II Oficina sobre identidade territorial e valorização dos produtos, serviços e saberfazer: aplicação aos Mosaicos de Áreas Protegidas Relatório da Oficina Nazaré Paulista (SP) 20 e 21 de Abril de 2010 Realização: 1 II Oficina sobre Identidade Territorial e Valorização dos Produtos, Serviços e Saber-Fazer: Aplicação aos Mosaicos de Áreas protegidas Coordenação Caroline Delelis Embaixada da França no Brasil e Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS/UnB) Thiago Mota Cardoso IPÊ-Instituto de Pesquisas Ecológicas e Consultor da Cooperação Técnica Brasil-França de Áreas Protegidas Tatiana Rehder Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente Relatoria Rafael Illenseer e Thiago Mota Cardoso Organização e Logística Programa Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade (IPÊ) Centro Brasileiro de Biologia da Conservação (CBBC/IPÊ) Embaixada da França no Brasil Diretoria de Áreas Protegidas (DAP/MMA) Lista de participantes Caroline DELELIS Coordenadora da cooperação franco-brasileira em áreas protegidas – Embaixada da França – UnB CDS [email protected] Thiago CARDOSO IPÊ-Coordenador do projeto mosaico do Baixo Rio Negro/Consultor da Cooperação BrasilFrança/Membro do GT Identidade Territorial [email protected] Tatiana REHDER Assessoria SBF – DAP – MMA Assessoria SBF - DF - MMA [email protected] Claire CERDAN Pesquisadora em Desenvolvimento territorial sustentável – CIRAD - UFSC [email protected] Laure EMPERAIRE Pesquisadora do IRD/ Salvaguarda de Sistemas Agrícolas Tradicionais [email protected] Fernando LIMA Coordenação mosaicos Direção das áreas protegidas [email protected] 2 – Ministério do Meio Ambiente Lúcia LOPES MMA/DAP [email protected] Mariusz SZMUCHROWSKI ICMBio - Coordenação mosaicos e corredores [email protected] Denise CARVALHO ICMBio - Coordenação do Uso público – visitação e negócios Sustentáveis [email protected] Allan CREMA ICMBio – Coordenador Mosaicos e corredores – membro do GT Identidade territorial [email protected] Laércio MEIRELES Centro Ecológico/ SPG Sandra BEU Fundação Florestal – APA Itupararanga Gilda DA SILVA BARRETO Wariró-São Gabriel da Cachoeira/ Selo de Certificação Indígena Heloisa DIAZ Reserva da Biosfera da Mata Atlântica Dora MATOSO Mosaico Itabira Jean-François TIMMERS Mosaico Extremo Sul Bahia Rinaldo SOUZA IEF – MG Breno COELHO Mosaico Central Fluminense [email protected] 3 Sumário pág Apresentação 4 Contexto 5 Programação 5 Momento de Reflexão 7 Momento de Construção 16 Encaminhamentos do evento 22 Comentários gerais 23 Anexos 24 4 Apresentação A II oficina Identidade Territorial e Valorização dos Produtos, Serviços e SaberFazer: Aplicação aos Mosaicos de Áreas Protegidas, foi realizada no âmbito do programa de cooperação franco-brasileiro para o fortalecimento da gestão integrada e participativa em mosaicos de áreas protegidas. Visando dar prosseguimento as propostas levantadas no eixo de trabalho “Identidade Territorial, valorização de produtos, serviços e tradições” e na I Oficina, realizada em outubro de 2009, a Embaixada da França no Brasil, junto a Secretaria de Biodiversidade e Floresta, Diretoria das Áreas protegidas do MMA e o IPÊ-Instituto de Pesquisa Ecológica, propuseram a realização da presente oficina, realizada em abril de 2010 sobre a temática dando enfoque a questão dos processos de valorização do território e das áreas protegidas através de um selo/marca coletiva. Neste evento, peritos brasileiros e franceses apresentaram as ferramentas de certificação e valorização de marcas socioambientais, de forma a subsidiar a reflexão-construção de um primeiro esboço de um sistema de marcas/selos das áreas protegidas no Brasil. Fotografia: Local do evento, Centro Brasileiro de Biologia da Conservação (CBBC), na sede do IPÊ-Instituto de Pesquisas Ecológicas (Nazaré Paulista, SP) O evento foi realizado nos dias 20 e 21 de abril de 2010 no: CBBC – Centro Brasileiro de Biologia da Conservação – Zona Rural de Nazaré Paulista - Rod. Dom Pedro I, km 47 Nazaré Paulista, SP, Brasil 5 Caixa postal 47 12960-000 Telefax: (11) 4597-1327 [email protected] Contexto Cooperação Franco-Brasileira de “Fortalecimento da Gestão Integrada e Participativa em Mosaicos de Áreas Protegidas” Nos últimos 20 anos, Brasil e França vêm desenvolvendo várias iniciativas de cooperação técnica em meio ambiente, especialmente em temas relacionados às áreas protegidas. Em 2004, foi assinado um Memorando de Entendimento para a implementação de programas de cooperação com objetivos, entre outros, de promover intercâmbios e reflexões sobre as questões ambientais globais, incentivando a troca de experiências e conhecimentos entre suas administrações e instituições especializadas. No âmbito da Cooperação Técnica Brasil-França foram priorizadas a gestão sustentável de áreas protegidas, a gestão sustentável dos recursos florestais, hídricos e outras fontes naturais e as pesquisas comuns sobre as políticas públicas e o desenvolvimento sustentável na Amazônia. A Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF), em cooperação com a Embaixada da França no Brasil e a Federação Nacional dos Parques Regionais Naturais na França, trabalha desde 2001 no eixo de gestão sustentável de áreas protegidas, especialmente na qualificação profissional para a gestão territorial e o desenvolvimento sustentável em mosaicos de áreas protegidas, de forma a contribuir para a implementação e consolidação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). Os mosaicos1 de áreas protegidas foram escolhidos para os trabalhos da cooperação em virtude de sua proximidade conceitual e territorial com os Parques Naturais Regionais 2 da França, possibilitando intercâmbios e capacitações de benefício mútuo com vistas ao fortalecimento dos territórios em ambos os países. A SBF, em parceria com o Fundo Nacional do Meio Ambiente, lançou o Edital FNMA 01/2005 "Mosaicos de Áreas Protegidas: Uma Estratégia de Desenvolvimento Territorial com Base Conservacionista", para projetos orientados à formação de mosaicos e à elaboração e implementação de Planos de Desenvolvimento Territorial, 1Mosaico de áreas protegidas - É um conjunto de unidades de conservação de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas protegidas públicas ou privadas. Sua particularidade é a gestão integrada e participativa, que considera os objetivos de conservação, compatibilizando a presença da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável no contexto regional. 2 Parque Natural Regional - É o território formado pelo todo ou uma parte de vários municípios e que apresenta interesse especial pela qualidade do patrimônio natural e cultural, pelo lazer e descanso dos homens e o turismo, sendo mandatórias suas proteção e organização. Hoje, na França, são reconhecidos oficialmente 46 Parques Naturais Regionais. 6 tendo em vista a conservação da biodiversidade e a valorização dos produtos e serviços da sociodiversidade. Foram selecionados oito projetos nos diversos biomas brasileiros. Na França, a base territorial para implementação da cooperação foi escolhida a partir das regiões francesas e seus projetos territoriais (Parques Naturais Regionais). Os temas selecionados pelas instituições e regiões participantes da cooperação para a troca de experiências são a articulação entre diferentes esferas administrativas do governo, as ferramentas para pactuação na gestão do território, a valorização do patrimônio natural e cultural e formação e negociação de projeto para desenvolvimento sustentável do território. Depois do Memorando de Entendimento assinado pelo Ministério do meio Ambiente do Brasil e o Ministério do Meio Ambiente da França em Cayenne em 2004 que afirma a necessidade de colaborar sobre o tema da gestão sustentável das áreas protegidas, foi assinada em 2008, durante o encontro dos presidentes de Brasil e França, uma declaração adicional sobre o desenvolvimento de ações de cooperação descentralizada e federativa, que se desdobrou em um plano de trabalho com ações estratégicas até 2010, assinado pela SBF, pela federação dos Parques Naturais Regionais da França e pela delegação das Coletividades Locais do Ministério dos Assuntos Exteriores da França. O destaque vai para o caráter original da cooperação que, além de associar instituições e territórios com aprendizados, articula a cooperação bilateral e descentralizada para a gestão sustentável das áreas protegidas. O sistema brasileiro de selos das áreas protegidas No âmbito do programa de Cooperação Franco-Brasileiro de “Fortalecimento da Gestão Integrada e Participativa em Mosaicos de Áreas Protegidas”, o tema da identidade territorial e da valorização dos produtos, serviços e saber-fazer dos territórios com áreas protegidas foi considerado de grande relevância para andamento do programa e para a construção de formas inovadoras de gestão integrada e participativa dos mosaicos brasileiros. Esse tema foi desenvolvido de varias formas nessa cooperação : • Visitas dos Parques Naturais Regionais e dos exemplos de ‘marca Parque’’ durante a viagem dos coordenadores de projeto de mosaico e das instituições brasileiras na França em 2006. • Apresentações da ‘’marca Parque’’ desenvolvido na França na ocasião do III° seminário franco-brasileiro dos mosaicos em Novembro de 2007 em Brasília (Stephane ADAM ‘’La marque PNR – outil de mise en oeuvre de la Charte’’ e Caroline DELELIS ‘’Valorisation des produits et services en Région Nord-Pas de Calais’’). • Viagem temática ‘’valorização dos produtos’’ organizado na região RhôneAlpes do 13 ao 16 de Outubro de 2008, com 5 participantes brasileiros (coordenadores de projeto de mosaico e SBF-MMA) • Reunião de trabalho para apresentar as varias iniciativas relacionadas a identidade territorial – valorização dos produtos, serviços, recursos, cultura e 7 tradição no dia 18 de janeiro em Brasília com representantes do CIRAD, UnB-CDS, Agrifert, Funatura, ICMBio, IRD, IPHAN, MDA, MMA. Em outubro de 2009 foi realizada a I oficina de capacitação sobre "Identidade territorial e a valorização dos produtos e serviços: aplicação aos mosaicos de áreas protegidas". Este evento reuniu representantes dos projetos de mosaico, do MMA, além de peritos brasileiros e franceses em temas como Sistema Participativo de Garantia (SPG), Marca Parque, Indicação Geográfica, Marcas e Selos e Pagamento por Serviços Ambientais. Houve, durante o evento, uma reflexão coletiva para desenvolver estes conceitos nos Mosaicos de Áreas Protegidas no Brasil. Como resultado principal tivemos a construção da primeira proposta conceitual de um “Sistema Brasileiro de Marca/Selo das Áreas Protegidas”, um instrumento de avaliação da conformidade que possa promover o desenvolvimento territorial, associando produtos, serviços e saber-fazer no acesso, produção e serviços oriundos da biodiversidade e da sociodiversidade com os objetivos das áreas protegidas. O sistema proposto teve como substrato – em termos de mecanismos de funcionamento - as experiências do sistema Frances de marca dos Parques Naturais Regionais, a “Marca Parque”, que possui caráter coletivo e “aberto”, com gestão que articula as escalas locais e nacional e o SPG, originado no movimento social agroecológico no Brasil e incorporado pela lei de orgânicos, com caráter sistêmico e participativo, favorecendo o controle social e a educação (cf. links em anexo). Durante este evento foi formado um Grupo de Trabalho, responsável em dar prosseguimento ao estudo e elaboração de uma proposta mais detalhada sobre o sistema. O sistema proposto tem como características, a serem debatidas: 1. Criar um sistema voluntário e solidário de avaliação da conformidade capaz de gerar credibilidade a produtos, serviços e saber-fazer que estejam adequados aos objetivos e normas dos territórios com mosaicos de áreas protegidas, 2. O sistema deve valorizar as áreas protegidas públicas e privadas ao mesmo tempo que incentiva as “boas praticas” de um território, promovendo a conservação da biodiversidade, o respeito às culturas e tradições regionais e o comércio e as relações socialmente justas. 3. Este sistema deve articular as redes socio-territoriais locais, com gestores responsáveis pela gestão dos mosaicos e esferas nacionais ligadas ao meio ambiente em sua governança. 4. Estas boas praticas serão passíveis de pleitear o selo/marca das áreas protegidas, que pode ter controle social local e normatização nacional. Este selo terá como base as normas das áreas protegidas conforme a legislação e os acordos locais, bem como visa incorporar, articular e não sobrepor as experiências de certificação já existentes e consolidadas (ex: SISORG, IG's, ISO 14001, SAN-RAS, FLO, CERFLOR, etc). Para dar seguimento a esse processo, a Embaixada da França no Brasil, junto com a Secretaria de Biodiversidade e Floresta - Diretoria das Áreas Protegidas do MMA e o IPÊ- Instituto de Pesquisa Ecológica, propôs 2 dias de oficina sobre a ‘’Identidade 8 territorial e a valorização dos produtos, serviços e saber-fazer nos mosaicos de áreas protegidas’’, em abril de 2010. A primeira oficina teve como principal objetivo capacitar e refletir. Esta segunda versão tem como objetivo central a construção do sistema, através da reunião do grupo de trabalho com especialistas, sociedade civil organizada e representantes de governo. Busca-se neste momento detalhar a proposta conceitual, propor metodologia de funcionamento do sistema e mecanismos de participação social. Programação 19 de abril – Chegada dos participantes a noite - Deslocamento SÃO PAULO GUARULHOS – NAZARE PAULISTA – Vans do IPE 20 de abril 07h - 08h Café da manhã 8h30 – Abertura MMA – SBF – DAP – Fabio França de Araujo – Diretor das Áreas Protegidas 8h45 - Apresentação dos coordenadores e dos participantes 9h00 – Histórico, princípios e objetivos da marca relacionada aos territórios e as áreas protegidas – papel da Embaixada da França, do MMA e da rede de mosaicos. Caroline Delelis, CDS/UnB e Tatiana Rehder, MMA/SBF 9h15– Apresentação dos resultados da I oficina: o “sistema brasileiro de marca/selo das áreas protegidas” – Thiago Cardoso, IPÊ 10h30 – Intervalo 10h40 – Sistemas Participativos de Garantia – Laercio Meirelles, Centro Ecológico 11h10 – A marca parque dos Parques Naturais Regionais – Caroline Delelis, Embaixada da França – UnB/CDS 9 11h50 – Nivelamento conceitual - Marcas coletivas e selos de certificação com enfoque territorial – potenciais, limites e desafios para as áreas protegidas no Brasil – Claire Cerdan, CIRAD, UFSC 12h20 – Almoço 14h as 17h – Debate em grupo* – Perguntas estruturantes : Qual seria o modelo mais adaptado para responder aos objetivos / valores da valorização dos produtos e serviços relacionados as áreas protegidas ? Qual escala de trabalho : áreas protegidas ? mosaicos ? corredores ? RB ? Outra forma de organização territorial ? 17h – Plenária - Balanço das respostas – Identificação dos próximos passos 21 de abril 7h – 8h – Café da manha 8h – Introdução 8h30 – 11h Debate em grupo: A estrutura proposta é viável? Quais seriam as vantagens do selo/marca pelos produtores ? Quais seriam os papéis e responsabilidades de cada parte? Em termos de processos, quais normas seriam necessárias e qual seria seu objetivo e principio? Como se daria a gestão do processo (registro, contratos, articulação com outros sistemas, avaliação e controle) 11h – Plenária – Apresentação das respostas dos grupos 12h Almoço 14h as 16h30 – Debate em grupo: Como este sistema poderia se manter e se consolidar nos territórios? Quais limites, obstáculos e inovações que o sistema pode apresentar em termos legais e práticos? 16h30 as 18h – Coordenação e Plenária Proposta metodológica para por em prática o sistema (articulação com outras entidades e órgãos do governo, mecanismo de consulta pública, Comissão, construção de marco legal, etc) 10 Momento de reflexão Introdução Caroline delelis e Tatiana Rehder Caroline e Tatiana fazem um resgate do processo até o momento desta oficina. Caroline ressalta que esta oficina é participativa e faz a memória de como iniciou a presente cooperação no início pensada para ser no Pantanal (MS) dentro da perspectiva do SNUC entre as APA´s e os PNR´s. Nesta ocasião, a parte brasileira ficou interessada na marca parque. Em outubro de 2004, a parte Brasileira ficou mais interessada no fortalecimento das áreas protegidas como um marco para realizar intercâmbios dentro de uma perspectiva de trocas de experiências em um projeto de território composto por áreas protegidas. Neste sentido, Tatiana complementa dizendo que a Diretoria de Áreas Protegidas (DAP) desenhou um edital para enfatizar no conceito de mosaico, como um conjunto de áreas protegidas, e que pudesse ser trabalhado de forma integrada para se pensar “em um projeto de território”. Isto levou ao FNMA o lançamento de um edital para fomentar a idéia de mosaicos e desenvolvimento territorial. No âmbito do ARPA, da mesma maneira, houve a intenção de trabalhar o desenvolvimento territorial, e assim, a intenção de fazer o plano de desenvolvimento territorial com bases conservacionistas. Assim, no nível da cooperação entre Brasil e França, houve forte interesse em ver como isto acontece com os Parques Nacionais Regionais. Desta maneira se almejaram “aproveitar” as experiências em andamento dos projetos de Mosaicos fomentados pelo FNMA para intercambiar com os PNR´s especialmente ferramentas e projetos de território que valorizassem os produtos, serviços, conservação e “saber – fazer”. Oito projetos iniciaram assim trocas de experiências e elegeram temáticas para serem desenvolvidos no âmbito da cooperação. Um dos temas que apareceu com mais destaque foi a marca e o selo como um instrumento para um projeto de território. O MMA acolheu esta reflexão que apareceu na cooperação e em muitos locais há este amadurecimento coletivo especialmente quando se necessita romper a lógica onde áreas protegidas e pessoas são oponentes, e reverter para outro pensamento, a de que as pessoas se sintam valorizadas no lugar, no seu saber – fazer e tem nos produtos e serviços um grande potencial para isto. E aqui estamos nesta oficina para refletir o que poderia ser construído a nível deste sistema aqui no Brasil. Caroline ressalta que isto foi uma construção de muitos encontros e demandas dos próprios territórios que foram demonstram isto. Fernando complementa dizendo que também aconteceu o I Seminário de gestão territorial com a preocupação de valorizar os instrumentos do SNUC e outros instrumentos. E, o FNMA está querendo elaborar um edital para fomentar os mosaicos já existentes. Necessita-se de novos modelos de desenvolvimento. Corredores, gestão territorial, e por isto é importante captar esta dimensão. São vários instrumentos, mosaicos estão cada vez mais fortes. 11 Marcas Coletivas, selos de certificação com enfoque territorial: potenciais, limites e desafios para as áreas protegidas do Brasil Claire Cerdan O objetivo da apresentação é apresentar um pouco do que é selo, marca, propriedade industrial para fazer um discussão sobre o significado disto na presente oficina. Selo ou marca, diferencia um produto do outro, é um instrumento distintivo. Mostra nome, origem ou diferentes informações. Quando o foco é valorizar um produto ou serviço por meio de um selo ou uma marca, estará se utilizando um instrumento de marketing e de mercado. Ao se associar a marca ao território estará se valorizando um conjunto de produtos e serviços que os moradores de um local estão desenvolvendo em torno de um projeto coletivo de território. Ou seja, a marca ajuda a ter uma coerência nos produtos e serviços de um território, mobilizando os atores sociais em torno deste projeto coletivo. Portanto, o foco em valorizar produtos e serviços, pode ser também a valorização e de promoção do território. Este instrumento é uma comunicação com os consumidores ou os visitantes com o território, em outras palavras estabelece laços ou elos, entre os consumidores e os produtores, os aproximando. Além disto, outra característica muito importante é a garantia de proteção dos produtos e serviços gerados por meio de um instrumento legal. No Brasil existe uma diversidade de selos de qualidade territorial. Estes selos ou marcas podem ser individuais ou coletivas. Um exemplo de marca coletiva é o “Caminho das Pedras” dos descendentes italianos da Serra Gaúcha que valorizam os seus produtos por meio de um projeto de uma marca coletiva e todos os 12 produtos tem o seu selo, mostram indicação geográfica, que é o limite de uma zona, para dizer que o produto vem de lá. O vale dos vinhedos é outro exemplo, no caso, de uma indicação geográfica. Estas marcas podem ser públicas ou privadas. Há marcas ou selos representadas por meio de várias iniciativas, entre públicas e privadas, no meio representando iniciativas de movimentos sociais e também relacionadas mais fortemente com a história do território ou com menor relação, ou que não dependem tanto do território. Primeiramente, os produtos ou serviços fortemente ligados ao território, alguns selos brasileiros, registrado como indicação geográfica, parecido como na Europa, são público, definidos pelo Estado. Há também a iniciativa de uma empresa para fazer por meio da origem, uma relação com os consumidores. Existem marcas ou selos que não estão fortemente ligados ao território e todos os produtores que respeitam um regulamento de uso podem receber o direito de usar o selo, como por exemplo, a AGRECO e a REDE ECOVIDA que valorizam uma forma de produzir, e são definidos pelos grupos de atores. O selo público, por exemplo, têm o selo de produtos de certificação da agricultura familiar definidos por decretos e leis (portaria do MDA). A propriedade intelectual é mais ampla e tem como eixos a propriedade industrial e os direitos autorais. A propriedade industrial tem haver com a novidade (invenção - INPI) ou seja, trata-se de algo novo, mas também pode ter haver com a distinguibilidade, ou seja, não é uma novidade, mas se distingue de outro produto, e neste caso, entra o exemplo da marca e da indicação geográfica enfatizado neste encontro. Portanto, o registro protege a autoria e o valor. Estas leis surgem entre governo e sociedade, para proteger, regular ou promover certos produtos, de acordo com as necessidades. A primeira lei decreto 16.254 de 19 de dezembro de 1923. Com a abertura comercial em escala mundial houve a necessidade de promover acordos internacionais e, especialmente no âmbito da Organização Mundial do Comércio, como o Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio. Este acordo é o principal marco legislativo internacional. Portanto, os países necessitaram incorporar as leis, como aqui no Brasil incorporou a Lei n. 9279/96. O caso da Indicação Geográfica já está em muitos países, na Argentina ainda falta a sua implementação. Pelo acordo (art. 22) define IG como: “ indicações que identifiquem um produto como originário do território de um Membro, ou região ou localidade deste território, quando determinada qualidade, reputação ou outra característica do produto seja essencialmente atribuída à sua origem geográfica” (slide). Mas, no Brasil, pela Lei n. 9.279/96, constituem dois tipos de indicação geográfica: a indicação de procedência e a denominação de origem. “Art. 177. Considera-se indicação de procedência o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que se tenha tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço. Art. 178. Considera-se denominação de origem o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos” (slide). 13 Na hora de registrar é necessário fazer a escolha por um tipo ou outro. No Brasil temos alguns exemplos de indicação geográfica por procedência como: Vale dos Vinhedos (2002), Vale dos Sinos (2009), Pampa gaúcho (2006) entre outros. A diferença maior é que a indicação de procedência o “produto é conhecido” a indicação de origem, o produto dever ser “único”. O arroz do plantado na Lagoa dos Patos sob a influência geográfica e ambiental, faz com que o produto tenha o amido diferente de outro arroz e pode provar uma indicação de origem diferenciada. A indicação geográfica é uma marca e são três tipos de marcas: • Marca - produtos e serviços: Destinados a se distinguir dos outros produtos e serviços, respeito os principios de novidade e distinguibilidade; • Marca coletiva : aplica-se a uma associaçao, cooperativaos associados produzem e vendem os produtos ou serviços com uma mesma marca (força de venda). Regulamento de uso/Titular : associaçao ..coletivo • Marca certificação: atesta que um produto e/ou serviço seguiu as especificações estabelecidos no regulamento de uso ; O titular é uma pessoa física ou jurídica que não tem interesse comercial na certificação QUAL melhor opção para as unidades de conservação? Marca? IG? Outros selos? Primeiro é importante diferenciar entre IG e marca (função, obj – produto e serviços, titular, prazo de proteção, regulamento de uso, controle). Exemplo: NOME Indicação Geográfica Marca Nome geográfico Nome individual ou coletivo Paraty – cachaça Caminhos de Pedra - Coletiva Cerrado mineiro Parati (Biscoito) - Individual Mumbuca - Individual Sertão Veredas - Coletiva Ecovida - Coletiva Associa-se TITUL AR TEMPO Associação jurídica Pessoa jurídica Para sempre Validade 10 anos solicitar a renovação para depois Debate Fernando: uma questão que sempre aparece na discussão de produtos e marcas é esta questão entre o público e privado. Como você pensa isto? 14 Laure: coloca que o IPHAN também tem forte relação com o território. O que é interessante é que poderia haver um outro eixo, pois há enfoque em produtos, e o IPHAN enfoca muito em processos. Laércio: A lei da propriedade industrial também se aplica a produção rural? Claire: sim, é a mesma lei ... Carolina: é uma lei orgânica, uma lei específica, mas a noção de propriedade e registro no INPI é a mesma Lei. Claire: Para entender isto se deveria focar na parte jurídica, mas pretende-se demonstrar isto na explicação sobre a propriedade intelectual. Jean: falou que ouviu críticas que o cara do mel ficou prejudicado porque o cara do queijo pisou na bola. Como lidar com isto? Claire: isto faz parte dos limites e riscos. Fernando: dizem que existem também outros selos tipo SIF. Claire: fala que a indicação geográfica é voluntária. Fernando: fala que do grande sertão, fala que produtos circulam na região e não entre estados. Não necessita das outras inspeções, tipo sanitário, entre outros. Laércio: cada produto tem seu tramite. Animal é SIF. Vegetal, é no ministério agricultura ou estaduais. Selos não resolvem problemas comerciais. Os selos apenas agregam valor e não resolvem problemas legais como as questões sanitárias. Fernando: Tipo comercializar para o mercado a cooperativa do grande sertão veredas quer vender, generalizar e precisa se adequar. Eloise Diaz: pergunta se marca ou IG podem ter qualificadores do tipo - relação com território, trabalho escravo etc. Claire: estes qualificadores são definidos por meio de critérios locais; Claire: Na marca “Caminhos de Pedra” é de produtos individuais, mas marca é coletiva. A associação neste caso tem a marca e não vende produtos, mas a AGRECO por exemplo, comercializa. É uma diversidade de situações. A marca de certificação é uma marca que regulamenta o uso e não tem tanta questão com o território. Exemplo: o IBD e o Ecosocial, basta que um produto e/ou serviço siga as especificações estabelecidadas no regulamento de uso. O titular é uma pessoa física ou jurídica que não tem interesse comercial na certificação. No caso da marca parque, quem será a pessoa certificadora? Laércio: fala que nos movimentos de agricultura familiar e orgânica, foi conseguido superar estes conflitos de interesses na legislação brasileira que os sistemas participativos de garantia parte do pressuposto que o coletivo participativo pode dar certificado de garantia e atestar qualidade do produto. Carol: Paraty só é cachaça? Pode ter turismo ou outro produto? Já a marca do Grande Sertão Veredas, pode ser aplicada a todos os produtos? Tatiana: E, se em parati monta um mosaico? Claire: a marca parati já está registrada, não dá para registrar outro nome. O problemão: a lei está tramitando para buscar a identidade geográfica como marca coletiva que todos podem usar. 15 Fernando: marca é um nome? Selo é um processo de certificação? Tatiana: no selo você pode estabelecer critérios e registrar com marca ou IG. O instrumento legal de um selo tem duas possibilidades jurídicas de proteção legal de adequação: IG ou marca. Breno: complementa dizendo, por exemplo, Associação dos produtores de Nazaré Paulista, por exemplo, tem a marca da associação e selo do IBD, por exemplo. Tem a marca própria, mas também se quiser agregar valor, e procura empresa certificadora orgânica. Jean: diz que está tudo misturado. Marca é para identificar. Que tem um nome. Pode ser um coletivo ou individual. Toda empresa tem a sua marca. Proteger de que? Claire: Parati, biscoito parati. Na Amazônia, coloca empresa na Amazônia com nome parati e exporta para exterior. É para isto que se protege. Jean: exurpação da marca. Laure: isto faz parte da Lei propriedade industrial Thiago: o próprio selo é uma marca. Jean: você protege tudo junto ou só o nome? Claire: Um produtor, por exemplo, a AGRECO registra a sua marca. Pode fazer um selo, passarinho (selo informal) para dizer que é orgânico. Mas quando a cadeia é curta, o consumidor conhece o produtor e sabe que é orgânico. Mas, se é para atingir outro público precisa certificar para ganhar credibilidade, tipo ECOVIDA, para vender em supermercados. Mas, digamos assim que os consumidores gostam mais de outro processo, tipo uma certificadora e podem pagar IBD, por exemplo. Assim, a AGRECO tem sua marca registrada e contrata a empresa certificadora que vai expedir o selo, pelo processo do ECOSERT ou IBD, e que tem procedimento próprio credibilidade, no mercado, procedimentos próprios. Denise: Marca, por exemplo Grande Sertão Veredas ou Chapada dos Veadeiros, se em SP, eu quero divulgar marca e divulgação da Chapada dos Veadeiros para remeter a região. Como funciona, isto funciona? Como podemos usar o nome da UC? Claire: é triste mas é quem chega primeiro, registra. Isto está mudando. Eloe: tem questões de qualidade, marca, produto, que agregam valor, certo? O selo é mais de fora para dentro e a marca é mais de dentro para fora? Deve ser mensurado? É preciso estabelecer isto? Claire: fala do exemplo do Carrefour. Tem uma marca registrada e tem também produtos Carrefour que pode ter outros selos, como orgânicos e comércio justo, por exemplo. Lúcia: existem duas coisas: a questão coletividade que monta a marca e tem selo, por exemplo, vou vender água, um produto. A coletividade tem um logo e não importa se vai ter reconhecimento ou fiscalização e outra coisa é que se a gente quer entrar em um órgão oficial para reconhecer a qualidade dos produtos para agregar valor que pode ser a marca ou a IG. A Reserva da Biosfera se tem produtos e que agregar produtos, pode ser marca ou IG; 16 Tatiana: marca ou IG é o registro legal. E o processo de certificação pode ser uma empresa de certificação ou outro, de acordo com outros processos e de verificação (como será mostrado pelo Laércio) para ter um sistema que ateste e que tenha um protocolo, para mostrar na sua logo; Laure: eu pensava que não se podiam usar nomes comuns ligados a nomes geográficos, como marcas; Claire: fala que isto é flexível; Allan: o que a gente quer é montar uma marca, uma identidade, para produtores usar. Será que não é muito mais simples emitir uma marca para quem já é certificação?A Marca agrega nome e logo, não agrega mais nada? Claire: Pode ser só isto, ou pode ter outras questões, pode ter regulamento, controle de fora, controle de dentro etc. Quais os critérios? Quem pode usar? No Caminho das Pedras, tem todos os regulamentos de quem pode usar a marca e quais os critérios Laure: logo tem nome e regulamento e controle. Tatiana: logo é um desenho que é colocado na embalagem, não tem sistema privado por trás. Se você cria um sistema de verificação você cria a marca e registra no INPI Certificação: já é um processo privado ou social para verificar. A “marca” Parque Natural Regional na França Caroline Delelis 17 O objetivo é relatar sobre a marca nos Parques Nacionais Regionais (PRN´s) que são muito parecidos como uma APA (Área de Proteção Ambiental) no Brasil. O histórico da cooperação franco brasileira neste tema acontece em um contexto internacional no âmbito da Convenção da Diversidade Biológica (art. 8j sobre a utilização sustentável da biodiversidade e divisão de benefícios) e o Acordo de Durban (2003) que trata da noção do desenvolvimento sustentável e local com as áreas protegidas, onde as áreas protegidas também são consideradas capazes de produzir renda e benefícios localmente. Nos acordos com o Brasil entrou o tema das áreas protegidas e valorização dos produtos, além desta cooperação, há outros programas com o CIRAD e o SEBRAE e com a IPHAN. A experiência francesa vem de longa data desde a primeira lei de apelação de origem em 1919 e que inspirou o sistema europeu, e passou por muitas melhorias e foi, regulamentado em 1992. Há diferenças entre o sistema francês em pelo menos três tipos de reconhecimento de “selos” controlados pelo poder público: O primeiro é a questão da alimentação com abordagem territorial, onde há apelação de origem controlado como o exemplo do Champange, e este tipo envolve também a apelação do sistema de áreas protegidas e a indicação geográfica, este último muito parecido com o sistema brasileiro. Outra diferenciação é o selo pela qualidade dos produtos com certificado de conformidade e o terceiro tipo envolve o modo de produção, o que envolve a agricultura orgânica ou o sistema tradicional de garantia. Além destes três sistemas existe a possibilidade de registro de marcas no INPI, assim como no Brasil. É o caso das marcas coletivas, como a Marca do Parque Natural Regional que é uma marca coletiva e registrada no INPI a pedido Ministério do Meio Ambiente Francês, sendo pública e é coletiva, pois cada um que respeita o termo de referencia da marca pode se beneficiar desta marca. Esta marca tem a característica de ser multisetorial que não considerar apenas produtos e sim é ampliada para serviços e saber-fazer. O exemplo Francês os dois logotipos abaixo mostram a marca parque de um dos 46 PNR´s. A esquerda o logotipo do Parque, a parte verde comum com a estrela é comum dos Parques Nacionais Regionais e o planta é a marca específica deste parque, que representa uma coisa coletiva de cada território. Quem respeita os acordos combinados podem usar este logotipo pode usar. Exemplo: da hospedagem para serviços, produtos como queijo, que fazem termo de referencia podem usar logotipo. Outros como a 18 agricultura, hospedagem, estrada, feiras, artesanato, festas entre outras, podem receber este tipo de marca. A marca é uma ferramenta pelo parque. A federação dos Parques, é uma entidade que reúne todos os 46 parques, aprova a marca daquele parque, e vai para registro no INPI a pedido pelo ministério do meio ambiente Francês. A marca é criada baseado em três tipos de critérios/valores que são depositados no INPI, e quem solicitar a marca deve estar atento a eles: • o Território: o produto ou serviço ou saber-fazer precisa contribuir para o desenvolvimento territorial e participar da identidade territorial (sedo no Parque, matéria primas locais, cadeia local). Por exemplo: a hospedaria precisa estar dentro do Parque, o leite comercializado precisa ser produzido dentro do Parque; • Respeito ao Meio ambiente que quer dizer que o produto precisa respeitar o meio ambiente, como o produto agrícola, por exemplo, precisa minimizar o uso de agrotóxicos, que vai obedecer a critérios nacionais e locais, de acordo com o termo de referencia. A empresa ou sítio precisa fazer um esforço de se integrar na paisagem, ou seja, sem destruir esta; • Aspecto humano e do desenvolvimento social que quer dizer que o produto vai usar pouca mecanização, respeitando o trabalho das pessoas e sua tradição, realizar a gestão participativa e primar pela capacitação das pessoas envolvidas. O modelo de implementação da marca parque obedece uma escala dupla, o que quer dizer que o ministério do meio ambiente Francês (MEEDDM) deixa a utilização e a gestão da marca a Federação dos Parques Nacionais Regionais que tem o papel de garantir a coerência entre as marcas e a aplicação do termo de referencia dentro de um padrão geral de uso estabelecido nacionalmente. A federação detalha mais os três critérios. A outra escala é a local, que faz as adaptações e criação de um termo de referência específico, um regulamento de uso, entre o produto e os produtores com o sindicato misto do Parque Nacional Regional respeitando os valores, o termo de referência e pagar uma contribuição em contrapartida da utilização da marca durante três anos. O PNR organiza o controle. Os resultados da implementação desde 1997 são de 181 produtos já receberam a marca. Esta utilizada para produtos agrícolas (50% das marcas PNR) como mel, carne, frutas, leite e derivados, legumes ou prestações turísticas e educação (40% das marcas PNR) como hospedagem e dez por cento o saber-fazer Quais são os benefícios da marca para as empresas ou para os produtores? A empresa vai se beneficiar do uso de uma imagem ambiental, ou seja, as pessoas vão ver que a empresa respeita o meio ambiente. Outro benefício é o apoio na comercialização dos produtos por meio de feiras organizadas, inclusão em uma rede territorial de parceiros, nos roteiros turísticos. Como exemplo: um parque organizou finais de semana “gourmet” para produtos que usam a marca parque fizeram um folder para promover e dinamizar a cadeia de atores envolvidos, como a figura abaixo: Os produtores, os prestadores de serviços ou os atores do saber-fazer recebem apóio técnico do Parque por especialistas para melhor desenvolver ou melhorar a produção e a 19 relação com o meio ambiente. O Parque organiza também capacitações para os atores usuários da marca. Estes elementos valorizam os produtos e serviços do Parque e agregam valor, aumentando o preço de venda. Este sistema cria um diálogo entre o Parque e as empresas e produtores locais, porque em geral muitas empresas não sabem que existe o parque que o enxergam como empecilho de fazer as coisas e assim a marca cria uma relação positiva, um diálogo, e contribui com a proteção da biodiversidade e valorização da paisagem. Isto também contribui para se obter uma visão positiva do PNR pelos atores econômicos e habitantes e o instrumento da marca, possibilita este diálogo com o território, com o parque, integrando estes atores ao projeto do Parque. A criação da possibilidade de diálogo por meio da Marca possibilitam também entendimentos e esclarecimentos sobre o Parque, por exemplo, que não se trata de uma coisa que impede o desenvolvimento. O interessante é que a marca cria sinergia entre parques, como no norte da França, entre três Parques, que tem marcas para o bom-bom, marca para carne específico, hospedagem, queijo, chicória, e se uniram para fazer o folder e promovem relações de intercâmbio e cooperação entre si, como por exemplo, para promover o queijo destas três regiões. Outras ações conjuntas são as feiras. O importante é destacar que a marca é voluntária. Tem parques que não tem marca. Problemas e desafios: A marca é original e necessita se posicionar no âmbito do sistema nacional e europeu que envolve questões jurídicas como um forte potencial e crescimento do seu uso. Trata-se de uma garantia para as condições ambientais de produção mas não de uma garantia de qualidade do produto. Isto pode ser complementado com o uso de outros selos/marcas. Outro desafio é que a marca é multisetorial, e envolve uma diversidade de produtos, serviços e saber-fazer, onde há a necessidade de considerar muitos aspectos específicos e a complementariedade com outras normas nacionais e internacionais existentes e para cada caso é um trabalho a ser feito. Uma das falhas é no controle, pois não existe um sistema de certificação externo, sendo o PRN o responsável pelo controle do uso da marca pelo regulamento geral de uso. Debate Laure: pergunta quem está dizendo que é falho o sistema de controle? Carolina: os consultores (...) Carolina: o parque só vai garantir os três critérios e não a qualidade, no uso da marca. Laure: a sanção imediata é do consumidor e solidariedade entre os produtores que respeitam a marca, sendo o controle é do grupo social; Carolina: o mecanismo é de autocontrole (...) Reinaldo: o que é para França considerada uma falha para nós é um avanço, pois é uma descentralização. Carolina: necessita de mais ferramentas para ser implementado. Laure: a marca e a certificação não é única solução. 20 Claire: como o Parque vai avaliar quem vai sair do sistema da Marca? Carolina: no Parque onde trabalhei tem comissões temáticas, tipo agricultura onde tem representantes do governo agricultura, municípios, agricultores e esta comissão vai discutir vários assuntos e avaliar a marca e o sistema de controle. A comissão vai aprovar o regulamento e quem vai receber esta marca. Porém, muitas vezes não está sendo aplicado. Fernando: vou dar um exemplo, do produto da cooperativa, ela vai usar o nome do Parque do Grande Sertão Veredas. Se ela tem um produto baseado na raspa de buriti e comercializa como sendo um produto sustentável, mas o consumidor desconfia, a cooperativa vai atrás da marca. E, contrata um empresa certificadora. Mas se nenhum consumidor desconfiar e acha que o produto é legal, não precisa. Existe, uma confiança local, entre produtores e consumidores, a marca é o suficiente. Jean: quer saber se esta responsabilidade do parque ela é institucional ou legal? Se alguém se sentir lesado, tipo a cabra está sofrendo ou sendo lesado para fazer o produto, alguém pode entrar na justiça? Até onde vai a responsabilidade? Carolina: sim o consumidor vai procurar o Parque, e tenta-se resolver localmente, e caso não se resolva, pode sim chegar na justiça, porque o Parque na França é de personalidade jurídica formada pelo sindicato misto. No caso do produto do Sertão Veredas, tem um mecanismo local, mas não nacional e isto está sendo construído aqui. Jean: Pelo que me lembro que as marcas locais de lá estão ligados ao conteúdo emocional, e isto pode gerar conflitos? Exemplo: A chicória é belga, e não chicória francesa. Uma recebe a marca e outra não. A identidade pode lesar outra região? Existe algum conflito deste tipo de certificação? Carolina: sim, com os Belgas tem muitos conflitos. Mas na batata-frita, todo mundo concorda que é belga. Por isto, todo mundo tem que estudar e argumentar muito a questão territorial e de identidade e é uma dificuldade. Mas, se há argumentos bem desenvolvidos ... Rafael: Quais os custos e a burocracia, deste sistema? Carolina: não envolve muito custo, pois utiliza instituições já existentes, como a Federação, entre técnicos e representantes da região. Como adesão é voluntária e não é obrigatória, mas em termo de burocracia, exige um pouco de trabalho, pois se desenvolve em duas escalas, local e nacional. Reinaldo: por que a deficiência de controle, pois para nós representa um avanço. Exemplo: a cooperativa do Grande Sertão Veredas, a marca da cooperativa se confunde com a indicação geográfica do território, mas não há problemas. O carvão ecológico de Pandeiros vai sair com marca do território pandeiros, mas o órgão fiscal emite selo para todo o tipo de carvão, baseado na legislação estadual que regula que comprova a existência legal, ele também certifica que está implícito do produtor do carvão de babaçu que tem a propriedade documentada, sistema de manejo, tem o órgão fiscal de controle. Hoje está avançando, pois está se confiando na palavra do produtor e talvez não haja necessidade do selo. Isto representa um avanço, mas também uma deficiência do controle. Claire: Acho que no Brasil tem força enorme por meio do sistema participativo de garantia para superar falhas do controle e certificação. Sobre os conflitos, como fica se 21 há produto entre indicação geográfica em uma área que talvez não caiba no Parque, que não pode ser garantida pelo Parque? Exemplo da chicória? Carol: Há sobreposição. Pode ter os dois ou um. Depende da estratégia do produtor. É mais complementar que conflito. Ele pode pedir a IG ou a marca parque, ou os dois! Breno: não ficou claro o arranjo governamental que existe na França. Esta federação é pública? São os parques? Existe uma autarquia abaixo do ministério? Carol: o Parque é responsável pela implementação da Marca no seu território, faz critérios e regulamentos detalhados e o controle, mas esta marca, e seu regulamento de uso, adaptado localmente, precisam passar pela comissão da Federação, que é uma associação privada dos PNR´s. Os Parques são públicos, mas se reuniram em uma associação que possui um estatuto privado. Tatiana: Esta Federação possui o reconhecimento do ministério e que transferiu a competência para a gestão da marca. O que acontece: a associação é privada e recebeu a competência do governo. Este limite de competências é reconhecido juridicamente pelo ministério. O ministério registrou a marca no INPI e transferiu as competências para a Federação. É uma forma de descentralização. É regido por um regulamento de uso nacional e um regulamento local do Parque, que é uma pactuação. Sistemas Participativos de Garantia Laercio Meirelles 22 Por que existiram os Sistemas Participativos de Garantias (SPG´s)? O tema da certificação foi recorrente na vida da produção agrícola, pois havia a produção e precisou-se de parar com a certificação, dentro da perspectiva local. A história da motivação da certificação da agricultura orgânica surge, por que, em muito outros locais do mundo, poucas pessoas possuíam uma certificação alternativa para a agricultura orgânica, o SPG´s surgem devido a uma inconformidade a esta certificação conforme ela estava. A legislação européia sobre certificação orgânica surge em 1991, lá se criaram certificadoras. Até então quem certificava os produtos orgânicos na Europa eram as próprias associações de produtores. Na França a “Natureza e Progresso” era uma organização de produtores, consumidores e técnicos que certificavam produtos com qualidade orgânico. Esta Lei na comunidade européia estabeleceu um padrão de certificação que depois foram incorporados pelas legislações nacionais ao redor do mundo e provocou uma separação entre certificador e as partes interessadas que é a dita certificação de terceira parte, pois quem certifica não é nem o produtor, nem o consumidor. A primeira parte é o produtor, a segunda o consumidor e a terceira o certificador, que vai dar a credibilidade na agricultura orgânica. Estas certificadoras chegam aqui no Brasil para certificar no viés da exportação mas também no âmbito do mercado interno. A leitura desta chegada trouxe uma insatisfação a uma série de agricultores que já produziam orgânicos e já comercializavam em feiras e mercados. Por que, um certificador externo que não conhece o trabalho realizado vai certificar se é ou não orgânico? Isto gerou uma reação através de uma negativa pela certificação, isto nos anos noventa, recusando a certificação, por parte de muitos produtores orgânicos no sul do Brasil. Isto, em um primeiro momento, mas depois de dois ou três anos, isto causou um sensação de desconforto, e muitas pessoas não entendiam por que não queriam ser certificados, achando que os produtores estavam com medo da certificação. Então, se mudou o discurso, dizendo que não eram contra a certificação e sim, certificavam com outra metodologia. Para que surgiram os SPGs? Para permitir o acesso ao mercado de produtos orgânicos; Facilitar o desenvolvimento do mercado local; Reviver princípios da Agricultura Orgânica; Como tema gerador para a organização social; Como dinâmica que favorece a construção de capacidades locais (Redes de Conhecimento) Para fortalecer relações entre produtores e consumidores; Os SPG´s não só agregam valor aos produtos e confiabilidade como gera redes de conhecimentos fortalecendo os atores locais, motivando uma nova dinâmica social, fazendo as pessoas que produzem se encontrarem e se organizarem. Este é o primeiro selo em uma feira em Porto Alegre, ver figura abaixo: 23 Esta metodologia de certificação “diferente” gerou bastante conflitos com as certificadoras. Muitos pessoas não confiavam na certificação alternativa. Porém, em muitas regiões no sul do Brasil estavam produzindo as suas formas de certificação, e em 1997, a partir de reuniões e encontros, se formalizou a Rede Ecovida de agroecologia, o que já vinha acontecendo. Em verde, estão plotados as regiões onde estão os três mil agricultores produzindo orgânicos, mais de cem feiras, mais de trinta ONGs entre outras. A Rede Ecovida, surgiu com esta motivação para dar mais visibilidade na produção e na comercialização, e a certificação, é que une estes dois. A maior motivação não é certificar participativamente, e sim, ver as pessoas produzindo e ver gente consumindo. Então, esta motivação ficou famosa, no fim dos anos 90 e início de 2000, ficou famosa com muitas pessoas fazendo estudos lá, pois faziam certificação de um jeito diferente e faziam a crítica a certificação de terceira via. A figura acima ilustra o funcionamento da rede, onde mostra o funcionamento de um grupo (APEMPSUL) que está articulado dentro de um núcleo local (Núcleo Litoral Solidário) e este por sua vez se relaciona em rede com outros grupos. Cada núcleo é formado por afinidades históricas e por razões geográficas. Núcleo são unidades de produção. A rede possui uma coordenação geral, têm os coordenadores de núcleos, reuniões de núcleo, plenária de núcleos (três pessoas por núcleo a cada três meses), têm encontro ampliado da rede e tem toda uma dinâmica sistemática. Os grupos de produtores se reúnem semanalmente e tem uma reunião por núcleo a cada dois meses e tem uma coordenação. E a cada dois anos, existe uma reunião de toda a rede, juntando mais de mil pessoas. 24 Um grupo novo que quer entrar na rede precisa de um padrinho, ou seja, um outro grupo que o avalia. Um novo núcleo também precisa de um núcleo padrinho. Os atores locais decidem se entra ou não e em segundo momento vem o processo de certificação. A rede possui uma marca e um selo. O entendimento é que o selo é para o produto que passa por um processo de uma avaliação conformidade e a marca é a expressão pública da rede, não só do produto. Se é enviado uma carta, vai a marca da rede. No banner vai a marca e o selo vai ao produto. Definição: “Fórum Latino Americano de SPG´s: Sistemas de garantia de qualidade construídos a partir do empoderamento das comunidades. A certificação dos/as produtores/as baseia-se na ativa participação dos atores envolvidos e os sistemas são construídos fundamentando-se na confiança, em redes sociais e na troca de conhecimentos” (slide). Esta figura define melhor e funciona com qualquer sistema de certificação participativa: você tem as regras ou normas estabelecidas. O primeiro ponto é o produtor precisa declarar conforme, ou seja, ele diz que conhece as regras e cumpre. Os mecanismos de verificação são feitas nas reuniões, onde as pessoas se visitam, gerando conformidade. Assim, por meio das capacitações, se delegam agricultores para visitar outros agricultores, para ver se existe conformidade. O grupo é o controle. Em caso de inconformidades, os agricultores foram capacitados para agir, que vão desde conversas e reuniões para corrigir as falhas até sanções graves com a exclusão do selo, por exemplo. O tema deve ser tratado com tranqüilidade, pois sistemas complicados, geram fraudes e tem pouca aplicabilidade, e por isto acaba não evitando a fraude. Ou seja, acaba burocratizando e não evitando. Assim, o SPG´s tem como objetivo gerar credibilidade entre os pares e assim que funciona entre agricultores e entre os pescadores. No mundo da agricultora orgânica está todo mundo interligado. Precisa de um esquema que tenha vasos comunicantes e estes vasos são os consumidores. O SPG também tem fiscalização que é o Mapa. Não existe conchavo, pois pode vazar, e o sistema todo se comprometer. Este sistema porém, não é perfeito. Certificação é uma interrogação. Pois, 25 se costuma dizer os benefícios, mas não os custos, e na prática, não existe um sistema de confiabilidade de 100%. O sistema SPG é suficiente e encontra-se regulamentado pela legislação por meio das OCS (ver figura abaixo): Esta figura demonstra as formas de acesso ao mercado de produtos orgânicos conforme a legislação nacional. As OCS podem fazer mercado institucional, tipo merenda, etc, e não necessita de uma pessoa jurídica. O Fórum latino americano de SPGs elegeu uma carta de princípios que contemplam: “Os marcos regulatórios para Agricultura Orgânica dos distintos países devem reconhecer os SPGs em toda sua diversidade, sem impor procedimentos que levem a descaracterização destes sistemas. Isto implica também em desenvolver mecanismos de fomento e promoção da produção orgânica, sem se limitar apenas aos aspectos de fiscalização e controle. De acordo aos princípios da Agricultura Orgânica, que luta pela Soberania Alimentar dos povos, o mercado prioritário para os/as produtores/as que estão envolvidos nos SPGs, são os mercados locais e nacionais. Mas, em função dos diferentes contextos nos quais estão inseridos, muitas vezes os/as tem a oportunidade e a necessidade de acessar ao mercado internacional. Acreditamos ainda que a credibilidade do produto ou processo gerada pelos SPGs não pode ser limitada por espaços geográficos. Por tanto, o Fórum manifesta seu apoio ao reconhecimento internacional dos SPGs e à possibilidade de que os produtos garantidos por estes processos possam transitar entre os diferentes países. A declaracao do/a agricultor/a e a verificação de pares são suficientes para a geração da credibilidade nos SPGs. No entanto, a participação dos/as consumidores/as nos SPGs é considerada muito importante Nos comprometemos a fazer os esforços necessários para conseguir uma maior participação destes atores. Os SPGs além de serem um sistema de garantia, são também um instrumento que contribui para a construção de uma agricultura ecológica democrática, inclusiva e acessível a todos os produtores e consumidores” (slide). Debate 26 Laércio: um certificador tipo mercado Europeu venha certificar 300 mas não conseguiu visitar todos. Então forma 10 para agricultores para fazer isto o que diminui o custo. Não existe nenhum certificado para dar garantia. Existe uma demanda de uma dinâmica social. Ou seja, você vai ver no SPG onde agricultores não só olham para certificar, mas realizam intercambio, conversam, trocam e nisto é difícil de medir custos. Enquanto que uma certificadora vai só certificar e cobra. A análise de custo não é importante, o SPG é mais amplo que isto. Allan: dentro deste sistema, o MAPA fornece um selo padrão? Ou cada um faz o seu? Laércio: as duas coisas (...). Os agricultores de suco de uva têm o nome “mata nativa” e gosta, pois, marca os agricultores e tem o selo IBD e o selo SISORG. Fernando: se um agricultor for pego em algum tipo de não conformidade? Laércio: um grupo precisa se registrar no MAPA e como lidar com as não conformidades? Existem sanções leve, média e pesada. Isto está previsto no manual de procedimento. Quem usa de “roundap” será excluído, mas quem usa o exterco de forma errada, não será excluído e será visto por meio de uma conversa ou assessoria a melhor forma de resolver isto. Lúcia: Você contou uma história de 20 anos de um processo educativo e coletivo? A gente costuma dizer que é criador e criatura de uma dinâmica social. Faz parte do aprendizado. Eloe: Até que ponto este SPG pode montar diálogo entre agricultura e meio ambiente? Conservação de solos, a sustentabilidade e os aspectos ambientais estão incorporados? Laércio: o SPG não tem esta tarefa, talvez a agroecologia tem maior tarefa, pois é maior que isto (...). 27 Selos dos produtos indígenas do Rio Negro - Wariró Gilda da Silva Barreto Quem é Wariró? “Wariró é o nome de um ancestral que aparece nos mitos de vários povos indígenas da região do Alto Rio Negro, que segundo mitos, vive na serra de Curicuriari, conhecida como Bela Adormecida, situado dentro da Terra Indígena Médio Rio Negro. Esta história levou a criação da marca com imagens da serra, e atualmente representa a marca de produtos indígenas do Rio Negro, porta de entrada da diversidade cultural dos povos da floresta” (slide) A casa Wariró foi inaugurada em 2005 no município de São Gabriel da Cachoeira/AM e corresponde um ponto de venda direta e espaço de negócios para mais de dois mil artesãos de dezessete associações indígenas diferentes e promove a articulação da produção regional de artesanato com outros mercados tendo em vista estar agregando o valor socioambiental para mais de quatrocentos produtos artesanais, feitos a partir de técnicas tradicionais e materiais locais. O histórico da casa Wariró está no contexto do movimento indígena inserido na Fundação da FOIRN, Federação as Organizações Indígenas do Rio Negro (1987) e foi 28 resultado de uma série de ações, especialmente após a demarcação da Terra Indígena, quando teve o início da implementação de projetos pilotos de desenvolvimento sustentável (parceria FOIRN/ISA). Pois nesta época estava se questionando porque queriam tanta terra se não produziam. Assim tem início as atividades como a criação da loja de artesanato da FOIRN, pois já comercializam muito artesanato. Outro projetos como: o projeto Arte Baniwa, oficinas diversas (produção de cerâmica, bancos Kumurõ e design com produtos de tucum), a criação do Fundo Rotativo das Mulheres, até a inauguração em 2005, da Wariró. A partir de então foram realizados encontros como o primeiro encontro de produtores indígenas do Rio Negro (2006), a formação da rede de produtores indígenas (2007), a definição do selo de certificação de origem do produto indígena no Rio Negro (2008) e o lançamento seu lançamento em 2009. A maior preocupação na época era escoamento da produção, e se via também que havia outros produtos parecidos, então as pessoas confundiam, e muitos grupos também piratiavam o artesanato. Houve a falsificação da arte Baniwa por uma indústria e isto fez com que avançassem na discussão, ao longo de cinco anos, de como apresentar o produto dentro do mercado. Cada um queria fazer o seu selo ou sua marquinha, então todo mundo decidiu um simples selo. Foram feitos encontros anuais até chegar nesta idéia do selo e ficaram determinados. Ver figura abaixo: E cada ano é feito reuniões de produtores e hoje possui os produtos consolidados. O selo está dividido em quatro partes: primeiramente diz que é feito por artesãos indígenas desta região, comercializado por comércio justo pela Foirn, tem a originalidade para não confundir com outros produtos e é feito de forma sustentável sem agredir. Pois, quem preserva sem tem e preserva para as futuras gerações. Tem o desafio de ampliar mercado para escoar a produção do Alto Rio Negro, uma vez que a promoção das vendas em SGC enfrenta dificuldades logísticas operacionais, pois o produto é muito procurado mas as distâncias são enormes. O processo de avaliação é realizado pelas comunidades e associações indígenas junto a FOIRN e se tem recomendações de promover exposições de produtos e intercâmbios com outros estados e buscar um ponto de comercialização em Manaus. Ver fotos na seqüência a primeira loja e a atual 29 Gilda: O Thiago havia perguntado e as pessoas que vão vender que não tem selo? Tem passar pela loja, para ter o selo, para mostrar que é feito na região. Demorou doze anos para se conseguir fazer da loja até a feira. Abaixo fotos demonstrando os artesãos (foto de Gilda) 30 Patrimônio Imaterial e Sistemas Agrícolas Laure Emperaire Como manter a dinâmica de sistemas agrícolas tradicionais? Outro tipo de instrumento da área cultural que não é econômica nem agrícola está dentro da área cultural, dentro do IPHAN, que é o sistema brasileiro de salvaguarda da dimensão imaterial do patrimônio cultural Este projeto iniciou-se com uma articulação entre ACIMAN, o grupo de pesquisa da Unicamp e ISA, no qual a associação local fez o pedido de reconhecimento sobre o patrimônio agrícola do rio Negro como patrimônio nacional. O instrumento de reconhecimento é o decreto n. 3551/2000 que institui Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro e cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial – PNPI. O registro acontece em quatro modalidades: o livro de registro dos saberes, como por exemplo, o ofício das paneleiras de Goiabeiras. Neste caso a panela não é registrada e sim o ofício, ou seja, a maneira de fazer a panela. Assim também, é com a agricultura, que é a maneira de fazer, é a arquitetura do sistema que envolve não só os processos, mas os significados. Não é registrada a mandioca, pois ela é um vetor de significado, tem um nome, uma história, uma circulação na região do rio Negro. A diversidade é formada 31 por uma rede social o que quer dizer que as plantas são objetos móveis. Qual o interesse nisto? Facilitar o acesso as fontes de financiamento para projetos culturais, divulgar o que é a agricultura do rio Negro e mais para frente, dar visibilidade aos produtos agrícolas do rio Negro como a farinha, a pupunha, o artesanato, entre outros. Debate Carolina: o importante é entender a noção da dinâmica, que gerar o tombamento é visto como uma coisa fixa, mas permite ver os processos. Laure: quando se registre um bem no IPHAN existe um plano de salvaguarda não fixa. Permite financiamento (...) Claire: se olhar o queijo como um produto que não tem importância econômica, mas tem importância de uma dinâmica de um sistema que é ameaçado por outros sistemas,e que faz parte da paisagem, e portanto é importante que seja valorizado por isto.. Tatiana: Como construir isto esta diversidade. Ou seja, não pensar tanto no mercado e sim como valorizar processos, a cultura. A questão é como trabalhar isto dentro de uma lógica de áreas protegidas, dentro de um projeto de território, sem fins de ter um selo ou marca, e sim, uma construção conjunta de via dupla, que valorize o território. Resultados da I Oficina de valorização de produtos, serviços e saber-fazer Thiago Mota Cardoso 32 Relembra que naquela oficina o público era mais ligados aos mosaicos, e representantes das instituições públicas, como ministério e também e embaixada da França, fazendo com que as questões fossem mais direcionadas as questões territoriais. O objetivo daquela oficina foi capacitar para se ter um entendimento conceitual, oferecendo as ferramentas e encaminhamento de propostas de instrumentos e processos de valorização dos produtos, serviços e tradições pela gestão e desenvolvimento territorial com áreas protegidas. A idéia foi tomar conhecimentos dos instrumentos existentes para criar formas de valorização da identidade territorial em áreas protegidas com enfoque em marcas, selos, entre outras. Foram debatidos quatro temas: 1) a diferenciação entre marcas, selos, certificação e indicação geográfica; 2) os sistemas participativos de garantia; 3) pagamento por serviços ambientais em áreas protegidas; e, 4) marca parque (PNR). A idéia era ver elementos poderiam servir para o sistema em territórios com áreas protegidas, comparando as várias possibilidades. Em seguida foram respondidas algumas perguntas orientadoras em grupos de trabalho: • Porque usar sistema de marca nas áreas protegidas? • Quais valores podem ser transmitidos por meio de uma marca de áreas protegidas? • Como aplicar/usar uma marca de áreas protegidas no seu território (estrutura e funcionamento)? Destas perguntas, foram obtidos os seguintes resultados: Por que usar um sistema de marcas nas APs? • Reconhecer os valores ecológicos, socioculturais, históricos e econômicos do território • Buscar agregação de valor aos produtos/serviços do território, valorizando boas práticas; • Valorizar o território, para evitar o êxodo rural e a perda do conhecimento e do saber fazer; • Consolidação da identidade territorial, integrando as áreas protegidas aos processos de desenvolvimento local; • Estimular a conservação da biodiversidade e valorização das áreas protegidas; • Valorizar as comunidades locais, sua cultura e saber-fazer; • Fortalecer as redes sociais do território através de ferramenta de marca coletiva ou selo; • Fortalecer políticas públicas do território Quais valores que podemos transmitir com ao usar uma marca ou selo? • Sustentabilidade ambiental e Conservação da biodiversidade • Saberes locais, modo de vida tradicional 33 • Identidade territorial • Valores da coletividade (cooperação e solidariedade) No entendimento do grupo estes quatro elementos norteariam o sistema. Então quem fosse receber a marca ou selo, teria que dentro do sistema quatro valores. Sandra: Uma questão muito importante discutida nesta oficina que é uma questão da comunidade que reside dentro da UC, para mudar a visão que a comunidade possui da unidade de conservação como valor negativo. O uso da marca seria fortalecer a aproximação da sociedade local com a UC, para mudar a visão de como a sociedade enxerga a UC, mudando a visão e a concepção da sociedade com a UC, com o território. Thiago: o desafio é incorporar os elementos no selo e que possam estar trabalhando nesta concepção. Tatiana: é pensar em sistema que valorize estes critérios (...) Características do sistema: • 1.Criar um sistema voluntário e solidário capaz de gerar credibilidade a produtos, serviços e saber-fazer que estejam adequados aos objetivos e normas dos territórios com áreas protegidas; • 2. O sistema deve valorizar as áreas protegidas públicas e privadas ao mesmo tempo que incentiva as “boas praticas” de um território, promovendo a conservação da biodiversidade, o respeito às culturas e tradições regionais e o comércio e as relações socialmente justas. • 3. Este sistema deve articular as redes socio-territoriais locais, com gestores responsáveis pela gestão dos mosaicos e esferas nacionais ligadas ao meio ambiente em sua governança. • 4. Estas boas práticas serão possíveis de pleitear o selo/marca das áreas protegidas, que pode ter controle social local e normatização nacional. • 5.Este selo terá como base as normas das áreas protegidas conforme a legislação e os acordos locais, bem como visa incorporar, articular e não sobrepor as experiências de certificação já existentes e consolidadas O desenho abaixo do esboço do sistema foi muito inspirado no debate dos grupos no SPG, na marca parque e na indicação geográfica. A terceira pergunta foi: como aplicar e usar esta marca? O primeiro grupo respondeu: Sensibilização dos atores; capacitação; divulgação dos valores no território; capacitação do conselho gestor das áreas protegidas para gestão desta marca ou selo; o conselho gestor deve funcionar como órgão regulador (pode ser do conselho da Biosfera ou do Mosaico), e deve ter uma rede nacional para definir os parâmetros da marca; pagamento simbólico para utilizar a marca; com renovação para cada dois anos. O segundo grupo: tentou desenho a estrutura, como um esboço inicial, pensando em um conselho público, e como as áreas protegidas tem status público, e como este espaço poderia ceder o seu nome, baseado em um método de controle do uso desta marca. 34 Então, em primeiro lugar está o MMA, Estado e municípios, seria o portador desta marca, poderia ter um fórum, um espaço ou rede nacional de articulação e padronização da marca a nível nacional, pode ser de áreas protegidas, mosaicos, reservas da biosfera. Ao nível territorial, seria o conselho gestor das unidades ou do mosaico, seria o gestor da marca a nível local com a função de elaborar a carta de princípios, de verificar o uso da marca, com ética e avaliação final. O conselho é o articular do território. Conforme esboço abaixo: Então temos algumas perguntas a serem levantadas e trabalhadas em grupos: 1) Qual a escala geográfica (áreas protegidas, mosaicos, reserva da biosfera?) e a escala de mercado, que é possível trabalhar de forma efetiva em um sistema de selos e marcas? 2) Qual o melhor instrumento (marca, selo ou?) e como ele pode inserir as características multisetoriais propostas (produtos, serviços e saber-fazer) e os valores (biodiversidade, cultura e territorialidade)? 3) Quais são os atores que participam desse sistema baseado na proposta de 2009? = organograma e fluxograma 35 Momento de construção - Resultados 20/04 GRUPO I Componentes: Laure, Thiago, Mariusz, Marie, Dora, Rafael e Denise 1. Qual é a escala institucional? Partindo do ponto de vista que não existe instrumento legal para a cessão de uma marca pelo poder federal a um grupo em uma área protegida, os principais pontos levantados foram: - Haveria uma marca área protegida do MMA, tipo guarda-chuva; - Definição da adesão por meio do conselho gestor, como interlocutor; - O mosaico tem entrada privilegiada, mas as áreas protegidas que esteja dentro ou não do mosaico, tem autonomia de adesão ou não a marca. Terra indígenas, remanescentes de quilombo tem a também a autonomia de adesão; O grupo levantou o problema da unidade: seria um corredor ecológico a unidade? O Mosaico? A reserva da biosfera? O mosaico poderia ter uma marca, mas a área protegida a sua própria marca. 2. Qual é a escala de mercado? - Escala local e regional privilegiada; - Cadeias curtas de âmbito regional; - Mercado institucional; 3. Qual é o melhor instrumento e como ele pode inserir as características multisetoriais propostas e os valores? - marca coletiva do MMA a ser registrada; - marca coletiva de Áreas Protegidas, por unidade, também registradas no INPI; - aplicada no conjunto de produtos, serviços e saber-fazer. GRUPO II 36 Componentes: Marcela, Helô, Tatiana, Laércio, Breno, Sandra e Gilda 1. Qual é a escala institucional? A prioridade é do mosaico, como unidade territorial, mas conforme o primeiro grupo, não excluiria as outras unidades de escala menor. O mosaico aborda aspectos heterogêneos da paisagem. Outro aspecto é uma prioridade com unidades de uso sustentável, pensando que UC´s de proteção integral, tem outros objetivos, isto porque é necessário um cuidado para o interesse econômico não sobrepor interesses de proteção. Mas, não exclui estas unidades de também serem incluídos no sistema de marca. Nas unidades de proteção integral poderia se aplicada esta ferramenta nas zonas de amortecimento. Tatiana sugere que no Parque, por exemplo, esta ferramenta pode ser aplicada a uma trilha turística. É também necessário que instâncias de decisão do uso da marca local seja planejada para beneficiar e valorizar comunidades locais e não para priorizar atores externos a áreas protegidas. A marca não deve ser confundida como marketing ambiental e sim como um instrumento que valoriza pequenas comunidades locais, ou seja, um projeto de território. A questão é quem e como ser valorizado! Breno complementa dizendo que nas categorias da IUCN, do tipo V e VI como aqui temos a APA, RESEX e Mosaico, há um uso de solo heterogêneo, e, portanto pode ser usada a marca como projeto que alia sociedade e ambiente, mas isto sem excluir as outras categorias. Desta maneira existe uma ênfase na paisagem. 2. Qual é a escala de mercado? Foi entendido que a escala de mercado é difícil de ser definida, pois depende de saber quem são os produtores, qual a capacidade de produção, os aspectos culturais. É entendido que cada território há particularidades. Existem locais com interesse comercial, mas sem capacidade de comercializar. Outros exemplos, é que há comunidades que a escala é local, porém em outras situações, existem relações de comércio de produtos de áreas protegidas a nível internacional. Então isto demandaria um estudo de mercado. Thiago: a idéia é discutir como valorizar a comunidade local, não o seu interesse ou capacidade de comercializar, seja local ou internacional. Laércio: a idéia é agregar valor ao produto. A discussão de mercado é uma discussão separada, ou seja, uma discussão é agregar valor ao produto outra é acessar mercados. 3. Qual é o melhor instrumento e como ele pode inserir as características multisetoriais propostas e os valores? 37 O grupo um é “marca”, mas para o grupo dois se entendeu que seria o selo. A marca é vista como algo que não representa os critérios. Na continuação da pergunta, de como pode inserir as características multisetoriais o grupo entende que é pela informação visual onde existisse um símbolo reconhecido a nível federal, parecido como o símbolo da França, uma identidade visual, que contenha a informação reconhecida por todo o Brasil. Mas dentro deste símbolo, tenha também uma informação local, com a característica de sua área. Ou seja, ter um símbolo com padrão federal, isto possibilita uma identidade visual que possa ser articulada nos estados e municípios. Sobre os atores que participam deste sistema, conforme no fluxograma composto pelo MMA (portador do selo) e um fórum para coordenador o processo. O selo será condicionado a projetos pilotos, tipo somente em mosaico ou determinadas unidades. Pois, é necessário formar experiências sobre escala, áreas, características sociais, territórios. O fórum articularia com governos estaduais e municipais, órgãos gestores e sociedade civil com objetivo de instrumentalizar e planejar um edital público para estes projetos pilotos e capacitaria os atores sociais envolvido para este edital. Estes projetos pilotos seriam executados pelos conselhos gestores dos territórios (mosaico ou UC’ s) que por sua vez, teriam câmara técnicas, dentro destes conselhos, podendo promover a articulação do território bem como a operacionalização. As experiências destes projetos pilotos seriam socializadas em um seminário e estenderia um programa no âmbito nacional. O edital seria uma forma de priorizar, por meio de critérios a serem desenvolvidos, seja por biomas ou categorias das UC’s. O importante, é que o Fórum é preparatório para o lançamento do edital, para formar uma ciência de metas e objetivos. GRUPO III Componentes: Jean, Allan, Rinaldo, Fernando Lima, Lúcia e Marcéu 1. Qual é a escala institucional? A escala geográfica indicada é a de mosaico pelas seguintes prerrogativas: é reconhecido legalmente, tem perímetro definido por critérios técnicos, tem potencial de agregar recursos humanos, técnicos e financeiros, faz uma discussão sobre território e a definição de limites. E, trata-se de um fórum que pode refletir, por exemplo, a possibilidade de incluir territórios vizinhos. 2. Qual é a escala de mercado? A escala de mercado não é definida pelo consultor é definida pela capacidade de produção, pela diversidade dos produtos, dos serviços e das interações sociais. A escala local acontece, não tem entrada de recursos. A escala regional amplia um pouco, pois no mosaico pode ter muitos territórios, a exemplo, do Mosaico Grande Sertão Veredas. O produto pode até sair do local ou no regional, mas ele se inicia localmente. 38 3. Qual é o melhor instrumento e como ele pode inserir as características multisetoriais propostas e os valores? Selo. Pois, foi pensado com exemplo porque tem uma marca do grande sertão que o Pandeiro não vai querer usar jamais, pois possui a sua identidade. O Laércio deu exemplo, como o selo de café é ABIC, mas cada café tem sua marca. O selo da ABIC está ligado a qualidade do produto, assim o selo será pensado na qualidade ambiental, por exemplo, na raspa de buriti ou pequi, por exemplo, ele recebe o selo, pois não derruba a floresta para produzir o seu produto. O produtor pode ser um criador de gado que respeita a Área de Proteção Permanente, respeitando todas as normas, poderia ter este selo, atestando a qualidade ambiental. Organograma: Foi pensado na gestão compartilhada (governo federal MMA, estaduais, municipais) para portar a logomarca, e seria o formador da política de articulação dos territórios protegidos, responsável pela realização do marketing da marca, controle e verificação do sistema nos territórios e mobilizaria recursos financeiros para o território e o sistema. Isto porque, há mosaicos municipais, como o mosaico de Itabira, estaduais e federais, reconhecidos pelo MMA. Já a parte central do organograma: o fórum nacional, o conselho gestor e o organismo articulador do território já estão todos reunidos no conselho do mosaico. O conselho do mosaico já tem estas atribuições, e achou-se que não era necessário ter mais fóruns, pois os atores praticamente seriam os mesmo. O conselho consultivo existe, tem secretaria, têm câmaras técnicas, o articulador seria a secretaria executiva, e a câmara técnica como avaliadora, ou seja, a câmara técnica dentro do conselho que funcionaria como o SPG. Debate Heloisa Diaz: E os corredores ecológicos? Pois, existem os Corredores Ecológicos, que são reconhecidos oficialmente como áreas protegidas. E os decretos de pequenos corredores? Como ficou o problema de marca para os corredores? Tatiana: Não estamos excluindo outras áreas protegidas, e esta entra como possibilidade. Heloisa: Reflexão: A reserva da biosfera é outro selo? Síntese Escala institucional • Mosaico como nível privilegiado sem excluir outras áreas protegidas (território e diversidade de paisagens; 39 • Privilegiar as categorias V e VI da IUCN devido a diversidade sociocultural e ambiental; A escala de mercado Laure: Quais os produtos são base das populações locais. Os alimentos de base não estão mais acessíveis as populações locais. Está se tornando mais fácil comprar um frango que comprar um peixe. Pois, a farinha do Cruzeiro do Sul, se vende para fora, mas no local, as pessoas passam fome. Breno: O princípio é assegugar a segurança alimentar. Caroline: satisfazer as demandas locais. Pois, se for local, um estrangeiro não pode se hospedar? Laure: sim, por isto falamos cadeias curtas. Sandra: observação ao termo cadeia curta. Reduzir intermediários na venda. Incentivos para minimizar intermediários. Laércio: Entendo os argumentos. Mas, nós estamos tentando fazer. É normatizar, e como verificar os produtos e processos. E não o comércio. Uma questão que se pode fazer é direcionar nas normativas do selo, para se achar um ponto de equilíbrio. Consenso i) Cadeias curtas; ii) Cada território tem as suas particularidades por isto é necessário analisar cada caso; iii) Assegurar a autonomia local; iv) A demanda deve ser local; v) Minimizar intermediários na cadeia. Qual é o melhor instrumento: Debate: Sandra: no caso do selo, é um trabalho voluntário. Para ver se há adesão que é voluntária. Um trabalho e discussão de benefícios. Por isto é importante uma articulação em redes locais. Caroline: O sistema marca parque tem um diálogo com o produtor para ver onde ele vai precisar do apóio para a sustentabilidade de sua produção com respeito ao ambiente; Laércio: O produtor local tem a sua marca própria e depois ele pede a outra marca, para agregar este reconhecimento e certificação. Pode ser marca ou selo. A questão é preservar a individualidade e agregar um marca coletiva. Tatiana: Tem duas propostas: uma marca coletiva de pactuação do território. Laércio: A questão é agregar. 40 Tatiana: você pode ter o selo do mosaico e ter o selo orgânico e ainda uma IG; Claire: Todo selo são marcas; Breno: cada produtor pode ter sua marca que pode ser o conceito e preserva a identidade específica (...) o processo. Claire: café tem selo, marca que pode ser nominativa, figurativa ou mista. Thiago: Juridicamente é uma marca, mas aqui no Brasil se fala em selo. Laércio: Não tem muita diferença, por exemplo, o Inmetro tem marca e selo, no site está marca INMETRO e selo INMETRO. No INPI, ele registrou as duas marcas. Mas no site, chama de selo. Laure: selo é uma marca pelo instrumento que traz um diferencial e se aplica a um amplo leque de serviços e produtos. Tatiana: selo é um jargão usado que na verdade é uma marca registrada. Mas, você também pode ter uma marca não registrada, com um logo sem nenhum registro jurídico de proteção Fernando: O fundamento trabalhado é a sustentabilidade. Tem que estar por trás um processo sustentável. Por exemplo, hoje, na favela que é exportada do cerrado, se houver uma marca, valoriza, e hoje nenhum produtor arranca a favela. Eles deixam algumas frutas no pé, para ter favela no ano seguinte, ou seja, manejam. . Tatiana: chegamos a um consenso sobre marca ou selo!!! Síntese: Selo trata-se de uma marca no nível jurídico, que encerra um processo de diferenciação para um leque de produtos e serviços. O noome será selos das áreas protegidas. Estrutura e fluxograma Laércio: O Grupo 3 dispensou o fórum! Tatiana: Tenho uma proposta. É difícil trabalhar a estrutura sem um fluxograma. Como vamos fazer isto amanhã, podemos fazer esta parte no outro dia pela manhã, apresentando estrutura junto com fluxograma. Thiago: o que era o Fórum no evento anterior. A idéia era um fórum permanente, como uma rede, integrado por diversos territórios. O fórum, não é fórum do território, do mosaico e sim uma rede que liga todos os territórios, que congrega mosaicos por exemplo. Encerra-se o primeiro dia. Síntese • O MMA é portador do selo; • Em seguida vem o fórum, que é articulador composto por diversos atores/redes. O fórum promove a capacitação. 41 • A gestão do selo deve ser compartilhada entre o governo Federal, Estaduais e municípios; • O conselho do mosaico deve reunir as funções relacionadas ao selo, pois é representante do fórum, e não burocratiza, e é o OAT (Organismo articulador do território). A secretaria executiva do mosaico teria o papel de animador. A câmara técnica do mosaico o papel de avaliador (modelo SPG). 21/04 9:00 h Tatiana Rehder relembrou os pontos do dia anterior e apresentou a continuidade da programação: pela manhã divisão dos grupos para a discussão do funcionamento do sistema e na a parte da tarde, apresentação o debate. Para nortear as discussões sobre o funcionamento do sistema, os grupos guiaram-se pelas seguintes perguntas: 1) Qual seria o processo e a organização entre os atores envolvidos: responsabilidades, papel de cada ator, relações entre eles ...? 2) Quais são as regulamentações e normatizações necessárias pela implementação do sistema? 3) Como criar um sistema sustentável? Discussão em grupos: Divisão em dois grupos 14:20h – retorno para a apresentação dos grupos Apresentação dos grupos. Grupo I Apresentadores: Fernando, Allan e Claire O MMA será o titular do selo e responsável pelo registro. Mas, antes de apresentar como o sistema vai funcionar foi apresentado alguns fatos. Primeiramente, ao tratar de uma marca torna-se fundamental a exemplo do modelo da França que as pessoas se identifiquem com a Marca. Na França existe a marca parque que funciona no país todo e qualquer pessoa que identifica esta marca associa a marca ao PNR, e, é o que o grupo deseja que aconteça aqui no Brasil. Porém, as características são diferentes especialmente as dimensões que são bem maiores. Alguém, que está, por exemplo, lá na Amazônia, ao ver a marca, deveria reconhecer que se trata de uma “unidade de conservação”. Este é um problema aqui, pois falta conhecimento sobre as unidades de conservação. A marca assim é uma ferramenta e que está associada a unidade de conservação e portanto deve vir forte, antes mesmo de ter o sistema funcionando. E, para isto acontecer, primeiramente deve ser discutido no âmbito do ministério e depois 42 deve haver uma consulta para que a própria sociedade se depare com esta perspectiva de existir uma marca relacionada com a questão ambiental, com o MMA e, sobretudo com as unidades de conservação. Assim, antes de todo este debate, deve haver uma estratégia para que a população se identifique com esta marca. Este processo não precisaria ser longo, mas ele precisa ser “acomodado” internamente, pois outras secretarias e ministérios também estão propondo processos de certificação de produtos com a sustentabilidade. Portanto, o “desenho 01” que apresentamos pretende responder que tipos de marca estão sendo propostas e de que forma vai estar associada a unidade de conservação para que se possa iniciar a consulta para que a sociedade possa ter mais claro esta idéia. Desenho 01 “Desenho da implementação para identificação de unidades pilotos”. A partir da pergunta “como elaborar um sistema que usa uma marca coletiva?” é proposto que o MMA edite regras gerais para o uso da marca, tratando-se uma marca coletiva, pública e aberta. Estas regras de uso da marca estão dentro de um documento norteador como uma forma de estabelecer um diálogo com a sociedade, compondo as regras mínimas para o uso, explicando sobre a marca, sobre os objetivos, qual o público que se deseja alcançar principalmente a relação entre a sociedade local e as unidades de conservação (mosaico). As unidades assim discutiriam a nível local o documento norteador como parte da consulta, e podendo assim, demonstrar o interesse de aderir ao sistema da marca. A unidade devolveria as suas sugestões e suas demandas locais ao Ministério. Neste processo, de comunicação entre o Ministério e o interesse das unidades é que se forma o Fórum. Neste estágio, se passaria para o segundo momento, que é o desenho 2. 43 1. DESENHO DA IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA P/ IDENTIFICAÇÃO DE UNIDADES PILOTOS MMA Ações: Elabora um documento norteador (princípios do projeto do selo) Elabora e implementa um mecanismo de consulta às unidades Fórum Nacional (consultivo) Unidade 1 Unidade Unidade Unidade 2 Unidade Funções: UNIDADE X Surgem a partir da necessidade de um espaço Discute o documento norteador Promove um mecanismo interno de consulta Avalia o interesse de ser um projeto piloto Forma de geração de credibilidade: Desenho 2: “Desenho de identificação dos pilotos e implementação O MMA define assim as regras mínimas e gerais para o uso desta marca e define os critérios de seleção dos projetos pilotos. O fórum também atua neste processo ajudando nestas formulações. A seleção por sua vez deve ser feita junto com o Fórum sugerindo a seleção de algumas unidades piloto, ara isto o MMA deve definir os critérios de seleção destas unidades. O papel do Fórum é consultivo, se consolida junto com os projetos pilotos, acompanha o processo, mas não é responsável pela definição do regulamento e uso. Assim que o MMA delega “a marca” para as unidades, elas se tornam responsáveis. O “desenho 3” mostra o funcionamento do sistema. 44 2. DESENHO DE IDENTIFICAÇÃO DOS PILOTOS E IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO MMA Ações: Define uma agenda de atividades Seleciona os projetos piloto; Elabora proposta de regulamento do uso e estratégia de comunicação; Harmoniza c/ outros instrumentos legais Fórum Nacional (consultivo) PILOTO 1 Piloto 1 Piloto 2 PILOTO 2 Piloto x Funções: PILOTO X Surgem a partir da necessidade de um espaço Dispõe-se a colaborar na elaboração da proposta; Aplica a proposta; Avalia a apresenta necessidades de ajustes Forma de geração de credibilidade: Desenho 3: “Desenho de um sistema para fomento de uma marca em áreas protegidas” Definido o sistema, o MMA, portador da marca, delega para as unidades o uso desta marca, ficando com o papel de fomento, de marketing, de supervisão e atualizando as normas. A partir deste momento são as unidades (os mosaicos ou unidades) as responsáveis locais pelo uso e regulamento da marca, definindo especificidades locais, assim implementando o sistema. São as unidades em conceder a marca a nível local, as 45 monitorando, sendo as responsáveis em verificar e atestar as conformidades, bem como resolvendo as não conformidades. O Fórum passa a ter um papel de buscar discutir e resolver problemas locais demandados pelas unidades. Caso a unidade não esteja conseguindo resolver ou estejam em não “conformidade” e tenham dificuldades de buscar soluções, o MMA é portador do selo, e pode junto com o Fórum buscar formas de resolver “este problema”. Assim, o sistema funciona em dois níveis, a nível nacional, onde acontecem avaliações do funcionamento do sistema da marca, por meio do Fórum e a nível local, por meio do mosaico ou unidades. As unidades devem atuar conforme o que está escrito no “caderno de normas” da unidade assim como Fórum, deve atuar a nível nacional, ficando o MMA supervisionando o sistema, podendo é claro, se julgar a partir de consulta do Fórum, retirar a marca de alguma unidade. Assim como a unidade, a partir do processo coletivo local, em última “instância”, retirar a marca de um produtor. Este processo, forma credibilidade, descentralizando o sistema, mas mantendo a comunicação e a busca da conformidade em todas as instâncias, permitindo que um produtor, agregue valor ao seu produto ou serviço, a partir de um sistema nacional, preservando a sua identidade local, que também estará na marca. A marca defendida é que seja nacional, mas que tenha dentro da marca, ou em baixo algo que representa o local. Ver desenho 3 na próxima página. 3. DESENHO DE UM SISTEMA PARA FOMENTO DE UMA MARCA DE ÁREAS MMA FUNÇÕES: Propõe e supervisiona o Sistema; Registra e é o titular do Selo; Define e atualiza as normas; Delega e controla uso do selo Faz o marketing do selo; Mobiliza recursos para o sistema; Harmoniza c/ outros instrumentos legais Fórum Nacional (consultivo) Conformação Representação dos Pilotos; Representação de entidades Nacionais – Coordenação (animador); – Secretaria (animador); Comissão de avaliação: dois membros de cada unidade; Conselho de Recurso – para casos não resolvidos a nível local FUNÇÕES: Articula as Unidades Estabelece alianças c/ diferentes setores do setor público e privado; Promove e difunde a proposta; Fortalece a organização dos beneficiários (e) consumidores PILOTO 1 PILOTO 2 PILOTO X Surgem a partir da necessidade de um espaço Piloto Conformação: Conselho (paritário – governo e sociedade): – Comissão de Avaliação; – Animador; – Conselho de Recursos Envolvidos/Beneficiários (individuais ou em grupos); Funções: Regulamenta o uso local do selo; Implementar o sistema; Verificar e atesta a conformidade; Resolver não conformidades - Aplica penalidades e sanções Concede e monitora o uso do selo Forma de geração de credibilidade: Visita entre os pares, supervisionada pela Comissão de Avaliação, que fará visitas por amostragem nos diferentes grupos e autorizará o uso do selo. As não conformidades, caso ocorram, serão resolvidas na visita de pares. Caso necessário será acionado 46 a Comissão de Avaliação e ainda o Comitê de Recursos. Grupo II Apresentadores: Sandra, Breno e Heloisa A lógica do grupo foi bem diferente, um grupo complementa o outro, sendo que o primeiro grupo falou mais sobre a lógica de normatização do selo enquanto que este discutiu o detalhamento maior da implementação do processo. Aqui está discutindo o passo a passo, mostrando o processo. As semelhanças é que o MMA seria o portador da marca e é o principal mobilizador. A diferença é que o Fórum, por exemplo, teria o papel de estruturação de diretrizes, regulamentação e critérios para o lançamento de um edital nacional e com chamada pública. Este é um dos caminhos ou instrumentos para se alcançar os projetos pilotos, ficando o MMA como responsável final de lançar o selo, coordenando a normativa do selo, promovendo o selo e o Fórum mobilizaria as unidades. Outro papel é o de capacitar os gestores que irão aderir ao edital. A partir dos projetos selecionados estará se formando experiências preliminares para se pensar na metodologia de marcas para ser implementada para áreas protegidas. O edital poderia ser lançado pelo FNMA ou outros fundos públicos, para seleção de áreas e critérios pré-estabelecidos como, por exemplo, conselho gestor formado, articulação local e o diálogo com setores produtivos locais. Na inscrição no edital deveria estar comprovado que existe um diálogo com os setores sociais, como por exemplo, os setores produtivos, comprovados com termos de adesão ou cartas de intenções, demonstrando a existência de um diálogo. Pois, os setores que compõe a unidade devem demonstrar interesse prévio, para concorrer ao edital. O edital contemplaria os Mosaicos, mas sem excluir outras categorias de áreas protegidas. A demanda de seleção é a potencialidade da área para aplicação. Outro critério pode ser a relação entre uma tomada técnica com os processos locais de produção. O grupo pensou também na sustentabilidade do processo, uma vez que, se os produtores estão agregando valor aos seus produtos, parte disto, poderia ser revertido para a unidade territorial, baseado em um estudo de mercado. E, dentro deste processo deveria existir uma associação local de controle desta marca, relacionado a câmara técnica e ao conselho, que faz uma avaliação participativa, configurando a identidade territorial. No processo de reconhecimento do selo, você tem uma norma nacional, mas também com normas específicas locais, pois a marca possui a relação com o território, conforme discutido no dia anterior. Os projetos pilotos, por meio do edital, em um período de um ano, compõem uma primeira etapa e é fundamental para estruturar o sistema organizacional e compreensão melhor a metodologia de aplicação. Depois, em um segundo momento do processo, seria aplicar o mecanismo de sustentabilidade para ver como as instituições vão se organizar para aplicar o uso desta marca. Pensando nisto, é interessante a proposta da associação local, pois a partir dos recursos gerados, poderiam ser promovidos eventos, e como figura jurídica, pode também concorrer novos editais e realizar a gestão financeira. A lógica da gestão da marca está na mesma lógica que do grupo anterior, onde existem normas nacionais e locais, e a adesão é voluntária. O edital promove assim as experiências que podem ser compartilhadas no Fórum, e a partir disto, se pensar no Fórum antes provisório, para um fórum permanente, para não deixar centralizado no MMA. O fórum em primeira instância vai pensar no edital 47 acumulando experiências para a gestão do uso da marca e em segundo momento, pensando no fortalecimento da mesma. O fluxograma abaixo sintetiza o produto do grupo: Debate final Tatiana abre para as perguntas e discussões finais (...). Sandra: os grupos fizeram apresentações diferentes, mas se complementam. Laércio: sim, um entra em mais detalhes em outros pontos do que os outros. Tatiana: pergunta se há divergências? Laércio: fala que não há convergência, mas são diferentes ou complementos. Laure: mas há divergências, por exemplo, na forma de conduzir o lançamento do edital público, o primeiro grupo fala em consulta pública, não há neste segundo grupo, que trata mais do edital. Um grupo falou da associação (...) Tatiana: um trata da consulta e outro do edital. Breno: o edital se trata de um instrumento legal (...) 48 Sandra: o edital não quer dizer que não existem consultas. A preocupação é estabelecer critérios e diretrizes. Por exemplo, o grupo discutiu que é importante que a unidade territorial tenha conselho formado (...), ou seja, estabelecer diretrizes, e isto é importante na hora de selecionar projetos pilotos (...). Tatiana: trata-se de duas estratégias diferentes, uma por edital e outra por consulta (...). Sandra: os projetos pilotos por editais é justamente pensando na aplicabilidade do processo, pois ainda não existem experiências, para ter no final uma avaliação do funcionamento do sistema (sendo esta a estratégia). E, com isto, pode ser feito uma consulta pública, depois dos projetos pilotos. Rafael: o edital tem dois produtos? Tem a marca e o sistema funcionando? Claire: o segundo grupo fala muito em critérios econômicos. Breno: fala que é necessário os analisar o mercado, pois o Brasil está bem imaturo, e precisa entender os processos econômicos, para não responder apenas a um edital (...) Claire: mas tem áreas que não tem um potencial econômico, mas no território existem outros processos, outros produtos (...). Rinaldo: precisa estar mais focado nas regras do edital. Claire: a diferença é que o primeiro grupo trabalhou a consulta mais no sentido de pensar o regulamento, enquanto o segundo grupo pensou no edital mais para a implementação. Heloisa: estamos querendo o sistema, o selo e o produto. O programa do PDA funciona assim, lança o edital baseado em uma série de pré – requisitos. No caso do selo, o Fórum tem este papel (...) pensando em produtos com a pesca, aqüicultura, turismo (...). O fórum, com consultoria, vai detalhar o edital e estão ligadas as primeiras experiências de selo. Depois, podem acontecer outros editais para fomentar o sistema (...). Rafael: o segundo grupo foca em produto ou em valores? O que é esta viabilidade de econômica? E os valores e o saber-fazer (...)? Breno: nos dois (...) Tatiana: fala que existe um diferencial importante, uma coisa é você focar na produção, outra coisa é valorizar o que já existe no território. Breno: mas, sem viabilidade econômica vale a pena (...)? Tatiana: acho que a pergunta deveria ser: vale a pena entrar nesta seara? Carolina: fala que os grupos se complementam, um grupo fala em um edital, com potencialidade, e outro fala em uma consulta pública, e para mim isto é complementar. 49 Maria Cecília Wey de Brito (SBF): fala que nesta discussão existem muitas variáveis, muitas foram apresentados pelos grupos, e se está se discutindo isto é pro que existe um diferencial para alguma coisa. O diferencial para o Ministério que nos vamos identificar o que importante na região, território ou no Mosaico, e não vamos conseguir fazer entrar produtos no mercado, coisa que nunca se conseguiu antes. Mas, que ali existe uma identidade. Em primeiro lugar, o entendimento do território, qual a terra em que estamos compartilhamento de um mesmo local, uma cultura, temporalidade, conhecimento (...). Quanto vale uma banana? Quanto vale um abacaxi? O conhecimento adquirido é imemorial. O que importa é que aquelas pessoas que moram naquele local tem um relação. Existe um sentimento de pertencimento. Este é diferencial. Vai agregar para produzir mais ou valorizar? O significado financeiro às vezes é muito diminuto (...). E às vezes você tem uma força muito maior em outro sentido, por exemplo, podendo prevenir coisas, como produções inadequadas. Importante é ver como isto tudo pode se tornar um diferencial para o Mosaico e para as áreas protegidas. Tatiana: vimos à importância do Fórum (...). As diferenças são as competências e aplicabilidades neste processo. Heloisa: a existência de fórum é o fundamental. O importante é que com esta discussão podemos entender muito sobre o funcionamento do sistema. Tatiana: a discussão não se esgota aqui. Thiago: e o comitê? Laércio: sim, dentro do conselho. Thiago: um grupo falou na associação (...). Uma sociedade civil que sugeria após o lançamento do edital. Laércio: o conselho já faz esta parte (...). Thiago: a diferença é que o grupo faz menção a associação que tem função inclusive de avaliação (...). Rinaldo: mas está claro que estamos falando de Mosaico? Claire: precisa ou sugere a associação? Heloisa: é desejável em algum ponto do Mosaico, com o selo, que se possa ter uma figura jurídica para não ficar dependente de uma instância pública federal ou estadual (...). Esta associação iria procurar tocar o processo. Thiago: Se pegarmos os comentários da apresentação da Carol sobre a marca parque: lá na França, tem o sindicato misto no Parque, que é como se fosse o conselho da Unidade aqui, mas é diferente pois lá existe infraestrutura, orçamento e equipe, e não consegue “controlar direito a marca”. Eu fico pensando aqui no Brasil, nos nossos conselhos, sem infraestrutura, sem, orçamento e equipe, tentando controlar a marca com tantas funções que já tem. O pessoal da Federação dos Parques gostou muito da idéia das SPGs, pois cria a figura jurídica que mobiliza o território. 50 Heloisa: Para não ficar uma câmara técnica ali, os produtores ali (...) o importante é pensar que a câmara técnica do mosaico ou não possa estar junto com os produtores. Tatiana: pergunta se há mais alguma questão? Carolina: pede para ser mais sucinto e rápido. Tatiana: pergunta se existe algum ponto breve para se colocar. Carolina: muito brevemente vou colocar uma idéia. A gente já teve espaço um importante espaço na primeira oficina que foi pensar ou responder por que queremos uma marca ou selo. E a gente falou que são os valores que a gente quer trazer através de um sistema deste tipo. Por isto é fundamental “guardar isto na cabeça” quais são os valores que agente quer levar neste sistema, que foram lembrados pelo Thiago na apresentação dele que são quatro: o território, o meio ambiente (a conservação da biodiversidade), a cultura e o caracter da coletividade (o trabalho de cooperação e a solidariedade). Estes são os fundamentos deste sistema que não podemos perder de vista. E, deste o trabalho da primeira oficina, a gente andou bastante, hoje temos bastantes propostas e isto foi muito rico. Temos muitos materiais coletados pelas palestras, trabalhos em grupo e debates. Agora é só dar continuidade (…). Tatiana: agradece a presença de todos, foram dois dias intenso de muito trabalho, das 8 da manhã, com uma hora de almoço, até as 8 da noite, foram 12 horas, fora os interstícios, sem parar nem um momento, e agradece o desempenho, trazendo as experiências, e isto é um bom exemplo para aquilo que desejamos construir que um projeto que articule iniciativas, diferentes visões de território e de como isto pode ser trabalhado em conjunto e como podemos favorecer isto nos projetos de território e valorizar isto através de uma marca. Foi prazer conhecer todos vocês e espera que se nos encontramos novamente. E isto faz parte de um processo. Os participantes falaram de uma maneira geral, agradecendo a oportunidade, parabenizando a organização, a estrutura e o desafio. A oficina termina com Thiago agradecendo em nome do IPÊ a participação de todos. Maria Cecília: Agradece a Carol, a Tatiana e o Thiago (...). E, todos agradeceram (...) mais um pouco (...) Maria Cecília: existem muitas experiências e esta é muito importante para o Ministério. Agradece a Carol, Tatiana e Thiago. Isto é parte de uma construção de um caráter público. A marca vai favorecer muito isto. Agradece a presença de todos. E, todos se preparam para a fotos final com todos os participantes depois de dois dias de muito e muito trabalho: 51 52