Revista Cekaw - Ano III - Nº 07
POLONESES - 140 ANOS EM SANTA
CATARINA
Por Nazareno Dalsasso Angulski, Pesquisador da Imigração Polonesa
em Santa Catarina.
[email protected]
Florianópolis/SC
Brusque é o berço da imigração polonesa
no Brasil. Foi neste município que em agosto de
1869, chegaram as primeiras famílias ao país,
provenientes da aldeia de Siolkowice, próximo a
cidade de Opole, região conhecida por Silésia.
Entretanto, a cidade de Joinville já contava a partir
de 1851, com a presença de Jerônimo Durski,
músico e professor, um dos fundadores da
Colônia Dona Francisca e que viveu por muito
tempo no litoral catarinense, especificamente na
cidade de Tijucas e mais tarde transferindo-se
para Curitiba. Graças ao seu trabalho no campo
educacional foi intitulado Pai das Escolas
Polonesas no Brasil. Da mesma forma a cidade
de Gaspar recebeu no ano de 1867 o Padre
Antônio Zielinski e Blumenau em 1868 recebeu
Edmundo Wós Saporski como auxiliar de inspetor
na construção de uma estrada e que
posteriormente foi o responsável pela promoção
da colonização polonesa para o Brasil Meridional
em especial para o Estado do Paraná.
A presença polonesa é marcante em terras
catarinense seja na Região do Planalto Norte, no
Vale do Rio Itapocú, especialmente em Jaraguá
do Sul, Guaramirim e Massaranduba, no Alto e
Médio Vale do Rio Itajaí, onde referenciamos
Santa Terezinha, Vidal Ramos, Taió, Dona Ema,
Rio do Campo, Benedito Novo, Rio dos Cedros,
Indaial e no Vale do Rio Tijucas, com destaque
para as cidades de Major Gercino e Nova Trento,
no Sul do Estado, onde despontam a cidade de
Criciúma, Cocal do Sul, Içara, Orleans e Grão
Pará e no Oeste, principalmente Chapecó, Nova
Erechim, São Lourenço do Oeste, São Domingos,
União do Oeste e Extremo-oeste catarinense,
destacando-se as cidades de Descanso, São
Miguel do Oeste e Belmonte. Não podemos deixar
de referenciar, inclusive Florianópolis, quando um
núcleo expressivo de famílias fundou uma
associação cultural em 1899, a Sociedade 3 de
Maio.
Historiadores comprovaram a influência
dos imigrantes poloneses no início da indústria
têxtil, por meio do trabalho empreendido pelos
ESTUDOS
E
PESQUISAS
Tecelões de Lódz, legando a cidade de Brusque
o título de o “Berço da Fiação Catarinense”. É
inegável a colaboração para o fortalecimento
econômico, social e cultural das cidades do
Planalto Norte, entre elas Itaiópolis, Papanduva,
Canoinhas, Mafra, Porto União, Irineópolis, Bela
Vista do Toldo, Monte Castelo, Major Vieira, Rio
Negrinho, Campo Alegre, introduzindo o cultivo
do centeio, da batata e da carroça polaca ou de
forma ousada no cultivo e produção de arroz
irrigado em Massaranduba e da Irmã Eva
Michalak que identificou e catalogou as principais
plantas medicinais, para uso fitoterápico. Neste
contexto, referenciamos também o arrojo e
competência na instalação do maior complexo
cerâmico da América Latina, na atual cidade de
Cocal do Sul, através da família Gaidzinski,
criadora da Cerâmica Eliane. Acima de tudo
orgulhosos com a Polska Orkiestra Z Brazylii de
São Bento do Sul, única no gênero no Brasil,
instalada nesta cidade que têm um número
expressivo de famílias de origem polonesa,
estabelecidas a partir do ano de 1873, nas
localidades de Rio Vermelho e Rio Natal, que
ousaram recentemente com a criação e
circulação do “Polska w Brazilii”, o jornal dos
descendentes poloneses no Brasil.
Destaca-se
também
entre
as
personalidades que contribuíram para o
desbravamento, colonização e progresso das
cidades de Grão Pará e Orleans no Sul do Estado,
o ilustre polonês Etienne Stawiarski, diretor da
Empresa de Terras e Colonização, cuja direção
assumiu em 1895, mantendo-se no cargo por
mais de 45 anos. Foi considerado um “sábio”
vivendo na floresta. Dignas de elogios, dedicação
e a competência dos imigrantes poloneses que
se estabeleceram na comunidade de Linha
Batista em 1890 no município de Criciúma,
criando escolas, cooperativas, indústrias,
fomentando o comércio local e que desde 1975
vem mantendo o Grupo Folclórico Polonês “Orzel
Bialy”, lenda viva da cultura polaca. Mais
recentemente, com muita criatividade, ousadia e
visão de futuro, estabeleceram parceria para a
instalação do Instituto Mazowsze do Brasil, ou
seja, uma filial da Escola Mazowsze, ícone da
música e dança folclórica polonesa em terras
catarinense e brasileira.
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Neste contexto, poucos saberiam sobre a
Polônia se Karol Wojtyla, o Papa João Paulo II,
não tivesse envergado a mitra papal e viajado
pelo mundo com seu carisma. O fato reacendeu
a auto-estima dos poloneses no mundo inteiro e
dos que vivem em solo brasileiro e catarinense.
Os polônicos brasileiros, jamais
esmoreceram, assim como seus compatriotas
que reconstruíram das cinzas cidades medievais,
preservando a nação e a cultura polonesa, ao
som de sonatas, polanaieses e mazurkas,
compostas pelo inigualável compositor Fréderic
Chopin, ou ainda da contribuição visionária para
a ciência do astrônomo polonês Nicolau
Copérnico e dos ideais de liberdade do Sindicado
Solidariedade conduzido pelo valente operário
Lech Walesa.
É sobejamente conhecido por todos os
catarinenses o grande passo que representou a
imigração européia neste território. Entretanto,
não podemos esquecer e devemos destacar o
importante, útil e decisivo papel que representou
e representa a imigração polonesa. O fato de ser
“minoritária” não lhe proporcionou os devidos
estudos e análise de sua importância social,
econômica, política, cultural, enfim como
propulsores do progresso econômico e
desenvolvimento social dos catarinenses. É
necessário resgatar esta verdade e que este
referencial se manifeste e se concretize como
forma de fazer jus a tão importante segmento que
aqui aportou depois de meses de sofrimento,
encontrando terras rústicas, íngremes e sem
apoio oficial.
Sem falsa pretensão, identificamos a luz
de inúmeros trabalhos realizados por abnegados
historiadores e pesquisadores, que foi através do
estado de Santa Catarina que individualmente
aportaram inúmeros poloneses, que aqui vinham
seguindo o caminho dos alemães e que
posteriormente decidiram em solo catarinense um
plano para fundar e criar colônias polonesas em
nosso estado e no vizinho estado do Paraná, além
de ser o estado que recebeu as primeiras famílias
de imigrantes poloneses que se estabeleceram
no Brasil.
Importa destacar, conforme vivenciado,
que nas mais diversas paragens, localidades e
cidades, os poloneses e seus descendentes com
o esforço e perseverança coletiva da família, se
integraram na sociedade catarinense contribuindo
decisivamente para o seu desenvolvimento.
A Revista Cekaw é um espaço
aberto aos pesquisadores,
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interessados que realizam
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relacionadas à polonidade.
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