SISTEMA BNDES RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO – DEZEMBRO 2007 I. A EMPRESA O BNDES foi criado em 20 de junho de 1952, pela Lei n° 1.628, como autarquia federal. Em 1971, a Lei 5.662, de 21 de junho de 1971, enquadrou o BNDES como uma empresa pública federal, com personalidade jurídica de direito privado e patrimônio próprio. Desde 1999 é vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O BNDES tem como único acionista o Governo Federal. De acordo com a Lei No 4.595/64, o BNDES é o principal instrumento do Governo na execução de políticas de investimentos, provendo financiamento de longo prazo, de forma direta ou através de suas subsidiárias integrais, a projetos que contribuam para o desenvolvimento econômico e social do Brasil, elevando a competitividade da economia brasileira e a qualidade de vida da sua população, priorizando tanto a redução das desigualdades sociais e regionais, como a manutenção e geração de emprego. O BNDES possui duas subsidiárias integrais: BNDES Participações S/A – BNDESPAR e Agência Especial de Financiamento Industrial – FINAME. Através da BNDESPAR, o BNDES contribui para o fortalecimento da estrutura de capital de empresas privadas brasileiras e para o desenvolvimento do mercado de capitais, mediante participações acionárias e aquisição de debêntures conversíveis. Já a FINAME concede apoio, através de agentes financeiros credenciados, a expansão e modernização da indústria brasileira, através de financiamento para a aquisição de maquinas e equipamentos fabricados no Brasil e de financiamentos a exportações e importações. As linhas de apoio do Sistema BNDES contemplam custos competitivos para o desenvolvimento de projetos de investimentos, para a comercialização de máquinas e equipamentos novos fabricados no país e para o incremento das exportações brasileiras, priorizando o apoio à inovação. Destaque-se, ainda, o apoio aos investimentos sociais direcionados à educação e saúde, agricultura familiar, saneamento básico e ambiental e transporte coletivo de massa. II. FONTES DE RECURSOS Para dar suporte às suas atividades o BNDES demanda recursos adequados. As particularidades da oferta doméstica de crédito no país, concentrada no curto prazo, conduziram o governo à busca de soluções alternativas de captação de recursos para apoiar projetos de investimento de longo prazo. A Constituição Federal de 1988 -2- assegurou uma fonte estável de recursos para o BNDES, o Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT. Esta fonte resulta basicamente da unificação dos fundos constituídos com recursos do Programa de Integração Social - PIS e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PASEP. De acordo com a Constituição Federal, 60% da arrecadação do FAT destinam-se a custear o segurodesemprego e o abono salarial e 40% são aplicados pelo BNDES em programas de desenvolvimento econômico. Adicionalmente, o BNDES também conta com recursos provenientes de: retorno das suas operações; monetização de ativos de sua carteira; participações societárias; recursos externos, captados seja no mercado internacional de capitais, seja em organismos multilaterais como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Mundial; e, mais recentemente, recursos captados no mercado interno pela BNDESPAR. FONTES DE RECURSOS (FLUXO DE CAIXA) 2007 ESTRUTURA DE CAPITAL em 2007 6% 7% 52% 2,1% 78,6% 18,3% 23% 1,0% 12% FAT Empréstimos no Exterior Tesouro Nacional Outros Patrimônio Líquido Retorno de Operações Captações do FAT Monetização de Ativos Captação de Mercado III. DESEMBOLSOS Os produtos e serviços do BNDES atendem a necessidades de investimentos bastante diversificadas de empresas estabelecidas no país, seja em relação ao porte - apoiando desde micros, pequenas e médias até grandes empresas - ou ao setor de atividade. Seus produtos e serviços são acessíveis a diversos setores da economia: infraestrutura, produção de bens finais, agro-negócio, insumos básicos e bens de capital, e ainda estão disponíveis para investimentos sociais. A parceria com outras instituições financeiras, com agências estabelecidas em todo o país, permite a disseminação do crédito, possibilitando um maior acesso às linhas de financiamento do BNDES. -3- Os desembolsos do Sistema BNDES somaram R$ 64.892 milhões em 2007, com aumento de 26,5% em relação a 2006, distribuídos da seguinte forma: DESEMBOLSOS EM 2007 PORTE SETOR 12% 8% 15% 76% 40% 40% 9% Micro-Pequena Média Grande Agropecuária Infra-Estrutura Indústria Comércio/Serviços Os desembolsos a micro, pequenas e médias empresas apresentaram aumento de 148,4% em relação ao ano anterior. Em relação à modalidade operacional, 41,5% dos recursos foram desembolsados diretamente aos mutuários, enquanto 58,5% foram repassados através de agentes financeiros. Os desembolsos para exportação totalizaram R$ 8.056 milhões, enquanto os desembolsos para objetivos sociais totalizaram R$ 2.133 milhões. A experiência do BNDES em alocar estes recursos, garantindo os maiores benefícios possíveis para o desenvolvimento nacional, tem contribuído para o crescimento da produção nacional de bens e serviços, expansão da oferta de postos de trabalho, promoção do desenvolvimento do mercado de capitais e incentivo à modernização econômica, avanços tecnológicos, adoção de melhores práticas de proteção ambiental e inclusão social. IV. ESTRATÉGIA OPERACIONAL De forma a atingir sua missão de apoiar a expansão, atualização e renovação da estrutura econômica do país, os seguintes objetivos estratégicos foram delineados: Superação de estrangulamentos de infra-estrutura e de restrições de capacidade produtiva, especialmente no campo das indústrias de base, com destaque para o transporte ferroviário, energias renováveis e insumos básicos; Redução da exclusão social, bem como das desigualdades regionais, com foco em soluções integradas e mapeamento do território nacional em microrregiões; e -4- Promoção de iniciativas pioneiras, portadoras de futuro, no que concerne à geração e difusão de inovações. As principais áreas de atuação do BNDES são: Inovação – P, D & I e Produção; Infra-Estrutura – Energia Elétrica, Energia Renováveis, Petróleo & Gás, Logística e Telecomunicações; Capacidade Produtiva – Agropecuária, Indústria, Comércio e Serviços; Bens de Capital; Micro, Pequenas e Médias Empresas; Inserção Internacional; Desenvolvimento Urbano e Regional; Desenvolvimento Social e Meio Ambiente. Os produtos do BNDES com maior demanda em 31 de dezembro de 2007 são: FINEM – financiamentos de valor superior a R$ 10 milhões para a realização de empreendimentos de implantação, expansão e modernização, realizados diretamente com o BNDES ou através das instituições financeiras credenciadas; BNDES-Exim – financiamento à produção destinada à exportação de bens, ou à comercialização, no exterior, de bens e serviços por meio de refinanciamento ao exportador ou financiamento direto ao importador; FINAME - financiamento, através de instituições financeiras credenciadas, para produção e comercialização de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional; e BNDES-Automático – financiamentos de valor até R$ 10 milhões para realização de projetos de investimentos visando a implantação, expansão da capacidade produtiva e modernização de empresas. DESEMBOLSOS POR MODALIDADE EM 2007 26% FINEM 42% FINAME BNDES-EXIM 12% BNDES-Automático Outros 12% 8% Vale ressaltar que, no âmbito das micro, pequenas e médias empresas, o BNDES vem estimulando a utilização do Cartão BNDES, através de um crédito pré-aprovado, -5- com limite definido pelo banco emissor do cartão e pagamentos em prestações mensais fixas e iguais. A taxa de juros final aos beneficiários nos empréstimos concedidos pelo BNDES varia conforme a forma de apoio, tipo de operação, natureza e região, sendo composto como segue: Custo Financeiro + Remuneração Básica + Taxa de Risco de Crédito O custo financeiro reflete o custo de captação de recursos pelo BNDES. A remuneração básica varia de 1% a 3% ao ano e tem como objetivo cobrir as despesas operacionais. A taxa de risco de crédito pode variar até 2,54% a.a., de acordo com a classificação de risco da empresa ou projeto, e visa cobrir os riscos de perdas por inadimplência na carteira. Nas operações indiretas a taxa de risco de crédito é substituída pela remuneração do agente financeiro (negociada diretamente entre o beneficiário e a instituição financeira credenciada) e acrescida de um spread de intermediação financeira, cobrado pelo BNDES, de 0,0%, 0,5% ou 0,8% ao ano (de acordo com o tamanho da Companhia financiada e/ou o programa de investimento ao qual o projeto está vinculado), que visa cobrir o risco sistêmico do sistema bancário. O quadro a seguir resume os principais custos de captação do BNDES: Fonte de Financiamento Aplicação Custo da Fonte PIS-PASEP uso geral TJLP FAT Constitucional uso geral TJLP FAT Cambial exportação e integração competitiva internacional Empréstimos Internacionais uso geral Debêntures uso geral variação US$ + libor cesta de moedas ou dólar + custo médio da cesta de moedas IPCA + encargos -6- V. CENÁRIO MACROECONÔMICO O PIB a preços de mercado de janeiro a setembro de 2007 apresentou crescimento de 5,3%, em relação à igual período de 2006. Na mesma base de comparação, os setores da Indústria, Serviços e Agropecuária cresceram 5,1%, 4,7% e 4,3%, respectivamente. Na análise da demanda interna, considerando ainda o mesmo período de referência, destaca-se o crescimento de 12,4% da Formação Bruta de Capital Fixo, seguida pelo Consumo das Famílias com taxa de 5,9% e o Consumo do Governo, com 3,9%. Por outro lado, analisando o setor externo, as Importações de Bens e Serviços continuam crescendo a uma taxa superior à registrada pelas Exportações de Bens e Serviços, 19,6% contra 6,7%, respectivamente. As projeções de mercado (Focus/Banco Central) apontam um crescimento do PIB de 4,5% para 2007. A produção industrial (PIM/IBGE) acumulada no período de janeiro a novembro alcançou 6,0% e o acumulado nos últimos doze meses atingiu 5,5%, representando crescimento frente aos resultados de outubro (5,9% e 5,3%, respectivamente) e permanecendo em trajetória positiva para o fechamento de 2007. Os dados acumulados do emprego da indústria entre janeiro e novembro (PME/IBGE) do ano passado sinalizam que o ano de 2007 será o melhor para o mercado de trabalho industrial nos últimos seis anos. A taxa de desocupação estimada em 8,2%, em novembro de 2007, apresentou redução mensal de 0,5 ponto percentual. Destaca-se que essa é a menor taxa da série histórica da pesquisa, iniciada em março de 2002. No ano a redução foi de 1,3 ponto percentual. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) teve variação de 4,46% em 2007 e ficou 1,32 ponto percentual acima do IPCA de 3,14% de 2006. Reverteu, assim, a tendência de queda observada nos cinco anos anteriores, cujos resultados foram: 12,53% em 2002; 9,30% em 2003; 7,60% em 2004; 5,69% em 2005; e 3,14% em 2006. As projeções de mercado (Focus/Banco Central) para 2008 apontam para uma variação do IPCA próxima a 4,37%, ainda abaixo da meta estabelecida pelo Banco Central para o ano, cujo centro é 4,5%. O Comitê de Política Monetária (COPOM) manteve a taxa de juros - Selic em 11,25 % a.a. em sua última reunião, de dezembro de 2007. No que atine a análise fiscal, o superávit primário acumulado até novembro de 2007 atingiu R$113,4 bilhões (4,9% do PIB), o melhor resultado para o período desde 1991. O superávit acumulado em 12 meses até novembro de 2007 alcançou R$106,9 bilhões (4,2 % do PIB), sinalizando o cumprimento da meta fixada para o ano, de 3,8% do PIB. No acumulado de 2007, as exportações somaram US$ 160,6 bilhões, valor recorde histórico para o período. Sobre iguais meses de 2006, as exportações cresceram 16,1%, -7- pela média diária. As importações alcançaram US$ 120,6 bilhões, também cifra recorde para o acumulado do ano, elevando-se em 31,5% em relação a janeirodezembro de 2006, pela média diária. O saldo comercial somou US$ 40,1 bilhões, resultado 13,8% abaixo de janeiro-dezembro de 2006, quando totalizou US$ 46,5 bilhões. As transações correntes foram deficitárias em US$1,3 bilhão em novembro, acumulando, no período de doze meses, saldo positivo de US$4,7 bilhões, equivalente a 0,4% do PIB. A conta financeira apresentou ingressos líquidos de US$7,8 bilhões. VI. GESTÃO DE RISCOS E CONTROLES INTERNOS O BNDES entende que a existência de um adequado gerenciamento de riscos, aliado a um eficaz sistema de controles internos, é essencial para o cumprimento de sua missão com eficiência, em conformidade com os normativos internos e externos e de acordo com os objetivos estabelecidos pela Alta Administração. Em agosto de 2007, estas atividades foram ampliadas e integradas numa unidade específica, denominada Área de Gestão de Riscos – AGR, composta pelos Departamentos de Controles Internos, Gestão de Risco de Crédito, Gestão de Risco de Mercado e Gestão de Risco Operacional, e que possui, em linhas gerais, as seguintes atribuições: Definir e propor ao Conselho de Administração as diretrizes gerais de gestão de riscos e controles internos para o BNDES e suas subsidiárias; Analisar e monitorar os requerimentos de capital regulatório; Analisar a evolução das provisões para devedores duvidosos e os seus impactos no resultado do BNDES e de suas subsidiárias; Avaliar a qualidade dos controles internos existentes no Sistema BNDES, a definição de responsabilidades, a segregação de funções, os riscos envolvidos e a conformidade dos processos aos normativos internos e externos, propondo medidas para o seu aprimoramento; e Disseminar cultura de controles internos e de gestão de riscos no âmbito do Sistema BNDES. Foi instituído, também, o Comitê de Gestão de Riscos – CGR, composto pelo Presidente, Vice-Presidente e Diretores do BNDES, que se reúne mensalmente, que tem como principais atribuições a identificação, avaliação, proposição, definição, aprovação, controle, acompanhamento e supervisão dos fatores de riscos e a disseminação das políticas gerais de risco que serão executadas pelo BNDES. A Política de Riscos é aprovada pela Diretoria e pelo Conselho de Administração. Maiores informações sobre gerenciamento de riscos do Sistema BNDES podem ser obtidos na Nota Explicativa no 26 às “Demonstrações Contábeis Individuais e Consolidadas”. -8- VII. RECURSOS HUMANOS Os empregados do BNDES são recrutados somente através de concurso público. Como forma de aprimorar constantemente a qualidade das suas operações, o BNDES enfatiza o investimento em recursos humanos através de treinamentos específicos tanto internos quanto em instituições de ensino notadamente reconhecidas. Em 2007 foram gastos cerca de R$ 4.460 mil em treinamentos de funcionários. Adicionalmente são patrocinados eventos que resultam em maior qualidade de vida para os funcionários, tais como aulas de pilates, dança de salão, exposições e cinema. Cabe ainda ressaltar que o BNDES assegura aos seus funcionários outros benefícios, através da Fundação de Assistência e Previdência Social do BNDES – FAPES, uma entidade fechada de previdência complementar, tais como: complementação de aposentadoria, auxílio-doença, assistência médica, dentre outros. O BNDES ainda concede auxílio-creche, vale-transporte e ticket refeição ou alimentação. Em 31 de dezembro de 2007, o Sistema BNDES possuía um quadro de 1.984 profissionais. Deste total, 83% ocupam posições que exigem nível superior e mais de 8% possuem mestrado ou doutorado. O corpo funcional do Sistema BNDES em 31 de dezembro contempla 716 mulheres, 33 negros e 10 portadores de deficiências ou necessidades especiais. Em relação aos cargos comissionados 38% são ocupados por mulheres e 2% ocupados por negros, posição compatível com os respectivos quantitativos em 31 de dezembro de 2007. VIII. INFORMAÇÕES FINANCEIRAS INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS RESULTADO - R$ milhões Lucro Líquido Resultado Bruto de Intermediação Financeira Resultado com Participações Societárias ÍNDICES FINANCEIROS - % Retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio (LL / PL médio) Retorno sobre o Ativo Médio (LL / AT médio) Patrimônio Líquido s/ Ativos Total Inadimplência / Carteira Total 1/ PDD / Carteira Total 1/ PDD / Créditos Inadimplentes 1/ Índice de Basiléia – Sistema BNDES 1/ Inclui operações de crédito e repasses interfinanceiros 31.12.07 7.314 6.187 6.104 31.12.07 33,23% 3,75% 12,30% 0,11% 2,52% 15,29 26,73% 31.12.06 6.331 5.896 3.521 31.12.06 36,38% 3,49% 10,18% 0,68% 2,87% 4,22 23,17% -9- BALANÇO PATRIMONIAL - R$ milhões Ativo Total Operações de Crédito e Repasses Interfinanceiros, Líquidos de PDD Títulos e Valores Mobiliários Investimentos FAT – Recursos Constitucionais e Depósitos Especiais Outras Obrigações por Empréstimos e Repasses Patrimônio Líquido 31.12.07 202.652 164.527 13.754 18.983 105.942 36.064 24.923 31.12.06 187.475 146.879 18.524 16.328 100.464 37.275 19.092 RESULTADO DO EXERCÍCIO FINDO EM 31 DE DEZEMBRO DE 2007 2007 2006 RESULTADO DO EXERCÍCIO – R$ milhões Produto da Intermediação Financeira 4.804 4.844 Moeda Nacional Moeda Estrangeira (+) Provisão para Risco de Crédito 4.031 773 1.383 4.150 694 1.052 (=) Resultado Bruto da Intermediação Financeira (+) Resultado com Participações Societárias (-) Despesas Administrativas e Gerais (-) Resultado Não Operacional 6.187 6.104 (1.938) (305) 5.896 3.521 (887) (9) (=) Resultado antes de IR/CSSL (-) Despesa com IR e CSSL 10.048 (2.664) 8.521 (2.115) 7.314 6.331 (=) Lucro Líquido O resultado operacional do BNDES é basicamente composto por: (i) receitas de juros, decorrentes das operações de empréstimos e títulos e valores mobiliários, líquido das despesas com juros, decorrentes do custo das fontes de recursos e da provisão para risco de crédito; (ii) outras receitas decorrentes de investimentos em ações, líquido de sua respectiva provisão para ajustes, incluindo ganhos líquidos das perdas realizadas na venda de investimentos e debêntures negociáveis, amortização prêmios, resultado de equivalência patrimonial (MEP), dividendos e juros sobre capital próprio; (iii) receitas incidentes sobre administração de fundos e programas; e (iv) despesas operacionais inerentes às operações do banco, como despesas com pessoal, despesas tributárias e provisões para contingências trabalhistas e civis. - 10 - COMPOSIÇÃO DAS RECEITAS E DESPESAS OPERACIONAIS EM 2007 RECEITAS DESPESAS 8% 51% 35% 31% 15% 3% 10% 47% Operações de Crédito TVM Participações Societárias Reversão de Provisão para Risco de Crédito Despesas Despesas Despesas Despesas de Captação Tributárias Administrativas e Gerais Não Operacionais O resultado líquido do Sistema BNDES ao final do exercício, apresentado em quadro anterior, alcançou o montante de R$ 7.314 milhões, representando um acréscimo de 15,5% em relação ao ano anterior. O resultado de intermediação financeira totalizou R$ 6.187 milhões no ano, contra R$ 5.896 milhões em 2006. O aumento apresentado deveu-se principalmente a reversão de provisão para risco de crédito no montante de R$ 1.383 milhões contra R$ 1.052 no exercício anterior, aumento de 31,5%. Dentre as outras receitas e despesas operacionais, no total de R$ 4.166 milhões positivos, destacam-se: (i) o resultado positivo com participações societárias (R$ 6.104 milhões), com destaque para o resultado com alienação de títulos e valores mobiliários (R$ 3.730 milhões), resultado de equivalência patrimonial (R$ 1.102 milhões) e receita de dividendos e juros sobre o capital próprio (R$ 1.388 milhões); (ii) as despesas com pessoal (R$ 643 milhões); e (iii) as despesas tributárias (R$ 495 milhões); O resultado não operacional de 2007 reflete provisão para perdas de R$ 304 milhões constituída sobre gastos com pesquisas cujo prazo de realização não é possível prever. Por fim, as despesas com imposto de renda e contribuição social registradas no exercício, totalizaram R$ 1.728 milhões e R$ 640 milhões, respectivamente. Também foram realizados créditos tributários no total de R$ 298 milhões. - 11 - BALANÇO PATRIMONIAL O crescimento do ativo total do Sistema BNDES nos últimos anos, deve-se, basicamente, ao aumento do volume de operações de crédito sustentado pelo aumento na captação de recursos de longo prazo. Ao final de 2007, o ativo total atingiu R$ 202,7 bilhões, refletindo um crescimento de 8,1% no exercício. A carteira de operações de crédito e repasses interfinanceiros, líquida da provisão para risco de crédito, responsável por 81,2% do Ativo, apresentou aumento de 12,0%, passando de R$ 146,9 bilhões para R$ 164,5 bilhões. Principais Ativos 81% 9% 3% 7% TVM Operações de Crédito Investimentos Outros a) Títulos e Valores Mobiliários Os títulos e valores mobiliários representam 6,8% do ativo total em 31 de dezembro de 2007, tendo apresentado uma queda de 25,8% no exercício, com destaque para a redução de 20,0% no saldo líquido de debêntures e de 35,6% no volume de recursos disponíveis aplicados. A redução no saldo da carteira de debêntures reflete a conversão de algumas debêntures em ações enquanto a queda no volume de recursos disponíveis aplicadas decorre do aumento no volume de desembolsos no exercício. Em 31 de dezembro de 2007, do total da carteira de títulos e valores mobiliários, líquida de provisão, R$ 5.679 milhões (41,3%) encontravam-se classificados na categoria de “Títulos Mantidos até o Vencimento”, os quais a instituição tem a intenção e capacidade financeira de manter até o vencimento, R$ 8.070 milhões (58,7%) como “Títulos para Negociação”, com destaque para os recursos disponíveis aplicados, e apenas R$ 4 milhões em “Títulos disponíveis para venda”. b) Operações de Crédito e Repasses Interfinanceiros A carteira bruta de operações de crédito e repasses interfinanceiros apresentou aumento de 11,6% em relação a 31 de dezembro de 2006, alcançando R$ 168.775 milhões. A provisão para risco de crédito reduziu 2,1% no exercício, atingindo R$ 4.248 milhões, apesar da constituição de provisão para risco de crédito em operações - 12 - de repasse no âmbito do Pronaf (Nota Explicativa 7.8), no total de R$ 1.481 milhões. Esse efeito foi parcialmente compensado pela promoção de classificação de risco de diversos Estados e Municípios em virtude da implementação de metodologia específica para classificação desses créditos. A carteira de créditos consolidados em situação de inadimplência apresentou queda de 82,3% no exercício, devido principalmente a reestruturação de dívidas. Em 31 de dezembro de 2007 totalizaram R$ 182 milhões (R$ 1.029 milhões em 31/12/06). Qualidade da Carteira e Inadimplência Política de Crédito A Política de Crédito segue as regras da Política Operacional do BNDES. As empresas que apresentam projetos para análise passam por uma avaliação de risco, recebendo uma classificação em escala, que varia de AAA até C-. Os projetos que se adequarem às Políticas Operacionais precisam, ainda, apresentar nível de risco igual ou superior a B para se enquadrarem e terem acesso ao processo de análise. Caso a análise seja favorável, o projeto é, então, encaminhado à Diretoria do BNDES, para a decisão final. Inadimplência Conforme Resolução BACEN nº 2.682, de 21 de dezembro de 1999, a carteira de crédito do Sistema BNDES está segregada em níveis crescentes de risco, que vão de AA a H. Em 31 de dezembro de 2007, 96,6% da carteira de operações de crédito e repasses estava concentrada nos níveis de risco AA a C, considerados de baixo risco. Os créditos inadimplentes somaram R$ 182 milhões, correspondendo a 0,1% da carteira bruta total. O total da provisão para risco de crédito, no montante de R$ 4.248 milhões, correspondeu a 23,3 vezes o total dos créditos inadimplentes. QUALIDADE DA CARTEIRA DE CRÉDITO (%) EM 2007 BNDES Consolidado SFN Instituições Financeiras Privadas Instituições Financeiras Públicas AA – C 96,6 91,6 92,5 90,0 D–G 2,0 5,4 4,7 6,6 1,4 3,0 2,8 3,4 100,0 100,0 100,0 100,0 Classificação Risco H TOTAL de Dados do BACEN na data-base em 31/10/07 - 13 - c) Investimentos Os investimentos apresentados no ativo permanente representavam 9,4% do ativo total em 31 de dezembro de 2007, ou R$ 18.983 milhões, e estão representados basicamente por ações da carteira da BNDESPAR. O aumento no exercício foi da ordem de 16,3%, resultante basicamente da conversão das debêntures da Light em ações, no valor de R$ 713 milhões, e investimento em ações da JBS S.A., no valor de R$ 1.137 milhões. Cabe ressaltar a excelente qualidade da carteira de participações societárias da BNDESPAR, cujo valor de mercado é 350% superior ao contábil, refletindo as decisões de investimentos acertadas tomadas no passado e a participação do Sistema BNDES no crescimento das empresas investidas. d) Obrigações por Empréstimos e Repasses A principal fonte de recursos do BNDES é o FAT. Para complementar o funding necessário para cumprir com o orçamento de desembolsos, o BNDES recorre ainda a recursos de organismos internacionais, empréstimos locais (principalmente Tesouro Nacional), emissão de títulos no mercado externo (notadamente bonds) e, desde o final de 2006, no mercado local (debêntures emitidas pela BNDESPAR). Historicamente, os fundos PIS-PASEP e FAT têm sido fonte estável de recursos para o banco e respondem por 66,0% do passivo total em 31 de dezembro de 2007. PIS-PASEP O Fundo PIS-PASEP é oriundo de contribuições de empresas públicas e privadas. Desde 1974, o BNDES tem gerido este fundo, cujo custo para o banco consiste em uma taxa mínima equivalente a TJLP. Apesar deste fundo não receber mais contribuições desde 1988, devido a realocação dos recursos para o FAT, o saldo desta rubrica no passivo ainda apresenta crescimento a cada ano. Isto porquê a remuneração das operações financiadas com os recursos do PIS-PASEP têm sido superiores às retiradas dos beneficiários deste fundo, ou seja, das devoluções do BNDES ao Fundo PIS-PASEP. A rubrica PIS-PASEP apresentou crescimento de 8,3% no exercício, passando de R$ 25.760 milhões para R$ 27.907 milhões. Obrigação com FAT Através da Constituição Federal de 1988, os recursos antes alocados ao fundo PISPASEP passaram a ser destinado ao FAT, sendo 40% investido em programas de desenvolvimento econômico a ser gerido pelo BNDES. Apesar do BNDES assumir o risco de crédito das operações financiadas pelo FAT, este fundo constitui uma fonte - 14 - estável de recursos, sem a necessidade de dotações orçamentárias pelo Tesouro Nacional para garantir o acesso do BNDES aos recursos do FAT. O endividamento total junto ao Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT apresentou um crescimento de 5,5% no ano, passando de R$ 100.464 milhões em 31 de dezembro de 2006 para R$ 105.942 milhões em 31 de dezembro de 2007. Emissão de Debêntures Em 30 e 31/07/07 a BNDESPAR concluiu sua segunda emissão de debêntures simples da espécie quirografária, com vencimento em 15/08/13. Esta emissão foi no âmbito do programa de distribuição de R$ 2 bilhões que tem como objetivos principais: (i) atrair pequenos investidores de renda fixa para um tipo de mercado até então acessado apenas por grandes instituições; e (ii) contribuir para o desenvolvimento do mercado secundário, propiciando liquidez aos papéis negociados. Esta emissão foi dividida em duas séries: (i) a primeira sem valor nominal atualizado, com incidência de juros prefixados à taxa de 11,2% ao ano e vencimento em Jan/2011; e (ii) a segunda série é remunerada por IPCA + 6,8% ao ano, com pagamento de juros anuais a partir de 15/08/09 até o vencimento final em Ago/2013. Ambas séries foram emitidas sem ágio ou deságio. Em 31 de dezembro de 2007 o saldo das obrigações por debêntures era de R$ 2.026 milhões, já líquido do deságio a amortizar de R$ 48 milhões, oriundo da 1ª emissão realizada em 20/12/06. Recursos Externos O BNDES obtém parcela substancial de seu funding através de uma variedade de fontes internacionais, notadamente agências multilaterais de crédito, emissão de bonds e empréstimos bancários sindicalizados. As principais instituições internacionais que mantém operações com o BNDES são: Banco Japonês de Cooperação Internacional (JBIC), Banco de Crédito Alemão para Reconstrução Econômica (KfW), Banco Nórdico de Investimento (NIB), Banco Mundial (BIRD) e Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID). Por questões de mercado, desde 2002 o BNDES não tem emitido novos bonds. Entretanto, dependendo das futuras condições de mercado, tais operações podem voltar a ser realizadas para contribuir com o orçamento de desembolsos do Sistema BNDES. O saldo de recursos captados no exterior apresentou um decréscimo de 14,8% em relação a dezembro de 2006, atingindo R$ 12.084 milhões ao final de 2007. A redução apresentada foi decorrente principalmente do efeito favorável de câmbio e de amortizações. As fontes externas de recursos do Sistema BNDES - representadas por captações externas, repasses efetuados por instituições multilaterais e empréstimos - - 15 - totalizaram R$ 142.006 milhões ao final de 2007, correspondendo à cerca de 70,1% do passivo total, contra 73,5% em 31 de dezembro de 2006. Outras Fontes de Recursos Adicionalmente aos fundos FAT e PIS-PASEP, o BNDES possui outras fontes governamentais importantes na composição de seu funding, como repasses do Tesouro Nacional e administração do Fundo da Marinha Mercante (FMM) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND). Essas fontes em 31 de dezembro de 2007 representam o montante de R$ 21.917 milhões, equivalente a 10,8% das fontes de recursos totais do BNDES, apresentando uma redução de 2,6% em relação a 31/12/06, cujo saldo era de R$ 22.511 milhões. f) Patrimônio Líquido O Patrimônio Líquido apresentou crescimento de 30,5%, atingindo R$ 24.923 milhões em 31 de dezembro de 2007. O nível de capitalização situou-se em 12,3%, enquanto a relação Patrimônio de Referência / Ativo Ponderado pelo Risco foi de 26,7%, sendo superior ao nível mínimo exigido pelo Banco Central, de 11%. IX. INFORMAÇÕES ADICIONAIS Política de Dividendos De acordo com o artigo 25, do Estatuto Social do BNDES, o Conselho de Administração proporá sobre a destinação do resultado líquido do exercício, observando as parcelas de 5% para constituição de Reserva Legal, até que alcance 20% do capital social e 25%, no mínimo, para pagamento de dividendos. O BNDES não está sujeito a nenhum tipo de restrição em decorrência de instrumento legal ou previsto em Estatuto Social quanto à fixação de limites para o pagamento de dividendos. O BNDES não possui política formal de pagamento de dividendos. O Governo Federal, como acionista único, pode, a qualquer momento, requerer pagamentos adicionais de dividendos até o limite máximo permitido pela legislação brasileira, de 100% sobre o resultado líquido ajustado do ano fiscal. Nos exercícios de 2004, 2005 e 2006 foram pagos, respectivamente, 85%, 71% e 25% de dividendos sobre o lucro líquido ajustado.