ANÁLISE DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DE TRÊS
MARCAS DE ÁGUAS MINERAIS COMERCIALIZADAS EM
CAMPINA GRANDE – PB
A. S. Braz1, E. D. Silva Filho2, M. T. L. Duarte3, M. A. B. L. D. Monte4, J. S. Silva5, F. A. S.
Gonzaga6
1- Grupo de Pesquisa em Ciências Agrárias e Tecnologia de Alimentos, Campus de Campina Grande – Instituto Federal
da Paraíba, IFPB – CEP: 58400-180 – Campina Grande – PB – Brasil, Telefone: (083) 2102-6200 – Fax: (83) 21026201 – E-mail: [email protected]
2, 3, 4, 5, 6- Idem ao item 1.
RESUMO – Águas minerais são aquelas que por sua composição físico-química são consideradas
benéficas à saúde. Nos últimos anos, a preocupação com a qualidade da água que se consome tem provocado
uma contínua demanda por água mineral em todos os países. Objetiva-se com esse trabalho analisar a
qualidade físico-química de três marcas de águas minerais, com relação aos seguintes parâmetros: pH,
temperatura (°C), alcalinidade (mg/L de CaCO3), cloreto (Cl-), acidez carbônica (em termos de CaCO3),
cloro total (mg/L) e condutividade elétrica (μS/cm a 25 °C). Todos os resultados foram obtidos em triplicata,
com análise estatística. A partir dos dados levantados, pode-se concluir que o pH e a acidez carbônica estão
fora dos padrões estabelecidos pela legislação, portanto, as três marcas não podem ser destinadas ao
consumo humano.
ABSTRACT – Mineral waters are those that by their physical and chemical composition are considered
beneficial to health. In recent years, concern about the quality of water that is consumed has caused a
continuous demand for mineral water in all countries. The objective is to analyze the physical and chemical
quality of three brands of mineral water, with respect to the following parameters: pH, temperature (°C),
alkalinity (mg/L of CaCO3), chloride (Cl), carbonic acid (in terms of CaCO3) total chlorine (mg/L) and
electrical conductivity (S/cm at 25 °C). All results were obtained in triplicate, using statistical analysis.
From the data collected can be concluded that the pH and carbonic acid are outside the standards established
by law, so the three marks may not be intended for human consumption.
PALAVRAS-CHAVE: água, determinação, triplicata, estatística, legislação.
KEYWORDS: water, determination, triplicate, statistics, legislation.
1. INTRODUÇÃO
A água é uma substância líquida incolor, inodora e insípida, essencial para a vida da maior parte
das espécies, inclusive a humana. É a substância mais abundante da natureza, ocorrendo nos rios, lagos,
oceanos, mares e nas calotas polares. Nos últimos anos, a preocupação com a qualidade da água que se
consome, decorrente da poluição progressiva das águas, tem provocado uma contínua demanda por água
mineral em todos os países (COELHO et al., 1998). Para um bom funcionamento de nossas funções vitais,
devemos ingerir cerca de dois litros de água por dia, a qual não deve conter vírus, parasitas e bactérias,
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porque pode acarretar doenças como diarreia, hepatite, cólera, cáries, dentre outras. A mais recomendada
para o consumo é a água mineral que, segundo o Código Nacional de Águas Minerais (Decreto de Lei nº
7841, de 8 de agosto de 1945), possui composição química ou físico-química considerada benéfica a saúde.
A água destinada ao consumo humano deve ser potável, destinada à ingestão, preparação e
produção de alimentos e à higiene pessoal, independentemente da sua origem. Portanto, de acordo com a
portaria de número 2914 do Ministério da Saúde, a água tratada deve estar submetida a processos físicos,
químicos ou à combinação destes, visando atender ao padrão de potabilidade, que é o conjunto de valores
permitidos como parâmetros da qualidade da água para consumo humano (BRASIL, 2011).
Visando à necessidade de se encontrar tal uniformidade no produto então disponível no mercado, o
presente trabalho tem como objetivo realizar a análise da qualidade físico-química de três marcas de águas
minerais, com relação aos seguintes parâmetros: pH, temperatura (°C), alcalinidade (mg/L de CaCO 3),
cloreto (Cl-), acidez carbônica (em termos de CaCO3), cloro total (mg/L) e condutividade elétrica (μS/cm a
25°C) através da metodologia investigativa e experimental.
2. MATERIAL E MÉTODOS
As amostras foram obtidas em supermercados da cidade de Campina Grande – PB e a pesquisa
científica realizada no Laboratório de Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da
Paraíba (IFPB) campus Campina Grande. Os parâmetros físico-químicos das águas foram determinados
seguindo as metodologias do manual do Instituto Adolf Lutz (BRASIL, 2008) e da portaria de nº 2914 do
Ministério da Saúde (BRASIL, 2011): o pH, pelo método potenciométrico, com o medidor de pH da marca
Instrutemp, modelo ITPH-2000; a temperatura, com uso de termômetro digital, com uma casa decimal de
precisão, determinada em °C; a alcalinidade, pelo método volumétrico, em unidades de mg/L de CaCO3; o
cloreto, pelo método de Mohr, em mg/L de Cl-, a acidez carbônica, por titulometria, com resultados
expressos em termos de CaCO3; o cloro total, através da cloração da água, com equipamento portátil de
marca HANNA INSTRUMENTS 727 a 20°C, em mg/L; e a condutividade elétrica, através do condutivímetro
portátil da Lutron, modelo CD–4303 com resultados expressos em μS/cm a 25°C.
Todos os resultados foram obtidos em triplicata. A análise de variância foi aplicada para testar se
houve diferenças significativas. A análise estatística dos dados obtidos experimentalmente foi realizada
usando-se o programa computacional ASSISTAT (SILVA & AZEVEDO, 2006).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Têm-se, na tabela 1, os valores médios e os coeficientes de variação das três amostras de águas
minerais.
Tabela 1. Experimentação físico-química de três marcas de águas minerais comercializadas em
Campina Grande – PB, no ano de 2014.
Amostra
Parâmetro
pH
Realização
A
B
C
4,8 a
5,61 b
Média
Valor máximo
permitido
C.V. (%)
5,1
9,5
0,13
4,9 a
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Temperatura (°C)
25,9 a
24,7 b
25,8 a
25,5
–
0,29
Alcalinidade (mg/L
de CaCO3)
5,0 a
5,7 a
4,66 a
5,11
–
14,5
Cloreto (mg/L de Cl-)
49,9 a
46,6 a
41,6 a
46,1
250
20,45
Acidez Carbônica
(em termos de
CaCO3)
37,3 a
30,3 b
31,3 ab
33
10
7,82
Cloro total (mg/L)
0,03 b
0,07 a
0,07 a
0,06
0,01
15,71
Condutividade
Elétrica (μS/cm a
59 b
79,5 a
62,8 b
67,1
–
8,84
25°C)
Obs.: Médias seguidas das mesmas letras minúsculas nas colunas não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a
5% de probabilidade.
O valor médio do pH foi de 5,1, típico de pH ácido. O potencial hidrogeniônico diz respeito à
quantidade de hidrogênio ionizável (H+) presente numa solução, que indica o nível de acidez, neutralidade ou
basicidade de uma substância. O valor obtido encontra-se fora da faixa permitida pela legislação brasileira,
que estabelece um valor mínimo de pH igual a 6 à 9,5 (BRASIL, 2011). Águas com pH inferior a esse valor
tendem a ser corrosivas com alguns metais e o concreto . Apenas a amostra (b) diferiu estatisticamente das
demais pelo teste de Tukey a 5% de significância entre si.
A temperatura da água foi de 25,5°C. A mesma é um parâmetro importante, pois pode acelerar ou
retardar a atividade biológica. Sua redução aumenta a viscosidade da água e seu aumento favorece a
precipitação de sais de cálcio. O valor obtido está de acordo com o Artigo VIII do Código de Águas Minerais
(Decreto de Lei nº 7841, 8 de agosto de 1945). A marca (b) diferiu estatisticamente das demais marcas.
A alcalinidade resultou num valor médio de 5,11 mg/L de CaCO3. O parâmetro é a capacidade da
água em neutralizar os ácidos, dada pelo somatório das diferentes concentrações de hidróxidos, carbonatos e
bicarbonatos existentes (BRASIL, 2011). De acordo com Pádua (2010), o parâmetro indica também a
presença de sais minerais e/ou outros minerais dissolvidos, sendo medidos em mg/L. As amostras não
diferiram estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de significância entre si.
O cloreto apresentou valor médio de 46,1 mg/L de Cl-. Na forma de íon de Cl-, o parâmetro é um
dos principais constituintes aniônicos das águas e afluentes. Nas águas doces, sua presença ocorre
naturalmente ou pode ser decorrente de poluições por parte da água do mar, esgotos domésticos, ou despejos
industriais (BECKER, 2008). O valor encontra-se de acordo com a portaria de nº 2914 do Ministério da
Saúde (BRASIL, 2011) que permite um teor máximo de 250 mg/L do referido íon. Todas as marcas estão
estatisticamente iguais pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
A acidez carbônica demonstrou valor médio de 33 mg/L de CaCO3. Segundo Medeiros et al.,
(2013), a acidez da água depende do pH e está ligada à presença de gás carbônico (CO2), que estará presente
somente para pH entre 4,4 e 8,3, pois, abaixo do valor mínimo, a acidez decorre da presença de ácidos fortes,
geralmente incomuns em águas naturais. O valor médio encontra-se de fora com a legislação brasileira, que
recomenda, no máximo, 10 mg/L de CaCO3 para água mineral. A amostra A diferiu estatisticamente da
amostra B, e a amostra C está estatisticamente igual entre as marcas A e B, pelo teste de Tukey a 5% de
significância entre si.
Observa-se que o valor médio de cloro total foi de 0,06 mg/L. Apesar de o cloro estar fora do
padrão estabelecido pela resolução de nº 357 de 17 de março de 2005 (CONAMA), que estabelece no
máximo 0,01 mg/L, o valor obtido experimentalmente é aceitável, pois trata-se do princípio de potabilidade
da água. A amostra A diferiu estatisticamente das demais pelo teste de Tukey a 5% de significância entre si.
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A condutividade elétrica resultou num valor médio de 67,1 μS/cm a 25°C. Segundo Araújo et al.,
(2011), a condutividade elétrica está relacionada com a presença de íons dissolvidos na água, que são
partículas carregadas eletricamente. A condutividade é a capacidade da água em conduzir corrente elétrica
dependendo, portanto, de seu pH e de sua temperatura. O valor representa uma baixa condutividade,
corroborando com o baixo teor de íons cloretos. A amostra B diferiu estatisticamente das marcas A e C pelo
teste de Tukey a 5% de significância entre si.
4. CONCLUSÃO
A partir do levantamento experimental de dados, pode-se concluir que as três marcas de águas
minerais estão fora dos padrões estabelecidos pela legislação brasileira, pois apresentaram alguns valores
adversos à mesma. Assim sendo, os produtos não podem ser comercializados, tampouco destinados ao
consumo humano.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, G. F. R.; TONANI, K. A. A.; JULIÃO, F. C.; CARDOSO, O. O.; ALVES, R. I. S.; RAGAZZI,
M. F.; SAMPAIO, C. F.; SEGURA-MUNOZ, S. I. Qualidade físico-química e microbiológica da água para
o consumo humano e a relação com a saúde: estudo em uma comunidade rural no estado de São Paulo. O
Mundo da Saúde, São Paulo: v.35, nº1, p.98-104, 2011.
BECKER, H. Controle Analítico de Águas. Fortaleza – CE, Versão nº 4, p. 46, 2008.
BRASIL. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA (2005). Resolução nº 357 - 17 de
março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras
providências.
BRASIL. Portaria nº 2914 de 12 de dezembro de 2011 do Ministério da Saúde. Dispõe sobre os
procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de
potabilidade.
BRASIL, Lei nº 7841, de 8 de agosto de 1945. Estabelece as características de composição e propriedades
para classificação como água mineral pela imediata atribuição de ação medicamentosa. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, Seção I, p. 3-9, 1998.
COELHO, D. L.; PIMENTEL, I. C.; BEUX, M. R. Uso do método cromogênico para quantificação do NMP
de bactérias do grupo coliforme em águas minerais envasadas. Bol. CEPPA, v.16, n.1, p.45-54, 1998.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos químicos e físicos para análises de alimentos. 4ª ed. São Paulo:
Versão eletrônica, 1020 p. 2008.
MEDEIROS, M. A.; SILVA FILHO, E. D.; GONZAGA, F. A. S.; FAUSTINO, S. N. Caracterização físicoquímica da água dos poços artesianos do distrito de Galante, situado no município de Campina Grande-PB.
VIII Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e inovação, Salvador-BA, 2013.
PÁDUA, H. B. Água - Parte II. 2010. Artigo em Hypertexto.
SILVA, F. A. S.; AZEVEDO, C.A. V. A New version of the Assistat-statistical assistance software. In:
WORLD CONGRESS ON COMPUTERS IN AGRICULTURE 4., Orlando. Anais... Orlando: American
Society of Agricultural Engineers, 2006. p. 393-396.
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Análise Físico-Química de três águas minerais