INTRODUÇÃO
Há tempos, o fenômeno da variação térmica global sofre alterações de
temperatura nas águas do Oceano Pacífico é objeto de estudo.
Não podemos precisar quando foi identificado o primeiro fenômeno do
El Niño no planeta, estudo históricos indicam que deu-se no ano de
1526.
No Brasil, esse fenômeno está ligado, hipoteticamente às fortes secas
na Região Norte e Nordeste e, também, às fortes chuvas na Região
Sudeste.
Seus efeitos atingem também o resto do mundo.
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Sudeste Asiático – seca;
América do Norte – invernos mais quentes;
Costa Oeste da América do Sul – temperaturas elevadas;
Europa – verões excepcionalmente quentes
Em 1924, o pesquisador inglês Sir Gilbert Walker identificou uma
acentuada variação da pressão atmosférica entre as massas de ar
localizadas nas faixas tropicais e subtropicais do Oceano Índico e do
Oceano Pacífico.
Essa variação indicava que, sempre que um sistema de baixa
pressão (Ciclone) estivesse atuando na Região da Indonésia, mais
precisamente na estação meteorológica de Darwin, um sistema de alta
pressão (Anticiclone) era detectado a sudoeste do Oceano Pacífico, na
Ilha de Páscoa, em Taiti.
Essa inversão de sistemas entre regiões ocasionava mudanças de
tempo nas mesmas. Para estas variações de pressão, Walker definiu
como Índice de Oscilação Sul, que é a variabilidade atmosférica entre
essas duas regiões, resultando a diferença média da pressão
atmosférica entre Taiti e Darwin.
A partir desses movimentos de ar descendentes do
Oceano Pacífico, na costa oeste da América do Sul, com o
escoamento para oeste sobre a zona equatorial, conhecidos
como ventos alísios, e, somente no extremo oeste do
Oceano Pacífico, próximo à Polinésia, apresenta
movimentos ascendentes provocando grandes massas de
nebulosidade. Os ventos alísios são os movimentos de ar
descendentes no Oceano Pacífico na costa oeste da
América do Sul em sentido leste-oeste.
Na proporção que os ventos vão soprando, vão limpando
a superfície oceânica e acumulando a camada de água
superficial nas proximidades da Austrália. Com isso, ocorre
o aquecimento na camada de água superficial e
conseqüente aumento na temperatura.
O grande volume de água aquecida, variando de 5°N a
5°S e aprofundando cada vez mais a termoclina (massa de
água em condições isotérmicas e espessura aproximada de
200 m), impede o movimento de ressurgência das águas
mais frias e ricas em nutrientes até a superfície, tornando
impraticável a pesca comercial naquela região.
Outro episódio observado é a força exercida pelo fluxo de
vento fazendo com que as águas aumentem/ diminuam 1.0
m do nível médio do mar, em uma extensão de 12.000 Km
da costa do Peru à Austrália, onde atinge 0,50 m acima, na
Austrália e 0,5 m abaixo, no Peru.
Este deslocamento para leste das águas aquecidas
acarreta grandes mudanças na circulação atmosférica
global. Entre dezembro e janeiro começam as chuvas
torrenciais e grandes temporais assolando além da região
costeira o interior do Peru e Equador.
DESCRIÇÂO DO FENÔMENO EL NIÑO
El Niño é o nome dado a um fenômeno que ocorre nas águas do
pacífico e que altera as condições climáticas em diversas partes do
mundo. Este nome foi dado por pescadores do Peru em razão de a costa
do país ser muito atingida pelo fenômeno e causar graves danos aos
pescadores, principalmente. O El Niño dura de 12 a 18 meses em média
em intervalos de 2 a 7 anos com diferentes intensidades. Quando ocorre o
fenômeno as mudanças do clima são diferentes em cada parte afetada do
mundo como por exemplo secas no sudeste asiático, invernos mais
quentes na América do norte e temperaturas elevadas na costa oeste da
América do sul, que faz com que os pescadores do Peru sejam
prejudicados. Todas estas mudanças ocorrem devido ao aumento da
temperatura na superfície do mar nas águas do pacífico equatorial,
principalmente na região oriental. Isto faz com que a pressão na região
diminua, a temperatura do ar aumente e fique mais úmido, no pacifico
oriental. Esta mudança nesta parte do mundo causa uma mudança
drástica de direção e velocidade dos ventos a nível global fazendo com
que as massas de ar mudem de comportamento em varias regiões do
planeta.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS OCEÂNICAS E ATMOSFERÍCAS ASSOCIADAS
AO FENÔMENO EL NINO
 Sobre o Pacífico leste, onde há normalmente águas frias, aparecem águas mais
quentes do que o normal;
 Os ventos alísios diminuem sensivelmente sua intensidade;
 A pressão no setor leste do oceano Pacífico fica abaixo do normal, enquanto que na
parte oeste fica com valores acima do normal;
 A presença de águas quentes e convergência de umidade do ar favorecem a
formação de nuvens conectivas profundas sobre o setor centro-leste do Pacífico;
 A célula de Walker (circulação atmosférica sentido oeste-leste) modifica-se totalmente
ocasionando ar descendente sobre a Amazônia e Nordeste do Brasil (figura 03);
 Sobre o Atlântico equatorial, incluindo o leste da Amazônia e Semi-árido Nordestino
nota-se predominância de um ramo de ar descendente inibindo a formação de nuvens.
Comportamento da circulação
atmosférica
(célula de Waker) em anos de “El
Niño
EFEITOS DO EL NIÑO NO BRASIL
Os efeitos do “El Niño” no Brasil podem causar prejuízos e benefícios.
Mas, os danos causados são superiores aos benefícios, por isso, o
fenômeno é temido, principalmente, pelos agricultores. Em cada episódio
do “El Niño” é observado na região sul um grande aumento no volume de
chuvas, principalmente, nos meses de primavera, fim do outono e
começo de inverno. Pode-se observar acréscimo de até 150% na
precipitação em relação ao seu índice médio. Isto pode acarretar nos
meses em que acontece a colheita prejuízos aos agricultores,
principalmente, nos setores de produção grãos. As temperaturas também
mudam nas regiões Sul e Sudeste, onde é observado inverno mais
ameno na região Sul e no Sudeste as temperaturas ficam mais altas em
relação ao seu valor normal. Este aumento de temperatura no inverno
pode trazer benefícios aos agricultores das regiões Sul e Sudeste, pois
diminui significativamente a incidência de geadas. No setor leste da
Amazônia e na região Nordeste ocorre uma diminuição nas chuvas.
Algumas áreas do Sertão (semi-árido) nordestino, essa diminuição pode
alcançar até 80% do total médio do período chuvoso (que na maior parte
da Região ocorre de fevereiro a maio).
Ressalta-se que, a seca não se limita apenas ao Sertão,
ela também pode atingir o setor leste do Nordeste (Agreste,
Zona da Mata e Litoral), caso aconteça conjuntamente com o
Dipolo do Atlântico Sul negativo (Dipolo Negativo ou
desfavorável, isto é, quando o Atlântico Sul se encontra com
águas mais frias que a média histórica e águas mais quentes
no Atlântico Norte). No Nordeste brasileiro, os prejuízos
observados em anos de “El Niño” envolvem setores da
economia (perdas na agricultura de sequeiro, na pecuária,
etc.), oferta de energia elétrica, bem como, comprometimento
do abastecimento de água para a sociedade e os animais.
Desde que cientistas e governantes perceberam que o El
Niño é uma força que deveria ser entendida e estudada, um
imenso esforço tem sido feito para com que o El Niño seja
monitorado e previsível.
O "El Niño" de 1982-83 e seus impactos no Brasil
O "El Niño" de 1982-83, segundo diversas medidas efetuadas, o mais
forte neste século, não foi previsto e nem mesmo reconhecido pelos
cientistas em seus estágios iniciais. Em interpretações, seu início pode ser
visto em maio de 1982 quando os ventos superficiais de leste para oeste,
que geralmente se estendem por todo o Pacífico equatorial, das Ilhas
Galápagos até a Indonésia, começaram a enfraquecer. A oeste do
meridiano de referência de data os ventos reverteram sua direção para
leste e deu-se início a um período de tempestades.
Em poucas semanas, o oceano começou a reagir às mudanças de
direção e velocidade dos ventos. O nível do mar nas Ilhas Christmas, no
meio do Pacífico, elevaram-se em vários centímetros. Em outubro, o
aumento do nível do mar de cerca de 30cm já havia se espalhado por uma
distância de quase 10.000km, em direção ao leste. A medida que subiu o
nível do mar no leste, simultaneamente, caiu no Pacífico ocidental,
expondo e destruindo as camadas superiores de frágeis recifes de corais
que envolvem muitas ilhas. As temperaturas da superfície do mar nas
Ilhas Galápagos e ao longo da costa do Equador elevaram-se de valores
típicos de 21º para 27ºC.
Em função dessas grandes mudanças no Oceano Pacífico, a vida
marinha logo foi afetada. Em seguida ao aumento no nível do mar nas
Ilhas Christmas, os pássaros marinhos abandonaram seus filhotes e se
espalharam por uma grande faixa de oceano em desesperada procura
por alimento. Até o retorno das condições normais ao longo da costa do
Peru, em meados de 1983, 25% das focas e leões marinhos adultos e
todos os filhotes haviam morrido. Muitas espécies de peixes sofreram
perdas similares. Ao longo da linha de costa do Pacífico, do Chile à
Columbia Britânica, a temperatura das águas ficou acima do normal e
peixes, que normalmente viviam em águas tropicais e subtropicais,
migraram ou se deslocaram em direção aos pólos.
O "El Niño" de 1982-83 produziu efeitos igualmente catastróficos
sobre a porção continental. No Equador e norte do Peru, mais de 300
mm de chuva cairam durante um período de 6 meses transformando a
região desértica costeira em área verdejante pontilhada de lagos. A
vegetação luxuriante atraiu nuvens de gafanhotos que provocaram uma
explosão na população de pássaros, rãs e sapos. Os novos lagos
forneceram um habitat temporário para os peixes, provenientes do mar,
que tinham migrado para os rios e ficaram presos. Muitos deles foram
capturados por residentes locais a medida que os lagos secavam.
AR ASCENDENTE
AR DESCENDENTE
EQUADOR
BAIXA PRESSÃO
(CICLONE)
ALTA PRESSÃO
(ANTICICLONE)
AUSTRÁLIA
ÁGUAS
QUENTES
CÉLULA
DE
WALKER
PACÍFICO
ÁGUAS
FRIAS
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descriçâo do fenômeno el niño