12. Bruno Oliveira (Escola Guinard )
“Tento seguir te devolvendo comentários acerca dos impasses colocados no e-mail, ou, de forma
mais amplas, acerca de modos de encarar a problemática geradora da tua pesquisa em arte, o
„viver-em–comum‟. Presencialmente, nos perguntávamos: como abordar a coexistência em sua
complexidade, sem incorrer por ecumenismos e ações prescritivas? Como assumir a metáfora
como recurso potente para aferir e, simultaneamente, instigar as relações de alteridade?
Uma boa resposta vem do dispositivo que você criou em 2011 para que duas pessoas, cada qual
munida de uma máquina de escrever, ambas conectadas por um mesmo papel de 7 metros de
extensão, buscassem na abertura de um canal de comunicação a possibilidade de alcançar o
outro. Pelos registros fotográficos, pude ver que o caminho era excitante mas também tortuoso. A
dinâmica (Sem Título) tinha como principal fim apresentar um paradoxo existente nas situações
cotidianas, nunca instrumentalizar ou tornar dóceis essas situações.
Aí você me pergunta se eu acho que corre o risco de vislumbrar o convívio e a
comunidade de um jeito „florido‟, ou de acabar replicando „uma experiência sessentista utópica‟. O
floreio que tanto teme parece ter a ver com a poesia em estado puro, sem implicações em
contextos existentes. A utopia pressupõe o inalcançável. A meu ver nenhum dos dois termos
incide sobre o teu trabalho. Ou não existe uma dimensão micropolítica, contextual e possível, em
sua delicadeza, na coleta de xícaras porta a porta do projeto Da Boa Vizinhança, feito no ano
passado a partir da condição de isolamento da Escola Guinard em seu bairro?”
Depoimento retirado de carta enviada por Ana Maria Maia para o artista durante o processo de
acompanhamento crítico.
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12. Bruno Oliveira (Escola Guinard ) “Tento seguir te devolvendo