Sinduscon-Rio
O QUE SÃO AS NORMAS DE
DESEMPENHO E COMO
ENTRARÃO EM VIGOR?
Carlos Alberto de Moraes Borges
[email protected]
19/08/2009
Estrutura da apresentação
 O que é a NBR 15575 - Edifícios
Habitacionais de até cinco pavimentos Desempenho?
 Quais são as implicações para o setor da
construção civil?
 O que precisamos fazer para atender a
Norma?
 Considerações finais
NBR 15575 - Edifícios Habitacionais de até cinco
pavimentos - Desempenho - Partes 1 a 6
 Publicada em 12 de maio de 2008, vigência a partir
de 12 de maio de 2010
 Estabelece o nível de desempenho mínimo que deve
ser atendido ao longo de uma vida útil, para alguns
sistemas dos edifícios. Composta por 6 Partes:
Segue uma tendência mundial de mudança na
forma de se elaborar Normas Técnicas
ABORDAGEM
PRESCRITIVA
 Base do arcabouço normativo
brasileiro e mundial;
 Define prescrições e soluções
baseadas em experiências
passadas: evita-se o que deu
errado e repete-se o que deu
certo;
 Não define os resultados
desejados explicitamente, mas
traz um desempenho
implícito nas soluções
adotadas.
ABORDAGEM
DESEMPENHO
 Define os resultados que se
deseja atingir e não a forma
como obtê-los. Exemplo: nível
de desempenho térmico de
um ambiente ou de segurança
estrutural de um edifício;
•Melhor forma de se atender
aos usuários de imóveis
•Estímulo à inovação
tecnológica
•Base para sustentabilidade.
Metodologia consolidada: requisitos de
desempenho – ISO 6241
 Desempenho Estrutural;
 Segurança contra incêndio;
 Segurança no uso e operação;
 Estanqueidade;
 Desempenho térmico;
 Desempenho acústico;
 Desempenho lumínico;
 Durabilidade e manutenibilidade;
 Conforto tátil e antropodinâmico;
 Adequação ambiental.
Tradução técnica e
objetiva das
necessidades dos
usuários
Estrutura clássica da abordagem de desempenho adotada na NBR 15575
Necessidades
dos usuários
Edifício e
suas partes
Requisitos
Análises de projeto,
ensaios laboratoriais,
em protótipos, in loco,
simulações em
computador etc.)
Critérios
Métodos de
avaliação
Condições de
Exposição
QUALITATIVOS:
Segurança contra incêndio
- evitar, sobreviver em
caso de, evitar danos
QUANTITATIVOS:
Exemplo - Proteção
contra descargas
atmosféricas, existência
de rotas de fuga etc.
Alguns Requisitos da NBR 15575
SISTEMA
REQUISITO
CRITÉRIO
MÉTODO DE
AVALIAÇÃO
Estrutura
Estabilidade e
resistência
estrutural
Estado limite último
Atendimento às
Normas NBR 6118,
NBR 6122, NBR 7190,
NBR 8800 e outras
Segurança no
Uso e Operação
(todos os
sistemas)
Segurança das
instalações
Segurança na utilização
dos sistemas, que não
devem apresentar
rupturas, partes expostas,
cortantes ou perfurantes,
deformações ou defeitos
etc.
Análise de Projeto ou
inspeção em
protótipo
Desempenho
Acústico
Isolação
acústica entre
ambientes
Isolação ao som aéreo
entre paredes internas e
externas
Ensaio especificado
na NBR 10152
Uma síntese da NBR 15575
 Objetiva atender as necessidades
dos usuários de imóveis, dentro de
determinadas condições de
exposição, ao longo de uma vida
útil de projeto e no contexto do
ambiente regulatório, econômico e
social brasileiro.
NBR 15575 -Algumas características importantes
 Seção incumbências dos intervenientes – esclarece o
papel de cada agente para obtenção do desempenho
ao longo da vida útil (sócios do desempenho);
 As 6 Partes da Norma remetem à 157 Normas
prescritivas existentes (brasileiras) – desempenho
“HIGIÊNICO” –
implícito nas soluções adequado;
adotado para não
aumentar o custo das
 Pode ser utilizada para edifícios
com mais de cinco
obras neste momento
pavimentos para itens que não dependem da altura;
 Níveis de Desempenho diferentes: Mínimo
(obrigatório), Intermediário e Superior.
Desempenho acústico – “o mais badalado”
Desempenho inadequado: potencial conflito
 Os projetistas e as construtoras historicamente não
concebem e constroem para atender a um nível de
desempenho acústico;
 Há empreendimentos de alto padrão com baixo
desempenho acústico: falta de conhecimento e falta
de cuidados básicos;
 Clientes estão mais sensíveis aos ruídos (em todos os
níveis sócio-econômicos) - riscos de processos
judiciais por baixo desempenho tendem a aumentar
bastante.
Desempenho acústico – “o mais badalado”
Problemas mais comuns:
 Ruídos entre pavimentos;
 Tubulações hidráulicas – prumadas pressurizadas de





água e descarga;
Sistemas de Exaustão e Ventilação: “pontes
acústicas”;
Geradores: poderosas fontes de ruído
Ruídos externos;
Casas de máquinas de elevadores;
Motobombas e equipamentos de piscina.
Desempenho acústico – algumas questões
 Habitações situadas em locais com altos
níveis de ruído de fundo necessitam de
menor isolamento acústico;
 Países com clima frio levam vantagem: bom
desempenho térmico induz a bom
desempenho acústico
 Desempenho acústico e conforto acústico
são diferentes: nível de tolerância subjetivo
Comparação: Desempenho acústico
Fonte:VI Congreso Iberoamericano de Acústica - FIA 2008
Maria de Fatima Ferreira Neto, Stelamaris Rolla Bertoli.
Implicações da NBR 15575 – A questão temporal
 Quanto tempo deve durar




uma edificação?
Como projetar uma edificação
para uma determinada vida
útil?
Que conhecimento os
projetistas devem ter para
projetar para uma vida útil?
Qual a durabilidade dos
sistemas e materiais
utilizados nas construções?
Qual a responsabilidade dos
construtores e projetistas
durante a vida útil do edifício?
A importância da Vida útil na abordagem de
Desempenho– Vários aspectos
 Econômico - Visão de longo prazo é essencial: Custo
global - construção + uso e operação



< Custo construção - nunca é o menor custo global
> Custo de construção - pode não ser o menor custo global
Vida útil definida no nível do projeto tende a diminuir o custo
global, sem regra definida o construtor tende a construir pelo
menor custo de construção.
 Ambiental
Vida útil é
essencial para a
abordagem de
desempenho
Vida útil é
essencial para a
Sustentabilidade –
Análise de Ciclo de
Vida
 Humano
 Bom para o consumidor, protege os usuários de baixa renda.
Vida útil e Desempenho: Aspecto técnico Valorização do Projeto
 Exige uma forma de se conceber e projetar edifícios
– Capacitação, Metodologia e Sistema técnico de
informações




Caracterização das necessidades dos usuários e das condições
PALAVRA CHAVE
de exposição no local da construção;
Especificação de Sistemas com desempenho conhecido ou
avaliação do potencial desempenho no caso de sistemas
inovadores;
Obtenção de informações sobre o desempenho dos elementos e
componentes e sua ligação com o desempenho dos sistemas;
Orientação aos usuários sobre como elaborar e implementar
programas de manutenção corretiva e preventiva e sobre os
cuidados de uso e operação dos sistemas.
ESPECIFICAÇÃO
Vida útil e Desempenho: A responsabilidade legal
dos vários agentes
 É essencial, do ponto de vista técnico, que a Vida útil
seja considerada no nível do projeto: 50% do
desempenho dos edifícios depende do projeto;
 No entanto, para ser obtido ao longo da vida útil, o
desempenho requerido depende de questões que
estão fora da governabilidade dos incorporadores,
projetistas e construtores:



Implementação de programas de manutenção corretiva e
preventiva;
Cuidados no uso e na operação dos sistemas;
Mudanças nas premissas de projeto: clima, mudanças de uso
dos edifícios, etc.
Como fica então a questão da responsabilidade
legal?
 EOTA - European Organisation for Technical Approvals
- Cláusula 5.2 - “ a vida útil de um produto não pode ser
interpretada como uma garantia dada pelo fabricante,
mas como um meio de se escolher os produtos corretos
em relação
vida útil esperadada
e economicamente
A a especificação
vida útil de
razoável dos edifícios”

um sistema ou a durabilidade de
um produto não é uma garantia,
A vida útil assumida de um produto deve ser considerada
mas umabásica
referência
técnicado tipo e
como uma referência
para a definição
grau de severidade dos métodos de verificação e
provisões relativas à durabilidade
Vidas úteis de projeto mínimas - NBR 15575
SISTEMA
VUP MÍNIMA (EM ANOS)
Estrutura
≥40
Pisos Internos
≥13
Vedação vertical externa
≥40
Vedação vertical interna
≥20
Cobertura
≥20
Hidrossanitário
≥20
NBR 15575 e a presunção técnica - bom senso
Cláusula 14.2.1.1 - NBR 15575-1
 Caso os requisitos de desempenho desta Norma
tenham sido atendidos e não surjam patologias
significativas nos sistemas nela previstos depois
de decorridos 50% dos prazos de vida útil de
projeto (VUP) conforme tabela 4, contados a
partir do auto de conclusão da obra, considerase atendido o requisito de vida útil de projeto
(VUP), salvo prova objetiva em contrário.
O que precisamos fazer para atender a Norma
 Incorporadores: identificar riscos previsíveis na época do




projeto, providenciar estudos quando necessário e alimentar
os projetistas: riscos ambientais, nível excessivo de ruído
externo etc.;
Projetistas: Nova metodologia de projetar;
Fabricantes de materiais: Conhecer e informar o
desempenho de seus produtos: padronização das informações
(durabilidade por exemplo);
Construtores: seguir rigorosamente o projeto, dominar
técnicas construtivas e adquirir materiais e sistemas por preço
e desempenho;
Consumidores e Administradores Pós-Obra: elaborar e
implementar programas de manutenção corretiva e
preventiva.
Algumas ferramentas para os projetistas
Na página do PBQP-H
na internet é possível
verificar, para os
diversos setores que
possuem Programa de
Garantia da Qualidade,
as relações dos
fabricantes que
produzem em
conformidade e em não
conformidade às
Normas Técnicas da
ABNT.
Fonte: Tesis
Desempenho : Economia de água x
Estanqueidade dos componentes
O consumo médio mensal de água
de uma pessoa é de
aproximadamente 6.000 L/mês.
 o desperdício mensal de água de
uma torneira com vazamento
contínuo poderia abastecer uma
pessoa pelo mesmo período de
tempo.
Fonte:
Tesis
Fonte: Departamento Municipal de Água,
Esgoto e Saneamento - DMAES – Ponte
Nova/MG
Durabilidade dos produtos – Exemplo:
Resistência à corrosão
PSQ
Fonte: Tesis
Comprometimento
da durabilidade do
produto
24
Especificação de fechaduras em função do
desempenho informado pelo fabricante
Freqüência de uso
Utilização da fechadura
tráfego intenso
Residências, consultórios, escritórios, hospitais, shopping centers etc.
tráfego médio
Residências, consultórios, escritórios etc.
tráfego leve
Residências, comunicação entre cômodos etc.
Grau de segurança
Utilização da fechadura
Máxima
Porta externa, interna e banheiro
Alta
Porta externa, interna e banheiro
Média
Porta externa, interna e banheiro
Baixa
Porta externa, interna e banheiro
Mínima
Porta interna e banheiro
Grau de Resistência à corrosão
Utilização da fechadura
4
Com condições severas quanto à umidade e intempéries
(ex: regiões litorâneas e industriais)
3
Com umidade e intempéries (ex: áreas externas urbanas e rurais)
2
Com umidade e sem intempéries (ex: cozinhas e banheiros)
1
Sem umidade e sem intempéries (ex: salas e dormitórios)
Fonte:
Tesis
Especificação: material reciclado pode não ser
ecoeficiente: durabilidade inadequada
Telha Reciclada após 2 anos
Fonte: prof Vanderley John
SBCS 08 set 2008
Algumas razões para o Setor adotar a Norma
 Normas técnicas têm caráter obrigatório e esta Norma
tem mais chance de ser exigida: Mídia e rastreabilidade:
todos os requisitos têm método de avaliação claro: será
referência para ações judiciais;
 Conceito de desempenho é a ferramenta conceitual para
a construção sustentável;
 Adoção da Norma torna o ambiente técnico e a
concorrência no setor mais saudável;
 Protege o consumidor e otimiza a utilização dos recursos
públicos (quase 50% de todo o financiamento bancário
no Brasil está com a CEF): visão de longo prazo;
26 de outubro de 2008: queda de 15 sacadas do Edifício
Dom Gerônimo - Maringá – “Desempenho puro”
1ª. Medida da Defesa Civil- análise de projeto para
verificação do cumprimento de Normas rastreabilidade: impressão digital no local do crime
Prédio chinês que “caiu de costas” em 2009 –
estava em fase final de construção
O prédio que “dormiu”
O prédio que “dormiu”
Clientes dos prédios vizinhos não querem mais morar
nos prédios
Excelente desempenho da estrutura e péssimo
desempenho das fundações”
Normalização é um dos caminhos
 Precisamos cumprir e desenvolver Normas Técnicas:
lição de caso do setor: estrutura e recursos para o CB2


Existem Normas desatualizadas e que são inexeqüíveis , portanto o
cumprimento de Normas é relativo
Normas tem caráter obrigatório e o setor precisa se mobilizar para
corrigir e eliminar as distorções existentes nas Normas: todos os
países desenvolvidos foram por este caminho
 Criação de metas setoriais para a Normalização técnica
brasileira. Algumas normas para elaboração e ou revisão




Coordenação Modular
Elaboração de Programas de manutenção corretiva e preventiva
Padronização na forma de apresentação do desempenho dos
materiais: requisitos essenciais
Norma de Desempenho – correção e desenvolvimento
Considerações finais
 Oportunidade de maior articulação do setor e evolução da qualidade das
construções brasileiras: sócios do desempenho.

Evolução e não revolução – metas de longo prazo


fabricantes de materiais precisam de tempo para padronizar o sistema de informações sobre os
produtos que fabricam
projetistas e construtores precisam se capacitar para o atendimento da Norma
 Criação de legislação específica sobre a responsabilidade na construção
civil – caminho adotado em outros países
 Capacitação do meio técnico para o cumprimento da NBR 15575 – da
conscientização para a prática

Cursos, seminários etc.
 Exigência do cumprimento de Normas – Caixa Econômica Federal tem um
papel importante:


Auditorias em projeto, ensaios laboratoriais
Ranking de empresas com bom desempenho: incentivos como menor taxa de juros
Considerações finais
O segredo é investir
no projeto: 50 a 60%
do desempenho
depende do projeto
OBRIGADO!
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