SEGUNDA-FEIRA, 22 DE AGOSTO DE 2011
Nova biografia
afirma que
estilista era
antissemita e
colaborou com
os alemães
na Segunda
Guerra
Mundial
Faces de
CECIL BEATON - CONDÉ NAST ARCHIVE/DIVULGAÇÃO
AFP
–C
oco Chanel era
uma antissemita confirmada.
A frase acima é do jornalista Hal Vaughan, autor da nova
biografia sobre a estilista, lançada na semana passada com
o nome de Sleeping With the
Enemy, Coco Chanel’s Secret
War (Dormindo Com o Inimigo, a Guerra Secreta de Coco
Chanel, em livre tradução). A
biografia denuncia o comprometimento dela com o regime
nazista, do qual teria sido uma
agente secreta na Segunda
Guerra Mundial.
Suspeitas sobre a relação de
Chanel com o nazismo haviam
surgido em 1995, na revista
francesa L’Express e, depois,
em 2008, na alemã Der Spiegel.
No entanto, as informações da
nova biografia seriam frutos
de três anos e meio de pesquisas nos arquivos americanos,
franceses, alemães, britânicos,
italianos e poloneses. Ao todo,
foram consultadas 225 obras.
– Descobri doze citações
dos propósitos antissemitas
de Coco Chanel, também uma
anticomunista convicta que se
vendeu aos alemães porque
acreditava que Hitler fosse derrotar Stalin – disse o jornalista
americano.
Autor de dois livros sobre a
Segunda Guerra Mundial, Hal
Vaughan, 84 anos, contou que
descobriu num documento da
polícia francesa, datando de
1946, em que a célebre estilista era considerada agente de
serviço de informação militar
alemão.
– Não pude acreditar em
meus próprios olhos quando
tive em mãos esse documento manuscrito, de 15 páginas,
com o título Gabrielle Chanel,
chamada Coco, citando, inclusive o código da então agente
Westminster, tirado do nome
de seu amante durante seis
anos, o duque de Westminster.
Coco Chanel tenha sido, talvez,
manipulada pelo amante alemão, mas era uma oportunista
– adianta Hal Vaughan.
Ainda segundo o livro, Chanel era apaixonada por um oficial alemão, o barão Hans Gunther von Dincklage.
– Dincklage é revelado aqui
como um mestre da espionagem nazista e um agente da
inteligência militar alemão que
tinha a seu dispor uma rede de
espiões, no Mediterrâneo e em
Paris, que reportava diretamente ao ministro de propaganda
nazista Joseph Goebbels, considerado a mão direita de Hitler
– diz o comunicado da editora.
Entre outras revelações do
livro, está a missão que Chanel
realizou na Espanha, em troca
da libertação de um sobrinho
detido, além do envolvimento
do nazismo de nomes como o
poeta Jean Cocteau e o coreógrafo Serge Lifar. Em documentos da Resistência francesa,
Hal Vaughan disse ter também
descoberto que o nome de Coco
Chanel figurava com a menção
“condenada à morte”.
Grupo desmente
nova biografia
Chanel
O grupo Chanel, controlado pela família Wertheimer,
desmentiu formalmente que
Gabrielle Chanel fosse antissemita.
– Nunca a ouvi falar qualquer coisa que me fizesse pensar em antissemitismo, mesmo
porque não teria suportado
– afirmou Edmonde CharlesRoux, autor de uma biografia
sobre Gabrielle Chanel datada
de 1974.
Coco Chanel (1883-1971)
nasceu em 19 de agosto de
1883, no Oeste da França. Órfã de mãe e abandonada pelo
pai, viveu em orfanato. Adulta,
trabalhou em uma confecção
até conhecer um rico herdeiro, Etienne Balsan. No entanto,
seria o rico empresário inglês
Boy Chapel que a ajudaria a
criar seu primeiro estabelecimento, dedicado à fabricação
de chapéus.
Depois da Segunda Guerra
Mundial, exilou-se na Suíça até
1953. Chanel morreu em 10 de
janeiro de 1971 num quarto do
Hotel Ritz na capital francesa
e foi enterrada em Lausanne
(Suíça).
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