ISSN 2178-5781
Ano XIII | 213 | Março 2013
Cana a perder
de vista
Aumento do álcool anidro na gasolina eleva
produção de etanol
Estudo da terra
Análise do solo auxilia produtores
a aumentarem produtividade
Lagartas destruidoras
Pragas modificam comportamento
para devastar lavouras
FAEG/SENAR E SEBRAE GOIÁS:
JUNTOS A GENTE CRESCE MAIS
E MELHOR.
O Sebrae Goiás e o Sistema FAEG/SENAR trabalham juntos pelo desenvolvimento
sustentável dos pequenos produtores rurais. Projetos como o PER (Programa
Empreendedor Rural) e o Negócio Certo Rural levam cada vez mais conhecimento e
tecnologia para as famílias diretamente em suas propriedades, promovendo a
autoconfiança do trabalhador rural e mais prosperidade para os negócios no campo.
Unindo forças e somando experiências, a gente realiza juntos os sonhos de cada um
e ajuda a construir um país cada vez melhor e mais justo a partir do nosso Estado.
Participe você também de nossas atividades!
Cursos de capacitação, consultorias,
treinamentos e muito mais...
Tratamentos para trabalhadores rurais
Técnicas de produção e fabricação de produtos lácteos
Saúde e nutrição animal
Tecnologias no manejo de animais
Produção e tecnologias em alimentos
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PALAVRA DO PRESIDENTE
CAMPO
A revista Campo é uma publicação da Federação da
Mais diversificação,
menos problemas
Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela
Gerência de Comunicação Integrada do Sistema FAEG/SENAR,
com distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos
assinados são de responsabilidade de seus autores.
CONSELHO EDITORIAL
Bartolomeu Braz Pereira; Claudinei Rigonatto;
Eurípedes Bassamurfo da Costa; Marcelo Martins
Editores: Francila Calica (01996/GO) e
Rhudy Crysthian (02080/GO)
Reportagem: Rhudy Crysthian (02080/GO) e
Leydiane Alves
Fotografia: Jana Tomazelli Techio,
Gutiérisson Azidon
Revisão: Cleiber Di Ribeiro (2227/GO)
Diagramação: Rowan Marketing
Impressão: Gráfica Talento Tiragem: 12.500
Comercial: (62) 3096-2200
[email protected]
DIRETORIA FAEG
Presidente: José Mário Schreiner
Vice-presidentes: Mozart Carvalho de Assis; José Manoel
Caixeta Haun. Vice-Presidentes Institucionais: Bartolomeu
Braz Pereira, Estrogildo Ferreira dos Anjos. Vice-Presidentes
Administrativos: Eurípedes Bassamurfo da Costa, Nelcy Palhares Ribeiro. Suplentes: Wanderley Rodrigues de Siqueira,
Flávio Faedo, Daniel Klüppel Carrara, Justino Felício Perius,
Antônio Anselmo de Freitas, Arthur Barros Filhos, Osvaldo
Moreira Guimarães. Conselho Fiscal: Rômulo Pereira da
Costa, Vilmar Rodrigues da Rocha, Antônio Roque da Silva
Prates Filho, César Savini Neto, Leonardo Ribeiro. Suplentes:
Arno Bruno Weis, Pedro da Conceição Gontijo Santos, Margareth Alves Irineu Luciano, Wagner Marchesi, Jânio Erasmo
Vicente. Delegados representantes: Alécio Maróstica, Dirceu
Cortez. Suplentes: Lauro Sampaio Xavier de Oliveira,
Walter Vieira de Rezende.
CONSELHO ADMINISTRATIVO SENAR
Presidente: José Mário Schreiner
Titulares: Daniel Klüppel Carrara, Elias D’Ângelo Borges,
Osvaldo Moreira Guimarães, Tiago Freitas de Mendonça.
A produção de cana-de-açúcar da safra 2013/2014 deve
chegar a 653,81 milhões de toneladas, com um aumento de
11% sobre as 588,92 milhões de toneladas da temporada
passada, segundo o último levantamento nacional da Conab. A normalização climática que favoreceu os canaviais
aqui da região Centro-Sul, a desoneração de tributos que incidem sobre o etanol e a confirmação do aumento da presença do álcool anidro como componente da gasolina sinaliza um cenário de boas expectativas para o setor.
O grande problema ainda está relacionado a questões
mercadológicas e à falta de políticas públicas inerentes ao
bom andamento do setor sucroalcooleiro. Houve aumento
da produção de açúcar das indústrias em detrimento da baixa margem de ganho do etanol, ocorrido em função da falta
de competitividade do biocombustível em relação à gasolina, em quase todo o País. Além disso, há um excedente
de cana-de-açúcar este ano, já que não houve a moagem
integral da cultura.
Portanto, a palavra de ordem é diversificação. O ideal é
manter outras atividades integradas à cana-de-açúcar, como
soja, gado de leite e corte. Ser um fornecedor de cana para
usinas ao contrário de arrendar a terra também é o ideal.
Caso seja um produtor que estiver começando na atividade,
a recomendação é criar sistemas de parcerias com associações ou cooperativas próximas à região. Com aptidão para a
lida com a terra, o produtor rural consegue aumentar em até
20% a produtividade se comparada à indústria.
Suplentes: Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva,
Alair Luiz dos Santos, Elias Mourão Junior, Joaquim Saêta
Filho. Conselho Fiscal: Maria das Graças Borges Silva, Edmar
Duarte Vilela, Sandra Pereira Faria do Carmo. Suplentes:
Henrique Marques de Almeida, Wanessa Parreira Carvalho
Serafim, Antônio Borges Moreira. Conselho Consultivo:
Bairon Pereira Araújo, Maria José Del Peloso, Heberson
Alcântara, José Manoel Caixeta Haun, Sônia Maria Domingos
Alexandre Cerqueira
Fernandes.
Suplentes: Theldo Emrich, Carlos Magri Ferreira, Valdivino
Vieira da Silva, Antônio Sêneca do Nascimento, Glauce
Mônica Vilela Souza.
Superintendente: Marcelo Martins
FAEG - SENAR
Rua 87 nº 662, Setor Sul CEP: 74.093-300
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Março / 2013 CAMPO
|3
Jana Tomazelli
PAINEL CENTRAL
Tecnologia na terra
16
GuƟérisson Azidon
Produtores como Givanildo Batista não dispensam análise do solo
para melhorar produtividade.
Pragas quase invisíveis
24
Lagartas mudam comportamento natural e
intensificam ataques a culturas como soja,
milho e algodão.
Empreender para crescer
30
O produtor de Paraúna, Carlos Roberto, mudou a
gestão da propriedade após participar do Programa
Empreendedor Rural e hoje comemora os resultados.
Educação Rural
12
Jovens como Luiz Antônio e Cleidson da Silva que
concluíram o Pronatec do Senar esperam melhorar de
vida com uma profissão.
4 | CAMPO
Março / 2013
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Jana Tomazelliv
Mais cana plantada
Agenda Rural
06
Fique Sabendo
07
Delícias do Campo
28
Campo Aberto
34
Treinamentos e
cursos do Senar
32
20
Jana Tomazelliv
Apesar da alta produtividade e investimentos em renovações de canaviais,
produtores de cana-de-açúcar, como Paulo Henrique, de Goiatuba, estão apreensivos.
O produtor
fornecedor de
cana-de-açúcar,
Joaquim Sardinha
aposta na cultura.
Foto produzida por
Jana Tomazelli.
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Empreender para crescer
30
O produtor de Paraúna, Carlos Roberto, mudou a gestão da
propriedade após participar do Programa Empreendedor
Rural e hoje comemora os resultados.
Março / 2013 CAMPO
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AGENDA RURAL
24 DE ABRIL
Os 10 mais do PIB
Hora: 9h
Local: Sede da Faeg, Goiânia
Informações: (62) 3096-2200
08 a 12/04
12 e 13/04
22 à 26/04
Tecnoshow Comigo 2013
Hora: das 8h às 18h
Local: Centro Tecnológico Comigo, Rio
Verde
Informações: (64) 3611-1500
Seminário de atualização do programa
Campo em Ordem
Hora: A partir das 8h
Local: sede da Faeg, Goiânia
Informações: (62) 3096-2208
Formação da 2° turma de professores
multiplicadores do Agrinho 2013
Hora: A partir das 8h
Local: sede da Faeg, Goiânia
Informações: (62) 3096-2208
6 | CAMPO
Março / 2013
www.sistemafaeg.com.br
FIQUE SABENDO
REGISTRO
Emater ganha veículos
Jana Tomazelli
Divulgação
ARMAZÉM
Solo, planta e atmosfera
www.senargo.org.br
O presidente da Faeg, José Mário Schreiner (à esquerda na foto),
participou, no dia 06 de março da
entrega de 172 veículos à Emater, realizada pelo governador do estado
de Goiás, Marconi Perillo, em Goiânia. Além dos veículos, a Agência
adquiriu 154 kits de mobiliários,
100 aparelhos de telefone fixos, 100
GPSs e 27 notebooks. “Essa ação do
governo, propiciará a extensão rural
a todo o estado de Goiás”, analisa.
O governador Marconi Perillo
enalteceu a série de investimentos
feitos para melhor equipar os órgãos
essenciais para o desenvolvimento
agrícola do Estado.
Para o presidente da Emater, Luís
Humberto de Oliveira Guimarães, a
aquisição histórica anunciada representa uma vitória para o órgão, que
tem se empenhado em ampliar a
assistência técnica e extensão rural
pelo Estado afora.
PESQUISA
Duas novas variedades de mandioca
Depois de sete anos de estudo,
pesquisadores do Paraná desenvolveram a variedade IPR União. Ela
combina com clima seco e solo
arenoso, é voltada para a indústria
por ser ideal para a produção de
farinha e fécula de mandioca. Tem
20% a mais de amido e, na prática,
é mais lucrativa para o produtor.
Outro lançamento é a IPR Upira. A
versão é mais resistente à pragas,
como a mosca do broto. Esta variedade leva menos tempo para
cozinhar, em média 20 minutos,
enquanto as tradicionais demoram meia hora, 40 minutos. Ou-
tra diferença é o sabor, mais adocicado, e a consistência é firme. Se
frita, a mandioca fica mais sequinha, mais crocante. A raiz tem um
tom amarelado porque tem mais
betacaroteno. As duas cultivares
estão em fase de registro no Ministério da Agricultura. A previsão
é que sejam liberadas para comercialização até o fim do
ano.
Março / 2013 CAMPO
ShuƩerstock
Em sua segunda edição a obra
apresenta os conceitos mais importantes para a compreensão da
dinâmica de funcionamento dos
agroecossistemas. Aborda assuntos práticos, principalmente aqueles relacionados ao ciclo da água
na agricultura, aspectos de nutrição de plantas, agrometeorologia e
balanços de energia. O livro parte
de uma base introdutória facilmente acessível e sem requerer muitos
conceitos prévios sobre solos,
plantas e atmosfera, e alcança um
tratamento avançado do assunto,
chegando à fronteira do conhecimento nas áreas de agronomia,
ciência do solo e ecologia. Como
os assuntos abordados evoluem no
texto, a obra também passa a ser
de interesse para a pós-graduação
e para profissionais e especialistas
que procuram uma síntese sobre
aspectos concretos do sistema
solo-planta-atmosfera. Vários assuntos científicos são levados até
a fronteira da pesquisa agronômica. Com conteúdo compreensível
e equilibrado, inclui índice temático sobre os principais conceitos
e processos, além de extensa lista de referências bibliográficas, o
que faz dele também uma eficiente
obra de consulta. O livro pode ser
encontrado em qualquer livraria e
custa em média R$ 80.
|7
MERCADO E PRODUTO
Como sustentar o
crescimento sem energia
Bartolomeu Braz Pereira | [email protected]
Jana Tomazelli
E
Bartolomeu Braz
Pereira é produtor
rural e vice-presidente
institucional da Faeg.
8 | CAMPO
m 2006, a Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) aprovou a segregação das atividades da Companhia Energética de Goiás (Celg),
com a companhia de distribuição da Celg Distribuição S.A. e
com a subsidiária de geração e
transmissão a Celg Geração e
Transmissão S.A, tornando-as
subsidiárias da Companhia Celg
de Participações - CELGPAR.
A CELGPAR era uma sociedade de economia mista e de
capital autorizado, cujos acionistas são o Estado de Goiás,
que possui 99,70% do capital, a
Eletrobrás, municípios e investidores privados. Em dezembro
2011, por meio da lei 17.495/11,
o Governo de Goiás autorizou
alienar 51% das ações integralizadas do capital social da Celg
Distribuição (CELG D), que são
controladas pela Eletrobrás.
Em julho de 2012, a lei
12.688/12, fez com que o Governo Federal autorizasse a aquisição do controle acionário da
Celg Distribuição, permitindo a
Eletrobrás adquirir, no mínimo,
51% das ações ordinárias com
direito a voto. Com esta aquisição, foi possível pagar todas
as dívidas da Celg, porém, não
houve investimento. Quando
foi assinado o acordo entre os
acionistas, foi prometido investimento de R$ 200 milhões em
2012 destinado à Companhia, e
também ficou previsto que esse
valor chegaria a R$ 1 bilhão dentro de cinco anos, mas não foi o
Março / 2013
que não aconteceu.
O problema está na má
distribuição de energia, pois
o Estado gera em torno de 30
mil MWh, mas utiliza apenas
10.530 mil MWh, ou seja, pouco
mais de 30%, destinando 14.644
mil MWh à exportação. Vale
ressaltar que Goiás tem a quarta
maior capacidade de geração de
energia do Brasil, com 8% do
total da produção deste país.
O setor sucroenergético, por
meio das agroindústrias dispõe
de uma tecnologia que seria
capaz de gerar energia da queima
do bagaço da cana, se tivesse
em sua infraestrutura uma rede
de transmissão de energia. Com
isso, é desperdiçada a produção
de 600 MWh, 75 MWh abastece
uma cidade de aproximadamente
500 mil habitantes.
A maioria dos armazéns de
grãos do Estado ou trabalham
com geradores, ou deixam a
produção estragando dentro
dos caminhões, fazendo com
que aumentem os custos para o
produtor e para o consumidor,
sempre os mais prejudicados.
Até a irrigação que Goiás
tem de melhor, só fica no empreendedorismo dos arrojados
produtores, pois os mesmos
usam suas infraestruturas privadas, fazendo com que a economia de seu município se tornem
verdadeiras potências nacionais.
Os produtores integrados de
aves e suínos não conseguem
energia para abastecer seus
criadouros e, com isso, preciso
comprar geradores, que aumentam o custo da produção, fazem
o produtor perder competitividade e traz riscos à sustentabilidade de seus investimentos.
Na produção de leite o prejuízo é maior, porque a maioria
dos produtores está vivendo com
renda negativa e mal tem condições de investir em estruturas
de geração de energia. Várias
propriedades do Estado passam
até oito dias sem luz elétrica, pela
simples falta de manutenção nas
linhas de transmissão. Hoje, os
pequenos produtores não sonham
mais com televisão, geladeira,
máquina de lavar roupa e outros
eletrodomésticos, mas sim com a
aquisição de geradores de energia.
Já a população urbana vive
um conflito nos altos edifícios,
pois com a falta de energia, os
moradores precisam subir de
escadas. O comércio também
passa por verdadeiro caos,
devido à grande quantidade de
apagões ocorridos, que passaram de 22 horas em 2011 para
35 em 2012.
Ao abrirmos as páginas de
jornal, assistimos brigas de gestores defendendo com honras
suas ações, mas os mesmos não
se preocupam em solucionar o
futuro da Celg. É preciso que
se tenham investimentos para
sustentar o crescimento que
o Estado já alcançou que os
gestores observem que se não
agirem rápidos, seremos mais
uma vez um Estado sem Homens de visão.
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AÇÃO SINDICAL
FORMOSA
Tatersal ganha nome
de líder classista
INDIARA
Jana Tomazelli
Sindicato reelege
presidente
O Sindicato Rural de Indiara realizou eleição
para definir diretoria do triênio 2013-2015. A
votação ocorreu no dia 21 de março, na sede
da entidade. Para este pleito concorreu uma
chapa única encabeçada pelo presidente
atual do Sindicato, Henrique Marques de
Almeida. O cargo de vice-presidente ficou
para Antônio Maurício Montagno Faria. Para
secretária e tesoureiro foram escolhidos,
Joana Darc Rodrigues e Rander Vieira de
Souza, respectivamente.
PIRACANJUBA
GuƟérisson Azidon
Balde Cheio capacita
27 novos técnicos
Jana Tomazelli
Foi inaugurado no dia 23 de fevereiro, em Formosa,
tatersal de leilões em homenagem ao pecuarista
e ex-presidente do Sindicato Rural de Formosa,
William Nessralla. A solenidade recebeu a presença
do vice-governador de Goiás, José Éliton (Foto);
do presidente do Sistema Faeg/Senar, José Mário
Schreiner e do prefeito do município, Itamar Barreto.
MORRINHOS
Seminário de Legislação
Trabalhista
O Sistema Faeg/Senar, em parceria com o
Sindileite e suas afiliadas, realizou, no dia 18
de fevereiro, o encontro técnico do Programa
Balde Cheio. A capacitação realizada no Centro
de Treinamento Piracanjuba Pró-Campo, em
Bela Vista de Goiás e contou com a participação
de 27 novos técnicos. Segundo o chefe do
departamento técnico do Senar, Flávio Henrique
Silva, os participantes foram selecionados para
desenvolver um modelo de assistência técnica,
junto aos produtores de leite do Estado.
10 | CAMPO
Março / 2013
O Sistema Faeg/Senar realizou, no dia 22 de
fevereiro, em Morrinhos, a primeira rodada do
Seminário Regional de Legislação Trabalhista.
Ao longo do ano, serão realizados 13 encontros
nos municípios goianos. O objetivo é detalhar
a legislação e destacar como o Senar contribui
para a capacitação de mão de obra gratuita aos
trabalhadores e produtores rurais. Segundo a
advogada da Faeg, Rosirene Curado, a intenção
é levar aos participantes informações sobre seus
direitos.
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INACIOLÂNDIA
GUAPÓ
sindicato tem
reeleição
Sindicato Rural de Guapó
Sindicato Rural de Inaciolândia
Fachada nova
O Sindicato Rural de Inaciolândia está de cara
nova. A entidade está com a fachada dentro dos
padrões recomendados pelo Sistema Faeg/Senar.
Com uma fachada mais moderna e arrojada, a
entidade espera estar mais próxima do produtor
rural e se comunicar melhor visualmente com a
comunidade do município.
CABECEIRAS
Sindicato Rural de Cabeceiras
Sindicato quer mais
energia elétrica
Sindicato de Produtores Rurais de Guapó realizou
cerimônia de posse da nova diretoria, no último
dia 28 de fevereiro. Tomaram posse Maria das
Graças Borges como presidente reeleita; seguido
de Vanderley Fávero como vice-presidente; Marcos
Bento vice-presidente institucional e Maria Zélia
Carvalhaes como vice-presidente financeira. O
Sistema Faeg/Senar foi representado pelo vicepresidente institucional, Bartolomeu Braz Pereira
que falou da importância de se constituir uma
diretoria forte e representativa. (Colaborou:
Antelmo Teixeira)
RIO VERDE
Sindicato discute
atrações da 55°
Exposição Agropecuária
O Sindicato Rural de Cabeceiras realizou no dia
21 de fevereiro, na sede da entidade, uma reunião
com representantes da Celg para discutir assuntos
relacionados a um acréscimo na capacidade de
fornecimento de energia elétrica para a cidade.
Alguns produtores da região afirmam já terem feito
investimentos na construção de barragens e aguardam
a maior oferta de energia para a viabilização do
projeto.
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A diretoria do Sindicato Rural de Rio Verde tem se
reunido constantemente para discutir e programar a
55ª Exposição Agropecuária de Rio Verde, que esse
ano será realizada de 12 a 22 de julho. A Exposição
Agropecuária de Rio Verde é destaque no país,
tendo em sua programação grandes leilões, além de
palestras técnicas, demonstrações de tecnologia e
rodeio, que é recorde em premiações e considerado o
“Melhor Rodeio em Touros do Brasil”. (Colaborou:
Fabiana Sommer)
Março / 2013 CAMPO
| 11
Jana Tomazelli
PRONATEC
Alunos do Pronatec do Senar da região
de Silvânia comemoram término dos
cursos
Salários no campo
superam média da cidade
Programa profissionaliza jovens de 15 a 18 anos. Com a
maioridade, as oportunidades de ganhos podem chegar
a cinco salários mínimos
Leydiane Alves | [email protected]
C
onseguir o primeiro emprego
e logo de início uma remuneração considerada excelente.
Esse objetivo, que parece ser o sonho
para muitos jovens, está se tornando
realidade para os alunos que foram
capacitados pelo Programa Nacional
de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) do Senar, em parceria com a Secretaria de Estado da
Educação. Como no caso de Luiz An-
12 | CAMPO
Março / 2013
tônio Eugênio, de 19 anos, que antes
mesmo de terminar a capacitação, foi
contratado para trabalhar como mecânico de tratores no município de
Acreúna.
O salário inicial do jovem será de
R$ 1,2 mil ao mês, quantia que ele
considera alta por se tratar do primeiro
trabalho. “Antes de dar início ao curso de operador de máquinas agrícolas,
não tinha expectativa de conseguir um
bom emprego, principalmente, pelo
fato de residir no interior. Hoje, percebo que esse objetivo já faz parte da
minha realidade”, acrescenta.
Cleidson da Silva Freitas, de 17
anos, também é aluno do Pronatec e
já almeja o mercado de trabalho. “Provavelmente com o término do ensino
médio na rede pública estadual, estaria
na lavoura ou no pasto. Agora, quero
fazer faculdade. Aprendi que quando
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que, anteriormente, era de 12 e agora
passou para 24”, conta.
se estuda antes de trabalhar, o jovem
tem maiores chances de ingressar no
mercado e conseguir uma boa remuneração”, avalia.
O Pronatec do Senar capacitou
5.172 mil jovens em Goiás este ano
que a partir de agora têm a oportunidade de ingressar no mercado
de trabalho. As formaturas desses
alunos foram realizadas em forma
de encontros técnicos do Pronatec,
no mês de março, nos municípios de
Silvânia, Alexânia, Goianésia, Goiás
e Mineiros. Segundo o presidente
do Sistema Faeg/Senar, José Mário
Schreiner, o Pronatec do Senar traz
resultados expressivos, rápidos e
práticos. “No ano passado conseguimos alcançar a nossa meta. Queremos agora aumentar esse número de
alunos. E para conseguir o objetivo,
já dobramos o número de cursos,
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GuƟérisson Azidon
Jovens
José Mário destaca que pretende,
com o Pronatec, oferecer aos jovens a
oportunidade da qualificação técnica,
fazendo com que os filhos de produtores voltem às suas propriedades ou
consigam um emprego digno e que dê
condições a eles de ter uma qualidade de vida. “Nós temos pesquisas que
mostram que 58% dos filhos dos produtores não querem continuar no meio
rural. E o Programa vem para mudar
essa realidade. Dessa maneira queremos diminuir de forma significativa o
êxodo rural”, garante.
Para o presidente do Sistema Faeg/
Senar, essa é a maior oferta de vagas
para a educação do campo no Brasil.
“Trata-se de uma verdadeira revolução educacional na zona rural”, analisa. “Nossa preocupação é que esses
alunos continuem com o trabalho no
campo e possam estar qualificados
para a atividade que escolherem trabalhar”, diz.
O Programa prova que trabalhar no
interior pode ser muito mais atrativo do
que na capital. Os salários são considerados altos, principalmente, por ser o
primeiro para muitos jovens. Entre os
cursos oferecidos, um dos que mais
tem demandado mão de obra é o de
Operador de Máquinas e Implementos
Agrícolas. Em Acreúna, por exemplo, a
empresa Casa do Pica Pau John Deere,
contratou no último mês seis alunos
que participaram da capacitação.
O interesse por alunos do Pronatec não para por aí. Segundo dados
do departamento técnico do Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás), produtores rurais, empresas agropecuárias e revendedoras de
máquinas agrícolas de todo o estado
estão em busca desses alunos que participaram do Pronatec do Senar. São
jovens que nunca tinham trabalhado e,
agora, estão recebendo a oportunidade de começar em empresas grandes.
Os alunos do Pronatec do Senar, Luiz
Antônio (à esq.) e Cleidson da Silva (à
dir.) estão confiantes quanto ao seus
futuros profissionais
Março / 2013 CAMPO
| 13
O Programa
Com o objetivo de ensinar de forma gratuita uma profissão técnica aos
estudantes do ensino médio da rede
pública estadual de ensino que moram
nas áreas urbanas e rurais de Goiás, foi
criado o Programa Nacional de Acesso
ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) do Senar. As primeiras turmas formadas começaram as aulas no mês de
setembro de 2012. Ao total, já são 335
turmas, totalizando 5,2 mil alunos, em
158 municípios goianos. Esse número
representa 98% das vagas oferecidas e
64% do estado profissionalizado.
No Estado, o Pronatec para o campo está sendo coordenado pelo Senar
Goiás, em parceria com a Secretaria
de Estado da Educação. Sem deixar
de lado o estudo formal na escola regular, o Pronatec do Senar veio para
oferecer qualificação profissional para
os jovens oriundos do meio rural e
também para aqueles que estão na cidade e vislumbram oportunidades de
emprego e ganho real na agricultura
e pecuária.
oferecidos 12, agora são 24 cursos disponibilizados aos alunos. O curso de
suinocultor oferece 180 horas/aula e
o equideocultor 240 horas, os demais
têm uma carga horária de 160 horas.
Os alunos da rede estadual de
ensino interessados em participar do
Pronatec devem procurar a direção da
escola, que irá fazer a pré-inscrição
e repassar para Subsecretaria Regional de Educação. A Subsecretaria vai
cadastrar esse aluno no sistema e o
Senar será responsável por confirmar
a inscrição. A partir desse ano, quem
tiver interesse também pode se inscrever por meio do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do
seu município.
Para participar
A idade mínima para participar do
Programa é de 15 anos e o aluno do
ensino médio deve estar matriculado
na escola de rede estadual. Somente
os cursos de inseminador artificial e
operador de máquina exigem idade mínima de 17 e 18 anos, respectivamente. Para o ano de 2013, o número de
cursos dobrou. Anteriormente, eram
14 | CAMPO
Março / 2013
www.sistemafaeg.com.br
TECNOLOGIA
Analisar o solo
aumenta a
produtividade
ShuƩerstock
Especialistas defendem que conhecer
bem a área que será trabalhada, como
a disponibilidade de água e nutrientes
no solo, é o primeiro passo para o
sucesso da atividade
Karina Ribeiro | [email protected]
Especial para Revista Campo
P
onta pé inicial para o início de
qualquer atividade agropecuária, a análise de solo está cada
vez mais difundida entre produtores e
o custo-benefício é satisfatório.
A técnica pode ser considerada
uma espécie de certificado que garante a utilização correta e precisa do
solo. Sem essa análise, não se pode
avaliar se um solo poderá suprir água
e nutrientes necessários para o desenvolvimento da planta ou chegar
a necessidade de suplementação dos
nutrientes para a fertilização do solo.
Enquanto alguns produtores não
conseguem imaginar realizar qualquer tipo de trabalho agropecuário
sem antes fazer a análise de solo, ainda existem aqueles que insistem em
manter-se na atividade sem o emprego da tecnologia. Aos poucos, dizem
16 | CAMPO
Março / 2013
técnicos e engenheiros, eles sucumbem aos resultados advindos do emprego da técnica.
Para o engenheiro agrônomo e
professor associado da Universidade
Estadual Paulista (Unesp), José Eduardo Corá, a análise do solo é fundamental para o produtor rural alcançar
elevada produtividade agrícola, com
correta utilização dos fertilizantes,
sem desperdício e agressão ao meio
ambiente. “Ela é uma ferramenta fundamental que permite a utilização de
práticas confiáveis de manejo de corretivos e de fertilizantes no processo
de produção agrícola”, afirma.
Ele ensina que quatro etapas compreendem a análise de solo: amostragem
do solo, envio ao laboratório, análise do
solo e interpretação dos resultados. Ele
explica que a amostragem do solo é a
www.sistemafaeg.com.br
Longe de riscos
Para não correr risco de cometer quaisquer tipos de irregularidades, o produtor rural Givanildo
Batista da Silva, prefere que a coleta de solo seja realizada por um
técnico experiente. “É muito fácil
levar problemas para o laboratório.
A amostra correta é responsável
por 95% do resultado”, afirma. O
ideal, diz, é conhecer também os
técnicos e o próprio laboratório.
Ele planta 700 hectares de soja
em propriedades localizadas em
Senador Canedo e Piracanjuba. O
produtor acredita que a utilização
da análise de solo, ao longo dos
últimos anos, permitiu aumento
de produtividade de 20%. Com
a utilização da análise de solo, a
lavoura corresponde ano a ano.
Saiu de uma produtividade média
de 50 sacas por hectares e, paulatinamente, atinge hoje 60 sacas
por hectare. “É considerada uma
boa produtividade para a região”,
explica.
Ele acredita que a redução de
custo no que tange à otimização
de fertilizantes e nutrientes também chegue a casa dos 20%. “As
vezes o produtor está investindo
no elemento errado. E quando está
equilibrado, qualquer cultura vai
bem”, ensina.
Diante de todas essas vantagens, Givanildo é categórico ao
dizer que o custo-benefício é positivo. Ele calcula que uma amostragem que engloba 20 hectares
custe, em média, R$ 55. “Dividin-
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do esse valor por cada hectare sai
muito barato”, afirma.
Outro produtor rural que não
abre mão da análise de solo é José
Queiroz da Silva Junior, conhecido na região de Bela Vista como
Queiroz Junior. Ele conta que há
15 anos utiliza a técnica, na qual
seria impossível obter sucesso no
plantio da safrinha. Tipo de lavoura comum no Sudoeste do Estado,
onde o clima favorece duas safras
ao ano, a safrinha não é considerada comum na região de Bela Vista.
Entretanto, conforme Queiroz
Junior, há dez anos ele planta safrinha na região. “Não tem como
imaginar nada disso sem análise
de solo. Ela é como o tempero da
comida para a agricultura. Não
tem nem como começar a trabalhar sem ela”, ressalta.
Ele explica que há três ou quatro anos, poucos produtores da
região acreditavam ou mesmo arriscavam a plantar a safrinha. Atualmente, a prática está bem mais
comum. “Ninguém aceitava antes,
mas produtores da região estão
tecnificando. Um começa a observar o resultado do outro e passa a
querer também”, afirma. Em cinco
anos, diz, a produtividade média
da região quase triplicou.
Ele afirma que alguns produtores ainda torcem o nariz para o
emprego da tecnologia, em função da falta de conhecimento ou
dos custos da produção. “Mas aos
poucos isso vem diminuindo, diz.
deve ser realizada ao acaso, mas respeitando algumas restrições. “Evitar a
coleta das amostras simples próximas
de casas, brejos, voçorocas, árvores
e sulcos de erosão, curvas de níveis,
formigueiros, cupinzeiros ou qualquer
outro local que não represente a condição real da gleba”, afirma.
Jana Tomazelli
racterísticas físicas do solo como cor,
textura e profundidade do perfil, além
do histórico da área no que se refere ao
emprego de corretivos e fertilizantes.
“Como regra geral, a homogeneidade é
o principal fator que determina a área
de abrangência da amostra”, afirma.
Corá ensina que coleta de amostras simples, dentro de uma gleba,
O produtor
Givanildo Batista
defende que 95%
do resultado da
análise do solo
depende da correta
amostragem
Jana Tomazelli
primeira e mais crítica das etapas do
programa. “Essa etapa é de responsabilidade do produtor rural”, afirma.
Para tanto, o primeiro passo é dividir a propriedade em glebas de solos
homogêneas, nunca superiores a 20
hectares, considerando: vegetação, posição topográfica e relevo (delimitados
pelas mudanças de declividade), ca-
Em Bela Vista, o produtor
José Queiroz afirma que
somente com análise do
solo foi possível o plantio
da safrinha
Março / 2013 CAMPO
| 17
Análise do solo em 4 etapas
Profundidade
Já que a coleta da amostra é de total responsabilidade do produtor, ele deve ficar atento a
outras particularidades importantes para que os
resultados sejam positivos. O engenheiro agrônomo e professor associado da Unesp, José Eduardo Corá ensina que a profundidade da amostragem será definida de acordo com a cultura que
está sendo ou será cultivada na gleba. Geralmente, diz, esse volume está associado à profundidade de preparo de solo.
Para cultivos de culturas anuais como milho,
soja e feijão, além de pastagens é recomendada
amostragem de até 20 centímetros. Mas vale o
alerta. Para pastagens, já estabelecidas, a amostragem pode ser de até 10 centímetros de profundidade.
Amostragem
g do solo
Envio ao laboratório
Frequência
A frequência a ser feita a análise de solo para
avaliação de fertilidade pode variar de fatores
como quantidade de adubação e do número de
culturas anuais consecutivas. “Recomenda-se
maior frequência em áreas com exploração com
culturas anuais e solos arenosos”, explica.
Ele lembra que a amostragem deve ser realizada com a maior antecedência possível, para
garantir que os resultados estejam prontos para
que se possa planejar a compra do calcário e
adubos da próxima safra.
Análise do solo
Amplitude
Corá garante que o papel da análise de solo
pode ainda ser mais amplo. Ele explica que a
técnica é fundamental para o futuro da produção agrícola global, ajudando a identificar novas
áreas com potencial para serem incorporadas aos
sistemas produtivos. “A avaliação da fertilidade
do solo tem caráter indispensável em trabalhos
de recuperação de áreas degradadas pela atividade humana, com áreas utilizadas pela mineração,
construção de rodovias, entre outros”, analisa.
18 | CAMPO
Março / 2013
Inteerpretação
reta o dos
d s resultados
do
Interpretação
Evitar a coleta das amostras próximas de: Casas, brejos, voçorocas, árvores e sulcos de erosão, curvas de níveis, formigueiros, cupinzeiros ou qualquer outro local
que não represente a condição real da área.
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Jana Tomazelli
CANA-DE-AÇÚCAR
Um mar de cana
Apesar da alta produtividade e investimentos em
renovações de canaviais, produtores de cana-de-açúcar não
devem ter um ano muito positivo.
Karina Ribeiro | [email protected]
Especial para Revista Campo
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Março / 2013
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Devido a boas
práticas de
manejo, o produtor
fornecedor de cana
em Goiatuba, Paulo
Henrique, espera
uma produtividade
superior à média
nacional
M
esmo com sinalizações do
governo federal de desoneração de tributos que incidem sobre o etanol, a confirmação
do aumento da presença do álcool anidro como componente da gasolina e a
expectativa de uma safra de cana-de-açúcar 2013/2014 na Região Centro-Sul, superior a 2012/2013 - de 532,5
milhões de toneladas, este tende a ser
um ano difícil para o setor.
A explicação está relacionada a
questões mercadológicas e falta de
políticas públicas inerentes ao bom
andamento do setor sucroalcooleiro.
Houve aumento da produção de açúcar
das indústrias em detrimento da baixa
margem de ganho do etanol ocorrido
em função da falta de competitividade
do biocombustível em relação à gasolina em quase todo o País. Além disso,
há um excedente de cana-de-açúcar
este ano, já que não houve a moagem
integral da cultura.
O presidente da comissão de cana-de-açúcar da Faeg, Ênio Fernandes,
ressalta ainda potencial de risco de
inadimplência por parte das indústrias
para com os produtores fornecedores.
“Principalmente aquelas que estão
com a situação mais debilitada”, diz.
Ele afirma que é um ano de margens
de lucro bastante estreitas.
Mesmo assim, diz, embora não haja
números oficiais, já que o início da colheita começa em abril, fatores como
renovações dos canaviais, crescimento
de área plantada e investimentos em
tecnologia apontam crescimento da
produção da safra 2013/2014, especialmente na Região Centro-Sul, responsável por 90% da produção nacional.
O assessor técnico da Faeg, Alexandro Alves afirma que há uma
queda de braço antiga entre o governo federal e o setor sucroalcooleiro,
o que leva o setor, historicamente, a
viver momentos de incertezas. “É um
jogo de empurra. O governo informa
que vai imprimir recursos para o setor
caso haja aumento de investimentos e
produção, em contrapartida, o setor
afirma que irá investir somente após
os incentivos do governo”, resume.
Alexandro conta que Goiás possui uma particularidade em relação
a outros Estados produtores. “Os
investimentos aqui foram diminuídos desde a crise de 2008, mas não
estagnados”, explica. Ele diz que alguns incentivos do governo estadual
voltaram os olhos dos investidores
para Goiás. Para tanto, diz, a previsão é de que haja um crescimento da
produção do Centro-Sul de 10% em
relação à safra passada.
Mix balanceado
Mas ele lembra que o mix do
Estado não deve sofrer grandes alterações – permanecendo números
próximos a 75% destinadoS ao etanol e 25% à produção de açúcar. “Já
temos uma produção alta de etanol,
esse mix deve alterar um pouco em
outros Estados, afinal há um certo
compromisso dos usineiros com o
governo no intuito de aumentar a
produção de etanol”, salienta.
O produtor fornecedor de cana-de-açúcar, Paulo Henrique Cardoso, cuja plantação está localizada
em Goiatuba, Região Sudoeste do
Estado, explica que a expectativa
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de produtividade da safra 2013/2014
de sua lavoura é de 96 toneladas por
hectare, bem superior à média nacional, 78 toneladas por hectare.
Ele acredita que esse incremento
está associado a técnicas de manejo, plantio de variedades adaptadas
ao clima e ao emprego de maquinários, controle sanitário e diminuição
da idade de corte da lavoura. Ele
afirma que há reforma, anualmente,
de cerca de 15% da área de plantio.
Com isso, mantém uma média relativamente nova, atingindo 3,8 cortes. A média dos canaviais nacional
é um pouco superior, quatro cortes.
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Jana Tomazelli
Outro fator importante, comenta,
é a aplicação da técnica de salvamento nos meses de seca, junho, julho e
agosto. “Quando é realizado o corte
nesses períodos, a planta não brota
ou quando brota tem a incidência de
lagarta elasmo ou o nascimento de
poucas plantas”. Ele diz que a busca por técnicas novas pesquisadas
em universidades têm beneficiado o
setor.
Paulo Henrique aumentou para
esta safra, 110 hectares de cana-de-açúcar, atingindo 920 hectares.
“Aumentei para que compensassem
os investimentos em maquinário”,
diz. Ao contrário de outras usinas,
Joaquim, de Quirinópolis está tão
otimista com a nova safra de cana que
aumentou sua área em 40% este ano
ele explica que a empresa na qual ele
fornece o produto o obriga a realizar
o corte e o transporte. “Já entregamos tudo pronto para ela”, diz.
A receita para contínuos investimentos estão vinculados à diversidade de culturas. Ele explica que aproveitou o bom momento da soja nos
últimos anos para continuar investindo nas reformas de canaviais. “É um
bom negócio, a rentabilidade é boa.
Comparado com o Brasil estamos investindo 20% a mais”, afirma.
Ênio Fernandes, da Faeg, explica que em momentos de crise, bons
produtores fazem como Paulo Henrique. Investem em aumento de área
e manejo adequados para conseguir
extrair o máximo de produtividade.
“Dessa forma, o custo de produção
fica mais barato e ele consegue ter
maior lucratividade”, diz.
Embora não seja considerado um
ano muito promissor, Paulo Henrique explica que a formação de preços do setor sucroalcooleiro é bastante democrática. Ao longo do ano,
os produtores fornecedores participam do preço final do produto. “Se
existe aumento de preço, todos ganham, se há queda, todos perdem”,
explica.
Produtores investem em reforma
da lavoura
O produtor de Quirinópolis,
Sudoeste do Estado, Joaquim Sardinha, conta que, na região, houve
reforma de até 30 mil hectares de
cana-de-açúcar. Para ele, a vocação
da região permitiu esses investimentos. “Aqui a cana-de-açúcar
ainda tem uma rentabilidade razoável”, afirma.
Prova disso é que o produtor aumentou sua área de cana-de-açúcar
em 40%. Saiu do plantio de 1000
hectares para 1,4 mil hectares. A estimativa é de que a produtividade
gire em média de 90 toneladas por
hectare. A média de corte da lavoura também é positiva – 3,5 cortes.
Joaquim lembra que, este ano,
houve muito ataque da broca, cigarrinha e a presença de uma nova
praga, a ferrugem alaranjada. “Não
foi de difícil controle, mas não deixa
de ser mais um problema para nos
preocuparmos”, diz.
Vantagens
O produtor fornecedor de cana-de-açúcar e vice-presidente institucional da Faeg, Bartolomeu Braz,
explica as vantagens de ser um
fornecedor de cana-de-açúcar para
usinas ao contrário de arrendar a
terra. “Quando você arrenda a terra, o produtor não pode realizar
nenhum tipo de atividade no local.
Fica refém da usina, mal podendo
entrar na propriedade”, diz. Além
disso, os contratos costumam ser
longos, cerca de dez anos.
Caso seja um produtor que estiver começando na atividade, a recomendação é criar sistemas de parcerias com associações ou cooperativas
próximas à região. Isso permite a
utilização de maquinários. “Outro
fator primordial é a logística. Se o
produtor estiver em uma boa localização ele ganha muito com isso”,
diz. Bartolomeu calcula que o transporte é responsável por 40% dos
gastos de produção.
Para ele, a palavra de ordem é
diversificação. O ideal, diz, é manter outras atividades integradas à
cana-de-açúcar, como soja, gados
de leite e corte. Com aptidão para
a lida com a terra, o produtor rural
consegue aumentar em até 20% a
produtividade se comparada a indústria. “Tudo isso é benéfico para
o produtor. Ele deve continuar na
terra e terá uma renda maior”, diz.
De olho em boas oportunidades
de negócio, em razão de um contrato fechado com uma usina, o produtor fornecedor de cana-de-açúcar,
Fábio Souza, de Inaciolândia, dobrou a área de plantio. Agora são
900 hectares destinados à cana-de-açúcar. Ele comenta que, independente dos preços estarem um pouco
abaixo do mercado estão acima dos
valores praticados no mesmo período do ano passado.
Ele acredita que é cedo para calcular a produtividade do canavial.
“Vai depender do clima daqui pra
frente. Mas temos boas perspectivas”, diz. Apesar dos investimentos
dos produtores e das perspectivas
de uma safra promissora, o presidente do Sindicato da Indústria de
Fabricação de Álcool do Estado de
Goiás (Sifaeg), André Rocha, critica
a falta de um posicionamento efetivo do governo federal.
Para ele, se não houver políticas
públicas direcionadas para o setor,
no próximo ano, não haverá investimentos. “Acreditávamos que as
medidas seriam adotadas em 2012
e até agora nada ocorreu”, diz. Ele
lembra que o aumento do anidro em
25% como componente da gasolina
é mais para sanar déficits da Petrobrás que para beneficiar o setor. “A
possível desoneração irá aliviar, mas
não resolve. Ou o governo retira a tributação do etanol ou volta a da ga-
solina”, diz. Mesmo com o aumento
de área e produção, Goiás deve permanecer com o mesmo número de
usinas em funcionamento este ano,
um total de 34 usinas.
Manejo
Considerada uma cultura rústica, a cana-de-açúcar não demanda
tratos muito precisos e cuidadosos.
Porém, Alexandro Alves, assessor
técnico da Faeg para a área de cana-de-açúcar, frisa que a utilização
do manejo varietal, implantação de
diversas variedades dentro de uma
propriedade, é importante para
maximizar a potencialidade do canavial e diminuir a ploriferação de
doenças. “São necessárias variedades que desenvolvam alta produtividade e tolerância a doenças”, diz.
Alexandro conta que a agricultura
de precisão também está, aos poucos, sendo inserida nos canaviais.
O assessor técnico explica que os
produtores de cana-de-açúcar devem
ficar atentos a ferrugem alaranjada,
doença que está voltando a atacar os
canaviais do Estado, embora haja variedade tolerante a praga. Ele explica
que a melhor forma de combater a
praga é o monitoramento constante.
“Se encontrar no início pode ser feito
controle biológico, mas em estágios
mais avançados não se faz mais o
controle”, ensina.
Jana Tomazelli
Preços melhores que no ano passado
Em Inaciolândia,
Fábio Souza
dobrou sua
área plantada
e está confiante
com relação ao
mercado
Jana Tomazelli
LAGARTAS
Pequenas e vorazes
As altas temperaturas, estiagens e mudança de
comportamento das lagartas criaram um ambiente ideal
para a intensificação das pragas nas lavouras este ano
Karina Ribeiro | [email protected]
Especial para Revista Campo
24 | CAMPO
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Lavoura de soja atacada por
lagartas, prejuízos chega a
R$ 50 por aplicação em cada
hectare
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O
período de estiagem e as
altas temperaturas que prevaleceram em boa parte do
ciclo da soja nesta safra não são os
únicos responsáveis pela elevada incidência de pragas nas lavouras de
Goiás. A mudança de comportamento de algumas espécies como a lagarta da maça-do-algodão e da lagarta
da espiga do milho, que se adaptaram
à cultura da soja, também corroboram com esses intensos prejuízos.
Embora não haja uma única resposta para os motivos que levaram a
migração dessas pragas para a cultura
da soja, os resultados são comuns aos
produtores rurais: perda de produtividade e aumento de custo de produção.
“Tivemos de tudo um pouco. A infestação de lagartas foi horrível”, resume
o produtor rural de Paraúna, município
localizado na Região Sudoeste do Estado, César de Melo Silva Ferro.
César conta que a lagarta falsa-medideira foi a que mais atacou. O
mesmo, explica, ocorreu nas lavouras
adjacentes. A lagarta, que era considerada praga secundária da soja, passou a ser considerada principal nas
duas últimas safras em todo o País,
segundo informações da Embrapa.
Veranicos e altas temperaturas condicionaram um ambiente ideal para a
ploriferação dessa praga.
O clima também dificulta o controle. Temperaturas acima de 30 graus e
a umidade abaixo de 60% aumentam
a evaporação dos produtos químicos.
Entretanto, apesar de ser considerada uma praga importante da soja, a
falsa-medideira pode ser controlada
com adoção de manejo integrado de
pragas.
Segundo o pesquisador da Embrapa, Edson Hirose, é preciso salientar
que o produtor, sempre que possível,
deve optar por inseticidas seletivos.
“Assim ele evita a morte dos inimi-
gos naturais (parasitÓides e predadores) que são importantes reguladores
das populações de pragas”, diz.
Lagarta da maçã
Mas a maior dificuldade de César
foi combater a lagarta-da-maçã. Tipicamente comum nas lavouras de algodão, a praga tem migrado com apetite
para a cultura da soja. Segundo ele,
a presença da praga foi identificada
logo no início do ciclo da soja. Essa
condição, embora primordial para a
efetividade do controle da praga, não
foi suficiente para o controle eficiente
da lagarta-da-maçã.
Acostumado a realizar cerca de
duas aplicações de inseticidas, na
última safra, diz, foram necessárias
outras três. “Lembro de outros anos
com grandes problemas com lagarta,
mas não como este”, relembra.
César explica que, cada aplicação,
gerou um gasto de R$ 50 por hectare,
ou seja, cerca de uma saca de soja.
Calculando o custo das três aplicações adicionais, em cada um dos mil
hectares de sua propriedade, foram
investidos R$ 3 mil somente com o
intuito de mitigar o ataque. “Foi um
gasto alto”, afirma.
Somado a isso, as pragas ainda
resultaram em uma queda de produtividade. “Não sei mensurar qual a
quebra de produtividade que elas me
renderam, mas ao todo, como este
ano tivemos muitos problemas com o
clima, também, registrei uma quebra
de 15% da produção”, explica.
As explicações para a ineficiência
e elevação do custo de produção estão
no difícil controle por se tratar de uma
espécie de maior dificuldade de combate em função da localização preferencial (baixeiro da planta), agressividade e baixa sensibilidade a alguns
grupos químicos de inseticidas.
O produtor, que sentiu a impo-
Março / 2013 CAMPO
| 25
Jana Tomazelli
Jana Tomazelli
Pragas do milho
Segundo Leonardo Machado,
assessor técnico da FAEG, os
inseticidas convencionais não
têm surtido efeito no combate
às lagartas
tência do combate no bolso, afirma
que na última aplicação mudou a
metodologia para combater a praga.
Como as altas temperaturas e baixa
umidade do ar estavam evaporando
os produtos químicos rapidamente,
resolveu realizar a aplicação no período noturno. “Foi quando conseguimos melhores resultados”, diz.
O assessor técnico da Faeg para
a área de cereais, fibras e oleaginosas, Leonardo Machado, explica que
os inseticidas convencionais não têm
surtido efeito. “Elas atacam a vargem
da soja ou nas axilas. O objetivo é
conseguir reduzir os prejuízos que
elas causam e não eliminá-las”, conta.
“Temos problemas com lagartas
todos os anos, mas não na comple-
26 | CAMPO
Março / 2013
xidade dessa safra”, lamenta o produtor rural de Rio Verde, Sudoeste
do Estado, Max Eugênio da Silva
Arantes. Acostumado a realizar
aplicações preventivas, diz que este
ano a situação ficou fora do controle. “Foram duas aplicações a mais,
a sensação é que os ativos químicos
não eram suficientes para combater
a praga”, explica.
Max explica que a velocidade da
ploriferação foi bastante rápida e as
metodologias empregadas não surtiram efeito. Ele explica que mudou
de princípio ativo, acrescentou água
e ainda realizou aplicações no fim
da tarde. “O combate girou em torno de 70%. Não conseguimos eliminar”, conta.
Leonardo explica que uma praga comum do milho também está
atacando as lavouras de soja. “No
milho elas estão incidindo pouco
em função do controle da praga no
grão transgênico, reduzindo muito
a incidência”, diz.
No entanto, a lagarta elasmo e
a lagarta rosca estão infiltrando
nas lavouras de soja. “Principalmente a lagarta elasmo que tem
combate muito complicado, ela
ataca o caule na fase inicial e a
planta morre”, diz.
Surpresa
Max Eugênio explica que os 700
hectares destinados para a cultura
do milho safrinha, não ficaram incólumes dos ataques da lagarta do
cartucho. Mesmo utilizando semente transgênica, resistentes às pragas,
a presença da praga o obrigou a realizar uma aplicação de inseticida.
“Não era para ocorrer isso, mas a
lagarta entrou na lavoura”, diz.
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Jana Tomazelli
Qual lagarta:
laga t Falsa-medideira
Qual a principal cultura
ela ataca: Soja
Ataca cultura secundária:
Maracujá-azedo
Como combater: Inseticidas
registrados para a falsamedideira, soluções biológicas e
biotecnológicas
O monitoramento é o melhor
caminho para combater o
aumento das pragas
Lagarta da soja
Já bastante conhecida
dos produtores rurais, a
lagarta da soja, é de difícil controle e causa bastante prejuízo. A rapidez
da reprodução e o local
de instalação, no baixeiro
da planta, são os principais fatores que dificultam seu controle. Mas há
inseticidas no mercado
que atuam de forma eficaz, entretanto o produtor deve ficar atento a um
constante monitoramento da área.
Segundo o pesquisador da Embrapa, Edson
Hirose, existem vários estudos em andamento com
finalidade de propiciar
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um melhor manejo dessas
pragas. “Existem soluções
biológicas, como o uso de
vírus que pode ser utilizado para causar doença na
lagarta e reduzir a população da praga”, afirma.
Para tanto, o produtor
deve conhecer a espécie
que está infestando para
utilizá-los, já que são de
alta especificidade.
Ele conta que há também parasitóides de ovos
de lagartas. Eles colocam
seus ovos dentro dos
ovos das lagartas. “Assim
ao invés de nascer uma
lagarta, nasce uma vespinha que irá disseminar
pela lavoura, controlando
a população de lagarta”,
afirma.
O pesquisador ressalta
que o monitoramento das
pragas é imprescindível. É
necessário que sejam realizadas amostragens semanais nas lavouras para
se determinar a presença
e a população das pragas.
O monitoramento, afirma,
permite que a decisão do
controle químico possa ser
tomada de forma mais segura, reduzindo custos e
impactos ambientais desnecessários que podem
causar o surgimento de
resistência a inseticidas e
a elevação de pragas antes
consideradas secundárias.
Qual lagarta: Lagarta da soja
Qual a principal cultura
ela ataca: Soja
Ataca cultura secundária: Não
Como combater: Inseticidas
registrados para a lagarta, soluções
biológicas e biotecnológicas
Qual lagarta: Lagarta da maça
Qual a principal cultura
ela ataca: Algodão
Ataca cultura secundária: Soja
Como combater: Na soja não há
inseticida registrado para a soja.
No caso do algodão, há produtos
específicos para combater a praga
Qual lagarta: Lagarta do cartucho
Qual a principal cultura
ela ataca: Milho
Ataca cultura secundária: Não
Como combater: Inseticida no
interior do cartucho ou vespas
Qual lagarta: Lagarta elasmo
Qual principal cultura
ela ataca: Milho
Ataca cultura secundária: Soja e
algodão
Fonte: Especialistas
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Adriano
Ad
i
Maciel
M i l
DELÍCIAS DO CAMPO
Postas de peixe ao
molho de tomate com
leite de coco
INGREDIENTES
02 kg de postas de peixe de couro (pintado, surubim ou filhote)
08 tomates médios bem maduros
02 cebolas grandes
06 batatinhas médias
04 cenouras médias
02 latas de creme de leite
02 vidros (200 ml) de leite de coco
01 cálice de vinho tinto suave
Coentro, cebolinha ou alecrim picados
Tempero a gosto (sal, alho, pimenta bode socados)
Acompa
n
arroz ha
branco
Receita elaborada por Adriano
Maciel educador de cozinha rural
do Senar Goiás
MODO DE PREPARO
Coloque as batatas (descascadas) e as cenouras (raspadas), cortadas em rodelas, em uma
panela com água para dar uma pré-cozida. Pegue um escorredor, coloque o peixe, pode
ser sem o couro ou com, e jogue água fervendo para enxaguá-lo. Passe o tempero nas
postas do peixe e banhe com o cálice de vinho e reserve. Corte a cebola em rodelas ou
picadas e reserve. Bata no liquidificador os tomates sem a pele e as sementes com um
copo de água e reserve. Pegue uma panela e vá colocando camadas da batata e cenoura
pré-cozida e as postas do peixe, junto com as cebolas, os tomates batidos e o leite de
coco e deixe cozinhando até engrossar o caldo, não mexa para não desmanchar o peixe.
Coloque o creme de leite e mexa bem devagar e deixa abrir a fervura novamente e desligue o fogo, salpique a folhas verdes por cima e sirva.
Envie sua sugestão de receita para
[email protected] ou
ligue (62) 3096-2200.
28 | CAMPO
Março / 2013
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CAMPO RESPONDE
Estou com dificuldades para limpar uma espécie de samambaia que cobre a água de alguns
açudes em minha propriedade. O que pode ser feito?
Edilson Rodrigues Marques
Esse tipo de vegetação é muito trabalhosa de controlar. Isso ocorre pelo fato de os açudes serem em
área com muita matéria orgânica que serve como nutriente para estes vegetais. Carpa Capim para
reduzir um pouco da vegetação. Outra maneira é removê-la mecanicamente.
CONSULTOR: FABRÍCIO ROMÃO GALDINO, engenheiro
de aquicultura da Aquatropic.
Como controlar os besouros que estão atacando meus coqueiros?
Antônio da Costa
Envie sua pergunta para
[email protected]
ou ligue (62) 3096-2200.
ShuƩer
Trata-se da broca do Tronco (Rhinostomus barbirostris). O inseto adulto
é um besouro de cor preta e hábito
noturno, ficando durante o dia na copa
do coqueiro. Faz posturas dentro de
pequenos furos feitos no tronco, após
a eclosão do ovo a larva penetra no
interior do tronco fazendo galerias que
destróem os vasos que conduzem a
seiva até as folhas e frutos. Em casos
extremos podem derrubar a planta.
Como medida de controle recomenda-se inspeções constantes no coqueiral,
para localizar as posturas e destruí-las.
Outra medida é a derrubada e queima
dos coqueiros altamente atacados.
Caso necessite de controle químico este
pode ser feito com produtos à base de
Parathion (Folidol), com a ingestão da
solução feita diretamente dentro dos
orifícios feitos pelas larvas.
CONSULTOR: RICARDO PEREIRA, engenheiro agrônomo e
instrutor de fruticultura do Senar Goiás.
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Março / 2013 CAMPO
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Jana Tomazelli
CASO DE SUCESSO
Há três anos o produtor de
Paraúna, Carlos Roberto
participou de programa de
empreendedorismo e , hoje,
contabiliza os lucros
Empreendedorismo muda
realidade de produtor
Há três anos, Carlos Roberto produzia mil
litros de leite ao mês. Após a capacitação, esse
número saltou para 3,3 mil
Leydiane Alves | [email protected]
30 | CAMPO
Março / 2013
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te, Carlos ficou em terceiro lugar no
encontro dos melhores projetos dos
produtores rurais do PER.
Carlos defende que todos os treinamentos do Senar são altamente válidos e com qualidade, mas para ele o
PER é o que mais abre a mente para o
empreendedorismo. “É oferecido ao
produtor que participa da capacitação um leque de oportunidades que
implica na melhoria da gestão da propriedade”, diz.
E ele garante que essas conquistas estão apenas no começo. “Para
melhorar ainda mais a gestão, toda
a propriedade foi informatizada. Os
meus cinco funcionários passaram por
treinamentos do Senar para se capacitarem ainda mais. E, além disso, não
fazemos nenhuma mudança ou damos
um passo adiante sem antes estudar o
que pode ser lucrativo”, diz.
Sobre o PER
O objetivo do Programa é desenvolver e estimular a competência pessoal dos empreendedores do
agronegócio, de forma a ampliar os
conhecimentos e as práticas em relação à gestão do negócio agrícola,
dentro de uma perspectiva de visão
empresarial profissional apurada.
Além de fortalecer a capacidade de
liderança influenciadora voltada às
transformações sociais, políticas e
econômicas necessárias ao setor e à
sociedade por meio da atuação estratégica das organizações rurais.
O programa foi estruturado em
Goiás pela importância do agronegócio no estado; pela necessidade de
reconversão das propriedades rurais
em relação à rentabilidade; formação
de novas lideranças; aperfeiçoamento da visão empresarial e pela importância do aspecto motivacional onde
o nível de consciência crítica fundamentado no protagonismo, iniciativa
e autoestima contribuem para os resultados pessoais e coletivos.
O eixo de aprendizado está baseado na elaboração de “projeto de
investimento de capital” e desenvolvimento de temas importantes para
uma compreensão crítica sobre o ambiente do agronegócio.
Carlos conta que precisava
melhorar a produção de leite
na propriedade
Março / 2013 CAMPO
| 31
Jana Tomazelli
N
o ano de 2010, uma mobilização do Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural (Senar
Goiás, no município de Paraúna, mudou a realidade e deu novos rumos
aos negócios do produtor, Carlos
Roberto Dantas Ferro, de 25 anos. O
mobilizador, Antônio Ferreira Ribeiro,
apresentou aos produtores da região o
Programa Empreendedor Rural (PER),
que teve intermédio do Sindicato Rural de Paraúna, presidido por Flávio
Augusto Negrão de Moraes.
Carlos lembra que se interessou
pelo programa, mas, assume que no
início ficou com receio em relação à
abordagem do PER. “Na época, eu
não tinha muito contato com planilhas de custos e produção. Além de
não saber atuar nessa área contábil.”
Mas ele garante que após a fase de
adaptação, foi só alegria.
No Programa, ele explica que
aprendeu a administrar sua propriedade. “É uma forma de gerenciar
seu negócio, trabalhando cotações
e sabendo o valor real de custo de
produção.” Segundo Carlos, o PER é
baseado em um projeto. “O proprietário elabora um projeto da atividade exercida e a partir dali passa a ter
conhecimento do que pode ser melhorado”, conta. No caso de Carlos, a
atividade escolhida para ser trabalhada foi a bovinocultura de leite. “Nós
queríamos conhecer a fundo nosso
trabalho e aumentar o número de litros produzidos”, afirma.
Ele observa que quando deu início
ao projeto, foi observado que a atividade leiteira não estava em situação
precária, mas era necessário melhorar. “Produzíamos cerca de mil litros
ao mês, e pretendíamos chegar, no
ano de 2012, a dois mil litros.” Mas o
resultado foi melhor que o esperado.
O número saltou para 3,3 mil litros.
“Conseguimos esse feito, graças à
nova administração adquirida com
os aprendizados do PER.” Com esse
projeto, denominado Melhoramento
Econômico na Bovinocultura de Lei-
ShuƩer
CURSOS E TREINAMENTOS
Mamão papaya é o
mais cultivado
Rhudy Crysthian | [email protected]
EM JANEIRO, O SENAR PROMOVEU
274 CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL
30
108
Na área de
agricultura
Em atividade
de apoio
agrossilvipastoril
32 | CAMPO
Janeiro / 2013
7
4
Na área de
Na área de
silvicultura agroindústria
5
84
36
Na área de
aquicultura
Na área de
pecuária
Em atividades
relativas à
prestação de
serviços
www.sistemafaeg.com.br
O
Brasil é o primeiro produtor mundial de
mamão, com uma produção anual de 1,6
milãode tonelada por ano, situando-se
entre os principais países exportadores, principalmente, para o mercado europeu. A espécie Carica
papaya é o mamoeiro mais cultivado em todo mundo. O fruto pode não amadurecer normalmente se
colhido muito imaturo. A depender da cultivar, o
mamão completa a maturação na planta quatro a
seis meses após a abertura da flor. Para comercialização e consumo, deve-se colher os frutos quando
apresentarem estrias ou faixas com 50% de coloração amarela.
O mamão possui uma casca muito fina, facilmente danificável, e pequenas lesões durante o manuseio são portas de entrada para microorganismos.
Portanto, é necessário efetuar tratamento dos frutos
após a colheita. Visando melhorar a renda das famílias que vivem no campo, o Senar Goiás, oferece
o treinamento em fruticultura/mamão. Este treinamento introduz técnicas em sistema de produção,
plantio, adubação, tratos culturais, controle de pragas e doenças, desbaste, desfolha, armazenamento
até a comercialização. A carga horária é de 24 horas
com turmas de 16 pessoas por grupo.
Para mais informações sobre os treinamentos e cursos
oferecidos pelo Senar, em Goiás, o contato é pelo telefone:
(62) 3545-2600 ou pelo site: www.senargo.org.br. Procure
também o Sindicato Rural de seu município
71 CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL
32
Alimentação
e nutrição
www.senargo.org.br
5
Organização
comunitária
3
Saúde e
alimentação
6
Prevenção de
acidentes
22
Artesanato
3
Educação
para
consumo
3.685
PRODUTORES E
TRABALHADORES
RURAIS
CAPACITADOS
Janeiro / 2013 CAMPO
| 33
CAMPO ABERTO
Sucessão nas
propriedades rurais:
um caso a se pensar
Alexandro Alves dos Santos | [email protected]
Carlos Costa
U
Alexandro Alves dos
Santos é assessor
técnico da Faeg.
34 | CAMPO
ma das principais preocupações da agricultura
na atualidade é a sucessão nas propriedades rurais,
não somente aqui no Brasil, mas
como em grandes países produtores como os Estados Unidos e
partes da Europa.
Esse assunto tem sido grandemente debatido, pois um dos
motivos, para a ocorrência do
êxodo rural é justamente a falta de interesse do produtor e
su7a família na continuidade do
negócio rural, seja ele pequeno,
médio ou grande.
Para tentar compreender esta
questão é preciso levar em conta
três aspectos: a saída dos pais do
comando da atividade, a busca
por outros interesses profissionais
e a transferência do patrimônio.
Temos observado que a sucessão na propriedade rural
ocorre de forma lenta e gradual,
e o que se nota, é a interrupção
drástica desse processo motivado por algum desentendimento
entre as partes envolvidas; no
caso o sucessor e os que estão
sendo sucedidos. Partilha de
terras, inventários, desmembramentos, desinteresses de alguma parte pelo negócio rural,
comodidade, insucessos, etc. O
processo muitas vezes é realmente muito problemático, complexo e doloroso.
Nem sempre os filhos querem seguir a atividade dos pais,
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e estes, embora desejem que
algum filho ou filha continue a
tradição familiar de produzir na
terra, acabam de alguma forma,
desestimulando-os. Aqui observamos outro fator importante
nessa sucessão: o cultural.
Vivemos um momento de
grande evolução na agropecuária
brasileira com tecnologia avançada presente no campo, melhoria considerável nas produtividades das culturas, geração
de renda, exportações, melhora
no nível de ensino da população
rural, etc. Apesar dos aspectos
tão positivos nesse setor, vemos
notadamente, o êxodo rural em
todas as partes do país. Vale ressaltar que o problema da sucessão no campo ocorre em todas
as classes de produtores, dos
menores aos maiores, cada um
com suas particularidades.
Não existe uma receita pronta para o êxito no processo de
sucessão, mas alguns aspectos
são relevantes e muito necessários. O sucessor, além do gosto
pela atividade agrícola ou pecuária, precisa associar a atividade
ao aumento da renda e assim se
sentir recompensado diante de
uma atividade tida, em muitas
das vezes, como laboriosa.
É preciso informar a esse futuro sucessor que existem ferramentas disponíveis para mudar
uma realidade de um negócio
que não vai bem, em uma reali-
dade de sucesso. É preciso mostrar a ele que a atividade, apesar
de desgastante e trabalhosa, é
recompensadora.
Isso não é função apenas dos
pais, já que pode ser uma decisão optativa, mas uma função
também de todas as instituições
envolvidas com o setor, tanto privadas como públicas, sob pena de
termos problemas de ordem econômica e social. A agropecuária
goiana e brasileira precisa de jovens no campo. Precisamos atualizar a cultura de nossos jovens
ligados à agricultura, inserindo
mais empreendedorismo, mais
conhecimento, mais informações,
tudo de forma clara e objetiva.
Os futuros sucessores precisam ter a condição de tomarem suas decisões embasadas
em prós e contras da atividade
e não somente por aquilo que
culturalmente se viu ao longo
de tanto tempo. É nosso dever,
para o bem de toda sociedade,
mostrarmos a esse jovem o verdadeiro entendimento dos dois
lados da agropecuária brasileira
o lado prazeroso e recompensador da mesma, e que eles são
importantes protagonistas no
processo de mudança daquilo
que atrapalha o desenvolvimento da agricultura, bem como o
fazendo enxergar a oportunidade que tem de ser um dos grandes fomentadores do futuro do
Planeta.
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2013-03-marco