XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
A CARTA DO LEITOR COMO SUPORTE DE ENSINOAPRENDIZAGEM EM SALA DE AULA
Gésica Gomes de Lima1, Dorothy Bezerra Silva de Brito2
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Introdução
Este trabalho tem como objetivo apresentar as atividades de intervenção realizadas em uma turma de 2º ano do ensino
médio, no contexto de atuação do PIBID/UFRPE, da área de Letras da UAST. O trabalho com gêneros textuais é um
recurso que, quando bem explorado contribui significamente para o ensino-aprendizagem em sala de aula. Os gêneros
argumentativos permitem que os alunos se coloquem de forma crítica e desenvolvam o posicionamento acerca de
diferentes assuntos que norteiam a sociedade em que vivemos. Dessa forma, através do gênero carta do leitor, os
alunos puderam utilizar a escrita para opinar, dar sugestões, refletir, denunciar etc. Com a valorização da escrita, os
alunos se sentiram motivados a escrever, e não o fizeram por obrigação ou só para ser avaliado, mas porque se sentiram
motivamos a se posicionar a respeito dos temas discutidos em sala.
Faz-se necessário que a escola junto ao professor oferte aos discentes atividades que forneçam subsídios para o
desenvolvimento de competências discursivas, críticas e comunicativas. Faz-se necessário que o aluno conheça os
diferentes gêneros textuais que norteiam a sociedade e a função comunicativa que eles exercem, dessa forma, através da
abordagem dos gêneros textuais, o professor tem a oportunidade de desenvolver um trabalho não limitado a regras e
tipologias textuais, mas sempre explorando sua funcionalidade, suas características e sua utilidade sóciocomunicativa. É
necessário que o aluno compreenda que todo texto tem uma função sócio-comunicativa a ser alcançada, e que o escritor
sempre busca algum objetivo com seu texto.
A escola precisa promover atividades em que os alunos desenvolvam suas capacidades mais amplas de ler e escrever,
a fim de que não haja apenas a decodificação de símbolos, mas que esse aluno seja capaz de identificar e entender os
diferentes gêneros textuais que norteiam a sociedade em que vivemos. É necessário que haja uma leitura de mundo e não
apenas de signos linguísticos. De acordo com os PCNs (Brasil, 2008, p. 53) “a escola deverá ter como meta o
desenvolvimento do humanismo, da autonomia intelectual e do processo crítico, não importando se o educando
continuará os estudos ou ingressará no mundo do trabalho”.
Material e métodos
Após a observação realizada no 2º ano, no período de fevereiro a maio de 2013, ofertamos aos alunos atividades
diversificadas de leitura e produção textual, que propiciaram o desenvolvimento do posicionamento crítico e ao mesmo
tempo a reflexão sobre os assuntos discutidos em sala de aula. As atividades se deram em três etapas: leitura, discussão
e produção de texto.
As atividades foram realizadas em quatro encontros. No primeiro momento foi levado para sala de aula vários jornais
e revistas, para que os alunos pudessem conhecer a estrutura composicional do gênero carta do leitor e reconhecer o
espaço do jornal em que a carta do leitor é publicada. Dessa forma os alunos puderam ampliar o conhecimento acerca
do gênero trabalhado. Na sequência, os alunos foram convidados a ler um texto de teor reflexivo, houve a discussão e
logo em seguida foram apresentadas duas cartas de leitores referentes ao texto lido e discutido em sala de aula. Com
essa atividade os alunos compreenderam que é possível dar sua opinião através do gênero textual carta do leitor,
desmistificando a ideia de que só é possível expressar um ponto de vista na oralidade, os alunos compreenderam que há
vários gêneros textuais, entre eles a carta do leitor, que é possível expressar uma opinião, fazer um posicionamento etc.
No terceiro encontro, houve a realização de uma atividade escrita para que pudéssemos fazer uma avaliação do que
havia sido aprendido até o momento pelos discentes.
Após a verificação de que os alunos haviam compreendido a função comunicativa do gênero e sua funcionalidade, no
quarto e último encontro, foi apresentado cinco notícias de diferentes temáticas do JC Online, a escolha de notícias
diversificadas deu-se para que os discentes se sentissem à vontade para se posicionar, tendo em vista que há certa
dificuldade em fazê-los participar de atividades que exijam o posicionamento deles acerca de alguma temática. Sendo
assim, procuramos não impor nenhum assunto a ser discutido, mas sugerir. Com a utilização dessa estratégia, pudemos
perceber que ao final, os alunos se sentiram a vontade para se colocarem tanto de forma oral quanto de forma escrita. Os
1
Gésica Gomes de Lima é graduanda do curso de Letras da Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Serra Talhada,
localizada à Fazenda Saco, s/n. Caixa Postal 063. Serra Talhada – PE, e bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência,
financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES. E-mail: [email protected]
2
Dorothy Bezerra Silva de Brito é Professora Adjunta do curso de Letras da Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de
Serra Talhada, localizada à Fazenda Saco, s/n. Caixa Postal 063. Serra Talhada – PE.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
alunos escolheram uma e então produziram as cartas, ao final houve 21 produções.
Resultados e Discussão
Tendo em vista a utilização de gêneros textuais como comunicação cotidiana, defendemos que essa seja uma boa
estratégia de ensino. Conforme Dolz e Schneuwly (2004), “Somente uma proposta de ensino-aprendizagem organizada a
partir de gêneros textuais permite ao professor a observação e a avaliação das capacidades de linguagem dos alunos;
antes e durante sua realização, fornecendo-lhe orientações mais precisas para sua intervenção didática. Para os alunos, o
trabalho com gêneros constitui, por um lado, uma forma de se confrontar com situações sociais efetivas de produção e
leitura de textos e, por outro, uma maneira de dominá-los progressivamente”. Dessa forma, é importante refletir sobre o
real papel da escola no desenvolvimento dos alunos.
A partir da valorização da produção textual do aluno, ele perceberá que a sua escrita tem alguma finalidade, e que o
que ele está produzindo será lido e não apenas corrigido para receber uma nota. Retomando um questionamento feito
por Geraldi (2006): “[...] qual a graça em escrever um texto que não será lido por ninguém [...]?”, concluímos que a
finalidade do texto escrito é ser lido. Muitas vezes os alunos não se interessam em escrever na escola por saberem que o
objetivo da atividade de produção textual é apenas a correção gramatical feita pelo professor. Esses alunos que não
escrevem em sala de aula são os mesmos que escrevem toda semana ou, porque não dizer, todos os dias, em blogs e
artigos de opinião na internet. O aluno deve saber que existe a possibilidade de usar sua escrita de maneira mais efetiva,
buscando alcançar objetivos concretos com a exposição do seu ponto de vista.
As cartas produzidas pelos alunos mostraram que as atividades realizadas obtiveram efeitos satisfatórios, os alunos
puderam conhecer mais afundo um dos gêneros textuais que norteiam a sociedade em que vivemos e a função
comunicativa que ele exerce. Sendo assim, após a análise das cartas produzidas pelos discentes, pudemos perceber que
houve o posicionamento crítico, propósito maior desse plano de intervenção que é seguir uma prática docente que
forneça subsídios para o desenvolvimento das competências discursivas, críticas e comunicativas dos alunos.
Os alunos puderam, com essas atividades, desenvolver o posicionamento crítico com respeito à linguagem. Com o
auxílio de revistas e jornais, os alunos foram instigados a lerem e refletirem sobre as coisas que acontecem na sociedade
e, a partir daí, formularam opiniões acerca de determinado assunto e, através da escrita, opinar sobre o que acontece no
mundo, tendo consciência de que é possível utilizar a escrita para se posicionar criticamente. Com a utilização dessa
estratégia, pudemos perceber que ao final, os alunos se sentiram a vontade para se colocarem tanto de forma oral quanto
de forma escrita.
Agradecimentos
Sou grata a Deus por todas as suas bênçãos. A minha família que sempre me apoia. A minha orientadora, Dorothy
Brito, pelo incentivo e ajuda. À CAPES, pelo apoio e financiamento.
Referências
a.Livros.
DIONÍSIO, Ângela. MACHADO, Anna Rachel. BEZERRA, Maria auxiliadora. Gêneros textuais e ensino. 2° ed. Rio de
Janeiro: Lucerna, 2003.
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Àtica,2008
SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola. Tradução Roxane Rojo e Glaís Sales
Cordeiro. São Paulo: Mercado das Letras, 2004.
MARCUSCHI, Luiz Antônio, Gêneros textuais & Ensino. 5° ed. São Paulo: Lucerna, 2002.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção de textos, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola editorial,
2008.
b.Capítulos de livros.
GERALDI, João Wanderlei. Unidades básicas do ensino de português. (Org.). O texto na sala de aula. 4. ed. São Paulo:
Ática, 2006. p. 59-77.
c. WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol)
ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO MÉDIO: linguagem, código e suas tecnologias. V.1. Brasília:
MEC, 2006. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_01_internet.pdf
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http://www.automacaodeeventos.com.br/jepex/boleto/santander/gera_boleto.asp?bolModulo=INS&pagId=3770&insId=
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