Análise da Produção Acadêmica Brasileira em Economia da Saúde – Cumulatividade
Teórica da Área
Autoria: Mariana Guerra, Andrea de Oliveira Gonçalves
RESUMO
O artigo objetivou analisar as publicações nacionais que dissertam sobre Economia da Saúde.
No processo de busca, considerou-se apenas o termo ‘economia da saúde’, entre aspas. No
total, foram analisados 28 artigos publicados em quatorze periódicos nacionais, considerandose os critérios relativos (i) ao contexto em que os estudos foram publicados, (ii) aos aspectos
teóricos e metodológicos e (ii) à cumulatividade teórica da área (i.e., base teórica e agenda de
pesquisa). Como principal resultado, além do baixo volume de publicações, destaca-se que
apenas sete trabalhos apresentaram uma seção específica de referencial teórico.
1.
INTRODUÇÃO
O financiamento de políticas públicas e, especificamente, das políticas de saúde tem
sido foco de interesse e pesquisa em todo o mundo (MÉDICI, 2002). A partir das décadas de
1950 e 1960, os gastos públicos nessa área cresceram de maneira considerável, especialmente
em países desenvolvidos, seja pelo aumento de cobertura dos serviços, pela incorporação de
novas tecnologias ou pelo aumento da esperança de vida da população (PELEGRINI et al.,
2005). De maneira geral, o setor saúde constitui um espaço importante de inovação e de
acumulação de capital, gerando oportunidades de investimento, renda e emprego (FOLLAND
et al., 2008), além de se caracterizar como uma área que requer uma forte presença do Estado
e da sociedade para compensar as forças de geração de assimetrias e de desigualdades
(GADELHA, 2003, p. 3).
No Brasil, o direito universal e integral à saúde foi assegurado à sociedade na
Constituição Federal de 1988, com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). A
Constituição, além de afirmar a saúde como direito de todos e dever do Estado, assegura a sua
universalidade e integralidade com o financiamento tripartite (União, Estados e Municípios) e
com diversidade de fontes – estes preceitos constitucionais encontram-se reafirmados na Lei
Orgânica da Saúde de 1990 (BRASIL, 1990). Entretanto, a ausência de mecanismos
adequados à regulação e à oferta de serviços, buscando viabilizar o acesso ao SUS, contribui
para a persistência apara a baixa eficácia do sistema de saúde brasileiro (SILVA, 2003).
Ao apresentar uma discussão sobre a lógica capitalista (competitividade) e a lógica
sanitarista (assistencial) para desenvolvimento do setor saúde, Gadelha (2003, p. 2) afirma
que o processo de penetração do capital e “empresariamento” da área de saúde e de
constituição de um complexo econômico movido pela lógica de mercado não é novo, já tendo
sito identificado por Cordeiro (1980, apud GADELHA, 2003) há mais de 20 anos. Ainda
segundo o autor, mesmo nas atividades que preservaram sua natureza pública ou estatal, as
relações de contratualização e de constituição de “quasimercados”, além de um conjunto de
inovações organizacionais (e.g., criação de organismos públicos não-estatais, terceirização,
organização de cooperativas de trabalhos), passam a pressionar os agentes para seguirem
lógicas de obtenção de competitividade e de eficiência econômica, “a despeito de, no Brasil, o
processo ser incremental” – aproximando progressivamente essas organizações de lógicas
tipicamente empresariais (GADELHA, 2003, p. 2).
Buscando, nas palavras do autor supracitado, aliar essas lógicas capitalista e
sanitarista, a área da Economia da Saúde vem ganhando destaque dentre os acadêmicos de
diferentes disciplinas (e.g., médicos, enfermeiros, economistas, administradores, cientistas
políticos). Segundo Folland et al. (2008), a Economia da Saúde está se desenvolvendo
rapidamente e tem oferecido novos instrumentos de análise do setor em questão. As
instituições internacionais de apoio ao desenvolvimento, bem como as autoridades sanitárias
em vários países, entendem ser essa área de conhecimento imprescindível para entender a
1
necessidade de mudanças profundas do referido setor de diferentes nacionalidades
(GADELHA, 2003).
No Brasil, a área da Economia da Saúde ainda é incipiente tanto acadêmica quanto
profissionalmente, por falta de profissionais em número suficiente e de uma integrada agenda
de pesquisas científicas, a qual seja valorizada pelos órgãos financiadores da produção
científica no país e pelos formuladores de políticas públicas. A saúde pública enquanto área
de conhecimento e de prestação de serviços é avaliada por capacidade de dar respostas
adequadas à complexidade e desafios nacionais que requerem cada vez mais a integração de
novas disciplinas à abordagem multiprofissional que lhe é característica (ANDRADE et al.,
2007).
A questão do financiamento do sistema de saúde e do setor em geral, a preocupação
crescente com a eficiência e o custo dos serviços, a racionalidade na organização e na
alocação de recursos às atividades, são hoje questões de importância crítica para a estrutura e
funcionamento do setor, para as quais a Economia da Saúde oferece instrumental analítico
cada vez mais utilizado (FOLLAND et al., 2008). Nesse sentido, o presente estudo tem como
objetivo realizar análise das publicações nacionais que dissertam sobre Economia da Saúde.
Espera-se, especificamente, identificar o estágio de desenvolvimento do conhecimento em
relação ao tema no Brasil (i.e., cumulatividade teórica).
Para tanto, a busca pelas publicações limitou-se a expressão-chave ‘economia da
saúde’, a fim de relacionar aqueles estudos que nominalmente se autoclassificam na referida
área de conhecimento. No total, foram revisados 28 artigos, publicados em quatorze
periódicos nacionais. Na análise dos artigos, foram utilizados critérios relativos (i) ao
contexto em que os estudos foram publicados, (ii) aos aspectos teóricos e metodológicos e
(iii) a cumulatividade teórica da área (i.e., base teórica e agenda de pesquisa sugerida). O
estudo é importante por fornecer um quadro de orientação relativo à produção acadêmica
nacional em Economia da Saúde. Esse tipo de estudo auxilia no desenvolvimento de
pesquisas mais consistentes e nas escolhas teóricas e metodológicas que mais podem
contribuir para o desenvolvimento teórico da área.
O texto está dividido em cinco partes, além desta introdução: o desenvolvimento
acadêmico da área da Economia da Saúde, a metodologia utilizada na análise dos artigos, os
resultados e discussões, seguidos das considerações finais e das referências.
2.
ECONOMIA DA SAÚDE
Segundo Folland et al. (2008), a Economia da Saúde nasceu como um ramo da
Economia aplicado ao estudo da organização, funcionamento e financiamento do setor saúde
(ou indústria da saúde). Nos últimos anos, vem ganhando força como uma área de
conhecimento específica, cujos modelos e instrumentos são de grande auxílio na análise e no
equacionamento dos problemas do setor. É uma área bastante desenvolvida e importante nos
Estados Unidos, na Europa e em alguns outros países desenvolvidos como o Canadá e a
Austrália, onde constitui parte indispensável do trabalho de formulação e avaliação de
políticas de saúde.
No artigo seminal da Economia da Saúde, Arrow (1963) faz a distinção entre o
mercado de bens e serviços de saúde e o mercado paradigmático da economia neoclássica. O
estudo e pesquisa sistemática desse autor, bem como a aplicação de ferramentas e teorias
econômicas a questões tanto estratégicas como operacionais do setor saúde deram origem a
essa área do conhecimento. No entanto, segundo Saes (2000), a definição de um objeto de
estudo da Economia da Saúde não aconteceu até a década de 70. Isto porque parte de seu
conteúdo, tradicionalmente, desdobrou-se em tópicos de outra disciplina, a saber: o
Planejamento em Saúde. Para Zucchi et al. (2000), a Economia da Saúde é um modo de
pensar que tem a ver com (i) a consciência da escassez, (ii) a imperiosidade das escolhas e
2
(iii) a necessidade dessas (i.e., escolhas) serem precedidas de avaliação dos custos e das
consequências das alternativas possíveis, com vista a melhorar a repartição final dos recursos
disponíveis.
Especialidade recente no Brasil, a Economia da Saúde procura aliar os conhecimentos
adquiridos pela Medicina (e.g., segurança do procedimento, eficácia e efetividade da
intervenção) ao conceito de eficiência - originado na Economia –, com o objetivo de, segundo
Ferraz (2005), instrumentalizar os gestores de saúde em suas tomadas de decisão,
principalmente quanto a um melhor aproveitamento de recursos frente às necessidades da
sociedade. Dentre os principais temas de investigação em Economia da Saúde, destacam-se:
(a) a demanda de serviços de saúde e seus determinantes; (b) a oferta de serviços e o
comportamento dos produtores; (c) o mercado de serviços de saúde: características e
intervenção do Estado; (d) o financiamento do setor e a alocação de recursos; (e) a produção
da saúde e sua relação com o desenvolvimento; (f) a avaliação econômica dos serviços de
saúde; (g) organização, eficiência e custo dos sistemas de saúde; (h) a reforma do setor saúde
e a busca da eficiência (ANDRADE et al., 2007; FOLLAND et al., 2008; SAES, 2000).
Segundo Ferraz (2005), as publicações em Economia da Saúde configuram-se como
um conjunto dos estudos que utilizam os conceitos de eficiência, eficácia e efetividade,
realizando, portanto, o que pode ser chamado de “Avaliação Econômica em Saúde”. Ainda
segundo o autor, essa Avaliação – um dos instrumentos da Economia da Saúde – é tida como
uma ferramenta fundamental para a tomada de decisão na área, auxiliando os gestores a
observarem o real impacto das doenças na sociedade, tanto do ponto de vista de agravo à
saúde, como das conseqüências econômicas decorrentes destas doenças para a sociedade.
Dentre os temas abordados nas publicações que realizam “Avaliação Econômica em
Saúde”, tem-se: “custo da doença” (cost of illness) e “comparação de custos” (cost
comparison); custo-minimização; custo efetividade (mais comumente encontrado na
literatura, é utilizado quando as intervenções apresentam desfechos clínicos semelhantes,
porém diferenciando-se quanto aos custos e quanto à extensão dos efeitos esperados); custoutility (evidencia a preferência do indivíduo ou da sociedade por um estado de saúde ou
desfechos específicos); custo-benefício (resultados estimados em valores monetários)
(FERRAZ, 2005).
Contrária a afirmação de Ferraz (2005) – “o objetivo de instrumentalizar os gestores
de saúde em suas tomadas de decisão” –, Araújo (1975), em sua publicação seminal da área
da Economia da Saúde no Brasil, já ressaltava as divergências entre os resultados empíricos, a
fundamentação teórica das pesquisas e a validade prática das publicações classificadas neste
campo de conhecimento. Para Araújo (1975), buscava-se, já à época, um equilíbrio entre as
formulações teóricas e os estudos empíricos, dando ênfase às conclusões retiradas da
experiência e objetivando sua aplicação prática na elaboração de políticas e no processo de
tomada de decisões.
Para Mendes e Marques (2005), no Brasil, a pesquisa realizada inicialmente neste
campo de conhecimento procurou analisar as condições de vida das populações e suas
conseqüências sobre a saúde, relacionando fatores socioeconômicos e indicadores de saúde.
Nessa mesma linha, outros estudos tiveram como objeto o desenvolvimento econômico e o
nível de saúde da população. Neste caso, a saúde era vista como requisito essencial ao
desenvolvimento econômico. De forma mais aplicada, outros trabalhos mostraram: a
distribuição geográfica dos recursos relativos à saúde; análises comparativas entre sistemas de
saúde nacionais; análises sobre efeitos de programas de intervenção na população; estudos
sobre financiamento e gastos globais com saúde; análises econômicas de bens e serviços,
incluindo o estudo sobre viabilidade econômico-financeira de novas tecnologias no setor
saúde.
3
Com o crescimento e a atenção dada a este campo teórico, por meio de uma iniciativa
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e do Ministério da Saúde, com o apoio
da Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABRES), foi criado em 2004 o Prêmio em
Economia da Saúde. Por meio dessa primeira edição, buscou-se estimular a produção
científica em Economia da Saúde. Segundo Piola e Jorge (2005, p. 11), tendo em vista a alta
especificidade do tema, “a resposta a esta edição inicial foi, de certa forma, surpreendente”:
69 trabalhos inscritos nas categorias: profissional e estudante de graduação. Pouco mais da
metade dos trabalhos, 35, foi de autoria em grupo. Na divisão por subtemas, 19 abordaram
questões relacionadas à avaliação econômica em saúde, 22 versaram sobre financiamento e
gasto da saúde e 28 analisaram assuntos relacionados à integralidade, eficiência e eqüidade
em sistemas de saúde.
Apesar de recente, é possível destacar uma publicação clássica da Economia da Saúde
no país. Na mencionada obra de Araújo (1975), é apresentada uma primeira revisão
bibliográfica da literatura médica nacional e estrangeira, relacionando saúde e
desenvolvimento econômico. Pelos trabalhos revisados, foi observado que autores realizam
análises mediante o uso de estatística sofisticada e métodos econométricos. Ao demonstrar as
lacunas nas publicações brasileiras (principalmente aquela relacionada à ausência de trabalhos
com dados empíricos), Araújo (1975) recomenda colaboração entre médicos e economistas
em publicações futuras.
Outro destaque é o trabalho de Saes (2000), que desenvolve um estudo bibliométrico
das publicações em Economia da Saúde de 1989 a 1998 (ao todo são 408 publicações
vinculadas a livros, periódicos etc.). Apesar de apresentar vários resultados interessantes, a
autora busca de forma excessiva justificar a relevância científica e a rigidez metodológica de
um trabalho bibliométrico e concentra-se pouco na crítica às publicações revisadas. Destaque
para a apresentação de conceitos de “Economia da Saúde” e de subtemas para classificação
das publicações na área. Há passagens em que a autora defende a necessidade de melhor
qualificação “econômico-financeira” dos profissionais da saúde.
De forma geral, dentre os principais resultados apresentados por Saes (2000), tem-se a
quantificação dos principais temas abordados nas publicações revisadas: financiamento, oferta
e demanda do setor saúde (57,8% das publicações, e financiamento isoladamente com 26%),
desenvolvimento econômico e saúde (51,7%), avaliação econômica e gestão financeira
(42,4%), gestão do sistema sanitário (39,7%), política sanitária, equidade e justiça social
(27,9%) e “outros temas” (agregado de 76% dos artigos analisados). Dentre os veículos
pesquisados, os principais periódicos nacionais por volume de artigos veiculados são: Saúde
em Debate (9,8%), Revista de Saúde Pública (5,4%), Revista de Administração Pública
(2,2%), Revista de Administração de Empresas (1%).
Andrade et al. (2007) também apresentam uma revisão bibliográfica em Economia da
Saúde de 1999 a 2004, com foco principal no mapeamento dos grupos de pesquisa brasileiros.
Ao todo, foram analisados 48 grupos, cuja concentração dá-se na área da ciência da saúde.
Especificamente sobre a publicação vinculada a tais grupos, foram analisados 376
documentos, dentre livros, apostilas técnicas, artigos, teses, dissertações etc. Destes,
observou-se a predominância de estudos que enfocam gestão, financiamento, alocação e
eqüidade na distribuição de recursos, representando 48% do total de documentos.
As áreas temáticas utilizadas para classificação dos estudos analisados por Andrade et
al. (2007) são apresentadas na Figura 1. Considerando uma variabilidade de critérios de
busca, desde medicamentos a procedimentos clínicos e hospitais (cf. Figura 1), Andrade et al.
(2007) explicitamente assumem a adoção de uma concepção ampliada de Economia da Saúde,
por considerá-la um campo de fronteira entre ideias econômicas e políticas sociais,
extrapolando os limites das metodologias clássicas de avaliação econômica aplicadas à saúde.
4
Figura 1: Áreas temáticas dos estudos em Economia da Saúde
Áreas temáticas
Medicamentos, insumos e
assistência farmacêutica
Equipamentos
hospitalares
médicos
e
Equipamentos e métodos de
diagnóstico
Procedimentos
cirúrgicos
clínicos
Educação
sanitária
promoção da saúde
e
e
Gestão,
financiamento,
alocação e equidade
Inovação tecnológica
Composição
Estudo contendo avaliações econômicas aplicadas aos medicamentos,
insumos farmacêuticos e substâncias com finalidade terapêutica e
diagnóstica, bem como estudos que enfoquem repercussões econômicas
realizadas no campo da assistência farmacêutica
Estudos contendo avaliações tecnológicas e econômicas sobre recursos
indiretos para realização de procedimentos médicos, compreendendo as
órteses, próteses e equipamentos de suporte terapêutico, excluídos os
equipamentos para diagnóstico
Estudos contendo avaliações tecnológicas e econômicas sobre os métodos e
equipamentos utilizados com finalidade diagnóstica
Estudos contendo avaliações econômicas sobre gastos e custos de
procedimentos clínicos e cirúrgicos, incluindo estudos relativos à
padronização de protocolos e guias terapêuticas, bem como estudos que
discutam ou apresentem repercussões econômicas realizadas no campo da
regulação do setor saúde, especificamente, sobre procedimentos clínicos e
cirúrgicos
Estudo contendo avaliações econômicas sobre políticas, projetos e ações
realizadas com finalidade de promover a saúde da população por meio de
ações preventivas e da educação sanitária
Estudo contendo avaliações econômicas sobre modelos de gestão de
sistemas e serviços, de políticas públicas em saúde, bem como avaliações
sobre financiamento, investimento, orçamento, gasto e equidade na
distribuição dos recursos destinados à saúde
Estudos contendo avaliações sobre o investimento em pesquisa e
desenvolvimento (P&D) em saúde e no setor biomédico, correlacionados
com a formação de recursos humanos, produção científica e a propriedade
intelectual/industrial
Fonte: Andrade et al. (2007, p. 217)
Segundo os autores, a análise elaborada consistiu-se em um “esforço de mapeamento e
delimitação” da Economia da Saúde no Brasil, possibilitando a visualização de alguns
aspectos importantes para a compreensão do desenvolvimento desse campo, no período entre
1999 e 2004. Utilizando uma abordagem diferente de Andrade et al. (2007), no presente
estudo, tem-se foco mais específico nos aspectos econômico-financeiros abordados
originalmente pelos estudos no campo da Economia da Saúde, tal qual perspectiva definida
por Arrow (1963) e corroborada por, dentre outros, Gadelha et al. (2003) e Gadelha (2003).
3.
METODOLOGIA
Por meio de uma revisão bibliográfica, buscou-se identificar as características dos
estudos nacionais em Economia da Saúde. Foram analisados artigos publicados até
novembro/2011 em 28 periódicos (cf. Tabela 1) das áreas de Administração e de Saúde
disponíveis na base Scielo – Brasil (acesso por meio do Portal de Periódicos da CAPES).
Conforme discussão proposta por Porter e Teisberg (2008), o “problema” da saúde concentrase mais em questões gerenciais e organizacionais. Por essa razão, havia expectativa de que as
revistas nacionais da área, principalmente aquelas com o enfoque na discussão de eficiência e
eficácia de serviços (públicos ou contratados), bem como em políticas públicas, vinculassem
artigos sobre Economia da Saúde.
O mercado de saúde atrai investimentos e soma expressivo volume de recursos
aplicados anualmente pelo governo do país (GADELHA, 2003). A dimensão e a integração
desse setor (saúde) com as diversas áreas da economia do país deveria, a princípio, atrair
interessados na discussão científica sobre eficiência e eficácia do sistema de saúde, dos
5
serviços prestados, bem como o retorno desses para as organizações envolvidas (e.g., planos
de saúde, clínicas particulares, hospitais privados) e, principalmente, para a sociedade.
Tabela 1: Lista de periódicos e publicações revisadas
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
Periódicos
Brazilian Administration Review – BAR
Brazilian Business Review – BBR
Gestão & Produção
Organização & Sociedade – O&S
Revista de Administração Contemporânea – RAC
Revista de Administração Contemporânea, versão eletrônica – RACe
Revista de Administração de Empresas – RAE
Revista de Administração de Empresas, versão eletrônica – RAEe
Revista de Administração da Mackenzie – RAM
Revista de Administração da USP – RAUSP
Revista de Administração Eletrônica – REAd
Cadernos Ebape
Economia e Sociedade
Physis: Revista de Saúde Coletiva
Revista de Administração Pública – RAP
Ciência & Saúde Coletiva – CSC
Cadernos de Saúde Pública - CSP
Revista da Associação Médica Brasileira
Revista de Saúde Pública
Saúde e Sociedade
Arquivos Brasileiros de Cardiologia
Interface - Comunicação, Saúde, Educação
Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial
Economia Aplicada
Revista Brasileira de Psiquiatria
Arquivos de Gastroenterologia
Serviço Social & Sociedade
Sociologias
TOTAL
Quantidade
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
4
6
3
2
2
3
1
1
1
1
1
1
1
28
Fonte: elaborado pelos autores.
Especificamente, no processo de busca, considerou-se apenas o termo ‘economia da
saúde’, entre aspas. Isso porque, conforme ressaltado (cf. subseção 2), a Economia da Saúde é
ainda um campo formalizado recentemente, se comparado às demais áreas de pesquisa em
administração (e.g., pública e finanças). Assim, a justificativa de utilização de tal critério é
dada pela intenção de se identificar os autores que nominalmente se posicionam neste campo
de pesquisa (i.e., aquelas publicações em que nominalmente mencionavam o termo ‘economia
da saúde’).
Como resultado, 28 (vinte e oito) artigos foram selecionados e constituíram o universo
de estudos analisados. Salienta-se que poucos dos periódicos acadêmicos em Administração
pesquisados vincularam publicações em conformidade com os critérios de busca utilizados.
Destaque maior para a Revista de Administração Pública (RAP), cuja expectativa para
identificação de artigos em Economia da Saúde superava aos demais periódicos, e no qual se
encontrou apenas um artigo publicado.
Para análise, a princípio, sistematizou-se esse conjunto de publicações de acordo com
as características gerais (cf. subseção 4.1), possibilitando identificar (i) períodos que
concentram as publicações e (ii) os autores e instituições que mais se destacaram. Em seguida,
com base na metodologia de revisões anteriores referentes ao tema (ARAÚJO, 1975; SAES,
2000; ANDRADE et al., 2007) e demais áreas de conhecimento (LOIOLA; BASTOS, 2003;
6
ANTONELLO; GODOY, 2009), foram utilizados os seguintes critérios específicos de análise
do conteúdo em Economia da Saúde: tema principal, base teórica, tipo de pesquisa (ensaio,
revisão, empírico), metodologia de coleta e análise de dados (qualitativa, quantitativa, qualiquanti), variáveis analisadas, recorte temporal e agenda de pesquisa.
Cumpre salientar que a análise crítica realizada nas publicações revisadas no presente
estudo teve como fundamentação teórica principal: (i) o estudo de Araújo (1975) – no que se
refere às melhorias necessárias às pesquisas desenvolvidas no campo da Economia da Saúde;
(ii) as proposições de Gadelha (2003) sobre a importância da discussão da lógica capitalista
(competitividade) e da lógica sanitarista (assistencial) para desenvolvimento do setor saúde;
(iii) as classificações propostas por Andrade et al. (2007) (cf. Figura 1); e (iv) o modelo de
Tsang (1997) sobre cumulatividade teórica.
Dissertando especificamente sobre os estudos da área de aprendizagem em
organizações, Tsang (1997) aborda a dicotomia entre descrição e prescrição adotadas nos
estudos da área. Essa dicotomia é determinante, segundo o autor, para a cumulatividade
teórica na área, além de indicar se os estudos realizados são complementares ou não.
Partindo-se de uma etapa inicial (1) descritiva, busca-se compreender o fenômeno em
questão. É, de fato, uma etapa inicial para clarificação do que se observa (TSANG, 1997). Por
essa razão, a repetição de estudos descritivos, em um primeiro estágio de desenvolvimento de
uma área acadêmica, se faz necessária para complementar e validar os resultados apresentados
(REICHERS; SCHNEIDER, 1990). Nessa etapa, portanto, apresenta-se a introdução e a
elaboração do entendimento do fenômeno.
Na segunda etapa, tem-se a normatização e a regulação do que é possível ocorrer dada
a identificação de determinado fenômeno. Parte-se, assim, para a definição de regras gerais
que determinam consequências, impactos e/ou influências do que se observa (TSANG, 1997).
Tem-se, portanto, a evolução da argumentação quanto ao que de fato representa tal fenômeno
para a realidade em que é observado (REICHERS; SCHNEIDER, 1990).
A consolidação e a acomodação do conhecimento podem ser obtidas na terceira etapa,
quando a prescrição é testada e descrita em estudos desenvolvidos por meio da aplicação de
regras em casos práticos (i.e., não teóricos). Busca-se principalmente a validação do que havia
sido prescrito e a descrição dos testes realizados para análise do fenômeno. Entretanto, as
normas e regras gerais prescritas podem não ser coerentes e/ou suficientes para explicar e
entender determinado fenômeno. Por essa razão, Tsang (1997) propõe a revisão dos estudos
prescritivos, na busca por outras regras e normas que sejam coerentes e/ou suficientes para
generalização dos resultados prescritos. Outra proposta, como contribuição ao modelo
descrito acima, seria uma revisão dos estudos descritivos iniciais, caso sejam observados
possíveis variáveis intervenientes e que, inicialmente, não foram consideradas. Em resumo, o
modelo sugere a necessidade de se desenvolver tanto estudos descritivos quanto prescritivos
para cumulatividade teórica de uma área do conhecimento.
Utilizando, de forma análoga, este modelo da área de aprendizagem em organizações
na área de Economia da Saúde, espera-se observar o grau de cumulatividade teórica das
publicações nacionais sobre o tema em foco no presente estudo. Em outras palavras, espera-se
definir em qual etapa proposta por Tsang (1997) encontram-se, de forma geral, os estudos
publicados na literatura científica nacional sobre Economia da Saúde. O modelo de análise
descrição-prescrição-descrição pode contribuir para o entendimento dos conteúdos publicados
sobre fenômeno saúde em seus aspectos econômico-financeiros.
4.
4.1
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Características gerais
Nos períodos cobertos pela revisão, as publicações, exceto Araújo (1975), dividem-se
entre dois períodos: 12 publicações 2001-2006 e 15 publicações 2007-2011. Em 2007, ano
7
mais produtivo da série analisada, foram publicados cinco artigos, enquanto que em 2004 não
houve publicações em Economia da Saúde nos periódicos analisados. De forma geral,
observam-se poucos artigos publicados sobre o tema, ressaltando-se a especificidade do
critério de busca adotado (referência explícita ao termo ‘economia da saúde’).
Cadernos de Saúde Pública, com seis artigos, e a Ciência & Saúde Coletiva, com
quatro, foram os periódicos que mais veicularam artigos dentre aqueles analisados. Conforme
demonstrado na Tabela 1 (cf. seção 3), os principais periódicos da área de administração não
veicularam quaisquer publicações na área da Economia da Saúde. Outro destaque é para a
publicação de apenas um artigo na Revista de Administração Pública para todo o período
analisado, ressaltando-se novamente a especificidade do critério de busca adotado.
No que se refere à autoria, os acadêmicos e/ou profissionais com mais de uma
publicação (como autor ou co-autor) são: Marcos Bosi Ferraz/CPES (Centro Paulista de
Economia da Saúde) – cinco autorias; Francisco de Assis Acúrcio/UFMG (Universidade
Federal de Minas Gerais) com quatro coautorias; Carlos Augusto Grabois Gadelha/FIOCRUZ
(Fundação Oswaldo Cruz) com três autorias; Augusto Afonso Guerra Junior/CUNP (Centro
Universitário Newton Paiva), Mariângela Leal Cherchiglia/UFMG e Eli Iola Gurgel
Andrade/UFMG com três publicações cada (dentre autoria e coautoria); Alessandro
Gonçalves Campolina/UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), Maria de Fátima
Siliansky de Andreazzi/UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e Samuel
Kilsztajn/PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) com duas autorias cada;
Eliana Bittar/IDPC (Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia ) com duas publicações (autoria
e coautoria); Maria de Fátima Siliansky de Andreazzi/IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística), Adriana Bruscato Bortoluzzo/Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), Marcelo
Bozzini da Câmara/CLND (Currículo Lattes não disponível), e Rozana Mesquita
Ciconelli/UNIFESP com duas coautorias cada.
Desses autores, destacam-se aqueles em que se observa uma recorrência do tema entre
as publicações. De todos os artigos analisados, foi possível classificar os temas estudados em
19 categorias (cf. Tabela 2). Os autores e/ou co-autores Francisco de Assis Acúrcio/UFMG,
Augusto Afonso Guerra Junior/CUNP, Mariângela Leal Cherchiglia/UFMG e Eli Iola Gurgel
Andrade/UFMG apresentaram em 2010 os dois trabalhos classificados no tema comparação
de gastos de procedimentos médicos. Samuel Kilsztajn/PUC-SP (autor) e Marcelo Bozzini da
Câmara/CLND (co-autor) respondem por duas publicações (2001 e 2002), do total de três,
classificadas no tema composição dos gastos privados com saúde. Eliana Bittar/IDPC como
autora (2003) e co-autora (2007) apresentou recorrência em custo de procedimento. De forma
semelhante, Carlos Augusto Grabois Gadelha/FIOCRUZ foi o único autor a dissertar sobre
economia da indústria da saúde (em 2003 e 2006). Por fim, e na ordem que se segue de
autoria e co-autoria, Alessandro Gonçalves Campolina/UNIFESP, Adriana Bruscato
Bortoluzzo/Insper, Marcos Bosi Ferraz/CPES e Rozana Mesquita Ciconelli/UNIFESP foram
os únicos a discorrerem sobre o questionário genérico de qualidade de vida (SF-6D), em
publicações datadas de 2010 e 2011.
Dentre as instituições com mais de uma publicação, tem-se: CPES e Universidade de
São Paulo (USP) com cinco cada; UFMG com quatro; CUNP e FIOCRUZ com três cada;
IBGE, IDPC, Insper, PUC-SP, Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo (SESSP),
UNIFESP, UFRJ e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com duas cada.
4.2
Características específicas
As Tabelas 2 a 4 mostram o quantitativo e o percentual de artigos analisados em
função dos critérios específicos utilizados na revisão. É preciso deixar claro que, inicialmente,
os estudos foram classificados de acordo com o tema principal identificado a partir das
categorias de temas definidas, e não necessariamente de acordo com aquele apontado pelo(s)
8
autor(es). Isso porque algumas publicações abordavam temas denominados de diferentes
formas, buscando-se, portanto, uma adequação às categorias pré-estabelecidas a partir do
referencial teórico.
As publicações classificadas (considerando tema principal abordado pelos autores) em
composição dos gastos privados com saúde somam três ocorrências (11% cada), quais sejam:
Kilsztajn et al. (2001), Kilsztajn et al. (2002) e Lima et al. (2007). Igualmente, foram
identificados outros três artigos classificados em custo de procedimento, que são: Bittar e
Castilho (2003), Araújo et al. (2005) e Haddad et al. (2007). Para os temas comparação de
gastos de procedimentos médicos, demanda-oferta na saúde, economia da indústria da saúde,
impacto econômico dos gastos com doença e questionário genérico de qualidade de vida há
duas ocorrências para cada. Para os 12 outros temas definidos dentre os critérios de análise,
observam-se apenas uma publicação para cada. Apesar da baixa recorrência de temas dentre
as publicações analisadas, é possível observar para aqueles sete de maior volume de
publicação (cf. Tabela 2), a predominância dos temas relacionados a aspectos econômicofinanceiros da saúde (e.g., gastos, custo, demanda-oferta, impacto econômico).
Tabela 2: Resumo dos resultados de Tema Principal
Critério de análise
Tema principal
Classificação
Composição dos gastos privados com saúde
Custo de procedimento
Comparação de gastos de procedimentos médicos
Demanda-oferta na saúde
Economia da indústria da saúde
Impacto econômico dos gastos com doença
Questionário genérico de qualidade de vida (SF-6D)
Determinantes socioeconômicos de doença
Eficiência de procedimentos médico
Equidade na alocação de recursos
Falhas-desvios na implementação do SUS
Finanças públicas na saúde
Financiamento do SUS
Gasto público estadual com saúde
Inovação da indústria de saúde
Pesquisas em avaliação de tecnologia em saúde
Revisão bibliográfica de economia da saúde
Revisão da bibliografia médica sobre economia relacionada à saúde
SI e gestão de custos na saúde
Nº de
artigos
3
3
2
2
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
(%)
11
11
7
7
7
7
7
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
Fonte: elaborado pelos autores.
Quanto à base teórica utilizada (cf. Tabela 3), destaca-se primeiramente o fato de
apenas sete artigos apresentarem uma seção específica de referencial teórico que auxiliasse na
fundamentação do tema abordado. Dentre os conteúdos referenciados, tem-se: avaliação de
tecnologia em saúde; complexo industrial da saúde; determinantes da doença; economia da
saúde; eficiência, eficácia e efetividade; impacto econômica da doença; e paradigmas
econômicos. Conforme se observa, em apenas um trabalho, qual seja, Moraes et al. (2006), há
uma seção teórica específica sobre economia da saúde. Esse fato é coerente com o baixo
volume de publicações sobre o tema em questão, considerando-se, de forma geral, três
possíveis razões para o fato de os autores não fazerem referência a área da Economia da
Saúde: (i) os resultados sugerem pouco conhecimento sobre este recente campo de pesquisa;
(ii) tal como mencionado, poucos autores apresentam uma seção específica de referencial
teórico, talvez por uma não exigência do periódico ao qual se vincula; e (iii) os resultados
9
também podem sugerir que as publicações de tal campo possam pouco contribuir para a
fundamentação teórica da pesquisa.
Tabela 3: Resumo dos resultados de Base Teórica
Critério de análise
Base teórica
Classificação
Avaliação econômica em saúde
Alocação de recursos
Avaliação de tecnologia em saúde*
Comércio exterior
Complexidade dos custos na saúde
Complexo industrial da saúde*
Desafios da gestão do SUS
Determinantes da doença*
Economia da saúde*
Economia industrial
Eficiência, eficácia e efetividade*
Envelhecimento populacional e tratamento médico
Execução orçamentária
Financiamento público para saúde
Gasto privado na saúde
Gasto público na saúde
Gestão de custos em empresas de saúde (laboratórios)
Impacto econômico da doença*
Influência de organismos internacionais na política de saúde
Inovação
Literatura médica sobre saúde e desenvolvimento econômico
Paradigmas econômicos*
Teoria econômica de oferta e demanda
Nº de
artigos
4
1
1
2
2
2
1
1
1
2
1
1
1
2
1
4
1
1
1
2
1
2
1
(%)
-
Nota: (*) O artigo apresenta uma seção específica de referencial teórico sobre o tema.
Fonte: elaborado pelos autores.
Quanto ao tipo de pesquisa (cf. Tabela 4), 64% dos artigos revisados são
caracterizados como estudos empíricos, sendo, desses, 90% quantitativos. O restante dos
artigos revisados, 10%, são ensaios teóricos (8%) e revisões da literatura referentes ao tema
(2%). Entende-se que estudos empíricos, de forma geral, contribuem para a construção do
conhecimento no sentido de apresentar evidências a respeito de questões apontadas na
literatura e/ou replicação e confirmação dos resultados até então descritos. Além disso, como
a área da Economia da Saúde ainda é um campo teórico em desenvolvimento (FOLLAND et
al., 2008), percebem-se poucas publicações com revisões bibliográficas críticas sobre o tema.
Dentre os artigos analisados, apenas duas publicações referem-se ao tipo de pesquisa
revisão, quais sejam: Araújo (1975) e Andrade et al. (2007). Por outro lado, esperava-se um
maior volume de publicações do tipo ensaio teórico, sendo apenas oito ocorrências dentre os
artigos analisados: Kilsztajn et al. (2001), Castro (2002), Gadelha (2003), Gadelha et al.
(2003), Gadelha (2006), Moraes et al. (2006), Andreazzi et al. (2006) e Nita et al. (2009).
Sobre aos recortes temporais utilizados nas publicações empíricas, a maioria dessas
(78%) realizou estudos transversais. Por sua vez, os estudos empíricos longitudinais
representaram apenas 22% (i.e., quatro publicações) quais sejam: Dain (2007), Carvalho et al.
(2008), Soares (2009) e Cherchiglia et al. (2010). Esse fato parece apontar para a dificuldade
de se realizar uma análise econômico-financeira da saúde, fenômeno este que, de forma geral,
pode ser de fato ‘capturado’ ao longo dos anos. Além disso, os recortes transversais apontam
para superficialidade da análise realizada pelos autores dos trabalhos revisados; isto porque,
apresentar a descrição de um ‘fenômeno da saúde’ por meio de um recorte transversal parece
10
inadequado, dado sua complexidade e abrangência. Conforme ressaltado por Folland et al.
(2008), pesquisas em saúde demandam dados contínuos e que possam compreender longo
período de tempo, uma vez que os impactos gerados por ações em saúde são identificados, em
geral, a partir do médio e longo prazos. Como exemplo, os autores destacam os investimentos
realizados em educação sanitária, cujos resultados poderão ser identificados em décadas após
sua execução. Outro fator a ser considerado é a dificuldade em ter acesso aos dados
necessários para realização de estudos, tais como: custos de procedimentos em diferentes
organizações de saúde, gastos vinculados a atividades específicas do setor saúde, gastos
municipais, estaduais e federais no setor etc.
Tabela 4: Resumo dos resultados das demais características específicas analisadas
Critérios de análise
Classificação
Empírica
Ensaio teórico
Revisão
Qualitativa
Quantitativa
Metodologia
Quali-quanti
Não se aplica
Transversal
Recorte temporal Longitudinal
Não se aplica
Equilíbrio entre as formulações teóricas e os estudos empíricos**
Melhor mapeamento de sua magnitude e extensão do problema**
Realização de análises econômicas completas, subsidiando a formulação
Agenda de pesquisa de políticas públicas no Brasil**
Ruptura cognitiva e política com as visões antagônicas que, de um lado,
as necessidades da saúde e, de outro, da indústria**
Não se aplica
Descritivo
Tipo de estudo
Prescritivo
Tipo de pesquisa
Nº de
artigos
18
8
2
3
20
1
4
16
8
4
2
1
(%)
64
29
7
11
71
4
14
57
29
14
7
4
2
7
1
4
22
28
0
79
100
0
Nota: (**) Indicações indiretas de tema para pesquisas futuras.
Fonte: elaborado pelos autores.
No que se refere à indicação de pesquisas futuras a respeito do tema, dos 28 artigos
revisados, nenhum apresenta nominalmente agenda de pesquisa, ou seja, não indicam
explicitamente pontos a serem abordados em pesquisas futuras. Entretanto, foi possível
identificar, por meio das conclusões (ou considerações finais apresentadas) dos artigos
revisados, algumas indicações indiretas a serem abordados em pesquisas futuras de possíveis
temas ou aspectos do ‘fenômeno saúde’ em seus aspectos econômico-financeiros. Dentre
essas, destaca-se o apontamento da necessidade de análises mais completas da saúde que
possam subsidiar a formulação de políticas públicas no Brasil. Outra indicação refere-se ao
mapeamento dos problemas identificados, seja por sua magnitude ou extensão no território
brasileiro. Por fim, ressalta-se o apontamento da necessidade de maior equilíbrio entre as
formulações teóricas e os estudos empíricos. Conforme mencionado, apenas sete trabalhos,
dentre aqueles revisados, apresentam uma seção específica de referencial teórico.
Considerando-se os resultados até então relatados, e o fato de que 100% dos artigos
analisados referirem-se (i) a estudos descritivos, mas indiretamente (ii) fazerem apontamentos
(considerações finais) prescritivos para a prática e para futuras investigações científicas na
área saúde (e.g., procedimento a ser utilizado, modelo de questionário de pesquisa validado),
observa-se que, a partir de uma análise utilizando o modelo proposto por Tsang (1997), a área
da Economia da Saúde encontra-se em estágios iniciais de desenvolvimento. Fato já
11
ressaltado na literatura, este campo do conhecimento está se consolidando e ainda precisa de
melhor delimitação teórica, bem como de seu objeto de estudo.
Nos trabalhos revisados, esperava-se que os estudos seminais da área (e.g., Arrow
(1963) e Araújo (1975), ou de áreas afins (e.g., Economia e Sociologia), e que estudos
semelhantes já desenvolvidos fossem citados no referencial teórico ou na fundamentação da
pesquisa. Entretanto, conforme mencionado, apenas sete trabalhos, dentre aqueles revisados,
apresentam uma seção específica de referencial teórico. Além disso, apenas três publicações –
a saber: Gadelha (2003 e 2006) e Gadelha et al. (2003) – fundamentaram-se em teorias
econômicas para realização dos estudos. Ressalta-se novamente que, este fato pode
demonstrar pouca preocupação, ou desconhecimento da importância, por parte dos autores,
em fundamentarem-se nas teorias econômicas, por exemplo, ou nos demais trabalhos já
publicados na área (ou em áreas afins).
5.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora necessária, a relação entre a economia e a saúde é difícil e não desprovida de
tensões. Segundo Mendes e Marques (2004), o principal motivo para tal dificuldade deve-se à
perspectiva que cada uma dessas áreas do conhecimento tem sobre o campo da saúde. Para os
profissionais da área, ‘a saúde não tem preço’, o que justifica o esforço para conseguir
auxiliar indivíduos em enfermidade, “sendo impossível traduzir tal esforço em números”.
Para a economia, o conceito de custo-benefício é central, isto é, que seja perseguido o menor
esforço (custo) para o melhor resultado possível obtido. Essas diferenças de perspectiva e
finalidade expressam, no limite, interesses de grupos diversos (MENDES; MARQUES,
2004).
De forma semelhante, para Piola e Reis (2001), os economistas da saúde crêem
demasiadamente no papel das políticas de atenção à saúde para a construção de uma
sociedade saudável e economicamente desenvolvida. Desse modo, por um lado, esses
economistas acabariam dando pouca atenção a um conjunto de determinantes sociais e
ambientais que impactam sobre a saúde. E, por outro, não estariam avaliando adequadamente
as implicações de determinadas políticas sobre a eficiência e a eqüidade dos sistemas, o que
poderia prejudicar a perspectiva de reduzir as iniqüidades.
Há de se considerar ainda a perspectiva de Gadelha et al. (2003) sobre o campo da
Economia da Saúde, que afirmam haver uma tensão entre (i) o dinamismo empresarial na
geração de inovações e de melhorias na prestação dos serviços e (ii) a necessidade de
assegurar um acesso eqüitativo aos bens e serviços de saúde, de controle de qualidade e de
atenuação dos problemas de informação, a fim de que a lógica econômica da produção desses
produtos/serviços não se sobreponha às necessidades sociais. Pela sequência de estudos
realizados, os referidos autores demonstraram que a desarticulação entre os sistemas de saúde
e de inovação (desenvolvimento de novos produtos e serviços) no Brasil aparece de diversas
formas: (1) inexistência de relações integrativas entre a rede de prestação de serviços de saúde
e as indústrias; (2) foco da política de saúde apenas na demanda dos serviços, sem maiores
considerações sobre a capacidade de inovação do setor e, portanto, sobre o uso do alto poder
de compra do Estado para uma política de desenvolvimento da saúde; (3) foco da política de
ciência e tecnologia no sistema científico, deixando-se de lado a articulação tanto com uma
política industrial de inovação quanto com as necessidades do sistema de saúde; (4)
inexistência de políticas regulatórias convergentes no campo da propriedade intelectual e da
vigilância sanitária que possibilitem administrar a tensa e difícil relação entre a capacidade de
inovação e a garantia de consumo de produtos em saúde pela população. Com base nessa
análise, Gadelha et al. (2003) defendem a ideia de que as políticas de saúde, além de sua
dimensão social, também constituem mecanismos estratégicos para a consolidação de um
12
sistema de inovação dinâmico, com efeitos diretos no desenvolvimento econômico-financeiro
nacional.
Em resumo, o campo da Economia da Saúde tem o desafio de subsidiar a discussão
sobre a lógica capitalista (competitividade) e a lógica sanitarista (assistencial) para
desenvolvimento do setor saúde. Para Gadelha (2003), “o enfoque neoclássico tradicional de
economia, largamente predominante na análise econômica atual, inclusive no campo da
saúde [...] se mostra inadequado ao se concentrar na alocação de recursos escassos – que,
segundo essa corrente, define o próprio objeto da ciência econômica –, focalizando situações
estáticas ou de crescimento em condições de equilíbrio” (p. 11).
Considerando este contexto, o presente estudo objetivou realizar uma análise das
publicações nacionais que dissertassem sobre Economia da Saúde, buscando-se,
especificamente, identificar o estágio de desenvolvimento do conhecimento em relação ao
tema no Brasil. No processo de busca pelas publicações nacionais, considerou-se apenas o
termo ‘economia da saúde’, entre aspas. Isso porque, conforme ressaltado (cf. subseção 2), a
Economia da Saúde é ainda um campo formalizado recentemente, se comparado às demais
áreas de pesquisa em administração (e.g., pública e finanças). Por meio deste critério de
pesquisa, buscou-se identificar os autores que nominalmente se posicionam neste campo de
pesquisa (i.e., aquelas publicações em que nominalmente mencionavam o termo ‘economia da
saúde’).
Como resultado, 28 (vinte e oito) artigos foram selecionados e constituíram o universo
de análise. A princípio, sistematizou-se esse conjunto de publicações de acordo com as
características gerais (cf. subseção 4.1), possibilitando identificar aqueles períodos que
concentram as publicações e os autores e instituições que mais se destacaram. Em seguida,
com base em revisões anteriores referentes ao tema (ARAÚJO, 1975; SAES, 2000;
ANDRADE et al., 2007) e demais áreas de conhecimento (LOIOLA; BASTOS, 2003;
ANTONELLO; GODOY, 2009), foram utilizados os seguintes critérios específicos de análise
do conteúdo em Economia da Saúde: tema principal, base teórica, tipo de pesquisa (ensaio,
revisão, empírico), metodologia de coleta e análise de dados (qualitativa, quantitativa, qualiquanti), variáveis analisadas, recorte temporal e agenda de pesquisa.
Tal qual mencionado, a análise crítica realizada nas publicações revisadas no presente
estudo teve como fundamentação teórica principal: (i) o estudo de Araújo (1975) – no que se
refere às melhorias necessárias às pesquisas desenvolvidas no campo da Economia da Saúde;
(ii) as proposições de Gadelha (2003) sobre a importância da discussão sobre a lógica
capitalista (competitividade) e a lógica sanitarista (assistencial) para desenvolvimento do setor
saúde; (iii) as classificações propostas por Andrade et al. (2007) (cf. Figura 1); e (iv) o modelo
de Tsang (1997) sobre cumulatividade teórica.
Como principal resultado, além da observação do baixo volume de publicações, temse ainda uma superficial (ou inexistente) fundamentação teórica dos trabalhos analisados.
Dentre aqueles revisados, apenas sete apresentam uma seção específica de referencial teórico.
Quanto à base teórica utilizada, dentre os conteúdos referenciados, tem-se: avaliação de
tecnologia em saúde; determinantes da doença; economia da saúde; eficiência, eficácia e
efetividade; impacto econômico da doença; e paradigmas econômicos.
Conforme observado, em apenas um trabalho, qual seja, Moraes et al. (2006), há uma
seção teórica específica sobre economia da saúde. Esse fato é coerente com o baixo volume
de publicações sobre o tema em questão, considerando-se, de forma geral, três possíveis
razões para o fato de os autores não fazerem referência a área da Economia da Saúde: (i)
desconhecer este campo de pesquisa, (ii) conforme observado, poucos autores apresentam
uma seção específica de referencial teórico, talvez por uma não exigência do periódico ao
qual se vincula, e (iii) pelo possibilidade de que as publicações de tal campo possam pouco
contribuir para a fundamentação teórica da pesquisa.
13
No que se refere à agenda de pesquisa, dos 28 artigos revisados, todos indicam apenas
indiretamente pontos a serem abordados em pesquisas futuras (i.e., não propõem diretamente
uma agenda de pesquisa). Apesar disso, foi possível identificar, por meio das conclusões (ou
considerações finais apresentadas) dos artigos revisados, algumas indicações indiretas de
possíveis temas ou aspectos do ‘fenômeno da Economia da Saúde’ a serem abordados em
pesquisas futuras. Dentre essas, destaca-se o apontamento da necessidade (i) de análises mais
completas da saúde que possam subsidiar a formulação de políticas públicas no Brasil, (ii) do
mapeamento dos problemas identificados, seja por sua magnitude ou extensão no território
brasileiro e (iii) de maior equilíbrio entre as formulações teóricas e os estudos empíricos.
Considerando-se os resultados relatados, e o fato de 100% dos artigos analisados
referirem-se (i) a estudos descritivos, mas indiretamente (ii) fazerem apontamentos
(considerações finais) prescritivos para a prática e para futuras investigações científicas na
área da saúde, observa-se que, a partir da proposta de análise de Tsang (1997), a área da
Economia da Saúde encontra-se em estágios iniciais de desenvolvimento. Fato já ressaltado
na literatura, este campo do conhecimento está se consolidando e ainda precisa de melhor
delimitação teórica, bem como de seu objeto de estudo.
Assim, a partir dos resultados encontrados, sugere-se que pesquisas futuras devem
primeiramente se concentrar no desenvolvimento dos grandes temas da área da Economia da
Saúde, buscando, principalmente, maior fundamentação teórica em áreas afins e
principalmente em teorias econômicas e sociais para formulação das pesquisas. Há
necessidade ainda de profunda discussão de quais são os principais pontos para consolidação
da Economia da Saúde como um campo de conhecimento, bem como de quais disciplinas
(e.g., Medicina, Economia, Administração) oferecem sustentação teórica para as discussões
propostas. Também para o desenvolvimento da área, sugerem-se o enfoque em algumas
questões-problema, especificamente relacionadas à investigação de aspectos econômicofinanceiros no setor saúde: quais as características do mercado de serviços de saúde?; por que
e como o Estado intervém na Saúde?; quanto e como se gasta em saúde?; existe um nível
"adequado" de gasto público em saúde?; como são financiados os serviços de saúde públicos
e privados?; qual a relação entre alocação, eficiência e custo?; o que determina o valor de um
serviço? Espera-se, assim, fomentar a discussão e desenvolver o campo da Economia da
Saúde.
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1 Análise da Produção Acadêmica Brasileira em Economia