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Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande
Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande
ISSN: 2178-1486 • Volume 2 • Número 2 • novembro 2012
O QUE É PRA FAZEIÊ: ESTUDO DE MARCA LINGUÍSTICA EM
UMA COMUNIDADE FAXINAL
Luciane Trennephol da Costa (UNICENTRO)1
[email protected]
Simone Guimarães (UNICENTRO)2
[email protected]
RESUMO: Neste estudo, investigamos o uso de uma variante fonética, a terminação [ie] em palavras
invariáveis como advérbios e em formas verbais, em uma comunidade faxinal, chamada Faxinal dos
Mineiros, do município de Teixeira Soares, interior do estado do Paraná. Um faxinal é um sistema
agrosilvopastoril com áreas de uso coletivo. Inicialmente, recorremos à metodologia da Sociolinguística
Variacionista (Labov,1972) em busca de fatores condicionantes para a produção da variante investigada.
Em vista de nosso insucesso na coleta de dados através de entrevistas com relatos de experiências
pessoais, direcionamos nossa pesquisa à Sociolinguística Interacional ( Ribeiro e Garcez, 2002) e
analisamos a pronúncia da variante [ie] na interação entre falantes nativos da comunidade de Faxinal dos
Mineiros com outros interlocutores em uma sala de aula. Os dados analisados constituem uma evidência
do papel condicionante que a situação de interação social e os interlocutores podem exercer no uso
linguístico. A pronúncia [ie] do falante nativo da Faxinal dos Mineiros parece estar ligada a interação face
a face com a professora, considerada um interlocutor ratificado. A fala ratificada é endereçada a um ou
mais interlocutores específicos dentre os participantes e, conforme Garcez e Ostermann (2002), constitui
uma pista de contextualização que sinaliza para os interlocutores o status de ouvinte endereçado da fala
que lhe está sendo dirigida.
Palavras-chave: Variação Linguística, Sociolinguística Interacional, Variante Fonética.
RESUMEN: En este estudio investigamos el uso de una variante fonética, la terminación [ie] en palabras
invariables como adverbios y en formas verbales, en una comunidad faxinal, llamada Faxinal dos
Mineiros, en el municipio de Teixeira Soares, interior del estado de Paraná. Uno faxinal es un sistema
agrosilvopastoril con áreas de uso colectivo. Inicialmente, recorremos a la metodología de la
Sociolingüistica Variacionista (Labov, 1972) en búsqueda de factores condicionantes para la producción
de la variante investigada. En vista nuestra falta de suceso en la coleta de datos a través de entrevistas con
relatos de experiencias personales, direccionamos nuestro estudio a la Sociolingüística Interaccional
(Ribeiro e Garcez, 2002) y analizamos la pronuncia de la variante [ie] en la interacción entre hablantes
nativos de la comunidad de Faxinal dos Mineiros con otros interlocutores en un salón de clase. Los datos
analizados constituyen una evidencia del papel condicionante que la situación de interacción social y los
interlocutores pueden ejercer en el uso lingüístico. La pronuncia [ie] del hablante nativo de Faxinal dos
Mineiros parece estar ligada a la interacción frente a frente con la profesora, considerada un interlocutor
ratificado. El habla ratificado es enderezado a uno o mas interlocutores específicos entre los participantes
y, conforme Garcez y Ostermann (2002), constituye una pista de contextualización que señala para los
interlocutores el status de oyente enderezado del habla que le está siendo dirigida.
1
Doutora em Letras, Professora Colaboradora na Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
do Departamento de Letras do campus de Irati-Paraná.
2
Acadêmica do quarto ano do curso de Letras/Espanhol na Universidade Estadual do Centro-Oeste
UNICENTRO) campus de Irati-Paraná.
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Palabras-clave: Variación Lingüística; Sociolingüística Interaccional; Variante Fonética.
1. INTRODUÇÃO
Em face da heterogeneidade natural da língua, pois sabemos que “Qualquer
língua, falada por qualquer comunidade, exibe sempre variações. Pode-se afirmar
mesmo que nenhuma língua se apresenta como uma entidade homogênea” (Alkmim,
2007, p.33), este estudo tem por finalidade descrever e explicar uma variante de nível
fonético, produzida por falantes da comunidade rural de Faxinal dos Mineiros,
pertencente ao município de Teixeira Soares no Paraná.
O interesse por essa pesquisa surgiu devido a uma ocorrência presenciada em
sala de aula na qual uma criança moradora dessa comunidade pronunciou a palavra
“fazeiê” para a realização do verbo fazer no infinitivo, no seguinte enunciado:
“professora, como é que é pra fazeiê?”. Também devido a conversas com professores da
escola onde algumas crianças dessa localidade estudam e a percepção geral desses
professores de que tal traço linguístico é utilizado constantemente por falantes daquela
comunidade.
Desse modo, o objetivo de nossa pesquisa é analisar a realização de uma
variante linguística de nível fonético em falantes dessa comunidade rural. A variante
que observamos é a presença da terminação [ie] em algumas palavras, tais como:
“fazer” e “comer”, produzidas como [fazeie] e [komeie]3. A partir da análise dos dados
de fala coletados, procuramos determinar o contexto linguístico e as circunstâncias na
qual os falantes produzem essa variante, utilizando como base teórica pressupostos da
Sociolinguística Interacional segundo Ribeiro e Garcez (2002), Cavalcanti e BortoniRicardo (2007) e Loder e Jung (2008).
3
Neste texto, transcreveremos a transcrição ortográfica entre aspas e a transcrição fonética, de acordo
com o Alfabeto Fonético Internacional, versão 2005, entre colchetes.
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2. BREVE HISTÓRICO ACERCA DA COMUNIDADE
A comunidade onde se realizou esta pesquisa é chamada Faxinal dos Mineiros e
situa-se no interior do município de Teixeira Soares, no estado do Paraná. Não foi
possível buscar dados mais concretos acerca dessa localidade, uma vez que, segundo
funcionários da Prefeitura Municipal de Teixeira Soares, não há registros oficiais sobre
a mesma. Sendo assim, os dados relatados aqui são por conhecimento prévio sobre a
localidade e por convivência e conversas com os moradores que nos passaram algumas
informações.
Um faxinal é um sistema agrosilvopastoril de uso coletivo da terra encontrado na
região centro-sul do Paraná (Shuster e Sahr, 2009). Esse sistema é dividido em duas
partes separadas por cercas ou valos: as “terras de criar” de uso coletivo onde ficam as
casas e as criações de toda a comunidade e as “terras de plantar” onde ficam as áreas
particulares de casa morador para cultivo da terra. Faxinal dos Mineiros é uma
localidade que quase não possui recursos e benefícios para os moradores, já que não
possui atendimento médico, não tem escola, não possui lojas e mercados, somente uma
mercearia. O sustento maior dos moradores é a plantação de fumo, na qual a família
toda trabalha.
Há aproximadamente três anos atrás, havia uma pequena escola em Faxinal dos
Mineiros, no entanto, por ser multiseriada4 e devido à aposentadoria da única professora
formada dessa localidade, a escola foi desativada e por isso, atualmente, as crianças de
Faxinal dos Mineiros estudam na escola do Rio D’Areia de Cima para onde os
moradores também se deslocam para receber atendimento médico. Há alguns anos atrás,
havia atendimento médico em Faxinal dos Mineiros, porém, com a saída da escola há
três anos os atendimentos médico e dentário também acabaram. Assim, as crianças têm
que se deslocar até essa outra localidade para poder estudar e como a distância entre
uma localidade a outra é grande, aproximadamente 8 km, os alunos são levados de
4
Organização do ensino nas escolas em que o professor trabalha, na mesma sala de aula, com várias
séries simultaneamente. (Fonte: MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos."Classes
multisseriadas" (verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo:
Midiamix Editora, 2002, http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=71, visitado em
27/7/2012.)
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ônibus até a escola. Foi no ambiente da nova escola que se percebeu uma variante
linguística na fala dos alunos oriundos de Faxinal dos Mineiros, dando origem ao
interesse por esse estudo.
4. METODOLOGIA E ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
Essa pesquisa, inicialmente, tratava-se de uma pesquisa quantitativa, em que
trabalharíamos com os pressupostos teórico-metodológicos da Socioliguística
Variacionista. Essa teoria, proposta e desenvolvida, principalmente, pelo americano
William Labov (1972), acredita ser possível sistematizar a variação inerente à fala. Na
interação linguística, pode haver várias formas de se falar a mesma coisa, a essas formas
diferentes de falar, dá-se o nome de variantes. As variantes são, portanto, diversas
maneiras de dizer a mesma coisa em um mesmo contexto, sem perder o valor de
verdade (Tarallo, 1997, p.8). Para a ocorrência de uma variante, ou uma variação, ou
uma marcação linguística, podem ser atribuídos vários fatores condicionantes, sejam
eles linguísticos, devido a fatores estruturais da fala, ou extralinguísticos, externos ao
falante, como seu sexo, sua escolaridade, sua faixa etária e até mesmo o contexto de sua
fala podendo esta ser formal ou informal (Tarallo, 1997, p. 46). Tudo isso pode servir de
fator condicionante para a realização de uma variante linguística.
A variabilidade inerente a qualquer sistema linguístico e que pode desencadear
ou não uma mudança linguística pode ser diretamente observada de acordo com os
pressupostos da Sociolinguística Variacionista através de amostras de fala de uma
comunidade, na qual se analisam as possíveis pressões sociais e estruturais que atuam
no uso de determinada variável. A incorporação de fatores sociais como, por exemplo,
a etnia, a escolaridade e a faixa etária implica a asserção de que a mudança linguística
não ocorre no vácuo social: “The point of view of the present study is that one cannot
understand the development of a language change apart from the social life of the
community in which it occurs.” (Labov, 1972, p.3.).
Tais estudos empíricos, com dados reais de fala, permitem o método indutivo
que cria generalizações baseadas em fatos e espera-se que essas generalizações
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possibilitem, como já possibilitaram no curso do desenvolvimento dos trabalhos
sociolinguísticos, o entendimento e a sistematização da variabilidade e da mudança
linguística. Acreditando-se que forças similares devam produzir resultados similares,
através de configurações sociais e linguísticas, podemos prever movimentos de
mudança, mudança em progresso ou variação estável, pela comparação de pesquisas:
“The role of empirical reserch is to determine which configurations of social and
linguistic factors are similar.” (Labov, 2002, p.75).
Para colhermos uma amostra com dados de fala da variante analisada, a
pronúncia de [ie], fomos até a localidade de Faxinal dos Mineiros e selecionamos os
falantes de acordo com sexo, idade e escolaridade. Seguindo a metodologia
variacionista, realizamos entrevistas de narrativas pessoais em que os informantes foram
levados a relatar sua história de vida, falando sobre a comunidade e o tempo que
residiam ali, buscando a fala espontânea descuidada em que “o informante desvencilhase praticamente de qualquer preocupação com a forma” (Tarallo,1997, p. 22). Os
informantes também responderam a um questionário no qual informaram sua renda,
tempo que residiam na comunidade, sexo, idade e escolaridade, enfim informações que
pudessem desvendar alguma possível interferência de variável social na realização da
variante.
Com a metodologia da narrativa de experiências pessoais não se coletou a
variação desejada, pois nenhum falante pronunciou a marca linguística [ie] durante as
entrevistas sociolinguísticas. Assim, não foi possível testarmos nossa hipótese
impressionística de que a variante [ie] estaria ligada ao grau de escolaridade dos
falantes, de modo que se vai perdendo a marcação no período em que se entra na escola
e, com o “auxilio” do professor e através do convívio com outros falantes, a variante é
cada vez menos pronunciada, sendo provavelmente extinta.
Retornamos até a localidade com um método diferente, ao invés de entrevistas,
foi realizado um jogo com novos informantes. Vimos que no módulo da narração da
história de vida e relatos sobre a comunidade em si não houve a pronúncia da variante
pretendida, mas, conforme Tarallo (1997, p. 22), o sucesso da aplicação do módulo
pode variar de acordo com a comunidade de fala e cabe ao investigador usar de outras
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estratégias para lograr êxito. Assim, nesse novo módulo foi dito às pessoas que elas
participariam de um jogo mneumônico. Novamente nesta etapa, selecionamos seis
informantes masculinos e seis informantes femininos com escolaridade fundamental ou
ensino médio e idade até 15 anos, de 20 a 40 anos e acima de 40. No jogo, o informante
recebia um estímulo visual através de figuras impressas e deveria falar o nome do objeto
visualizado e qual a sua serventia. Assim, no jogo havia figuras em que possivelmente
os falantes pronunciariam a variante como, por exemplo, “flor” com o intuito de
pronúncia “cheraie”, “boneca” com o intuito de pronúncia “brincaie”, “colher” com o
intuito da pronúncia “comeie”.
Foram utilizadas 14 figuras, que a pesquisadora
mostrava, uma a uma, de forma ligeira, ao participante. Para que o falante não
percebesse qual o propósito do jogo – realização da variante [ie] - incluímos alguns
distratores, palavras que não possuíam o contexto para realização de [ie] como, por
exemplo, livro, orelha, cama, etc. Como no módulo narrativa de experência pessoal, no
jogo mneumônico também não obtivemos sucesso na coleta dos dados.
Devido ao fato de os falantes nativos daquela localidade não pronunciarem a
variante esperada nos dois módulos de coleta de dados, decidimos mudar o foco da
pesquisa e ao invés de analisar a variante em si e as circunstâncias em que aparecia,
investigar o porquê de ela não haver sido pronunciada. Os informantes não produziram
a variante nas coletas, porém ela é sistematicamente realizada em contexto de sala de
aula pelas crianças conforme relatos de seus professores. Diante disso, partimos em
busca do referencial teórico da Sociolinguística Interacional, pois ao não conseguirmos
lograr êxito com os dois módulos anteriores suspeitamos que a não pronúncia da
variante poderia estar relacionada com a interação com a pesquisadora.
A observação da língua em relação com a sociedade tem sido feita por várias
áreas de estudo, entre elas a Sociolinguística em suas diversas abordagens. Segundo
Alkmim (2007, p.26), o objetivo do estudo sociolinguístico é estudar a língua (falada,
observada, descrita) e analisá-la em seu contexto social, no seu uso real no dia-a-dia.
Conforme Bortone (2007, p.139): “a língua funciona como um fator de identificação
social através de estruturas linguísticas que revelam os valores culturais, sociais e
históricos de uma comunidade específica.” Essa língua só pode ser analisada em seu
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meio de ação, a linguagem está como mediadora entre os homens, ela é como uma
“ponte” entre a comunicação humana, pois é a linguagem que proporciona a interação
entre as pessoas. Conforme Camacho (2007, p. 55) “a linguagem é a expressão mais
característica de um comportamento social”, sendo assim, não se pode separá-la das
funções sóciointeracionais.
A Sociolinguística Interacional trabalha com pesquisa qualitativa empírica e
interpretativa e propõe o estudo do uso da língua na interação social conforme Ribeiro e
Garcez (2002, p. 8). Para essa abordagem sociolinguística, a interação face a face é a
parte essencial para a explicação das identidades sociais, além disso, citando Hymes
(1989) e Goffman (2002), Jung e Garcez dizem que:
Trata-se de compreender que os participantes de uma dada interação não
somente comunicam palavras e constroem o sentido dessas mesmas palavras,
mas, sobretudo, agem enquanto negociam construções sociais de identidades.
Tanto as situações de interação como os papeis interacionais assumidos
durante uma dada interação são cruciais para a construção da identidade
social. (JUNG e GARCEZ, 2007, p. 98)
Na interação social é que se desenvolve a língua/fala de uma comunidade
linguística, é através da interação entre as pessoas, quando elas não se preocupam como
falam, mas sim o que falam, que se pode observar o uso real da fala. É a interação face a
face que a Sociolinguística Interacional elege como o lugar central para a análise
linguística conforme Villaça (2009, p.95): “ Pode-se afirmar, então, como sugere o
próprio nome, que a SI se apoia na interação (relação) entre os participantes de uma
dada situação e não apenas no aspecto puramente linguístico”
Sustentadas pelo aporte teórico da Sociolinguística Interacional e focando na
situação de interação do uso linguístico, no evento de
interação entre alunos e
professores na sala de aula, acreditamos que poderia ocorrer a pronúncia da variante
pretendida. Assim, foi nesse contexto, interação falante nativo-professor, que
continuamos nossa pesquisa, observando a interação entre os falantes e a professora
como um membro familiar de interlocução e não a interação entre os alunos e a
pesquisadora como um membro estranho. Nesta etapa, a pesquisadora ficaria na sala de
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aula, como uma ajudante da professora, apenas observando o contexto situacional de
interação na sala de aula.
Retornamos até a escola do Rio D’Areia de Cima, em que estudam as crianças
que moram na localidade de Faxinal dos Mineiros. A coleta foi realizada através de
gravações, sem conhecimento e identificação dos alunos, por um período de 30 minutos
(em cada sala) durante a aula, com a presença da professora regente como se a
estivéssemos ajudando. Nossa hipótese era que através da interação entre as crianças
nativas de Faxinal dos Mineiros, em sala de aula, com o outro nativo e/ou professora
fosse pronunciada a marcação [ie]. Com essa metodologia, conseguimos colher alguns
dados da variante que seguem detalhados na próxima seção.
5. ANÁLISE DOS DADOS
Como já referido, esta pesquisa iniciou-se com um cunho variacionista, porém,
ao nos depararmos com a complexidade do uso linguístico e com o não êxito dos
métodos iniciais, optamos por enveredar por outros caminhos, especificamente o da
Sociolinguística Interacional. Teoria na qual, como detalhamos na seção anterior, o foco
é a interação entre os falantes considerada como o canal pelo qual a fala é produzida e
conforme Beline, “tendemos a falar como aquelas pessoas com quem mais falamos”
(2005, p. 129, grifo no original).
Adotando a interação como ponto de partida, adentramos no contexto das salas
de aula onde estudam alguns falantes moradores de Faxinal dos Mineiros e que,
acreditávamos, pronunciassem a variante [ie]. Observamos, primeiramente, uma sala de
2º ano de ensino fundamental, onde um aluno do sexo masculino, com idade
aproximada de 7 anos, em interação com a professora, pronunciou a marcação [ie] no
seguinte enunciado: “profe é pra copiá quiê” [pɾofɪ ɛ pɾa kopiá kie] conforme
transcrevemos no trecho abaixo5
5
Seguimos aqui o Modelo Jefferson de transcrição ( LODER, 2008), acrescentando informações que
julgamos utéis para facilitar a compreensão da transcrição de fala por um leitor não especializado.
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Trecho 1 (4:48 a 5:14 minutos de gravação)
01 Falante 1
... não, aquimbaxo
(pesquisadora)
02
[ ruído, alunos falando ao mesmo tempo]
03
não é quimbaxo?
04
[ruído, alunos falando ao mesmo tempo]
05
O que a prssora mandô fazê? não sei. O que a prssora
mandô fazê?
06 Aluno 2
(ao fundo) ssora, vem qui.
07
[ruído, alunos falando ao mesmo tempo]
08 Aluno 3
Profe é pra copiá quiê?
09 Professora
Vamo: que ce tá esperando Emanuel?
10
[ruído, alunos falando ao mesmo tempo]
11
(pausa 4s)
12 Aluno 2
Prssora vem qui
Notamos que a variante é proferida no final do enunciado no momento de
entonação da voz do falante para sua interlocutora - a professora – poder ouvir sua
pronúncia. Nota-se, também, que a variante [ie] é utilizada como uma prolongação do
advérbio [aki] o que ocasiona uma maior entonação na sua fala. Esse falante também
proferiu o seguinte enunciado: “profe já termineiê” [pɾofɪ ʒa teɾmineie]. Como no
enunciado anterior, a variante aparece na interação com a professora no final do
enunciado, dando ênfase na entonação do final da frase. A variante surge, também,
como um prolongamento da forma verbar “terminar” conforme o trecho 2 abaixo.
Trecho 2 (9:45 a 10:29 minutos de gravação)
01 Falante 1
[Que quié pra fazeí será?]
(pesquisadora)
02
[muito ruído/barulho na sala de aula, todos falando ao
mesmo tempo]
03
[XXX não se entende a pronúncia de ninguém]
Pausa 9s
04 Aluno 2
[Profe já termineiê ]
05
[muito ruído/barulho na sala de aula, todos falando ao
mesmo tempo]
06
[XXX não se entende a pronúncia de ninguém]
07 Aluno 3
Dezoito
08 Aluno 4
Dezesseis
09 Aluno 5
Vinte
10
(barulho, muitos falando ao mesmo tempo)
11 Aluno 1
Dezoito e uma
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Posteriormente, fomos para uma turma de 1º ano do ensino fundamental, onde
não obtivemos êxito com as gravações. Assim como na turma do 5º ano do ensino
fundamental, onde houve a interação com os colegas e com a professora, mas as
crianças nativas do Faxinal dos Mineiros não pronunciaram a variante [ie]. Após essas
turmas, encaminhamo-nos para a turma do pré-escolar, onde também há várias crianças
nativas daquela comunidade com faixa etária aproximada de 5 anos. Nessa turma uma
criança nativa da comunidade do sexo feminino pronunciou a variante desejada na
seguinte frase: “professora já termineie” [ pɾofesoɾa ʒa teɾmineie]. Nesse caso, a
falante proferiu a variante numa situação de repetência, primeiramente, ela proferiu a
forma verbal usual para o pretérito perfeito no modo indicativo: “ professora
já
terminei”. Ao perceber que sua interlocutora, a professora, não tinha dado resposta a
sua pronúncia, a falante, para dar mais ênfase no seu enunciado e atrair sua interlocutora
para a conversação proferiu a variante no final do enunciado como um prolongamento
do verbo [terminar] como podemos observar na transcrição do trecho 3.
Trecho 3 (17:25 a 17:47 minutos de gravação)
01 Aluno 1
[Eu já tô terminandu]
02 Aluno 2
[anãã
]
03 Professora ó porque que não impresta, custa mu:ito
04
(pausa)
05 Aluno 3
eu não tenho
06 Professora Ahã
07 Aluno 4
Nem eu
08 Aluno 5
a a jalne te:im
09
(barulho ao fundo)
10 Aluno 6
Prussora já terminei
11 Aluno 5
Mais a jalni mimpresta
12 Aluno 6
Professora já termineiê
13 Aluno 7
Ó prossora , ó
14
(pausa, com barulho ao fundo)
15 Professora Eu já tô dando serviço pra voceis , não se preocupem
Uma das possíveis estratégias do falante ao não ser ouvido, é a alteração da
prosódia através de ênfase na entonação da voz, para atrair o seu interlocutor (Gumperz,
2002, p.172). No caso, os dois falantes, para poderem ser ouvidos, usaram a variante
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como um prolongamento do advérbio “aqui” e do verbo “terminar” para dar ênfase a
sua fala e atingir o seu objetivo de interagir com a professora. Apesar do pouco tempo
de observação em cada aula, em média trinta minutos, conseguimos colher dados da
variante estudada ao nos colocarmos no papel de mero observadores da interação social
entre falantes nativos da comunidade de Faxinal dos Mineiros e a professora,
considerada um interlocutor familiar a eles.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O percurso da nossa pesquisa contribui para demonstrar que a variação, ou o
caos linguístico, sempre tem uma explicação, algo que o motiva, seja um fator
estrutural, social e/ou interacional. A variante estudada foi presenciada no momento da
interação entre os alunos e a professora, que é um interlocutor que não faz parte do
contexto linguístico da comunidade, mas, por estar continuamente presente no contexto
escolar dos falantes acaba se tornando “familiar” aos mesmos, acarretando uma maior
familiaridade na interação mútua e possibilitando a pronúncia da variante. O que não
aconteceu na interação social entre os informantes e a pesquisadora como um membro
estranho à comunidade.
A interação entre os falantes nativos de Faxinal dos Mineiros com a professora
foi o ponto fulcral de nossa pesquisa, pois na interação face a face entre o falante-alunonativo e a interlocutora-familiarizada-professora acorreu a pronúncia da variante [ie] no
contexto linguístico de familiaridade com a mesma.
A Sociolinguística Interacional propõe o estudo do uso da língua na interação
social, assim podemos entender a ocorrência da variante [ie] através de seus postulados,
pois segundo Goffman (2002, p. 19) “a fala é socialmente organizada, não apenas em
termos de quem fala para quem em que língua, mas também como um pequeno sistema
de ações face a face que são mutuamente ratificadas e ritualmente governadas, em
suma, um encontro social”. Partindo da interação para a interpretação que se dá através
da conversa, podemos dizer que a interpretação se dá através de “implicaturas
conversacionais baseadas em expectativas convencionalizadas de coocorrência entre
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conteúdo e estilo de superfície.” (Gumperz, 2002, p. 153). Isso quer dizer que é através
de traços presentes na estrutura da fala que o falante sinaliza e o interlocutor interpreta a
mensagem que está sendo produzida. Esses traços são chamados pistas de
contextualização (grifo no original), que, conforme Bortone, devem ser percebidas
pelos interlocutores, pois se não percebidas, podem tornar o discurso opaco,
“danificando, assim,
a compreensão dos sentidos do discurso e resultando em
divergências de sentido.”(2007, p. 137). Assim, segundo Gumperz:
Tais pistas podem aparecer sob várias manifestações linguísticas,
dependendo do repertório linguístico, historicamente determinado, de cada
participante. Os processos relacionados às mudanças de código, dialeto e
estilo, [...] bem como as possibilidades de escolha entre opções lexicais e
sintáticas, expressões pré-formuladas, aberturas e fechamentos
conversacionais, e estratégias de sequenciamento podem, todos, ter funções
semelhantes de contextualizações. (GUMPERZ, 2002, p. 152).
Numa conversa entre indivíduos num mesmo contexto linguístico, os
interlocutores se baseiam numa gama de conhecimentos e estereótipos relacionados à
diversas maneiras de fala, segundo Gumperz, isso se faz através da diversidade
linguística que funciona como “um recurso comunicativo nas interações verbais do diaa-dia.” (2002, p. 150). Sendo assim, “faz-se necessário que os interlocutores
compartilhem conhecimentos para que haja sucesso na interação entre ambos.”
(Bortone, 2007, p. 135). Os falantes podem se referir a eventos, intenções e possíveis
previsões do que poderia vir a seguir numa conversação, ou seja, o que seria a próxima
pronúncia do interlocutor, ou qual seria seu próximo interlocutor. Segundo Loder,
Salimen e Müller (2008, p. 40), os falantes seguem uma sequência na fala/conversa que
“refere-se ao fato de que as ações constituídas pelo uso da linguagem em interação
social são organizadas em seqüencias de elocuções produzidas por diferentes
participantes.”, esses participantes (ou falantes) ao produzirem uma elocução não a
fazem de maneira desordenada, mas, sempre levando em consideração o que o seu
interlocutor proferiu anteriormente.
Além da familiaridade da professora, como um interlocutor do seu dia-a-dia, há
que se considerar o seu papel de destaque na interlocução em sala de aula. Conforme
Philips (2002, p. 28) citando Goffman (1974, 565), o interlocutor, poderá ser um
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interlocutor não-ratificado, o qual o falante não lhe dirige diretamente a palavra; e o
interlocutor ratificado, que é aquele ao qual o falante dirige sua fala, podendo ser
identificado por expressão corporal/visual, ou até ser chamado pelo nome diretamente.
Dessa forma a ocorrência da pronúncia [ie] do falante nativo parece estar ligada a
interação face a face com a professora, considerada um interlocutor ratificado. A fala
ratificada é endereçada a um ou mais interlocutores específicos dentre os participantes
e, conforme Garcez e Ostermann (2002), constitui uma pista de contextualização que
sinaliza para os interlocutores o status de ouvinte endereçado da fala que lhe está sendo
dirigida.
Apesar dos limites do nosso trabalho, que necessitaria de mais horas de
observação e consequentemente de mais dados para uma maior robustez, essa pesquisa
constitui uma evidência de que pode haver grandes diferenças entre os interlocutores e
seus contextos de conversação podem ser vários. O que cabe ressaltar é que a interação
é o grande mote no qual se pode realizar a conversação, é somente através da interação
entre as pessoas que se propaga uma língua. Acreditamos ter cumprido nosso objetivo
de elucidar o contexto linguístico e as circunstâncias de uso da variante [ie] na
comunidade de Faxinal dos Mineiros ao observarmos que ela ocorreu em formas
verbais e em advérbios e na situação social de interação com a professora na sala de
aula.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Recebido Para Publicação em 30 de outubro de 2012.
Aprovado Para Publicação em 23 de novembro de 2012.
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