Daniel Ferraz do Amaral de Sá Rocha Bem, como começar meu texto se eu nem sabia que eu ia fazer o intercambio? Tudo começou quando minha mãe me inscreveu para participar do projeto. Meu plano inicial era fazer um intercambio de 6 meses e como esse começaria em agosto era impossível ir para a Argentina, já que a viagem seria realizada em outubro, mas graças a conversas aqui e ali tanto com amigos quanto com a orientação, desisti de ficar meio ano fora(opção que até agora está se mostrando a certa). Sem isso no meu caminho logo sobrou tempo para o intercambio. Tudo começou com aulas de espanhol logo no começo do ano. Além de estudarmos gramática, aprendemos sobre o país que iríamos conhecer o que me deixou muito animado já que adoro historia, e me interessei muito pela Argentina. O primeiro momento em que caiu a ficha do que estava prestes a acontecer foi na sala da nossa diretora Sonia, onde ela nos mostrou uma foto e o nome dos hermanos que iríamos hospedar . A partir daí comecei a conhecer e conversar sempre com Ivan, o meu irmão argentino. A nossa semelhança era tanta que queria muito conhecê-­‐lo. Me lembro de nos últimos dias de férias querer que essas se acabassem para que ele logo estivesse com ele em casa. Sexta foi quando tudo começou. Me lembro de estar sentado na porta da escola quando uma van apareceu e logo saíram dela todas aquelas fotos 3x4 que havia visto na sala da nossa diretora. A primeira etapa do intercambio foi bem legal, a minha relação com o hermano foi boa, sem dizer que gostei muito de lhe mostrar a cidade. Eu como paulista tinha que tentar ver de maneira diferente todos aqueles lugares que eu cresci para conseguir filtrar o que havia de mais legal para uma pessoa de outro país. O grupo em si ficou muito unido, era engraçado sempre olhar para trás e perceber que vinham mais 19 com você. Quando eles partiram lembro-­‐me de sentir um vazio, que logo foi preenchido com uma semana de provas intensas e uma viagem estudo de meio. Somente na semana seguinte após esses eventos que eu me toquei que em menos de 1 mês estaria na Argentina. Tudo passou muito rápido e quando percebi estava ouvindo a voz do comandante avisando que chegamos em Buenos Aires. No ano passado já havia conhecido a capital portenha, mas no caminho do aeroporto para o Colegio de la Ciudad percebi que tudo ia ser diferente já que dessa vez não iria necessariamente para os pontos turísticos. O primeiro fim de semana foi perfeito, me dei bem com a família, conheci mais pessoas e ainda vi partes da cidade que eu não fazia a mínima ideia que existiam. Durante a semana, além de assistir as aulas, saímos pela cidade com o Fermín e a professora de Historia deles, Gabriela, o que foi muito legal já que os dois entendiam muito de Buenos Aires e pudemos observar coisas que havíamos estudado em classe anteriormente. Uma das coisas que mais me marcou nessa semana foi ver as diferenças gritantes entre São Paulo e Buenos Aires. As calçadas, as praças, o silencio e, o que pra mim foi o mais importante, como as pessoas usam o espaço publico. Me lembro de sair de um dia de escola e passar praticamente a tarde toda em uma praça ouvindo musica e conversando e o que mais me encantou foi que aquilo não estava planejado, foi simplesmente um dia normal para os portenhos. Na semana seguinte o clima já estava um pouco mais tenso, todos haviam em pouquíssimo tempo criado laços afetivos muito grandes, e por mais que estivéssemos felizes nós sabíamos que tudo aquilo iria acabar. Resolvemos esse “problema” aproveitando muito cada dia, e tentando sempre esquecer que sexta estaríamos de volta. O fim da historia foi uma mistura de felicidade e tristeza já que em um momento estávamos todos chorando mas no minuto seguite começávamos a lembrar de algo engraçado daqueles 15 dias e não parávamos de rir, até novamente lembrar que tudo era passageiro . O que eu tenho para dizer dessa experiência é de que em apenas 30 dias o adolescente tem a chance de viver tudo aquilo que pode demorar os 3 anos de colegial. O Intercambio, além de servir para entrar em contato com outra língua e cultura, serve também para lembrar que ainda somos adolescentes, que ainda nos apaixonamos, que ainda entramos em conflitos, que sentimos saudades, que sentimos raiva, que queremos conhecer o mundo, que temos que amadurecer, que temos que ser independentes e, o mais importante de tudo, que sabemos que tudo é passageiro. 
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