PERU Ecoturismo e Turismo Cultural RELATÓRIO DE VIAGEM TÉCNICA JUNHO 2005 1 Ministério do Turismo Walfrido dos Mares Guia, Ministro de Estado. Instituto Brasileiro de Turismo . EMBRATUR Eduardo Sanovicz, Presidente. Diretoria de Turismo de Lazer e Incentivo Airton Nogueira Pereira Jr., Diretor. Gerência de Segmentação e Produtos Vitor Iglezias Cid, Gerente. Consultora Técnica Jaqueline Gil Equipe Técnica Célia Borges Holanda Fátima de Paula Pinto Marcelo Henrique Amorim Abreu Talita Lima Pires Consultor EMBRATUR Ricardo Attuch SEBRAE NACIONAL Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Paulo Tarciso Okamotto, Presidente. Diretoria de Administração e Finanças Cezar Acosta Rech, Diretor. Diretoria Técnica Luiz Carlos Barboza, Diretor. Gerência da Unidade de Atendimento Coletivo, Comércio e Serviços Vinícius Lages, Gerente. Equipe UACCS Daniela Bitencourt, Coordenação do Projeto. Dival Schmidt Ilma Ordine Lopes Germana Barros Magalhães Valéria Barros Consultora Técnica Elisângela Barros Silva 2 BRAZTOA Associação Brasileira das Operadoras de Turismo Parceiro Executor José Zuquim, Presidente. Monica Samia, Diretora Executiva. Karem Basulto, Coordenadora Projeto Elaboração do Projeto Conceitual Instituto EcoBrasil Roberto M. F. Mourão, Consultor. Consultoria Internacional Luis Rios 3 Índice 1. Projeto.......................................................................................... 5 2. Introdução..................................................................................... 14 3. Metodologia.................................................................................... 15 4. O produto de turismo cultural peruano............................................... 18 5. Cusco e Machu Picchu...................................................................... 20 6. O produto ecoturístico peruano......................................................... 24 7. A experiência no Parque Nacional de Manu......................................... 25 8. Parque Nacional de Manu................................................................. 31 9. Resumos técnicos........................................................................... 36 10. Conclusão...................................................................................... 38 Anexo I – Participantes.................................................................... 39 Anexo II – Agenda Cumprida............................................................ 41 Anexo III – Relatórios Coletivos........................................................ 50 72 Anexo IV – Relatório do Consultor Internacional Mg. Sc. Luis A. Rios Arévalo.......................................................................................... 4 1. Projeto Histórico O projeto “Excelência em Turismo” teve sua concepção e desenvolvimento iniciado em agosto de 2004, por iniciativa do Ministério do Turismo, por meio da Embratur, em parceria com o SEBRAE Nacional. Uma vez finalizado o modelo, a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo - Braztoa passou a compor a equipe para execução do projeto, que teve seu lançamento em Março de 2005. 5 Objetivo-Geral do Projeto O projeto contempla a organização de 06 viagens técnicas para a observação das melhores práticas turísticas, reconhecidas internacionalmente, nas áreas ambientais e socioculturais, sob o ponto de vista estratégico e operacional, visando ao aprimoramento dos serviços, à qualidade e à competitividade dos produtos turísticos brasileiros, em especial nos segmentos ecoturismo, aventura, mergulho, pesca esportiva e cultura. Objetivos específicos Conhecer as experiências de 6 (seis) destinos turísticos de excelência, com reconhecimento internacional, sendo: - 2 destinos de ecoturismo - Costa Rica e Peru; - 1 destinos de turismo de aventura - Nova Zelândia; - 1 destino de turismo de pesca esportiva – Argentina; - 1 destino de turismo de mergulho – México, - 1 destino de turismo cultural – Espanha. Sistematizar as informações e aprendizado por meio da elaboração de relatórios técnicos. Multiplicar os resultados e conhecimentos adquiridos na viagem, bem como proceder à análise estratégica do aprendizado, por meio eletrônico, seminários e materiais impressos específicos. Viagens Técnicas – Operação Estabeleceu-se o critério para seleção das empresas participantes e, na seqüência, o compromisso destas, como participantes das viagens, em contribuir com os consultores, no seu retorno, na elaboração dos relatórios e na multiplicação do conhecimento adquirido por meio de material técnico produzido a partir das experiências e práticas observadas nas viagens em todas as regiões brasileiras. As seis Viagens Técnicas estão distribuídas da seguinte forma: 12 profissionais/empresários, especialistas no tema da viagem; 03 gestores públicos (Embratur / Ministério do Turismo/ SEBRAE Nacional); 01 representante da Braztoa; 6 01 consultor técnico nacional; 01 consultor internacional, especialista no país-destino; 01 cinegrafista. Viagens Técnicas – Atividades Estão previstas atividades antes, durante e após as viagens: Antes - Pesquisa de destinos-referência para a escolha das viagens técnicas, de acordo com determinação técnica da Embratur, Sebrae e Braztoa; - Pesquisa e identificação de consultores especializados brasileiros e internacionais para acompanharem e liderarem os grupos de viagem; - Definição dos produtos e destinos a serem visitados. Elaboração de logística das viagens. Durante - Visitas técnicas e atendimento à reuniões e palestras específicas; - Coleta de informações técnicas e elaboração de relatórios de campo; - Captura de imagens para registro; - Interação com governo, empresários e comunidade dos destinos visitados. Depois - Consolidação dos relatórios técnicos das visitas; - Preparação de material de divulgação (meios de comunicação diversos); - Realização de reuniões, encontros, oficinas e/ou palestras para multiplicação dos resultados; - Acompanhamento para averiguação de melhorias nos destinos turísticos brasileiros participantes das visitas. 7 “Benchmarking é o processo por meio do qual uma empresa adota e/ou aperfeiçoa os melhores desempenhos de outras empresas em determinada atividade”. Dicionário Aurélio “Benchmarking é o processo de identificar, aprendendo e adaptando práticas excelentes e processos de qualquer organização, em qualquer lugar no mundo, para ajudar uma organização ou empresa a melhorar seu desempenho”. The American Productivity & Quality Center Benchmarking na Prática Benchmarking, termo originalmente usado em cartografia, é entendido como “nível de referência” ou “referencial” (como a marca do alto nível das águas em uma represa, p.ex.). Benchmarking mede o desempenho em termos de números, velocidade, distância, etc. Trata-se de um processo dinâmico de desenvolvimento de práticas específicas com vistas ao desempenho de alta qualidade, aplicação e subseqüente avaliação. O processo de estabelecer níveis ou indicadores de excelência resume-se em medir sistematicamente o desempenho de seu empreendimento, processo industrial ou operação, tomando como referência o desempenho de outros com reconhecida eficiência e eficácia, que se traduz em experiências exitosas. A adoção de critérios de “boas ou melhores práticas” é uma forma de melhoria contínua de desempenho, modificando e aprimorando processos organizacionais usuais e motivando equipes por meio de exemplos bem-sucedidos a fim de fomentar a busca de qualidade e competitividade. Em essência, benchmarking é um processo de identificação, assimilação e adaptação de “boas ou melhores práticas” que estão sendo usadas por organizações em situações similares, e que podem vir a melhorar o desempenho de processos. 8 Implementação de projetos de Benchmarking Para se implantar um processo de benchmarking, deve-se: Identificar experiências e casos que sirvam de comparativo para determinar o referencial de nível; Determinar quais informações são necessárias e relevantes, planejando e executando inventários. Sugestões para implementação de um projeto de Benchmarking Benchmarking deve ser implementado com a certeza do apoio de gestores da organização, conscientes e comprometidos com o desafio do benchmarking. Benchmarking deve ser simultaneamente trabalhado em termos de tempo e recursos disponíveis, sejam estes ambientais, culturais, financeiros e humanos. Num processo de melhoria é importante contar com participantes que tenham experiência em benchmarking. Coordenadores e grupos de trabalho devem discutir como suas experiências prévias ou as de terceiros, as quais servirão de referência, podem ser adaptadas ao processo em implementação. Nas visitas técnicas, além do grupo de trabalho, devem ser incluídas pessoas que serão responsáveis pela implementação de mudanças. É importante detalhar o plano de ação, os métodos para identificar e contabilizar as melhorias, as avaliações, os ajustes e o monitoramento contínuo do processo. Fontes de Informações para Benchmarking Informações sobre boas ou melhores práticas, destinadas a subsidiar processos de benchmarking, podem vir de várias fontes. As mais importantes vêm de clientes, fornecedores de serviços e produtos que geralmente enxergam melhor os problemas ou oportunidades do que alguém de dentro da organização. Entrevistas e relatórios de clientes e fornecedores podem gerar idéias surpreendentes para resolver problemas específicos. 9 Uma forma de atualizar e otimizar "Melhores Práticas" consiste em visitas técnicas a empreendimentos ou projetos de outras organizações. Muito se aprende com os sucessos e, sobretudo, com os fracassos. O ponto alto dos estudos de caso são as lições aprendidas e a troca de informações - um rico manancial de aprendizado e aprimoramento. Associações profissionais e cooperativas de serviços e produção são também uma rica fonte de informações e estratégias. As relações entre empresas são excelentes formas de se manter atualizado. Boas ou Melhores Práticas Em essência, “Boas e Melhores Práticas” são formas ideais para executar um processo ou operação. São os meios pelos quais organizações e empresas líderes alcançam alto desempenho e também servem como metas para organizações que almejam atingir níveis de excelência. Não existe um único processo de “melhores práticas” e não há nenhum conjunto de "melhores práticas" que funcione para todos os lugares o tempo todo. 10 Como “Boas Práticas” entende-se os requisitos mínimos para se atingir a qualidade de desenvolvimento ou fabricação de um produto ou de um processo. Como, por exemplo, o atendimento às normas para certificação em turismo sustentável. Já “Melhores Práticas”, referência para processos de benchmarking, são práticas que levam ao alcance de patamares de excelência acima dos requisitos mínimos das “Boas Práticas”, muitas vezes justificando destaque ou prêmios para empresas ou organizações que os alcancem. No caso do Turismo, cada processo de desenvolvimento turístico é diferente de outro sob o ponto de vista: - ambiental - cultural - geográfico - legal - político - social - tecnológico Deve-se considerar que empresas ou organizações têm suas próprias metas, oportunidades e restrições. Além disso, "Melhores Práticas" dependem da fase de desenvolvimento em que cada organização se encontra e essas práticas mudam à medida que a organização avança na busca da qualidade e excelência. Critérios de Seleção dos Participantes Participantes Internacionais O projeto prevê a participação de 01 (um) consultor especializado local (tour conductor), que se responsabilizará pela coordenação das atividades e condução dos participantes no destino, além da participação, conforme a programação da visita, de empresários, operadores, prestadores de serviço e representantes de organizações governamentais e não-governamentais. 11 Processo Seletivo Serão analisadas todas as candidaturas devidamente recebidas até o prazo estipulado para cada viagem. O comitê formado para o processo seletivo será coordenado pela Braztoa. Também comporão o comitê os representantes do Sebrae, Embratur e eventuais convidados. Os candidatos selecionados serão aqueles que atenderem, em maior número e de forma satisfatória, aos critérios preestabelecidos. Pré-requisitos / Responsabilidades dos Participantes A empresa interessada em participar das visitas técnicas, por meio de seu representante, será avaliada e selecionada a partir dos seguintes pré-requisitos: Estar cadastrada no Ministério do Turismo; Ter sede e atuar nos destinos e segmentos turísticos identificados pelo projeto, de acordo com cada viagem; Será considerado critério de proporcionalidade de empresas por destino, de acordo com projetos x regiões x tipologias turísticas relacionadas a cada uma das visitas técnicas; Ter ao menos 03 anos de existência e comprovação de atuação profissional; Comprovar capacitação para recepção de turistas estrangeiros; Apresentar carta de referência e/ou comprovação de trabalhos realizados, emitidas por entidades representativas do turismo, associações de classe, Sebrae Estadual ou Governo Municipal, Estadual ou Federal; Comprovar no mínimo 50% do faturamento da empresa referente à prática de turismo receptivo, se for Operadora de Viagens e Turismo. Deve ser preferencialmente especializada no segmento ou nicho de mercado tema da visita, comprovados por no mínimo 50% de seus produtos e serviços oferecidos; Análise de portfólio e tarifário da empresa, bem como do Curriculum Vitae do seu representante; Os critérios de seleção terão pesos diferenciados. 12 Recomendações aos participantes O participante da viagem técnica deverá ter preferencialmente bons conhecimentos e fluência no idioma do país visitado; O participante deverá demonstrar grande interesse e comprometimento em multiplicar o conhecimento, quando do seu retorno ao Brasil, por meio das oficinas que serão realizadas. 13 2. Introdução O presente relatório trata da viagem técnica realizada ao Peru, no período de 10 a 19 de junho de 2005, no contexto do Projeto Excelência em Turismo: Aprendendo com as Melhores Experiências Internacionais. Este Projeto é o resultado da parceria estabelecida entre o Ministério do Turismo, por meio da EMBRATUR, o SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa e a BRAZTOA - Associação Brasileira das Operadoras de Turismo, na condição de executora. Seus objetivos maiores são o desenvolvimento do produto brasileiro, através da capacitação dos diversos atores que o realizam nos diversos rincões do país, e alcançar níveis de excelência que permitam ao Brasil a conquista do mercado externo, tão vital para a economia nacional, particularmente para a economia do turismo. O país vizinho foi escolhido por deter excelência em produtos turísticos com fortes traços de similaridade com os produtos brasileiros, em operação ou potenciais, nos segmentos do turismo cultural e do ecoturismo. O Peru vem explorando esses segmentos com considerável sucesso, freqüentemente de forma composta, ou seja, oferecendo ecoturismo e turismo cultural num mesmo pacote. O que apresentaremos a seguir é a síntese das observações feitas pelos operadores brasileiros e demais participantes da viagem técnica realizada, em dez exíguos dias, tal a densidade do universo observado. 14 3. Metodologia Para melhor compreensão do leitor, descrevemos, resumidamente, a metodologia de trabalho empregada na concepção da viagem e para a sua realização. Um consultor brasileiro em ecoturismo foi contratado com a missão de desenvolver as bases conceituais e metodológicas sobre as quais a viagem técnica seria realizada, e de fazer o seu acompanhamento na condição de tour líder. Este mesmo consultor desenvolveu um Caderno de Subsídios, contendo informações prévias acerca do país visitado - de ordem institucional, histórica, geográfica, cultural, técnica e comercial, de tal forma que os operadores selecionados realizassem a viagem com informações que lhes permitissem uma economia de esforços na compreensão do universo a ser observado. Os operadores foram selecionados segundo critérios pré-estabelecidos pelo consenso entre os parceiros. Outra diretriz fixada pelos parceiros foi aquela de contemplar, o quanto possível, as diversas regiões do Brasil, inclusive na perspectiva de atender os preceitos da Política Nacional de Turismo, particularmente no Programa Nacional de Regionalização. Paralelamente, foram contratados um consultor de turismo no Peru, com a missão de assessorar os operadores visitantes em território peruano, bem como o consultor brasileiro, o gestor público, o representante da BRAZTOA e o cinegrafista, que complementaram o grupo que realizou a viagem àquele país. Cumpridas essas etapas, a viagem propriamente dita começou com uma reunião de pactualização, ainda no Brasil, na qual foram definidas as dinâmicas a serem praticadas no curso da visita técnica. Reunião de pactualização 15 Assim, os operadores foram divididos em quatro grupos de trabalho, cada qual com a função específica de observar com maior ênfase um dos quatro itens definidos pelo consultor Brasil, quais sejam, os meios de hospedagem, alimentação, transporte e a formatação do produto turístico peruano, orientados por planilhas previamente desenvolvidas. Finalizada a viagem, os participantes entregarão relatórios coletivos e individuais com destaque na excelência observada, que posteriormente serão consolidados e servirão para subsidiar o relatório final de viagem a ser elaborado pelo consultor tour-líder. Em todos os dias em que a viagem ocorreu, reuniões de trabalho foram possibilitadas ao grupo, ora com representantes do governo peruano, ora com representantes do terceiro setor e da iniciativa privada, sucedidas por avaliações coletivas, ao final de cada dia de trabalho. Reunião Vice-Ministério-Lima. Completando os preceitos metodológicos, Reunião com empresários e autoridades locais em Cusco. aqui apenas resumidos, os operadores participantes assumiram a obrigação de multiplicar os conhecimentos obtidos junto aos demais atores envolvidos, com metodologia desenvolvida pelo corpo técnico do Projeto. 16 Paulo de Paiva, Ricardo Attuch, Carolina Moura, Ricardo Ferreira Garcia, Felipe Aragão, Lucia Pires Valente, Nobuyuki Shinozaki, Luis Rios, Pedro Caldas Roberto M.F. Mourão, Rosier Saraiva Fº, Vitória Carvalho, Karem Basulto, Daniel Rondon de Barros, Lucila Sermann, Waldinor Mota da Silva 17 4. O produto de turismo cultural peruano O Peru, comparado ao Brasil, é um país de diferenciada densidade cultural, do ponto de vista do desenvolvimento de produtos turísticos, posto que o processo de colonização espanhola encontrou ali formações culturais mais solidificadas, portadoras de organização social e política com maior capacidade de resistência, diferentemente daquelas encontradas no Brasil pela colonização portuguesa. Os quíchuas, ou quechuas, habitavam extensa região da América do Sul, abrangendo, no todo ou em parte, o que mais tarde veio a formar os territórios de países como Peru, Bolívia, Equador e Argentina. Essas etnias falavam, e ainda falam, dialetos muito próximos, que vieram a ser determinantes na consolidação das culturas hoje genericamente denominadas como incaicas. Não bastasse este fato, esses povos detinham o domínio de território tão adverso como a Cordilheira dos Andes, tendo desenvolvido tecnologias de uso do solo, de construção, de convivência com o ambiente e o espaço de considerada sofisticação, tecnologias tidas como avançadas ainda nos nossos dias. Tais fatores, se não permitiram aos povos incaicos uma capacidade de resistência militar à ocupação colonialista, permitiram uma resistência cultural que perpassou todo o período colonial, mantém-se nos dias atuais e persistirá no futuro mais longínquo. Esse mesmo caldo de cultura a que nos referimos veio, mais tarde, aguçar a pesquisa e a busca de conhecimento da cultura ocidental, em vários os campos da ciência, tais como a arqueologia e a antropologia, a arquitetura e a engenharia, a biologia e a história. E será sobre esses conhecimentos produzidos que se erigirá o que chamamos produto de turismo cultural peruano, com ênfase para as monumentais edificações pré-colombianas, as quais se agregam a presença espanhola que se erige, em alguns casos, sobre o patrimônio quechua. Catedral – Cusco Praça de Armas - 18 Tais elementos culturais despertaram a UNESCO para a importância da preservação desses patrimônios. Uma série deles foi inscrita como Patrimônio Cultural da Humanidade, agregando valor ao produto turístico do Peru, que vem sendo apropriado com sabedoria pelos dirigentes, iniciativa privada, planejadores do turismo e pelo próprio povo peruano. No Brasil, os elementos que formam o chamado produto cultural, para efeitos de exploração turística, são formações pós descobrimento, com maior freqüência do período colonial e com algumas incidências mais atuais, como o é o caso de Brasília. Em que pese uma maior atratividade intrínseca do produto cultural peruano, há algumas lições a serem aprendidas. A primeira delas é a de que o produto turístico se desenvolveu sobre uma base de conhecimento científico multidisciplinar. A segunda ratifica e demonstra que atrativo não é produto por si. Este se desenvolve a partir de ações consistentes de desenvolvimento de uma base de equipamentos, serviços e infra-estrutura compatíveis não apenas com a necessidade do visitante, mas, também, compatíveis com a realidade objeto da ação de planejamento, como nos demonstrarão as visitas realizadas a Cusco e Machu Picchu. 19 5. Cusco e Machu Picchu Essas duas localidades são destinos turísticos gravados por aquilo que, talvez, seja o mais relevante nas tendências atuais da demanda turística: são únicos, singulares, e levam o visitante à sensação de que a experiência de visitá-los não poderá se repetir em nenhuma parte do planeta. Na competente elaboração do produto, os peruanos promovem a apresentação de manifestações culturais típicas, musicais e exibição e venda de artesanato, além de oferecerem serviços convencionais de informações ao turista. Tudo isso, logo na chegada do visitante, ainda no aeroporto de Cusco. A guiagem dos visitantes é feita por guias de formação superior, detentores de um vasto conhecimento sobre a história e a formação do destino, com requintes de conhecimento da arquitetura e da engenharia das edificações incas e daquelas resultantes da ocupação espanhola, apresentadas de forma interpretativa e crítica, capazes, inclusive, de travar debates de certa profundidade e de responder às perguntas mais complexas. O Centro Histórico de Cusco é dotado dos melhores serviços de limpeza e segurança, sem esquecer que a cidade é atingida pelos mesmos problemas incidentes sobre as médias e grandes cidades da América do Sul, com processos migratórios que as inflam e causam toda uma gama de problemas sociais. As visitas turísticas são feitas com vouchers que contemplam roteiros sincronizados, sendo os atrativos dispostos numa seqüência planejada do ponto de vista da interpretação patrimonial, rigorosamente dominada pelos guias. Isso pôde ser percebido não apenas no guia do grupo que compúnhamos, mas em todos aqueles que tivemos a curiosidade de observar. O artesanato peruano não é visto apenas como um serviço ou uma oportunidade de aquisição de souvenir. É percebido e oferecido também como mais um atrativo, induzindo o comerciante a conhecer suas cadeias produtivas, matéria-prima empregada e origem cultural. Ademais, são oferecidos a bons preços, com uma cultura comercial de preços justos, raramente sendo encontradas atitudes de exploração exacerbada do turista. Embora a viagem técnica estivesse restrita a prazos exíguos e nos limites do roteiro desenvolvido para os seus fins, é marcante a diversidade de meios de hospedagem e alimentação na cidade de Cusco, com diversas ofertas, e com os mais diferentes preços, Até porque, o destino é buscado por uma variedade de clientelas, de diferentes países, faixas etárias e perfis de renda. 20 Vale ressaltar que é grande a capacidade dos peruanos de mesclar a sua gastronomia com influências de outros países, de tal forma a produzir algo que termina por, a um só tempo, atender bem o visitante e manter a identidade gastronômica do país. O mesmo vale para os meios de hospedagem de Cusco. Incorporam elementos do gosto e do conforto europeu e norte americano, mantendo, sobretudo, sua identidade estética e cultural na decoração de ambientes e nos serviços de café da manhã. A viagem a Machu Picchu, realizada em apenas um longo dia, começa com elementos dignos da mais acurada observação. Primeiro, pelo fato de ter sido realizada dentro de um roteiro contemplado num vaucher. Segundo, pelo deslocamento através de uma linha ferroviária terceirizada. Os vagões são dotados de bons serviços de atendimento e alimentação, os funcionários são todos multifuncionais, ou seja, realizam as mais diferentes tarefas no percurso. São, a um só tempo, bilheteiros, garçons, atendentes e mantenedores da qualidade e limpeza do ambiente. Mais, servem como modelos na venda de roupas no curso da viagem e animadores culturais, apresentando manifestações típicas. A beleza cênica do percurso é marcante. Cruza o Vale Sagrado dos Incas, com poucas e rápidas paradas, mas permite a observação das mais diversas antropias, ao passar lentamente por diversas comunidades de agricultores, sempre agregando valor ao produto com os elementos cênico e o humano. Machu Picchu Vale Sagrado 21 A parada de passagem para Machu Picchu é uma pequena aglomeração chamada Aguas Calientes, que se desenvolveu como um centro de exposição e venda do artesanato local, água e pequenos lanches, permitindo às comunidades tradicionais uma forma de acesso ao fluxo de renda trazido pelo turismo. O traslado de Aguas Calientes até Machu Picchu é feito em micros ônibus, numa curta e sinuosa estrada, também de beleza cênica marcante. Os equipamentos não são dotados de conforto especial, talvez em função das escalas que têm que atingir para a obtenção de rentabilidade. Entretanto, atendem satisfatoriamente, até porque a duração da viagem é pequena. O acesso à esplendorosa Machu Picchu é controlado por uma portaria, onde são conferidos e perfurados os vouchers, além de observadas as restrições, tais o porte e uso de equipamentos profissionais de filmagem e fotografia pelo visitante. Tanto no percurso como no interior do atrativo, mais uma vez cabe o registro da guiagem turística competente desenvolvida no Peru. O patrimônio é interpretado dinamicamente, de forma interativa com o visitante. Não sobram perguntas, indagações e curiosidades sem a pronta resposta dos guias, o que denota uma capacitação dos mesmos em bases densas e sólidas, algo a ser apropriado definitivamente na operação turística no Brasil. Encerra-se a visita a Machu Picchu com um almoço no restaurante Machu Picchu Lodge, também terceirizado, e com uma apresentação dos alimentos na mesma linha já aludida, ou seja, contemplando mesclas gastronômicas e, ao mesmo tempo, preservando minimamente a identidade da cultura e hábitos alimentares locais. Foi unânime a observação do grupo para o fato de que Machu Picchu operava, naquele momento, acima do que se pode presumir como sua capacidade de suporte. Contudo, foi criada atualmente uma comissão multisetorial que está encarregada de propor um novo modelo de gestão para o Santuário, em cumprimento aos acordos adotados pelo Governo peruano e UNESCO. Cabe aqui, então, uma reflexão sobre a importância de que patrimônios naturais e culturais, como é o caso, sejam operados dentro de limites técnicos bem assentados, sob pena do seu comprometimento, ou mesmo do perecimento como patrimônio turístico. Outra lição que devemos aprender é aquela que envolve os processos de terceirização. Não sobram dúvidas da importância da iniciativa privada no desenvolvimento dos destinos e produtos turísticos. Entretanto, o que parece ocorrer em Machu Picchu é que as empresas que exploram os serviços de transporte, particularmente, necessitam, na sua lógica do lucro, operar em escalas e fluxos que os patrimônios natural e cultural não comportam. 22 Assim, como a terceirização é ainda incipiente entre nós brasileiros, cabe a mais profunda reflexão, que permita que os nossos processos de terceirização sejam gravados pelos cuidados de compatibilização da exploração dos nossos patrimônios com a sua capacidade de se sustentar e se reproduzir, ainda que sejam necessárias políticas de incentivos e subsídios. 23 6. O produto ecoturístico peruano O produto ecoturístico peruano é diversificado, inclusive pelo fato do Peru condensar em seu território três macros ecossistemas: a costa no Oceano Pacífico, a Cordilheira Andina e a Floresta Amazônica. Luis Ríos, o consultor peruano contratado pelo Projeto, detalha, em seu relatório técnico, que o Peru, com apenas 0,25% do território mundial, abriga 84 das 117 zonas de vida do planeta. Vide anexo. Cita, com propriedade, David Bellamy, resumindo a importância ambiental daquele país: “O Peru é um país com uma diversidade surpreendente, em termos humanos e biológicos. Possui entre 82% e 84% do mundo biológico. Preservado o Peru, o resto do mundo poderá ser reabilitado a partir desse país.” Vide anexo. So Projeto Excelência em Turismo e ao grupo de operadores foi possível conhecer a experiência do ecoturismo praticado na Amazônia Peruana, no Parque Nacional de Manu, priorizada pelas similaridades com incidências em território brasileiro. Podemos inferir, inicialmente, que o planejamento e a iniciativa privada atuantes no universo turístico peruano têm semelhanças com o Brasil, ao estabelecer como diretriz a diversificação da sua oferta turística, promovendo uma maior exploração do patrimônio natural enquanto patrimônio turístico. Tal fato já ficara evidente no momento em que fomos recebidos, em Lima, por autoridades do MINCETUR – Ministério de Comércio Exterior e Turismo. Na ocasião, tomamos conhecimento, através de breves palestras, de que aquela diretriz, embora seja recente, tende a se consolidar, da mesma forma que ocorre no Brasil. O fato é que o ecoturismo, se não é uma panacéia que resolverá todos os problemas dos países que detêm patrimônios naturais passíveis de exploração turística, vem sendo compreendido como fator de diversificação da oferta turística, de preservação do patrimônio natural, de geração de postos de trabalho e renda, de inclusão social de comunidades tradicionais e fator de garantia da sustentabilidade de Unidades de Conservação, sobretudo aquelas denominadas Parque Nacional, um ícone no mercado internacional. 24 7. A experiência no Parque Nacional de Manu Esta parte da viagem técnica teve início em Cusco, sempre com a operação da empresa privada - a Manu Nature Tours, contratada pelo projeto para o desenvolvimento do roteiro que faríamos em direção ao Parque Nacional de Manu. O deslocamento foi feito em veículo adaptado, um caminhão-ônibus. Sobre o chassis de um caminhão foi assentada uma unidade separada da cabina, que servia para o transporte de passageiros e bagagens, com relativo conforto. Grupo em frente ao caminhão-ônibus Cabe, desde já, uma nota técnica dessa parte da viagem. O referido caminhão-ônibus é uma tecnologia adaptada, feita com criatividade e custo aparentemente baixo, compatível com a realidade da sempre difícil operação em todos os destinos ecoturísticos. Merece reparo, apena,s à falta de sanitários dentro do veículo, algo irrelevante para o ecoturista. O grupo foi conduzido por três guias profissionais, um motorista e um auxiliar. O percurso deu-se em estrada sinuosa, estreita e íngreme, com a maior parte do trecho sem revestimento, mas de rara beleza cênica. Foram feitas pequenas paradas para a contemplação de espetaculares paisagens, moldando a beleza da Cordilheira dos Andes, a intervenção das culturas incaicas na produção agrícola e pecuária e a formação de pequenos vilarejos. 25 Nessas paradas ficou marcante, mais uma vez, a qualidade dos guias peruanos contratados pela operadora, que nos impressionaram durante toda a viagem com a elevada capacitação e competência que detêm. Conheciam todos os vilarejos, a cultura agrícola e pecuária das comunidades, seu histórico e cultura geral, de forma contextualizada dentro da realidade do país. Guia Biólogo – Wilfredo Depois de aproximadamente quatro horas de viagem foi feita uma parada para o almoço, justamente no marco onde se inicia a área do Parque Nacional de Manu. O almoço, da mesma forma que os lanches servidos no percurso, caracterizava-se por uma certa frugalidade,vinha acondicionado em pequenas embalagens, e acompanhado de fruta, biscoito e barra de cereais. Nesse marco, encontramos a presença de indivíduos da cultura quechua, propositadamente ali instalados, praticando a tecelagem e oferecendo um serviço que lá chamam de Llama Taxi. São pequenas carroças puxadas por llamas, com bancos para o transporte de dois a três visitantes de cada vez. Os nativos eram remunerados pela própria operadora e, ao mesmo tempo, aceitavam gorjetas oferecidas pelos visitantes. 26 Llama - Táxi Llama Taxi Segundo os profissionais que nos guiavam, aquele era um esforço de inclusão de populações que habitam as proximidades do Parque. Apesar da boa intenção, o processo não deixa uma boa impressão. Primeiro, porque deu idéia de artificialismo; segundo, porque os equipamentos foram mal concebidos e desenvolvidos, e usam um animal - a llama, que pelo desempenho a que assistimos, não tem vocação para aquele trabalho de tração. A viagem prosseguiu até chegarmos ao primeiro dos Lodges que nos hospedaria, o Manu Cloud Forest Lodge, localizado em área particular, limítrofe ao Parque. Já havíamos adentrado, então, o que lá chamam de bosque nublado, parte mais acidentada e de maior altitude da Amazônia Peruana. Sem ostentação ou luxo, é um conceito de hospedagem com certa sofisticação. É diferente das habitações locais, mas está bem integrado ao ambiente, com sua estrutura de madeira, unidades confortáveis para dois visitantes, água quente e bons serviços de alimentação. Manu Cloud Forest Lodge 27 Outros lodges, também construídos em áreas privadas limítrofes ao Parque, foram visitados para observação do grupo. Em geral, o padrão de atendimento e a clientela são os mesmos, mas foram observadas construções de alvenaria mescladas com madeira, impactando a paisagem negativamente. A exemplo do que observamos no trem que nos conduziu de Cusco a Machu Picchu, os funcionários da operadora eram todos multifuncionais. O cozinheiro servia como carregador de bagagens, o motorista auxiliava o cozinheiro, o auxiliar atendia às mais diversas demandas, e assim sucessivamente. O mesmo se pode ver no outro lodge que nos hospedou, onde o cozinheiro deixava momentaneamente suas funções para auxiliar na operação de equipamentos turísticos. Ao entrevistar esses funcionários, constatamos que, ao contrário do Brasil, não existe no Peru a cultura da carteira assinada. As relações de trabalho se dão em termos de contratos não formais por operação realizada, nos parecendo que a proteção ao trabalhador peruano é muito incipiente. Mesmo os guias, ainda que muito qualificados e com curso superior, trabalham nesse regime de quase informalidade. A alimentação servida era da melhor qualidade, com o mérito de se produzir uma mescla gastronômica que preserva a cultura peruana, através do uso da variedade de cereais e batatas produzidos e consumidos pela população do Peru. A estrela do produto ecoturístico que viríamos a conhecer nos foi mostrada, tecnicamente falando, ao amanhecer: a observação de aves. Depois de uma pequena caminhada de aproximadamente vinte minutos, chegamos a uma plataforma construída numa encosta, bem à beira da estrada, com acesso de incrível conforto. Algo que merece a melhor atenção do operador brasileiro, não apenas pela eficácia, mas, também, pela simplicidade e baixo custo de desenvolvimento do equipamento. Essa plataforma é o que, mais uma vez, chamamos de tecnologia adaptada. Construída em madeira extraída do local, amarrada com cordas comuns e coberta, fica incrustada na encosta do terreno, de tal forma que o visitante, ou o observador de pássaros, fica com a visão das copas de imensas árvores. Passados poucos minutos, começa a dança dos “Gallitos de la Roca”, ave símbolo do Peru, vistas a olho nu, melhor ainda com binóculos apropriados. Perpassa por todo o grupo a sensação de deleite, de prazer e deslumbramento. Magias do ecoturismo, que descansa e relaxa o ser humano com o inusitado e a vivência nunca tida, contidos na natureza que tanto buscamos preservar com essa atividade. 28 Como consumidores, abstraindo da nossa condição de técnicos, ficou a sensação de que recebemos o produto que compramos, algo fundamental no turismo, cujos produtos são invariavelmente intangíveis. A observação de aves merece dos operadores brasileiros uma atenção mais técnica e científica. É um nicho de mercado de significativa importância, com clientela que não mede esforços para a sua realização. Mas é exigente, tendo em vista a particularidade de que exige condições ótimas no ambiente, na operação e na logística do produto. Em última análise, a observação de aves não é um produto que atende exclusivamente ao observador versado em ornitologia, mas a qualquer ecoturista, pois é, antes, a natureza viva mexendo com a alma e a consciência crítica daqueles que o praticam. Após a experiência acima relatada, fomos conduzidos numa trilha sobeja e dinamicamente interpretada pelos guias que nos conduziam, seja nos aspectos da fauna, da flora ou históricos e culturais. Íngreme, de certo grau de dificuldade, mas conduzida com segurança. É importante registrar, que o nosso grupo estava composto de pessoas entre 20 e 60 anos de idade e a qualidade da guiagem não oscilou em nenhum momento. Boas técnicas de desenvolvimento do produto ecoturístico, no qual o detalhe, às vezes, é tão importante quanto o principal: uma parada às margens do Rio União e o desafio de um banho naquelas águas gélidas, escorridas da Cordilheira dos Andes. Trilha Novo deslocamento foi feito para Atalaya, pequeno porto às margens do Rio Madre de Dios. Tivemos, então, o primeiro contato com outro meio de transporte empregado na operação do produto que observávamos: pequenas canoas movidas a motor, com capacidade para dez passageiros, de propriedade da Manu Nature Tours e operada por nativos, um piloteiro e um 29 auxiliar, nas quais nos deslocaríamos até o Parque Nacional de Manu. Essas embarcações são equipadas com bancos e coletes salva-vidas, e atendem apenas satisfatoriamente as expectativas: nem os bancos eram confortáveis, considerando a extensão da viagem, nem os coletes eram bem cuidados e o seu uso inspecionado. Entretanto, eram operadas com maestria pelos nativos contratados - num rio com muitos bancos de areia - e permitiam uma prazerosa contemplação de flora, fauna e populações ribeirinhas. Barco – Manu Nature Tours Pequenas paradas foram feitas para observação de pequenos lodges às margens do Madre de Dios, com a ocorrência de um fenômeno que chamou a atenção dos operadores brasileiros. Na esteira dos investimentos feitos pelas grandes operadoras, nascem pequenos meios de hospedagem, freqüentemente voltados para o atendimento de clientelas menos exigentes e de propriedade de novos e pequenos empresários. Como a operação e a logística do produto ecoturístico naquelas condições exigem investimentos elevados, somente após o produto ganhar escalas de consumo é que as oportunidades vão surgindo para aqueles dotados de menos recursos, o que é salutar nos processos de inclusão tão vitais para o ecoturismo. Da mesma forma, surgem oportunidades de trabalho para os ribeirinhos, além daquelas voltadas para o extrativismo, às vezes predatório. 30 8. Parque Nacional de Manu Chegamos, finalmente, ao Parque Nacional de Manu. Com 1. 692.137,26 ha, foi criado em maio de 1973 e, em 1977, foi reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Natural da Humanidade. O modelo de criação e gestão de Unidades de Conservação do Peru guarda algumas similaridades com o Brasil. Se aqui temos o SNUC – Sistemas Nacional de Unidades de Conservação, lá encontramos o SINANPE – Sistema Nacional de Áreas Naturais Protegidas. Mas há diferenças. O Peru não tem um Ministério do Meio Ambiente, como no Brasil, sendo o SINANPE, subordinado ao Ministério da Agricultura, por meio do INRENA (Instituto Nacional de Recursos Naturais). O instituto tem como missão realizar e promover as ações necessárias para o aproveitamento sustentável dos recursos naturais, a conservação da diversidade biológica e a proteção do meio ambiente, mediante um enfoque de ordenamento territorial pelas bacias e gestão integrada. Também estabelece alianças estratégicas com o conjunto de atores sociais e econômicos envolvidos. De qualquer forma, há que se ressaltar o fato de que o Estado peruano parece mais aberto a uma exploração sustentável do Parque mais compartilhada com a iniciativa privada do que o Estado brasileiro. Muito embora também tenhamos experiências de terceirização, como é o caso do Parque Nacional Foz do Iguaçu. Nesta última etapa da nossa incursão técnica no ecoturismo da Amazônia Peruana, ficamos hospedados no Manu Lodge, pertencente e explorado pela Manu Nature Tour. O produto turístico é todo desenvolvido no interior do Parque, com as naturais restrições no que se refere às áreas mais sensíveis ou intangíveis. Manu Lodge 31 Além do Manu Lodge, encontramos outros pequenos meios de hospedagem no interior do Parque, com diferentes conceitos estéticos e arquitetônicos e com diferentes propostas de captação de clientelas. Observamos, ainda, meios de hospedagem dirigidos para clientela jovem, os “mochileiros”, como a eles se referem os nativos. Neste caso, pequenas cabanas erigidas sobre pequenos pilares, feitas com material local e revestidas com telas protetoras contra a entrada de insetos, servem para a montagem de barracas. Uma bateria de sanitários rústicos e comuns é montada nas proximidades desse pequeno complexo de cabanas. São pequenos empreendimentos montados no interior do parque e geridos por pequenos empresários. Acampamento Uma experiência em particular chamou a atenção. O albergue turístico Casa Matsiguenka é uma hospedagem construída e gerida por membros dessa etnia, que oferecem produtos artesanais, como tecelagem feita com fibra da umbaúba e pequenos instrumentos musicais. Habitantes de extensas áreas do parque, os Matsiguenkas foram atraídos para essa experiência com o fito de torná-los partícipes do processo de desenvolvimento do ecoturismo. Casa Matsiguenka Casa Matsiguenka 32 Representante Comunidade Matsiguenka Essa relação com povos indígenas, da mesma forma que no Brasil, é difícil e carece de monitoramentos técnicos, científicos e profissionais de elevado nível. O que assistimos foi apenas um experimento, que nos deu a idéia de que vinha se dando com uma certa espontaneidade. Entretanto, são apenas impressões, posto que não tínhamos quem pudesse oferecer elementos mais fidedignos de avaliação técnica dos fatos. O Manu Lodge é um equipamento de hospedagem muito parecido com o Manu Cloud Forest Lodge, no qual nos hospedamos anteriormente. Há dois diferenciais marcantes, do ponto de vista arquitetônico: os sanitários são externos e um pequeno hall, onde os calçados são deixados, dá acesso ao interior da edificação. Os atrativos existentes dentro do parque são deslumbrantes, a começar pela bela Lagoa Juárez, às margens da qual foi construído o Manu Lodge. É um paraíso que permite avistamento contínuo de animais, sem nenhum esforço. “ La quietud del lugar y los servicios que ahi se ofertan la senãlam como un punto importante de la visita”, descreve Luis Ríos. A Lagoa Orotango tem em suas margens uma torre de 15 metros de altura, armada convencionalmente com ferros tubulares, que permite uma apreciação panorâmica, além do avistamento de fauna e flora exuberantes. 33 Na Lagoa Salvador é praticado o avistamento de ariranhas. A partir de um pequeno píer, embarcamos em catamarãs e navegamos suavemente em direção a essa espécie animal, muito ameaçada em diversas partes, mas bem protegidas em Manu. Essas embarcações são construídas com duas canoas dispostas lado a lado, sobre as quais é montada uma plataforma que comporta aproximadamente oito pessoas. São movidas a remo e deslizam suave e silenciosamente nas lagoas de Manu, possibilitando considerável aproximação da fauna que se pretende avistar, com mínimos impactos. São de manejo fácil e não há visitante que não se sinta tentado a remar, muitas vezes tomando o lugar dos guias e dos piloteiros. É mais um caso de tecnologia adaptada, passível de apropriação pelo operador brasileiro, em condições similares. Catamarã Nas proximidades do Manu Lodge, pequenas, planas e agradáveis trilhas foram abertas, nas quais é freqüente o avistamento de macacos, aves e anfíbios. Através delas é que fomos conduzidos novamente a uma plataforma para observação de aves, construída, desta feita, na copa de uma árvore com aproximadamente trinta e cinco metros de altura, posto que o terreno é plano. Para o acesso a essa plataforma o visitante é içado pelos guias e auxiliares com equipamentos de corda e carretilhas, simples e seguros. Comporta em torno de oito a dez visitantes de uma só vez. 34 Assim, Manu possui uma cesta de atrativos muito bem desenvolvidos, que terminam por compor - junto com a hospedagem, a alimentação, os meios de transporte no seu interior, os equipamentos adequados, os serviços e uma guiagem de elevada qualidade, um produto turístico de alto valor agregado. A visita técnica ao produto ecoturístico da Amazônia Peruana termina com o deslocamento de Manu para Laberinto, de onde seguimos para Puerto Maldonado - onde ainda visitamos o borboletário Japipi. 35 9. Resumos técnicos Tecnologias Adaptadas: 1- Catamarã: embarcação composta por duas canoas dispostas lado a lado, sobre as quais é construída uma plataforma com capacidade para oito a dez pessoas, movidas a remo e própria para o avistamento de fauna e flora. 2- Caminhão-ônibus: veículo adaptado para o transporte de grupos de dezoito visitantes, com uma unidade tipo baú assentada sobre o chassis de um caminhão. 3- Plataforma de Encosta: equipamento para avistamento de aves, construído na encosta de terreno acidentado, usando madeiramento amarrado com cordas, coberto, de acesso fácil, com capacidade para dez pessoas, de tal forma que o visitante pratica o avistamento no nível das copas das árvores. 4- Plataforma para Terreno Plano: equipamento para avistamento de aves, construído na copa de uma árvore, em madeira e amarração feito com cordas, não coberto, de acesso com certo grau de dificuldade e com capacidade para oito pessoas, içadas por cordas e carretilhas. Formatação do Produto: freqüentemente desenvolvido a partir do conhecimento e da pesquisa científica, a partir do agrupamento do produto do turismo cultural e do produto ecoturístico, com o suporte de uma rede de serviços, equipamentos e infra-estrutura bem desenvolvidos. Meios de Transporte: diversos equipamentos são empregados na operação turística, particularmente ecoturística. Ferroviário, rodoviário e fluvial, com destaque para a terceirização da linha férrea Cusco – Macchu Pichu, para as tecnologias adaptadas e para o fato de a operadora ser proprietária de um grande volume de equipamentos. Meios de Hospedagem: hotéis convencionais, com arquitetura convencional do Peru, serviços e decoração personalizados. Lodges e diversos meios de hospedagem na floresta, com diferentes conceitos e apelo comercial. Alimentação: uso de matérias-primas locais, com destaque para as variedades de batatas e cereais tradicionalmente consumidos no Peru e para a capacidade de mesclar a culinária 36 peruana com outras influências, de tal forma a atender bem a clientela e manter identidade cultural. Guiagem: de elevado nível, tanto no produto do turismo cultural como no ecoturístico. Formação superior, bilíngue, nativos que tiveram acesso à capacitação. Artesanato: padrão elevado, com identidade própria, preços justos e honestos, compõem a atratividade do produto peruano, que serve à demanda de souvenirs do visitante. Contatos Institucionais: mediante recepção e breves palestras de autoridades do turismo peruano, dando noções da formatação dos produtos turísticos do Peru e estratégias de captação e comercialização no mercado externo. Contatos Empresariais: promovidos pela operadora receptiva, a Manu Nature Tour, com diversos empresários de Cusco, denotando organização e articulação entre os empresários e entre estes e o poder público. Gestão dos Patrimônios Naturais e Culturais: compartilhada com a iniciativa privada, muito mais do que no Brasil. Diversos serviços terceirizados. Concessão de exploração dos atrativos do Parque Nacional Manu, inclusive com permissão para a construção de meios de hospedagem, infra-estrutura, e instalação de equipamentos no seu interior. 37 10. Conclusão Importante etapa do Projeto Excelência em Turismo: Aprendendo com as Melhores Experiências Internacionais foi cumprida. Realizamos a viagem ao Peru e foram feitas as observações possíveis do que aquele país tem de excelência em determinados produtos turísticos, depois de um conjunto de ações preparatórias, que envolveram cada um dos parceiros e significativo número de operadores brasileiros. Entretanto, o porvir é ainda mais importante, pois trata de provar a capacidade dos nossos operadores de se apropriar do conhecimento obtido e de repassá-lo aos demais, bem como aos diversos atores que fazem um destino acontecer. Não se trata, obviamente, de copiar mecanicamente ou de pretender aplicar um pacote à realidade dos produtos brasileiros. Trata-se de, a partir do conhecimento obtido, adaptar, desenvolver e adequar as melhores práticas à operação dos nossos atrativos e destinos, de tal forma que ganhemos qualidade e competitividade no mercado internacional. A condição para que isso aconteça é termos, todos, a capacidade de pensar grande. Entender que o turismo é uma economia solidária, no sentido de que o sucesso de um depende do sucesso do outro, do vizinho mais próximo e de todos quanto trabalham para que um destino se consubstancie e caia no gosto do visitante, do turista. Assim, a multiplicação do aprendizado, ao lado da capacidade de cada operador de gravar o seu empreendimento com excelência, passa a ser a fase mais vital e estratégica do Projeto, de tal sorte que essa socialização do conhecimento nos permita o crescimento individual e coletivo a um só tempo. É assim que construiremos uma economia do turismo capaz de prover o Brasil do desenvolvimento sustentável que tanto almejamos. 38 PERU Ecoturismo e Turismo Cultural ANEXO I - Participantes JUNHO 2005 39 Relação de Contatos dos Participantes Nº 1 DESTINO DE OPERAÇÃO AM / Manaus EMPRESA CONTATO Amazon RiverSide Nobuyuki Shinozaki 2 3 AM / Manaus AM / Reserva Mamiraua Hotel Juma Pousada Uacari Carolina Moura Paulo Marcelo de Paiva 4 BA/Itacaré Ricardo Ferreira Garcia 5 CE / Fortaleza 6 CE / Fortaleza Pousada Sitio Paraíso Dunnas Expedições Trilhas do Brasil 7 MS / Pantanal 8 MT/ Alta Floresta 9 TELEFONE E-MAIL (92) 622-2788 / 2789 (92) 232-2707 (97) 343-4160 [email protected] [email protected] [email protected]; [email protected] Felipe Aragão Evangelista (73) 3251-2113 / 9975-1327 (85) 3264-2514 [email protected] [email protected] Rosier Alexandre Saraiva Filho Daniel de Barros (85) 3268-3300 / 9985-4654 (67) 325-6807 [email protected]; [email protected] [email protected] [email protected] Vitória Carvalho (66) 521-3601 PA / Santarém Recanto Barra Mansa Cristalino Jungle Lodge Santarém Tur Waldinor Mota da Silva (93) 3522-4847 [email protected] 10 PR / Curitiba Gondwana Brasil Lucila Sermann 11 SP/Santos Harpyia Lúcia Pires Castanho Valente (41) 3566-6339 / 9995-3470 (13) 3227-2000 [email protected]; [email protected] [email protected] INSTITUCIONAIS 12 DF / Brasilia Embratur Ricardo Attuch (61) 3429-7906 [email protected] 13 SP / São Paulo Braztoa Karem Basulto (11) 3259-9500 [email protected] 14 [email protected] Luis Rios Arévalo (21) 2512-8882 / 4187 (511) 348-4197 16 SP / São Paulo Consultor Brasileiro Consultor Internacional Cinegrafista Roberto Mourão 15 RJ / Rio de Janeiro PERU / Lima Pedro Caldas (11) 9301-6432 [email protected] 40 [email protected] PERU Ecoturismo e Turismo Cultural ANEXO II – Agenda cumprida JUNHO 2005 41 10 junho 2005, sexta-feira – São Paulo – Lima 03:30 Saída do Hotel Braston- S. Paulo. 08:45 Vôo SP-Lima. 11:45 Chegada em Lima (-3hs). 12:15 Transfer para hotel. 12:45 Hotel Casa Andina-Lima. 13:30 Almoço no Hotel. 13:45 Apresentação do Consultor Internacional. 15:15 Reunião no Vice - Ministério do Turismo, com o Diretor nacional de Turismo. 20:00 Jantar no hotel. 11 junho 2005, sábado – Lima – Cusco 02:30 Acordar. 03:00 Café. 03:20 Transfer para o Aeroporto. 04:20 Aeroporto. 06:20 Vôo Lima-Cusco. 07:35 Aeroporto de Cusco. 08:00 Transfer com guia para o hotel. 08:30 Hotel Casa Andina-Cusco. 10:00 City tour. 10:30 Qorikancha. 11:30 Catedral. 12:30 Tambomachay. 13:00 Fábrica de tecidos. 13:30 Saqsasywayman. 14:00 Hotel. 42 14:30 Almoço restaurante Inka Grill. 16:30 Hotel. 17:00 Manu Café - Reunião com empresários e autoridades locais. 21:00 Jantar de confraternização com empresários e autoridades locais. 12 junho 2005, domingo – Cusco – Machu Picchu Saída em micro-ônibus do Hotel Casa Andina às 05:25hs, com destino à Estação San Pedro. 1. Partimos no trem da Cia PeruRail às 06:00hs, com destino ao povoado de Águas Calientes. Passamos pelas comunidades de Poroy e Ollantaytambo, atravessando as montanhas andinas e o Vale Sagrado dos Incas – Rio Urubamba. Chegada a Águas Calientes às 09:30hs. 2. Ônibus para o Santuário Histórico de Machu Picchu às 09:55 hs, com chegada às 10:20hs. 3. Início da visitação do atrativo às 10:30 hs: Apresentação da história das construções e da antiga civilização Inca pela guia Maria Magdalena. Visita teve 03 horas de duração. 4. Almoço tipo buffet no restaurante do Machu Picchu Lodge às 13:30hs. 5. Retorno de ônibus a Águas Calientes às 14:45hs. Breve visita à feira de artesanato local. Retorno de trem às 15:30hs, que contou com apresentação de dança típica e desfile de roupas/malhas finas regionais, produtos tecidos com lã de alpaca. Obs: Durante o retorno no trem foi também realizada uma breve reunião técnica, com todos os participantes do projeto. 6. Chegada às 18:30hs no povoado de Poroy, onde pegamos ônibus em direção à cidade de Cusco, com chegada às 19:10hs. 7. Jantar no restaurante Tunupa às 20:30hs, com apresentação de música e danças típicas peruanas. Pernoite Hotel Casa Andina. 43 13 junho 2005, segunda-feira – Cusco – Florestas Nubladas de Manu 1. Saída do hotel às 07:30hs em direção a operadora Manu Nature Tours. 2. Transporte com destino ao Manu Cloud Forest Lodge às 08:00hs. O empreendimento está localizado na região conhecida como Florestas Nubladas de Manu, nos arredores do Parque Nacional de Manu. A operadora de receptivo local Manu Nature Tours – é responsável por toda a operação e logística da viagem a partir deste ponto. 3. Primeira parada aproximadamente às 10:30hs. Mirante. Paisagem de montanhas e picos nevados. 4. Segunda parada aproximadamente às 12:00hs. “Chulpas de Minamarka”, ruínas e construções pré-incas. 5. Passamos pelo povoado de Paucartambo, por onde corre o Rio Mapacho. Chegada ao Posto de Vigilância Acjanaco às 13:30hs, uma das portas de entrada do Parque Nacional de Manu. Almoço/lanche no local. 6. Passeio de llama-táxi, organizado por uma comunidade tradicional quechua – povo andino. Duração aproximada de 30 min. 7. Continuação da viagem. Descida pela estrada nos limites do Parque Nacional de Manu. Alterações de vegetação, influência das mudanças de relevo e altitude. 8. Parada para caminhada e observação de flora e fauna às 16:00hs. 9. Chegada Manu Cloud Forest Lodge às 18:30hs. Jantar às 19:30hs. 10. Reunião técnica geral do projeto, com todos os participantes. Participação dos guias de turismo que nos acompanham. 11. Encerramento 22:00hs. Pernoite. Obs: Em todo o trajeto fomos acompanhados por 03 guias de turismo bastante capacitados: Wilfredo, Juan Carlos e Susana. 14 junho 2005, terça-feira – Florestas Nubladas de Manu 1. 05:30hs Partida para caminhada em direção ao *Lek, plataforma para observação das aves conhecidas como Gallitos de Las Rocas, ave-símbolo do Peru. 44 2. Retorno para café da manhã às 07:00hs. 3. Saída para caminhada em trilha às 09:00hs. Divisão em três grupos para otimizar a experiência de visitação. Descida por trilha na mata até o Rio Unión. Trajeto de aproximadamente 4 km de distância. 4. Retorno ao lodge às 13:30hs, para almoço. 5. Saída às 15:30hs, em ônibus, para visita técnica ao Manu Paradise Cloud Forest Lodge. Apresentação das instalações e forma de operação. 6. Retorno ao lodge às 18:30hs. Jantar às 19:30hs. 7. Reunião com os grupos de trabalho às 20:30hs. 8. Encerramento às 21:45hs. Pernoite. Lek: local para dançar. Onde se reúnem diariamente os machos desta espécie para cantar e “dançar”, no intuito de atrair a atenção das fêmeas. 15 junho 2005, quarta-feira – Floresta Nublada de Manu – Parque Nacional de Manu 04h00 Despertar. 04h30 Partida do Manu Cloud Forest Lodge (transporte terrestre - ônibus) 07h30 Chegada a Vila de Atalaya – Povoado de Pilcopata. Café da Manhã no Porto 08h00 Partida do Porto de Atalaya pelo Rio Madre de Dios (transporte fluvial - barco). 08h30 às 09h10 Parada para Visita Técnica ao Erika Lodge, na margem esquerda do rio. 12h30 Almoço no Barco (Lunch Box). 14h00 às 14h30 Parada para visita à comunidade de Boca Manu – Municipalidade de Fitzcarald – Local onde são feitos á maioria dos barcos utilizados na região. 15h00 às 15h30 Parada no Posto de Controle e Vigilância do Parque Nacional de Manu 18h30 Chegada à entrada do Manu Lodge – 1000m de caminhada na floresta até o Lago Juarez, onde se localiza Manu Lodge. 21h00 Palestra do consultor técnico Roberto Mourão, do Instituto EcoBrasil. 45 22h00 Jantar. 23h00 Final das atividades do dia. 16 junho 2005, quinta-feira – Parque Nacional de Manu 06h30 Despertar. 07h00 Café da manhã. 08h00 Divisão do grupo para os 3 tipos de atividades do dia, à saber: Grupo 1A) 08h30 Passeio de catamarã pelo Lago (Cocha) Juarez e depois caminhada pela Trilha do Lago até o Lodge. 12h00 Chegada no Lodge. Grupo 1B) 08h30 Caminhada pela Trilha do Lago até o porto, na parte Norte do Lago (Cocha) Juarez, e depois passeio de catamarã pelo lago até o Lodge. 12h00 Chegada no Lodge. Grupo 2) 08h00 Caminhada pela Trilha Trompetero até a Sumaúma para fazer o Canopy (ascensão) 08h30 Colocação das cadeirinhas, e preparação para a subida, um de cada vez, até o alto da plataforma na árvore, para observação de aves, insetos e conformações da mata. 11h00 Começo das descidas da plataforma e caminhada de volta ao Lodge. 12h00 Chegada ao Lodge. 12h00 às 13h00 Período livre. 13h00 Almoço. 14h00 às 15h00 Período livre. 15h00 Saída dos Grupos 1A e 1B para fazerem a Trilha Trompetero até a Sumaúma para fazer o Canopy (ascensão) e voltar ao Lodge às 18h00. 15h30 Saída do Grupo 2 de catamarã pelo Lago (Cocha) Juarez até o portinho ao Norte e caminhada pela Trilha dos Mirantes 1 e 2, ver o pôr do sol e voltar ao catamarã para remar de volta ao Lodge. No Lodge às 18h00. 18h00 às 20h00 Banho e período livre. 46 20h00 Jantar. 21h00 Palestra do guia Juan Carlos sobre Insetos. 22h00 Final das atividades do dia. 17 junho 2005, sexta-feira – Parque Nacional de Manu 5:30 Despertar. 6:00 Saída do albergue. 6:40 Saída do porto. Visita à Vila Matsiguenka: visita técnica às instalações e à oficina de artesanato (atividade que não está incluída nos principais roteiros comercializados) O Albergue que é gerenciado pela comunidade custa US$35,00 por pax por noite. A preparação da comida e da bebida fica sob responsabilidade do turista. O albergue se limita a disponibilizar uma cozinha comunitária. O sistema de gestão comunitária funciona com um representante no cargo de gerente permanecendo por dois anos, em períodos de seis em seis meses; os demais funcionários somente um período de seis meses. O dialeto local é o nome do povo, Matsiguenka, muito embora os funcionários falem também o espanhol. Encontramos influência hispânica com princípios do Catolicismo Apostólico Romano na religião da população autóctone. Porém, costumes da tribo anteriores à colonização, como a prática da poligamia (tendo o homem direito a três mulheres, e a mulher direito de ter um homem). permanecem na tribo. O segundo local visitado foi o acampamento Sachavaca. Encontramos ali cabanas cobertas de palha, cercadas com telas para a proteção contra insetos, equipadas com camas, colchões e banheiro coletivo. Da mesma forma, a preparação da comida e da bebida fica sob responsabilidade do visitante. A terceira visita foi ao Lago Salvador, onde fizemos o passeio de Catamarã em busca de ariranhas. Avistamos um grupo de oito animais desta espécie, três espécies de macaco (prego, aranha, guariba) e várias espécies de aves como biguá, aminga, oropêndulas etc. 47 Desembarcamos do catamarã e adentramos na mata em uma trilha de vinte minutos até o barco a motor. A última visita foi ao acampamento do Lago Otorongo. A estrutura constitui-se em uma plataforma de madeira com cobertura de palha onde é montada uma barraca convencional. Banheiro coletivo. Com vinte minutos de caminhada chegamos até a torre de observação de dezoito metros, no topo da qual almoçamos. Deste local avistamos, inclusive, mais duas ariranhas. Foram feitos comentários sobre a torre de observação (mão-de-obra para levar o cliente até o topo). Retorno. Vale lembrar que o grupo geral foi subdividido em dois grupos para as atividades deste dia, e que as atividades dos grupos foram as mesmas, porém em ordens diferentes. 17:00 Chegada do grupo ao lodge. 19:30 Jantar, após explicação do guia sobre a programação do dia seguinte. 20:00 Palestra Wilfredo sobre répteis e anfíbios do parque. 18 junho 2005, sábado – Parque Nacional de Manu – Puerto Maldonado 3:30 Despertar. 4:00 Café da manhã. 4:30 Partida para o Porto (caminhada). 5:20 Saída dos dois botes com os componentes do grupo em direção a Laberinto. 7:40 Parada de dez minutos na estação de visitantes do parque. 11:30 Almoço em percurso. 18:30 Chegada à comunidade do Laberinto. 19:00 Partida em van e microônibus até o município de Puerto Maldonado. 21:00 Chegada no Hotel. 22:00 Jantar no restaurante do Hotel. Noite livre. 48 19 junho 2005, domingo – Puerto Maldonado – Lima – São Paulo Café da manhã. 08:00 Palestra do consultor peruano Luis Rios sobre Eco Turismo no Peru. 09:00 Reunião de avaliação final, explanação dos grupos de Alimentação e Transporte. 10:30 Check Out e Transfer para o Aeroporto. 11:30 Check In Aeroporto. 12:30 Visita ao borboletário “Japipi” em Puerto Maldonado. 14:00 Vôo Puerto Maldonado / Cusco / Lima. 18:00 Avaliação com os grupos de Hospedagem e Produtos Turísticos. 20:55 Partida do Vôo Lima / São Paulo. 49 PERU Ecoturismo e Turismo Cultural ANEXO III – Relatórios Coletivos JUNHO 2005 50 1. Avaliação da Alimentação GRUPO I: Paulo Paiva – Cristalino Lodge – E-mail: [email protected] Vitória Da Riva Carvalho – Pousada Uacari – E-mail: vitó[email protected] Este é um breve relato da experiência culinária que vivenciamos no Peru, além de informações dos guias locais, sem a pretensão de resumir toda a rica e deliciosa culinária peruana. a) CAFÉ DA MANHÃ: O café da manhã típico varia de acordo com os hábitos das várias regiões do Peru. Na costa do Pacífico, é usual um café da manhã simples, composto de café fraco com um pouco de leite, pão, manteiga, geléia e, às vezes, ovo frito. As populações andinas consomem alimentos fortes de manhã, compostos basicamente de sopas com muita “menestra” (favas), feijão, trigo e “papas” (batatas). Nos hotéis, serve-se um café da manhã ao gosto americano: suco de laranja e mamão, frutas frescas fatiadas, cereais com yogurte, ovos fritos ou omelete, além de panqueca com “syrup” (xarope) ou mel. O café é fraco, servido com creme de leite para pingar, diferentemente do café brasileiro puro ou do café com leite. Os yogurtes deliciosos eram preparados com frutas típicas dos Andes, tais como o “sauco” (fruta vermelha pequena) e “lúcuma” (fruta amarela). (Nos hotéis que frequentamos foi servido “café da manhã americano”. As informações sobre o café da manhã dos andinos foi produto de informação do consultor internacional.) b) REFEIÇÕES PRINCIPAIS: ALMOÇO E JANTAR: Notamos uma ênfase em alimentos frescos, com o uso de legumes e frutas locais. As saladas são muito criativas, e se usa muito as favas, como a “tarwi ensalata” (grãos brancos grandes), a lentilha e o abacate que é bastante consumido nas saladas e não nas sobremesas, como no Brasil. Os temperos para os mais variados pratos são feitos à base de plantas, pois usam poucos condimentos industrializados. Nos legumes, destacamos os diferentes tipos de “maiz” (milho), de diversas cores e tamanhos, as inúmeras variedades de “papa” (batata), como a deliciosa “papa 51 amarilla”, com a qual foi servida a “causa de papa” (bolo enrolado como rocambole, com recheio de verduras), além de outras variedades de recheios. Com o “rocotó” (tipo de pimentão levemente picante) é preparado um prato típico, o “suflê de rocotó”, recheado com carne, queijo, cenoura, uva-passa, assado ao forno com um pouco de leite. As sopas são bastante usadas como entrada, destacando-se a “sopa de Quinoa”, grão cultivado nos Andes, prato típico de Cusco. Os peixes são bastante utilizados na culinária peruana, podendo ser grelhados, fritos, na forma de salada ou “ceviche” (peixe marinado no limão, servido cru, temperado com cebola, pimenta, coentro, etc.) - delicioso prato típico do Peru. O “cuy” (porquinho da índia) é um roedor andino, representado por duas espécies: uma selvagem e uma doméstica. É largamente apreciado sendo também um prato típico de Cusco. Pode ser servido frito em pedaços, ou assado no forno, recheado com ervas. É consumido em ocasiões especiais. O “chincharon de chancho” (costela de porco) é assado e servido com um delicioso molho de “erva boa” (tipo de hortelã), com folhas inteiras, cebolas cortadas e temperadas com sal e limão. Outro prato típico é o “aji de pollo”, tipo fricasée de frango picante, devido ao “aji”, pimenta amarela comprida. As sobremesas que experimentamos eram deliciosas, mas internacionais, como o crepe suzete, mouse de chocolate e pêra ao vinho tinto, muito bem decoradas e acompanhadas por sorvete. Os hotéis e os lodges estavam preparados para o serviço de deliciosos e criativos pratos vegetarianos. O drink típico do Peru é o “PISCO SOUR”. O Pisco é uma bebida típica feita de uva, produzida na costa sul do Peru, próximo ao mar, em clima seco. RECEITA DE PISCO SOUR: Ingredientes: 03 partes de pisco 01 parte de suco de limão 01 clara de ovo 52 ½ parte de açúcar gelo picado Modo de fazer: Bater no liquidificador o pisco, o limão e o gelo. Depois acrescentar açúcar e finalmente a clara de ovo, o que confere ao drink a espuma na parte superior. c) DIVERSIDADE DE PRODUTOS: VISITA AO MERCADO DE CUSCO: Uma visita ao mercado de Cusco nos dá uma idéia da gama de produtos agrícolas que compõem a base da culinária peruana: grãos, tubérculos, raízes, legumes, frutas frescas e secas, cogumelos, nozes, castanhas, temperos, pães, queijos, carnes, peixes, etc. Próximo à estação de trem, o mercado em si já é um atrativo turístico. As folhas de coca são oferecidas secas, a varejo ou em pequenas embalagens. Seu comércio é controlado pelo governo que compra toda a produção e redistribui nos mercados. As folhas são consumidas in natura ou preparadas como chá, tradicionalmente consumido como tônico pelas populações andinas para as suas atividades diárias e longas jornadas. Os hotéis oferecem aos turistas o chá de coca tradicional, excelente para combater o mal de altura e diminuir o batimento cardíaco. As trutas não são nativas, porém se adaptaram bem nas águas geladas, como o lago Titicaca, e hoje estão no cardápio de vários pratos finos. Pimentas secas e outros condimentos são utilizados para o preparo do “Aji”, molho picante que acompanha carnes. O Peru é o centro das espécies de batatas, e no mercado pode-se ter uma idéia dessa imensa variedade. O clima frio e seco dos altiplanos favorece a cultura do trigo. Com apenas 1 sol (moeda peruana) compra-se 12 pães que equivalem ao nosso pão francês, de uma massa mais consistente e levemente adocicada. d) TIPO E QUALIDADE DOS SERVIÇOS: Na experiência que tivemos, o serviço em geral foi à francesa, com entrada (salada ou sopa), prato principal e sobremesa. Não é costume servir café após a sobremesa, e o café em geral não é muito consumido pelos peruanos. Os serviços de buffet são utilizados somente nos grandes restaurantes, com o “Tunupa” localizado na Praça de Armas, em Cusco. Em geral, a culinária peruana que experimentamos é excelente, e faz jus à fama que o país leva neste particular. Não fizemos inspeção em todas as cozinhas dos restaurantes e lodges. Entramos na cozinha do restaurante INKA GRILL, na Praça de Armas em Cusco, que estava pouco organizada, com ambiente fechado, sem ventilação e a higiene deixando a desejar, apesar dos pratos estarem muito saborosos e bem apresentados. 53 Em Manu Cloud Forest Lodge, a cozinha era bem ventilada, organizada e limpa. Os cozinheiros estavam uniformizados e de branco, e os pratos servidos foram de excelente qualidade. Em Manu Lodge, considerando-se o local isolado, a dificuldade de acesso aos itens de uso cotidiano e a disponibilidade do staff que atendia várias tarefas, pode-se avaliar o serviço e a diversidade de pratos oferecidos como de nível adequado. Os únicos pontos negativos referem-se: primeiro às refeições do tipo “lunch box”, servidas nos longos trajetos. Teria sido melhor o uso de sanduíches não perecíveis, pois as refeições salgadas servidas frias em pequenas vasilhas correm o risco de fermentação, especialmente batata e salsicha. Os outros itens do “lunch box” eram adequados: mexerica e bolacha salgada. Desaprovamos o uso do chocolate na região amazônica devido ao calor. Segundo, ao refresco servido na tribo indígena MATSIGUENKAS. Notou-se nitidamente a ausência de higiene nos copos e nas jarras, havendo, então, a necessidade de treinamento da comunidade indígena no trato com turistas. 54 2. Avaliação dos Transportes GRUPO II: Lucila Sermann – Godwana Brasil – E-mail: [email protected] Rosier Alexandre S. Filho – Trilhas do Brasil – E-mail: [email protected] Waldinor Mota da Silva – Santarém Tur – E-mail: [email protected] a) Micro ônibus Boa aparência, limpo, motorista atencioso e dirigia com segurança. Observações: 1. O micro ônibus em Lima tinha piso acarpetado o que ocasiona um acúmulo de sujeira e umidade. No Brasil, evitamos o uso de carpete no piso do veículo, evitando acúmulo de sujeira e facilitando a limpeza. 2. Ressaltamos que o custo de táxi em Lima e Cusco tem preços bem acessíveis. No entanto, fica a observação para o péssimo estado de conservação de seus veículos, uma frota muito antiga e que necessita de manutenção. Sábado, Domingo e Segunda - 11, 12 e 13/06/05 - Cusco Micro ônibus Bem cuidado, limpo, motorista atencioso. Micro ônibus Águas Calientes - Machu Picchu Aparentava ter boa manutenção, apesar do pequeno espaço entre bancos, o que não é tão grave pelo curto trecho. Observações: 1. Micro ônibus de Águas Calientes / Machu Picchu / Águas Calientes sem cinto de segurança em uma estrada muito sinuosa que oferecia altos ricos. 2. Além de fazer um ótimo atendimento dentro do trem o pessoal de serviço agrega valores, vendem produtos típicos do Peru de uma maneira muito sutil e educada. São sempre muito atenciosos. 55 3. Janelas grandes e laterais do teto transparentes, permitindo visibilidade para as montanhas nas laterais da ferrovia. 4. Entretenimento no trem, um diferencial que proporciona um retorno mais agradável, pois é mais cansativo que a ida. Os atendentes mostraram muita versatilidade, ora fazendo serviço de bordo, ora fazendo apresentações e desfiles, e até mesmo vendendo roupas típicas. Laberinto até Puerto Maldonado Observações: 1. Estrada de terra sem manutenção, van e micro-ônibus sem ar condicionado numa estrada ruim e poeirenta. O micro-ônibus estava com a mecânica em condições razoáveis. Não se pode dizer o mesmo da van, que necessitava de manutenção. Ambos os motoristas mostraram-se competentes e atenciosos, apesar do motorista da van transportar sua família junto com turistas, algo inadmissível. 2. Como as demais estradas por onde passamos, esta parte também estava muito precária, levando 2 horas para percorrer 55 KM. 3. Vale ressaltar que o pessoal de serviço nos transportes fluvial e terrestre foi muito prestativo. As observações são referentes apenas às estruturas físicas. Sábado - 19/06/05 - Puerto Maldonado Micro-ônibus utilizado no dia anterior, sendo que nesse dia circulamos apenas em área urbana. b) Trem Cusco - Macho Picchu Pontual, limpo, ótima visibilidade lateral, serviço de bordo muito bom. Pessoal de serviço atencioso. 4 horas de viagem. c) Caminhão - ônibus Segunda - 13/06/05 - Cusco: Manu Cloud Forest Lodge Tempo de percurso: aproximadamente 10 horas Caminhão adaptado com carroceria tipo ônibus, assentos relativamente confortáveis, motorista muito cuidadoso, experiente. Veículo ideal para o tipo de estrada. 56 Observações: 1. Nosso caminhão-ônibus não tinha cinto de segurança. Independente da obrigatoriedade deste equipamento naquele País, o julgamos necessário para atender padrões de segurança satisfatórios. 2. Entendemos que um percurso como aquele, se faz necessário um transporte com banheiro. 3. Pneus traseiros carecas, o que oferece maior risco. 4. Por se tratar de uma região montanhosa, as condições das estradas chama a atenção. Entre Águas Calientes - Machu Picchu, posteriormente Cusco até Atalaia, a estrada é muito perigosa com trechos de “tirar o fôlego”. É importante mencionar que as estradas ficam nas encostas das montanhas, são estreitas, com muitas curvas e, em alguns trechos, encontra-se em adiantado estado de erosão. Quarta - 15/06/05 - Manu Cloud Forest Lodge - Atalaia Mesmo caminhão utilizado de Cusco a Manu Cloud Forest Lodge. d) Llama táxi Tentativa bem intencionada de inserir a comunidade local no processo de desenvolvimento turístico. No entanto, temos observações que contra-indicam a continuidade do serviço. Deixamos claro que devem ser estudadas outras formas de inserção da comunidade local para que esta tenha uma participação efetiva, tanto social como econômica. Observações: 1. Pelo pouco que observamos e conversamos com os guias, percebemos a dificuldade de adaptação daqueles animais a esta nova atividade; 2. Percebemos, ainda, o problema enfrentado pelos animais devido a alimentação inadequada, pois os mesmos estão sofrendo intoxicações ocasionadas pela alimentação alternativa; 3. É constrangedor observar que os animais, apesar de muito dóceis, não estão aceitando puxar as charretes e, mesmo assim, são forçados através de pessoas que 57 puxam o cabresto e outras que empurram a charrete; 4. Apesar de ser curto, o trecho oferece algum risco pela falta de adaptação dos animais, que fazem manobras bruscas próximo a barrancos muito altos; 5. As artesãs que estavam na entrada do parque trabalhavam ou encenavam a céu aberto, sem nenhuma proteção. Essa parte poderia ser substituída, com sucesso, por uma visita a uma casa de artesão ou cooperativa, onde a atividade desenrolasse espontaneamente. e) Barco Atalaia / Manu Lodge z Tempo de percurso: aproximadamente 10 horas. z Utilização de bote de madeira, de 15 metros de comprimento e 2,40 de largura. Ideal para esse tipo de rio. z Propulsão motor Jonhson 55 HP. 2 tempos, tanque adaptado com capacidade para 200 litros, 24 litros consumo hora. z Capacidade para 12 passageiros, um piloteiro e um ajudante. Cobertura em lona, laterais abertas, permitindo boa visibilidade. z Assentos pequenos e desconfortáveis devido à pequena distância entre eles. z Número de coletes salva-vidas coerente com o de passageiros. O tamanho dos coletes, no entanto, não atendia à clientela. z Um motor reserva para uso em caso de emergência. z Sem toalete. z Condutor habilitado e experiente. Sexta - 18/06/05 - Manu Lodge - Laberinto Tempo de percurso: aproximadamente 13 horas. O equipamento utilizado foi o mesmo bote de madeira dos dias anteriores. Bagagem exposta, bem próxima aos clientes. Observações: 1. Coletes pequenos para o tamanho dos clientes e alguns aparentemente sem 58 condição de uso. 2. Somente um condutor para um trecho longo em rios com corredeiras, pedras, bancos de areia e árvores no leito principal. 3. Falta de iluminação de navegação. 4. Falta de registro da embarcação. 5. Falta de uma pequena rampa ou escada para embarque e desembarque. 6. Ausência de equipamento de comunicação. 7. A embarcação necessita de motor mais potente o que reduziria o tempo de permanência no barco e evitaria os “pontos escuros” da madrugada e da noite, oferecendo mais segurança e tranqüilidade aos passageiros. 8. Sugerimos ainda um comando na parte frontal do barco. É mais seguro e menos cansativo para o piloteiro. 9. Faltam peças de madeira nas laterais e no bico de proa, para evitar que a água entre no bote e molhe os clientes. f) Catamarã Quinta e Sexta - 16 e 17/06/05 - Manu Lodge Atividades no Parque Nacional de Manu. Catamarã em madeira, medindo aproximadamente 6 metros de comprimento por 3 de largura, com utilização de remo para locomoção, sem cobertura. Ideal para passeios em pequenos lagos e observação de animais. Bote de madeira motorizado para percurso no Rio Manu. g) Avião - Companhia TACA. Trecho: São Paulo / Lima, vôo bom, sem problemas. Tempo de duração: 5 horas. Trecho: Lima / Cusco, vôo muito bom. Tempo de duração: 1 hora. Trecho: Lima / São Paulo, aeronave com assentos defeituosos e tripulação pouco amistosa. Tempo de duração: 4 horas. - Companhia LAN Trecho: Puerto Maldonado / Cusco: Vôo muito bom. Tempo de duração: 25 minutos. 59 Trecho: Cusco / Lima, vôo muito bom. Aeronave limpa e assentos muito confortáveis. Tempo de duração: 1 hora. Observações: Um fato que nos chamou a atenção, por ser diferente no Brasil, foi o serviço de bordo opcional, cobrado na hora do serviço. No entanto, nos ocorreu uma certa dúvida na higiene do mesmo, pois existia manuseio de alimentos e dinheiro simultaneamente. Devemos ainda registrar a perícia dos pilotos em Lima e Cusco. A primeira está próxima de montanhas e o tempo está sempre nublado; a segunda está dentro de um “buraco” formado pelas montanhas que cercam a cidade. Contudo, os pousos tiveram sempre uma precisão cirúrgica, transmitindo-nos muita tranqüilidade. 60 3. Avaliação dos Meios de Hospedagem GRUPO III: Daniel Rondon de Barros– Recanto Barra Mansa – E-mail:[email protected] Nobuyuki Shinozaki – Amazon Riverside Hotel – E-mail: [email protected] Ricardo Garcia – Pousada Sítio Paraíso – E-mail: [email protected] O presente relatório tem por finalidade apresentar, conforme as impressões e observações dos participantes da viagem técnica ao Peru, os resultados gerais da avaliação relativa aos meios de hospedagem utilizados e/ou visitados nessa ocasião. Para tanto, seguimos as instruções prévias do consultor responsável e preenchemos as planilhas de inventário dos meios de hospedagem; estas formam a base das informações coletadas, restando ao grupo realizar as observações gerais pertinentes, que foram complementadas com idéias e opiniões dos demais envolvidos. No intuito de melhor organizar as informações e valorizar os aspectos mais importantes dos meios de hospedagem visitados, separamos as observações gerais por cada empreendimento hoteleiro, como segue: a) Hotéis Casa Andina A rede de hotéis Casa Andina possui 09 empreendimentos de hospedagem estrategicamente localizados nos principais destinos turísticos do Peru. Seguindo um mesmo padrão de decoração e ambiente, os hotéis Casa Andina procuram oferecer uma hospedagem confortável e aconchegante em todos os seus empreendimentos. Estivemos por três noites hospedados nesta rede hoteleira nas cidades de Lima e Cusco. b) Hotel Casa Andina Lima – Miraflores Localizado no bairro nobre de Miraflores, o hotel apresentou uma série de pontos fortes que merecem destaque: 1. Atendimento de alta qualidade, prestatividade; 2. Decoração de bom gosto e ambientação aconchegante, tanto nos apartamentos como áreas comuns (recepção/restaurante); 61 3. Apartamentos com equipamentos confortáveis; banheiros funcionais, com excelentes instalações; 4. Restaurante cozinha internacional, serviço à francesa; 5. Serviço de internet de alta velocidade; 6. Empresa de segurança particular 24hs. É importante destacar também os pontos fracos observados pelos participantes da viagem: z Disposição dos apartamentos; janelas voltadas para área comum, limitando a privacidade dos hóspedes; z Ventilação dos quartos insuficiente, quase inexistente; z Sistema de ventilação dos banheiros mal planejado; era possível escutar sons de outros apartamentos; z Problemas com tarifação telefônica. c) Hotel Casa Andina – Plaza Cusco Em Cusco, o Casa Andina Plaza apresenta fachada discreta e segue diversos padrões encontrados na experiência de hospedagem em Lima. Alguns pontos fortes são: 1. O hotel goza de excelente localização, situado nos arredores da Plaza de Armas de Cusco. 2. Decoração, ambiente, apartamentos, equipamentos e instalações seguem o mesmo padrão de qualidade; 3. Espaço de receptivo no aeroporto, com bebidas quentes (café e chá de coca) para a chegada dos hóspedes. Porém alguns detalhes não passaram despercebidos pelo grupo, conforme comentários e sugestões: 1. Extravio de uma bagagem do nosso grupo, encontrada no outro dia, devido a falha da equipe do hotel. 62 2. Poluição sonora; barulho e movimento da rua incomodava os apartamentos de frente; 3. Sinalização na entrada do hotel inexistente (exigência da administração pública de Cusco); 4. Não possui elevador (exigência da administração pública de Cusco). Acesso único para os andares por escada; 5. Porta de entrada fechada na madrugada; demora no atendimento aos hóspedes. É importante lembrar que esta avaliação dos meios de hospedagem em Lima e Cusco foi elaborada apenas para os hotéis acima descritos, considerando as experiências pessoais de visitação e olhar crítico de todos os integrantes desta viagem. A oferta de meios de hospedagem nestas duas cidades é muito maior do que o apresentado, sendo necessário relatar a existência das diversas tipologias e categorias neste segmento. Não foi possível realizar uma avaliação mais completa sobre a oferta dos meios de hospedagem do Peru. d) Manu Cloud Forest Lodge Localizado na região conhecida como Bosques Nublados, nos arredores do Parque Nacional de Manu, o Manu Cloud Forest Lodge é parte integrante de uma rede de operações de ecoturismo bem planejada, de propriedade de um atuante empresário do turismo peruano. Os hóspedes ficam geralmente por apenas uma ou duas noites, seguindo viagem em direção ao Parque Nacional de Manu. A área de floresta é bastante protegida, situada a uma altitude de aproximadamente 1.700 mts acima do nível do mar. Seguem mais algumas observações acerca deste empreendimento: 1. Acesso único por estrada de terra, distante aproximadamente 190km da cidade de Cusco; Nossa viagem até o lodge teve aproximadamente 11 horas de duração, considerando as devidas paradas para observação de paisagens e outras atividades; 2. Projeto arquitetônico em harmonia com o ambiente, construções em madeira, discretas, telhados camuflados com palha; 3. 08 Apartamentos amplos e confortáveis, com vista privilegiada para o rio e para o 63 céu. Varandas espaçosas individuais; 4. Boa disposição dos banheiros, ambiente separado; 5. Área comum bem planejada: sala de leitura com lareira, varandas externas, sala de estar com teto de vidro, cozinha integrada com grandes janelas de vidro; 6. Excelência nos serviços de alimentação; qualidade e rapidez no atendimento; 7. As atividades principais são as caminhadas para observação de fauna e flora, mas também se realizam ciclismo e rafting no Rio Unión (este último sazonal); 8. As plataformas para observação das aves - “gallitos de las rocas” – são o ponto alto dos passeios e hospedagem no Manu Cloud Forest Lodge; 9. Casa dos funcionários (staff e guias) independente da estrutura geral de hospedagem do lodge;iIntegração dos guias em todos os momentos, inclusive nas refeições. Foram observados também alguns pontos a serem melhorados: 1. Faltam funcionários uniformizados; 2. Carência dos serviços de bar; 3. Inexistência de loja de souvenirs e loja de conveniência; 4. Apartamentos do setor de baixo (04), mais próximos ao rio, sofrem com a umidade e não possuem ventilação adequada; 5. Sistema de água quente – a gás – tem pouca autonomia, passível de defeitos freqüentes. e) Manu Lodge O Manu Lodge está localizado dentro da área do Parque Nacional de Manu, e teve o início de suas operações em 1985. Construído mediante processo de concessão unidade de conservação federal - o Manu Lodge é o único empreendimento hoteleiro privado situado dentro da área do parque. Além dele, existe outro albergue de hospedagem, de responsabilidade dos índios Matsiguenka – a Casa Matsiguenka – e também áreas específicas de acampamento. 64 Seguem algumas considerações do grupo responsável e dos participantes da viagem sobre a hospedagem no Manu Lodge: 1. Acesso considerado difícil; exige planejamento e logística apurada; só é possível (e permitido) através de empresas de turismo especializadas e credenciadas; 2. Público bastante específico: ecoturismo e observação de fauna e flora; dificuldade de logística e operação são fatores limitantes, elevando os preços do produto; 3. Arquitetura em harmonia com o ambiente, construções horizontais em madeira, telhado camuflado de palha; 4. Excelente localização, às margens de um lago cercado de floresta nativa; proximidade e integração com o ambiente natural; 5. Plataformas de observação de vida selvagem: diferencial dos passeios. 6. Equipe/staff permanente enxuto (04 pessoas), composto por nativos; 7. Condições de atividades e passeios exigem preparo físico adequado, bem como equipamentos para caminhadas em trilhas e atividades na selva; 8. Hall de entrada para retirada dos calçados; identificado como uma prática de excelência; 9. Horário de funcionamento do gerador elétrico considerado bastante adequado; 10. Disponibilidade para utilização da área de lavanderia (somente tanques, não existem máquinas de lavar). Entre tantas observações da equipe de viagem, alguns pontos foram considerados passíveis de melhoria: 1. Quartos: pouca privacidade; compartilham sons de outras Uhs; 2. Banheiros/Sanitários: localizados na área externa, não possuem corredor fechado de acesso (apenas plataforma de madeira de ligação); não existe separação entre masculino e feminino; limpeza dos banheiros considerada insuficiente; 3. Cozinha: foram identificadas fraquezas na estrutura, organização e higiene; 4. Gestão e capacitação: apesar da excelente acolhida, alguns aspectos podem ser 65 melhorados na gestão do lodge e capacitação dos funcionários. Tivemos a oportunidade de visitar rapidamente outras opções de hospedagem dentro da área do parque. A Casa Matsiguenka é fruto de um projeto de ecoturismo de bases comunitárias. Possui em sua estrutura duas casas de hospedagem (04 quartos), um ambiente separado para banheiros compartidos, restaurante, cozinha, loja de artesanato tradicional e casa para rádio-comunicação; Duas famílias de índios matsiguenka são responsáveis pela estrutura e operação. São 07 áreas de acampamento utilizadas como meio alternativo de hospedagem no Parque Nacional de Manu. Podem ser exploradas apenas por operadoras de turismo credenciadas, cada qual com sua área específica (07 operadoras no total). Dessa forma, os acampamentos seguem algumas normas gerais para utilização da área, porém podem realizar suas benfeitorias e investimentos de forma separada. Todos os acampamentos possuem casa equipada com cozinha, refeitório e rádio - comunicação, ambiente separado para sanitários (fossa séptica) e as estruturas para acampamento. Estas variam em cada caso: alguns oferecem apenas plataformas de madeira para as barracas; outros possuem plataformas cobertas, e oferecem barracas incluídas na operação, um deles possui pequenas cabanas de madeira equipadas com cama e proteção contra insetos. É importante lembrar que o desenvolvimento das atividades de ecoturismo na área do Parque Nacional de Manu, bem como na região dos Bosques Nublados, só foi possível através do trabalho e da força de alguns empresários e operadores de turismo locais. Hoje, o Parque Nacional de Manu é conhecido mundialmente pela sua imensa riqueza de biodiversidade e tido como referência para muitas áreas protegidas e unidades de conservação. Considerações Finais Faz-se necessário recordar que a avaliação dos meios de hospedagem realizada nesta viagem técnica ao Peru seguiu instruções e diretrizes prévias. As planilhas foram preenchidas através de pesquisa com funcionários, guias e demais envolvidos. Destas fontes provêm a maioria das informações. Alguns pontos não foram preenchidos como valores de hospedagem - mas podem ser conseguidos com pesquisa pela internet junto aos estabelecimentos. O Projeto “Excelência em Turismo: aprendendo com as melhores práticas 66 internacionais” proporcionou uma grande experiência a todos os integrantes da viagem técnica ao Peru, e abriu as portas para a multiplicação dos conhecimentos e a troca de idéias em várias regiões do país. Com este breve relatório esperamos contribuir para que o projeto alcance o verdadeiro sucesso e cumpra com todos os objetivos de sua criação. 67 4. Avaliação dos Produtos Turísticos GRUPO IV: Felipe Aragão – Dunnas Expedições – E-mail: [email protected] Carolina Moura – Juma Lodge – E-mail: [email protected] Lucia Pires Castanho Valente – Harpya – E-mail: [email protected] a) City Tour Cuzco PONTOS POSITIVOS: • Boa Infra estrutura; • Limpeza da Cidade; • Sítios arquelógicos; • Qualidade do guia, demonstrando conhecimento e paixão pelo trabalho. PONTOS NEGATIVOS: • Tempo disponível para a execução do city tour foi curto e terminou atrasado; • Tempo de repouso no hotel foi curto antes das atividades, fazendo-se sentir os efeitos da altitude – dor de cabeça e cansaço. b) Machu Picchu PONTOS POSITIVOS: • Serviço diferenciado no transporte ferroviário – durante o percurso, há venda de artesanato realizado através de um desfile dentro do trem. Apresentação de dança típica da região que agrega valor cultural ao passeio e entretém durante a viagem de volta; • Logística de transporte e infra estrutura local bem organizada. (banheiro, telefone, armários...); • Um bom restaurante à entrada do parque. 68 PONTOS NEGATIVOS: • Saturação da cidade de Águas Calientes. Num curto prazo, o excesso de público pode vir a comprometer os serviços; • Falta de sinalização dentro do parque (insuficiente). c) Llama Táxi PONTOS POSITIVOS: • Tentativa de inserção da comunidade na atividade Ecoturística do local. PONTOS NEGATIVOS: • Produto poderia ser desenvolvido de forma mais completa, apresentando mais aspectos culturais da comunidade envolvida e mais informações sobre a Llama, como por ex. como é feita a tosa da llama, como se carda a lã, como as mulheres fazem os tecidos, etc; • Passeio constrangedor e sem muito aproveitamento, pois nota-se que as llamas estão tremendamente desconfortáveis e assustadas, podendo até ocorrer acidentes; • Não existe interação com a comunidade. É constrangedor para o turista também porque notamos que os nativos nos estranham muito; • Os animais parecem assustados e não adaptados/treinados para condução da charrete, pois precisam de quatro pessoas para conduzi-los e tranqüiliza-los; • Essa atividade pode ser abolida e substituída por uma como sugerimos acima. d) Observação de Aves – Gallitos de las Rocas PONTOS POSITIVOS: • Um espetáculo da Natureza; • Excelente condução dos guias; • Boa estrutura de apoio. PONTOS NEGATIVOS: • Melhorar Manutenção e conservação da Base de Observação; 69 • Permitir fotos com flash (prejudicial ao pássaro); • Falta de informações prévias sobre a atividade. e) Trilha do Rio União – “ Trocha Union” PONTOS POSITIVOS: • Excelente condução dos guias. Respeito ao ritmo diferente dos participantes; grande conhecimento da fauna e flora da região; • Grupos pequenos, maior aproveitamento da trilha. Define a qualidade do produto; • Associação da parte cultural com o natural (Dizem que a trilha foi utilizada pelos Incas); • Parte lúdica da trilha, atingir objetivo, alcançar o Rio. PONTOS NEGATIVOS: • Comunicação na Trilha – os guias não possuem rádios de comunicação; • Falta interpretar melhor a trilha, inserir no contexto do ecossistema da região. f) Canopy Tree Observação de Aves PONTOS POSITIVOS: • Excelente condução dos guias. Respeito ao ritmo diferente dos participantes; grande conhecimento da fauna e flora da região; sensibilização durante o período do passeio; • Grupos pequenos. Define a qualidade do produto; • Experiência única de estar na copa de uma árvore de aprox. 30m de altura PONTOS NEGATIVOS: • Manutenção do equipamento deve ser melhor; • Falta interpretar melhor a trilha; inserir no contexto do ecossistema da região; • Falta rádio para comunicação do guia e auxiliares. 70 g) Passeio de Catamarã PONTOS POSITIVOS: • Opção pelo Catamarã como meio de transporte facilita na observação de fauna e flora por não emitir ruídos e ser facilmente conduzido. Além de agregar a atividade do remo ao produto; • Grupos pequenos, maior aproveitamento do passeio. Define a qualidade do produto; • Divisão do passeio em trilha e Catamarã diversifica o produto. PONTOS NEGATIVOS: • Trilha sem muitos atrativos. Monótona; • Não houve interpretação da flora. h) Observação de Ariranhas (lobos do rio) – Lago Salvador e Otorongo PONTOS POSITIVOS: • Opção pelo Catamarã como meio de transporte facilita na observação de fauna e flora por não emitir ruídos e ser facilmente conduzido. Além de agregar a atividade do remo ao produto; • Grupos pequenos, maior aproveitamento do passeio. Define a qualidade do produto; • Divisão do passeio em trilha e Catamarã diversifica o produto. PONTOS NEGATIVOS: • Tanto durante o trajeto de barco, como a trilha, não é feita nenhuma interpretação do meio. 71 PERU Ecoturismo e Turismo Cultural ANEXO IV – Relatório do Consultor Internacional Mg. Sc. Luis A. Ríos Arévalo 72 INDICE 1. INTRODUCCIÓN 2. ANTECEDENTES 2.1. MARCO POLÍTICO NACIONAL 2.2. LA OFERTA TURÍSTICA EN EL PERU 2.3. EL SISTEMA DE AREAS NATURALES PROTEGIDAS DEL PERÚ 2.4. ORGANISMOS NACIONALES VINCULADOS A LA ACTIVIDAD TURISTICA 3. ANÁLISIS DE LA SITUACIÓN 3.1. EL OPORTUNISMO EN EL TURISMO 3.2. RELACION ENTRE LOS EMPRESARIOS GRANDES Y PEQUENHOS 3.3. ECOTURISMO Y TURISMO DE NATURALEZA 3.4. LA INTERPRETACIÓN Y EL MARKETING 3.5. EXPERIENCIAS DE ECOTURISMO EN EL PERÚ 4. ANOTACIONES SOBRE LAS EXPERIENCIAS VISITADAS 5. CONCLUSIONES 6. BIBLIOGRAFÍA 7. ANEXO: La Actividad Turística en el Parque Nacional del Manu 73 1. INTRODUCCIÓN El Perú es un país beneficiado en cuanto a potencial para el desarrollo de actividades turísticas. Herederos de una cultura que ha dejado grandes expresiones del dominio e interacción del hombre sobre su entorno, sumado a la riqueza de ambientes y ecosistemas resultado de la presencia de la cordillera de los andes y su posición próxima a la línea ecuatorial, sazonada con la variedad de pueblos nativos y razas migrantes que llegaron al Perú por distintas razones y en distintos momentos, nos han dejado hoy en día con una gran variedad de posibilidades para desarrollar una diversa oferta turística. Sin embargo, la actividad turística no depende únicamente de la riqueza de atractivos que un destino pueda presentar, si no mas bien de la forma en que estos se ofertan y se llegan a diferenciar del resto de la competencia y son estos aspectos de la industria del turismo los que aun se presentan débiles en el desarrollo de esta actividad en el ámbito nacional. Este informe presenta un análisis de la situación de la actividad turística en el Perú, con un énfasis especial en aquellas que se desarrollan en ambientes naturales, además de presentar algunas recomendaciones sobre su desarrollo, las cuales resultan aplicables a las realidades y otras ofertas turísticas. 2. ANTECEDENTES En el Perú, la industria turística, aunque siempre ha sido considerada como una industria de importancia para el país, recién ha sido tomada en cuenta en las políticas nacionales en los últimos 10 años. Por tradición, el Perú es un país extractivita, donde sus principales productos, sin mayores esfuerzos de transformación, se reducen a la explotación minera (principalmente de cobre) y la pesquera (harina de pescado). A esto se suma un fuerte periodo de inestabilidad política y violencia, causado por la presencia de movimientos terroristas durante la década de los 80s, y una epidemia de cólera a principios de los 90, mantenían al turismo en Perú, muy por debajo del potencial completo del País, con pocos destinos desarrollados, y hasta cierto punto de manera especializada, en destinos como Machu Picchu, corazón de la actividad turística en el Perú. 74 Es a mediados de los 90, que el país comienza a estabilizarse y la actividad turística comienza a crecer rápidamente y en algunos casos de manera desordenada. Es en este periodo que la oferta comienza a diversificarse y aparecer otras formas de turismo, como el turismo de naturaleza y el ecoturismo. 2.1. MARCO POLÍTICO NACIONAL En el Perú, la importancia alcanzada por el turismo en la economía nacional y su enorme potencial de crecimiento han motivado su inclusión dentro de las políticas de Estado. De acuerdo a estadísticas del Ministerio de Comercio Exterior y Turismo (MINCETUR), la actividad turística genera más de un millón de empleos directos e indirectos en el país, produce ingresos por alrededor de US $ 900 millones anuales y se encuentra entre las tres primeras fuentes de divisas para el país, junto con la minería y la pesquería. En el Perú, estamos recibiendo un creciente numero de turistas cada año y estamos próximos a alcanzar el millón de visitantes, sin embargo a pesar de este crecimiento y de la abundancia de atractivo naturales, históricos, culturales y gastronómicos, aun resulta difícil explotar la oferta real de atractivos del Perú, la que solo llega a captar el 0.13% de la demanda turística mundial1 (Gráficos No. 1 y 2) Es en este contexto, que el gobierno, a través del Ministerio de Comercio Exterior y Turismo (MINCETUR) ha establecido, de la mano con el sector privado, el Plan Estratégico Nacional de Turismo 2005 – 2015 (PENTUR). Este documento estratégico busca convertirse en una guía base de objetivos por alcanzar y acciones a seguir para atender y desarrollar la demanda de destinos turísticos. Este plan representa la primera iniciativa de diálogo y trabajo conjunto entre el sector publico y el privado, estandarizando conceptos y esfuerzos para el desarrollo de la actividad, identificando las fortaleza, oportunidades, debilidades y amenazas del Perú, como País y como destino turístico (Cuadro No. 1) 1 Organización Mundial del Turismo (OMT), Barómetro OMT del Turismo Mundial, Volumen 2, No.2, Junio 2004. 75 Gráfico No.1 .- Arribos de visitantes internacionales 20002004 Numero de visitantes 1,200,000 1,063,852 1,000,000 800,491 801,334 2000 2001 865,602 933,643 800,000 600,000 400,000 200,000 0 2002 2003* 2004** Años Fuente: Dirección General de Migraciones y Naturalización (DIGEMIN) Elaboración: MINCETUR / Viceministerio de Turismo / Oficina de Asuntos Económicos Nota: (*) Cifras preliminares de la DIGEMIN. No incluye residentes en el Perú. (**) Cifras proyectadas considerando 8% de crecimiento vegetativo y 6% adicional por la intervención de políticas del MINCETUR (promoción y fortalecimiento del producto turístico. Gráfico No. 2 .- Ingresos de divisas por turismo 2000-2003 950 923 Millones de dolares 911 900 850 801 788 800 750 700 2000 2001 2002 2003 Años Fuente: Banco Central de Reserva del Perú (BCRP) Elaboración: MINCETUR / Viceministerio de Turismo / Oficina de Asuntos Económicos 76 Cuadro No. 1.- FODA del turismo en el Perú, identificado en las Bases Estratégicas del PENTUR Fortalezas Debilidades - Decisión de reconocer al turismo como un sector prioritario en la Política de Estado e importante generador de - Insuficiente e inadecuada divisas. infraestructura básica en los principales -Variados y abundantes recursos destinos turísticos. culturales, naturales y humanos. - Insuficiente frecuencia de vuelos y - Existencia de un icono turístico de rutas aéreas e infraestructura vial, que reconocimiento mundial: Machu Picchu. permitan el acceso al Perú y el - Diez recursos culturales y/o naturales desplazamiento de los visitantes al se encuentran en la lista del Patrimonio interior del País. Mundial de la UNESCO. - Concentración del Producto Turístico - Recursos económicos para la promoción Peruano en el Cusco (Machu Picchu). - Normatividad turística no acorde con y desarrollo del Producto Turístico los objetivos sectoriales. Peruano como un mecanismo que no - Irregulares niveles de calidad de depende de la voluntad política (Fondo servicio. de Promoción y Desarrollo Turístico - Incipiente posicionamiento del Perú en Nacional – Ley 27889). los principales mercados emisores. - Coincidencia de objetivos y gran - Medición indirecta del turismo, escasa e respeto mutuo entre el sector público y inadecuada información. privado. - Desorden urbano y débil capacidad de - Buena imagen del Perú en el exterior. gestión de muchos de los gobiernos locales y regionales. - Escasa conciencia cívica y turística en la población. Oportunidades Amenazas - Creciente interés del mercado internacional en temas relacionados al medio ambiente, cultura y naturaleza y - Momento de transición en el proceso de nuevos destinos. regionalización. - Incremento de la demanda - Reclamos sociales, inseguridad y internacional por productos de turismo delincuencia creciente. vivencial (rural, comunitario). - Riego de atentados terroristas en los - Contracción de la demanda de bienes y principales mercados emisores. servicios de los mercados del Medio - Desastres ambientales en algunos Oriente y Europa. destinos turísticos. - Reconocimiento de la gastronomía Peruana. Fuente: Plan Estratégico Nacional de Turismo 2005 – 2015. Con esta planificación de por medio, el gobierno del Perú, a través del MINCETUR, comenzó una serie de proyectos en busca de cumplir con las metas y propuestas del PENTUR, entre las que destacan la contratación de una empresa de marketing para el desarrollo de la campaña publicitaria del Perú como destino turístico para los Estados Unidos y Europa, “Pack your Six Senses and Come tu Peru” (“Empaca 77 tus seis sentidos y ven a Perú”), la participación en la Feria Internacional de Turismo de Berlín (más información disponible en www.promperu.gob.pe) 2.2. LA OFERTA TURÍSTICA EN EL PERU El Perú es un país beneficiado en cuanto a oferta de atractivos turísticos se refiere (Mapa No.1), ha sido cuna de la civilización en América del Sur, dejando como resultado muestras arqueológicas y restos de estas civilizaciones a lo largo del territorio nacional, adicionalmente, su geografía caracterizada por la presencia de la cordillera de los andes, no solo representa un atractivo como tal, si no que ha generado las condiciones necesarias para la existencia de ecosistemas especiales (Mapa No.2), siendo así, que el Perú con apenas el 0,25% del territorio mundial alberga 84 de las 117 zonas de vida del mundo, y un varios record en biodiversidad. Además, cuenta con diversas expresiones culturales, resultado de la amplia distribución de culturas nativas y la influencia del proceso de conquista y las migraciones de otras razas y culturas, durante los periodos de esclavitud, las cuales además, han generado una mixtura de costumbres reflejadas en una amplia oferta gastronómica y un calendarios de festividades locales, tan amplio, que resulta difícil llegar a conocer todas estas expresiones. 78 Mapa No.1.- Oferta Turística del Perú. 79 Mapa No.2.- Climas del Perú 80 Para reflejar la gran variedad de culturas y ecosistemas del Perú, vale la pena citar a David Bellamy, quien dijo: “El Perú es un país con una diversidad sorprendente en términos humanos y biológicos. Es un hecho que posee entre el 82 y 84% del mundo biológico. Si pudiéramos salvar al Perú, podríamos rehabilitar el resto del mundo a partir de este país”. Sin embargo, a pesar de poseer esta gran riqueza natural, los esfuerzos del gobierno referidos al turismo, siempre han estado dirigidos a promocionar y preparar al Perú, como un destino histórico – cultural, es por esta razón, que las actividades de turismo de naturaleza y/o ecoturismo, se han desarrollado en su mayoría en los alrededores o al interior de Áreas Naturales Protegidas, y por ello están dirigidas o normadas por el Ministerio de Agricultura a través, del Instituto Nacional de Recursos Naturales (INRENA). 2.3. EL SISTEMA DE AREAS NATURALES PROTEGIDAS DEL PERÚ El Perú es considerado como uno de los doce países con mayor diversidad biológica en el mundo junto a Colombia, Brasil, Ecuador, México, Zaire, Australia, China, India, Indonesia y Malasia. Solo en nuestro país conserva 84 de las 117 zonas de vida naturales del planeta, por ello la conservación de nuestra biodiversidad no solo beneficia a las actuales y futuras generaciones de peruanos, sino también a la comunidad internacional. En el Perú, existe el mandato constitucional de Proteger la biodiversidad, expresado en el articulo No. 68 de la Constitución Política del Perú, el que señala que: “El Estado está obligado a promover la conservación de la diversidad biológica y de las áreas naturales protegidas”. Esta responsabilidad de establecer, y mantener las Áreas Naturales Protegidas, se encuentra en manos del Instituto Nacional de Recursos Naturales (INRENA), un organismo descentralizado del Ministerio de Agricultura, quien a través de la Intendencia de Áreas Naturales Protegidas (IANP), quien a través del Sistema Nacional de Areas Protegidas por el Estado (SINANPE), ha logrado poner bajo Protección, cerca del 15.0% del territorio nacional, bajo diferentes categorías de conservación (Mapa No.3). 81 Mapa No.3.- El SINANPE (Marzo de 2004) 82 Las áreas naturales protegidas (ANPS) son los espacios continentales y/o marinos reconocidos, establecidos y protegidos legalmente debido a su importancia para la conservación de la diversidad biológica y demás valores asociados de interés cultural, paisajístico y científico; así como por su contribución al desarrollo sostenible de cada país. Cuadro No.2.- Objetivos y Beneficios de las ANP Objetivos de las ANP Beneficios de las ANP Conservar la diversidad biológica. Ser una muestra representativa. Posibilitar ciencia, educación, turismo y recreación. Permitir aprovechamiento sostenible. Mantener valores estéticos, éticos y nacionalidad Conservación del patrimonio natural del Perú. Servicios ambientales: agua, aire. Investigación. Conservación de stocks para las principales actividades productivas. Aprovechamiento paisaje: turismo. Recursos básicos para poblaciones locales ( alimentos, vestimenta) Fuente: Intendencia de Áreas Naturales Protegidas. (www.inrena.gob.pe) El SINANPE, reconocen dos tipos de aprovechamientos en las ANPs, el directo y el indirecto, estos usos son permitidos dependiendo de la categoría del ANP (Cuadro No.3) Sin embargo, el uso indirecto es posible en todas las áreas naturales protegidas, entendiéndose por uso indirecto, aquel que no consume los recursos, como el turismo. Cuadro No.3.- Categorías del SINANPE y Usos Permitidos Áreas de Uso Indirecto (Protección Estricta) Parques Nacionales Santuarios Nacionales Santuarios Históricos Reserva Nacionales Bosques de Protección Arreas de Uso Directo Reservas Comunales Reservas Paisajísticas Refugios de Vida Silvestre Cotos de Caza Áreas en Estudio* Zona Reservada Fuente: Plan Director del SINANPE (2003). (*) Las Zonas Reservadas, son categorías transitorias, mientras se culminan los 83 estudios para determinar la categoría correspondiente para dicho espacio. 2.4. ORGANISMOS NACIONALES VINCULADOS A LA ACTIVIDAD TURISTICA PROMPERU Mediante D.S. N. 010-93-PCM publicado el 23 de febrero de 1993 se crea la Comisión de Promoción del Perú (PROMPERU) encargada de la difusión de la imagen y realidad del Perú en el exterior. Esta comisión se crea como un organismo que centralizará la toma de decisiones para la difusión de la imagen y la realidad del Perú en el exterior, así como para la promoción de las inversiones, el turismo y las exportaciones. Asimismo, PROMPERU coordinará y concertará con las entidades e instituciones publicas y privadas las acciones que realizan en las materias antes señaladas, y ejecutará las acciones complementarias que fueran necesarias para lograr los objetivos de promoción del Perú en el extranjero. Mediante D.Leg. N. 883 publicado el 17 de julio de 1996, se otorga rango de Ley a la norma de creación de la Comisión de Promoción del Perú (PROMPERU) y dispone que esta absorba al Fondo de Promoción Turística (FOPTUR), organismo que hasta esa fecha era una Institución Pública Descentralizada adscrito al Ministerio de Industria Turismo, Integración y Negociaciones Comerciales Internacionales CENFOTUR El Centro de Formación en Turismo, cuya creación, funciones y normatividad se encuentra establecida en el Decreto Ley 22155 del 3 de mayo de 1978, publicado al día siguiente, es una Institución Pública Descentralizada del Sector Turismo destinada a la formación, capacitación y perfeccionamiento de los trabajadores de la actividad turística. Cuenta con personería jurídica de Derecho Público Interno y autonomía económica y administrativa. Tiene por finalidad planificar y ejecutar la política de formación, capacitación y perfeccionamiento del personal en los diferentes niveles ocupacionales de la actividad turística, y en concordancia con la Ley General de Educación. Sus funciones son las siguientes: estudiar y determinar a nivel nacional las necesidades de formación y capacitación del personal requerido; proponer al Sector Turismo la política de formación y capacitación del personal de la actividad turística; planear, elaborar, ejecutar y promover programas de formación y capacitación de acuerdo con la política sectorial y emitir pronunciamiento por intermedio del 84 Viceministerio de Turismo en las solicitudes que presenten al Ministerio de Educación otras entidades que deseen abrir nuevos centros de educación turística. A nombre de la Nación, otorga los títulos y/o certificados que correspondan de acuerdo con el área o grado académico, de conformidad con el reglamento respectivo. Cabe resaltar que mediante el Decreto Ley 23046 del 14 de mayo de 1980, publicado el 16 del mismo mes, se incluye a Cenfotur entre las instituciones con rango universitario a nivel de licenciatura. Finalmente, mediante Resolución Ministerial N.102-97-ITINCI/DM publicada el 3 de junio de 1997 se aprueba la Directiva N. 002-97-MITINCI/VMTINCI/DNT que establece el procedimiento a seguir para la supervisión de actividades de los prestadores de servicios turísticos, asignándole la responsabilidad de su cumplimiento a la Dirección Nacional de Turismo y a las Direcciones Regionales, Subregionales y Zonales de Industria y Turismo según corresponda. 3. ANÁLISIS DE LA SITUACIÓN Recientemente, la Organización Mundial del Turismo (OMT) ha difundido información alentadora acerca de la evolución del turismo durante el 2004. El Barómetro Mundial de la OMT nos muestra que, entre enero y agosto del 2004, las llegadas de turistas internacionales se incrementaron en 12% con relación al mismo periodo del año anterior. Si bien ello obedece a una recuperación con respecto a la disminución de 1.5% registrada en el 2003, las llegadas internacionales del 2004 también superan a las producidas en el mismo lapso del 2002, que constituyó un año record en los viajes a nivel mundial. Este incremento se produce a la par con una serie de cambios en el perfil, gustos, motivaciones y características de viaje de los turistas. Actualmente, por ejemplo, las principales tendencias del mercado nos muestran a un turista con una sensibilidad cada vez mayor respecto a la fragilidad de los ecosistemas; en búsqueda de experiencias que le permitan un contacto con la sociedad que visita y obtener un aprendizaje de sus manifestaciones culturales; y con una predilección por destinos que practiquen un turismo sostenible. Por otro lado, tal como la revista Newsweek publicó hace algunas meses en un reportaje especial sobre el Sector Turismo, nos encontramos ante una “Nueva Era 85 Dorada del Turismo”. Los desplazamientos con motivos turísticos han dejado de ser un lujo y, para cada vez mayores segmentos de la población de los países industrializados, son una suerte de necesidad que les permite alejarse de la rutina. Así, por ejemplo, la fragmentación de las vacaciones por parte de los trabajadores se orienta a que puedan realizar un mayor número de viajes a lo largo del año. El nuevo perfil del mercado turístico está conformado por una población creciente de adultos mayores que -gracias a una jubilación anticipada y mejores pensiones que en el pasado- disponen de tiempo, buen estado físico y recursos para viajar. Igualmente, se ha incrementado el segmento de viajeros solteros o parejas jóvenes sin hijos que buscan experiencias de acuerdo a su ciclo de vida familiar. Hoy, incluso, la primera experiencia de viaje se adelanta para vastos sectores de la población. Por su parte, conforme aumenta el uso del Internet, aparecen comunidades de “turistas virtuales” que organizan sus viajes en función de los gustos de los grupos y/o listas de interés en las que participan. Estamos ante una “Nueva Era Dorada del Turismo”, caracterizada principalmente por un creciente número de turistas provenientes de mercados emergentes; por la búsqueda de destinos temáticos; por la orientación de los viajeros no experimentados a realizar primero turismo interno o intrarregional; por la organización de “viajes a la medida” del cliente y por la priorización de viajes con “experiencias compartidas”, en los cuales se contemple realizar distintos tipos de actividades. En este contexto, la importancia económica del turismo y su rápido crecimiento brindan grandes oportunidades para la creación de empresas y el desarrollo de proyectos turísticos. En el Perú, las actividades de Turismo de Naturaleza y/o Ecoturismo, han estado siempre vinculadas a las Áreas Naturales Protegidas, entre ellas algunas han llegado a tener reconocimiento mundial y mucha difusión, como es el caso del Parque Nacional del Manu, la Reserva Nacional Tambopata y el Parque Nacional Huascarán. 3.1. EL OPORTUNISMO EN EL TURISMO Como se menciono párrafos arriba, el empresariado peruano, se ha caracterizado por ser básicamente oportunista, de actividades extractivistas sin reposición de recursos, sin control sobre los volúmenes de extracción o los impactos generados, sin responsabilidad social en sus actividades, con inversiones de corto plazo, sin 86 compromiso de reinversión en el País. En el caso de turismo, la situación no ha sido muy diferente, en el ámbito nacional se ha desarrollado la actividad de manera desordenada y basada en un oportunismo, bajo la lógica de que si el negocio del vecino funciona, debo poner un negocio similar y funcionara. Casos de este crecimiento desordenado y sin planificación alguna, se puede observar en el corazón del turismo Peruano, Cusco, donde todas las actividades han aparecido de manera desordenada y conforme crece la actividad aparecen nuevos competidores bajo esta lógica de éxito. Sin embargo el panorama, no llega a ser tan desalentador, con el esfuerzo del gobierno por incentivar el dialogo entre todas los actores del turismo con el Plan Estratégico Nacional de Turismo (PENTUR), las nuevas modalidades para desarrollar las actividades de turismo de naturaleza y ecoturismo presentadas por el INRENA y la nueva Ley Forestal y de Fauna Silvestre a través de las concesiones para ecoturismo y la aparición de una nueva clase empresarial comprometida con el desarrollo de la actividad en el País, empresarios capaces de hacer grandes inversión para ofrecer servicios de calidad a los visitantes, el Perú a comenzado un proceso que no debe detenerse. 3.2. RELACION ENTRE LOS EMPRESARIOS GRANDES Y PEQUEÑOS Como en cualquier relación de oportunismo, los empresarios pequeños se benefician del los empresarios grandes de tres maneras definidas. ¾ Los grandes empresarios, son aquellos que realizan un Plan de Negocios para establecer los negocios turísticos, son quienes incurren en los mayores gastos de investigación para definir un producto turístico, las fortalezas del destino, la estrategia de marketing, etc. Una vez que ellos se han establecido y han logrado establecer un negocio rentable, aparecen los pequeños empresarios, quienes simplemente copian una formula exitosa. ¾ El pequeño empresario además se beneficia de la publicidad realizada por el empresarios grande, ya que una vez que el destino ha sido abierto, las inversiones en marketing, diseño de infraestructura, etc se reducen considerablemente y la demanda ya se esta incrementando permitiendo a los 87 pequeños captar parte del flujo turístico al área e incluso reducir algunos costos. ¾ Finalmente, al haberse incrementado la demanda, algunos de los grandes empresarios no cuentan con la suficiente capacidad instalada como para atender algunos grupos, por lo que estos grupos son redirigidos por el mismo operador grande hacia los albergues u operaciones de los pequeños empresarios, claro con una comisión de por medio. Es evidente que el operador pequeño siempre se beneficia de la sombra proporcionada por la presencia de un operador grande en el mismo circuito, es la presencia de estos grandes empresarios lo que permite el crecimiento de la actividad turística a nivel nacional y por ello, es necesario reconocer el merito que representa se un Emprendedor de turismo en el Perú. 3.3. ECOTURISMO Y TURISMO DE NATURALEZA Existe una constante confusión de términos respecto al ecoturismo y el turismo de naturaleza, en el Perú, el caso no es diferente, constantemente, los empresarios turísticos y las autoridades nacionales confunden la terminología. Es evidente que el termino “Ecoturismo” resulta más fácil de vender y el cliente siente una mayor atracción por el mismo, que con el turismo de naturaleza. Ahora uno no es mejor ni peor que el otro, son simplemente dos expresiones de turismo responsable, que buscan apuntar a segmentos de mercado muy parecidos pero no iguales. El Turismo de Naturaleza, es aquella forma de turismo sostenible (económica, social y ambientalmente) que se desarrolla en ambiente naturales, donde el cliente busca apreciar el paisaje natural y observar la expresiones de la biodiversidad, el Ecoturismo sin embargo, va un paso mas allá, busca no solo que el cliente aprecie las expresiones de la biodiversidad si no que además busca generar una sensibilización respecto a un tema especifico, en el cliente. En el Perú podemos caracterizar el ecoturismo como una actividad turística, pero que en la mayoría de casos ha sido empleada como una herramienta de Conservación, siendo las iniciativas generalmente planteadas por ONGs que buscan reforzar la conciencia publica sobre los temas de conservación en general. En cambio las actividades iniciadas por los empresarios son mas del tipo de Turismo de Naturaleza, 88 donde el objetivo es únicamente mostrar la variedad de ambientes y expresiones naturales. Hay que resaltar que una actividad no es mejor que la otra, simplemente responden a objetivos diferentes. 3.4. LA INTERPRETACIÓN Y EL MARKETING En este tipo de operaciones turísticas (turismo de naturaleza, vivencial, ecoturismo, etc.) existen dos aspectos fundamentales para el éxito. Primero, el Marketing, con la segmentación de mercados y la diferenciación de productos, es indispensable para una operación turística responsable, tener una campaña de marketing especifica, mientras la demanda se encuentra creciendo esta tarea no es evidente, pero conforme se comienza a saturar el mercado, es necesario preparar una campaña de marketing especializada para el producto diseñado. Adicionalmente, atractivos naturales, históricos, culturales, etc existen en todo el mundo y la competencia no es únicamente con el vecino que tiene una operación similar en el mismo ambiente, si no mas bien con todas las operaciones similares en el mundo, cada turista que decide visitar un atractivo, regresa a su país de origen y se encuentra satisfecho promocionara el destino visitado, si no es el nuestro entonces no hemos perdido un turista, si no mas bien a cinco. El segundo es la interpretación, un producto de estas características depende fuertemente de la interpretación, un turista (cliente) que busca este tipo de productos, es un turista especializado, sabe que es lo que esta buscando y generalmente se ha preparado para su visita, revisando toda la información que tenga disponible. Por esta razón, la interpretación no solo debe ser cierta, si no que además debe ayudar a enriquecer la experiencia, de manera que el turista quede satisfecho. 3.5. EXPERIENCIAS DE ECOTURISMO EN EL PERÚ 3.5.1. Posada Amazonas: Rainforest Expeditions y la Comunidad de Infierno. El proyecto de Posada Amazonas tiene su origen en la confluencia de deseos, aspiraciones e intereses de la empresa privada Rainforest Expeditions (RE) que venía trabajando en ecoturismo en la zona desde hacia algunos años, con la Comunidad 89 Nativa Infierno (CNI) que desde muchos años atrás tenía esa aspiración como una importante alternativa de empleo e ingresos para la comunidad, pero no sabían como hacerlo. Desde los inicios de la década de los 90, la empresa RE había comenzado sus actividades de ecoturismo e investigación en un albergue situado en los límites entre la Reserva y el Parque Nacional, adentrándose en la selva más allá de los territorios de la CNI. Desde algunos años atrás, uno de los socios y lider del proyecto realizaba proyectos de investigación en la zona estableciendo vínculos de amistad y colaboración con varios miembros de la comunidad, que fueron empleados en el primer albergue como trabajadores y como asistentes de los proyectos mencionados. Esta experiencia directa convenció a algunos dirigentes comuneros de que el ecoturismo era una importante alternativa para la satisfacción de sus necesidades de empleo y para el mejoramiento del nivel de vida de los miembros de la comunidad, ya que por estar ubicada en la zona de amortiguamiento del Parque Nacional BahuajaSonene, los comuneros estaban limitados en sus posibilidades de empleo e ingresos. El ecoturismo ha existido en Tambopata desde hacia varias décadas, sin embargo desde la década de los 90 ha adquirido una importancia mayor. En los últimos años, de 40 a 50 turistas que llegan diariamente a Puerto Maldonado, pasan en bote delante de las casas de los comuneros por la mañana y por la tarde. Rainforest Expeditions, por su parte, buscaba un lugar donde construir un albergue que le permitiera hospedar a más de 500 turistas que entonces recibían en el Centro de Investigaciones Tampopata (CIT) en el camino de 8 horas por el rio Tambopara desde el aeropuerto en Puerto Maldonado. Hasta entonces RE estuvo alojando turistas en los albergues de la competencia. La ubicación geográfica de la comunidad era ideal para descansar rumbo al CIT. Para que la Asociación fuera sólida no era suficiente que los dirigentes, asesorados por la Federación De Comunidades Nativas de Madre de Dios (FENAMAD), estuvieran convencidos de las bondades del proyecto para la comunidad, fué necesario que el líder empresarial del proyecto y algunos de los líderes de la comunidad hicieran un trabajo casa por casa explicando a los comuneros las condiciones de la asociación de modo de vencer la natural desconfianza y temores frente a lo nuevo y desconocido. Luego de un proceso de varios meses de consulta, convencimiento y diálogo para la elaboración de los términos del contrato, hacia Mayo de 1996 se firma el contrato de creación de la Asociación Ke´eway que dá nacimiento al proyecto. 90 A partir de entonces, RE asume la búsqueda del financiamiento entre diversas fundaciones y organismos de cooperación, realiza las inversiones iniciales y junto con la CNI, que contribuye con los terrenos y las faenas de trabajo, proceden al inicio e implementación del .proyecto, cuyo aspecto central fue la construcción del albergue Posada Amazonas. La posibilidad de construir el albergue se dió gracias al esquema de financiamiento diseñado con el Fondo de Contravalor Perú - Canadá (FPC) firmándose un contrato de financiamiento a tres años. El monto desembolsado inicialmente fue de USA $250,000, el 60% utilizado para infraestructura (techos de hoja de palmera, paredes de madera, caña batida y arcilla, pisos y columnas de madera) y el 40% para equipamiento (muebles, cuartelería, menaje, equipo de cocina, servicios higiénicos, etc.). El financiamiento fue otorgado como un préstamo a RE a tres años, hasta que el FPC aprobara, mediante acta, la culminación de las obras programadas y ejecutadas por RE, momento en el cual el albergue se transferiría a título gratuito a la comunidad nativa. A partir de ese momento, la Asociación en Participación se hizo responsable de pagar el 40% del financiamiento, que equivale al monto desembolsado para el equipamiento, préstamo que terminó de pagarse íntegramente en el año 2,000, en un plazo más corto del previsto. Casi todos los contratos de madera, de recolección y preparación de caña, hoja de palmera y arcilla fueron otorgados a comuneros. Para la realización de este contrato y la concreción del financiamiento, el Fondo Perú - Canadá solicitó inversiones de los socios como contrapartida. RE ha invertido su infraestructura administrativa y de mercadeo por un valor estimado de US$ 55,000 y la CNI ha invertido mano de obra por un valor de estimado de US$ 60,000 (contabilizado en jornales de trabajo), aportando, así mismo, las tierras donde se construyó el albergue. Posteriormente, se solicitó un desembolso adicional de US$ 75,000 para construir una cuarta ala de seis habitaciones (para llegar al número de actual de 24 habitaciones). Adicionalmente, la Fundación MacArthur aportó US$ 30,000 para capacitación y el American Bird Conservancy US$10,000 para investigación del águila arpía. La Comunidad Nativa Infierno y la empresa Rainforest Expeditions suscribieron en 1966 el contrato que define los términos y condiciones de la creación de una empresa conjunta en la forma de una Sociedad en Participación denominada Asociación 91 Ke´eway de Ecoturismo que administra el albergue Posada Amazonas. El contrato estipula que las dos partes compartirán los beneficios de la siguiente manera: un 60% para la comunidad y un 40% para la empresa y se dividirán su manejo 50%-50%. La totalidad de la infraestructura pertenece a la comunidad nativa Ese´eja y Rainforest Expeditions tiene el derecho de uso exclusivo de ésta mediante la concesión de la operación turística por 20 años. Después de dicho período, que fija la duración del contrato, la comunidad tendrá la opción de continuar con la sociedad o separarse de ella y continuar como propietarios absolutos. Como una empresa pionera de su tipo, Posada Amazonas representa un nuevo nivel de participación de la comunidad nativa en ecoturismo. Los miembros de la comunidad participan en el manejo de las operaciones del Albergue, no sólo como parte ampliamente mayoritaria del personal, sino como dueños, tomando parte en el proceso de toma de decisiones. La Asociación Keëway ha concebido un mecanismo muy interesante y novedoso de participación y, al mismo tiempo, de capacitación y entrenamiento de los líderes de la comunidad nativa en la gestión del Albergue. Se trata del Comité de Gestión compuesto por diez miembros comuneros, elegidos de acuerdo a las disposiciones previstas por los estatutos de la comunidad. El Comité de gestión es el encargado de supervisar, evaluar y controlar en forma permanente el cumplimiento de las estipulaciones pactadas en el contrato, así como el conjunto de las operaciones y los resultados del negocio, velando por el bienestar de la comunidad. Es un mecanismo eficiente de representación, de información y definición conjunta de las estrategias del negocio y de toma de decisiones sobre asuntos concretos relacionados con el buen funcionamiento del mismo. Por ejemplo, en las últimas sesiones el Comité de Gestión ha discutido cómo cobrar una deuda de materiales de más de 12 meses que ciertos comuneros tienen para con el proyecto; ha tomado decisiones de sancionar con la separación del albergue a dos comuneros que han cometido, reiteradamente, faltas graves como son la agresión sexual contra una trabajadora del albergue miembro de la comunidad y la apropiación ilícita de bienes de otro trabajador comunero. Posada Amazonas ha generado 13 puestos de trabajo en el ámbito local, 5 puestos adicionales en temporada alta (seis meses) y 4 puestos de remplazo. Todos los puestos de cuartelería, cocina, lavandería, motoristas y mozos, son ocupados por comuneros. Solamente un puesto permanente (administradora) y 10 puestos 92 eventuales (guías) son ocupados por gente de fuera de la comunidad. Todos los puestos que son ocupados por la comunidad son rotatorios por dos años, de modo de que la mayor parte de sus miembros puedan acceder a ellos. Sin embargo, esta alternativa no parece ser la mejor desde el punto de vista de la eficiencia de la empresa. Para el éxito del proyecto la asociación otorga a la capacitación de los miembros de la comunidad una alta prioridad, de modo que puedan llegar a manejar todas las áreas de trabajo, desde las operativas, como el servicio de mozo o el guiado de un grupo, hasta las administrativas como la capacitación del personal, la medición de la calidad del producto a través de encuestas y el marketing. La estrategia que se ha optado para capacitar a los comuneros tiene básicamente dos modalidades: La primera es para los puestos operativos y se desarrolla sobre la base de talleres abiertos a todos los comuneros en las instalaciones del albergue. Durante dos días, los comuneros reciben charlas, demostraciones actuadas, videos, slides y materiales escritos sobre el concepto de ecoturismo en general y cada puesto de trabajo en particular. Al final del taller, por ejemplo, cada comunero sabe exactamente que hace un cocinero, a que hora se levanta a trabajar, en que consiste su trabajo, cuanto se le paga, que habilidades requiere, que problemas enfrenta, etc. Cada comunero puede entonces tomar una decisión informada sobre el puesto de trabajo que crea conveniente ocupar. Luego se les invita a practicar por una semana en ese puesto, y, finalmente, de considerarse preparado, se les otorga un carnet que certifica su aptitud para trabajar según las necesidades del albergue. Normalmente cuando se realizan cambios de personal, cada dos años para cada puesto, éstos son ocupados por los dos mejores del taller. Estos cursos y talleres se realizan desde 1998. La segunda modalidad es para los puestos más complicados, como administrador o guía, en este caso la capacitación se realiza mediante un programa de práctica – aprendizaje, como asistente del puesto en cuestión, hasta que el candidato se encuentre capacitado para ocuparlo. Un total de cuarenta comuneros han asistido a los talleres, de los cuales, treinta han realizado las prácticas, habiendo completado su capacitación para los puestos operativos. En Posada Amazonas todos los puestos de cuartelería, cocina, lavandería, y motoristas están ocupados ya por comuneros. Solamente los puestos de administrador del albergue y guía están ocupados por gente que no es de la 93 comunidad. Sin embargo, el administrador ya tiene un asistente comunero y dos de los guías son igualmente comuneros. Elementos innovadores • Arquitectura del albergue. Para la construcción de Posada Amazonas se ha utilizado una combinación de técnicas de ecoalbergues modernos con los materiales tradicionales y las técnicas arquitectónicas que las comunidades nativas usan en la Amazonía para construir sus casas: madera, frondas de palma, caña brava y arcilla. • La sociedad en participación entre una empresa privada y una comunidad nativa y las relaciones humanas existentes en su interior, generan un clima muy agradable y singular que proporcionan un encanto particular que incide notablemente en la calidad de la atención y de los servicios. • La experiencia vivencial de las culturas vivas a través de la incorporación en el itinerario de actividades que permiten la interacción con pobladores de la comunidad local, como es el caso de la visita a la granja local y la excursión de etnobotánica. • La implementación de la torre de andamios de 35 metros de altura que le permite al turista tener una visión de la selva desde lo alto de los árboles. • La filosofía de la empresa en cuanto a la responsabilidad ambiental y social que inspiran tanto los programas de conservación, de monitoreo, de fortalecimiento de actividades económicas y generación de empleo para la comunidad, como las medidas que se están adoptando para minimizar los impactos negativos surgidos por la actividad turística y maximizar los positivos. Definitivamente, la experiencia de Rainforest Expeditions y la Comunidad de Infierno, es única en el Perú, es un claro ejemplo, de responsabilidad empresarial, donde una empresa adopta un rol, mediante el cual beneficia y fortalece a una comunidad local, sin dejar de cumplir su objetivo principal, el cual es la generación de ingresos y 94 utilidades propias, fortaleciéndose a si mismos con una herramienta de marketing que muchos empresarios peruanos no ha aprendido a manejar aun. 3.5.2. Los Manglares de Tumbes La virtud de esta operación, es la forma en como el turismo ha logrado cambiar las percepciones de las poblaciones locales sobre el ambiente, llegando a convertir a un enemigo en el mas fuerte aliado de la Conservación. A finales de los 80, la población local alrededor del ecosistema de los Manglares de Tumbes, constituían la principal amenaza sobre el ecosistema. La extracción de crustáceos y moluscos desordenada e insostenible había llevado a ambiente a un nivel critico. En ese momento la intervención de una ONG Conservacionista Nacional (Pro Naturaleza), con un claro conocimiento y entendimiento de la amenaza, la sobre explotación de los Recursos Hidrobiológicos, los obligo a pensar en diseñar nuevas formas de ingresos para estas poblaciones, de manera que se puedan reducir las presiones sobre los RRHH. Con un análisis correcto del problema, y una propuesta aparentemente funcional, la ONG se lanzo a realizar campañas, primero de concientización sobre el riesgo de seguir con los modelos de aprovechamiento existentes, ya que eventualmente las poblaciones de crustáceos y mariscos terminarían desapareciendo. Luego, presentaron las propuestas para desarrollar actividades turísticas y el rol que desempeñaban los recursos hidrobiológicos en los atractivos necesarios para continuar con el desarrollo de la actividad. Los Manglares de Tumbes, son un ecosistema rico en especies de aves, las cuales sobreviven debido al consumo de los Recursos Hidrobiológicos. Luego de varios años de campañas y pilotos de operación, los pobladores locales lograron identificarse con la actividad turística y con la conservación del ecosistema del Manglar. Convirtiéndose en sus principales protectores. 4. ANOTACIONES SOBRE LAS EXPERIENCIAS VISITADAS 4.1. CUSCO Cusco es la capital turística del Perú, ahí la actividad turística se ha desarrollado por la existencia de Machu Picchu, es por eso que todos los visitantes que vienen al Perú, obligatoriamente pasan por las ruinas. Entendiendo este precedente, nos damos cuenta que el resto del Perú se oferta en Cusco, con un promedio de tiempo de estadía 95 por visitante de 7 días en el Perú, el circuito clásico de Cusco de apenas 3 días (City tour, Valle Sagrada y Machu Picchu) queda chico, permitiendo la oferta de otros destinos nacionales, y siendo los mas beneficiados por esta situación los atractivos de las localidades más cercanas al Cusco como Puno, con el Lago Titicaca y sus islas y Arequipa, con el Cañón del Colca, sin embargo todos los productos del Perú, son ofertados en Cusco. Así, la oferta de servicios en Cusco es muy variada, existiendo servicios de todos los precios y para todos los gustos. Sin embargo, la capital turística del Perú aun responde a un modelo de turismo de masas. Siendo Machu Picchu, la estrella de esta oferta turística nacional, donde a nadie le habia importado, hasta hace muy poco, la situación en que se desarrollaba la actividad turística en el atractivo, no existen estudios que determinen la capacidad de carga del sitio, y con el alto riego de protestas debido al establecimiento de este limite, nadie se atreve aun a determinarlo. El pueblo de Aguas Calientes (que recibe ese nombre por las aguas termales que existen), es un pueblo que existe únicamente por la actividad turística, sin embargo esta población no ha sabido planificar el desarrollo de la misma, observándose como expresiones de este desorden las construcciones que no se mezclan con el entorno, que responden mas a un ahorro en diseño, reduciéndolo a su expresión más simple al ser todas cuadradas, que a una planificación turística. El estar al pie del monumento, le ha creado a la población de aguas calientes una sensación de propiedad sobre el mismo, habiendo llegado a protestar incluso por la exoneración de pagos que son obligatorios para otros distritos del Perú, bajo la justificación de que deben ser beneficiados para dar un buen servicio y si nos los benefician paralizan las visitas al monumento, es así que este distrito es el único del Perú, que no paga impuestos, no paga el servicio de agua ni luz, todo los ingresos de sus negocios, beneficiados por la exoneración de pagos en servicios, son utilidades para sus dueños. Son estos propietarios y pobladores de aguas calientes los primero que se oponen al ordenamiento de la actividad en Machu Picchu, ya que saben que ello, puede traducirse en un menor flujo de turistas y por lo tanto un menor ingreso en sus negocios. 96 Respecto a la interpretación, muchos turistas (al ser Machu Picchu un atractivo no especializado), no están preparados para la interpretación, y se presentan muchas irregularidades en las explicaciones de los guías “certificados”, pude notar durante la visita que la explicación que recibíamos nosotros de nuestra guía, era diferente a la que recibía un grupo de turistas extranjeros, al que su guía les contaba una historia diferente en ingles. 4.2. EL PARQUE NACIONAL DE MANU Respecto a las operaciones dentro del Parque Nacional del Manu. Antes de hacer algunas observaciones, vale la pena resaltar el hecho de que la visita a estado a cargo de la que sin duda es la operadora más seria, más grande y con mas experiencia en este circuito. Algunas observaciones sobre la operación son las siguientes: Las actividades turísticas en el Parque Nacional del Manu, son las más antiguas en el ámbito de turismo en áreas naturales protegidas, sin embargo no hablamos de una operación Ecoturística, sin no más bien de una operación de Turismo de Naturaleza, Manu Nature Tours, tiene 20 años de experiencia en la zona y en operaciones de Naturaleza. La Infraestructura de los albergues de Manu Nature Tours, a pesar de ser de primera calidad, para un turista exigente, y sin temor a decirlo, las mejores en el ámbito nacional en operaciones de naturaleza, no han dejado de mantener una armonía con el espacio en el cual se desarrollan, no han sacrificado la armonía por la comodidad. La calidad del guiado, es muy buena, todos los guías cuentan con preparación superior, los tres guías que nos acompañaron en el viaje, cuentan con títulos 97 universitarios y para el caso dos de ellos, con especialidades de biología, indispensables para asegurar la calidad de la información que transmiten. Sin ser una institución que debe velar por la seguridad locales, y bienestar Manu de Nature las poblaciones Tours, se ha comprometido con ellas, involucrándolas en las actividades de turismo, porque entiende que ese compromiso facilita su operación, y además que también le permite contar con una herramienta de marketing, para los nuevos mercados de turismo, que buscan una experiencia cercana con las culturas. Convirtiéndose además, en una empresa con Responsabilidad Social, un factor de peso en las evaluaciones de certificación vigentes. Al ser realmente un empresa de punta, la cual aprende de sus debilidades y las fortalece, Manu Nature Tours, al identificar que los tiempos de desplazamiento entre P. N. Manu y Puerto Maldonado, resultan muy largo e incómodos para sus clientes, están desarrollando una nueva embarcación, que permitirá reducir los tiempos de traslados en un 40%, en estos momentos se encuentran construyendo un deslizador de aluminio de 2 motores en Brasil, para mejorar la calidad de su servicio. Eso es ser un emprendedor del Turismo. Existe apenas una observación negativa sobre las operaciones, y es que de acuerdo con los conceptos y directrices internacionales sobre operaciones de turismo de naturaleza y/o ecoturismo, no se deben modificar los hábitos naturales de las especies de fauna, en ambos albergues de la operadora, pudimos observar comederos e incluso especies de fauna, ya malacostumbradas a recibir alimento y que por ello han cambiado su comportamiento natural. Finalmente, es indispensable resaltar el compromiso del dueño de Manu Nature Tours y su diferencia con otros operadores, al aceptar un gran riesgo de inversión en incentivar y desarrollar la actividad turística, solo el albergue de Manu Cloud Forest Lodge, 98 alcanza los 300,000 dólares americanos de inversión, riesgo que pocos empresarios en el Perú se atreven a realizar. Respecto a otras operaciones en el Parque Nacional del Manu, hemos sido testigos de un error que no pasa inadvertido por los ojos de los operadores turísticos y es el albergue de Caiman Tours, el cual, no respeta la armonía con el ambiente, simplemente por un motivo de ahorro en el mantenimiento, un error que desde mi punto de vista, lo coloca en desventaja con otros. Es evidente que una construcción de este tipo reduce los costos de mantenimiento, pero también reduce el atractivo y la calidad misma de la experiencia, que no solo se resumen en caminatas y atractivos naturales. En el caso de la Casa Machiguenga, el mercado objetivo de la operación es distinto al de otras operaciones, en esta experiencia, el cliente no busca necesariamente la comodidad del albergue, si no mas bien enriquecerse con la convivencia con las poblaciones locales. Esta experiencia nos obliga a reflexionar en los impactos que trae el turismo sobre las poblaciones locales. Aquí vale la pena señalar tres aspectos fundamentales: Primero, la modificación de costumbres para amoldarse a las necesidades el cliente (turista), un ejemplo de ello, son las artesanías, dejan de ser realmente utensilios de la vida cotidiana de las poblaciones, en el caso de las flechas, las originales flechas Machiguengas llegan a alcanzar 1.80 metros de largo, sin embargo las que se ofrecen a los turistas, ya no son las originales, sin no mas bien son una copia que responde a una mejor transportación al ser mas pequeñas. Entonces, el turista ya no esta comprando el producto real, sino más bien una mala copia. 99 Segundo, se crea una nueva necesidad en este tipo de culturas, nunca existió la necesidad de tener tanto dinero, sin embargo con la presencia del turismo, observamos precios altos en sus artesanías, estos flujos de dinero que ingresan por las artesanías, mas los ingresos por trabajo en el albergue (nótese que solo se vendían artesanías hechas por el personal que trabajaba en ese momento en el albergue), crean una disponibilidad de efectivo superior a la que las poblaciones estaban acostumbradas y comienzan a crearse nuevas necesidades, comenzando así el proceso de erosión cultural. Tercero, el abismo cultural que aun existe entre los Machiguengas y los turistas, pueden llevar a insatisfacciones en ambos actores. Si recordamos el incidente con los vasos y el refresco que cordialmente y con las mejores intenciones nos ofrecieron. Esa es una situación delicada si fuéramos otro tipo de turistas. Por un lado, el turista podría sentirse mal atendido o que el servicio es de mala calidad al observar los vasos sucios. El Machiguenga, podría ofenderse y sentirse menos si es que el turista no acepta tomar de esos vasos, pudiendo generar esta situación una de tensión entre ambos. Finalmente, las actividades de campamentos, como pudimos observar, cuentan con casi todas las facilidades de un albergue, por lo que resulta difícil de entender porque no han podido construirlos en la zona. Este aspecto responde a una intransigencia de la autoridad para autorizar las construcciones. 5. CONCLUSIONES ¾ El Perú sin lugar a duda, tiene un enorme potencial en cuanto a recursos turísticos corresponde, sin embargo, el producto turístico es mucho más que los simples atractivos, es necesario desarrollar la cultura de los servicios en el Perú, para poder finalmente desarrollar la actividad turística. Una experiencia como la que ha puesto en marcha el gobierno de Brasil, resulta muy atractiva y acertada para establecer un primer paso hacia esta cultura de servicio. ¾ El Gobierno del Perú, esta realizando los primeros esfuerzos para desarrollar el sector turístico, es indispensable, que esta política nacional continué sin importar quien se encuentre de turno en el gobierno, por ello, todos los actores debe dialogar y constituirse en una fuerza para no perder los avances, sobre 100 todo en estos momentos que nos acercamos a un nuevo proceso electoral en el país. ¾ Esta claro que aun en las políticas nacionales se define al Perú como un destino histórico cultural y ahí es donde se están concentrando las actividades del gobierno, siendo el turismo de naturaleza y el ecoturismo aun dejando en un segundo plano, a pesar del fuerte potencial que presentan. ¾ En el Perú, el merito por el desarrollo de la actividades de ecoturismo y turismo de naturaleza son de los empresarios, son ellos quienes han arriesgado e invertido en el desarrollo de estos destinos, es gracias a ellos que ahora se comienza a hablar de un Perú que es mas que ruinas. ¾ El hecho de que las actividades de Turismo vinculadas a espacios naturales, se encuentre normado y manejado por Profesionales de Ciencias, es lo que esta entorpeciendo el proceso de desarrollo, ya que la gran mayoría de ellos no comprende aun el rol del turismo para beneficio estos espacios y aun se encuentran bajo la influencia de movimiento proteccionistas que han representado únicamente fracasos. ¾ Existe una clara confusión entre las actividades de ecoturismo y turismo de naturaleza, que hay que aclarar para evitar la insatisfacción de los clientes al no encontrar el producto que esperaban. ¾ No debemos olvidar que el turismo es mucho más que solo contar con atractivos, ellos existen en todo el mundo, la verdadera diferenciación esta en el desarrollo del producto turístico, que depende fundamentalmente de la interpretación (Enriquecimiento de la experiencia) y el marketing. ¾ Finalmente, recordar que un verdadero empresarios (emprendedor) no espera que el gobierno o la autoridad le de las condiciones para desarrollar su actividad, si no que el mismo es capaz de tomar el riego y realizar la inversión, por supuesto con el debido estudio de la misma. 101 6. BIBLIOGRAFÍA CONAM. (2001) “Aportes para una Estrategia Nacional de Turismo.- Con énfasis en el desarrollo sostenible”. Lima (Perú) 63 Págs. DRUMM, A.; MOORE, A. (2003) “Desenvolvimento do Ecoturismo.- Um Manual para os Profissionais de Conservacao”. The Nature Conservancy. Virginia (USA) Vol. I. 100 Págs. DRUMM, A.; MOORE, A. (2004) “Ecotourism Development.- A Manual for Conservation Planners and Managers” The Nature Conservancy. Virginia (USA) Vol. II. 111 Págs. INRENA. (2003) “Estrategia Nacional para las Áreas Naturales Protegidas.- Plan Director”. Lima (Perú). 85 Págs. MADALENGOITIA, L. (2000) “Ecoturismo Sustentable con Comunidades Indígenas.El Caso de Posada Amazonas y el Centro de Investigaciones Tambopata”. Organización Internacional del Trabajo (OIT) Lima (Perú) 25 Págs. MINCETUR (2004) “PENTUR.- Perú: Plan Estratégico Nacional de Turismo 2005 – 2015”. Ministerio de Comercio Exterior y Turismo. Lima (Perú) 15 Págs. PROMPERU. (2002) “Situación de Ecoturismo en el Perú”. Lima (Perú) 128 Págs. SOLANO, P. (2004) “Manual de Instrumentos Legales para la Conservación Privada en el Perú”. Sociedad Peruana de Derecho Ambiental (SPDA). Lima (Perú) 214 Págs. 102 ANEXO: La Actividad Turística en el Parque Nacional del Manu INTRODUCCIÓN El Sistema Nacional de Áreas Naturales Protegidas por el Estado - SINANPE, es el conjunto de Áreas Naturales Protegidas por el Estado, en todas sus categorías, a cuya gestión se suman las instituciones públicas de nivel nacional, regional y municipal y todos los actores privados vinculados a ellas. A la actualidad, forman parte del SINANPE 61 áreas naturales protegidas. El SINANPE tiene como objetivo contribuir al desarrollo sostenible del país a través de la gestión eficaz de áreas naturales protegidas que conservan muestras representativas de la diversidad biológica, garantizando el aporte de sus beneficios ambientales, sociales y económicos a la sociedad. En la actualidad abarca el 13.74% (17 660 211,88 ha) del territorio nacional. Sin embargo, a pesar de que el Estado reconoce la importancia de las Áreas Naturales Protegidas, el SINANPE enfrenta su reto más grande al tratar de financiar este 13.74% del territorio nacional, dentro de este contexto, la actividad turística representa una oportunidad para alcanzar los recursos financieros necesarios para este fin. HISTORIA DEL PARQUE NACIONAL DEL MANU El Parque Nacional del Manu fue establecido el 29 de mayo de 1973 por Decreto Supremo Nº 0644-73-AG. Está ubicado entre los departamentos de Cusco y Madre de Dios. En 1977 la UNESCO ha reconocido a la RESERVA DE LA BIOSFERA DEL MANU como "PATRIMONIO NATURAL DE LA HUMANIDAD", siendo el Parque Nacional del Manu, la Zona Núcleo de esta Reserva de Biosfera. El Parque Nacional del Manu tiene una superficie de 1`692,137.26 hectáreas y representa gran parte de la diversidad biológica que existe en la Amazonía, debido a la variación altitudinal, desde los 290 hasta casi los 4000 m.s.n.m, posee casi todas las formaciones ecológicas subtropicales del oriente peruano. Sus objetivos de creación son: 103 1. Proteger una muestra representativa de la diversidad biológica, así como de los paisajes de la selva, ceja de selva y de los Andes del Sur Oriente Peruano. 2. Fomentar el turismo y contribuir a su desarrollo en el parque y su ámbito de influencia, sustentando en criterios ecológicos y culturalmente compatibles. 3. Promover y facilitar la investigación, educación y recreación. 4. Contribuir al reconocimiento y protección de la diversidad cultural, así como a la autodeterminación de los pueblos indígenas del área en concordancia con los demás objetivos del Parque. 5. Contribuir a la preservación del patrimonio arqueológico del Parque. 6. Desarrollar una adecuada capacidad de gestión, para la participación y concertación de los diversos actores sociales con el Parque. Desde Cusco parte el camino hacia el Parque Nacional del Manu, el viaje tiene una duración de 9 a 12 horas aproximadamente (hasta las localidades de Atalaya y Shintuya), luego es necesaria una travesía por vía fluvial que dura entre 5 a 6 horas. También, existen vuelos que unen el Cusco con la localidad Boca Manu (30 minutos), luego de lo cual es necesario continuar por vía fluvial (4 a 6 horas). LA ACTIVIDAD TURÍSTICA EN EL PARQUE NACIONAL DEL MANU La actividad turística en el Parque Nacional del Manu, es relativamente nueva en comparación a otros lugares del Mundo, sus inicios se remontan a 1982, en la que impulsados por los resultados de las investigaciones y las maravillas paisajisticas descritas por los investigadores que trabajaron y caminaron en el Parque desde sus inicios, algunos pioneros y visionarios de la actividad turística, deciden desarrollar productos y experiencias para el naciente perfil de turista. Las actividades comienzan, como experiencias para turistas, dispuestos a sacrificar las comodidades de un viaje tradicional por una experiencia única desde el punto de vista natural, donde el esfuerzo físico y la resistencia eran requisitos indispensables, ya que las condiciones eran bastante rústicas, los viajes extremadamente largos, y no existían comodidades, siendo los relatos de sus protagonistas, los principales medios de difusión de la experiencia. 104 Hasta este momento, el SINANPE, aunque reconocía la importancia del turismo en las Áreas Protegidas, no lograba compatibilizar ambos conceptos (Turismo y Conservación). En 1985, aparece la empresa Manu Nature Tours, quienes deciden llevar mas allá la experiencia en el Parque y ampliar el espectro de clientes para este destino, decidiendo mejorar los servicios disponibles en el Parque, así, en 1987, con este claro objetivo y una inversión de dinero, que sobrepasaba cualquier experiencia previa, la empresa abre las puertas del Manu Lodge, primer albergue en el Parque Nacional del Manu, quienes ofrecen comodidad a sus clientes, permitiéndoles ofrecer el destino a una mayor cantidad de turistas. En el año 1993, un documental para televisión, preparado por Alejandro Guerrero, despertó el interés del publico nacional y extranjero por el Parque Nacional del Manu, impulsando el crecimiento de la actividad turística no solo en numero de visitantes, si no también en numero de operadores. De este momento en adelante, y con el oportunismo que caracteriza a la empresa peruana, otras agencias deciden ofrecer el destino de Manu, y comienza el crecimiento de la actividad y la diversificación de los productos en el Parque. A pesar del reconocimiento Mundial del Manu, como destino turístico, las autoridades del Estado no han logrado internalizar el concepto de aprovechamiento indirecto de las Áreas Naturales Protegidas, creando una barrera para el desarrollo de inversión en las mismas, fuertes posiciones proteccionistas presentan argumentos extremistas para interrumpir el desarrollo del turismo. Esta situación impide definir el producto turístico en el parque y establecer reglas de aprovechamiento realmente balanceadas. A pesar de estas situaciones que dificultan el desarrollo de la actividad turística, en el Manu, observamos que cada día, las experiencias y los operadores mejoran, comienzan a entender mejor a sus clientes y su preferencias dentro del producto y son los mismo empresarios quienes comienzan a desarrollar iniciativas que involucran a las poblaciones locales y mejoran el estado de conservación, como pudimos observar en la experiencia del Llama Trek. Son estas iniciativas privadas, las que van a llevar a mejorar el entendimiento y la relación que existe y debe reforzarse entre el Turismo y la Conservación. Es claro que el cambio en las políticas nacionales, vendrá por parte de los empresarios que se comprometen con sus actividades. 105 LOS RECURSOS TURÍSTICOS DEL PARQUE NACIONAL DEL MANU Acjanaco: Sector andino del Parque Nacional del Manu, con alturas que promedian los 4,000 m.s.n.m. Uno de los atractivos naturales que se puede observar es la salida del sol en el Mirador de Tres Cruces, ubicado aproximadamente a 13.5 km del Puesto de Vigilancia de Acjanaco, el acceso se efectúa a través de una Trocha Carrozable. Su apreciación es posible en temporadas de escasa nubosidad y ausencia total de lluvias (mayo a julio). En esta zona se han habilitado dos trochas de vista donde se pueden efectuar caminatas de 3 y 7 horas. Romero: Circuito que se inicia en el Puesto de Vigilancia de Limonal, donde se registra el ingreso de visitantes, allí se encuentra una de las trochas mas largas del Manu, con una distancia aproximada de 8 Km., durante el recorrido se bordea la Cocha Limonal y se puede apreciar la diversidad de flora y fauna del bosque húmedo tropical. Cocha Juárez: Con que un excelente sistema de trochas atraviesan bosques intactos con árboles gigantescos, Juárez es una bella laguna de más de un Kilómetro de largo donde abunda la fauna. La quietud del lugar y los servicios que ahí se ofertan la señalan como un punto importante de visita. Cocha Otorongo: 106 Cocha ubicada a la margen derecha del rió Manu, posee una rica variedad en especies de flora y fauna que son admiradas desde un mirador de 15 metros de altura el que permite apreciar la cocha panorámicamente casi en su totalidad. Cocha Salvador: Una de la más bellas y extensas trochas o laguna, en ella habita una de las familias de lobos de rió (Pteronura) más estables del Manu. En el área circundante a la Cocha hay un sistema de trochas habilitadas para el turismo, en este lugar se ha destinado áreas para campamentos. Los Matsiguenkas han instalado, en esta zona, un hospedaje nativo (Casa Matsiguenka) en el que se refleja el modo de vida de esa etnia amazónica. En esta cocha esta autorizado el uso de un catamarán para preciar la fauna acuática sin perturbar a los animales. Adicionalmente, en el parque Nacional del Manu, existen restos arqueológicos aun no estudiados y otros poco conocidos como son los Petroglifos de Pusharo, ubicados en la región del río Palotoa, las Ruinas de Maneria y Callanga, Todos estos atractivos se encuentras en pleno corazón del Parque. En la actualidad no esta autorizada su visita, hasta que se tenga la evaluación y el cuidado adecuado del patrimonio arqueológico. 107 LA COMUNIDAD MATSIGUENKA Y SU ALBERGUE Los Matsiguenka son un grupo etnolingüístico de la Amazonía peruana que tiene asentamientos dispersos tanto en la zona del río Urubamba como en el río Manu. El patrón de asentamiento de los Matsiguenka es de pequeños poblados con 10 o 15 familias. La ocupación de los terrenos que tienen actualmente data de la época de los incas salvo en los lugares en los cuales se han visto afectados por el desplazamiento de colonos y actividades económicas de la zona (caucheros – inicios de siglo-, madereros, extractores mineros) Para su subsistencia los Matsiguenka realizan labores de caza, pesca y agricultura migratoria (roza y quema). En el Parque Nacional de Manu existen a la fecha dos comunidades de tamaño inusual, Tayakome y Yomibato (con aproximadamente 150 habitantes cada una), estas dos comunidades son el resultado de las migraciones promovidas por organizaciones religiosas (ILV. Instituto Lingüístico de verano). Las comunidades están reconocidas legalmente e inscritas en los registros correspondientes. El proyecto del Albergue turístico de la Casa Matsiguenka es una iniciativa de las comunidades Matsiguenka de Tayakome y Yomibato, con apoyo del proyecto FANPE – GTZ - INRENA. Su principal propósito es buscar que las comunidades locales encuentren una alternativa de ingreso en el marco de un área protegida, así mismo que dichas actividades constituyan un reforzamiento de su identidad cultural. La casa Matsiguenka inicio sus actividades en el año de 1999 y desde esta fecha brinda alojamiento y visitas guiadas a turistas nacionales y extranjeros interesados en una experiencia cultural y de contacto con la naturaleza. En la actualidad los servicios ofrecidos en la Casa Matsiguenka, son pobres comparados con otros albergues en el ámbito nacional, sin embargo, para esta actividad, el cliente busca un intercambio cultural, mas allá de las comodidades, y al igual que los inicios de la actividad en Manu, esta experiencia recién comienza y se encuentra en un proceso de maduración y aprendizaje para perfeccionarse. Esta situación ha significado un reto para las comunidades de Tayakome y Yomibato las cuales gestionan en forma conjunta la administración y garantizan la calidad de los servicios que se brindan. Estas comunidades, se encuentran evidentemente en un 108 proceso de erosión cultural, el cual los esta obligando a cambiar algunos de sus rasgos culturales y enfrentándolos a nuevas necesidades, producto del intercambio cultural con los turistas. El Proyecto aun esta en sus inicios, con tan solo 6 años de trabajo, las comunidades deben aprender ahora a manejar los recursos, entender reglas de turismo como los servicios y evitar los conflictos internos al manejar un albergue que sin dudas ofrecer muchas mejores condiciones a aquellos miembros de la comunidad que se encuentran directamente involucrados en la actividad. CONCLUSIONES ¾ Existen claras diferencias entre los orígenes de la actividad turística en el Parque Nacional del Manu y en la Reserva Nacional Tambopata. En el Manu, la actividad turística aparece como una consecuencia del establecimiento del Área Protegida, En Tambopata, se establece el Área Protegida, como consecuencia de los descubrimientos a partir de la actividad turística. ¾ Sin lugar a dudas, los empresarios turísticos que operan en el Parque Nacional del Manu, juegan y han jugado un papel muy importante en el desarrollo del Área Protegida, y a pesar de las barreras que han encontrado han sido capaces no solo de desarrollar actividades acordes a los objetivos del Parque, si no que han logrado mejorar las capacidades operativas del área a través de la generación de ingresos para la misma. ¾ Es necesario que el estado reconozca la importancia y la necesidad de las actividades dentro de las Áreas Protegidas, de manera que sea posible definir los limites y las características de las operaciones al interior de las mismas. 109 BIBLIOGRAFÍA HUERTAS, B.; García, A. (2003) “Los Pueblos Indígenas de Madre de Dios”. Puerto Maldonado (Perú) PROMANU. (2003). “II Simposio Internacional.- El Manu y otras Experiencias de Investigación y Manejo de Bosque Neotropical” Cusco (Perú) VIDALON, M. (2002) “El Proyecto Casa Matsiguenka – Parque Nacional del Manu”. Lima (Perú) 110