A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA NO CONTEXTO
ESCOLAR E FAMILIAR: UMA AMOSTRA DO PROJETO
IMPLANTADO NA UNESPAR
Autores:
Anesandra Eliza de Oliveira
Universidade Estadual do Paraná - Campus de Apucarana
[email protected]
Flávia Fernanda da Silva Machado
Universidade Estadual do Paraná - Campus de Apucarana
[email protected]
Júlio Cesar Martins
Universidade Estadual do Paraná - Campus de Apucarana
[email protected]
Richard Robson Sposito
Universidade Estadual do Paraná - Campus de Apucarana
[email protected]
Orientadora:
Professora Tania Terezinha Rissa de Souza
Universidade Estadual do Paraná - Campus de Apucarana
[email protected]
Área Temática:
Ensino, pesquisa e extensão: integração para o desenvolvimento do Paraná.
1
Resumo
Este artigo tem como propósito relatar a importância que a educação financeira tem no
contexto escolar e familiar, visando à abordagem do tema desde a vida escolar, as
necessidades de se ter um incentivo do Estado e o papel fundamental que a família exerce
para esse aprendizado. Mostrando as atividades e resultados adquiridos com o projeto
implantado na UNESPAR de Economia Doméstica. A fundamentação teórica usada nesse
artigo será a pesquisa bibliográfica com uma revisão acerca do tema proposto, com o intuito
de mostrar o que autores vêm discutindo sobre o tema de economia doméstica e em
seguida fazer apresentação de resultados de um projeto desenvolvido com esta temática.
Assim se mostra a necessidade da implantação da educação financeira na vida dos jovens
e o quanto isso pode refletir em seu futuro.
Palavra-chave: Educação Financeira. Economia Doméstica. Planejamento Familiar.
Abstract
This article intends to describe the importance that financial education has on school and
family context, in order to approach to the topic since school life, needs to have an state
incentive and the central role that the family plays to that learning. Show the activities and
results obtained with the project implemented in UNESPAR Home Economics. The
theoretical foundation used in this article is the bibliographic research with a review of the
topic proposed in order to show that the authors have been discussing about the subject of
domestic economy and then make a presentation of results of a project developed to this
topic.Just show the need for the implementation of financial educations in the lives of young
people and how much this may reflect on his future.
Keywords: Financial Education. Home Economics. Family Planning.
1 Introdução
Entender e praticar a educação financeira pode ser uma das formas de se ter
uma vida feliz, saudável e bem sucedida. Nunca é cedo demais para aprender a melhor
forma de se usar o seu dinheiro, manter as suas dívidas sobre controle e investir para o
futuro.
Por ano empresas gastam milhões de reais com marketing de seus produtos
e serviços, mostrando o quanto é acessível um empréstimo, cartões de crédito, contas
correntes e muitas outras formas de pagamentos em longo prazo e com juros abusivos. Em
comparação
pouco se é gasto para proporcionar aos adolescentes, jovens e adultos
2
ferramentas que eles precisam para lidar com as decisões financeiras que irão enfrentar na
vida.
Colocar o ensino de educação financeira em prática desde a infância faz com
que se tenha jovens mais estruturados em suas finanças pessoais e até mesmo
empresariais. O problema é que muitos pais desconhecem o assunto e acabam tendo certas
dificuldades em tratar e ensinar o tema aos seus filhos, isso se deve também a uma questão
cultural, onde a economia brasileira antes do plano real era instável e não se sabia nem qual
o valor do salário do próximo mês devido às altas inflações.
A melhor forma de ser abordado o tema seria nas escolas com o apoio da família
para a prática, assim os alunos entenderiam que a educação financeira não visa o
enriquecimento e sim a conscientização para que o jovem desenvolva atitudes para
saberem lidar com o dinheiro, podendo ter uma vida segura e confortável, que é afirmado
por Sthepani (2005, p.12)
Cada indivíduo participante do processo de formação do ser humano tem
uma parte de responsabilidade nesse processo de mudança pela qual a
educação passa. E a Educação Financeira vem ser um elo entre várias
áreas do conhecimento, no sentido de fazer com que trabalhem juntas e
formem na epistemologia do aluno conceitos capazes de instrumentalizá-lo
para a construção de sua autonomia.
Assim a educação financeira não será apenas um aprendizado em fase
escolar, mas acompanhará o aluno por toda sua existência.
2 Educação Financeira
2.1 Conceitos de Educação Financeira
As decisões, no âmbito financeiro, acontecem de maneira muitas vezes impensada
e irresponsável, o que, por sua vez, produz impactos negativos na vida de um cidadão. Isso
decorre também do fato de que há uma falha no que se refere à efetivação da educação
financeira nas escolas e de que ainda é um desafio para as mesmas a inserção da família
no processo de alfabetização financeira, ou seja, de romper com uma socialização orientada
para o consumismo.
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A educação financeira não é algo novo, pois há muito tempo percebe-se a
preocupação com os gastos exagerados e problemas financeiros, em vários aspectos.
Identifica-se, por exemplo, desde a Idade Média, a preocupação em se poupar dinheiro:
Como afirmou Aristóteles (Ética a Nicômaco, in “Os Pensadores”, São
Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 180), “a pessoa que tende para o excesso e
é vulgar excede-se, como já dissemos, por gastar além do que seria
razoável. Agindo assim, ela gasta demais e demonstra um exibicionismo de
mau gosto em ocasiões pouco importantes [...]. E tudo isso ela faz não por
motivo nobilitante, mas para exibir sua riqueza, e por pensar que é
admirada em consequência dessa maneira de agir; ademais, onde deve
gastar muito ela gasta pouco, e onde deve gastar pouco gasta muito”
(ARISTÓTELES, 1996, p. 180 apud SILVA, 2012, p. 8).
Sendo assim, constata-se que antigos pensadores, embora não fazendo uso do
termo educação financeira, já sinalizavam a necessidade de refletir sobre o tema, sobretudo
com relação a uma maneira consciente de consumir. Faveri, Kroetz e Valentim (2013)
observam que o desenvolvimento da economia, o surgimento de demanda por produtos
cada vez mais diferenciados e a busca pela resolução de problemas oriundos da má gestão
dos recursos financeiros impulsionaram o aprofundamento das discussões sobre educação
financeira. Araújo e Souza (2012) observam que de acordo com a Organização de
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD 2005), o fácil acesso ao crédito, às
novas tecnologias para acesso e comercialização, o aumento da expectativa de vida da
população e as recentes reformas nos sistemas previdenciários, as quais gradativamente
transferem aos cidadãos a responsabilidade de sua aposentadoria também são fatores que
demonstram a importância da educação financeira. Tratando especificamente do Brasil, os
autores colocam que, além desses fatores, o alto spread bancário (diferença da taxa de
empréstimo e de captação), em virtude de grande parcela de a população possuir pouco ou
desconhecer os acessos ao sistema financeiro, embora todos os municípios possuam algum
acesso ao sistema, e pela cultura gerada por décadas de inflação alta, e a necessidade de
que os cidadãos cumpram seus deveres para com a sociedade, uma vez que pessoas
educadas financeiramente podem planejar melhor suas compras e cumprem seus
compromissos financeiros, intensificam a necessidade da educação financeira. Assim, é
visível que são diversos os aspectos que fazem com que haja necessidade que a educação
financeira seja efetivada.
Com relação à concepção de educação financeira, é possível afirmar que não há
um conceito unívoco entre os autores que tratam de tal assunto. Para Peter e Palmeira
(2013), a educação financeira abrange a capacidade de leitura e aplicabilidade de
matemáticas básicas para fazer escolhas financeiras sábias, bem como abrange o
conhecimento de termos, práticas, direitos, normas sociais, e atitudes que se fazem
4
necessárias para a compreensão e funcionamento dessas tarefas. Ou seja, refere-se à
capacidade de um indivíduo fazer julgamentos bem informados e decisões efetivas sobre o
uso e gerenciamento de seu dinheiro.
Teixeira et al. (2010, p. 27) define a educação financeira como “a arte de aplicar os
princípios e conceitos de finanças em auxílio à tomada de decisões financeiras pessoais”.
Permitindo, assim, ao indivíduo condições de obter um resultado satisfatório em relação a
suas finanças.
A educação financeira pode ser definida ainda como “a habilidade que os indivíduos
apresentam de fazer escolhas adequadas ao administrar suas finanças pessoais durante o
ciclo de sua vida” (HILL, 2009 apud SOUZA, 2012, p. 29).
Pode-se identificar que os próprios conceitos de educação financeira trazem
consigo a importância do tema. Ou seja, ao analisar os conceitos de educação financeira,
percebe-se que está embutida a relevância de sua realização. É preciso, portanto, que o
Estado disponibilize meios para concretizar a alfabetização financeira. Um dos meios
encontrados pelo Brasil foi a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), instituída
pelo Decreto nº. 7397, de 22 de dezembro de 2010, com a finalidade de “promover a
educação financeira e previdenciária e contribuir para o fortalecimento da cidadania, a
eficiência e solidez do sistema financeiro nacional e a tomada de decisões conscientes por
parte dos consumidores” (BRASIL, 2010). Na literatura existente, o tema encontra-se,
geralmente, vinculado a escola e a família (Cássia D’Aquino, por exemplo), que por sua vez
são agentes importantes para a concretização de tal fim.
Torna-se, impossível, no entanto, pensar a respeito do conhecimento de tais
práticas sem pensar em um espaço para desenvolvê-las. Assim, se pensar que “boa parte
da vida do cidadão ele passa nos bancos escolares buscando se desenvolver como ser
humano e obtendo conhecimento para mais tarde entrar no mercado de trabalho” (PETER;
PALMEIRA, 2013, p. 1), compreende-se que a escola seja um lócus privilegiado para
possibilitar o conhecimento sobre os mais diversos conteúdos relevantes para a vida dos
cidadãos, dentre os quais, inserem os assuntos relacionados à educação financeira.
Carvalho (2010) apud Theodoro, Gindro e Colenci Junior (2010) também afirma que a
escola é o lugar ideal para a implantação de uma nova cultura financeira.
Contudo, também não há como delegar a função da educação financeira para a
escola sem que essa receba apoio para o desenvolvimento de tal tarefa. É necessário,
portanto, refletir sobre o papel do Estado a esse respeito. O Código de Defesa do
Consumidor (1990) coloca que o Estado possui o dever de proporcionar a Educação
Financeira através de órgãos específicos. Segundo Teixeira et al. (2010) o Estado encontra-
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se ausente e apático, não contribuindo para a disseminação do conteúdo de educação
financeira nas escolas.
É preciso, ainda, compreender que a família também possui responsabilidades na
educação financeira. Não há um consenso entre os autores que estudam o tema se a
responsabilidade de educar financeiramente cabe à família ou a escola, entretanto, é
elucidativo que estas duas esferas são complementares nessa tarefa. Ewald (2010) defende
que a família é a principal responsável pela educação financeira, sobretudo por ser quem
oferece exemplos. Porém, nem sempre a família, por si própria, possui condições para
realizar a alfabetização financeira. Sendo assim, Ewald (2010) reconhece que a escola ao
criar e desenvolver projetos de educação financeira deve, primeiramente, reunir os pais,
apresentar a proposta de trabalho e mostrar que o exemplo vem de casa. Desse modo, fica
claro que a família deve receber da escola o apoio necessário para desenvolver a sua
função, aprendendo com essa a como lidar com os filhos nas situações que envolvem
finanças e orçamento doméstico.
É imprescindível que haja uma articulação entre as três dimensões no processo de
alfabetização financeira, na qual o Estado deva oferecer apoio para as escolas, com relação
à ampliação e capacitação de recursos humanos bem como um aparato legal, entre outros;
a escola, por sua vez, consiga efetivar a alfabetização financeira, enquanto uma disciplina
contínua durante toda a vida escolar, desde o ensino fundamental até o médio e, possa,
dessa forma, inserir a família no contexto para que a mesma adquira a possibilidade de
vivenciar, conjuntamente, aquilo que é transmitido aos seus filhos e seja capaz de também
educá-los financeiramente no ambiente doméstico.
2.2 A importância da educação financeira nas escolas
A importância da educação financeira nas escolas é um tema em discussão
atualmente, principalmente a pretensão de incluir a disciplina na grade curricular das
escolas públicas através do programa do governo ENEF, em 2010, visto que algumas
escolas particulares já adotam o método de ensino (Site Vida e Dinheiro).
O modelo educacional atual é discutido por alguns especialistas financeiros que
enxergam a falta de conhecimento financeiro por parte dos brasileiros, dentre os motivos
está o método de ensino. "Nos cinco séculos de história de nossa cultura, a busca pela
prosperidade foi tida como uma exclusividade da nobreza. Falar sobre dinheiro não fazia
sentido, mesmo porque o dinheiro disponível aos brasileiros nunca permitiu fazer escolhas"
(CERBASI, 2013 apud ABREU, 2013, p. 12).
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A importância da educação financeira está em formar profissionais conscientes e
capacitados para o mundo moderno, porém não é o quadro atual da economia tanto no
Brasil quanto no mundo. Kioyosaki (2000, p. 81):
Como os estudantes deixam a escola sem habilidades financeiras, milhões
de pessoas instruídas obtêm sucesso em suas profissões, mas depois se
deparam com dificuldades financeiras. Trabalham muito, mas não
progridem. O que falta em sua educação não é saber como ganhar dinheiro,
mas sim como gastá-lo (...). Essas pessoas muitas vezes trabalham mais do
que seria necessário porque aprenderam a trabalhar arduamente, mas não
como fazer o dinheiro trabalhar para elas.
O que se percebe no mundo hoje é exatamente isso, pessoas instruídas com um
currículo profissional de certo modo invejável, porém sem habilidades financeiras
adequadas para se estabilizarem e obter a independência financeira desejável.
Por isso a importância das escolas aderirem o projeto de educação financeira nas
salas de aula. Hoje tem o método de ensino DSOP (Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar),
criado pelo educador financeiro Reinaldo Domingos em 2008, com objetivo de expandir a
educação financeira no Brasil e desenvolver jovens capacitados para o futuro (Site DSOP).
Com parceria junto ao ENEF, a DISOP Educação Financeira tem obtido resultados
significativos tanto nas escolas particulares quanto nas públicas, em um teste realizado com
mais de 150 escolas em 2009 (Site DSOP).
A preocupação com a inadimplência brasileira é outro ponto positivo para ensinar
os jovens sobre o dinheiro e o consumo consciente, e assim evitar outra geração de
endividados no país. Segundo dados divulgados pelo Portal Terra (2014) 62% das famílias
têm algum tipo de dívida e por isso a melhor opção para o Brasil é focar na educação
financeira das crianças e jovens.
Em maio de 2014 o Ministério da Educação anunciou o projeto de educação
financeira nas escolas, viabilizando cerca de 2.962 escolas públicas de ensino médio até
2015 (Site OABPrev Paraná).
Em base nisso Domingos (2014) avalia que "a educação financeira é imprescindível
para construir um país mais realizador de sonhos" e ainda "não é finanças, nem exatamente
apenas poupar. É mais do que cálculos e matemática, é sobre hábitos, costumes e
comportamentos.”.
Porém é importante ressaltar qual será o método de ensino e quem irá aplicá-lo, já
que o professor responsável deve ser o exemplo daquilo que repassa aos alunos, ou seja,
praticar a educação financeira para poder ensinar CALIL (2013) apud ABREU (2013). Afinal,
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os alunos necessitam de educadores financeiros eficientes e preparados para que
desenvolvam a própria inteligência financeira.
A implantação da educação financeira em si, tem uma nova metodologia de ensino
que além de beneficiar os alunos também ajuda os professores e os pais, gerando uma
sociedade unida e consciente para o Brasil. E o importante é a proximidade da escola e da
família na educação do jovens, sendo cada esfera um complemento para o desenvolvimento
financeiro dos mesmos e para um futuro próspero e sadio.
Esta inclusão da educação financeira na grade curricular, também revela um novo
processo de ensino que começa no país, visto a preocupação com o futuro da economia e
com o comportamento destes novos agentes econômicos que em breve ingressarão no
mercado financeiro.
2.3 Planejamento Familiar e os meios utilizados para conscientização e educação financeira
dos filhos
A história econômica brasileira não favorece o ensinamento da educação
financeira, não há o hábito da conversa sobre dinheiro, investimentos e planejamento com
filhos. A realidade de nossos pais e avós era bem diferente da que se vive atualmente. Não
havia possibilidade de se criar um planejamento financeiro, pois com a inflação nem sabiam
o valor do salário do mês seguinte. Só se tornou possível planejar em longo prazo
posteriormente ao Plano Real. A rotina do dinheiro só era necessária após certa idade, com
o trabalho.
Não havia instrução financeira e essa falta de noção é prejudicial à vida da criança,
podendo dificultar toda sua vida. Segundo Vilhena (2011) “aprendizagem é o caminho mais
eficaz para que seu pequeno se transforme em um adulto capaz de lidar com o dinheiro de
uma forma inteligente”. Para a autora os pais são os maiores responsáveis pelo aprendizado
da criança.
De acordo com a autora:
“Não foi possível ou não sabíamos da importância de cuidar da inteligência
financeira de nossos jovens e crianças. Ainda assim, com o tempo ele
acabará aprendendo as melhores condutas e os comportamentos
financeiros adequados, mas o caminho será mais difícil. Os erros, é claro,
sempre ensinam.” Idem, (2011).
Conforme Cerbasi (2013) as decisões com relação ao dinheiro devem ser
discutidas e explicadas para as crianças. A inicialização das crianças na educação
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financeira deve ser iniciada cedo, não existe uma idade certa, porém o exemplo e a
explicação têm que estar sempre presentes. Por exemplo, ao realizar uma compra à vista
deve-se explicar o porquê de esperar um pouco mais para o acúmulo do dinheiro para a
compra.
O comportamento financeiro dos pais é imprescindível na formação da criança,
afinal, devem dar o exemplo. Se você não economiza água, seu filho não economizará. Para
o autor “não adianta exigir dos filhos que guardem dinheiro no cofrinho se os pais não têm
também seu cofrinho – mesmo que acumulem menos que os filhos. Não adianta pedir para
economizar energia elétrica e deixar as luzes acesas na casa inteira” (Idem, 2013, p. 102).
A imposição de limites é também um aliado à formação do filho. Regras para
consumo de produtos caros e supérfluos deverão ser estabelecidas, e também deverão ser
seguidas pelos pais. Assim, deve-se evitar a compra destes, a título de exemplo, a compra
de um vídeo game em uma data não comemorativa. “Para uma criança de 3 anos, ganhar
um carrinho com controle remoto pode ser tão bom quanto ganhar uma bola ou um skate”
(Idem, 2013, p. 100-101).
O contato com o dinheiro desde cedo ajudará no entendimento do mesmo pela
criança, porém o conceito de mesada deverá ser discutido entre pais e filhos de acordo com
suas necessidades e possibilidades. De acordo com a maturidade do filho defina
pagamentos quinzenais, para crianças menores, ou mensais, para os mais velhos. O filho
deverá se organizar para que o dinheiro não acabe antes do prazo, e caso ocorra terá de se
reorganizar para que no próximo período não aconteça novamente.
A mesada não deverá ser utilizada como forma de punição, caso, por exemplo, o
filho desobedeça ou tire nota baixa. Porém, métodos como “bônus” por algum ato bem
sucedido, como passar de ano.
Com base em seu acompanhamento da educação infantil Cerbasi (2011) criou o
quadro abaixo, que mostra o comportamento do filho para cada faixa etária:
Quadro 1 – Características de cada fase da criança/adolescente
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É responsabilidade dos pais, juntamente com a escola, formar cidadãos capazes de
controlar seu orçamento e sua vida adequadamente, utilizando os meios como sites
especializados e livros. Porém, também é dever de todos os pais oferecer uma educação
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baseada no amor, carinho, paciência, perseverança e dedicação para formação de adultos
responsáveis tanto social quanto financeiramente, contribuindo para o futuro de nosso país.
3 Procedimentos Metodológicos
O presente trabalho caracteriza-se pela pesquisa bibliográfica, na qual para Gil
(2002) “é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de
livros e artigos científicos”.
A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao
investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do
que aquela que poderia pesquisar diretamente. Esta vantagem se torna
particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados
muito dispersos pelo espaço. (Gil, 2002, p.45)
Poderá fazer uso também, da Pesquisa Documental, que constitui-se de materiais
que não receberam ainda um tratamento analítico, tais como relatórios, decretos, leis,
regimentos (GIL, 2009).
Quanto à abordagem utiliza-se a pesquisa qualitativa.
A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica,
mas sim com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de
uma organização etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem
qualitativa se opõem ao pressuposto que defende um modelo único de
pesquisa para todas as ciências, já que as ciências sociais têm sua
especificidade, o que pressupõe uma metodologia própria. Assim, os
pesquisadores qualitativos recusam o modelo positivista aplicado ao estudo
da vida social, uma vez que o pesquisador não pode fazer julgamentos nem
permitir que seus preconceitos e crenças contaminem a pesquisa.
(Goldenberg, 1999 apud Gerhardt, Silveira, 2009, p. 31-32).
Na Unespar Campus Apucarana, no ano de 2013 foi desenvolvido um projeto de
extensão e iniciação científica sobre Economia Doméstica, que envolveu alunos dos cursos
de administração e ciências econômicas. Com o objetivo de mostrar o que é, e quais os
benefícios da educação financeira na vida de cada um.
4 Resultado e Discussão
Analisando o tema abordado, fica evidente a implantação da educação financeira
na vida dos jovens e o quanto pode refletir em seu futuro, tornando-os adultos conscientes e
independentes financeiramente. O Brasil ainda é um país arcaico no que diz respeito à
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educação financeira, embora tenha enfatizado o tema recentemente e implantado o projeto
com auxilio do ENEF e DSOP junto ao Ministério da Educação.
Este processo de implantação está ligado às três esferas importante, o Estado, a
Escola e a Família. Sendo função de o Estado auxiliar a implantação nas escolas, dando
todo o suporte e infraestrutura para as instituições de ensino e para os professores, já as
escolas cabe a responsabilidade de ensinar os métodos financeiros, através de aulas
práticas e projetos e ainda fazer o acompanhamento desde os primeiros anos até o ensino
médio. Já a família fica incumbida de garantir que o aprendizado do filhos na escola seja
posto em prática, e ainda fortalecer a educação financeira dentro do ambiente familiar e
complementando o ensino desenvolvido pela escola, para isso deverá acompanhar a
educação dos filhos junto aos professores.
4.1 Projeto de Extensão de Economia Doméstica na Unespar Campus de Apucarana
Com objetivo de auxiliar a comunidade, foi elaborado, em 2013, um projeto de
extensão em Economia Doméstica na Universidade Estadual do Paraná (Unespar) no
Campus de Apucarana que visava, em primeira instância, fomentar um trabalho junto aos
colégios de ensino fundamental e médio da cidade. Este trabalho seria efetuado com os
alunos para conscientizá-los e educá-los financeiramente abordo do Orçamento Doméstico.
No final do ano foi promovido no Colégio Osmar Guaracy Freire, do Núcleo
Habitacional Adriano Corrêa, a iniciação de educação financeira voltada para o
planejamento doméstico, onde teve participação dos alunos que receberam noções de como
elaborar um orçamento familiar, respeitando as particularidades financeiras de cada família.
Para a realização do projeto, foi elaborado cartilhas explicativas com dicas de
consumo consciente e entregues aos estudantes para lerem e levarem para seus país, com
o intuito participarem do orçamento familiar no âmbito doméstico, e também foi realizado
uma dinâmica em sala de aula para que os alunos retratassem bem a importância do
consumo consciente e da organização da finanças dentro de suas possibilidades.
Os resultados foram positivos tanto para a escola, por conseguir criar a
conscientização dos alunos, quanto os jovens e suas famílias que conseguiram levar para
casa as lições aprendidas no projeto e praticá-las com os pais. O retorno também foi
gratificante para os estudantes que elaboram o projeto junto a comunidade, pois
enxergaram a importância de repassar seus conhecimentos para as crianças, gerando
assim, uma sociedade adepta ao controle financeiro e a prática da conscientização.
Para este ano de 2014, o projeto de Extensão tem a perspectiva de ir além da
iniciação efetuada neste colégio de ensino médio. O foco será jovens de 17 a 30 anos de
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idade com interesse em educar-se financeiramente, através de mini cursos gratuitos sobre
educação financeira, planejamento financeiro e noções de investimentos. E ainda a
realização de um estudo de caso referente ao comportamento dos estudantes da Unespar
de Apucarana analisando sua relação com finanças e endividamento.
4.2 Educação Financeira e a importância para sociedade
A educação financeira para sociedade tem relevado a sua importância,
principalmente na conscientização que atinge os indivíduos a cumprirem seus deveres no
âmbito social e a fazerem planejamentos. Pessoas educadas financeiramente não tem
preocupação com inadimplência e sabem distribuir melhor a sua renda, pois efetuam as
compras necessária para o consumo sem esquecer dos seus compromissos financeiros,
(BACEM, 2008).
O beneficio gerado pela educação financeira ao país atinge toda a sociedade,
desde que seja contínua e melhorada. Por isso a importância de ser praticada pelos jovens
com incentivo da escola e da família, pois se esta educação for permanente em sua vida irá
causar consequências boas não só para o próprio futuro, mas também para o futuro de toda
nação.
Se for caracterizado ao jovem este comportamento financeiro sadio, isto se torna
sua rotina e consequentemente aplicada diariamente. É esta conscientização que os jovens
devem adquirir desde o começo de suas vidas, a prática leva a independência financeira e
melhora o quadro econômico nacional.
5 Considerações Finais
O presente trabalho abordou a temática da Educação Financeira, de forma a
analisar como Estado, Escola e Família podem contribuir na formação de cidadãos
economicamente conscientes. A relevância desta pesquisa justifica-se pelo fato de que a
temática a ser abordada, embora de extrema importância para a vida de qualquer cidadão,
não vem sendo realizada para toda a sociedade de forma ampla, nem mesmo no âmbito
escolar, o qual por ser o local onde os indivíduos, geralmente, passam a maior parte de sua
vida, é o espaço privilegiado para a socialização de saberes. Contudo, a escola não é o
único agente na tarefa da alfabetização financeira, família e Estado também são chamados
a contribuir para tal processo, o que denota que cada instituição possui um papel importante
no que diz respeito à tomada consciente de decisões financeiras.
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Esse é o intuído do projeto de Economia Doméstica da UNESPAR, mostrar aos
jovens e adolescentes que a educação financeira é um aprendizado diário e não somente
pelos pais e nem somente pelas escolas, mas sim por ambos, pois juntos se completam. Na
escola temos o acompanhamento pedagógico e em casa os pais usam dos melhores meios
de se aprender com mesada, cofrinho, exemplos diários como forma de incentivo e
aprendizado. Acredita-se que essa seja a base para o desenvolvimento de um adulto
consciente e responsável socialmente e financeiramente.
Portanto, a análise se restringiu a verificar os papéis de cada uma das instituições,
tendo como objetivo analisar de que forma as mesmas, articuladas, podem contribuir para a
formação de cidadãos economicamente conscientes. Contudo é de extrema importância que
estes três pilares: Escola, Família e Estado assumam seus papéis para que de fato a
educação financeira se concretize.
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REFERÊNCIAS
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15
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