimentos
P1S2
(B)
chuva
P1S3
P1S4
P2S1
P3S1
P4S1
seca
Sedimentos de fundo
chuva
Figura 9.10: Concentração de Ni em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
Co
Co
Conc. (mg/kg)
Conc. (mg/kg)
250
200
150
100
50
0
P1EX1
(A)
P1EX2
P2JG
P2J
Sedimentos
P2JX1
60
50
40
30
20
10
0
P1S1
P2JX2
seca
(B)
chuva
P1S2
P1S3
P1S4
P2S1
P3S1
Sedimentos de fundo
P4S1
seca
chuva
Figura 9.11: Concentração de Co em amostras de
sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
101
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Ni x Co
2
R = 0,814
60
50
40
30
20
10
0
0
20
40
60
80
N i (mg /kg )
Figura 9.12: Correlação positiva entre Ni e Co em amostras de sedimentos de fundo.
Para o cobre, as concentrações variaram de 41,65 a 158,50 mg/kg nos sedimentos (Figura
9.13A), e de 31,46 a 179,13 mg/kg nos sedimentos de fundo (Figura 9.13B). Os limites TEL e PEL
para o Cu são de 35,70 mg/kg, e de 197,0 mg/kg, respectivamente. Praticamente todas as amostras
apresentaram uma concentração acima do nível TEL, acima da qual não são esperados efeitos adversos
na saúde de organismos aquáticos. Apesar disso, nenhuma das amostras atingiu o nível PEL, que
representa o nível mais crítico.
Cu
Cu
200
Conc. (mg/kg)
200
150
100
50
150
100
0
50
0
P1EX 1
(A)
P1EX 2
P2JG
P2J
S ed imento
P2JX 1
P2JX 2
P1S1
seca
(B)
chuva
P1S2
P1S3
P1S4
P2S1
P3S1
Sedimentos de fundo
P4S1
seca
chuva
Figura 9.13: Concentração de Cu em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
Lítio
A máxima concentração obtida para o lítio é a de 52,0 mg/kg, verificada no sedimento do
ponto P1EX2 (Figura 9.14A), na antiga mina do Piquete. Para os sedimentos de fundo, os conteúdos
em lítio são muito baixos. O maior de concentração (9,43 mg/kg) foi determinado na amostra do ponto
P2S1, em estação de seca (Figura 9.14B). Nesse ponto, assim como no ponto pertencente à mina do
Piquete (P1S1), pode-se verificar uma certa variação sazonal na concentração desse elemento.
102
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Li
10
60
50
40
30
20
10
0
Conc. (mg/kg)
Conc. (mg/kg)
Li
P1EX1
P1EX2
(A)
P2JG
P2J
P2JX1
6
4
2
0
P2JX2
P1S1
seca
Sedimento
8
P1S2
(B)
chuva
P1S3
P1S4
P2S1
P3S1
P4S1
seca
Sedimentos de fundo
chuva
Figura 9.14: Concentração de Li em amostras de sedimento (A) e de sedimento de fundo (B).
Cromo
As concentrações de cromo variaram de 8,36 a 152,56 mg/kg nos sedimentos, e de 21,15 a
148,56 mg/kg nos sedimentos de fundo. As amostras pertencentes à região do Piquete possuem
concentrações inferiores de Cr, quando comparadas às amostras da região da mina de Santa Efigênia
(Figura 9.15A, Figura 9.15B). As concentrações mais elevadas de cromo foram determinadas na
amostra do ponto P2S1 (148,56 mg/kg) e na amostra do ponto P2JX1 (152,56 mg/kg). Os sedimentos
da estação de seca exibiram conteúdos mais elevados de Cr, o que foi mais efetivamente notado no
sedimento de corrente do ponto P2S1.
Com exceção das amostras - P1S1 e P1S3 - todos os sedimentos de fundo apresentaram
concentrações acima de 37,3 mg/kg, que é o valor definido para o nível TEL. Porém, somente as
amostras de sedimento de fundo - P1S4, P2S1 e P3S1 apresentaram concentrações maiores do que
aquelas definidas para o nível PEL, ou seja, nesses pontos o cromo pode causar efeitos tóxicos em
organismos aquáticos.
Cr
180
150
120
90
60
30
0
Conc. (mg/kg)
Conc. (mg/kg)
Cr
P1EX1
(A)
P1EX2
P2JG
P2J
Sedimentos
P2JX1
P2JX2
180
150
120
90
60
30
0
P1S1
seca
(B)
chuva
P1S2
P1S3
P1S4
P2S1
Sedimentos de fundo
Figura 9.15: Concentração de Cr em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
103
P3S1
P4S1
seca
chuva
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Chumbo e Zinco
O elemento chumbo apresenta uma variação de concentração muito pequena entre as estações
de seca e chuva (Figura 9.16A, Figura 9.16B), enquanto que o zinco apresenta uma maior variação
sazonal de concentração (Figura 9.17A, Figura 9.17B).
Os sedimentos possuem um conteúdo em chumbo com valores na faixa de 3,52 a 71,0 mg/kg,
enquanto que os sedimentos de fundo apresentam concentrações variando de 8,74 a 64,50 mg/kg
(Figura 9.16A, Figura 9.16B). O zinco apresenta concentrações que variam de 26,52 a 245,79 mg/kg
em sedimentos, e de 56,39 a 265,08 mg/kg em sedimentos de fundo (Figura 9.17A, Figura 9.17B).
Para o elemento Pb, verifica-se que, somente as amostras P2S1 (58,70 mg/kg), P2S1-c (43,6 mg/kg) e
P3S1 (64,50 mg/kg) possuem concentrações maiores do que as definidas para o índice TEL (35,0
mg/kg). Porém, nenhuma das amostras atingiu o nível PEL, onde são esperados que ocorram efeitos
negativos sobre os organismos. Nas amostras de sedimento de fundo, o elemento Zn também não
apresentou concentrações acima do nível PEL (315 mg/kg); somente as amostras P2S1 (231,78
mg/kg), P3S1 (265,08 mg/kg) e P4S1 (132,88 mg/kg) exibiram valores acima do nível TEL, ou seja,
superiores a 123,0 mg/kg.
O chumbo e o zinco são encontrados em baixas concentrações nas amostras de sedimento de
fundo coletadas dentro da antiga mina do Piquete, com valores equivalentes a 8,74 mg/kg de Pb e
56,64 mg/kg de Zn na estação seca, e a 15,70 mg/kg de Pb e 85,28 mg/kg de Zn na estação chuvosa
(ponto P1S1). Na região da antiga mina de Santa Efigênia, as concentrações de chumbo e zinco se
encontram mais acentuadas, atingindo valores de 58,70 mg/kg de Pb e 231,78 mg/kg de Zn na estação
seca, no ponto P2S1 (Figura 9.16B, Figura 9.17B). Porém, para os sedimentos de fundo, os teores
mais elevados de chumbo e de zinco foram determinados na amostra da Lagoa do Gambá, e
correspondem a 64,50 mg/kg de Pb e de 265,08 mg/kg de Zn. Nesse ponto (P3S1), além das
concentrações de chumbo e zinco derivadas das fontes litogênicas, pode haver uma contribuição de
fontes antropogênicas, já que existem relatos locais de que algum material bélico foi descartado dentro
dessa lagoa.
Os elementos chumbo e zinco apresentam uma correlação positiva entre si (Figura 9.18A).
Além disso, o chumbo também apresenta uma correlação positiva com o ferro (cf. Figura 9.18B).
104
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Pb
Pb
Conc. (mg/kg)
Conc. (mg/kg)
80
60
40
20
80
60
40
20
0
0
P1EX1
P1EX2
P2JG
P2J
P2JX1
Sedimentos
(A)
P1S1
P2JX2
seca
P1S2
P1S4
P2S1
P3S1
P4S1
seca
Sedimentos de fundo
(B)
chuva
P1S3
chuva
Figura 9.16: Concentração de Pb em amostras de sedimento (A) e de sedimento de fundo (B).
Zn
Zn
Conc. (mg/kg)
Conc. (mg/kg)
300
250
200
150
100
50
0
300
200
100
0
P1S1
P1EX1
P1EX2
(A)
P2JG
P2J
P2JX1
seca
Sedimentos
P1S2
P1S3
P2JX2
P2S1
P3S1
P4S1
seca
Sedimentos de fundo
(B)
chuva
P1S4
chuva
Figura 9.17: Concentração de Zn em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
Pb x Fe
Pb x Zn
R 2 = 0,8468
Zn (mg/kg)
R2 = 0,7747
300
250
200
150
100
50
0
400000
300000
200000
100000
0
0
10
20
30
40
50
60
70
0
Pb (mg/kg)
(A)
(B)
10
20
30
40
50
60
70
P b (mg /kg )
Figura 9.18: Correlação positiva entre - Pb e Zn (A), Pb e Fe (B) - em amostras de sedimento de fundo.
Vanádio
O vanádio é encontrado em baixas concentrações nos sedimentos e sedimentos de fundo da
região da antiga mina do Piquete (Figura 9.19A, Figura 9.19B). Na região da antiga mina de Santa
Efigênia, as concentrações de vanádio são mais elevadas, e alcançam valores de cerca de 120 mg/kg
nos sedimentos de fundo. Porém, o maior conteúdo em vanádio foi encontrado no Córrego do Bigode
(P1S4), cujos sedimentos apresentaram um teor de 130,66 mg/kg nesse elemento, em estação seca. O
vanádio possui correlações positivas com os elementos ferro e cromo, conforme exibido na Figura
9.20A e na Figura 9.20B.
105
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
V
V
150
Conc. (mg/kg)
100
80
60
40
20
120
90
60
30
0
0
P 1EX1
P 1EX2
(A)
P 2J G
P 2J
P 2J X1
P1S1
P 2J X2
P1S3
P1S4
P2S1
P3S1
P4S1
seca
Sedimentos de fundo
(B)
sec a
S e di me nt o s
P1S2
chuva
c huva
Figura 9.19: Concentração de V em amostras de sedimento (A) e de sedimento de fundo (B).
V x Fe
V x Cr
2
R = 0,9078
400000
200
300000
150
Cr (mg/kg)
Fe (mg/kg)
R2 = 0,7266
200000
100000
100
50
0
0
0
30
60
90
120
V (mg/kg)
(A)
0
150
30
60
90
120
150
V (mg/kg)
(B)
Figura 9.20: Correlação positiva entre - V e Fe (A), V e Cr (B) - em amostras de sedimento de fundo.
Molibdênio
As amostras investigadas possuem baixíssimas concentrações de molibdênio. O teor mais
elevado desse elemento foi encontrado no sedimento argiloso da região da antiga mina de Santa
Efigênia (P2JG), e equivale a 12,34 mg/kg (Figura 9.21A). Para os sedimentos de fundo, não se
observam concentrações mais elevadas de Mo nos pontos das minas, do que nos outros pontos (Figura
9.21B). Verifica-se uma variação sazonal para a concentração de molibdênio nas amostras dos
sedimentos do ponto P2J e dos sedimentos de fundo do ponto P1S1 (Figura 9.21A, Figura 9.21B).
Mo
Conc. (mg/kg)
Mo
15
8
12
6
9
4
6
2
3
0
0
P1EX1
P1EX2
P2JG
P2J
P2JX1
Sedimentos
(A)
P 1S 1
P2JX2
seca
(B)
P 1S 2
P 1S 3
P 1S 4
P 2S 1
S e di me nt os de f undo
P 3S 1
P 4S 1
seca
chuva
Figura 9.21: Concentração de Mo em amostras de sedimentos (A) e de sedimento de fundo (B).
Cádmio
Nas amostras analisadas, o conteúdo de cádmio nos sedimentos permaneceu praticamente
inalterado entre as estações de seca e chuva. As concentrações para esse elemento em sedimentos
variaram entre 7,27 e 69,3 mg/kg (Figura 9.22A); em sedimentos de fundo, os valores se encontram
entre 4,52 e 57,9 mg/kg (Figura 9.22B).
106
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
As maiores concentrações de cádmio em sedimentos de fundo foram dosadas nas amostras da
antiga mina de Santa Efigênia (P2S1). Já as amostras de sedimentos de fundo da região da antiga mina
do Piquete exibiram baixos conteúdos de Cd. Em relação à toxicidade, pode-se dizer que todos os
sedimentos possuem níveis críticos de cádmio, bem superiores ao nível PEL, que é de 3,5 mg/kg.
Verifica-se que existe uma vinculação do cádmio com outros elementos, compondo
correlações positivas, como: Cd e Fe, Cd e V e Cd e Pb, exibidas nas Figuras: 9.23A, 9.23B e 9.23C,
respectivamente. Nota-se também um comportamento bastante similar entre os elementos ferro e
cádmio nos sedimentos de fundo (cf. Figura 9.3B, Figura 9.22B). Esse comportamento e a correlação
existente entre esses dois elementos sugerem uma fonte comum, como os sulfetos, ou ainda, a retenção
de cádmio nos óxidos de ferro.
Cd
Cd
80
Conc. (mg/kg)
80
60
40
20
0
P 1EX1
P 1EX2
P 2J G
P 2J
P 2J X1
(A)
40
20
0
P 2J X2
P1S1
seca
S e di me nt o s
60
P1S2
(B)
chuva
P1S3
P1S4
P2S1
P3S1
P4S1
seca
Sedimentos de fundo
chuva
Figura 9.22: Concentração de Cd em amostras de sedimentos (A) e de sedimentos de fundo (B).
Cd x Fe
Cd x V
R 2 = 0,7276
R 2 = 0,9967
150
300000
V (mg/kg)
Fe (mg/kg)
400000
200000
100000
100
0
0
0
(A)
50
10
20
30
40
50
60
0
10
20
(B)
Cd (mg/kg)
30
40
50
60
Cd (mg/kg)
Cd x Pb
R 2 =0,8604
80
60
40
20
0
0
10
20
30
40
50
60
C d (mg /kg )
(C)
Figura 9.23: Correlação positiva entre- Cd e Fe (A),
de fundo.
107
Cd e V (B), Cd e Pb (C) - em amostras de sedimentos
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Tabela 9.1: Concentrações de metais (máximas e mínimas) definidas em amostras de sedimentos de fundo e os
níveis críticos TEL e PEL (Environmental Canada 1999a).
Elementos
P1 e P2
C. mín.
*
C. máx.
Níveis críticos
*
TEL
**
PEL
Fe (%)
2,780
33,356
-
Al (%)
0,475
5,05
-
-
Mn (%)
0,0123
0,6750
-
-
Ca (%)
0,0094
0,5171
-
-
V (mg/kg)
16,22
130,66
-
-
Cr (mg/kg)
21,15
148,56
37,3
90
Co (mg/kg)
4,11
49,93
-
-
Ni (mg/kg)
9,61
77,7
-
-
Cu (mg/kg)
31,46
179,13
35,7
197,0
Zn (mg/kg)
56,39
231,78
123
315
As (mg/kg)
<1,08
273,4
5,9
17,0
Mo (mg/kg)
<1,39
7,04
-
-
Pb (mg/kg)
8,74
58,7
35,0
91,3
Li (mg/kg)
0,54
9,43
-
-
Cd (mg/kg)
4,52
57,9
0,6
3,5
TEL (Threshold Effect Level) - nível abaixo do qual não são esperados efeitos adversos sobre os organismos aquáticos.
**
PEL (Probable Effect Level) - nível acima do qual são esperados efeitos adversos sobre os organismos aquáticos.
9.3. CONCLUSÕES
Os sedimentos de corrente situados na região da antiga mina de Santa Efigênia e
circunvizinhanças (P2) possuem uma alta concentração de metais. As maiores concentrações para
vários elementos químicos (Fe, Al, Mn, Ca, Li, Cr, Pb, Zn, Cd) foram determinadas para a estação de
seca, no sedimento de fundo P2S1.
Verificou-se, também, que o sedimento de fundo da Lagoa do Gambá possui altas
concentrações de alguns elementos, tais como: Al, Mn, Ca, Pb e Zn.
108
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Na região do Piquete, observa-se que a sazonalidade influencia diretamente a acumulação de
metais nos sedimentos. Durante a estação chuvosa, quando ocorre a geração de drenagem ácida no
ambiente da mina do Piquete, alguns elementos podem ser lixiviados e, posteriormente, acumulados
nos sedimentos. Nesse ponto, pode ser observado que a amostra de sedimento de fundo coletada em
estação de chuva (P1S1-c) possui uma concentração maior de vários elementos (Fe, Mn, As, Cd, Ni,
Co, Cu, Li, Cr, Pb, Zn, V, Mo) do que a amostra coletada em estação de seca. Também nessa região,
se observa, dentre todas as amostras coletadas, que as maiores concentrações de As, Co e Cu se
encontram no sedimento de fundo P1S1-c. Durante a estação de seca, não foram observados níveis
mais elevados de metais nesse ponto, tendo-se em vista as outras regiões investigadas. No entanto, a
concentração de Cu nesse sedimento (P1S1) é mais elevada do que a do ponto situado à jusante
(P1S4), enquanto que as concentrações de Co permanecem com valores semelhantes nesses dois
pontos.
Um outro aspecto que pode ser observado nos sedimentos relaciona-se à presença de níveis
mais elevados de cálcio nos sedimentos de fundo da região P2. As altas concentrações desse elemento
nos sedimentos devem neutralizar algum eventual ácido, de maneira que os elementos não possam ser
lixiviados com uma maior intensidade, durante a estação de chuva. Desse modo, não haveria um
contraste tão elevado de concentração entre as duas estações. De modo contrário, observa-se que o
baixo conteúdo de cálcio nos sedimentos da mina do Piquete não é suficiente para neutralizar o ácido
gerado pela oxidação da pirita. Observou-se que alguns sedimentos (óxidos, hidróxidos e
argilominerais, essencialmente) contiveram um conteúdo mais elevado de elementos traço (As, Ni, Co,
Li, Pb, Cd) do que os sedimentos de fundo. Como os sedimentos possuíram teores mais elevados de Fe
e Al do que os sedimentos de fundo, pode-se verificar que os metais se acumulam mais nas fases
óxido-hidróxidos de Fe e Al; tal fato pode ser explicado pela propriedade que esses compostos
possuem de adsorverem metais.
Em relação à toxicidade, alguns elementos químicos (As, Cr, Cd) apresentaram níveis críticos.
O As excedeu o nível PEL no ponto da mina do Piquete, nas duas estações (P1S1, P1S1-c). Já o Cr
excedeu o nível PEL em três pontos, sendo um deles correspondente àquele da antiga mina de Santa
Efigênia - P2S1. O Cd apresentou, em todas as amostras, concentrações maiores do que as definidas
para o nível PEL, sendo os valores mais elevados nas regiões das antigas minas do que nas
circunvizinhanças. Alguns elementos apresentaram concentrações acima do nível TEL, no qual não se
descarta o caráter tóxico. Na maioria das amostras de sedimento de fundo, verificou-se que o Cu e o
Cr excederam esse nível. Para o Pb e o Zn, foram determinadas concentrações acima do nível TEL
para sedimentos de fundo da Lagoa do Gambá e da antiga mina de Santa Efigênia. Também o ponto
P4S1, localizado no Ribeirão do Carmo, apresentou uma concentração de Zn considerada acima do
nível PEL.
109
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Como esse estudo possui um enfoque ambiental, conclui-se que os elementos que atingiram
níveis críticos podem apresentar um caráter tóxico para a biota.
110
CAPÍTULO 10
GEOQUÍMICA DE SOLOS
10.1. FONTES DE METAIS EM SOLOS
Os solos possuem uma concentração natural de metais, podendo receber numerosas fontes de
contaminações externas. Os níveis naturais de metais pesados em solos são muito variáveis, e estão
intimamente relacionados aos materiais de origem e aos processos pedogenéticos. No entanto, essas
relações não são estabelecidas precisamente, devido à grande variabilidade química das rochas
(Alloway 1990, Fergusson 1990). Em nível mundial, Souza et al. (2003), em uma compilação de
dados geoquímicos, descrevem uma aproximação para as variações de concentração dos seguintes
elementos em solos - Zn: 1,5-264 ppm; Cu: 0,3-495 ppm; Pb: 0,5-135 ppm; Cd: 0,005-2,4 ppm; Ni:
0,7-269 ppm; Cr: 18,7-285 ppm; Co: 1-70 ppm. Porém, esses valores podem divergir muito, segundo a
litologia local e as contribuições externas. Além disso, é necessário observar que, existirá uma
variação no teor dos elementos, se forem utilizados métodos diferenciados de solubilização.
As contribuições externas, que podem aumentar significativamente o teor de metais nos solos,
se relacionam, principalmente, com a agricultura (aplicação de defensivos agrícolas e fertilizantes) e
com as atividades de indústrias metalúrgicas e mineradoras. Os principais poluentes, ou seja, aqueles
que tendem a se concentrar mais nos solos são: Pb, Cd e As. O chumbo, que possui mobilidade muito
baixa, ainda é encontrado no topo de solos que foram contaminados no séc. IV a.C (Fergusson 1990).
A deposição de metais também pode ser realizada a partir de partículas transportadas pela atmosfera,
bem como por demais fatores, tais como: queima de combustíveis fósseis, deposição de esgotos
urbanos e industriais, escoamento de águas residuais, deposição de resíduos de indústrias de
beneficiamento químico (Alamino et al 2003).
Nas atividades agrícolas, é comum a utilização de produtos agroquímicos, tais como
fertilizantes, corretivos e agrotóxicos. A utilização de pesticidas e de compostos de organomercúrio
pode propiciar o acúmulo de metais em solos, pois essas substâncias geralmente contêm altos níveis de
As, Pb e Hg. O uso de fertilizantes contendo substâncias potencialmente tóxicas constitui uma das
formas de contaminação de solos. É comum a utilização de fertilizantes fosfáticos, que, não raro,
contêm altas concentrações de As, Cd, Pb, Se e Te na rocha fosfática original (Fergusson 1990).
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Existem vários fatores que podem influenciar o conteúdo de um elemento químico no perfil do
solo; dentre eles, citam-se: a natureza do material parental, os processos pedogenéticos, o conteúdo de
matéria orgânica e de argila do solo (o que reflete na capacidade de troca iônica), a proporção de Fe
contido nos minerais, o pH e a topografia do solo, a chuva e a atividade microbiológica. A capacidade
de troca iônica (habilidade em capturar e trocar íons) constitui uma importante propriedade para a
retenção metais. Substâncias como matéria orgânica e argilas são trocadores iônicos efetivos. Esses
materiais podem adsorver elementos, como os pesados, afetando, assim, a sua disponibilidade nos
solos (Fergusson 1990, Hounslow 1995, Souza et al. 2003).
Os trabalhos envolvendo a geoquímica dos solos e as inter-relações entre os organismos
vegetais e animais são muito recentes, tanto no Brasil como em todo o mundo. No entanto, tem havido
uma crescente preocupação com esse tema. A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
(CETESB) publicou, em 2001, um estudo sobre os solos da região de São Paulo. Além das
informações de cunho pedológico e geoquímico, dentre outros, foram estabelecidos valores
orientadores para vários elementos ou compostos presentes nos solos. Dentre os valores orientadores
citados, se encontram o valor de alerta e o valor de intervenção. O valor de alerta indica uma possível
alteração da qualidade natural dos solos; quando esse valor for excedido, haverá um potencial
poluidor, que exige monitoramento do solo. O valor de intervenção indica a existência de
contaminação, onde deve ser aplicada uma ação corretiva no solo. É importante determinar se um solo
apresenta um caráter tóxico. Um solo contaminado por metais pode afetar o desenvolvimento de
vegetais e comprometer a segurança dos alimentos.
10.2. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
10.2.1. Generalidades
Os estudos aqui descritos têm como propósito verificar se os solos das regiões das antigas
minas de pirita se encontram contaminados por metais pesados. No decorrer das investigações,
procurou-se definir a concentração de metais pesados nos solos das duas minas de pirita, bem como
em uma região não afetada pelas mesmas. Nas regiões investigadas (Anexos 3 e 4) foram coletadas
amostras de solos (cambissolos e materiais coluvionares) nas estações de seca e/ou chuva (Quadro
10.1). Tal procedimento teve por finalidade verificar se existe uma variabilidade no conteúdo de
metais pesados em solos, entre a estação de seca (P1O1, P1O2, P2O1A, P2O1B, P2O2) e de chuva
(P1O1-c, P1O2-c, P2O1A-c, P2O1B-c, P2O2-c).
Na região da antiga mina do Piquete, e também, à montante da mesma (P1), as quatro
amostras coletadas (P1O1, P1O1-c; P1O2, P1O2-c) constituem solos rasos, de horizontes B
incipientes sobre rochas xistosas ou filíticas, que podem ser classificados como cambissolos. Esses
materiais possuem colorações acinzentadas (cf. Figura 10.1).
112
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Figura 10.1: Cambissolo (amostra P1O2) sobre rocha filítica.
Na região da antiga mina de Santa Efigênia (P2), os solos amostrados foram classificados
como cambissolos e solos coluvionares. Os cambissolos (P2O1A, P2O1A-c; P2O1B, P2O1B-c;
P2O1C) estão situados ao redor das ruínas das instalações da mina. Esses solos são compostos por
materiais de colorações acinzentadas e amareladas, desenvolvidos a partir da alteração de rochas
filíticas. Os solos coluvionares possuem colorações avermelhadas e acinzentadas, portando nódulos de
materiais ferruginosos.
Conforme exibido na Tabela 10.1, os valores do potencial de oxi-redução (Eh) encontrados
para as amostras conferem um caráter oxidante aos solos. As variações de potencial hidrogeniônico
(pH) indicaram a existência de solos ácidos - região P1, e solos alcalinos a pouco ácidos - região P2. A
maior concentração de bases na região da antiga mina de Santa Efigênia (P2) deve-se ao fato de que os
solos são derivados de rochas que contêm carbonatos, e se encontram posicionados próximos às
rochas carbonáticas da Formação Fecho do Funil. Em relação à sazonalidade, as chuvas pouco
influenciaram os valores de pH: os solos mantiveram o caráter ácido ou básico entre as duas estações;
também os valores de Eh não foram muito alterados entre as estações de seca ou chuva, e os solos
mantiveram o caráter oxidante.
113
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Tabela 10.1: Medidas de pH e Eh em amostras de solos.
Amostra solo
pH
Eh (mV)
Amostra solo
pH
Eh (mV)
P1O1
5,40
318
P1O1-c
5,11
338
P1O2
5,18
326
P1O2-c
5,55
332
P2O1A
6,21
301
P2O1A-c
6,18
269
P2O1B
8,12
246
P2O1B-c
7,57
235
P2O1C
8,00
225
P2O2
6,57
311
P2O2-c
7,45
192
P2O3-c
6,97
242
Os solos coluvionares amostrados na região da antiga mina de Santa Efigênia correspondem a
materiais acinzentados, amarelados (P2O2, P2O2-c) e avermelhados (P2O3-c), situados em terrenos
de alta declividade. O material que compõe esses solos é bem desagregável, e não raro, podem ser
encontrados nódulos de materiais contendo goethita. Esses solos coluvionares parecem terem sido
transportados da própria região da mina; isso é suposto uma vez que vários materiais foram
transladados durante as operações de mina, e também, após as mesmas, para as atuais edificações ali
existentes.
Os solos situados na região da antiga mina do Piquete (P1O1, P1O1-c), e à montante da
mesma (P1O2, P1O2-c) possuem cobertura vegetal composta por gramíneas, não sendo, entretanto,
utilizado para cultura alguma. Os cambissolos da região da antiga mina de Santa Efigênia (P2O1A,
P2O1A-c; P2O1B, P2O1B-c; P2O1C) também se encontram recobertos por gramíneas, e não são
cultivados. Já os solos dos pontos P2O2 e P2O3 são utilizados para pequenos plantios.
Quadro 10.1: Relação entre as amostras de solos, tipos e os pontos de coleta.
Ponto
P1
P2
Região
Est. seca
Est. chuva
Mina Piquete
P1O1
P1O1-c
P2O1A
P2O1A-c
P2O1B
P2O1B-c
Mina Santa Efigênia
Classificação
Cambissolo de filito
Cambissolo de filito
P2O1C
P2O2
P2O2-c
P2O3-c
Colúvio
10.2.2. Caracterização mineralógica
A caracterização da mineralogia dos solos foi realizada por meio de difratometria de raios–X
(exemplos no Anexo 13). As amostras de solo compõem-se, essencialmente, de: quartzo (SiO2),
goethita (FeOOH), moscovita do tipo vanádio e bário ((K, Ba, Na)0,75(Al, Mg, Cr, V)2(Si, Al, V)4O10),
caulinita (Al2Si2O5(OH)4) e/ou montmorilonita (H2Al2Si4O12.nH2O) e gibbsita - Al(OH)3. Além desses
minerais, a amostra de solo localizada na região da mina de Santa Efigênia (P2O1C), contém hematita
(Fe2O3) e dolomita (CaMg(CO3)2.
114
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
10.2.3. Análises químicas
A análise química dos solos permitiu que fossem caracterizadas as concentrações dos 27
elementos químicos: Na, K, Ca, Ti, V, Cr, Mn, Co, Ni, Cu, Zn, As, Sr, Y, Zr, Mo, Ba, Pb, Fe, Li, Be,
P, Sc, Th, Cd, Al, Mg (Anexo 14).
De forma semelhante como efetuado nos capítulos de rocha e sedimento, serão aqui
apresentados somente os resultados referentes às análises dos elementos pesados e/ou tóxicos, e de
alguns elementos maiores. É importante observar, todavia, que, durante a abertura química dos solos,
nem todo o material foi solubilizado completamente em algumas amostras, tais como: P1O1, P2O1B,
P1O2, P2O2. Nessas, também se observou um resíduo de coloração escura, provavelmente
relacionado ao manganês.
Elementos maiores
Os elementos ferro e alumínio são encontrados em grandes concentrações, nos solos
investigados. O cálcio se apresenta em concentrações mais elevadas somente em alguns solos,
enquanto que, o manganês se apresenta em quantidades bem inferiores (Figura 10.2; Anexo 14). Os
solos situados na região considerada como não afetada pelas minas (P1O1, P1O1-c) possuem um
conteúdo bem menor de ferro e alumínio do que os demais solos investigados (cf. Figura 10.2), o que
Conc. (%)
se relaciona, diretamente, com a mineralogia local.
30
Ca
25
Al
Mn
20
Fe
15
10
P2O3-c
P2O2
P2O2-c
P2O1C
P2O1B-c
P2O1B
P2O1A
P2O1A-c
P1O2-c
P1O2
P1O1-c
0
P1O1
5
Amostras de solos
Figura 10.2: Concentração de elementos maiores (Ca, Mn, Al e Fe) em amostras de solos.
115
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Alumínio
Os solos das regiões investigadas possuem alto teor em alumínio, o devido à presença de
vários minerais aluminosos, tais como a caulinita, a gibbsita e a moscovita. As concentrações desse
elemento em solos exibem valores da ordem de 2 a 8% de Al (Figura 10.3). Apesar do alumínio ser
um elemento de mobilidade muito baixa, foram determinadas algumas variações nos valores de
concentração desse elemento. Esse fato pode estar relacionado à existência de pequenas variações
laterais, proporcionada por diferenças nas composições mineralógicas e químicas dos solos.
10
8
6
4
2
0
seca
P2O3
P2O2
P2O1C
P2O1B
P1O2
P2O1A
chuva
P1O1
Conc. (%)
Al
Amostras de solos
Figura 10.3: Concentração de Al em amostras de solos.
Ferro
Os solos contêm um elevado teor em ferro, o que é atribuído principalmente à presença de
minerais tais como a goethita e a hematita. As concentrações de Fe variaram entre 1,87 e 22,59%.
Verifica-se que os solos da região P2 - antiga mina de Santa Efigênia - apresentam um conteúdo maior
em ferro do que as rochas da região da região P1 - antiga mina do Piquete (Figura 10.4). As
concentrações de ferro permaneceram praticamente inalteradas, quando se comparam as estações de
seca e de chuva.
25
20
15
10
5
0
seca
P2O3
P2O2
P2O1C
P2O1B
P2O1A
P1O2
chuva
P1O1
Conc. (%)
Fe
Amostras de solos
Figura 10.4: Concentração de Fe em amostras de solos.
Cálcio
O cálcio se encontra presente nos solos com valores comumente inferiores a 0,5% (Figura
10.5); porém, na amostra P2O1C, a concentração se encontra bem mais acentuada (3,21% de Ca).
Nesse solo, identificou-se o mineral dolomita, que é fonte de cálcio.
116
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Nota-se que os solos da região P2 (antiga mina de Santa Efigênia) estão situados em posição
sobrejacente a rochas que contêm carbonatos, ou então, que se encontram próximas a rochas
dolomíticas. Observa-se uma pequena variação, entre as duas estações, no teor de cálcio dos solos,
principalmente na amostra P2O1A (cf. Figura 10.5).
4
seca
3
chuva
2
1
P2O3
P2O2
P2O1C
P2O1B
P2O1A
P1O2
0
P1O1
Conc. (%)
Ca
Amostras de solos
Figura 10.5: Concentração de Ca em amostras de solos.
Manganês
Para esse elemento, não foram observadas grandes variações nos valores de concentrações,
entre as estações de seca e de chuva (Figura 10.6).
Nos solos situados na região P1, os valores das concentrações variaram entre 17,59 e 97
mg/kg de Mn. Na região P2, o conteúdo de manganês em solos é mais elevado, e os valores de
concentração se situam em torno de 0,03 a 0,27%. Entretanto, não foi identificado nenhum mineral de
manganês nos solos analisados.
O manganês apresenta uma correlação positiva com o cálcio (R= 0,7742), bem como com os
elementos Co e Ni, cujos dados das correlações serão apresentados mais à frente.
0,3
seca
0,2
chuva
0,1
P2O3
P2O2
P2O1C
P2O1B
P2O1A
P1O2
0
P1O1
Conc. (%)
Mn
Amostras de solos
Figura 10.6: Concentração de Mn em amostras de solos.
Elementos menores
O conteúdo de metais nos solos possui um comportamento bem diversificado (Figura 10.7;
Anexo 14). Os elementos Co, Mo e Li são pouco acumulados nos solos.
117
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Observa-se que, de um modo geral, o solo possui um conteúdo menor em metais pesados, na
região considerada livre das influências das minas, do que quando comparado aos solos das regiões
das minas. Porém, tal fato ocorre somente para o solo coletado durante a estação de seca (P1O2).
Durante a estação de chuva, o solo desse mesmo ponto (P1O2-c) apresentou uma maior concentração
de metais pesados do que os solos de alguns outros pontos.
800
Conc. (mg/kg)
700
600
500
400
300
200
P2O3-c
P2O2-c
P2O2
P2O1C
P2O1B-c
P2O1B
P2O1A-c
P2O1A
P1O2-c
P1O2
P1O1
0
P1O1-c
100
Cd
Li
Pb
Mo
As
Zn
Cu
Ni
Co
Cr
V
Amostras de solos
Figura 10.7: Concentração de elementos menores (Cd, Li, Pb, Mo, As, Zn, Cu, Ni, Co, Cr, V) em amostras de
solos.
Cádmio
Os solos da região P1 apresentaram um conteúdo menor em cádmio do que aqueles
localizados na região P2. A menor concentração de cádmio (4,06 mg/kg) foi determinada para o solo
coletado em estação seca, localizado fora da área de influência das minas (P1O2). Na região P2, as
concentrações de cádmio variaram de 17,45 a 36,27 mg/kg (Figura 10.8). Nesses pontos, as
concentrações excedem, inclusive, o valor de intervenção para solos agrícolas (10 mg/kg),
determinado pela CETESB (2001). Todos os solos apresentaram concentrações acima do valor de
alerta determinado pela CETESB (2001), que equivale a 3,0 mg/kg.
O cádmio possui uma correlação positiva com o ferro, conforme exibido na Figura 10.9. Essa
correlação sugere a associação do cádmio com minerais de ferro, onde, dentre os quais, a goethita é o
que ocorre mais freqüentemente, e em maiores proporções nos solos.
118
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
40
seca
30
chuva
20
10
P2O3
P2O2
P2O1C
P2O1B
P2O1A
P1O2
0
P1O1
Conc. (mg/kg)
Cd
Amostras de solos
Figura 10.8: Concentração de Cd em amostras de solos.
Cd x Fe
2
R = 0,9498
Fe (mg/kg)
250000
200000
150000
100000
50000
0
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Cd (mg/kg)
Figura 10.9: Correlação positiva entre Cd e Fe em amostras de solos.
Lítio
Os solos apresentam concentrações muito baixas desse elemento. A máxima concentração de
lítio corresponde a 6,53 mg/kg, sendo definida na amostra P1O1. As concentrações definidas para
amostras de estação de seca possuem valores - maior (P1O2), menor (P1O1, P2O1A, P2O1B) ou
semelhante (P2O2) às concentrações definidas para a estação de chuva (Figura 10.10), o que deve
estar relacionado, principalmente, com pequenas diferenças composicionais dos materiais coletados.
8
6
4
2
0
seca
P2O3
P2O2
P2O1C
P2O1B
P1O2
P2O1A
chuva
P1O1
Conc. (mg/kg)
Li
Amostras de solos
Figura 10.10: Concentração de Li em amostras de solos.
Chumbo e Zinco
As amostras de solos exibiram teores bem diversificados em chumbo que, de um modo geral,
não se encontram muito altos (Figura 10.11A). Nas amostras situadas na região P1, as concentrações
são muito baixas, inferiores a 3,52 mg/kg.
119
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Para a região P2, os valores para as concentrações de chumbo variaram de 13,05 a 122,90
mg/kg. Somente a concentração de chumbo da amostra P2O1A (122,9 mg/kg) excedeu o valor de
alerta (100 mg/kg) determinado pela CETESB (2001). O comportamento do zinco nos solos é bem
similar àquele apresentado pelo chumbo (Figura 10.11A, Figura 10.11B). Esses dois elementos
possuem uma correlação positiva entre si (Figura 10.12). Na região P1, o conteúdo de zinco nos solos
é baixo, variando de 13,96 a 29,79 mg/kg. Na região P2, existe uma maior acumulação de zinco nos
solos, e os valores para a concentração variam de 30,39 a 107,30 mg/kg. Nenhuma amostra de solo
atingiu valor de concentração sugerida pela CETESB (2001) como a de alerta (300 mg/kg). As
variações sazonais para o conteúdo de chumbo e de zinco nos solos são notadas, efetivamente,
somente para as amostras P2O1A, P2O1A-c. Os solos desses pontos possuem concentrações mais
elevadas, de ambos elementos, durante a estação de seca.
(A)
Amostras de solos
150
120
90
60
30
0
seca
P2O3
P2O2
P2O1B
P2O1C
chuva
P2O1A
P2O3
P2O2
P2O1C
P2O1B
P2O1A
P1O2
chuva
P1O2
seca
P1O1
Conc. (mg/kg)
Pb
120
100
80
60
40
20
0
P1O1
Conc. (mg/kg)
Zn
Amostras de solos
(B)
Figura 10.11: Concentração de Pb (A) e Zn (B) em amostras de solos.
Zn (mg/kg)
Pb x Zn
R2 = 0,9542
120
100
80
60
40
20
0
0
30
60
90
120
150
Pb (mg/kg)
Figura 10.12: Correlação positiva entre Pb e Zn em amostras de solos.
Molibdênio
As amostras situadas na região P1 possuem um conteúdo maior em molibdênio do que aquelas
situadas na região P2 (Figura 10.13). Nessa primeira região, foram determinadas as mais elevadas
concentrações de molibdênio, que possuem valores semelhantes, em torno de 10 mg/kg, em estação de
seca. Na região P2, as concentrações de Mo nos solos são inferiores a 3,16 mg/kg. Também se observa
que as concentrações definidas para a estação de seca e de chuva são bem semelhantes entre si. O
valor definido como o de alerta pelo CETESB (2001) corresponde a 30 mg/kg para o Mo, o que está
bem acima dos conteúdos de Mo encontrados nos solos investigados nesse trabalho.
120
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
12
10
8
6
4
2
0
seca
P2O3
P2O2
P2O1C
P2O1B
P1O2
P2O1A
chuva
P1O1
Conc. (mg/kg)
Mo
Amostras de solos
Figura 10.13: Concentração de Mo em amostras de solos.
Arsênio
Os valores obtidos para as concentrações de arsênio variaram de 7,18 a 177,90 mg/kg (Figura
10.14). Nos cambissolos da região P1, verifica-se que a amostra situada na região da antiga mina do
Piquete (P1O1) possui uma concentração muito mais elevada de arsênio do que a amostra situada fora
das imediações da mina (P1O2). As variações sazonais para a concentração de arsênio são
significativas apenas na amostra de cambissolo (P1O2), que possui maior concentração na estação de
chuva. Este fato pode estar relacionado a variações laterais na composição do material; outra hipótese
consiste no fato de que, o As pode ser lixiviado de outros depósitos, mobilizando-se durante a estação
de chuva, podendo, então, ser depositado nos solos. Com exceção da amostra P1O2 (ponto fora da
região das minas), todas as amostras de solos exibiram concentrações de As bem maiores do que
aquelas definidas como de alerta (15 mg/kg) e como de intervenção para solos agrícolas (25 mg/kg),
conforme estabelecido pelo CETESB (2001).
200
seca
150
chuva
100
50
P2O3
P2O2
P2O1C
P2O1B
P2O1A
P1O2
0
P1O1
Conc. (mg/kg)
As
Amostras de solos
Figura 10.14: Concentração de As em amostras de solos.
Cobre
A variação sazonal da concentração do cobre nos solos é mais bem evidenciada na amostra
P2O1A. Nesse solo, a concentração alcança o valor de 225 mg/kg, durante a estação de seca (Figura
10.15). Nas demais amostras, os valores obtidos para as concentrações variaram de 67 a 156,40 mg/kg.
Então, todos os solos investigados possuem concentrações acima do valor de alerta, que é de 60 mg/kg
de Cu. Grande parte dos solos - em sua maioria, os da região P2 - possuem valores de concentração
maiores do que 100 mg/kg, que é o valor de intervenção para solos agrícolas (cf. CETESB 2001).
121
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
O conteúdo e o comportamento do cobre assemelham-se àqueles definidos para os elementos
chumbo e zinco (cf. Figura 10.11A, Figura 10.11B, Figura 10.15). Porém, a correlação entre esses
elementos não é muito alta entre o cobre e o chumbo e entre o cobre e o zinco.
250
200
150
100
50
0
seca
P2O3
P2O2
P2O1C
P2O1B
P2O1A
P1O2
chuva
P1O1
Conc. (mg/kg)
Cu
Amostras de solos
Figura 10.15: Concentração de Cu em amostras de solos.
Cobalto e Níquel
Os comportamentos do cobalto e níquel são bem semelhantes, e os conteúdos desses dois
elementos nos solos não se encontraram muito altos. Comumente os solos apresentaram concentrações
variando em torno de 0,7 a 9,5 mg/kg de Co, e de 10 a 40 mg/kg de Ni; porém, na amostra P2O1C,
foram determinadas as mais altas concentrações - de 24,86 mg/kg de Co e de 85,10 mg/kg de Ni. As
variações de concentrações verificadas entre as estações de seca e de chuva são pequenas, para ambos
os elementos (Figura 10.16A, Figura 10.16B). Para o cobalto, apenas a amostra P2O1C apresentou um
valor de concentração (24,86 mg/kg) próximo ao valor de alerta (25 mg/kg) estabelecido pelo
CETESB (2001). Embora existam outros solos com valores próximos ao de alerta para o Ni (30
mg/kg), efetivamente, dois solos atingiram esse nível. Esses solos possuem concentrações de Ni de
85,10 mg/kg (P2O1C) e de 40,38 mg/kg (P2O3-c), estando, inclusive, com níveis próximos ou acima
do valor definido como de intervenção para áreas agrícolas, que é de 50 mg/kg (cf. CETESB 2001).
Ni
100
80
60
40
20
0
seca
Figura 10.16: Concentração de Co (A) e Ni (B) em amostras de solos.
122
Amostras de solos
P2O3
P2O2
P2O1C
P2O1B
P2O1A
(B)
Amostras de solos
P1O2
chuva
P1O1
P2O3
P2O2
P2O1C
P2O1B
P1O2
chuva
Conc. (mg/kg)
seca
P2O1A
(A)
30
25
20
15
10
5
0
P1O1
Conc. (mg/kg)
Co
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Os elementos cobalto e níquel possuem uma correlação positiva entre si (Figura 10.17), o que
sugere uma fonte comum para esses elementos. O cálcio também apresenta correlações positivas com
o cobalto e com o níquel. Apesar dos conteúdos entre Ca e Co e entre Ca e Ni serem distintos, o
comportamento desses elementos é bastante similar entre os solos investigados (Figura 10.5, Figura
10.16A e Figura 10.16B). Então, além das micas, é provável que exista uma associação entre os
carbonatos e os elementos Co e Ni. Outras correlações positivas existentes foram verificadas entre Co
e Mn e entre Ni e Mn.
Co x Ni
R2 = 0,9426
Ni (mg/kg)
100
80
60
40
20
0
0
5
10
15
20
25
30
Co (mg/kg)
Figura 10.17: Correlação positiva entre Co e Ni em amostras de solos.
Vanádio e Cromo
Esses dois elementos apresentaram comportamentos bem similares entre si. As concentrações
de vanádio variaram de 29,41 a 102,5 mg/kg, enquanto que o cromo exibiu concentrações na faixa de
35,74 a 122,7 mg/kg. Os conteúdos de vanádio e de cromo dosados nas estações de seca e de chuva
são diferenciados para quase todos os pontos. Observa-se que, na região da Mina do Piquete (P1O1),
durante a estação de seca, as concentrações de vanádio e de cromo são um pouco mais elevadas do que
as concentrações obtidas para o ponto situado à montante da mina (P1O2). Na estação de chuva, o
comportamento se inverte para esses dois pontos. Nos demais pontos, observa-se que as concentrações
definidas para a estação de chuva são inferiores ou próximas àquelas definidas para a estação de seca
(Figura 10.18A, Figura 10.18B). Não foram definidos valores orientadores para níveis críticos de V
em solos, mas, para o elemento Cr, algumas das amostras de solos (P1O1, P2O1A, P2O2, P1O2-c)
exibiram concentrações ao nível de alerta, ou seja, maiores que 75 mg/kg. A correlação positiva entre
o vanádio e o cromo é observada na Figura 10.19.
(A)
Amostras de solos
150
120
90
60
30
0
seca
(B)
Figura 10.18: Concentração de V (A) e Cr (B) em amostras de solos.
123
Amostras de solos
P2O3
P2O2
P2O1C
P2O1B
chuva
P2O1A
P2O3
P2O2
P2O1C
P2O1B
P2O1A
P1O2
chuva
P1O2
seca
P1O1
Conc. (mg/kg)
Cr
120
100
80
60
40
20
0
P1O1
Conc. (mg/kg)
V
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
V x Cr
R2 = 0,7426
Cr (mg/Kg)
150
100
50
0
0
20
40
60
80
100
120
V (mg/kg)
Figura 10.19: Correlação positiva entre V e Cr em amostras de solos.
10.3. CONCLUSÕES
Os solos encontrados nas regiões investigadas constituem-se em cambissolos e solos
coluvionares, depositados principalmente sobre rochas filíticas e quartzíticas. Na região da mina de
Santa Efigênia, os solos apresentaram conteúdos maiores de elementos como: Al, Fe, Ca, Mn, Cd, Pb,
Zn, Cu, Co, Ni, V e Cr. Na região da mina do Piquete, foram encontradas as maiores concentrações de
As e Li. De um modo geral, observa-se que as concentrações de metais determinadas no solo do ponto
situado fora da área de abrangência das minas (P1O2) são menores do que aquelas determinadas para
os solos das regiões das minas. Em época chuvosa, porém, o comportamento pode variar, pois se
verificou na amostra de solo P1O2-c, que as concentrações podem possuir valores maiores ou
similares às concentrações encontradas para um ou mais solos das regiões das minas, conforme
observado para os elementos - Li, Mo, Co, Ni, Fe, Ca, Mn, Cu.
Verifica-se que existe contaminação, por alguns metais, nos solos das regiões das minas. Para
esses pontos, foram encontrados altos conteúdos de As, com valores de até 177,9 mg/kg, para a região
do Piquete; valores como esses podem ser encontrados em solos contaminados localizados em áreas de
minerações, como, por exemplo, na região aurífera de Nova Lima, MG. Segundo Mello (2003), os
solos contaminados dessa região apresentam um conteúdo de 50 a 200 mg/kg de As. Para os solos
investigados nesse trabalho, também outros elementos - cádmio e cobre - foram encontrados em
concentrações muito elevadas, principalmente na região da antiga mina de Santa Efigênia (que exibiu
valores de até 36,27 mg/kg de Cd, e de até 225 mg/kg de Cu). Os demais elementos que exibiram
valores correspondentes a uma possível contaminação dos solos, em certos pontos, foram: Pb, Ni e Cr.
Embora seja esperado que o ambiente de minas contendo sulfetos possuam um pH ácido, tal
fato não foi observado para os solos investigados das duas antigas minas. Na antiga mina do Piquete,
foram encontrados solos ácidos. Porém, na região da antiga mina de Santa Efigênia, os valores de pH
dos solos variaram de ácidos a alcalinos. Pode-se constatar, nesse local, que as bases provenientes das
rochas carbonáticas devem ter neutralizado um provável ambiente ácido existente nesse ambiente.
124
CAPÍTULO 11
METAIS PESADOS EM PLANTAS
11.1. INTRODUÇÃO
As plantas podem acumular vários elementos químicos, em diferentes concentrações. A
assimilação de elementos por uma planta é realizada principalmente pela condução de material do solo
para a planta, por meio das raízes. Um outro modo de assimilação se dá a partir da deposição e
incorporação, pela planta, de material particulado ou aerossóis (Fergusson 1990). Existem vários
fatores que influenciam na condução de elementos para o interior da planta. Dentre eles, citam-se: o
tipo de solo, a concentração e a disponibilidade do elemento no solo, o ambiente de crescimento da
planta (temperatura, pH, Eh, aeração do solo), o tipo, tamanho e idade da planta, a distância que a
planta está da fonte do elemento, a competição entre espécies, o suprimento de energia da planta para
as raízes e folhas e as condições climáticas (Fergusson 1990, Alloway 1990, Soares et al. 2001).
A disponibilidade e a mobilidade de um elemento para uma planta está diretamente
relacionada com o conteúdo de argilominerais, de matéria orgânica, e de óxidos de Fe e Mn no solo.
Esses compostos se ligam aos metais do solo, formando complexos estáveis, tornando os metais pouco
disponíveis para a absorção pelas plantas (cf. Ramalho et al. 2000). No caso do Fe, essa questão pode
ser verificada em um estudo de Plant et al. (1998). Esses autores investigaram plantações
desenvolvidas em solos com baixo conteúdo em Fe e observaram que eles continham um teor elevado
de As (>10 mg/kg). Tal enriquecimento, todavia, não foi observado em plantações posicionadas em
terrenos que apresentaram altos teores de As, mas que possuíam níveis normais ou elevados de Fe.
Algumas plantas, denominadas de acumuladoras, são capazes de tolerar excessivas
quantidades de elementos químicos, sem que ocorram efeitos tóxicos nas mesmas. Essa característica
pode ser utilizada durante a prospecção mineral, pois certas plantas podem, indiretamente, fornecer
indícios da concentração de elementos em rochas e solos. Plantas que toleram altas concentrações de
elementos pesados também são utilizadas na revegetação de áreas de difícil crescimento de vegetação,
como sobre rejeitos de minas (Dissanayake & Chandrajith 1995, Soares et al. 2001).
Uma vez que a maioria dos metais entra nas plantas através da raiz, os metais pesados ficam
mais concentrados nessa região. Em geral, quando a fonte de metais pesados é proveniente do solo, os
níveis decrescem na seguinte ordem: raiz > caule > folhas > frutos > sementes; porém, quando
ocorrem deposições externas, como por material particulado, essa ordem pode ser alterada (Fergusson
1990).
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
11.2. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Os resultados aqui exibidos relacionam a concentração de alguns elementos químicos dosados
em dois tipos de plantas, sendo elas: Baccharis sp. (carqueja) - Figura 11.1 e briófitas (Figura 11.2).
Procurou-se trabalhar, separadamente, as partes aéreas (folhas e caules) e subaéreas das Baccharis sp.
(raízes). Esse método permitiu verificar se existem diferenças significativas de concentrações de
metais nas partes citadas. Já a briófita foi utilizada integralmente nas análises. As plantas foram
coletadas nos pontos das duas minas, e em um ponto fora da influência das mesmas, a título de
comparação.
Figura 11.1: Baccharis sp. (P1P1C) proveniente da mina do Piquete.
Figura 11.2: Briófita (P2P1B) localizada no ponto da mina de Santa Efigênia.
126
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
O Quadro 11.1 discrimina as plantas coletadas nos diferentes ambientes, e as partes analisadas
para cada uma delas. Os pontos de amostragem são correspondentes ao ambiente de coleta, exibidos
no Quadro 11.1 e Anexos 1, 2 e 3. As coordenadas das amostras de plantas são descritas no Anexo 4.
Foram dosadas as concentrações de 23 elementos químicos: Na, K, Ca, Ti, V, Cr, Mn, Co, Ni, Cu, Zn,
As, Sr, Mo, Ba, Pb, Fe, Li, P, Cd, Al, Mg, Y, Zr, Be, Sc, Th (Anexo 15). Em se tratando de dados
comparativos, a literatura é carente de valores crítico-orientadores de metais pesados em plantas.
Quadro 11.1: Relação entre as partes analisadas dos diferentes tipos de plantas e seus respectivos pontos e
ambientes de coleta.
Ponto
Região
Mina Piquete
(P1P1)
P1
Montante da Mina
Piquete (P1P3)
P2
Mina Santa Efigênia
Amostras
Parte analisada
P1P1Ca
Aérea
P1P1Cs
Subaérea
P1P1B
Integral
P1P3Ca
Aérea
P1P3Cs
Subaérea
P1P3B
Integral
P2P1Ca
Aérea
P2P1Cs
Subaérea
P2P1B
Integral
Tipo de planta
Ambiente de coleta
Baccharis sp.
Solo de filito (P1O1)
Briófita
Filito às margens d’água (P1A1)
Baccharis sp.
Solo de filito às margens d’água
(P1A3)
Briófita
Quartzito às margens d’água
(P1A3)
Baccharis sp.
Solo de filito (P2O1A)
Briófita
Solo de filito com cobertura
ferruginosa (próximo a P2O1)
(P2P1)
11.2.1. Elementos maiores
As amostras de plantas contêm teores diferenciados de elementos químicos quando
relacionados o tipo de planta e as partes investigadas. Verifica-se que os elementos são
preferencialmente mais acumulados nas briófitas do que nas carquejas (Baccharis sp.). Os elementos
químicos (pesados ou tóxicos) que apresentaram as maiores concentrações nas plantas foram: Fe, Al,
Mn e Zn (Figura 11.3, Anexo 15).
127
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Conc. (%)
4,5
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
Zn
Al
Fe
Mn
Am ostras de plantas
Figura 11.3: Concentração de elementos maiores (Zn, Al, Fe, Mn) em amostras de plantas.
Ferro e Alumínio
O ferro e o alumínio exibiram um comportamento bastante similar nas amostras de plantas.
Observa-se que as briófitas acumulam mais ferro e alumínio do que as Baccharis sp. (Figura 11.3,
Figura 11.4). As concentrações mais elevadas para esses dois elementos foram determinadas nas
amostras situadas na mina do Piquete, correspondentes a: 2,32% de Fe e 1,43% de Al. Para a Baccharis
sp., as amostras situadas nos pontos das minas exibiram uma concentração pouco diferenciada em
relação àquelas situadas em uma região considerada fora da influência das minas (P1P3). Tanto o ferro
quanto o alumínio se encontram mais concentrados nas partes subaéreas das amostras de Baccharis sp.
das três regiões investigadas (Figura 11.4).
Conc. (%)
2,5
2
1,5
Fe
1
Al
0,5
P2P1Cs
P2P1Ca
P2P1B
P1P3Cs
P1P3Ca
P1P3B
P1P1Cs
P1P1Ca
P1P1B
0
Amostras de plantas
Figura 11.4: Concentração de Fe e Al em amostras de plantas.
Zinco
As briófitas apresentaram as mais elevadas concentrações de zinco, que atingem o valor de
0,22% na amostra do ponto P1P3. Verifica-se, então que o maior conteúdo de Zn em planta foi
determinado em uma região fora da influência das minas. Porém, na região da antiga mina do Piquete,
a concentração de Zn em briófita (P1P1B) também se encontra elevada, e equivale a 0,17%. Para as
amostras de Baccharis sp., os valores das concentrações de zinco são bastante similares entre si (<300
mg/kg), não diferindo muito entre as diferentes partes investigadas (Figura 11.5).
128
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Cruz (2002) estudou amostras de briófitas e Baccharis sp. provenientes da região do Tripuí, e
encontrou concentrações máximas de 54 mg/kg de Zn. Todas as plantas investigadas neste trabalho
possuem concentrações de Zn acima desse valor, bem como acima do valor crítico (fitotóxico) de 100
mg/kg citado por Alloway (1990).
P2P1Cs
P2P1Ca
P2P1B
P1P3Cs
P1P3Ca
P1P3B
P1P1Cs
P1P1Ca
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
P1P1B
Conc. (%)
Zn
Amostras de plantas
Figura 11.5: Concentração de Zn em amostras de plantas.
Manganês
Foram observadas maiores concentrações de manganês nas plantas das regiões das duas minas
de pirita, caracterizadas na parte aérea da Baccharis sp., na mina do Piquete (0,35%), e na parte
subaérea da Baccharis sp., na mina do Padre Faria (0,20%). As briófitas apresentaram baixas
concentrações de manganês, com valor máximo de 0,07% (Figura 11.6). As concentrações dosadas nas
Baccharis sp. das duas minas estão além da faixa normal de Mn em plantas citada por Alloway (1990),
que é de 20 a 1000 mg/kg. Cruz (2002), em suas investigações com amostras de plantas, dosou as mais
altas concentrações de Mn em briófitas, equivalentes a 0,31% .
P2P1Cs
P2P1Ca
P2P1B
P1P3Cs
P1P3Ca
P1P3B
P1P1Cs
P1P1Ca
0,4
0,35
0,3
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
P1P1B
Conc. (%)
Mn
Amostras de plantas
Figura 11.6: Concentração de Mn em amostras de plantas.
11.2.2. Outros elementos
Para os demais elementos descritos, verifica-se que há, com maior freqüência, um acúmulo de
cobre, cromo e níquel nas amostras de plantas. Poucas amostras exibiram maiores concentrações de
chumbo, molibdênio e vanádio, enquanto que, se tornam raros ou de valores muito baixos os teores
para os elementos cobalto, alumínio e lítio (Figura 11.7; Anexo 15).
129
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Embora seja conhecido que o arsênio e o antimônio possuam um caráter tóxico, esses
elementos não serão abaixo relacionados devido às baixíssimas concentrações determinadas nas
plantas investigadas. Para o arsênio, as concentrações são tão pequenas que essas se encontram abaixo
do limite de quantificação (<1,0 mg/kg). Caso semelhante é observado para o antimônio e para o
cádmio, onde todas as amostras se encontram abaixo de 5,0 mg/kg.
Cd
300
Sb
Li
200
Pb
150
Mo
100
Cu
50
Ni
P2P1Cs
P2P1Ca
P2P1B
P1P3Cs
P1P3B
P1P1Cs
P1P3Ca
Co
P1P1Ca
0
P1P1B
Conc. (mg/kg)
250
Cr
V
Am ostras de plantas
Figura 11.7: Concentrações de Cd, Sb, Li, Pb, Mo, Cu, Ni, Co, Cr, V em amostras de plantas.
Vanádio
As amostras de plantas exibiram concentrações de vanádio inferiores a 12 mg/kg (Figura
11.8). Dos diferentes tipos de plantas, observa-se que, para cada uma das três regiões amostradas
(P1P1, P1P3, P2P1), as maiores concentrações de vanádio são encontradas nas amostras de briófitas.
Dentre essas, a briófita que mais acumulou o vanádio situa-se na região da antiga mina do Piquete
(P1P1B). No que se refere às amostras de Baccharis sp., observa-se que o vanádio concentra-se mais
nas raízes do que nas partes aéreas (Figura 11.8). Cruz (2002) determinou conteúdos mais elevados na
região do Tripuí, que alcançaram valores de até 62 mg/kg de V, em amostras de briófitas.
Amostras de plantas
Figura 11.8: Concentração de V em amostras de plantas.
130
P2P1Cs
P2P1Ca
P2P1B
P1P3Cs
P1P3Ca
P1P3B
P1P1Cs
P1P1Ca
15
12
9
6
3
0
P1P1B
Conc. (mg/kg)
V
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Cromo
Não se observou a existência de maiores teores de cromo nas amostras situadas nas regiões
das minas (Figura 11.9). As concentrações mais elevadas de cromo foram encontradas nas partes
subaéreas da Baccharis sp., que apresentaram valores em torno de 100 mg/kg, na amostra da região fora
da influência das minas (P1P3Cs), e de 76 mg/kg, na região da antiga mina do Piquete (P1P1Cs). Nas
amostras de plantas estudadas por Cruz (2002), foram determinadas concentrações de até 55 mg/kg de
Cr.
Cr
Conc. (mg/kg)
120
90
60
30
P2P1Cs
P2P1Ca
P2P1B
P1P3Cs
P1P3Ca
P1P3B
P1P1Cs
P1P1B
P1P1Ca
0
Amostras de plantas
Figura 11.9: Concentração de Cr em amostras de plantas.
Cobalto
As amostras de plantas exibiram teores muito baixos de cobalto, inferiores a 6 mg/kg (Figura
11.10). As amostras de briófitas acumularam mais cobalto que as amostras de Baccharis sp., sendo a
maior concentração definida no ponto da mina do Piquete (P1P1B). Para as amostras de Baccharis sp. embora não tenha sido possível definir a concentração para a amostra P2P1Cs - há uma tendência do
cobalto se concentrar mais na parte subaérea nas amostras dessa planta (cf. Figura 11. 10).
Os valores de concentrações determinados para o Co se encontram bem abaixo dos valores
críticos sugeridos por Alloway (1990) para plantas (>15 mg/kg). A título de comparação, na região do
Tripuí, as briófitas também apresentaram baixas concentrações de Co, com um máximo de 17 mg/kg.
6
4
2
Amostras de plantas
Figura 11.10: Concentração de Co em amostras de plantas.
131
P2P1Cs
P2P1Ca
P2P1B
P1P3Cs
P1P3Ca
P1P3B
P1P1Cs
P1P1Ca
0
P1P1B
Conc. (mg/kg)
Co
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Níquel
A maior concentração de níquel dosada em planta corresponde a 67,60 mg/kg, determinada na
amostra de briófita pertencente à antiga mina do Piquete (P1P1B). Porém, para a região da antiga mina
de Santa Efigênia, as concentrações obtidas para esse elemento foram muito baixas, inferiores a 14,50
mg/kg. Para todas as três regiões investigadas, observa-se que o níquel concentra-se mais na parte
subaérea da Baccharis sp. do que na parte aérea dessa planta (Figura 11.11). Embora a maioria das
amostras não apresente um conteúdo muito elevado em Ni, elas se encontram na faixa crítica citada
por Alloway (1990), que envolve valores superiores a 10 mg/kg.
P2P1Cs
P2P1Ca
P2P1B
P1P3Cs
P1P3Ca
P1P3B
P1P1Cs
P1P1Ca
80
60
40
20
0
P1P1B
Conc. (mg/kg)
Ni
Amostras de plantas
Figura 11.11: Concentração de Ni em amostras de plantas.
Cobre
Embora a maior concentração de cobre (cerca de 150 mg/kg) tenha sido dosada na amostra de
briófita da antiga mina do Padre Faria, as amostras de plantas não exibiram um conteúdo maior em
cobre, quando situadas nas regiões das minas. Para a Baccharis sp., os teores de cobre se encontram
mais acentuados na raiz do que na parte aérea desse vegetal (Figura 11.12). À exceção da parte aérea
de uma amostra de Baccharis sp. (P2P1Ca), de concentração igual a 18,22 mg/kg, todas as plantas
exibiram um conteúdo de Cu no nível crítico (> 20 mg/kg de Cu), conforme apontado por Alloway
(1990).
Amostras de plantas
Figura 11.12: Concentração de Cu em amostras de plantas.
132
P2P1Cs
P2P1Ca
P2P1B
P1P3Cs
P1P3Ca
P1P3B
P1P1Cs
P1P1Ca
200
150
100
50
0
P1P1B
Conc. (mg/kg)
Cu
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Molibdênio
As concentrações de molibdênio, dosadas em plantas, se encontram muito baixas. As maiores
concentrações se encontram em torno de 12 mg/kg de Mo. Esse valor foi determinado na amostra de
briófita da antiga mina do Piquete (P1P1B), e na amostra de Baccharis sp. da região fora da influência
das minas (P1P1B). Nas amostras de Baccharis sp., verifica-se que as maiores concentrações foram
determinadas nas partes subaéreas dessa planta (Figura 11.13).
P2P1Cs
P2P1Ca
P2P1B
P1P3Cs
P1P3Ca
P1P3B
P1P1Cs
P1P1Ca
15
12
9
6
3
0
P1P1B
Conc. (mg/kg)
Mo
Amostras de plantas
Figura 11.13: Concentração de Mo em amostras de plantas.
Chumbo
As amostras de briófitas contiveram as maiores concentrações de chumbo. Para as amostras de
Baccharis sp., os conteúdos em Pb são tão baixos que não puderam ser detectados pelo método
utilizado (Figura 11.14). A maior concentração desse elemento (48,20 mg/kg) foi definida em amostra
da antiga mina do Piquete (P1P1B). Apenas essa amostra apresentou um conteúdo em Pb
correspondente a um valor crítico (>30 mg/kg), citado por Alloway (1990). Verifica-se que a briófita
situada fora da área de abrangência das minas (P1P3B) possui um conteúdo maior em Pb do que
aquela situada na região da antiga mina de Santa Efigênia (P2P1B).
Amostras de plantas
Figura 11.14: Concentração de Pb em amostras de plantas.
133
P2P1Cs
P2P1Ca
P2P1B
P1P3Cs
P1P3Ca
P1P3B
P1P1Cs
P1P1Ca
60
50
40
30
20
10
0
P1P1B
Conc. (mg/kg)
Pb
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Lítio
As plantas investigadas acumularam baixíssimas concentrações de lítio. Os teores mais
elevados foram dosados nas amostras de briófitas das três regiões estudadas (Figura 11.15). A briófita
da região da antiga mina do Piquete possui uma concentração de 0,60 mg/kg, que representa o maior
valor de Li dosado nas plantas. Para as amostras de Baccharis sp., as concentrações são tão baixas que
não puderam ser detectadas; apenas foi detectada uma concentração de 0,28 mg/kg na parte subaérea
da amostra localizada na região fora da abrangência das minas (P1P3Cs).
P2P1Cs
P2P1Ca
P2P1B
P1P3Cs
P1P3Ca
P1P3B
P1P1Cs
P1P1Ca
0,8
0,6
0,4
0,2
0
P1P1B
Conc. (mg/kg)
Li
Amostras de plantas
Figura 11.15: Concentração de Li em amostras de plantas.
11.3. CONCLUSÕES
Nas amostras analisadas, observou-se que existe uma predominância dos elementos pesados se
acumularem mais nas briófitas do que nas Baccharis sp. Nas regiões das antigas minas, as
concentrações mais elevadas de Fe, Al, V, Ni, Mo, Pb, Cd e Li foram determinadas nas briófitas. No
entanto, determinou-se, na região fora da influência das minas, a mais alta concentração de Zn, em
briófitas, e de Cr, em Baccharis sp. Ainda, para as amostras de Baccharis sp., há uma preferência dos
elementos se acumularem mais nas partes subaéreas (raízes) do que nas partes aéreas (caule e folhas).
As plantas acumulam os metais de acordo com a seguinte ordem: Fe >Al > Mn > Zn > Cu > Cr > Ni >
Co > Cd > Li > As. Dentre esses, os elementos - Zn, Mn, Ni, Cu e Pb - portaram, em vários pontos,
uma concentração acima do nível crítico citado por Alloway (1990). Porém, esses valores críticos
constituem aproximações, já que um tipo de planta pode tolerar uma maior concentração de
determinado elemento químico do que uma outra.
A elevada concentração de alguns elementos nos solos não condicionou, por si somente, um
alto conteúdo desses elementos nas plantas estudadas. Esse fato está relacionado com a
biodisponibilidade. Conforme discutido anteriormente, a adsorção de metais (por matéria orgânica,
argilominerais e óxidróxidos de Fe e Mn) pode diminuir a captura de metais pela planta. Então,
mesmo que altas concentrações de Fe e Mn em solos possam ser nocivas para plantas, elas podem
inibir a assimilação de outros elementos químicos pelas mesmas. Neste trabalho, vários solos
apresentaram altas concentrações de As (de até 177,90 mg/kg), mas que não foram, contudo,
incorporadas às plantas, onde as concentrações são inferiores a 1,0 mg/kg de As.
134
CAPÍTULO 12
BACTÉRIAS E A OXIDAÇÃO DE SULFETOS
12.1. O PAPEL DAS BACTÉRIAS NA OXIDAÇÃO DE SULFETOS
Desde os anos 80 do séc. XX, tem-se estudado, de maneira cada vez mais aprofundada, o
papel que microorganismos tais como Acidithiobacillus ferrooxidans exercem na oxidação de sulfetos.
A utilização de microorganismos na extração de metais (biolixiviação) remonta ao começo dos anos
50, quando pesquisadores descreveram bactérias do gênero Thiobacillus, que oxidavam piritas e
sulfetos de cobre. A grande parte das bactérias que participam dos processos de biolixiviação são
acidófilas, ou seja, são capazes de viver em ambientes com valores de pH muito baixos (Gómez et al.
1990).
Algumas bactérias exibem grandes diversidades moleculares e metabólicas que as permitem
responder à presença de algumas substâncias dissolvidas no meio, como é o caso dos metais. Esses
microorganismos podem alterar a química dos microambientes que os envolvem, em função do seu
próprio benefício, realizando, para tanto, reações de oxi-redução, onde podem atacar e solubilizar
metais (Southam 2002). Dessa maneira, as bactérias utilizam o mineral como fonte de combustível,
capturando elétrons para seus próprios propósitos de sobrevivência. A bactéria mais utilizada na
lixiviação de metais é do gênero Thiobacillus. Esse microorganismo obtém energia a partir da
oxidação do íon ferroso, ou de espécies reduzidas de enxofre, que é utilizada pela bactéria na fixação
do CO2, bem como em outras funções metabólicas. O Acidithiobacillus é capaz de sobreviver sob
condições anaeróbicas derivando carbono celular a partir da fixação de CO2 da atmosfera, e obtendo
energia de compostos reduzidos de enxofre (H2S, HS, S°, S2O32-, SO32-). O Acidithiobacillus
ferrooxidans oxida sulfetos a sulfatos e gera ácido sulfúrico, atuando na produção de águas ácidas em
minas e rejeitos de minas. Durante a oxidação da pirita (reações 1, 2 e 3), a bactéria Acidithiobacillus
ferrooxidans atua como agente catalizador (reação 2) em ambientes ácidos, principalmente naqueles
de pH na faixa entre 2,8 a 3,2 (Dold 1999) ou, ainda, menores.
(1) FeS2 + 7/2O2 + H2O → FeSO4 + SO42- + 2H+
(2) Fe2+ + 1/4O2 + H+ ⇔ Fe3+ + H2O
(acelerada por atividade microbiológica)
(3) FeS2 + 14 Fe3+ + 8H2O → 15Fe2+ + 2SO42- + 16H+
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
A atividade bacteriana pode elevar a taxa da reação 2 até o fator 105 acima da oxidação
abiótica (Singer & Stumm 1970). Durante essa atividade, as bactérias liberam trabalho e calor.
Nas minas que contêm grandes volumes de sulfetos, é provável que os ambientes aquosos
estejam caracterizados por baixos valores de pH, altas concentrações de metais pesados e, em alguns
casos, por temperaturas elevadas. É interessante observar que a lixiviação de metais pode estar
condicionada à existência de bactérias no ambiente. Em minas de urânio de Ontario, Canadá,
observou-se que as águas ácidas continham importantes quantidades de urânio e ferro. Nesse ambiente
foram encontradas bactérias do gênero Thiobacillus, que atuavam na formação do ferro férrico, agente
oxidante na dissolução do urânio naquelas minas. Observou-se que, na ausência de bactérias, não
havia lixiviação do urânio (Gómez et al. 1990).
Alguns microorganismos que atuam na lixiviação bacteriana (biolixiviação) são descritos a
seguir: Acidithiobacillus ferrooxidans - oxida Fe2+, S0, S2O32-, U4+, sulfetos metálicos;
Acidithiobacillus thiooxidans - oxida H2S, S0, S2O32- e não oxida sulfetos metálicos; Leptospirilum
ferrooxidans - oxida a Fe2+, mas não o S0; Sulfolobus acidocaldarius - oxida Fe2+, S0 e reduz o Fe3+
anaerobicamente; Acidianus brierleyi - oxida Fe2+, S0, MoS2, CuFeS2 e reduz MoS2 anaerobicamente;
Sulfobacillus thermosulfidooxidans - oxida Fe2+, S0 (Dold 1999, Gómez et al. 1990).
A lixiviação bacteriana restringe-se, industrialmente, a minérios de cobre, urânio e ouro. A
biolixiviação é realizada de modo a degradar a matriz sulfetada, onde o metal é posteriormente
recuperado, utilizando-se o tratamento químico convencional. A grande desvantagem da biolixiviação
consiste no fator tempo, pois corresponde a um processo que trabalha em escala de dias, e não de
horas. Na lixiviação, podem ocorrer três transformações do sólido: o sólido pode se solubilizar e o
metal obtido precipitar; o sólido pode ser solubilizado e o metal obtido ficar em solução; um íon ou
molécula da solução pode entrar na rede cristalina do sólido para formar um novo sólido. Durante a
lixiviação bacteriana podem ser solubilizadas grandes quantidades de ferro, que mais tarde podem
precipitar parcialmente e cobrir a superfície das partículas sólidas; essa capa de precipitado pode inibir
a ação bacteriana posterior (Gómez et al. 1990).
Existem controvérsias sobre o papel da bactéria na lixiviação; os autores questionam se a
bactéria participa de forma direta no processo, havendo, portanto, contato físico entre as bactérias e as
partículas de sulfetos, ou se esse contato se dá de maneira indireta. A solubilização biológica dos
metais pode ser efetuada de uma maneira indireta por meio da interação do mineral com produtos
intermediários ou finais do metabolismo dos microorganismos. Nesse caso o agente de lixiviação é
unicamente produzido ou gerado pelo organismo. Por exemplo, os sulfetos metálicos podem se oxidar
quimicamente a sulfatos por meio do sulfato férrico, sem participação alguma das bactérias (Gómez et
al. 1990, Evangelou 1995).
136
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Os nutrientes necessários ao crescimento das bactérias são o nitrogênio, o fósforo, o enxofre e
o magnésio. Os condicionantes físicos necessários ao crescimento de bactérias são a atmosfera, a
temperatura e a concentração de íons de hidrogênio. A temperatura afeta tanto a velocidade de
crescimento quanto o número de microorganismos. Entre os principais grupos de microorganismos,
encontram-se os que se desenvolvem em temperaturas muito baixas, de 0 a 30°C (psicrófilos), os que
vivem sob temperaturas moderadas 5 a 43°C (mesófilos), e os que sobrevivem em temperaturas muito
altas 60 a 90°C (termófilos), existindo os que sobrevivem a temperaturas acima de 100°C (Gómez et
al. 1990).
12.2. RESULTADOS DA ANÁLISE BACTERIOLÓGICA
Com o intuito de se observar a existência de bactérias acidófilas que contribuam no processo de
oxidação de sulfetos e geração de acidez, foram realizados alguns experimentos com amostras
provenientes das antigas minas de pirita. A análise bacteriológica consistiu em realizar culturas de
bactérias com amostras de rochas, sedimento de corrente e material de rejeito. As rochas são
provenientes da mina do Piquete (P1R3, P1R4) e constituem filitos compostos essencialmente por
quartzo, moscovita, hematita, goethita, caulinita, carbonato e pirita. O sedimento de corrente (P1S1-c),
também proveniente da mina do Piquete, é composto de quartzo, moscovita, caulinita, hematita,
goethita e pirita. Os sedimentos originados da mina do Padre Faria, que compreendem materiais ácidos
de rejeito (pH= 3.8), possuem a seguinte mineralogia: a amostra P2J-c é composta por quartzo,
moscovita, goethita, hematita, caulinita, pirita e gibbsita; a amostra P2JX1 é composta por quartzo,
goethita, hematita, caulinita, pirita e gibbsita. Ressalta-se que todos os materiais utilizados estavam
úmidos, pois, ou foram coletados em estação de chuva, ou se encontravam situados às margens de
cursos d’água.
137
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
As análises bacteriológicas permitiram verificar a presença de microorganismos acidófilos
atuantes em todos os materiais. A suspeita da existência de atividade bacteriana foi relacionada a um
aumento brusco de Eh, verificado por uma inflexão na curva de Eh-t, conforme exibido nas Figuras
12.1 e 12.3 abaixo. No experimento relativo à rocha P1R3, verifica-se um aumento mais intenso de Eh
a partir do nono dia de cultura, que alcança um valor de 588 mV, próximo ao ponto de inflexão, e
depois atinge um valor máximo de 592 mV, para o tempo considerado no experimento (Figura 12.1,
Tabela 12.1). No sedimento P1S1-c, observa-se uma forte inflexão na curva, que atinge valores
máximos de Eh a partir do décimo dia de cultura (Figura 12.3, Tabela 12.3). Os experimentos relativos
às amostras de rocha P1R4 (Figura 12.2, Tabela 12.2) e materiais de rejeito - P2J-c (Figura 12.4,
Tabela 12.4) e P2JX1 (Figura 12.5, Tabela 12.5) - não exibiram gráficos que indicassem
comportamentos típicos da atividade de microorganismos, relacionáveis a um aumento brusco de Eh.
Inicialmente, pode-se supor a inexistência de bactérias acidófilas nesses últimos experimentos (P1R4,
P2J-c e P2JX1). Mas essa consideração não é verdadeira, uma vez que se observou, ao microscópio, a
existência de bactérias em todas as amostras analisadas. Supõe-se, então, que os baixos valores de Eh
constituam o reflexo de uma fraca atividade bacteriana.
As figuras abaixo exibem as modificações de Eh, e pH, com o tempo. As amostras de controle
são aquelas as quais se adicionou o bactericida (cf. descrito no capítulo 6).
Tabela 12.1: Medidas de Eh e pH para cultura
de bactéria em rocha P1R3.
P1R3
700
P1R3
Eh (mv)
600
P1R3 Controle
500
400
300
200
0
3
6
9
12
15
tempo (dias)
Figura 12.1: Gráfico Eh-t para cultura de bactéria em rocha P1R3.
138
tempo
(dias)
0
1
2
3
8
9
10
11
15
Eh
(mV)
360
381
375
388
451
493
563
588
592
pH
1.91
1.85
1.50
2.19
1.75
1.59
1.30
1.74
1.11
P1R3
Controle
Eh
pH
(mV)
352 1.92
375 1.84
380 1.52
382 1.91
395 1.87
396 1.74
390 1.56
395 2.22
384 1.35
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Tabela 12.2: Medidas de Eh e pH para cultura
de bactéria em rocha P1R4.
P1R4
tempo
(dias)
Eh (mv)
700
600
P1R4
500
P1R4 Controle
0
1
2
3
8
9
10
11
15
400
300
200
0
3
6
9
12
15
tempo (dias)
Eh
(mV)
329
355
360
371
389
390
394
394
389
pH
1.95
1.78
1.55
2.00
1.81
1.74
1.82
1.75
1.24
P1R4
Controle
Eh
pH
(mV)
328 1.91
348 1.86
356 1.54
365 1.88
388 1.88
392 1.77
388 1.53
395 2.04
385 1.36
Figura 12.2: Gráfico Eh-t para cultura de bactéria em rocha P1R4.
Tabela 12.3: Medidas de Eh e pH para cultura
de bactéria em sedimento P1S1-c.
P1S1-c
tempo
(dias)
Eh (mV)
700
600
P1S1-c
500
P1S1-c Controle
0
1
2
3
8
9
10
11
15
400
300
200
0
3
6
9
12
15
tem po (dias)
Eh
(mV)
316
366
377
383
410
425
441
657
648
pH
2.2
1.80
1.66
2.02
1.90
1.78
1.45
1.82
1.13
P1S1-c
Controle
Eh
pH
(mV)
318 1.96
370 1.95
383 1.65
385 2.07
399 1.92
397 1.68
390 1.50
389 1.91
379 1.27
Figura 12.3: Gráfico Eh-t para cultura de bactéria em sedimento P1S1-c.
Tabela 12.4: Medidas de Eh e pH para cultura
de bactéria em sedimento P2J-c.
P2J-c
tempo
(dias)
Eh (mV)
700
600
P2J-c
500
P2J-c Controle
400
300
200
0
3
6
9
12
15
tem po (dias)
Figura 12.4: Gráfico Eh-t para cultura de bactéria em sedimento P2J-c.
139
0
1
2
3
8
9
10
11
15
Eh
(mV)
321
345
355
365
390
393
389
396
389
pH
2.1
1.80
1.63
2.05
1.90
1.78
1.55
2.09
1.37
P2J-c
Controle
Eh
pH
(mV)
322 2.00
363 1.90
372 1.61
377 2.02
395 1.95
396 1.72
393 1.59
400 2.08
388 1.33
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Tabela 12.5: Medidas de Eh e pH para cultura
de bactéria em sedimento P2JX1.
P2JX1
tempo
(dias)
700
Eh (mv)
600
P2JX1
P2JX1 Controle
500
400
300
200
0
3
6
9
12
15
tempo (dias)
0
1
2
3
8
9
10
11
15
Eh
(mV)
314
334
351
359
388
390
389
395
391
pH
2.0
1.78
1.60
1.87
1.82
1.78
1.55
2.06
1.43
P2JX1
Controle
Eh
pH
(mV)
313 1.97
335 1.87
353 1.56
360 1.81
389 1.94
392 1.69
390 1.53
397 2.08
386 1.22
Figura 12.5: Gráfico Eh-t para cultura de bactéria em sedimento P2JX1.
Conforme discutido no capítulo 6, realizou-se um teste de confirmação para a análise; efetuouse o mesmo procedimento anterior, com exceções do tipo de bactericida utilizado, da quantidade de
dias de cultivo e da não interferência no meio, uma vez iniciado o experimento. Procurou-se deixar os
experimentos, durante um tempo de cultura de 25 dias, isolados do meio externo, ou seja, bem
fechados e sem alterações ou medições de pH e Eh. As medidas desses parâmetros só foram efetuadas
após visualização das bactérias ao microscópio, para evitar qualquer tipo de contaminação. Nesse
segundo teste, foram observados, ao microscópio, os mesmos microorganismos observados no
primeiro, ou seja, exclui-se a hipótese de contaminação dos experimentos.
Curiosamente, os experimentos que apresentaram pequenos aumentos nos valores de Eh no
primeiro teste (P1R4, P2J-c e P2JX1) exibiram altos valores de Eh no teste de confirmação (cf. Figura
12.6, Tabela 12.6). Uma explicação possível para esse fato é que as bactérias presentes nas amostras
dos primeiros testes provavelmente necessitariam de um tempo maior para crescerem, e terem suas
atividades refletidas pelos aumentos nos valores de Eh do meio. Os valores de pH medidos ao final do
teste de confirmação permaneceram baixos, em uma faixa de 1.37 a 2.67 (Figura 12.7). Verifica-se,
para algumas amostras (P1R3, P1R4), que houve um decrescimento no valor do pH inicial da solução,
o que pode ser relacionado à liberação de íons H+ na reação de oxidação da pirita (cf. reações 1, 2 e 3).
O bactericida utilizado no teste de confirmação (Lauril sulfato de sódio) foi eficaz, uma vez que se
observou muito pouca atividade bacteriana nos experimentos de controle, e o Eh desses permaneceu
baixo e praticamente constante (Figura 12.6).
140
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Tabela 12.6: Medidas de Eh e pH para cultura de bactéria em teste de confirmação.
Amostras
P1R3
P1R3 Controle
P1R4
P1R4 Controle
P1S1-c
P1S1-c Controle
P2J-c
P2J-c Controle
P2JX1
P2JX1 Controle
pH
1.39
1.66
1.37
1.67
1.85
1.70
1.89
1.77
2.67
1.83
Eh (mV)
583
415
613
414
673
408
835
405
836
407
Eh (mV)
900
800
Amostra
700
Controle
600
500
400
300
P 1R 3
P 1R 4 P 1S 1-c P 2J -c P 2J X1
Experim entos
Figura 12.6: Gráfico exibindo valores de Eh para os experimentos de confirmação, e seus respectivos controles,
na cultura de bactérias.
3
pH
2,5
Amostra
2
Controle
P2J-c
1,5
P2JX1
P1S1-c
P1R1-A
P1R1-B
1
Experimentos
Figura 12.7: Gráfico exibindo valores de pH para os experimentos de confirmação, e seus respectivos controles,
na cultura de bactérias.
A grande maioria dos microorganismos observados possui formas esferoidais, e se encontram
isolados ou agrupados em colônias (Figura 12.8, Figura 12.9). Um segundo tipo de microorganismo
encontrado, embora com muito menos freqüência, possui a morfologia típica da bactéria
Acidithiobacillus ferrooxidans. Esse microorganismo possui células com formas cilíndricas de
aproximadamente 1-2 µm de largura e 0.5 µm de diâmetro (Gómez et al. 1990).
141
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
As fotografias das bactérias cultivadas no teste de confirmação encontram-se exibidas abaixo.
As fotografias correspondentes às Figuras 12.8A e 12.8B (amostra P1S1-c) foram tiradas com alguns
segundos de diferença entre elas, para exibir, nesse espaço de tempo, o aspecto da movimentação das
bactérias. Procedimento semelhante foi adotado para a amostra P2JX1, referente às Figuras 12.9A e
12.9B.
(50 µm)
(A)
(B)
Figura 12.8: Presença de bactérias em experimento relativo a sedimento de corrente - P1S1-c - (A), e sua
mudança de posição alguns segundos depois - (B).
142
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
(50 µm)
sedimento
bactérias
(A)
(B)
Figura 12.9: - Presença de bactérias em experimento relativo a sedimento P2JX1 (A), e sua mudança de posição
alguns segundos depois - (B).
12.3. CONCLUSÕES
O estudo microbiológico realizado em rochas e sedimentos das antigas minas de pirita
permitiu verificar a existência de bactérias que atuam na oxidação da pirita e na geração de acidez.
Verificou-se a presença de bactérias do gênero Thiobacillus, bem como uma outra espécie, ainda não
determinada, mas que é abundante em todos experimentos, e pode ser considerada como uma bactéria
acidófila. Um importante parâmetro observado foi o tempo considerado para as culturas; as bactérias
necessitaram, em alguns experimentos, de um tempo maior para se desenvolverem do que em outros,
mesmo havendo uma mineralogia similar nas rochas. Talvez pequenas diferenças físicas e,
especialmente, químicas dos materiais poderiam constituir a razão de uma maior ou menor atividade
microbiana, mas essa questão tem que ser detalhadamente investigada.
143
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
As bactérias encontradas serão estudadas mais detalhadamente e deverão ser utilizadas para
testes de lixiviação de metais, visando uma possível recuperação dos mesmos em processos da
indústria minero-metalúrgica.
144
CAPÍTULO 13
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo geoquímico-ambiental das áreas das antigas minas de pirita e circunvizinhanças
permitiu verificar que, em determinados pontos, existe contaminação por alguns elementos pesados.
Os altos níveis de metais nos ambientes das antigas minas, particularmente na do Piquete, indicam que
existe uma forte relação entre o processo de geração de acidez e a mobilização de metais. Não se
exclui, todavia, a possibilidade dos ambientes já possuírem um conteúdo elevado de metais, conforme
foi verificado para a região da antiga mina de Santa Efigênia. Em alguns pontos, observou-se que
algumas rochas, e materiais como os denominadas “borra de café” apresentam um conteúdo mais
elevado de metais. De uma maneira geral, observou-se que várias rochas investigadas apresentaram
altos teores de Fe, Al, Mn, Ca, V, Cr, As, Cd, principalmente quando comparadas às rochas analisadas
na região do Sinclinal Dom Bosco.
Nas regiões das antigas minas, verificou-se que existe pouca pirita aflorante, disseminada
principalmente em xistos, filitos e quartzitos, ou ainda, compondo pequenos veios. A pirita sofre
oxidação, a partir da atuação do ar atmosférico e de bactérias específicas e, em presença de água, gera
uma drenagem ácida. Assim como a pirita, outros sulfetos presentes, como a marcassita ou a esfalerita,
podem, também, ter se oxidado e contribuído para a formação de um ambiente ácido.
Nos experimentos envolvendo amostras (rochas, sedimentos e material de rejeito)
provenientes de ambientes ácidos, verificou-se a existência de bactérias que atuam na oxidação da
pirita. O reflexo da atividade microbiana foi associado a um aumento brusco no potencial de oxiredução das soluções referentes aos experimentos. Também, foi observado um decrescimento no valor
do pH inicial de algumas soluções, o que pode ser relacionado à liberação de íons H+, em
conseqüência da oxidação da pirita (mudança do Fe2+ para Fe3+). Dois tipos de bactérias acidófilas
foram identificados: a primeira (de espécie não determinada) é mais abundante, possui formas
esferoidais e comumente se apresenta em colônias; a segunda (Thiobacillus ferrooxidans) é mais rara,
e se apresenta em forma de bastonetes.
A presença de carbonatos nas rochas locais contribui com bases que neutralizam - parcial ou
totalmente - o ácido gerado, o que inibe o processo de acidificação dos ambientes. Esse processo foi
mais bem observado na região da antiga mina de Santa Efigênia, onde as rochas contêm uma maior
proporção de calcita e dolomita.
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
No passado, durante as atividades exploratórias de pirita, as condições de acidez nas regiões
das minas eram, muito provavelmente, bem mais agressivas do que as que existem atualmente, pois
grandes volumes de sulfetos eram expostos à atuação do ar e da água. Assim, considera-se que,
embora exista uma drenagem ácida naturalmente formada (Acid Rock Drainage) as atividades de
extração de pirita aceleraram o processo de acidificação, e, conseqüentemente, a mobilização de
muitos elementos. Dessa maneira, os ambientes (solos, sedimentos, plantas) podem conter altos níveis
de certos metais, devido a uma contaminação remanescente originária das atividades antrópicas.
Atualmente, observa-se que os ambientes das regiões das antigas minas apresentam um conteúdo mais
elevado de metais pesados (cf. Quadro 13.1) do que os ambientes circunvizinhos, com exceção de
poucas amostras.
As variações sazonais muito influenciam a concentração de elementos químicos em águas,
sedimentos, solos e plantas. Verificou-se que as chuvas podem modificar intensamente as condições
de acidez e a concentração de elementos químicos nos ambientes. Na região da antiga mina do
Piquete, verificou-se que, durante a estação chuvosa, a água se torna ácida e concentra mais elementos
(As, Cu, Al, Fe, Zn, Mo) do que nos períodos de seca. Dentre as regiões investigadas, foram
encontradas, nesse local, principalmente durante a estação chuvosa, as maiores concentrações de As,
Co e Cu em sedimentos de fundo. Na região da antiga mina de Santa Efigênia, observou-se que, para a
grande maioria dos metais, que eles se acumulam mais durante o período de seca. Excetuando-se o
sedimento de fundo da Lagoa do Gambá, as maiores concentrações para vários elementos químicos
(Fe, Al, Mn, Ca, Li, Cr, Pb, Zn, Cd) foram determinadas para a estação de seca, no sedimento de
fundo dessa região (P2S1).
Nos solos da antiga mina de Santa Efigênia, foram encontradas as maiores concentrações de
vários metais (Al, Fe, Ca, Mn, Cd, Pb, Zn, Cu, Co, Ni, V e Cr); já os elementos As e Li apresentaram
conteúdos mais elevados nos solos da região da antiga mina do Piquete. Em relação às plantas,
observou-se que vários elementos (Fe, Al, V, Ni, Mo, Pb, Cd e Li) se encontram mais concentrados
nas briófitas, nas regiões das duas antigas minas. No entanto, na região fora da influência das minas,
determinou-se altos níveis de Zn, em briófitas, e de Cr, em Baccharis sp..
Em relação à toxicidade, verificou-se que, para a água, o baixo pH (3,6) e a alta concentração
de Al no ponto da antiga mina do Piquete inviabilizam a sua utilização imediata para consumo, em
épocas chuvosas. Além disso, águas ácidas são prejudiciais aos organismos aquáticos e à flora. Porém,
em épocas de seca, a água não apresenta problemas de acidez ou de altas concentrações de metais.
146
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Em se tratando de níveis tóxicos de elementos químicos em sedimentos, os elementos - As
(ponto da antiga mina do Piquete); Cr (ponto da Lagoa do Gambá, ponto da antiga mina do Piquete, e
ponto do Córrego do Bigode); Cd (todos os pontos) - constituíram aqueles que apresentaram os níveis
mais críticos (PEL). Alguns elementos apresentaram concentrações acima do nível TEL, no qual não
se descarta o caráter tóxico; esses níveis foram atingidos principalmente pelos metais: Cu, Cr, Pb e Zn,
em determinados pontos. Em relação aos níveis críticos de elementos em solos, verificou-se que existe
uma contaminação na região das minas, assinalada por altos teores de As, Cd, e Cu, e, mais
discretamente, de Pb, Ni e Cr. Também as plantas incorporaram alguns metais, a nível tóxico. A
contaminação de metais em plantas deve-se, principalmente, à assimilação de elevados teores dos
metais: Zn, Mn, Ni, Cu e Pb.
De uma maneira geral, pode-se observar que a concentração de elementos químicos em águas,
sedimentos, solos e plantas dependerá, primordialmente, da litologia local. No entanto, essa
concentração será diretamente influenciada por outros fatores, tais como: as condições físico-químicas
do ambiente em questão, a sazonalidade, a disponibilidade e a biodisponibilidade dos elementos
químicos, a concentração de compostos capazes de adsorverem metais (argilominerais, matéria
orgânica, oxidróxidos de ferro e manganês). Em se tratando das plantas, deve-se ter em mente que
outros tipos de vegetais poderiam assimilar os elementos químicos de maneira bem diferenciada.
Analisando a concentração dos elementos químicos potencialmente tóxicos, e a sua
participação nos ambientes das minas, é visto, conforme o Quadro 13.1, que:
O ferro, que está presente em grandes concentrações nas rochas da região, encontra-se em
níveis mais elevados somente nos sedimentos da antiga Mina de Santa Efigênia, não causando um
problema para ingestão por água ou plantas.
O manganês, embora não tenha sido muito acumulado em águas, sedimentos, ou solos da
Mina do Piquete, foi bastante assimilado em plantas, caracterizando um componente tóxico para as
mesmas; já na Mina de Santa Efigênia, pode-se dizer que existe uma contaminação pelo manganês em
praticamente todos os ambientes, excluindo-se os solos.
O alumínio foi encontrado em quantidades tóxicas somente na água da Mina do Piquete; para
a Mina de Santa Efigênia, esse elemento encontra-se acumulado em quantidades tóxicas somente em
sedimentos, não sendo solubilizado em grandes concentrações para a água.
147
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Quadro 13.1: Elementos caracterizados nos ambientes das antigas minas de pirita, onde se encontram
assinalados aqueles que se apresentaram em altas concentrações.
MINA PIQUETE
Elementos
Água
Sedim.
Solo
MINA SANTA EFIGÊNIA
Planta
Água
Fe
Solo
Planta
+
Mn
Al
Sedim.
+
+
+
+
+
+
V
Cr
+
+
Pb
+
+
+
+
+
Co
Ni
Cu
+
+
+
Zn
As
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
Mo
Cd
+
+
Nas duas minas em questão, o cromo foi encontrado em quantidades tóxicas em sedimentos e
solos. Porém, o risco de contaminação por ingestão torna-se reduzido, uma vez que esse elemento é
encontrado em concentrações menores em água e planta.
Embora o chumbo não tenha sido acumulado em quantidades tóxicas em solos da Mina do
Piquete, esse elemento representa um problema devido à acumulação em planta. Para a Mina de Santa
Efigênia, esse elemento se acumulou em quantidades mais perigosas em solos e sedimentos, não
sendo, porém, incorporado em grandes quantidades pelas plantas ou muito solubilizado em água.
O níquel foi encontrado em grandes concentrações somente em planta, na Mina do Piquete. Na
Mina de Santa Efigênia, tanto planta quanto solo apresentaram concentrações tóxicas nesse elemento.
O cobre constitui um dos elementos mais críticos, pois exibiu concentrações tóxicas nos três
ambientes das minas: sedimento, solo e planta. Um fator positivo nas áreas analisadas é a baixa
concentração de cobre nas águas, diminuindo assim, o risco de contaminação por ingestão.
Para a mina do Piquete, embora o zinco não tenha sido encontrado em quantidades tóxicas nos
outros ambientes, ele foi encontrado em concentrações tóxicas nas plantas. Na Mina de Santa Efigênia,
esse elemento foi apresentou-se em altas concentrações tanto nas plantas quanto nos sedimentos.
148
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
O arsênio foi encontrado em concentrações críticas em sedimento e solo da Mina do Piquete,
não sendo, todavia, incorporado em grandes concentrações nas plantas ou ainda, solubilizado em
grandes concentrações. Para a Mina de Santa Efigênia, o arsênio foi encontrado em níveis tóxicos
somente em solos, não sendo, portanto, incorporando pelas plantas.
O cádmio foi encontrado em níveis críticos em sedimentos e solos das duas minas de pirita;
não constituiu, portanto, um elemento tóxico para ingestão por água ou planta.
Nota-se que, embora vários elementos químicos estejam presentes nas rochas com teores
elevados, os solos e os sedimentos não apresentaram, coincidentemente, valores elevados para os
mesmos elementos. Isto pode ser relacionado, em parte, à metodologia de abertura ambiental das
amostras, onde alguns elementos podem não ter sido completamente solubilizados. De maneira
semelhante, as plantas não assimilaram elevados conteúdos de diversos elementos, que se
encontravam presentes em altas concentrações nos solos. Também nesse sentido, deve-se considerar
que existem outras formas de incorporação de um elemento pela planta, como pela poeira atmosférica.
149
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
150
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Referências
Agency for Toxic Substances and Desease Registry (ATSDR) 2003. Toxicological Profile Information Sheet.
http://www.atsdr.cdc.gov/
Agudo E. G. 1987. Guia de Coleta e Preservação de Amostras de Água. 1ª ed. São Paulo, CETESB, 150p.
Alamino R. B. J., Polivanov H., Mendonça J. G. 2003. Determinação do tempo de equilíbrio do íon zinco para o
estudo da contaminação de metais em solos residuais. In: IX Congresso Brasileiro de Geoquímica, Belém – Pará,
Resumos, p.124-125.
Alkmim F. F., Marshak S. 1998. Transamazonian orogeny in the Southern São Francisco Craton region, Minas
Gerais, Brazil: evidence for Paleoproterozoic collision and collapse in the Quadrilátero Ferrífero. Precambrian
Research, 90: 29-58.
Alloway B. J. 1990. Heavy metals in soils - Glasgow: Blackie: Chapman & Hall, New York, 339p.
Almeida F. F. M. 1976. Estruturas do Precambriano Inferior Brasileiro, SBG, 29. Congr. Bras. Geol. Resumo dos
Trabalhos, p. 201-202, Ouro Preto.
Almeida F. F. M. 1977. O Cráton do São Francisco. Revista Brasileira de Geociências, São Paulo, 7(4): 349-364.
Andrade J. A. 2000. Diagnóstico Geoambiental da cabeceira do Rio das Velhas – APA, Cachoeira das Andorinhas,
Ouro Preto, Minas Gerais. Departamento de Geologia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto,
Dissertação de Mestrado, 152p.
Barbosa A. L. M. 1961. Tectônica do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, SICEG, (1): 49-53.
Barbosa A. L. M. 1968. Contribuições recentes à Geologia do Quadrilátero Ferrífero. Ouro Preto, Escola de Minas
da Universidade Federal de Ouro Preto, 68p.
Barbosa A. L. M. 1969. Mapa Geológico das Quadrículas de Ouro Preto e Santa Rita de Ouro Preto, Minas Gerais,
Brasil. Professional Paper 641-A, Plate 9.
Barbosa A. L. M. 1969. Mapa Geológico das Quadrículas de Mariana e Rio das Bandeiras, Minas Gerais, Brasil.
Professional Paper 641-A, Plate 10.
Barbosa G. V. 1980. Superfícies de erosão do Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. Revista Brasileira de
Geociências, São Paulo, 10(1):89-101.
Barbosa G. V., Rodrigues D. M. S. 1967. Quadrilátero Ferrífero. Belo Horizonte. IG/UFMG, 130p.
Belo de Oliveira O. A., Teixeira W. 1990. Evidências de uma tectônica tangencial proterozóica no Quadrilátero
Ferrífero, MG. In: SBG/RN, Congresso Brasileiro de Geologia, 36, Natal. Anais, 6 2589-3604.
Berger A. C., Bethke C. M., Krumhansl J. L. 2000. A process model of natural attenuation in drainage from a
historic mining district. Applied Geochemistry 15: 655-666.
Borba R. P., Figueiredo B. R., Rawlins B., Matschullat J. 2000. Arsenic in water and sediment in the Iron
Quadrangle, State of Minas Gerais, Brazil. Applied Geochemistry, 15(2): 181-190.
Branco
1991.
Estudo
Hidrológico
e
Geoquímico
http://www.hidricos.mg.gov.br/VELHAS/E3/Presen.htm
do
Ribeirão
Cardoso
in
Carneiro M. A. 1992. O Complexo Metamórfico do Bonfim Setentrional - Quadrilátero Ferrífero, MG:
litoestratigrafia e evolução geológica de um segmento de crosta continental do Arqueano. Instituto de
Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Tese de Doutoramento, 233p.
Carneiro M. A., Noce C. M., Teixeira W. 1995. Evolução Policíclica do Quadrilátero Ferrífero: Uma análise
fundamentada no conhecimento atual da Geocronologia U-Pb e Geoquímica Isotópica Sm-Nb. Revista da Escola de
Minas, 48(4):264-273.
Caruccio F. T., Ferm J. C., Horne J. Geidel G., Baganz B. 1997. Paleoenvironment of Coal and its Relation to
Drainage Quality. In: Evangelou V. P. 1995. Pyrite oxidation and its control. CRC Press, 293p.
Castelo 1995 Desenvolvimento Ambiental de Ouro Preto - Micro-bacia do Ribeirão do Funil - MG - Zoneamento das
Águas. SECTMA/IGA/ CETEC. Belo Horizonte.
151
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Cerceau A., Oliveira C. G., Matteo J. A. G. 1996. Litoestratigrafia do Grupo Sabará na região de Ouro Preto-MG e
possível origem para os sulfetos das minas do Ojô e Piquete. In: XXXIX Congresso Brasileiro de Geologia,
Anais, Salvador- BA, 208-210.
CETESB. 2001. Relatório de estabelecimento de valores orientadores para solos e águas subterrâneas no Estado de
São Paulo: http:www.cetesb.sp.gov.br/solo/solo_geral.asp
Chauvet A., Dussin I. A., Faure M., Charvet J. 1994. Mineralização aurífera de idade Proterozóica Superior e evolução
estrutural do Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais – Brasil. Revista Brasileira de Geociências, 24 (3):150-159.
Chávez Jr. W. X. 2002. Aplicaciones de geoquímica a problemas ambientales en explotación minera y la minería.
Resúmen de Conferencia: XXI Curso Internacional de Postgrado en Metalogenia: Mineralogía, geoquímica, biogeoquímica y remediación ambiental de desechos mineros, Universidad Central del Ecuador, Quito, Ecuador.
Chemale Jr. F., Rosière C. A., Endo I. 1991. Evolução tectônica do Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais - Um
modelo. Pesquisas, UFRGS, Porto Alegre 18 (2): 104-127.
Coelho 1995. Desenvolvimento Ambiental de Ouro Preto - Micro-bacia do Ribeirão do Funil - MG - Zoneamento
das Águas. SECTMA/IGA/ CETEC. Belo Horizonte.
CONAMA. 1986. Resolução n° 20 de 18/06/1986: http://www.mma.gov.br/port/conama/index.html
Cordani U. G., Teixeira W., Siga O. Jr. 1980. Geocronologia do Quadrilátero Ferrífero. In: SICEG, Semana de
Estudos Geológicos, Ouro Preto, Boletim, 21:27-44.
Costa A. T. 2001. Geoquímica das águas e dos sedimentos da Bacia do Rio Gualaxo do Norte, leste-sudeste do
Quadrilátero Ferrífero (MG): Estudo de uma área afetada por atividades de extração mineral. Departamento de
Geologia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, Dissertação de Mestrado, 146p.
Cruz L. V. 2002. Avaliação Geoquímica Ambiental da Estação Ecológica do Tripuí e Adjacências, Sudeste do
Quadrilátero Ferrífero, MG. Departamento de Geologia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto,
Dissertação de Mestrado, 140p.
Derby O. A. 1906. The Serra do Espinhaço, Brazil. Journal of Geology, 14(3): 374-401.
Dissanayake C. B., Chandrajith R. 1999. Medical geochemistry of tropical environments. Earth Cience Reviews, nº
47:219-230.
Dold B. 1999. Mineralogical and geochemical changes of copper flotation tailings in relation on their original
composition and climatic settings – implications for acid mine drainage and element mobility. PHd Thesis,
Université de Genève. Terre et Environment, v.18, 230p.
Dold B., Fontboté L. 2001. Element cycling and secondary mineralogy in porphyry copper tailings as a function of
climate, primary mineralogy, and mineral processing. Journal of Geochemical Exploration ,74: p.3-55.
Dold B. 2002. Basic Concepts of Environmental Geochemistry of Sulfide Mine-Waste. In XXI Curso Internacional
de Postgrado en Metalogenia: Mineralogía, geoquímica, bio-geoquímica y remediación ambiental de desechos
mineros, Universidad Central del Ecuador, Quito, Ecuador, p3-39.
Dorr J. V. N. II, Gair J. E., Pomerene J. B., Rynearson G. A. 1957. Revisão estratigráfica Pré-Cambriana do
Quadrilátero Ferrífero. Trad. A. L. M. Barbosa. Rio de Janeiro, DNPM/DFPM. 33p.
Dorr II J. V. N. 1958. Esboço geológico do Quadrilátero Ferrífero de Minas – Brasil. Boletim do DNPM. Publicação
especial, 1: 7-8.
Dorr J. V. N. 1969. Physiographic, stratigraphic and structural development of the Quadrilátero Ferrífero, Brazil.
U. S. Geological Survey Professional Paper. 641(A):110p.
Eschwege L. W. Von 1833. Pluto Brasiliensis. Verlag Reimes, Berlim, 622p.
Eleutério L. 1997. Diagnóstico da Situação Ambiental da Cabeceira da Bacia do Rio Doce, MG, no Âmbito das
Contaminações por Metais Pesados em Sedimentos de Fundo. Departamento de Geologia, Universidade Federal
de Ouro Preto, Ouro Preto, Dissertação de Mestrado, 153p.
Endo I. 1997. Regimes tectônicos do Arqueano e Proterozóico no interior da placa Sanfranciscana: Quadrilátero
Ferrífero e áreas adjacentes, Minas Gerais. Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Tese de
Doutoramento, 328p.
Environmental Canada. 1999a. Canadian sediment quality guidelines for the protection of aquatic life. Summary
Tables. http://www.ec.gc.ca
152
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Evangelou V. P. 1995. Pyrite oxidation and its control. CRC Press, 293 p.
FEAM/DIPLA. 1995. Desenvolvimento Ambiental de Ouro Preto - Micro-bacia do Ribeirão do Funil - MG Zoneamento das Águas. SECTMA/IGA/ CETEC. Belo Horizonte.
Fergusson J. E. 1990. The heavy elements - Chemistry, Environmental Impact and Health Effects. Oxford, Pergamon
Press, 602p.
Fernandes 1995. Desenvolvimento Ambiental de Ouro Preto - Micro-bacia do Ribeirão do Funil - MG - Zoneamento
das Águas. SECTMA/IGA/ CETEC. Belo Horizonte.
Ferreira C. M. 1991. Topázio de Ouro Preto, Minas Gerais. In Schobbenhaus, C., Queiroz, E. T., Coelho, C. E. S.
Principais depósitos minerais do Brasil. Brasília, DNPM/CPRM, 4: 303-308.
Föstner U., Wittmann G. T. W. 1983. Metal Pollution in the Aquatic Environment. 2ed. Springer-Verlag, Berlin,
356p.
Freise F. W. 1933. Bildung vion Erzlagerstätten in Seen. Beobachtungen aus Brasilien. Chem. Erde 8, 1. In
Wedepohl 1978 vII/3
Gandini A. L. 1994. Mineralogia, Inclusões Fluidas e Aspectos Genéticos do Topázio Imperial da Região de Ouro
Preto, Minas Gerais. Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Tese de Mestrado, 212p.
Gair J. E. 1958. The Sabará formation. Boletim da Sociedade Brasileira de Geologia, 7(2): 68-69.
Gair J. E. 1962. Geology and ore deposits of the Nova Lima and Rio Acima Quadrangles, Minas Gerais, Brazil. U. S.
Geological Survey Professional Paper, 341(A):67p.
Gatto L. C. S., Ramos V. L. S., Nunes B. T. A., Mamede L., Goés M. H. B., Mauro C. A., Alvarenga S. M., Franco
E. M. S., Quirico A. F. , Neves L. B. 1983. Geomorfologia. In: Projeto RADAMBRASIL, Folhas SF23/24 Rio
de Janeiro/Vitória, Rio de Janeiro, 32 (2):330-333.
Gomes N. S. 1985. Petrologish-geochemische untersuchungen im Bação-Komplex Eisernes Viereck, Minas Gerais,
Brasilien. Clausthal, 290p. (Doctoral, Technischen Universität Clausthal, Clausthal - Zellerfeld, Federal Republic of
Germany).
Gómez E. L., Nieto J. M., Urbina F. P. O, Pérez A. B, Chaparro A. A. M. 1990. Minería Química. Instituto Tecnológico
Geominero de España, 652p.
Gorceix C. H. 1881. Estudo geológico das jazidas topazeíferas da província de Minas Gerais. In: Anais da Escola de
Minas de Ouro Preto, Ouro Preto, Minas Gerais, 1: 15-38.
Gorceix H. 1884. Bacias terciárias de água doce nos arredores de Ouro Preto (Gandarela e Fonseca), Minas Gerais.
Anais da Escola de Minas de Ouro Preto, 1: 13-34.
Guild 1957. Geology and mineral resources of the Congonhas do Campo District, MG, Brasil. Washington, U. S.
Geol. Survey Prof. Paper, 90 p.
Guimarães D. 1931. Contribuição à geologia do Estado de Minas Gerais, Brasil. Boletim. SGM/DNPM, 55: 1-36.
Guimarães D., Melo S. M. G., Melo E. A. V. 1967. O Complexo de Bação. Bol. Inst. Geol./EFMOP, 2 (1): 1-12.
Harder E. C., Chamberlin R. T. 1915. The geology of central Minas Gerais, Brazil, Part 1. Journal of Geology,
23(4):341-378
Herz N. 1970. Gneissic and Igneous Rocks of the Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, Brazil. USGS/DNPM.
Professional Paper, 641(B):1-57
Hounslow A. W. 1995. Water Quality Date - Analysis and Interpretation, Ed. Lewis 397p.
Johnson R. F. 1962. Geology and ore deposity of the Cachoeira do Campo, Dom Bosco and Ouro Preto quadrangles,
Minas Gerais, Brazil. U.S. Geological Survey Professional Paper, 341 (B): 1-39.
Karlsson S., Allard B., Hakansson K. 1988. Characterization of suspended solids in a stream receiving acid mine
effluents, Bersbo, Sweden. Appied Geochemistry, 3:.345-356.
Ladeira E. A. 1980. Gênese de ouro na Mina de Morro Velho e no Distrito de Nova Lima, Minas Gerais, Brasil. In:
SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 31, Camboriú, 1980, Anais, 278-281.
Ladeira E. A., Roeser H. M. P., Tobschall H. J. 1983. Evolução petrogenética do Cinturão de Rochas Verdes, Rio das
Velhas, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. In: SBG/MG, Simpósio de Geologia de Minas Gerais, 2, Belo
Horizonte, Anais, 3:149-165.
153
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
Ladeira E. A. 1985. Metalogênese do Ouro da Mina de Morro Velho e do Distrito de Nova Lima, Minas Gerais,
Brasil. In: Contribuição à Geologia e à Petrologia. CBMM/BH-SBGM/ núcleo MG. 95-151
Ladeira E. A.,Viveiros J. F. M. 1984. Hipóteses sobre a estruturação do Quadrilátero Ferrífero com base nos dados
disponíveis. Belo Horizonte, SBG/Núcleo MG, Boletim 4, 18p.
Langmuir D. 1997. Aqueous Environmental Geochemistry. New Jersey, Prentice-Hall, 600p.
Machado N., Noce C. M., Oliveira O. B., Ladeira E. A. 1989. Evolução Geológica do Quadrilátero Ferrífero no
Arqueano e Proterozóico Inferior, com base em Geocronologia U-Pb. In: SBG/ Núcleo Minas Gerais, I Simpósio
de Geologia do Núcleo Brasília, Belo Horizonte, Anais, 1-5
Maxwell C. H. 1958. The Batatal Formation. Symposium on Stratigrafy of Minas Series in the Quadrilátero
Ferrífero, Minas Gerais. Boletim da Sociedade Brasileira de Geologia, São Paulo, 7(2): 60-61.
Mello C. S. B. 2003. Comunicação verbal.
Menezes M. G. 1988. Geologia e ocorrências auríferas da Faixa Maquiné a sul da Quadrícula de Capanema Quadrilátero Ferrífero - MG. Dissertação de Mestrado. Universidade de Brasília. Instituto de Geociências.
Menezes M. G, Leonardo O. H. 1992. A ocorrência aurífera no Grupo Maquine – Quadrilátero Ferrífero – MG.
Revista Escola de Minas, Ouro Preto, 45 (1, 2):128-130.
Moutte J. 1990. Procedure for multiacid digestion of rocks and minerals Géochimie, École des Mines de Saint
Etienne, France: http://www.emse.fr/moutte/enplasma/prepar.htm#top
Nicholson R. V., Scharer J. M. 1994. Laboratory studies of pyrrhotite oxidation kinetics. In: Alpers C. N., Blowes D.
W. Environmental Geochemistry of Sulfide Oxidation. ACS Symposium Series, Washiington, DC,.550: 14-30.
Nalini JR. H. A., Friese S.K. 2001. Acid Mine Drainage and Open Pit Lakes. Curso de Metais pesados. Notas de
aula. DEGEO/UFOP
Noce C. M. 1995. Geocronologia dos eventos magmáticos, sedimentares e metamórficos na região do Quadrilátero
Ferrífero, Minas Gerais. Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Tese de Doutoramento,
128p.
O’Rourke J. E. 1957. The stratigraphy of the metamorphic rocks of the Rio de Pedras and Gandarela Quadrangles,
Minas Gerais, Brazil. Wisconsim. Ph.D Thesis. University of Wisconsin, EUA, 106p.
Plant J., Baldock J. W., Smith B. 1996. The role of geochemistry in environmental and epidemiological studies in
developing countries: a review In Geological Society Special Publication, 113.
Plant J. A., Baldock J. W., Haslam H., Smith B. 1998. The role of geochemistry in environmental and
epidemological studies in developing countries. British Geological Survey, Keyworth, Nottingham, United
Kingdom, NG125GG. Episodes, 21 (1):19-25.
Plumlee G. S. 1999. The environmental geology of mineral deposits. In Plumlee G. S., Logsdon M. J. Reviews in
Economic Geology. The environmental geochemistry of ore deposits. Part A: Processes, Techniques and Health
Issues, 6(A):71-116.
Pomerene J. B. 1958. Cercadinho Formation, Taboões Quartzite, Barreiro Formation. In: SBG, Symposium on the
Stratigraphy of the Minas Séries in the Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, Brasil, Boletim, 7(2):64-65.
Pomerene J. B. 1964. Geology and ore deposits of the Belo Horizonte, Ibirité, and Macacos quadrangles, Minas Gerais,
Brazil. U. S. Geoogy Survey Prof. Paper, 341-D, 84p.
Porfiro V. 2000. Mapeamento Geológico na escala 1:10.000 de um segmento da aba norte do Sinclinal Dom Bosco:
Quadrilátero Ferrífero, MG, Brasil. Trabalho geológico, 58p.
Ramalho J. F. G. P., Sobrinho N. N. B. A., Velloso A. C. X. 2000. Contaminação da Microbacia de Caetés com
metais pesados pelo uso de agroquímicos. Pesq. agropec. Brasil., Brasília, 35(7):.1289-1303.
Renger F. E., Noce C. M., Romano A. W., Machado N. 1994. Evolução sedimentar do Supergrupo Minas: 500 Ma
de registro geológico no Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, Brasil. Geonomos, 2: 1-11.
Rösler H. J., Lange H. 1975. Geochemische Tabellen. 2a. Ed. VEB, Deutscher Verlag für Grundstoff Industrie,
700p., Leipzig.
Roeser H., Roeser U. F., Ladeira E. A., Tobschall H. J. 1982. The petrological and geochemical evolution of the
basement of the Quadrilátero Ferrífero, MG, Brazil – Congresso Latino-americano de Geologia, 5°, Argentina,
Actas, 3: 675-690.
154
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Santos A. C. 1997. Noções de Hidroquímica in Feitosa F. A. C & Filho J. M. 1997. Hidrogeologia – Conceitos e
Aplicações. Fortaleza, CPRM/LABHID/UFPE, p81-108.
Santos M. C. 1998. Gênese dos Corpos Argilosos do Morro do Caxambu e da Mina do Vermelhão. Sinclinal Dom Bosco,
Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais. Tese de Mestrado. Departamento de Geologia, Universidade Federal de
Ouro Preto, Ouro Preto, Dissertação de Mestrado, 176p.
Sarmento J. C. 1735. Historical accounts of the Discovery of gold and diamonds in Minas Gerais: “Matéria Médica”, p.
9-14 - ouro, p. 149-154 - diamonds, p.192-193 - cristal, 196 pedra-iman.
Sawyer C. N., Mc Carty P. L., Parkin G.F. 1994. Chemistry for environmental engineering. Editora McGraw-Hill,
p471-484.
Silva, Gontijo 1995 Desenvolvimento Ambiental de Ouro Preto - Micro-bacia do Ribeirão do Funil - MG Zoneamento das Águas. SECTMA/IGA/ CETEC. Belo Horizonte.
Soares C. R. F. S, Accioly A. M. A., Marques T. C. L. L S. M., Siqueira J. O., Moreira F. M. S. 2001. Acúmulo e
distribuição de metais pesados nas raízes, caule e folhas de mudas de árvores em solo contaminado por rejeitos de
indústria de zinco. R. Bras. Fisiol. Veg., 13 (3): 302-315.
Souza, M. L. P., Andreoli C. V., Pegorini E. S., Chibinski N. C. 2003. Metais pesados em solos da Bacia do Rio das
Pedras - S. Mateus do Sul - PR In XXIX Congresso Brasileiro de Ciência do solo. Ribeirão Preto.
Simmons G. E., Maxwell C. H. 1961. Grupo Tamanduá da Série Rio das Velhas. Rio de Janeiro, DNPM/DGM, Boletim
211, 30p.
Simmons G. C. 1968. Geology and ore deposits of the Western Serra do Curral, Minas Gerais, Brazil. U. S. Geol. Survey
Prof. Paper, 341-G, 57p.
Singer P. C., Stumm W. 1970. Acid mine drainage: the rate determinating step: Science 167:1121-1123.
Southam G. 2002. Introduction to Microbiology. In XXI Curso Internacional de Postgrado en Metalogenia:
Mineralogía, geoquímica, bio-geoquímica y remediación ambiental de desechos mineros, Universidad Central
del Ecuador, Quito, Ecuador, 28p.
Teixeira W. 1985. A evolução geotectônica da porção meridional do cráton do São Francisco, com base em
interpretações geocronológicas. Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, Tese de
Doutoramento, 207p.
Thornton I. 1996. Impacts of mining on the environment; some local, regional and global issues. Applied
Geochemistry, Elservier Science Ltd, 11:355-361.
Torrego E. H. 2002. http://www.uam.es/.../Pirita/502.pirita.html
Turekian K. K., Wedepohl K. H. 1961. Distribution of elements in some major units of the earth’s crust. Geol. Soc.
Of Am. Bull. 72: 175-192.
Wallace R. M. 1958. The Moeda Formation. Boletim da Socied.Brasil. Geol.7:59-60.
Wedepohl K. L. edições, 1978. Handbook of Geochemistry. Springer-Verlag, Berlin, Heidelberg, New York.
Williams T. M., Dunkley P. N., Cruz E., Acitimbay V., Gaibor A., Lopez E., Baez N., Aspden J. A. 2000. Regional
geochemical reconnaissance of the Cordillera Occidental of Ecuador: economic and environmental applications.
Applied Geochemistry, 15: 531-550.
Wolloslow W. H. 1805. On the discovery of palladium, with observation on other substances, found with platina:
Royal Soc. London, Plylosofical Transactions, XCIX: 189-194.
Yanful E. K., Nesbitt H. W., Quigley R. M. 1998. Heavy metal migration at a landfill site, Sarnia, Ontario, Canada I. Thermodynamic assessment and chemical interpretations. Applied Geochemistry, 3: 523-533.
155
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
156
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Anexos
Anexo 1: Mapa de localização de pontos referente às amostras de rochas.
Anexo 2: Mapa de localização de pontos referente às amostras de águas e sedimentos.
Anexo 3: Mapa de localização de pontos referente às amostras de solos.
Anexo 4: Coordenadas UTM dos pontos amostrados.
Anexo 5: Difratogramas de amostras de rochas: P1R1, P1R4, P2R4.
Anexo 6: Concentração de elementos químicos em amostras de rochas da antiga mina do Piquete.
Anexo 7: Concentração de elementos químicos em amostras de rochas da antiga mina de Santa
Efigênia.
Anexo 8 : Concentração de elementos químicos em água.
Anexo 9 : Concentração em água da Lagoa do Gambá.
Anexo 10: Difratogramas de amostras de sedimentos: P1S1, P2S1.
Anexo 11: Concentração de elementos químicos em sedimentos.
Anexo 12: Concentração de elementos químicos em sedimentos de fundo.
Anexo 13: Difratogramas de amostras de solos: P1O1, P2O1C.
Anexo 14: Concentração de elementos químicos em solos.
Anexo 15: Concentração de elementos químicos em plantas.
157
Martins, C. M., 2005. Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes...
158
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 21, 159p.
Ficha de Aprovação
TESE DE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
TÍTULO: Rastreamento geoquímico de possíveis contaminações remanescentes de
minerações de pirita no Município de Ouro Preto, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais.
AUTORA: CRISTINA MARIA MARTINS
ORIENTADOR: Prof. Dr. Hubert Mathias Peter Roeser
Aprovada em: _____/_____/_____
PRESIDENTE: Prof. Dr. Hermínio Arias Nalini Jr.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Hermínio Arias Nalini Jr./ DEGEO/EM/UFOP
Prof. Dr. Versiane Abis Leão / DEMET/EM/UFOP
Prof. Dr. Jaime Wilson Vargas de Mello / Dep. Solos/UFV
Ouro Preto, _____/_____/_____
159
Mapa de localização de pontos referente às amostras de rochas
7744000
-26
BR
2
Có
rre
go
A
FS
RF
e
od
Big
+ P2R1
+P2R4 P2R8 + P2R7
+
+P2R5
+ P2R6 +P2R2
Legenda
+P2R3
P1R1-2 +
Ribeirão do Carmo
P1R3-7 +
ês
in
Ch
657000
658000
7743000
0
500
1000m
Rodovia
Ferrovia
Drenagem
Mapa de localização de pontos referente às amostras de água e sedimentos
7745000
RFFSA
+
P4A1
Barra
Rib
BR-262
do
e ir
ão
Ca
Fábrica de
Tecidos
o
rm
7744000
P1A4
Có
de
+
P2A1
P1A1 +
BR
-26
2
658000
0
Prédio
Ch
in
ês
P1A3 +
659000
P1A2 +
657000
656000
7743000
Rodovia
Ferrovia
Drenagem
rre
go
o
Big
P3A1 +
Lagoa do
Gambá
Legenda
+
500
1000m
Mapa de localização de pontos referente às amostras de solos
7744000
2
-26
R
B
RFFSA
Có
rre
go
B ig
Ribeirão
do
ode
P2O2 +
P2O3 +
+ P2O1
Legenda
P1O1 +
Carmo
P1O2 +
Ch
i
nê
Rodovia
Ferrovia
s
Drenagem
0
659000
658000
657000
7743000
500
1000m
Quadro de coordenadas UTM dos pontos amostrados.
Amostras
UTM E
UTM N
P1R1
658700
7743390
P1R2
658700
7743370
P1R3
658665
7743375
P1R4
658660
7743375
P1R5
658660
7743375
P1R6
658665
7743370
P1R7
658660
7743370
P1A1, P1A1-c, P1S1, P1S1-c
658660
7743375
P1A2, P1A2-c, P1S2, P1S2-c
658450
7743225
P1A3, P1A3-c, P1S3, P1S3-c
658930
7743050
P1A4, P1A4-c, P1S4, P1S4-c
658130
7743975
P1EX1, P1EX2
658640
7743405
P1O1, P1O1-c
658660
7743395
P1O2, P1O2-c
658530
7743380
P1P1B
658660
7743370
P1P1C
658660
7743395
P1P3B
658930
7743050
P1PBC
658120
7743960
P2R1
656930
7743730
P2R2
657570
7743575
P2R3
657330
7743500
P2R4
657175
7743660
P2R5
657460
7743630
P2R6A
657440
7743585
P2R6B
657445
7743590
P2R7A
657405
7743660
P2R7B
657420
7743660
P2R7C
657435
7743665
P2R8
657365
7743650
P2A1, P2A1-c, P2S1, P2S1-c
657660
7743560
P2J, P2J-c, P2JX1, P2JX2, P2JG 657649
7743550
P2O1A, P2O1A-c
657590
7743590
P2O1B, P2O1B-c
657590
7743570
P2O1C
657550
7743550
P2O2, P2O2-c
657500
7743575
P2O3-c
657420
7743550
P2P1B
657480
7743570
P2P1C
657550
7743550
P3A1, P3A1-c
656575
7743793
P3A1-0m, P3A1-1m, P3A1-2m,
P3A1-3m, P3S1
656527
7743793
P4A1
656213
7744628
Elementos traço
Elementos principais
Quadro de concentração dos elementos químicos em amostras de rochas da antiga mina do Piquete.
Elementos
P1R1
Na (%)
0,2859
K (%)
1,6070
Ca (%)
0,0499
Mg (%)
0,1797
Fe (%)
6,7036
Mn (%)
40,0581
Al (%)
3,3741
Ti (%)
0,3124
P (%)
0,3299
V (mg/kg)
176,2974
Cr (mg/kg) 121,5521
Pb (mg/kg)
9,0098
Co (mg/kg)
75,0733
Ni (mg/kg) 143,4918
Cu (mg/kg) 152,0702
Zn (mg/kg)
49,7022
As (mg/kg)
54,0694
Mo (mg/kg)
6,7431
Li (mg/kg)
6,5195
Cd (mg/kg)
12,3736
Zr (mg/kg)
48,4025
Ba (mg/kg) 1888,2695
Sr (mg/kg) 121,2402
Y (mg/kg)
22,0697
Be (mg/kg)
2,1628
Sc (mg/kg)
10,8451
Th (mg/kg)
27,7625
P1R2
0,3465
2,4370
0,0243
0,1581
0,2976
0,0143
5,7486
0,4663
0,1175
165,3233
124,2473
<1,8
72,0614
13,2299
8,5515
2,8233
27,4689
9,5351
8,3681
2,6806
10,269
577,4085
28,794
22,3421
0,9326
14,9015
8,9083
Concentração em rochas
P1R3
P1R4
0,2926
0,2281
1,3403
0,3070
0,0236
0,0206
0,1135
0,1336
6,1222
8,5066
0,0073
0,0075
5,0295
14,2842
0,3685
0,7629
0,1296
0,1105
139,0472
145,8814
118,1126
184,0517
<1,8
<1,8
91,0785
169,1647
98,832
114,7683
45,2808
12,9707
7,0764
9,3854
326,6833
218,204
11,62
8,9991
7,6502
6,7686
9,7695
11,6417
102,6571
135,9396
<0,2
56,9205
16,2463
7,5156
34,6842
32,3494
0,7392
0,6387
15,3779
14,5109
9,7436
12,131
P1R5
0,3825
2,6861
0,0062
0,2428
4,8050
0,0059
6,4177
0,5227
0,0949
158,8385
161,064
<1,8
54,7059
68,4729
7,6133
5,1807
79,7039
6,3763
18,8909
6,987
126,1289
2,153
10,9153
32,6061
1,5113
16,7637
8,8088
P1R6
3,1644
0,4949
0,2439
0,1533
4,6934
0,0664
4,8252
0,5654
0,1451
117,8233
129,6159
<1,8
52,2171
48,2519
5,6079
4,5677
22,0404
<1,5
5,0827
6,0199
150,4204
70,3953
9,0221
14,1923
0,9527
15,7269
7,915
P1R7
0,2479
0,1992
0,0154
0,0224
3,7493
0,0021
5,9585
0,4027
0,1117
100,8801
110,922
<1,8
51,849
46,2645
48,8262
3,4481
193,7677
7,1574
3,6684
6,0866
122,6649
66,9119
13,3721
18,8337
1,1066
10,5337
8,4331
Quadro de concentração de elementos químicos em amostras de rochas da antiga mina de Santa Efigênia.
Elementos traço
Elementos principais
Concentração em rochas
Elementos
Na (%)
K (%)
Ca (%)
Mg (%)
Fe (%)
Mn (%)
Al (%)
Ti (%)
P (%)
V (mg/kg)
Cr (mg/kg)
Pb (mg/kg)
Co (mg/kg)
Ni (mg/kg)
Cu (mg/kg)
Zn (mg/kg)
As (mg/kg)
Mo (mg/kg)
Li (mg/kg)
Cd (mg/kg)
Zr (mg/kg)
Ba (mg/kg)
Zr (mg/kg)
Y (mg/kg)
Be (mg/kg)
Sc (mg/kg)
Th (mg/kg)
P2R1
0,6599
0,0867
0,4839
0,3286
21,5418
8,4558
0,7954
0,0160
0,0144
57,4867
20,6743
27,5936
48,0693
140,4765
14,1313
119,6036
<1,0
6,6789
5,3724
29,8617
29,799
939,6456
29,799
57,0686
2,1531
4,2958
9,1979
P2R2
0,3588
2,3135
0,0096
0,1970
13,7937
0,0342
5,7344
0,5465
0,1518
148,0266
160,3146
7,2328
44,1228
58,5885
63,4622
17,3069
163,9959
18,8883
10,5459
20,7237
124,0727
299,6826
124,0727
33,9087
2,1776
17,0529
26,3389
P2R3
2,2132
0,6688
0,0516
0,1426
3,4195
0,00012
6,4400
0,7039
0,0087
130,35
175,2128
1,2611
31,9104
26,2871
8,9105
3,1321
108,0221
7,6287
10,12
4,4863
146,1657
87,9682
146,1657
15,5779
0,5169
16,8597
4,4346
P2R4
0,0912
0,5248
0,0280
0,2764
18,8254
2,6619
1,7794
0,2138
0,1003
68,8684
38,4034
11,3406
46,0222
47,7646
15,9387
42,3623
24,7122
<1,5
6,1136
26,0937
45,7129
507,1312
45,7129
16,3202
1,5464
9,8045
7,0827
P2R5
0,2196
0,8174
0,0091
1,3144
34,6931
0,4436
9,4240
1,6223
0,2903
307,2096
399,7962
41,1783
109,7399
122,6565
341,6196
42,8109
720,2324
<1,5
9,424
53,3199
363,1129
118,4198
363,1129
44,8156
1,4983
31,0413
26,04
P2R6A
0,3108
0,1167
17,5669
7,0102
6,3113
0,4682
0,7196
0,2190
0,0265
74,6516
61,7272
1,644
35,0821
64,6222
14,9407
6,2658
50,4881
<1,5
2,8951
10,7014
41,503
<0,2
41,503
16,5123
<0,0517
11,7664
3,7326
P2R6B
0,2596
0,0091
17,1311
0,3180
20,4357
0,0468
0,0541
0,0103
0,0188
5,2521
2,554
21,3894
29,1851
6,0862
4,7166
13,5936
84,1363
<1,5
0,1442
27,8257
16,3432
<0,2
16,3432
1,0298
<0,0515
<0,0515
0,5458
P2R7A
0,0779
0,0428
0,0110
0,2162
11,0188
0,0117
11,9695
0,6624
0,1052
146,4493
161,9306
<0,4
265,4686
96,5246
2,4365
17,7931
118,9154
<1,5
7,0913
16,4996
132,381
<0,2
132,381
14,0787
0,6078
16,6606
2,8781
P2R7B
0,1471
0,8063
0,0154
0,3740
2,1062
0,0091
14,4015
0,8917
0,0967
343,0776
243,9299
<0,4
34,1236
74,7445
2,031
6,7684
104,7241
5,4229
11,2756
3,1821
192,1562
179,7755
192,1562
28,9564
1,1153
25,9892
3,5607
P2R8
0,0879
0,1184
0,9483
0,6800
19,1176
0,0508
3,6699
0,2632
0,1937
62,3932
154,5295
14,7885
48,9491
143,7846
67,1168
24,5524
91,202
<1,5
9,1202
32,4424
66,0786
<0,2
66,0786
17,6331
0,436
16,6468
11,2173
Elementos traço
Elementos principais
Quadro de concentração de elementos químicos em água.
Concentração em águas (Estação de seca - 09/2002)
Concentração em águas (Estação de chuva - 01/2003)
Elementos P1A1
P1A2
P1A3
P1A4
P2A1
P3A1
P4A1 P1A1-c P1A2-c P1A3-c P1A4-c P2A1-c P3A1-c P4A1-c
Na (mg/L)
0,712
0,2622
0,503
0,4926
128,5
2,773
161,9
0,1352 0,2143 0,3055 0,1429
16,89
0,562
31,89
K (mg/L)
0,2085 0,3338 0,2508 0,2679
4,948
1,807
5,41
0,655
0,4169 0,3536
1,035
2,937
0,785
1,363
Ca (mg/L)
1,702
0,576
0,501
2,644
27,74
13,3
34,36
0,204
0,0834 0,2206 0,2538
6,32
6,98
8,42
Mg (mg/L) 0,887
0,1335 0,1357
0,864
3,731
1,558
3,651
0,0656 0,0767 0,0919 0,0537
1,297
0,777
1,37
Fe (µg/L)
26,99
79,2
4,077
38,82
247,1
27,53
182,9
104,4
375,2
15,57
58,7
42,45
13,93
42,45
Mn (µg/L)
37,01
10,7
2,682
432,4
1438
12,65
858
32,32
38,13
7,86
77,9
131,9
3,146
157,4
Al (µg/L)
29,53
8,36
4,509
4,744
48,45
42,31
70,9
152,5
8,0
12,37
75,4
73,1
28,45
44,09
Si (mg/L)
2,727
2,799
2,687
2,8
2,832
0,0336
2,932
0,929
2,227
2,299
0,544
1,379
0,669
1,609
V (µg/L)
<0,549 <0,549 <0,549 <0,549 <0,549 <0,549 <0,549 <0,549 <0,549
0,669
<0,549 <0,549 <0,549 <0,549
Cr (µg/L)
<1,48
<1,48
<1,48
<1,48
<1,48
1,726
<1,48
<1,48
<1,48
<1,48
<1,48
<1,48
2,292
2,061
Pb (µg/L) <19,28 <19,28 <19,28 <19,28 <19,28 <19,28 <19,28 <19,28 <19,28 <19,28 <19,28 <19,28 <19,28 <19,28
Co (µg/L) <0,945 <0,945 <0,945 <0,945 <0,945 <0,945 <0,945 <0,945 <0,945 <0,945 <0,945 <0,945 <0,945 <0,945
Ni (µg/L) <2,572 <2,572 <2,572
5,6
<2,572 <2,572 <2,572 <2,572 <2,572
6,38
4,43
3,643
4,729
4,294
Cu (µg/L) <0,4516 <0,4516 <0,4516 <0,4516 1,258
168,8 <0,4516 1,613 <0,4516 2,685 <0,4516 <0,4516 <0,4516 <0,4516
Zn (µg/L)
1,696
5,27
9,07
11,75
18,65
44,58
23,52
10,59
9,75
60,4
33,27
13,37
15,88
14,16
As (µg/L)
<5,0
<5,0
<5,0
<5,0
<5,0
<5,0
<5,0
5,57
<5,0
<5,0
<5,0
<5,0
9,6
<5,0
Mo (µg/L)
<0,83
<0,83
<0,83
5,57
8,11
3,574
7,2
1,617
<0,83
3,116
5,62
2,742
<0,83
5,57
Li (µg/L)
3,121
1,038
0,4455
3,029
2,854
1,451
2,788
0,538
0,878
0,673
0,4722
0,725
0,755
0,728
Cd (µg/L) <0,739 <0,739
0,744
<0,739 <0,739 <0,739 <0,739 <0,739 <0,739 <0,739 <0,739 <0,739 <0,739 <0,739
Ti (µg/L) <0,3039 <0,3039 <0,3039 <0,3039 <0,3039 0,3712 <0,3039 0,4595 <0,3039 <0,3039 <0,3039 0,4712 0,3712 <0,3039
Ba (µg/L)
2,605
1,481
1,829
10,02
47,82
86,4
38,32
2,177
1,418
2,186
2,302
6,7
26,63
10,26
Sr (µg/L)
3,448
1,041
0,764
3,845
100
73,4
126,2
1,007
0,625
0,948
1,063
26,17
40,5
35,91
Sn (µg/L) <13,39 <13,39
15,63
<13,39 <13,39
18,76
<13,39 <13,39
50,3
<13,39
14,79
<13,39 <13,39 <13,39
Be (µg/L) <0,0657 <0,0657 <0,0657 0,0719 0,1086 <0,0657 <0,0657 <0,0657 <0,0657 0,1269 <0,0657 <0,0657 <0,0657 <0,0657
Elementos traço
Elementos principais
Quadro de concentração de elementos químicos em água da Lagoa do Gambá.
Concentração em diferentes profundidades (06/2003)
Elementos P3A2-0m P3A2-1m P3A2-2m P3A2-3m
Na (mg/L)
1,228
1,084
1,081
1,009
K (mg/L)
0,746
0,73
0,748
0,788
Ca (mg/L)
9,65
9,35
9,11
10,81
Mg (mg/L)
1,127
1,113
1,096
1,169
Fe (µg/L)
5,71
27,57
28,66
27,95
Mn (µg/L)
73,6
73,4
125,5
722,0
Al (µg/L)
12,88
8,35
18,54
8,59
Si (mg/L)
1,309
1,298
1,301
1,312
V (µg/L)
<0,549
<0,549
<0,549
<0,549
Cr (µg/L)
<1,48
<1,48
<1,48
<1,48
Pb (µg/L)
<19,28
<19,28
<19,28
<19,28
Co (µg/L)
<0,945
<0,945
<0,945
<0,945
Ni (µg/L)
<2,572
<2,572
<2,572
<2,572
Cu (µg/L)
<0,4516
<0,4516
<0,4516
<0,4516
Zn (µg/L)
12,91
2,515
79,4
20,99
As (µg/L)
<5,0
<5,0
<5,0
<5,0
Mo (µg/L)
<0,83
<0,83
<0,83
<0,83
Li (µg/L)
1,171
1,008
1,25
1,569
Cd (µg/L)
<0,739
<0,739
<0,739
<0,739
Ti (µg/L)
<0,3039
<0,3039
0,573
<0,3039
Ba (µg/L)
108,7
106,7
106,8
182,0
Sr (µg/L)
54,3
53,3
52,2
62,5
Sn (µg/L)
<13,39
<13,39
40,47
<13,39
Be (µg/L)
0,078
<0,0657
<0,0657
<0,0657
Elementos traço
Elementos principais
Quadro de concentração de elementos químicos em sedimentos de fundo.
Concentração em sedimentos de corrente (Estação de seca - 09/2002 / Estação de chuva - 01/2003)
Elementos
P1S1
P1S1-c
P1S2
P1S3
P1S4
P2S1
P2S1-c
P3S1
P4S1
K (%)
0,1137 0,11734 0,3004 0,1735 0,1565
0,2413
0,0092
0,0490
0,2221
Ca (%)
0,0396
0,0202
0,0094 0,0206 0,0539
0,5171
0,1115
1,0591
0,3238
Mg (%)
0,0117
0,0091
0,0165 0,0088 0,0448
0,2379
0,0646
0,3753
0,1430
Fe (%)
5,2457
6,2257
4,2162 2,7802 19,9632 33,3557 32,0557 30,8257 17,0557
Mn (%)
0,2033
0,4144
0,0123 0,0191 0,2274
0,6750
0,5700
1,9860
0,4556
Al (%)
2,0980
2,0860
1,7480 0,7300 3,0430
3,4240
0,4748
5,0500
2,3090
Ti (%)
0,0519
0,0173
0,2235 0,0753 0,6650
0,3162
0,2400
0,1726
0,2195
P (%)
0,0314
0,0491
0,0208 0,0198 0,0351
0,1466
0,0458
0,0999
0,1123
Na (mg/kg) 118,84
193,84
105
44
68,2
542,8
56,5
80,3
518
V (mg/kg)
18,36
19,63
43,49
16,22
130,66
124
78,23
127,93
76,03
Cr (mg/kg)
28,67
37,34
52,06
21,15
137,88
148,56
76,26
99,76
82,46
Pb (mg/kg)
8,74
15,7
15,77
13,25
23,72
58,7
43,6
64,5
22,16
Co (mg/kg) 28,74
49,93
10,5
4,11
28,57
36,3
16,5
27,31
25,17
Ni (mg/kg)
42,53
75
28,36
9,61
46,37
77,7
28,65
32,59
53,8
Cu (mg/kg) 105,94
179,13
49,36
61,86
55,16
82,3
31,46
58,5
58,2
Zn (mg/kg)
56,64
85,28
87,28
56,39
93,29
231,78
79,84
265,08
132,88
As (mg/kg)
158,4
273,4
<1,0
<1,0
3,52
<1,0
<1,0
<1,0
<1,0
Mo (mg/kg)
1,39
5,61
6,77
7,04
<1,5
<1,5
<1,5
<1,5
6,7
Li (mg/kg)
3,97
6,11
2,87
0,54
4,72
9,43
1,91
5,49
7,07
Cd (mg/kg)
9,03
12,33
7,12
4,52
33,24
57,9
52
51,2
27,4
Zr (mg/kg)
28,7
33,76
37,51
14,37
44,52
28,26
18,93
28,6
30,65
Ba (mg/kg)
48,3
89,9
84,9
34,14
29,26
315,9
72,1
518
184,9
Sr (mg/kg)
8,4
13,56
9,37
10,62
6,61
24,86
5,12
31,78
17,8
Y (mg/kg)
13,36
19,41
10,54
5,26
6,84
20,55
9,02
13,06
13,31
Be (mg/kg)
0,44
0,6
0,21
<0,05
0,21
0,92
0,14
0,45
0,54
Sc (mg/kg)
3,2
5,42
4,12
0,86
8,58
10,56
3,47
17,45
6,54
Th (mg/kg)
18,77
15,83
26,91
22,27
13,43
23,12
13,43
17,83
13,37
Elementos traço
Elementos principais
Quadro de concentração de elementos químicos em sedimentos.
Concentração em sedimentos (Estação de seca - 09/2002 / Estação de chuva - 01/2003)
Elementos
P1EX1
P1EX2
P2JG
P2J
P2J-c
P2JX1
P2JX2
K (%)
0,0323
0,0642
0,0198
0,2727
0,0603
0,0315
0,0769
Ca (%)
0,0077
0,0244
0,8838
0,0265
0,0157
0,0188
0,0195
Mg (%)
0,0132
0,0291
0,4775
0,0510
0,0258
0,0176
0,0229
Fe (%)
42,6400
38,1400
47,1400
13,1300
9,1200
32,2900
26,3500
Mn (%)
0,0502
0,8950
0,0577
0,0831
0,0697
0,0547
0,0679
Al (%)
1,9180
0,7360
9,0200
5,0300
4,2130
11,9400
0,7820
P (%)
0,1392
0,0997
0,2340
0,0397
0,0316
0,1381
0,0651
Na (mg/kg)
24,9
167
268
328
207
29
20
Ti (mg/kg)
<1,0
<1,0
1441
84,6
<1,0
7,89
10,98
V (mg/kg)
9,87
18,97
68,49
43,75
18,8
80,39
23,04
Cr (mg/kg)
19,81
19,63
8,36
55,96
27,9
152,56
49,36
Pb (mg/kg)
53,7
47,67
3,52
7,42
5,66
6,23
71
Co (mg/kg)
23,96
232
24,71
21,11
9,85
21,02
35,57
Ni (mg/kg)
7,13
140,8
82,3
43,84
43,1
113,8
42,63
Cu (mg/kg)
54,8
117,5
41,65
82,1
74
118,1
158,5
Zn (mg/kg)
119,09
245,79
28,48
91,69
26,52
64,29
69,19
As (mg/kg)
566
<1,0
<1,0
78,3
36,32
261,7
<1,0
Mo (mg/kg)
<1,5
<1,5
12,34
<1,5
4,45
<1,5
<1,5
Li (mg/kg)
0,24
52
22,57
3,43
1,02
0,77
0,76
Cd (mg/kg)
69,3
60,7
7,27
22,52
17,14
55,3
37,01
Zr (mg/kg)
27,7
21,53
11,28
16,39
29,32
42,55
38,84
Ba (mg/kg)
<0,05
98
<0,05
49,54
<0,05
<0,05
<0,05
Sr (mg/kg)
<0,5
3,18
3,24
4,93
2,41
1,49
0,79
Y (mg/kg)
0,63
24,79
115,6
7,72
4,83
4,3
11,53
Be (mg/kg)
0,05
1,47
1,99
0,18
0,09
0,67
0,26
Sc (mg/kg)
5,26
8,25
19,31
12,99
7,46
35,63
23,42
Th (mg/kg)
7,21
5,52
17,99
11,52
11,03
11,55
9,03
Elementos traço
Elementos principais
Quadro de concentração de elementos químicos em solos.
Elementos
Na (%)
K (%)
Ca (%)
Mg (%)
Fe (%)
Mn (%)
Al (%)
Ti (%)
P (%)
V (mg/kg)
Cr (mg/kg)
Pb (mg/kg)
Co (mg/kg)
Ni (mg/kg)
Cu (mg/kg)
Zn (mg/kg)
As (mg/kg)
Mo (mg/kg)
Li (mg/kg)
Cd (mg/kg)
Zr (mg/kg)
Ba (mg/kg)
Sr (mg/kg)
Y (mg/kg)
Be (mg/kg)
Sc (mg/kg)
Th (mg/kg)
Concentração em solos (Estação seca - 09/2002)
P1O1
P1O2
P2O1A P2O1B P2O1C
0,0397
0,0667
0,1043
0,1428
0,0743
0,7003
0,2415
0,3475
0,3460
0,1285
0,0197
0,0089
0,1046
0,1273
3,2120
0,0549
0,0245
0,1123
0,0628
1,5070
5,3530
1,8670 11,3200 9,9240 10,3440
0,0084
0,0017
0,1002
0,0445
0,2665
6,4231
2,3090
5,8800
3,3830
3,9060
0,0427
0,1035
0,0699
0,0441
0,0333
0,0342
0,0413
0,0489
0,0420
0,0627
75,09
29,41
102,5
52,7
41,78
110,48
35,74
122,7
55,4
40,55
<1,0
<1,0
122,9
29,65
13,05
1,44
3,16
8,06
4,75
24,86
18,66
22,08
28,71
25,84
85,1
85,06
73,2
225
99,5
127,6
29,79
16,67
107,3
46,5
35,78
177,9
7,18
45,81
58,1
49,36
9,95
10,01
3,26
1,49
<1,5
6,53
2
5,41
3,16
2,55
9,16
4,06
20,22
17,45
20,92
43,1
25,5
66,5
53,2
52,3
208,6
55,5
47,64
43,47
6,5
14,75
7,2
9,34
9,61
10,4
10,26
9,97
6,02
8,06
11,27
0,54
0,41
0,26
0,33
0,18
18,66
4,99
16,94
10,53
10,2
20,43
11,99
15,43
12,96
10,81
P2O2
0,0063
0,0425
0,0851
0,0292
22,5940
0,0969
7,0800
0,0680
0,0733
99,4
81
18,35
6,12
16,82
143,2
38,45
132,7
<1,5
0,49
36,27
33,04
<0,05
4,01
1,09
<0,05
18,88
16,91
Concentração em solos (Estação chuva - 01/2003)
P1O1-c P1O2-c P2O1A-c P2O1B-c P2O2-c P2O3-c
0,0185
0,2417
0,1850
0,0718
0,0634
0,0774
0,2092
0,8814
0,1013
0,1088
0,0596
0,0914
0,0109
0,0128
0,4487
0,1048
0,1905
0,4650
0,0214
0,0400
0,1144
0,0682
0,0648
0,1548
5,5300
2,6390 13,9830 10,0440 21,8140 16,3040
0,0097
0,0088
0,0845
0,0322
0,0964
0,1150
3,9210
3,8751
4,6171
2,0210
7,5100
8,1200
0,0103
0,2390
0,0218
0,0123
0,0678
0,0128
0,0252
0,0853
0,0557
0,0303
0,0753
0,0498
42,94
79
59,29
32,47
91,7
55,4
59,3
106,88
68,08
36,06
83,1
63,2
1,16
<1,0
66,3
17,33
24,32
56,2
0,74
4,94
8,92
3,7
6
9,51
9,74
23
29,19
17,64
23,4
40,38
67
112,06
110,36
112,2
156,4
132,3
15,87
13,96
67,34
30,39
42,71
72,3
169,8
84,7
57,8
72,3
121,6
84,7
4,67
8,41
2,5
2,34
<1,5
3,16
3,09
4,93
2,6
1,3
1,15
1,92
9,05
9,24
30,13
18,4
34,19
29,21
25,81
116,35
40,21
50,2
52,1
36,59
40,96
<0,05
6,07
1,11
0,66
22,98
4,21
15,03
18,3
2,52
9,75
17,76
3,62
31,17
4,94
5,36
2,75
6,14
<0,05
1,13
0,09
0,05
0,05
0,16
9,61
11,15
13,19
7,57
19
15,04
12,28
15,17
14,6
13,54
19,29
15,39
Elementos traço
Elementos principais
Quadro de concentração de elementos químicos em plantas.
Elementos
K (%)
Ca (%)
Mg (%)
Fe (%)
Mn (%)
Al (%)
Zn (%)
P (%)
Na (mg/kg)
V (mg/kg)
Cr (mg/kg)
Pb (mg/kg)
Co (mg/kg)
Ni (mg/kg)
Cu (mg/kg)
As (mg/kg)
Mo (mg/kg)
Li (mg/kg)
Cd (mg/kg)
Ti (mg/kg)
Zr (mg/kg)
Ba (mg/kg)
Sr (mg/kg)
Y (mg/kg)
Be (mg/kg)
Sc (mg/kg)
Th (mg/kg)
P1P1B
0,9419
1,4203
0,2869
2,3200
0,0945
1,4300
0,1751
0,0867
105,9
11,18
45,02
48,2
5,13
67,6
73,99
<1,0
11,61
0,61
<5,0
40,16
4,44
209,8
64,6
12,49
0,13
1,41
26,18
Concentração em plantas (Estação de seca - 09/2002)
P1P1Ca P1P1Cs P1P3B P1P3Ca P1P3Cs P2P1B P2P1Ca P2P1Cs
1,9009
0,5599 0,4670 3,9049
1,0239
1,8609
1,3279
0,7899
0,7753
0,4698 0,6901 1,4613
0,6993
1,4243
1,5603
1,0863
0,1996
0,1465 0,1383 0,4012
0,1761
0,4413
0,3547
0,1808
0,0668
0,1714 1,1116 0,0441
0,2009
1,5550
0,0490
0,1213
0,3467
0,1743 0,0454 0,0444
0,0287
0,0667
0,0502
0,2021
0,0369
0,1399 0,6827 0,0351
0,2080
0,7120
0,0112
0,0863
0,021205 0,029655 0,2200 0,016245 0,027495 0,086845 0,027645 0,025985
0,1306
0,0834 0,03247 0,1451
0,0689
0,1945
0,1089
0,0857
93
328,9
127,7
146,5
211,3
250,5
105,3
84,9
1,64
2,22
5,88
<0,5
2,98
6,8
0,34
0,83
16,39
76,02
21,84
22,21
103,02
23,06
33,46
22,17
<3,5
<3,5
22,54
<3,5
<3,5
6,72
<3,5
<3,5
<1,0
1,4
2,46
<1,0
<1,0
<1,0
<1,0
<1,0
11,89
30,64
31,88
7,48
35,2
14,41
7,44
11,13
30,34
54,69
37,31
23,56
49,29
153,89
18,22
27,92
<1,0
<1,0
<1,0
<1,0
<1,0
<1,0
<1,0
<1,0
4,99
6,8
4,921
<1,5
10,95
3,05
3,28
4,42
<0,05
<0,05
0,288
<0,05
0,28
0,28
<0,05
<0,05
<5,0
<5,0
<5,0
<5,0
<5,0
<5,0
<5,0
<5,0
<1,0
<1,0
20,83
<1,0
<1,0
<1,0
<1,0
<1,0
0,17
1,21
2,397
0,39
1,37
3,08
0,19
0,48
<0,05
41,97
101,6
<0,05
7,67
16,53
<0,05
19,04
23,03
32,52
31,47
39,28
47,67
57,1
12,17
19,25
<0,05
1,77
6,08
<0,05
<0,05
<0,05
<0,05
<0,05
<0,05
<0,05
<0,05
<0,05
<0,05
<0,05
<0,05
<0,05
<0,05
0,08
0,663
<0,05
0,31
2,29
<0,05
<0,05
<1,50
<1,50
13,04
<1,50
<1,50
<1,50
<1,50
<1,50
Download

Contribuições às Ciências da Terra