Métodos para quebra de dormência em sementes de ébano oriental
Bruno Oliveira Lafetá2, Reynaldo Campos Santana1, Evandro Luiz Mendonça Machado1, Antônio
Carlos Moreira Resende Filho2
Palavras-chave: Escarificação, pré-germinação, vigor, albizia.
Introdução
A albizia (Albizia lebbeck (L) Benth) é
uma espécie arbórea da família Leguminosae
– mimosoideae, nativa da Ásia tropical e
África, caracteriza-se por apresentar um
rápido crescimento, habilidade para fixar
nitrogênio e melhorar a estrutura do solo,
especialmente em áreas degradadas, tendo
usos múltiplos e facilidade para consórcio
com culturas agrícolas (Rego et al., 2005).
É amplamente cultivada na América
Central até o sul dos Estados Unidos, assim
como nas Antilhas e em países tropicais, não
somente para silvicultura urbana, como
também para sombrear plantações de
cafeeiros. Apresenta crescimento rápido e
produz madeira de boa qualidade, muito dura
e forte, própria para vigas, esteios, peças de
resistência, curvas para embarcações,
carrocerias, obras de torno, marcenaria,
carpintaria, papel e lenha. As sementes,
reduzidas a pó, servem para combater as
escrófulas e prensadas fornecem óleo superior
ao do linho, bom para pintura e que na Índia é
utilizado contra lepra. Além disso, a casca
exsuda uma goma da qual se extrai uma tinta
vermelha; o resíduo desta extração é usado
como adesivo semelhante à goma arábica. É
considerada, ainda forrageira, uma vez que
suas folhas são ricas em constituintes
minerais (Garcia et al., 1997).
A dormência de sementes pode ser
vantajosa para a sobrevivência das espécies
em campo, uma vez que distribui a
germinação ao longo do tempo ou permite
que a germinação ocorra em condições
favoráveis à sobrevivência das plântulas. Por
outro lado, pode inviabilizar as atividades nos
viveiros (Melo et al., 1998).
Métodos buscando a superação da
dormência
como
tratamentos
prégerminativos e substrato são amplamente
estudados. Entre os processos mais comuns
para superação da dormência de sementes
estão a escarificação química, escarificação
(1)
mecânica, estratificação fria e quente-fria,
choque térmico, exposição à luz intensa,
imersão em água quente e embebição em água
fria (Floriano et al., 2004). O substrato pode
afetar a germinação e o desenvolvimento das
plantas jovens e a sua escolha deve ser feita
em função das exigências da semente em
relação ao seu tamanho e formato. As funções
básicas do substrato são a sustentação da
planta e o fornecimento de nutrientes, água e
oxigênio (Costa Filho et al., 2007).
As sementes de albizia apresentam
dormência tegumentar. A germinação das
sementes pode ser considerada como a
retomada do crescimento do embrião com o
subseqüente rompimento do tegumento pela
radícula (Carvalho et al., 1983)
O presente estudo objetivou avaliar o
efeito de tratamentos de pré-germinação e
substratos na germinação do Ébano oriental.
Material e Métodos
Coletaram-se sementes de Albizia
lebbeck maduras (coloração amarelo escuro),
de sete matrizes no município de Itinga-MG,
entre novembro e dezembro de 2008. As
sementes foram acondicionadas em sacos de
papel Kraft e conduzidas ao laboratório de
Tecnologia de Sementes da Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
(UFVJM),
onde
se
desenvolveu
o
experimento.
Quatro lotes de 25 sementes, escolhidas
aleatoriamente, foram utilizados para
determinar o número de sementes por quilo e
o peso de mil sementes em balança de 0,01
gramas de precisão.
Determinou-se a umidade das sementes
pelo método da estufa, a 105  3 C por 24
horas com quatro repetições de 25 sementes.
O
experimento
foi
conduzido
em
delineamento experimental
inteiramente
casualizado com oito tratamentos e quatro
repetições. A unidade experimental foi
constituída de 25 sementes.
Professor Universidade Federal dos Vales do Jequinhonha e Mucuri (UFVJM)
Florestal/UFVJM
(2)
Discente Engenharia
O experimento foi conduzido em casa
de vegetação de 6,4 m de largura, 22,5 m de
comprimento, 3,5 m de pé direito, coberta
com filme de polietileno espessura de 150
micras, sob tela sombreamento malha 50 %,
com umidade relativa em torno de 75 % e
temperatura média de, aproximadamente,
27 ºC.
As sementes dos tratamentos de um a
quatro foram colocadas para germinar em
areia lavada e dos tratamentos cinco a oito em
vermiculita
granulometria
média.
Os
tratamentos foram assim constituídos: T1 e
T5 (Testemunha - sem tratamento prégerminativo); T2 e T6 (Escarificação
mecânica
sementes
submetidas,
manualmente, a dez raspagens sucessivas, na
extremidade oposta ao eixo-embrionário
utilizando-se lixa d’água número 60); T3 e T7
(Pré-esfriamento por quatro dias a 10 ºC sementes colocadas em sacos de papel Kraft
na geladeira a 10 ºC durante quatro dias) e, T4
e T8 (Escarificação mecânica + Préesfriamento a mesma escarificação do T2
mais quatro dias a 10 ºC em geladeira).
As avaliações das plântulas foram
realizadas aos sete dias depois do inicio do
experimento (avaliação do vigor) e após 14
dias (avaliação da germinação), registrando-se
a porcentagem de plântulas normais, com
desenvolvimento da radícula maior que
1,0 cm (Brasil, 1992). As sementes não
germinadas e embebidas ou não embebidas
foram consideradas mortas ou dormentes.
Realizou-se a ANOVA e o teste de Tukey a
5,0 % de probabilidade utilizando o Software
Statistica 6.0.
Resultados e Discussão
Foram observadas 10273 sementes por
quilo e o peso de mil sementes foi de 97,4 g
com grau de umidade médio de
15,9 ± 53,7 %.
A germinação deu início de forma
muito homogênea com o rompimento do
tegumento e a protrusão da radícula no quarto
dia após a semeadura. Estas sementes estavam
aparentemente sadias e com o eixo-hipocótilo
radicular superior a cinco cm de
comprimento, assim, sendo considerado como
vigor físico (primeira contagem). Os
resultados da ANOVA e teste de média são
apresentados nas tabelas 1 e 2. Tanto para
vigor quanto para germinação observou-se
efeito significativo para tratamentos. O baixo
coeficiente de variação experimental para
germinação evidencia a precisão do
experimento (Tabela 1). Os tratamentos dois,
três, seis e sete (Tabela 2) são estatisticamente
iguais e superiores aos tratamentos um,
quatro, cinco e oito, para vigor e germinação,
sendo assim os recomendados para a quebra
de dormência. A produção de mudas com
sementes contendo índice de germinação
inferior a 50 % pode inviabilizar a sua
produção de forma economicamente viável
(Oliveira et al., 2007). Estes resultados
corroboram com os descritos por Villiers
(1972), o qual comenta que a baixa
germinação em sementes da família
Leguminosae é devida impermeabilidade do
tegumento à água, fato este, que é um dos
problemas mais sérios na conservação de
sementes silvestres.
Agradecimentos
À FAPEMIG pelo auxílio financeiro
nas pesquisas.
Referências
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produção. 2.ed. Campinas: Fundação Cargil.
429p.
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FLORIANO, E.P. 2004. Germinação e
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GARCIA, J.; ITAMAR, M.; ALVES,
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MELO, J.T.; SILVA, J.A.; TORRES,
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inicial de espécies do cerrado. In: SANO,
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Planaltina:
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Revista Brasileira de Ciências Agrárias.
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REGO,
F.L.H.;
COSTA,
R.B.;
CONTINI,
A.Z.;
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R.G.S.;
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Santa Maria, v.35, n.5, p.1209-1212.
VILLIERS, T.A. 1972. Seed dormancy.
In: KOZLOWSKY, T.T. (Ed). Seed Biology.
New York: Academic Press, v.2, p.220-282.
Tabela 1. Análise de variância dos parâmetros avaliados em sementes de albizia.
Fonte de variação
Tratamentos
Resíduo
CVexp (%)
GL
7
24
QM
P
-------------- Vigor ------------5108,3 0,000000
160,0
26,7
QM
p
----------- Germinação ---------2918,6 0,000000
63,3
12,8
Tabela 2. Médias do vigor e germinação em sementes de albizia.
Vigor
Germinação
----------------- % ---------------T1 –Testemunha (areia lavada)
15,0 b
32,0
T2 – Escarificação mecânica (areia lavada)
84,0 a
90,0
T3 – Pré-esfriamento por quatro dias a 10ºC na geladeira (areia lavada)
83,0 a
80,0
T4 – Escarificação mecânica + Pré-esfriamento por quatro dias a 10 ºC (areia lavada)
15,0 b
32,0
T5 – Testemunha (vermiculita)
18,0 b
40,0
T6 – Escarificação mecânica (vermiculita)
76,0 a
88,0
T7 – Pré-esfriamento por quatro dias a 10ºC na geladeira (vermiculita)
79,0 a
90,0
T8 – Escarificação mecânica + Pré-esfriamento por quatro dias a 10 ºC (vermiculita)
8,0 b
46,0
Valores seguidos pela mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Tratamentos
(1)
Professor Universidade Federal dos Vales do Jequinhonha e Mucuri (UFVJM)
Florestal/UFVJM
(2)
b
a
a
b
b
a
a
b
Discente Engenharia
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