0 ESTUDO DE CASO CLÍNICO RETROSPECTIVO E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UMA PACIENTE GRÁVIDA PORTADORA DE LUPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO BENASSULY, Ewerton A. JORGE, Marta Alice Sá ARAÚJO, Renato Pereira SANTOS, Sara Negreiros RESUMO Há alguns anos, as mulheres com Lupus Eritematoso Sistêmico (LES) eram desaconselhadas a engravidar devido aos riscos de uma exacerbação da doença e abortamento. A perspectiva para pacientes com LES que contemplam a gravidez melhorou nos últimos anos, mas ainda há possibilidade de morbidade significativa para a mãe e o feto. Deste modo, objetivam os autores atualizar os conhecimentos a cerca do binômio LES e gravidez destacando de que maneira a gravidez pode alterar o curso da doença e de que forma a doença pode interferir nos resultados gestacionais. Observou-se que o LES durante a gravidez pode representar um desafio diagnóstico. As principais entidades clínicas encontradas são: pré-eclâmpsia sobreposta a nefrite lúpica. Conclui-se que, com avaliação clínica cuidadosa, correta interpretação de dados laboratoriais, acompanhamento com equipe multidisciplinar e instituição de terapêutica adequada e oportuna, na maioria dos casos o resultado da gravidez tende a ser próspero. Apesar disso as controvérsias sobre o assunto persistem, necessitando de esclarecimento quanto aos efeitos do LES sobre a gravidez e vice-versa. Para esclarecer estas dúvidas a nossa pesquisa foi direcionada à pacientes lúpicas grávidas internadas na enfermaria de alto risco do Hospital Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, onde se realizou um estudo de caso retrospectivo em uma paciente portadora de LES desta mesma enfermaria. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 1 ABSTRACT There are some years, the women with Lupus Erithematosus Systemic (SLE) they were inadvisable the to be pregnant due to the risks of an exacerbation of the disease and losses. The perspective for patients with SLE that contemplate the pregnancy it improved in the last years, but there is still possibility of significant morbididy for the mother and the fetus. This way, they objectify the authors it to modernize the knowledge concerning the binomial SLE and pregnancy highlighting that way the pregnancy can alter the course of the disease and that forns the disease it can interfere en the pregnancy outocome. It was observed that SLE it during the pregnancy it can represent a challenge diagnosis. The main found clinical entities are: putupon preeclampsia and nephritis. The conclusion is that, with the careful clinic righj data’s interpretation of the laboratories, attendance with a group and multidisciplinary’s institution suitable and oppontune, in the most of the cases, the pregnancy’s results can be thriving in inspite of. The controversy about the topic remain, requiring crearing by the SLE effeuj about the pregnancy and vise-versa. To clear this doubts, our research gave attention to with lupus pacient pregnants interneds in the high risks infirmary of the Hospital Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, where was realized a research of the retrospective’s case in a pacient that got SLE in the same infirmary. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 2 ESTUDO DE CASO CLÍNICO RETROSPECTIVO E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UMA PACIENTE GRÁVIDA PORTADORA DE LUPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO BENASSULY, Ewerton A. JORGE, Marta Alice Sá ARAÚJO, Renato Pereira SANTOS, Sara Negreiros 1. INTRODUÇÃO Há alguns anos as literaturas referiam que mulheres portadoras de Lupus Eritematoso Sistêmico (LES) não poderiam engravidar, caso engravidassem, deveriam realizar aborto. É claro que estas conclusões antigas estavam totalmente equivocadas. O binômio LES e gravidez não diminui a fertilidade das pacientes, exceto as que fazem uso de agentes alquilantes. É importante ressaltar que as gestações de pacientes com LES devem sempre ser encaradas como de “Alto Risco”, apesar de algumas terem o percurso gravídico sem complicações. Estudos recentes em pacientes lúpicas sugeriram que a gravidez pudesse ser perigosa tanto para a mãe quanto para o feto, porém observações atuais deixam bem estabelecido que as gravidezes têm um resultado favorável na maioria dos casos. Tal êxito deve-se ao desenvolvimento de novas técnicas para a detecção de autoanticorpos, que permitiram um diagnóstico precoce da doença, utilização de drogas imunossupressoras com menor toxicidade, bem como uma adequada monitorização obstétrica da mãe e do recémnascido. Dessa forma, pode-se considerar que houve aumento na freqüência de gestações em mulheres portadoras de lupus, conseqüentemente o foco das atenções passou a se concentrar em duas questões mais carentes de informações, como: os efeitos da gravidez sobre o LES e os efeitos do LES sobre a gravidez, Carvalho (2000). As controvérsias sobre o assunto persistem. É importante que se faça a distinção entre os sintomas que poderiam sinalizar uma exacerbação da doença, das mudanças características do organismo em uma gravidez normal. Para alguns autores a gravidez influencia de maneira adversa o curso da doença, levando a uma exacerbação da atividade lúpica. Entretanto, a maioria dos estudos recentes bem controlados não tem demonstrado aumento da exacerbação do LES, tanto em qualquer trimestre da gravidez como no puerpério. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 3 Para Carvalho (2000) a ocorrência de LES ou sua exacerbação no período gravídico está amplamente relacionada com um aumento na freqüência de abortamentos tardios, mortalidade perinatal, crescimento intra-uterino restrito, trabalho de parto prematuro, lupus neonatal, podendo também estar relacionada a uma maior pré-disposição à pré-eclâmpsia. Alguns autores sugerem a utilização profilática de corticosteróides para prevenir a exacerbação do LES na gravidez, outros autores não vêem vantagens no uso profilático de esteróides. Geralmente, pacientes com doença estável ou inativa, mantêm esta situação durante a gravidez. Por outro lado, as que engravidam com doença em atividade ou com diagnóstico feito durante a gravidez demonstram tendência à piora clínica e laboratorial. Tendo em vista a importância do tema exposto, o presente trabalho realiza um estudo retrospectivo acerca da assistência de enfermagem e das inter-relações do binômio LES e gravidez, visto que traduz-se de grande importância para os profissionais da área da saúde, sobre tudo para os que atuam na clínica de gestação de alto risco, pois estes detêm uma visão objetiva, clara de como cuidar de uma paciente grávida portadora de LES, tomando decisões concisas, coerentes e práticas no que diz respeito a assistência sistematizada de enfermagem. Este estudo propõe-se a discutir e adotar estratégias que busque minimizar o medo, ansiedade em lidar com uma grávida luéptica de alto risco internada na enfermaria de gestação de alto risco no Hospital Fundação Santa Casa de Misericórdia. Busca-se primordialmente fazer uma avaliação minuciosa das ações práticas de enfermagem a partir do processo e diagnóstico de enfermagem através das prováveis necessidades humanas básicas da cliente em questão. Sua relevância dá-se a culminar com a análise das dificuldades encontradas para delimitar as ações de enfermagem sobre a grandiosidade e complexidade da patologia em questão. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 4 2.OBJETIVO 2.1. OBJETIVOS GERAIS v Realizar estudo de caso clínico retrospectivo, sobre a assistência de enfermagem à uma paciente grávida portadora de Lupus Eritematoso Sistêmico. 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: v Mostrar como se dá o binômio LES e gravidez. v Descrever as ações de enfermagem na clínica de gestação de alto risco à uma cliente grávida portadora de LES. v Elaborar um plano de ações e cuidados à paciente grávida portadora de LES tomando por base o processo de diagnóstico de enfermagem. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 5 CAPÍTULO I 1.REFERENCIAL TEÓRICO 1.1.CONCEITO O Lupus Eritematoso sistêmico (LES) trata-se de uma doença inflamatória crônica do tecido conectivo, caracterizada pela perda de tolerância imunológica a vários auto antígenos, resultando em agressão tissular, mediada por lesões vasculares multissistematizdas (Neme, 1995). Contudo para Carvalho (2000), o Lupus Eritematoso Sistêmico é uma doença inflamatória crônica auto imune, que pode afetar múltiplos órgãos e sistemas, caracterizadas por períodos de exacerbações e remissões, que mais acomete o período gestacional. No entanto entende-se que o LES é uma patologia que acomete o sistema imunológico e tem as suas origens ainda desconhecidas, que segundo o autor e estudos realizados pode acometer qualquer raça sendo mais comum em não brancos. 1.2.INCIDÊNCIA, EPIDEMIOLOGIA e ETIOPATOGENIA O LES pode ser encontrado em qualquer faixa etária, porém têm uma maior incidência em adultos jovens, com predileção pelo sexo feminino. Dessa forma a presença de gravidez nestas pacientes não é incomum. Além disso, 90% das mulheres se encontram em idade reprodutiva. Em crianças pré-púberes e em idosos o predomínio do sexo feminino não é tão acentuado (Sato, 2001). De etiologia, provavelmente, multifatorial, admite-se que o envolvimento de diversos fatores como hormonais, ambientais, infecciosos e/ou estresse psicológico em indivíduos geneticamente predispostos possa levar ao desencadeamento da doença (Sato, 2001). A patogenia envolve tanto a imunidade celular quanto a humoral, havendo desequilíbrio no sistema imunológico que é caracterizado por ativação policlonal do linfócito Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 6 B, perda de tolerância imunológica, com presença de clones T helper auto-reativos, defeitos intrínsecos e funcionais dos linfócitos T e irregularidades bioquímicas que resultam em produção de auto-anticorpos, os quais reagem com antígenos tissulares, havendo formação de imunocomplexos, ativação do sistema complemento e conseqüentemente processo inflamatório, responsável pelas manifestações clinica da doença (Schur, 1997). 1.3. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O LES apresenta aspecto clínico vasto e polimórfico, segundo Neto (2000). Segundo Filho (1998) os pacientes com LES apresentam manifestações cutâneas, mucosas, renais, articulares, hematológicas e neurológicas, associadas a diferentes combinações. Podem surgir manifestações cutâneas como exantema que é caracterizado por ser sobrelevado, eritematoso, podendo ser discretamente pruriginoso e doloroso, freqüentemente desencadeado por exposição solar, com distribuição em região malar (lesão “em asa de borboleta”) e ponta do nariz (Figura 1), podendo ser observado, ainda no queixo, pavilhão auricular, tórax, dorso superior e porção lateral dos braços (Figura 2). Eritema telangectásico das palmas das mãos e leitos ungueais, alopecia frontal, cabelos quebradiços na fronte e difusamente afinados, também podem ser encontrados, (Carvalho, 2000). FIGURA 1- lesão em asa de borboleta Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 7 FIGURA 2 – lesão em membros superiores A fotossensibilidade é queixa muito freqüente em nosso meio. Segundo Carvalho(2000), a fotossensibilidade pode levar a um aumento do exantema, havendo piora após exposição solar intensa. Úlcera de mucosas, geralmente indolor, pode ser encontrada no palato dura ou septo nasal, podendo até mesmo apresentar perfurações. As úlceras nasais podem ser encontradas em 20% das pacientes, localizam-se no septo nasal e tendem a ser bilaterais. Segundo Carvalho (2000) as ulcerações são incomuns e, em geral, não percebidas pelas pacientes. A perfuração nasal é rara e, possivelmente, secundária a vasculite. A vasculite costuma ocorrer em artérias de pequeno calibre, afetando, principalmente, a mucosa oral e nasal, bem como polpas digitais de mãos e pés, (Carvalho, 2000). A vasculite necrotizante, que pode levar ao aparecimento de gangrena visceral e de extremidades, é pouco freqüente, porem quando presente é catastrófica, Carvalho (2000). As manifestações articulares são caracterizadas por artrite de pequenas articulações das mãos, punhos, joelhos e tornozelos freqüentemente simétricos e de caráter recidivante, tem menor probabilidade de provocar erosões ósseas e/ou deformidades permanentes. Para Carvalho (2000) a anemia da paciente lúpica pode ser determinada por alguns fatores, dentre eles: Reflexo do processo inflamatório, perda sanguínea, insuficiência renal, ação de Medicamentos, hemólise por mecanismos imunes. Trata-se de uma anemia normocítica e normocrômica, com baixa contagem de reticulócitos e baixos níveis sorológicos de ferro. A anemia pode ser um reflexo da perda aguda ou crônica através do Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 8 trato gastrointestinal, secundária ao uso de medicamentos. Observou-se também, aplasia das células vermelhas resultante, provavelmente, da ação de anticorpos dirigidos aos Eritroblatos. A anemia hemolítica acontece em uma pequena proporção, nos casos de elevada contagem de reticulócitos. A leucopenia e a linfopenia são devidas aos anticorpos específicos contra antígenos da membrana dos leucócitos e linfócitos, costumam ocorrer na fase ativa da doença e o mielograma mostra celularidade normal, (Carvalho, 2000). A mais comum e significante complicação hematológica do lupus é a trombocitopenia, Carvalho (2000). Quando ocorre na gravidez, encontram-se alguns problemas especiais: a)Risco aumentado de hemorragias significativas durante o parto, portanto, haverá sempre necessidade de tratamento. b)Estão contra-indicado na gravidez o uso de ciclofosfamida e esplenectomia, por ocasionar anomalias fetais. c)Há um tempo limitado para avaliar a eficácia da terapêutica. d)O concepto pode ser afetado. Nas pacientes grávidas portadoras de LES, a trombocitopenia pode estar relacionada a uma entidade designada síndrome de anticorpos antifosfolípides (SAAF). O comprometimento renal é caracterizado pela presença de proteinúria (>0,5g /24horas), cilindrúria anormal e aumento dos níveis séricos de creatinina, estando relacionado com o mal prognóstico da doença. Em pacientes acometidas por doença renal, a proteinúria pode aumentar durante a gravidez devido a um aumento fisiológico da filtração glomerular, ao aparecimento de préeclâmpsia ou exacerbação da atividade do lupus. Uma das apresentações clínicas mais problemáticas do lupus são as várias formas de doença renal. A glomerulonefrite proliferativa é a mais séria. Está associada com a síndrome nefrótica e com a insuficiência renal, que pode ser fatal. A nefrite mesangial, geralmente, é uma alteração benigna que raramente progride. A glomerulonefrite membranosa pode estar associada a proteinúria severa. Embora tenha maior tendência a piorar do que a nefrite mesangial, é considerada lentamente progressiva. Os sistemas nervoso central e periférico podem ser acometidos por manifestações clínicas bastantes variadas que incluem: cefaléia refrataria, convulsões, neuropatias cranianas, distúrbios do movimento, neuropatia periférica e/ou alterações psiquiátricas (psiconeurose, psicose e síndrome cerebral orgânica), Carvalho (2000). Mielopatias são citadas como uma Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 9 doença associada, embora raras, em pacientes com LES, e o envolvimento do nervo óptico é excepcional. Os achados de envolvimento pulmonar como manifestações do LES são incomuns. A pleurite lúpica caracteriza-se por dor torácica que piora a inspiração, com ou sem dispnéia. Os derrames pleurais são poucos volumosos, tendem a ser de exudato e a sua presença ajuda a selar o diagnóstico. É incomum a presença de derrame pleural extenso como manifestação primária do LES. A pericardite é geralmente branda, onde a queixa de precordialgia, acompanhada de atrito pericárdico ou abafamento das bulhas cardíacas, sugere pericardite com derrame pericárdico, ocasionalmente pode haver tamponamento cardíaco, por isso o paciente deve ter um acompanhamento. 1.4.DIAGNÓSTICO CLÍNICO O diagnóstico do LES é feito por um conjunto de manifestações clínicas e alterações laboratoriais. Com finalidade de homogeneizar grupos de pacientes para estudos, utilizam-se mundialmente, os critérios propostos pela Associação Americana de Reumatologia (AAR), de 1982, modificado em 1997 (FIGURA 3). A presença de quatro ou mais destes critérios têm eficiência diagnostica de 96%, (Carvalho, 2000). v Lesão discóide v Eritema malar v Artrite não erosiva v Fotossensibilidade v Úlcera de mucosa oral ou nasal v Pericardite ou pleuris v Comprometimento neurológico:psicose ou convulsão v Comprometimento renal: proteinúria > 0,5 g/24 horas ou cilindrúria anormal v Comprometimento hematológico: anemia hemolítica, leucopenia < 4.000 cel/mm3, Linfopenia <1.500 cel/mm3 e/ou plaquetopenia < 100.000 cel/mm3. v Anticorpo antinuclear positivo v Presença de anticorpo antifosfolípides , anti-Sm e/ou anti-DNA-nativo. FIGURA 3 : Critérios diagnósticos de LES da AAR segundo Sato ( 2000 ), Sato ( 1998 ), Carvalho (2000 ) e Duerbeck e Coney ( 1997 ). 1.5.DIAGNOSTICO LABORATORIAL Os exames laboratoriais são dirigidos fundamentalmente para manifestações hematológicas, sorológicas e urinarias da enfermidade. No LES os títulos de anticorpos Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 10 antinuclear são quase sempre positivos, apresentando altos níveis séricos, (Carvalho, 2000). Alguns auto-anticorpos são cruciais para os resultados fetais e/ou eventos no neonato. Os mais importantes deles são: anticorpos antifosfolípides, anti Ro/SSA, anti La/SSB, anti-DNAnativo, Reichlin (1998). Anticorpo anti-DNA-nativo: é considerado marcador especifico do LES. Além disso, os títulos destes anticorpos, indubitavelmente, estão associados à atividade da doença, especialmente na nefrite, entretanto sua sensibilidade é baixa. De acordo com Reichlen (1998) a presença ou ausência da atividade do lupus é um dos principais determinantes do efeito da doença sobre o feto, dessa forma a presença de antiDNA-nativo, especialmente em títulos ascendentes, pode ser associada à atividade aumentada da doença. Se esta situação não é combatida com terapia apropriada e vigorosa, aumentam as chances de um resultado fetal desfavorável. Anticorpos anti-Ro/SSA e anti-La/SSB: estão relacionados com o lupus neonatal, não são específicos para LES, sendo encontrados com bastante freqüência em pacientes com Síndrome de Sjögren, (Sato, 2001). Anticorpo anti-U1RPN (complexo ribonucleoprotéico de RNAs pequenos ricos emuracila ): é inespecífico, presente em 40% dos casos de LES. Anticorpo anti-Sm: é considerado de alta especificidade para o LES, porem de baixa sensibilidade (30%). Ambos não são reconhecidos como representando algum papel especial no curso da doença durante a gravidez ou qualquer efeito no feto, (Sato, 2001). Anticorpos para a proteína P ribossomal são também considerados específicos para o LES, mas sua prevalência é muito baixa (<10%). Este anticorpo não tem sido estudado na gravidez. A figura 4 lista a característica dos auto-anticorpos específicos para o lupus e gravidez. Anticorpo para Doença Efeito Fosfolipídeo (B2 glicoproteína) LES Perda fetal recorrente SAAF Insuficiência placentária Ro ( SSA ), La ( SSB ) LES Lupus neonatal S. Sjögren DNAn LES Quando ele varia pode sugerir Doença ativa e resultado fetal Desfavorável U1RNP LES, Efeito não conhecido na DMTC* gravidez Sm LES Efeito não conhecido na gravidez Proteína P ribossomal LES Sem estudo de avaliação FUGURA 4 – Auto- anticorpos do LES na gravidez.*DMTC: Doença mista do tecido conectivo Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 11 Segundo Carvalho (2000), testes laboratoriais de pacientes com LES podem demonstrar anemia de graus variados típicos de doenças crônicas, podendo apresentar hemólise severa. Pode encontrar também leucopenia (3000 a 5000 leucócitos/mm3). O hematócrito nas pacientes com lupus está em torno de 30%, enquanto que nas grávidas, está em torno de 20%. A velocidade de hemossedimentação (VHS) está quase sempre elevada Há aumento das células B e diminuição da função T supressora, na função do macrófago, nos receptores do complemento de superfície celular. Os níveis de complemento hemolítico funcional total (CH50) são a medida mais sensível da ativação do complemento. Os níveis quantitativos de C3 e C4 variam bastante, o complemento sérico é freqüentemente reduzido em pacientes com glomerulonefrite ativa e, tipicamente normal em pacientes com LES não renal-ativo, (Carvalho, 2000). Neto (2000) cita em seus estudos que quando as concentrações de complemento são normais ou levemente diminuídas, a gravidez tem um bom prognóstico e a sobrevida fetal é alta. A hipocomplementenemia se associa com um mal prognóstico tanto para o curso da doença como para o feto. A biópsia pode ter importante papel na intensidade das lesões provocadas pela enfermidade. A biópsia renal é útil para diferenciar as várias formas de nefropatias e é de grande utilidade tanto na conduta terapêutica quanto para o prognóstico da enfermidade, (Carvalho, 2000). 1.6. ASPECTOS MORFOLÓGICOS Filho (1998) retrata que as lesões mais freqüentes são de natureza inflamatória e se devem à deposição ou formação in situ de imunocomplexos nos tecidos, seguidas de ativação do complemento; no entanto, outros mecanismos patogenéticos devem estar envolvidos. A lise de células sanguíneas circulantes é devida à ação de anticorpos citotóxicos, via complemento; a possibilidade de existirem anticorpos citopáticos que induzem disfunção celular não está descartada, especialmente para explicar as alterações neurológicas. Na pele,nas áreas de eritema, encontram-se : a) acantose irregular alternada com áreas de hipotrofia da epiderme; b) hiperceratose, que se estende aos folículos pilosos (tampões córneos); c) vascuolização das células da camada basal; d) espessamento da membrana basal; Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 12 e) infiltrado de mononucleares em torno dos vasos da derme superficial e, ás vezes, das glândulas sudoríparas. Na pele sem lesão e não exposta ao sol, podem-se demonstrar depósitos de imunoglobulinas e complemento na membrana basal. Nos rins, forma-se glomerulonefrite de intensidade e gravidade variadas, classificadas pela OMS em cinco graus: I)rim normal; II)glomérulos normais, mas com depósitos de imunoglobulinas e complemento na membrana basal e/ou no mesângio, demonstrados pela imunoflorescência; III) glomerulonefrite segmentar e focal, ou proliferativa, podendo se acompanhar de necrose ou esclerose, isoladas ou associadas;nefrite intestinal focal; IV) glomerulonefrite proliferativa difusa; V) glomerulonefrite membranosa. No sistema nervoso, são encontradas vasculite e trombose ou trombose hialina sem vasculite, resultando em microinfartos do tecido nervoso. Lesões funcionais produzidas por anticorpos antineurônio são suspeitas, mais ainda não confirmadas. No baço observa-se fibrose concêntrica em torno das arteríolas centrofoliculares. No coração, encontra-se endocardite verrucosa, arterite por imunocomplexos nas coronárias e aceleração de lesões ateroscleroticas. Nas articulações e nas serosas, as lesões são de natureza inflamatória e parecem relacionadas aos depósitos de imunocomplexos. 1.7.EFEITO DA GRAVIDEZ SOBRE O LES Há duas preocupações no que concerne aos efeitos da gravidez sobre o LES. A primeira é se a manifestação clínica e sorológica do LES seria exacerbada pela gravidez, a segunda é se a placenta e o feto podem se tornar alvos específicos de ataques pelos anticorpos maternos, resultando em falha generalizada da manutenção da gravidez, (Hahn, 1990). A exacerbação do LES e da doença renal em particular, pode ser um diagnóstico difícil na paciente grávida, porque os sintomas que poderiam sinalizar uma exacerbação também podem ser características comuns de uma gravidez normal, (Sato, 2001). E é por isso que é importante distinguir os sintomas de uma crise de lupus das mudanças normais do organismo durante a gravidez. Apresentamos algumas mudanças fisiológicas da gravidez e que podem confundir a avaliação da atividade do LES, (Sato, 2001): Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 13 v Anemia “fisiológica moderada” devido a hemodiluição decorrente do aumento da volemia, ou seja, ocorre declínio de até 15% da hemoglobina, expansão de 50% do volume plasmático que excede 20 a 30% da expansão do volume de células vermelhas. v Deficiência de ferro, não é incomum, devido a um aumento das demandas fetais para este mineral. Ocorre depressão moderada para a contagem de plaquetas, especialmente no 3º trimestre. v Artralgias difusas, especialmente na região lombar e pélvica, são reclamações freqüentes em grávidas com ligamentos adelgaçados em resposta as mudanças hormonais e a distribuição do ganho de peso que produz tensão na parte mais baixa e posterior do tronco, ocasionando lombalgia postural. v Podem se manifestar durante a gravidez fadiga crescente, rubor facial ou palmar, queda de cabelo e podem ser confundidos com atividade lúpica. v Muitas mulheres podem experimentar o nascimento de cabelo durante a gravidez, seguido de uma grande queda de cabelo após o parto, isto se deve ao fato de que o alto nível de estrogênio durante a gravidez aumenta a proporção de cabelos na fase anágena (crescendo), porém no pós-parto este efeito é invertido, havendo maior proporção de folículos na fase telógena (repouso), há um aumento da perda de cabelo, fenômeno denominado eflúvio telógeno. v Aumento na produção de diversas proteínas de origem hepática, sob ação de altos níveis de estrogênio circulante e o aumento de fibrinogênio que leva ao aumento fisiológico do VHS, também estão presentes em uma gravidez normal. v Os rins são provavelmente, os órgãos mais difíceis de resolver a ambigüidade entre a atividade lúpica ou apenas o efeito da gestação, especialmente se a paciente tiver história de doença renal de base. Na gravidez normal ocorre aumento do fluxo plasmático renal (60-80%), aumentando a taxa de filtração glomerular (TFG) (30-50%). Conseqüentemente o nível de creatinina aumenta para 100ml/min. A expansão do volume plasmático e o aumento do TFG resultam em níveis normais, porém baixos de uréia e creatinina séricos durante a gravidez. Ocorre diminuição na reabsorção tubular de algumas proteínas, havendo proteinúria no segundo e terceiro trimestres. Em uma mulher grávida com Lupus, algumas destas alterações podem, erroneamente, ser atribuídas à atividade do Lupus. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 14 As definições atuais de exacerbação são imprecisas, e aceitam instrumentos para avaliá-las como algumas escalas de atividade, as quais baseiam-se em parâmetros como: características clínicas menos severas, manifestações clínicas mais severas, modificações na medicação, e mensurações laboratoriais. Estes instrumentos comumente utilizados têm sido modificados para evitar que se confundam sinais e sintomas das mudanças fisiológicas da gravidez com a atividade da doença. Apesar de muitos trabalhos enfatizarem o risco de exacerbação da doença durante a gravidez, há controvérsias sobre o assunto, pois outros estudos têm encontrado resultados diferentes, ou seja, de que o LES não se exacerba durante a gravidez, (Reichlin, 1998). A gravidez está relacionada com mudanças imunológicas e hormonais na mãe para permitir o desenvolvimento normal do embrião. Procuram-se vínculos entre o LES e os hormônios sexuais, especulam-se que altos níveis de estrogênio elevam a severidade da doença e níveis elevados de andrógeno, ao contrário, promove diminuição. Durante a gravidez uma resposta imune adequada é requerida para permitir o desenvolvimento do concepto antigenicamente diferente. Nesta condição, a unidade úteroplacentária trabalha como um órgão imunorregulador. Demonstrou-se que as citocinas Th1, principalmente a interleucina (IL) 2, o interferon alfa e o fator de necrose tumoral (TNF), são consideradas perigosas para a manutenção da gravidez, provavelmente aumentando a imunidade celular. Assim, uma supressão neste grupo de citocinas é necessária. A unidade fetoplacentária aumenta a secreção de citocinas Th2, principalmente IL4, IL6 e IL10, as quais têm uma ação inibitória na produção de citocina Th1. As citocinas Th2 são responsáveis pela imunidade humoral. Deste modo, é criado um estado novo de imunossupressão celular relativa e imunoestimulação humoral. Neste sentido, não é difícil entender a exacerbação de doenças autoimunes mediadas por autoanticorpos como o LES durante a gravidez. 1.8.Nefrite lúpica X Pré-eclâmpsia O envolvimento renal representa a mais séria complicação do LES. Trabalhos publicados há alguns anos atrás mostravam com grande freqüência a deterioração da função renal e morte materna durante a gestação em pacientes lúpicas com acometimento renal prévio à gravidez. Estudos recentes, contudo, indicam que nos casos de remissão da doença renal prévia, mesmo grave, a chance de recorrência da nefrite é pequena e, que a gestação não influencia no prognóstico. Entretanto, na ocorrência de uma diminuição da função renal, Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 15 existe um alto risco para exacerbação da hipertensão, aparecimento de proteinúria e comprometimento da função renal durante a gestação. A maioria das complicações obstétricas da gravidez, como pré-eclâmpsia sobreposta e hipertensão acontecem em pacientes com envolvimento da função renal. Cerca de metade das pacientes com LES demonstram algum grau de deterioração da função renal. Achados que podem ser preditivos de um resultado desfavorável da gravidez incluem: níveis de creatinina > 2mg/dl ou proteinúria > que 300mg/24 horas. Alguns trabalhos demonstram uma taxa de perda fetal de 50% em mães com uma creatinina sérica maior que 1,5 mg/dl. A doença renal predispõe as gestantes ao desenvolvimento de hipertensão. Na experiência de alguns autores, de um total de 125 grávidas portadoras de LES, 63% das gestantes com doença renal prévia apresentaram a pré-eclâmpsia ou agravaram a hipertensão, enquanto que apenas 14% das mulheres sem doença renal prévia apresentaram a préeclâmpsia, (Carvalho, 2000). A pré-eclâmpsia, definida pela tríade hipertensão, edema e proteinúria, na segunda metade da gravidez, ocorre mais freqüentemente em primíparas jovens. Esta tríade também pode ser encontrada em pacientes que estão experimentando uma exacerbação de nefrite lúpica. A distinção entre nefrite lúpica ativa e pré-eclâmpsia é muito difícil e freqüentemente não se consegue fazer diagnóstico de certeza, pois pode haver coexistência de ambas as enfermidades, (Hahn, 1998). Nestas circunstâncias surge o dilema se devemos tratar como pré-eclâmpsia ou como exacerbação da nefrite lúpica, pois as condutas em cada situação são completamente diferentes. A distinção entre ambas é de suma importância, porque mulheres com pré-eclâmpsia podem ser tratadas inadequadamente com doses maiores de corticosteróides ou agentes imunossupressores (que podem levar à hipertensão arterial), quando deveriam ser medicadas com fármacos antihipertensivos ou pela indução do parto (dependendo da idade gestacional e das condições maternas). Por outro lado, mulheres com LES ativo, que podem ser medicadas com corticosteróides, correm o risco de terem seus partos induzidos precocemente devido ao diagnóstico equivocado de pré-eclâmpsia, (Hahn, 1998). Especificamente a pré-eclâmpsia tende a progredir rapidamente e recrudescerá até que o parto seja efetuado, sendo que a nefrite lúpica ativa não necessariamente requereria o parto imediato na ausência de angústia fetal ou sofrimento materno. Esta é uma das razões por que pode ser tão crítico tentar distinguir pré-eclampsia de nefrite lúpica ativa. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 16 Algumas características podem auxiliar na diferenciação da nefrite ativa da préeclâmpsia. A paciente com pré-eclâmpsia pode ter achados oftalmológicos que sugira vasoespasmo, além de dor no quadrante superior do epigástrio. Na paciente com exacerbação da nefrite lúpica, outros achados podem estar presentes como erupção cutânea malar, erupção cutânea discóide, fotossensibilidade, úlceras orais e serosite, Sato (2001). A presença de sinais de atividade característica do Lupus, como lesões cutâneas, artrite, vasculites, etc, sugere que o acometimento renal deve ser devido à doença de base, entretanto não se pode afastar a possibilidade de suposição com pré-eclâmpsia. O diagnóstico de certeza de nefrite lúpica em atividade pode ser obtido pela biópsia renal, pouco realizado nas grávidas por causa do risco aumentado de sangramentos, (Sato, 2001). 1.9.EFEITO DO LES NA GRAVIDEZ O melhor preditor do resultado na relação entre a atividade do lupus e seu efeito sobre a gravidez é a ausência de atividade clínica do processo lúpico por 6 a 12 meses antes da concepção, bem como ausência de nefropatia, de anticoagulante lúpico, anticorpos anticardiolipina, anticorpos anti-Ro/SSA e anti- La/SSB. O LES na gravidez está associado com um risco aumentado de abortamento espontâneo, óbito intra-uterino, crescimento intra-uterino restrito (CIUR), prematuridade e lupus neonatal. De acordo com alguns autores se a doença está bem controlada à concepção ou se há exacerbação moderada da atividade durante a gravidez, geralmente o resultado fetal é bom, porém se há doença renal de moderada a grave, o prognóstico se torna menos favorável. A taxa de perda fetal que é o resultado do abortamento espontâneo (perda < 20 semanas) e da morte fetal intra-uterina (> 20 semanas), foi mais elevada em mulheres com LES estabelecido (29%) quando comparado com a taxa de perda fetal na população geral (15%). De maneira interessante, em pacientes com lupus, o abortamento espontâneo ocorre tipicamente mais tardiamente, aumentando, desta forma, o risco de perda fetal no 2° trimestre, um evento incomum na população geral (5%), mas encontrado com freqüência acima de 17% em mulheres com LES. Prematuridade é outra causa de morbidade e mortalidade perinatal na paciente com lupus. As principais causas de parto pré-termo em pacientes com LES são o desenvolvimento de pré-eclâmpsia, presença de anticorpos anti-fosfolípides e, ruptura prematura de membranas. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 17 O crescimento intra-uterino restrito (CIUR) ocorre com maior freqüência em recém nascidos prematuros de mães lúpicas. 1.10.LUPUS NEONATAL Corresponde a uma síndrome caracterizada por quadro cutâneo ou bloqueio cardíaco isolado. Outras manifestações menos freqüentes incluem trombocitopenia, anemia, hepatoesplenomegalia, hepatite colestática e pneumonite, Neto (2000) e Kahhale (1995). O termo lupus neonatal origina-se da semelhança entre as lesões dermatológicas encontradas no neonato e as lesões cutâneas do lupus, (Skare, 1999). O acometimento cutâneo caracteriza-se pela presença de lesões em áreas expostas segundo Kahhale (1995), principalmente se a criança for tratada com luz ultravioleta para icterícia neonatal. São lesões circunscritas podendo ser máculas ou pápulas eritematosas localizadas em face e couro cabeludo, eventualmente pigmentadas, descamativas com área de atrofia e telangiectasias, (Skare, 1999). Tais lesões podem estar presentes ao nascimento, porém é mais comum surgirem durante ad primeiras semanas de vida, Kahhale (1995) e Papi et al (1998). Normalmente o quadro sofre regressão em um período de 2 a 6 meses, embora a telangiectasia e a hipopigmentação possam persistir por pelo menos dois anos. Por razões ainda inexplicadas, a síndrome do lupus neonatal parece atingir mais freqüentemente crianças do sexo feminino e raramente se verifica o desenvolvimento de LES numa fase posterior da vida, (Carvalho, 2000). Para Skare (1999), evidências de trombocitopenia correspondem à indicação para cesárea, com o intuito de se evitar o risco de hemorragia intracraniana durante o esforço do trabalho de parto. A síndrome do lupus neonatal constitui uma entidade rara e está presente em mães lúpicas que possuem os anticorpos anti Ro/SSA e anti La/SSB. Carvalho (2000) refere que o risco da ocorrência de lupus neonatal é de 1 a 5% nas mães que apresentam anti Ro/SSA e se a mãe tiver outros anticorpos específicos, podem ainda ocorrer anemia hemolítica ou trombocitopenia. Por outro lado, Skare (1999) também relaciona a ocorrência de bloqueio cardíaco com presença de anti Ro/SSA, mas relata o possível envolvimento do anticorpo anti La/SSB. Além disso, refere também que existem raros casos descritos na literatura associados com o anticorpo anti U1 – RNP. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 18 Os anticorpos anti Ro/SSA são imunoglobulinas de IgG e portanto cruzam a placenta, podendo causar injúrias fetal, especialmente no sistema de condução elétrica cardíaca, resultando no bloqueio cardíaco congênito. Isto se deve a um processo inflamatório mediado pala transferência transplacentária dos anticorpos maternos. Os fetos de mães lúpicas portadoras destes anticorpos devem ser acompanhados por ecocardiografia a partir do 2° trimestre de gestação. Se a criança apresenta sinais de lesão cardíaca, administra-se altas doses de dexametasona ou betametasona, pois são drogas que apresentam capacidade de ultrapassar a barreira placentária, suprimindo o processo inflamatório mediado pela passagem de anticorpos maternos. É importante ressaltar que nem toda mãe que tem o anticorpo anti Ro/SSA ou anti La/SSB terá filhos com lupus neonatal. Menos de 25% das mães que os têm, terá um recém nascido afetado. Além disso, o acometimento da criança não está relacionado à severidade do lupus materno. Por outro lado, a síndrome do lupus neonatal está relacionada com a presença destes anticorpos e não com a doença básica da mãe, podendo, portanto, aparecer em casos de mães não lúpicas que tenham esse anticorpo por causa de uma outra patologia. A ocorrência desta síndrome parece sofrer algum tipo de interferência de antígenos fetais, pois uma mulher pode ter um filho com lupus neonatal e em uma próxima gravidez, outro perfeitamente normal. 1.11.CONDUTA NA GRAVIDEZ LÚPICA A mulher portadora de lupus que apresenta desejo de engravidar deve receber orientação e acompanhamento de uma equipe de saúde especializada. O período ideal para a concepção é a fase de remissão da doença, estando também associada com o prognóstico, ou seja, doença quiescente por pelo menos seis meses antes da concepção apresenta melhor prognóstico. Além disso, ausência de envolvimento renal, hipertensão e de anticorpos antifosfolípides contribuem para uma evolução favorável do curso da gravidez, Carvalho (2000). De acordo com Papi et al (1998) as consultas médicas devem ser realizadas com clínico e obstetra de forma mensal até a 25° semana, quinzenais até a 34° e semanais até o período do parto, e deve se ter sempre um acompanhamento pré natal para o profissional analisar a pressão arterial e verificar atividades como febre, além de solicitar controle laboratorial. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 19 Baseado na importância do controle rigoroso de pacientes lúpicas grávida, criou-se protocolo de exames laboratoriais à primeira consulta: v Hemograma completo com contagem de plaquetas, VHS, tipagem sangüínea, tempo de ativação de protombina (TAP), tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA), com o intuito de rastrear anemia e trombocitopenia, Papi et al (1998). v Urocultura, uréia, creatinina, proteinúria de 24h, para avaliação do estado renal, Papi et al (1998). v Glicose, estudo de função hepática e painel de eletrólito sérico completo, Papi et al (1998). v Níveis basais de complemento sérico C3, C4 E CH50 para auxiliar na diferenciação da exacerbação lúpica e pré-eclâmpsia, Papi et al (1998). v Fatores antinucleares como FAN, anti DNA, anti Ro, anti Sm, anti La, anticardiolipina e anticoagulante lúpico para avaliar se há ou não associação com síndrome de anticorpo antifosfolípide, Papi et al (1998). A importância destes exames laboratoriais está no auxílio ao diagnóstico diferencial. Por exemplo, a dosagem sérica de C3, C4 e especialmente CH50 pode ajudar na diferença entre exacerbação e pré-eclâmpsia. Do mesmo modo, a contagem de plaquetas e o nível de aminotransferases podem mudar drasticamente na pré-eclâmpsia e na síndrome Hellp. O controle laboratorial rígido de tais pacientes pode influenciar na evolução da gravidez, haja vista que a pluralidade de ventos semelhantes em ambas patologias (LES e préeclâmpsia) determina efeitos deletérios sobre o feto, além de direcionar melhor qual a conduta a ser estabelecida. A partir da 28ª semana de gestação, a vigilância fetal torna-se mais intensa, incluindo um perfil biofísico fetal semanalmente, que compreenderá teste sem estresse, exame ultrasonográfico e avaliação do volume amniótico, movimentos fetais, tônus e movimentos respiratórios fetais (FIGURA 5). PARÂMETRO NORMAL (=2) ANORMAL (=0) Teste sem estresse Relativo Não relativo Volume do líquido amniótico Mínimo – 2 cm x 2cm do Menos- 2cm x 2cm do bolsão bolsão líquido Movimento fetal líquido Três movimentos separados Menos de três movimentos em 30 mim separados em 30 mim Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 20 Respiração fetal Três movimentos separados Menos que um episódio de 30 em 30 mim Tônus fetal Pelo segundos em 30 mim menos flexão/extensão uma Menos de uma flexão/extensão FIGURA 5 A conduta obstétrica de uma gravidez lúpica durante o trabalho de parto, não difere da conduta de uma gravidez normal. As indicações para a cesariana são as mesmas na paciente com LES como em qualquer outra, embora a natureza de alto risco da gravidez lúpica provavelmente resulte em uma taxa mais alta de cesariana habitual. A indução do trabalho de parto deve ser feita quando há pré-eclâmpsia sobreposta e a paciente estiver próxima ao termo. Caso haja pré-eclâmpsia grave e de risco fetal, a indução deve ser feita mesmo distante do termo. De acordo com Moreira e Gama (1996) o parto normal será conduzido sob vigilância atenciosa, desde que haja alterações importantes na mãe e no feto. Caso contrário, o tipo de parto dependerá das condições obstétricas da paciente, mas a cesariana só é indicada quando a gestante apresentar complicações que impeçam a realização do parto normal como: desproporção cefalo-pélvica, apresentação transversa, pré-eclâmpsia, sofrimento fetal, necrose asséptica da cabeça do fêmur dentre outras. 1.12.TRATAMENTO Atualmente não há medicamento que proporcionem a cura do LES, haja vista que se trata de uma doença imunológica crônica e que evolui em surtos. O tratamento do LES durante a gestação é basicamente o mesmo das pacientes não grávidas, constituído pela utilização de corticóides e imunossupressores, (Carvalho, 2000). a)CORTICOSTERÓIDES: Ainda são os medicamentos mais importantes e de maior preferência para tratar os sintomas mais graves do LES. Os corticosteróides de escolha são: prednisona, prednisolona e hidrocortisona, pois são drogas que são inativadas pela enzima 11 beta desidrogenase placentária proporcionando proteção ao feto, (Carvalho, 2000). O tratamento com corticosteróides deve ser iniciado assim que se estabelecer o diagnóstico de gravidez, iniciando com 40mg/dia de prednisona durante 30 dias, reduzindo Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 21 posteriormente para 10 a 15 mg/dia. Quando houver remissão, a dose ser mantida entre 5 e 10 mg/dia. b)IMUNOSSUPRESSORES: Carvalho (2000) mostra que apesar dos poucos estudos sobre o uso de imunossupressores, não têm sido demonstradas evidências de efeitos teratogênicos com azatioprina. Entretanto, há relatos de efeitos tóxicos quando as doses ultrapassam 2,2 mg/Kg/dia. A azatioprina pode ser usada em gestantes, em associação com prednisona para o tratamento da nefrite lúpica. c)ANTIMALÁRICOS Drogas antimaláricas que contém o radical 4-aminoquilina são classificadas como úteis no manuseio de pacientes com LES, pois são substâncias imunomoduladoras, agentes antiinflamatórios e redutores do colesterol, já que as pacientes com LES parecem ser predispostas ao desenvolvimento de aterogênese precoce, resultando em doença da artéria coronária. Além destes feitos, os antimaláricos absorvem a luz ultravioleta quando concentrada na pele e têm o potencial para bloquear formação de complexos imunes circulantes. 1.13. PATOLOGIA DA PLACENTA Segundo Carvalho (2000) mudanças morfológicas na placenta de paciente com LES podem variar desde extensos infartos a uma grande variedade de alterações vasculares. As alterações histopatológicas encontradas nas placentas de pacientes com LES são muito semelhantes àquelas encontradas em pacientes com pré-eclâmpsia. As áreas de infartos e o retardo do crescimento placentário são o resultado das lesões deciduais, que provavelmente estão relacionadas ao retardo de crescimento fetal. Estas lesões vasculares, incluindo ateroses e tromboses, estão diretamente relacionadas aos infartos placentários e culminam com redução do peso da placenta e do neonato. Nestas placentas são encontradas as alterações de Tenny-Parker, ou seja, aumento de número de nós sinciciais, que nada mais é do que o reflexo da reduzida perfusão vilosa e conseqüente decréscimo da tensão de oxigênio. 1.14. CONTRACEPÇÃO EM PACIENTES LÚPICAS Para Neme (1995) a fertilidade na paciente lúpica não está diminuída, portanto deve orientar a paciente no sentido de que eventual gravidez ocorra apenas em fase de remissão da doença. Por segurança período mínimo de seis meses de remissão deve ser requerido. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 22 Sempre é problemática a escolha de procedimento contraceptivo para a paciente lúpica. Anticoncepcionais orais devem ser evitados, pelas controvérsias existentes em relação a eventual ação exacerbadora do LES. Conforme Carvalho (2000) os anticoncepcionais orais combinados podem aumentar o risco de trombose, vasculite e hipertensão, o que pode agravar o lupus, porém o diafragma, espermicida e condom não têm sido contra indicados, portanto devem ser os preferidos para uso nessas pacientes. 1.15. ALEITAMENTO MATERNO A questão do aleitamento materno deve ser bem avaliada e discutida com a paciente, pois em alguns casos podem apresentar desgaste excessivo para mulher e contribuir para a exacerbação da enfermidade. Deve ser contra indicada nas pacientes que estiverem utilizando doses diária superior a 30mg de prednisona, já que a passagem do corticosteróide através do leite materno pode interferir no processo de desenvolvimento da criança, (Carvalho, 2000). 1.16.DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM Daniel (1981) relata que o diagnóstico de enfermagem é a determinação das necessidades básicas afetadas e das situações ou condições que necessitam do atendimento de enfermagem. Dependendo da origem dos problemas encontrados, passa-se a reconhecer quais as necessidades básicas afetadas que necessitam de atendimento. Um diagnóstico de enfermagem é uma decisão acerca de um problema/necessidade que requeira a intervenção e manejo do enfermeiro. Para Carpenito (1998) o diagnóstico de enfermagem referente ao Lupus Eritematoso Sistêmico (LES) é: v Impotência relacionada ao curso imprevisível da doença v Estratégias ineficazes de resolução individual relacionadas ao curso imprevisível e à aparência alterada v Risco para isolamento social relacionado e à reação dos outros à aparência v Risco para distúrbio no autoconceito relacionado à incapacidade de atingir as etapas de desenvolvimento secundária à condição incapacitante e às modificações na aparência v Risco para lesão relacionada à vulnerabilidade dérmica aumentada secundária ao processo da doença Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 23 1.17.ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Segundo Daniel (1981) a assistência a gestante lúpica hospitalizada envolve vários profissionais de saúde. Entretanto, a maior responsabilidade está na equipe de enfermagem, por ser mais representativa, por prestar cuidados básicos e por estar sempre em contato com a paciente. Vale salientar que o exercício da prática do profissional em enfermagem possui características humanistas. O profissional de enfermagem cuida, informa, orienta e apóia seu paciente. Estas são algumas das assistências que o profissional de enfermagem pode está desempenhando junto a uma gestante lúpica: v Informar a paciente a aos familiares o que é a doença, sua evolução, seus riscos e recursos disponíveis para o diagnóstico e tratamento. v Transmitir ao paciente otimismo e motivação v Orientar a repouso nos períodos de atividade sistêmica da doença e medidas visando a melhora do condicionamento físico, estimular atividade física regular. v Orientar a adoção de uma dieta balanceada, evitando-se excessos de sal, carboidratos e lipídios. v Orientar quanto à proteção contra luz solar e outras formas de irradiação ultravioleta v Orientar a se evitar o tabagismo v Orientar que se deve evitar o uso de sulfas, anticoncepcionais orais e penicilinas, pois podem disparar a doença. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 24 CAPÍTULO II 1-METODOLOGIA 1.1. Tipo de estudo Estudo de caso clínico retrospectivo, com abordagem qualitativa descritiva, tendo como base a análise clínica dos prontuários de uma paciente grávida portadora de LES, apoiado com recursos literários de autores nacionais e internacionais sobre o tema proposto. Segundo Minayo (2000), a metodologia é o caminho e o instrumental próprios de abordagem da realidade. Há autores, porém que consideram a metodologia com tendo um papel secundário dentro das ciências. A razão de ser dessa atitude é o fato de que a compreendam como um conjunto de técnicas a serem usadas para se abordar o social. Ao nosso ver, metodologia é de fundamental importância para descrever o tipo de estudo realizado, o local da pesquisa, a população alvo, coleta e análise dos resultados e o período em que foi feita a pesquisa. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 25 1.2. Local da pesquisa O estudo realizado se deu no arquivo do Hospital Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. 1.3. População alvo Paciente lúpica internada em enfermaria de gestação de alto risco no Hospital Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. 1.4.Período 30/12/2002 à 06/01/2003 1.5. Coleta de dados Os dados foram coletados em uma única etapa, a partir do prontuário da paciente, o qual encontrava-se no arquivo da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. 1.6. Análise dos resultados Os dados coletados foram agrupados e analisados por fatores de comparação com referencial teórico sobre a atuação de enfermagem sobre LES na gravidez, através de autores nacionais e internacionais à respeito da referida situação. Sendo pois os dados de identificação pessoal da cliente codificada para que não viola-se a identificação da mesma. Neste estudo garante-se o total anonimato da paciente, pois para Gelain (1998) “é dever do profissional de enfermagem de acordo com o código de ética; art. 35:“Solicitar consentimento do cliente ou do seu representante legal, de preferência por escrito para realizar ou participar de pesquisa ou atividade de universo em enfermagem, mediante apresentação da informação completa dos objetivos, riscos e benefícios, da garantia e a sua participação no momento que desejar”. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 26 CAPÍTULO III ANÁLISE DOS DADOS 1.1. Apresentação e discussão dos resultados HISTÓRICO E.S.C, 26 anos parda paraense do sexo feminino, procedente do município de Tomé Açu-Pa, casada, doméstica. Antecedentes mórbidos: Antecedentes Familiares: genitora diabética, irmã com LES e irmão com historia de artrite. A P: LES a 6 anos, em acompanhamento, fazendo uso de prednisona, menarca aos 13 anos, iniciou vida sexual aos 20 anos, G1 P0 A0, DUM: 27/05, IG: 31 semanas. Paciente portadora de LES há 6 anos, fazendo acompanhamento pelo ambulatório de reumatologia da Santa Casa de Misericórdia com o Dr. Carivaldo há 5 anos, atualmente fazendo uso de prednisona 40mg/dia, há 15 dias apresentou piora do quadro, passando a apresentar atrite em mão, joelhos e cotovelos e dor de garganta. Posteriormente evolui com dispnéia aos médios esforços mais ortopnéia e dor Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 27 torácica estendendo-se para o dorso e que piora com a respiração profunda. Nega febre, tosse produtiva, DPN, edema de MMII ou outras queixas. Refere ainda diminuição da força muscular em braço esquerdo. Procurou atendimento médico sendo-lhe então solicitado a internação. Atualmente refere melhora das artrites, porém mantém desconforto respiratório com dor torácica e dor ao nível da região cervical. Funções de eliminação normais. Ao Exame Físico: calma, consciente, orientada auto e alopsiquicamente, afebril, dispnéica, mucosas hipocoradas, sem edemas periféricos, acianótica, normocardica, normotensa, abdômen flácido, membros simétricos e íntegros, útero aumentado de volume. Solicitado ao laboratório provas de ativ. Inflamatoria, Complemento, Anti DNA, RX tórax, EAS, USG tórax, ECO, USG obstétrica. EVOLUÇÕES / ACOMPANHAMENTO DIÁRIO Data / Hora 30/12/2002 às 22:30 h. Paciente portadora de LES encontrava-se na “Casa da Gestante” faz uso de prednisona 40mg/dia.Queixa-se de perda de liquido via vaginal há mais ou menos 1 hora, nega dor, presença de boa movimentação fetal.Consciente e orientado auto e alopsiquicamente, eupnéica, normoesfigmica, normotensa, normoterma, hipocorada. T: 36,7ºC; P: 76 bpm: PA: 140/80 mmHg, AU: 24cm, DU ausente, BCF: 140bpm, rítmico. Toque: colo impervio, perda branda de líquido claro sem grumos. Paciente encaminhada ao pré-parto. 31/12/2002 às 09:10 h. Consciente, orientada auto e alopsiquicamente, eupnéica, hipocorada, normotensa, febril. Relata intensa dor no baixo ventre e perda de líquido amniótico. Informa ser portadora de LES desde os 20 anos e fazer uso de prednisona. AFU: 24cm, DU: presente, BCF:130bpm. Toque: colo fino, 1cm, líquido amniótico com grumos finos. Reavaliação as 10:30h DU: presentes, BCF: 130bpm, colo fino. 4 tempo. 31/12/2002 às 12:00 h Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 28 Paciente evolui para parto normal com EMLD, bebê sendo prematuro encaminhado ao berçário. P: 1225g, PA: 150x 100mmHg, T:36.6º. Puerpera de pós parto normal imediato portadora de LES. Consciente, orientada em T/E, eupnéica, afebril, PA: 150x 100, lóquios fisiológicos, útero contraído. Encaminhada a enfermaria de alto risco. 31/12/2002 às 16:00h Paciente veio do alto risco em pós-parto imediato, com sangramento vaginal intenso, fraqueza, lipotímia e taquicardia. Mucosas descoradas, PA: 120x80mmHg. Foi submetida a revisão do canal de parto e CTG uterina. Evidenciou-se grande laceração ângulo esquerdo do colo uterino e hematoma de episiorrafia. Realizado traquelorrafia e revisão de episiorrafia. Útero contraído. Sangramento normal. 01/01/2003 às 15:00h Paciente em 1º dia pós-parto normal (LES+ Condiloma vulvo perineal) + CTG, consciente, orientada, eupnéica, afebril, em bom estado geral, útero contraído, sangramento genital fisiológico, lóquios fisiológico. Episiorrafia de bom aspecto. Palidez cutânea acentuada. FF: presente, PA: 130 x 90mmHg, coagulograma normal, plaquetas 255ml, LC: 13.9 (Seg. 92.5%), Hb: 7.6. RN berçário. 02/01/2003 às 09:00h Paciente em 2º dia pós-parto normal (LES+ Condiloma vulvo perineal),consciente, orientada, eupnéica, afebril, em bom estado geral, sem queixas no momento,útero contraído,episiorrafia de bom aspecto, diurese espontânea presente.Fez uso de duas bolsas de sangue 600ml ontem. PA:130 x 90mmHg, plaquetas 242ml, LC: 7.5 (Seg. 92.5%), Hb: 9.2, AL: negativo, creatinina:1.01,uréia: 19, TGO: 70, Alb: 2,7, TGP: 65, BI: 0,4, AV: 4,5. RN berçário. Solicitado novo hemograma. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 29 02/01/2003 às 15:30h Paciente pós CTG (puerperal), consciente, orientada T/E, eupnéica, hipocorada. Abdômem flácido, normotenso, útero contraído, sangramento discreto. Informa diurese evacuações presentes e normais. Orientada quanto a higiene geral, sono e repouso e alimentação. T;36,6º, PA: 140x80mmHg. Bulário Fármaco Prednisona 30mg Base farmacológica Prednisona Via adm. VO 1x/dia Importância para enfermagem ** Saber a base do fármaco e suas reações adversas para saber quais as reações normais do medicamento. Cloroquina 25mg Cloroquina VO 1x/dia * Saber a base do fármaco e suas reações adversas para saber quais as reações normais do medicamento. Furamida 40mg ½ Furamida VO c./ dia * Saber a base do fármaco e suas reações adversas para saber quais as reações normais do medicamento. Captopril 25mg 8/8h Captopril VO * Saber a base do fármaco e suas reações adversas para saber quais as reações normais do medicamento. 1.2. Análise clínica da evolução e acompanhamento diário da enfermagem DATA/ HORA EVOLUÇÃO 30/12/02 * Paciente portadora de LES , consciente e orientada auto e 22:30' alopsiquicamente, eupnéica, normoesfigmica, normotensa, normoterma, hipocorada. Queixa-se de perda de liquido via vaginal há mais ou menos 1 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 30 hipocorada. Queixa-se de perda de liquido via vaginal há mais ou menos 1 hora, nega dor, presença de boa movimentação fetal. T: 36,7ºC; P: 76bpm; PA: 140/80mmHg; AU: 24CM; DU: ausente; BCF: 140bpm, rítmico. Toque: colo impervio, perda branda de líquido claro sem grumos. Mediante a analise da evolução descrita no prontuário da paciente, vimos que, apesar dela e do feto estarem aparentemente bem, o cuidado deve ser dobrado, haja vista que a mesma encontrava-se em enfermaria de alto risco e é portadora de uma doença grave, e que necessita de cuidados especiais. Além disso, a paciente encontrava-se em trabalho de parto. Para Moreira e Gama (1996) a paciente portadora de LES necessita de vigilância continua das equipes que atuam no setor, devido ao fato de a paciente estar bastante vulnerável a exacerbação da doença durante a gravidez, necessitando da atuação imprescindível na avaliação continua do enfermeiro, a fim de que esta possa de forma segura levar a gravidez até o fim sem maiores complicações. Nesta referência, a equipe multidisciplinar que atua nas enfermarias de alto risco são de extrema importância para o cuidar de pacientes portadoras de LES, a fim de que se obtenha os resultados esperados. DATA / EVOLUÇÃO HORA 31/12/02 * Paciente consciente, orientada auto e alopsiquicamente, eupnéica, 09:10' hipocorada, normotensa, afebril. Relata intensa dor no B.V e perda de líquido amniótico. Evolui para parto normal com EMLD, bebê sendo 12:00' 16:00' prematuro, lóquios fisiológicos, útero contraído, lipotímia , taquicardia, fraqueza. Foi submetida a revisão do canal de parto e CTG uterina, a qual foi evidenciada laceração do ângulo esquerdo do colo uterino e hematoma de episiorrafia. Realizado traquelorrafia e revisão de episiorrafia. Conforme análise da evolução descrita no prontuário da paciente, foi possível observar que a paciente realizou parto normal e apresentou intercorrências que não tiveram maiores complicações devido a atuação da equipe de enfermagem que a assistia na enfermaria de alto risco. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 31 Segundo Silva (1998) apud Domingues & Coutinho, identifica a necessidade de enfermeiros capacitados contribuindo na avaliação contínua das pacientes. Ao nosso ver isto identifica a importância do enfermeiro e sua experiência e conhecimento no assunto para proceder corretamente. DATA / EVOLUÇÃO HORA 01/01/03 * Paciente em 1º dia pós-parto normal ( LES + Condiloma vulvo perineal) + 15:00 CTG, consciente, orientada auto e alopsiquicamente, eupnéica, afebril, em bom estado geral, útero contraído, sangramento genital fisiológico, lóquios fisiológicos, episiorrafia de bom aspecto, palidez cutânea acentuada. FF: presentes; PA: 130/90 mmHg; coagulograma normal; plaquetas 255 ml; LC: 13.9 ( Seg. 92,5%). Verificamos no prontuário da paciente que se encontrava aparentemente bem, que o parto transcorreu via vaginal e sem maiores complicações. A paciente foi encaminhada para enfermaria de alto risco, para que tenha cuidados especiais em função da doença que a acomete. A este respeito “Silva apud Domingues & Coutinho”, identifica a necessidade de enfermeiros capacitados contribuindo na avaliação continua dos clientes detectando rapidamente as alterações clinicas e prevenindo as complicações. Nosso entendimento leva-nos a perceber como o enfermeiro é importante no cuidar de modo geral, pois somos nós que estamos diariamente lidando com a vida e o processo evolutivo da cliente. DATA / EVOLUÇÃO HORA 02/01/03 * Paciente em 2º dia pós-parto, consciente, orientada T/E , eupnéica, 09:00 hipocorada, normotensa, afebril, em bom estado geral, sem queixas, útero contraído, sangramento discreto, episiorrafia de bom aspecto, diurese 15:30' espontânea presente. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 32 Segundo análise da evolução descrita no prontuário da paciente, nota-se que a mesma encontrava-se bem e sem intercorrências. Para Doengues (1999), os cuidados e as orientações dadas as pacientes que encontramse internadas na enfermaria de alto risco devem ser sempre enfatizadas, para que não haja intercorrências. No entanto, tais orientações e cuidados devem ser enfatizados principalmente pelo enfermeiro que está sempre mais próximo destes pacientes. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 33 CONCLUSÃO De modo geral, melhorou nos últimos anos o prognóstico das pacientes lúpicas durante a gravidez. A perspectiva para as mulheres que ficam grávidas no cenário desta desordem imunológica está mais otimista do que antes, visto que uma gravidez com lupus ainda seja considerada de alto risco. É preciso que haja conhecimento da fisiologia da gravidez e de seus efeitos na doença e vice versa, como também o adequado conhecimento sobre o impacto dos medicamentos freqüentemente usados. É necessário equilibrar os efeitos de qualquer decisão quanto à conduta na mãe e na criança. O LES durante a gravidez pode representar um desafio diagnóstico e terapêutico por isso, deve existir a interação entre os diversos profissionais, como obstetras e reumatologistas, no intuito de abordar e rastrear a gestação lúpica, para que então sejam reconhecidas e prevenidas as diversas alterações que possam surgir no decorrer do período gestacional e com isso proporcionar o bem estar tanto da mãe quanto do feto. Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1.CARVALHO RL. Lupus e gravidez. In: Febrasco. Tratado de obstetrícia. Rio de janeiro (RJ): Revinter, 2000. 2. Neto JFM. Doenças difusas do tecido conectivo. In: Neme B: Obstetrícia básica. São Paulo(SP): Sarvier, 2000. 3. HAHN BH. Lupus eritematoso sistêmico. In: Harrinson TR: Medicina interna. 14ªed. Rio de janeiro(RJ): McGraw-Hill, 1998. 4. KAHHALE S, ZUGAIB M. Síndrome hipertensiva na gravidez. 1ª ed. Rio de janeiro(RJ): Atheneu, 1995. 5. FREDERICKSON HL, HAUG LW. Segredos em ginecologia e obstetrícia. 2ª ed. Porto Alegre(RS): Artmed, 2000. 6. PAPI J.A.S, GROHMAN PH, PIMENTEL ML, SOUTO ML, LEVY R. As doenças intercorrentes no ciclo gravídico-puerperal. In: Rezende J. Obstetrícia. 8ª ed. Rio de janeiro(RJ): Guanabara Koogan, 1998. 7. SCHUR PH. Lupus eritematoso sistêmico. In: Cecil: Tratado de medicina interna. 20ª ed. Rio de janeiro(RJ): Guanabara Koogan, 1997. 8. MOREIRA C., GAMA GG. Lupus eritamatoso sistêmico. In: Moreira C, Carvalho MAP. Noções práticas de reumatologia. 1ª ed. Belo Horizonte(MG): Health, 1996. 9. Sato EL. Lupus eritematoso sistêmico. IN: Prado FC: Atualização terapêutica. 20ª ed. São Paulo: artes médicas, 2001. 10.SKARE TL. Reumatologia princípios e pratica. 1ª ed. Rio de janeiro (RJ): Guanabara Koogan; 1999. 11. CARPENITO, LJ. Manual de diagnóstico de Enfermagem.6ª ed. Porto Alegre(RS):Artes médicas, 1998. 12.MINAYO, MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 7ª ed. São Paulo(SP): Hucitec- ABRASCO, 2000. 13. REICHLIN M. Systemic lupus erythematosus and pregnancy. J. Reprod. Med. 1998. 14. DOMINGUES, C. & COUTINHO, R. Assistência de enfermagem na sala de recuperação anestésica. Ver. SOBECC, V. 3, n-2, p. 14-6, abr./jun.1998. 15. NEME, B. Obstetrícia básica. São Paulo (SP): Sarvier, 1995. 16. DANIEL, LF. A enfermagem planejada. 3ª ed. São Paulo (SP): EPU, 1981 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 35 17. FILHO, GB. Bogliolo: Patologia geral. 2ª ed. Rio de Janeiro (RJ):Guanabara Koogan, 1998 18. DOENGES, ME & MOORHOUSE MF. Diagnóstico e intervenção em enfermagem. 5ª ed. Porto Alegre(RS): Artmed, 1999 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 36 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 1.CARVALHO RL. Lupus e gravidez. In: Febrasco. Tratado de obstetrícia. Rio de janeiro (RJ): Revinter, 2000. 2. Neto JFM. Doenças difusas do tecido conectivo. In: Neme B: Obstetrícia básica. São Paulo(SP): Sarvier, 2000. 3. HAHN BH. Lupus eritematoso sistêmico. In: Harrinson TR: Medicina interna. 14ªed. Rio de janeiro(RJ): McGraw-Hill, 1998. 4. KAHHALE S, ZUGAIB M. Síndrome hipertensiva na gravidez. 1ª ed. Rio de janeiro(RJ): Atheneu, 1995. 5. FREDERICKSON HL, HAUG LW. Segredos em ginecologia e obstetrícia. 2ª ed. Porto Alegre(RS): Artmed, 2000. 6. PAPI J.A.S, GROHMAN PH, PIMENTEL ML, SOUTO ML, LEVY R. As doenças intercorrentes no ciclo gravídico-puerperal. In: Rezende J. Obstetrícia. 8ª ed. Rio de janeiro(RJ): Guanabara Koogan, 1998. 7. SCHUR PH. Lupus eritematoso sistêmico. In: Cecil: Tratado de medicina interna. 20ª ed. Rio de janeiro(RJ): Guanabara Koogan, 1997. 8. MOREIRA C., GAMA GG. Lupus eritamatoso sistêmico. In: Moreira C, Carvalho MAP. Noções práticas de reumatologia. 1ª ed. Belo Horizonte(MG): Health, 1996. 9. Sato EL. Lupus eritematoso sistêmico. IN: Prado FC: Atualização terapêutica. 20ª ed. São Paulo: artes médicas, 2001. 10.SKARE TL. Reumatologia princípios e pratica. 1ª ed. Rio de janeiro (RJ): Guanabara Koogan; 1999. 11. CARPENITO, LJ. Manual de diagnóstico de Enfermagem.6ª ed. Porto Alegre(RS):Artes médicas, 1998. 12.MINAYO, MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 7ª ed. São Paulo(SP): Hucitec- ABRASCO, 2000. 13. REICHLIN M. Systemic lupus erythematosus and pregnancy. J. Reprod. Med. 1998. 14. DOMINGUES, C. & COUTINHO, R. Assistência de enfermagem na sala de recuperação anestésica. Ver. SOBECC, V. 3, n-2, p. 14-6, abr./jun.1998. 15. NEME, B. Obstetrícia básica. São Paulo (SP): Sarvier, 1995. 16. DANIEL, LF. A enfermagem planejada. 3ª ed. São Paulo (SP): EPU, 1981 Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 37 17. FILHO, GB. Bogliolo: Patologia geral. 2ª ed. Rio de Janeiro (RJ):Guanabara Koogan, 1998 18. DOENGES, ME & MOORHOUSE MF. Diagnóstico e intervenção em enfermagem. 5ª ed. Porto Alegre(RS): Artmed, 1999 19. Sato EI. Lupus eritematoso sistêmico e gravidez (on line). Disponível em http://www.cibersaude.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1122. Capturado em 22 de outubro de 2003. 20. Sato EL. Lupus eritematoso sistêmico. (on line). Disponível em http://.www.ioh.medstudents.com.br/nefrite.html-9k. Capturado em 7 de novembro de 2003. 21. BARROS, A JP. & LEHFELD, NAS. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas. 11ª ed. Petrópolis (RJ): Editora vozes, 2000. 22. TEIXEIRA, E. As três metodologias: acadêmica, da ciência e da pesquisa. 5ª ed. Belém(PA): Unama, 2002. 23. MONTENEGRO, MR & FRANCO, M. Patologia: Processos gerais. 4ª ed. São Paulo (SP): Atheneu, 1999. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version 38 ATIVIDADE Escolha do Assunto Plano de Trabalho Determinação do Método Contado com Orientador Pesquisa Bibliográfica Análise da História e Crítica Elaboração do Plano Definitivo Redação Provisória Redação Definitiva Revisão Manuscrita Correções Revisão Final Digitação Apresentação AGO X ANO 2003/MESES SET OUT NOV X X X X X X X X X X X X X DEZ X X X X X X X X Create PDF with PDF4U. If you wish to remove this line, please click here to purchase the full version