VI Encontro Nacional da Anppas
18 a 21 de setembro de 2012
Belém – PA – Brasil
Ensaios da práxis da educação ambiental no jardim botânico:
aprendizagem, mobilização e intervenções na perspectiva da
permacultura
Paulo Marco de Campos Gonçalves(Jardim Botânico de Santos e UNISANTOS)
Engenheiro agrônomo, mestre e doutor em educação pela USP. Coordenador do Jardim
Botânico de Santos. Professor da UNISANTOS e da UNIP.
[email protected]
TEMA: Educação ambiental, permacultura e mobilização
INTRODUÇÃO: Este artigo propõe reflexões sobre as práticas de educação ambiental cultivadas em um
jardim botânico brasileiro com base na aplicação de teorias que articulam o significado da experiência
educativa enquanto um processo dialógico e sociohistórico. Processo que agrega o aprendizado, o
convívio e a mobilização de intervenções que contribuam para a sustentabilidade e a correspondente
conservação da diversidade biológica e cultural. A vivência prática e a pesquisa de doutorado concluída
(ligada aos estudos de processos de engajamento ambiental) são exploradas para apoiar novas diretrizes
que incluem desde as atividades conduzidas no parque até o apoio à mobilização de redes locais e à
promoção de políticas públicas. Neste contexto, entende-se que o encontro da educação ambiental
crítica com a permacultura favorece processos participativos pautados na cooperação, no cultivo da
comunicação não violenta e na democratização do conhecimento e da implantação de novas tecnologias
sociais.
OBJETIVOS: Subsidiar reflexões sobre as interfaces entre educação ambiental, pesquisa científica,
conservação da biodiversidade, mobilização de redes e comunidades de prática. Cooperar e incentivar
novas experiências teóricas e práticas da educação ambiental crítica iluminadas pela permacultura.
METODOLOGIA E INFORMAÇÕES UTILIZADAS: Estudo de experiências de educação ambiental do jardim
botânico, dentro da perspectiva teórica da educação ambiental crítica, do interacionismo simbólico e do
conceito de comunidades de prática, com ênfase na introdução de ideias permaculturais e nos
processos de mobilização de redes. Análise de documentos, registros fotográficos, vídeos, pesquisa
bibliográfica e memória de participação direta são as principais fontes de informação.
RESULTADOS: A partir de contribuições teóricas e práticas de permacultura, da vivência em redes de
educação ambiental e do estudo de processos de engajamento ambiental na perspectiva da educação
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popular, da formação sociohistórica dos sujeitos e da criação de comunidades de práticas, o conjunto de
ações educativas do jardim botânico assumiu uma nova abordagem. Espaços e estruturas de
demonstração e experimentação de práticas e conceitos de permacultura e de educação popular foram
criados como fruto dos diferentes programas e ações implantados, com envolvimento direto dos
participantes. As interações institucionais passaram a ter um foco maior na promoção de políticas
públicas municipais e na criação de oportunidades de aprendizagem e cooperação. Neste sentido,
buscou-se colaborar para a formação técnica da equipe e fortalecer ações que apóiem a conservação da
biodiversidade e o enraizamento da educação ambiental no âmbito dos municípios.
Dentro da perspectiva freiriana de promoção de círculos de cultura, promoveu-se o envolvimento de
atores com diferentes níveis de escolaridade e histórias de vida. O diálogo de saberes, construídos nas
experiências de cada indivíduo, ganhou vida nas rodas de conversa, nas práticas de horticultura
ecológica, nas vivências com a natureza, na mobilização de redes, na produção de novos espaços e
tempos que permitiram ampliar os olhares para as questões socioambientais e fortalecer o exercício da
cidadania necessária à construção de novas práticas sociais e políticas públicas.
A valorização das comunidades de prática se deu no entendimento da importância do encontro de
saberes e da disposição para o fazer junto. Envolveu o potencial de mobilização coletiva na realização de
intervenções que incluíram desde a modificação de espaços físicos e procedimentos operacionais, até a
criação de novas teias de relacionamento e aprendizagem individual e coletiva.
O desenvolvimento de estratégias lastreadas em princípios permaculturais valorizou, nos contextos local
e global, a otimização dos ciclos de matéria e energia envolvidos nas atividades de produção e consumo
e o potencial humano de atuar de forma criativa, cooperativa e não violenta em suas relações consigo
mesmo, com os outros e com o mundo.
As práticas educativas conduzidas apontam para o potencial dos jardins botânicos fazerem uso de ações
de convívio presencial articuladas com o investimento em processos de comunicação e relacionamento
virtual.
PROPOSTAS AO DEBATE: No cumprimento de sua atribuição de promover a conservação da
biodiversidade da flora, no exercício conjugado de atividades de educação ambiental, pesquisa e
conservação de coleções botânicas (in situ e ex situ), os espaços e programas dos jardins botânicos têm
múltiplas vocações. Dentre elas: propiciar o contato com as plantas e a fauna a ela associada; promover
o conhecimento das práticas de horticultura e da dinâmica dos ecossistemas; incentivar a reflexão
crítica sobre as questões ambientais e apoiar a construção de cenários mais favoráveis à
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sustentabilidade e à melhoria da qualidade de vida, sem perder de vista a defesa da justiça social e a
cultura da paz.
O entrelaçamento da promoção da educação popular com o fomento de comunidades de práticas e
utilização dos princípios de permacultura é discutido aqui na emergência da promoção do engajamento
radical de indivíduos e grupos para a sustentabilidade.
A partir da análise construída e das ilustrações advindas das experiências apresentadas, abre-se a
proposta de debate sobre as contribuições da permacultura e da mobilização de redes à aplicação
prática da educação ambiental crítica e à promoção da sustentabilidade em diferentes espaços
educadores.
PRINCIPAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CARVALHO, Isabel C. de Moura. (2001). A invenção ecológica: narrativas e trajetórias da educação
ambiental no Brasil. Porto Alegre: Ed. Universidade/ UFRGS.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. 13. ed. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 2006.
LEGAN, Lucia. A escola sustentável: ecoalfabetização pelo ambiente. São Paulo: Imprensa Oficial do
Estado de São Paulo; Pirenópolis, GO: IPEC – Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado, 2004.
LOUV, Richard. Last child in the woods: saving our children from nature-deficit disorder. Chapel Hill,
North Carolina, USA: Algonquin Books, 2006.
WENGER, Etienne. Communities of practice: learning, meaning, and identity. New York: Cambridge
University Press, 1998.
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