INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – AJES
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO
INFANTIL.
LINGUAGEM: A AQUISIÇÃO DE LEITURA E ESCRITA NO PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO DOS ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL MANOEL BANDEIRA.
Josiane Câdido de Sousa
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo
ALTA FLORESTA/2011
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – AJES
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO
INFANTIL.
LINGUAGEM: A AQUISIÇÃO DE LEITURA E ESCRITA NO PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO DOS ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL MANOEL BANDEIRA.
Josiane Câdido de Sousa
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo
“Trabalho apresentado como exigência
parcial para a obtenção do título de
Especialização em
Psicopedagogia
com Ênfase em Educação Infantil.”
ALTA FLORESTA/2011
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela força, coragem e iluminação em meu
caminho.
Agradeço aos que amo pela paciência nos momentos de desanimo.
DEDICATÓRIA
Dedico a todas as pessoas que amo, principalmente as que
convivem comigo como minha mãe e prima, pela compreensão
de minha ausência em momentos importantes, pela força e incentivo para vencer os obstáculos e seguir em frente.
RESUMO
Como ocorre a aquisição da leitura e escrita no processo de alfabetização
pelos alunos? Qual o tempo necessário para que ocorra a aprendizagem pelos
alunos? Qual o papel do professor no ensino/aprendizagem? Essas são algumas
das temáticas desta investigação que devo por objetivo investigar a aquisição de
leitura e escrita no processo de alfabetização pelos alunos da Escola Estadual
Manoel Bandeira. Esse estudo foi subsidiado por autores como HOLT (2007),
CAGLIARI (1989), PCN (1997), Escola Ciclada (2000). A análise ocorreu através de
diagnóstico com todos os alunos, dos quais quatro foram selecionados de acordo
com maior e menor grau de dificuldade de aprendizagem. O diagnóstico possibilitoume conhecer as perspectivas de aprendizagens dos meus alunos, bem como o meu
processo de ensino/aprendizagem. E a partir deste estabelecer intervenções para
auxiliar o aluno na aquisição de sua aprendizagem. Percebi que cada criança possui
uma forma e um tempo diferenciado de aprender isto deve ser compreendido e
respeitado pelo professor. A realização deste trabalho proporcionou-me uma visão
mais ampla sobre o processo ensino/aprendizagem dos alunos, uma vez que a
pesquisa sobre a aprendizagem mostra que para aprender é necessário que se
possa pensar o objeto inteiro, isto é o aluno na sua complexidade de conflitos até
obter sua aprendizagem. As investigações apontam para o saber priorizar quais
aspectos devem ser abordados ao longo do processo de alfabetização:
compreender do sistema de escrita e o que está envolvida nessa aprendizagem
pressupõe entender que a escrita representa a fala.
Palavras chaves: – aluno – professor – aprendizagem.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................06
CAPÍTULO I - REFERENCIAL TEÓRICO
1.1
- Um olhar sobre a concepção de infância......................................................09
1.2
- O mundo da escrita e sua historicidade........................................................11
1.3
- O processo de alfabetização.........................................................................12
1.4
- Ler e escrever no processo de alfabetização...............................................14
1.5
- A avaliação como instrumento de acompanhamento no desenvolvimento da
aprendizagem................................................................................................16
1.6
- O erro como pressuposto para o certo.........................................................18
1.7
– O professor como mediador de aprendizagem............................................20
1.8
– A escola Manoel Bandeira e seus objetivos.................................................21
CAPÍTULO II - LINGUAGEM: A AQUISIÇÃO DE LEITURA E ESCRITA NO
PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DOS ALUNOS DA ESCOLA MANOEL
BANDEIRA.................................................................................................................24
2.1 A pesquisa............................................................................................................24
2.2 – A criança em processo de aprendizagem.........................................................24
2.3 - O conhecimento que a criança apresenta sobre a escrita no processo inicial da
alfabetização..............................................................................................................25
2.4 – Os alunos em processo de desenvolvimento na aprendizagem.......................29
2.5 – O resultado final do processo de ensino/aprendizagem no período letivo de
2009............................................................................................................................34
2.6 – A leitura como passaporte para a escrita..........................................................40
2.7 – Como avaliar uma criança em processo de aprendizagem..............................41
2.8 – O professor e suas múltiplas facetas no processo ensino/aprendizagem........43
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS...........................................................................48
INTRODUÇÃO
Poucas áreas do Ensino têm conhecido tantas mudanças quanta a
alfabetização. Isso se deve a visão sobre a criança e sua forma de obter
conhecimento ao longo dos anos.
Se o problema do aprendizado encontrava-se na repetição mecânica de
sílabas e palavras a proposta hoje recai sobre atividades de escrita em que as
crianças são deixadas livres, para que possam registrar as palavras conforme as
suas próprias convicções de como grafá-las e incentivados a comparar sua
produção com a de outros colegas ou outros registros próprios anteriores em um
processo de revisão, ou autocorreção e reflexão, o que proporciona a criança formar
bases para um conhecimento mais sólido.
Nesse processo de alfabetização renovada a criança se apropria de lógicas
subjacentes à escrita,o que permite a ela escrever qualquer palavra que deseje,
levando a um resultado muito mais criativo e elaborado. O mesmo se pode dizer
com relação à leitura, no lugar do pseudotexto, isto é, aqueles criados com propósito
didático, as crianças são estimuladas a descobrir palavras em gêneros variados e
comparar suas hipóteses de escrita e associar letras ao som da fala.
Para chegar a aprendizagem a criança utiliza-se de vários mecanismos,
como por exemplo, o erro inevitável, uma vez que através dele a criança constrói
conhecimentos fundamentais sobre a leitura e a escrita. Através do erro a criança
experiência a oportunidade de vivenciar, expressar a sua realidade no processo de
desenvolvimento/aprendizagem. Conforme FERREIRO e TEBEROSKY, In: Nova
Escola (2003 p. 12), o erro é construtivo e “pode ser considerado elo articulador de
novos saberes na construção do conhecimento”. O erro além de ser parte do
processo de aprendizagem, revela o nível de conhecimento sobre a escrita e leitura
que a criança detém no momento apresentando-se como subsídio para adoção de
intervenções pelo professor. Sobre esse aspecto PAREDES, apud Nova Escola,
(2003, p. 12), diz que “atrás de resultados aparentemente lógicos inaceitáveis, ou,
pelo menos incompleto, há um rico processo de construção de conhecimentos”.
Nessa perspectiva o objetivo deste trabalho é investigar como ocorre a aquisição de leitura e escrita no processo de alfabetização dos alunos da Escola Estadual Manoel Bandeira com ramificações pautadas no: permitir a compreensão e fun-
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cionamento comunicativo e mais possibilitar ao aluno o conhecimento da relação
que existe entre a fala e a escrita e por fim compreender a natureza do sistema de
escrita e o que esta inserida nessa aprendizagem com a problemática voltada para
como ocorre a aquisição da leitura e escrita no processo de alfabetização pelos alunos da Escola Estadual Manoel Bandeira no decorrer do ano letivo de 2009.
A hipótese inicial deste trabalho era de que a aprendizagem deve ocorrer na
aproximação máxima entre a intenção de dizer, o que efetivamente se escreve e a
interpretação de quem lê.
No decorrer do trabalho fica nítido essa hipótese, uma vez, que
conforme
vão aderindo a leitura e a escrita os alunos vão se preocupando cada vez mais com
a escrita, para que quem lê seus escritos possa compreender-los.
Embasando-me nesses conhecimentos adotei uma metodologia que
permeia as atividades de análises com fundamentos é importante possibilitar ao
aluno construir uma atitude investigativa diante do conhecimento. Dessa forma ao
apresentar os resultados aos alunos, procuro oferecer uma seleção de fatos a serem
observados, comparados entre si, analisados visando possibilitar-lhes a construção
do conhecimento sobre a língua e a linguagem e a escrita desta.
O movimento pedagógico exposto neste trabalho é o da ação-reflexão-ação,
onde há um repensar sobre os conteúdos e estes sistematizados e reinvestidos em
novas produções de leitura de leitura e escrita. Isso acontece pelo fato de das
pesquisas educacionais centrarem-se no como se aprende, já que o docente ensina
melhor quando melhor compreende o processo pelo qual se aprende.
Preocupada com essa questão e, sobretudo, com os problemas técnicos
relativos à fala e a escrita no processo de alfabetização, aplicando princípios
linguísticos na interpretação e solução dos mesmos, viso uma mudança que possa
colocar o aluno no lugar do sujeito no processo do próprio conhecimento.
Minha proposta não é inovadora, tampouco uma metodologia pronta e
acabada, mas uma estratégia que oferece ao professor subsídios para conhecer os
alunos e os processos envolvidos na aprendizagem destes.
Baseada numa metodologia que considere a necessidade de reflexão sobre
a linguagem escrita; que entenda a linguagem verbal não apenas como instrumento
08
de comunicação privilegiado, mas perceba também sua estrutura e organização
interna.
Minha intenção não é polarizar preocupações; mas ter o conhecimento de
que a ação educativa é o resultado de uma relação intrínseca entre o ensino e a
aprendizagem, onde um aspecto determina o outro numa inter – relação. Assim só é
possível contribuirmos mais para a aprendizagem quando conhecemos o processo
pelo qual passa o nosso aluno.
“A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará a ao seu tamanho
original ’’ (EINSTEIN apud Nova Escola 2004 p.66).
De posse desse conhecimento, me dispus a buscar informações através de
pesquisas bibliográficas para um maior enriquecimento sobre o tema para investigar
a linguagem, na aquisição de leitura e escrita no processo de alfabetização dos
alunos da Escola Estadual Manoel Bandeira.
Logo após parti para o trabalho de análise e coleta de informações, como
registros próprios e amostras de registros das crianças.
Procurei informações a respeito do assunto junto a livros e revistas e em
autores como HOLT (2007), PAREDES (2004), PCN (1997), CALGLIARI (1989)
entre outros. Após a coleta de dados, sistematizei e analisei os mesmos,
subsidiados pelo referencial, para elaboração do relatório final.
O presente trabalho está estruturado desta forma: a introdução apresenta,
de forma geral, o tema da pesquisa, no capítulo I, referencial teórico que subsidiou o
desenvolvimento da pesquisa; no capítulo II, a análise a respeito da linguagem,
aquisição de leitura e escrita no processo de alfabetização dos alunos da Escola
Manoel Bandeira. E as considerações finais apresentam reflexões e sugestões
sobre a temática pesquisada.
CAPÍTULO I
REFERÊNCIAL TEÓRICO
1.1 UM OLHAR SOBRE A CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA.
“... Mais do que ensinar a ver de certa forma. É desejar que se veja de
muitas formas” (MENESES, 2005, p. 66)
O redimensionamento da educação escolar pressupõe a compreensão dos
significados atribuídos à infância na esfera da cultura e da vida social
contemporânea, uma vez que a educação, como processo, depende nas suas
manifestações de uma postura diante do conhecimento e da sociedade, onde estes
são imprescindíveis para analise do processo educativo e sua compreensão. Para
compreendermos como ocorre o processo ensino/aprendizagem e suas implicações
retemo-nos a análise de como a criança vem sendo pensado desde a antiguidade
até o presente momento, onde o que se discute é como a educá-lo e discipliná-lo no
mundo moderno em que nos encontramos.
Farei essa discussão tendo como subsidio o livro Escola Ciclada de Mato
Grosso. Conforme ARIÊS (1981), até o século XVI, a infância era concebida como
um período transitório da vida humana, que deveria ser superado, assim que as
crianças independem dos cuidados adultos não havia um “sentimento de infância”,
como acomodações roupas ou brinquedos para ela, dessa forma, confundiam-se
com os adultos. (MATO GROSSO, 2000, p.30).
Para entendermos melhor essa visão sobre as crianças, remetemo-nos a
etimologia da palavra infância que é proveniente do latim infans e significa aquele
que não fala, sem linguagem. Sob essa perspectiva Descartes afirma que a infância
caracteriza-se pelo aprisionamento da alma no corpo, o que torna o homem propício
não há razão.
Já no século XVII a criança passa a ser um sujeito singular diferente dos
adultos o que Ariès “denomina de sentimento moderno de infância” caracterizado
por práticas sociais diversas, que são: a paparicação e a necessidade de educar a
criança mediante a moralização. (MATO GROSSO, 2000, p. 31).
10
Diante dessa nova visão de infância a educação torna-se uma necessidade
urgente com educadores preocupados com técnicas e métodos voltados à disciplina
e controle de costumes.
Nesse contexto surge a Psicologia do desenvolvimento tendo a criança e o
adolescente como organismos biológicos em fase de maturação, desvinculados da
cultura e da vida social, junto a essa visão surgem os testes psicológicos com
finalidade de expor as competências intelectuais e lingüísticas bem como suas
habilidades. Nesse sentido a inteligência passa a ser como dizia Binet, “a
inteligência que mede o meu teste” (SANTOS, 1998, p.38).
Entre as décadas de 20 a 60 surge a Psicologia Comportamental o
behaviorismo defendido por Watson e Skinner. Nessa teoria a criança e o
adolescente são sujeitos passivos, modelados. Na educação a aprendizagem é
observável, onde o professor manipula e assegura a aprendizagem do aluno, esse
por sua vez “passa ser o de receptor do conhecimento e dele espera a aceitação de
metas preestabelecidas”. (SANTOS, 1998, p.67).
Na década 70, segundo MATO GROSSO (2000), ocorre uma reviravolta
com o construtivismo defendido por Jean Piaget e Vigotsky a criança surge como o
sujeito ativo e cognoscente, capaz de construir o próprio conhecimento.
Sob essa nova visão de infância e adolescência Benjamim diz que é
possível um resgate do passado que ressignifica o presente e o futuro, trazendo o
novo, dando a infância o lugar a crítica por excelência diante da possibilidade de
fazer o que não se podia, por que era reprimido ou proibido. Assim “os momentos
plenitude da infância e da adolescência se projetam como iluminações, como
oportunidades de se redimir o mal-estar na cultura adulta.” (MATO GROSSO, 2000,
p.35).
A infância e a adolescência, adquirem uma nova importância, tornam-se
alvos para o consumo, energia vital do capitalismo “ser criança é ter um corpo que
consome coisas de crianças”. (Id IBID). A mídia, a tecnologia e o consumo ganha
mais espaço dia-após-dia o que gera um distanciamento cada vez maior entre
crianças
e
adolescentes
dos
adultos.
Diante
de
tudo
isso,
11
surge outros problemas: ausentes – pais e mais ingressados no mercado de
trabalho, professores que já não falam a mesma língua das crianças e dos
adolescentes o que os tornam cada vez mais individualizados.
1.2 O MUNDO DA ESCRITA E SUA HISTORICIDADE.
A escrita, segundo CAGLIARI (1989), possui três fases distintas a pictórica,
a ideográfica e a alfabética.
possui três fases distintas a pictórica, a ideográfica e a alfabética.
Na fase pictórica, a forma de comunicação acontece por desenhos ou
pictogramas, sendo consideradas as primeiras formas de escrita. Essas formas de
escrita podem ser vista em Ojibwa da América do norte e nas civilizações astecas.
Já na fase ideográfica os desenhos ganham outras formas, chamados ideogramas,
que ao longo da evolução foram perdendo seus traços mais representativos,
tornando-se
simples
convenções
da
escrita.
Essas
representações
foram
características das civilizações egípcias e mesopotâmicas e chinesas.
As letras ao qual compõe nosso alfabeto hoje, segundo CAGLIARI (1989),
vieram desse tipo de evolução, que após inúmeras transformações. Primeiro
surgiram os silabários, que eram um conjunto de sinais para representar cada
sílaba.
Os fenícios utilizaram vários sinais de escrita egípcia, construíram um
inventário de caracteres com som consonantal, onde não era necessária a escrita
das vogais, sendo as palavras conhecidas apenas como consoantes.
Os gregos utilizam-se do sistema de escrita fenícia, juntaram vogais e
consoantes, criaram o sistema de escrita alfabético. Posteriormente, a escrita grega
foi adaptada pelos romanos, que após várias transformações, hoje temos o nosso
alfabeto.
Conforme CAGLIARI (1989, p. 112) “A escrita seja ela qual for, sempre foi
uma maneira de representar a memória coletiva religiosa, mágica, científica, política,
artística e cultural.”
12
O sistema de escrita, encontra-se dividido em dois grupos. O sistema de
escrita com base no significado (escrita ideográfica) e os sistemas significantes
(escrita fonográfica).
Os sistemas significantes são, em geral pictóricos, baseados nos significados
que querem transmitir, e nos conhecimentos culturais. Já o sistema de escrita os
sistemas significante depende dos elementos sonoros de uma língua para ser lido e
decifrado assim:
Todo sistema de escrita tem um compromisso direto ou indireto com os
sons de uma língua, e como as línguas inexoralmente mudam com tempo,
transformando a forma fônica das palavras, a escrita começa a ser de difícil
leitura (...). (CAGLIARI, 1989 p.115).
Estamos numa era, onde tudo muda frequentemente, com a escrita também
não é diferente, esta passa por reformulações e modificações na grafia, acentuação
entre outros, por isso as crianças encontram muitas dificuldades pois, “a relação
entre as letras e os sons da fala é sempre mais complicada pelo fato de a escrita
não ser espelho da fala e por que é possível ler o que está escrito de diversas
maneiras.” (ID IBID).
As crianças nos seus registros usam recursos especiais da escrita para
representar alguns sons da fala sob o seu ponto de vista.
Para começar a escrever, as crianças não precisam estudar a gramática,
pois já dominam a língua portuguesa na sua modalidade oral. A dificuldade
está simplesmente no fato de as crianças não conhecerem a forma
ortográfica das palavras após seus primeiros contatos com o alfabeto. Se
tiver que ensinar a forma ortográfica para depois permitir que as crianças
escrevam, usando somente às palavras aprendidas, isso ocasionará um
bloqueio no uso da linguagem pela criança, com consequências sérias para
suas atividades. Na continuidade, esse método leva o aluno a se sentir
impedido de escrever o que acha que deve e como gostaria, chegando ao
ponto de colocar o aluno em situações complicadas na produção de textos
escritos. (IBID p.122).
Refletindo sobre as características do sistema de escrita, podemos constatar
a distancia que há entre a fala e a escrita, porém, a escrita é entendida como
representação da fala.
1.3 O PROCESSO ALFABETIZAÇÃO.
A partir de 1970, (In Revista Nova Escola, 2003, p. 12), com as pesquisas de
Ana Teberosky e Emília Ferrero a visão sobre a criança começou a mudar, pois
13
segundo elas, as crianças desde cedo estabelecem hipóteses sobre a escrita,
através de leituras de desenhos, pinturas, histórias lidas por alguém etc. E só então,
depois elas percebem que as letras representam os sons dos grafemas.
Conforme FERREIRO (2003. p.23):
A alfabetização não é um estado, mas um processo que tem início bem
cedo e não termina nunca (...) nós não somos igualmente alfabetizados
para qualquer situação de uso da língua escrita. É notável que a idéia dos
alunos evolua e que são seres criativos, qualquer emoção, qualquer objeto
pode se transformar em um estímulo para que sua imaginação percorra o
mudo do faz-de-conta. Assim ignorar que as crianças pensem e tenham
condições de escrever desde cedo é retrocesso.
Assim, a alfabetização não se restringe apenas a condição e decodificação
de grafemas, mas sim uma ação de tornar de tornar “alfabetos” de formar leitores
críticos para sobreviver com a sociedade como processo de construção progressiva.
“a alfabetização plena é aquela que engaja o leitor principalmente na descoberta de
um mundo cheio de atrações, desafios, sentimentos novos, profundos, repletos de
prazer.” (autor desconhecido apud. ALMEIDA 1992 p.14).
Adentrando mais sobre esse assunto FREIRE, apud GADOTTI (2005, p.48),
diz que a alfabetização “possibilita uma leitura crítica da realidade, constitui-se como
um instrumento de resgate da cidadania”.
Portanto, a alfabetização á a análise mais profunda do que vem a ser ler e
escrever, buscando identificar qual sua origem, qual seu desenvolvimento, suas
ações com o pensamento ligado à linguagem oral e com o mundo.
De acordo com FREIRE, apud GOMES (2005, p. 23), “A alfabetização é
parte das situações concretas e cotidianas vividas pela população com o objetivo
declarado de conscientização.”
O conhecimento cognitivo das crianças depende tanto do conhecimento
individual quanto do sócio-cultural, assim não ensinamos uma criança, mas esta
pertence a uma determinada classe social onde se efetivará sua aprendizagem.
Segundo MARICATO e JACINTO, apud GOMES (2005, p. 23),
A alfabetização longe de ser um aprendizado mecânico, é uma produção
cultural entre outro. E quanto mais os professores trabalharem essa
produção cultural inter- relacionada com as outras dimensões da cultura,
mais forte estarão contribuindo para abrir caminhos rumo ao fim da
exclusão social.
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No entanto, sabemos que novos tempos exigem novas mudanças, e que
conforme estas vão acontecendo é necessário que a escola acompanhe. Só a
alfabetização não é suficiente para que o indivíduo se desenvolva, eis que surge o
letramento com novas implicações.
O letramento implica habilidades várias como: capacidade de ler e escrever
para atingir diferentes objetivos para informar ou informar-se, para interagir
com os outros, para imergir no imaginário, no estético, para ampliar
conhecimentos, para seduzir ou induzir, para divertir-se para orientar-se,
para apoio a memória, (...) atitudes de inserção efetiva no mundo da escrita,
tendo interesse e prazer em ler e escrever, sabendo utilizar a escrita para
encontrar ou fornecer informações e conhecimento escrevendo de forma
diferenciada, segundo as circunstâncias, os objetivos e o interlocutor.
(RIBEIRO, 2004, p.91-2)
As práticas de letramento envolvem a maneira como os participantes se
comportam num determinado evento, tanto social quanto cultural, determinando
suas interpretações para dar sentido ao uso da leitura e escrita em uma situação
particular.
Letramento é mais do que a codificação e decodificação de fonemas e
grafemas, pois o uso e a prática contínua desses termos:
Desse modo, o letramento tem por objetivo investigar não somente quem é
alfabetizado, mas também quem não é alfabetizado e, nesse sentido desliga-se de verificar o indivíduo e centralizar-se no social. (TFOUNI, 2004 p.910).
Por ser um processo amplo o letramento é uma prática que sempre estará
em processo de mudança para atingir novas demandas sociais do saber e da
tecnologia.
1.4 LER E ESCREVER NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO.
A criança nos primeiros anos de vida, constrói o pensamento diante daquilo
que vê, ouve, sente, através de gestos e da linguagem oral. Dessa forma a criança
depara com um mundo cheio de atrações (letras, palavras, frases e textos) e se
engajará nesse mundo muito mais facilmente se puder participar integralmente dele.
Segundo RIBEIRO (2004 p.50) “pertence à cultura escrita significa, portanto,
a soma dos conhecimentos individuais no uso da leitura e da escrita”.
Assim, quanto maior o contato com a escrita, maiores lhe serão a
capacidade e a oportunidade do sujeito de realizar tarefas. Ler escrever são atos
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inteligentes de encontrar significados por meio de símbolos gráficos, não são,
portanto, atos mecânicos, mas uma aquisição cognitiva, linguística.
De acordo com POSSARI E NEDER (2001, p.65) “Ler no processo interativo
significa escolher, optar, hibridar, decidir, montar, colar, ressignificar. São atos précodificados, os resultados dependem das leituras e são imprevisíveis”.
A leitura e a escrita ora pode difundir idéias, ora pode ocultar, garantindo o
poder somente aqueles que a ela tem acesso, pois as habilidades se desenvolvem
ao longo da vida, á medida que surgem os obstáculos.
“A leitura conduzirá à liberdade do espírito, à atividade intelectual crítica e
autônomo. Ou seja, conduzirá a uma consciência cartesiana, em que se manifesta a
razão equilibrada do sujeito universal” (RIBEIRO, 2004 p.48)
A prática da leitura e escrita é vista como instrumento de capacitação para a
competição. Então, ler e escrever representa uma forma de ser capaz de tirar
proveito tanto no espaço social, quanto nas situações profissionais. Por essa razão a
alfabetização requer reflexões.
Conforme o PCN (BRASIL, 1997 p.66)
A principal delas é que não se deve ensinar a escrever por meio a práticas
centradas apenas na codificação de sons em letras. Ao contrário e preciso
oferecer aos alunos inúmeras oportunidades de aprenderem a escrever em
condições semelhantes às que caracterizam a escrita fora da escola.
É necessário que a criança aprenda os aspectos da escrita, o princípio
alfabético e normas ortográficas. Para isso
É preciso fazer com os alunos expliquem suas suposições de como se
escrevemos palavras, reflitam sobre possíveis alternativas de grafia,
comparem com a escrita convencional e tomem progressivamente
consciência do funcionamento da ortografia. (IBID, p.85)
Partindo desse princípio as regras gramáticas possibilitem a organização
dos elementos linguísticos nas palavras compreendidos pela criança.
Assim, ensinar a gramática passa a ser trabalhá-la no sentido de que se
possa ampliar o conhecimento de língua, construindo gramáticas de outros
dialetos. É necessário que se ensine tanto a gramática da modalidade oral
do dialeto considerado padrão, quanto a gramática da modalidade escrita
do dialeto de prestígio. (MATO GROSSO, 2000, p.125).
Eis o conhecimento, ao qual o professor deve obter e mais, saber que.
[...] aprendizado não é desenvolvimento; entretanto, o aprendizado
adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em
movimento vários processos de desenvolvimento que de outra forma,
16
seriam impossíveis de acontecer. Assim, o aprendizado é um aspecto
necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções
psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas.
(VYGOTSKY apud. MATO GROSSO, 2000, p.39).
Nessa perspectiva a aprendizagem mobiliza o desenvolvimento e ambos se
efetivam na cultura. Para Vygotsky desenvolvimento e aprendizagem se interagem.
Já que não há como se desenvolver sem que haja aprendizado. A avaliação
de acordo com a escola Manoel Bandeira “deve ter caráter investigativo, diagnostico
contínuo e processual, propondo-se com a aprendizagem dos alunos e rompendo a
lógica classificatória (...).” (PPP, 2010, p.56). A avaliação não está para medir ou
classificar quem sabe ou quem não sabe, mas para estabelecer métodos de
evolução para aqueles que ainda não aprendem.
1.5 A AVALIAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE ACOMPANHAMENTO NO
DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM.
A avaliação tem como objetivo possibilitar ao aluno re-investir nos seus
conhecimentos e tomar consciência das suas aprendizagens, a fim de que se possa
monitorar sua produção para que se obtenha uma melhor qualidade no aprendizado.
Nesse contexto:
Os critérios de avaliação devem ser compreendidos: por um lado, como
aprendizagens indispensáveis ao final de um período, por outro, como
referências que permitem se comparados aos objetivos do ensino e ao
conhecimento prévio com que o aluno iniciou a aprendizagem a análise de
seus avanços ao longo do processo, considerando que as manifestações
desses avanços não são lineares, nem idênticas. (BRASIL, 1997, p.97).
Na prática pedagógica como um todo, a avaliação deve orientar a ação do
professor no sentido de adequá-la às possibilidades de aprendizagem dos alunos e
às suas necessidades, tomando como objetivo o projeto pedagógico da escola.
De acordo com GUEDES In: REVISTA Criança (2006, p.12).
Acompanhar o desenvolvimento da criança ajuda o professor a rever e
aprimorar seu trabalho. Neste sentido a criança nos leva a avaliar nossa
própria ação pedagógica e também a instituição na qual estamos inseridos.
Afinal, avaliar é o movimento de pensar tudo o que envolve nossa prática e
buscar caminhos de torná-la cada vez mais carente e mais contextualizada.
A avaliação é, portanto um ato que sugere reflexão e transformação; pois “É
ela que possibilita o acompanhamento da criança em todos os momentos vividos na
17
Educação Infantil, contribuindo com o seu avanço na ampliação do conhecimento de
si e do mundo”. (GUEDES In: REVISTA Criança 2006, p.12).
A avaliação deve ser pautada num caráter investigativo ao longo do
processo de aprendizagem, fornecendo pistas para o professor sobre as
aprendizagens já efetivadas, quanto as que ainda estão em processo de
desenvolvimento sem perder de vista que:
Um processo relacionado a um critério específico pode manifestar-se de
diferentes formas, em diferentes alunos. E uma mesma ação pode, para o
aluno, indicar avanço em relação a um critério estabelecido e, para outro
não. Por isso, além de necessitarem de indicadores precisos os critérios de
avaliação devem ser tomados em seu conjunto, considerados de forma
contextual e muito mais analisados à luz dos objetivos que realmente
orientam o ensino oferecido ao aluno. E se propósito é avaliar também o
processo, além do produto, não há nenhum instrumento de avaliação da
aprendizagem melhor do que buscar identificar porque o aluno teria dado as
respostas que deu às situações que lhe foram propostas. (BRASIL,1997
p.95.96)
Sobretudo a avaliação deve partir da observação minuciosa sobre o
aprendizado e exige critérios que devem ser construídos no coletivo, considerando
objetivos, conteúdos, parâmetros e competências destinadas ao ciclo. Quanto ao
professor cabe a ele saber que:
Avaliar não é uma tarefa simples ou rápida. Exige discernimento,
ponderação, programação. Dessa maneira o uso de registros pelo professor
sobre o que se aprende, como aprende e o que significa para o mesmo esta
aprendizagem, propicia ao professor e ao mesmo tempo ao aluno situações
de reflexões e transformação de sua ação, nos quais o professor como “
praticum reflexiva” proposta por Shon (1992) tem a possibilidade de
construir-se como tal. (MATO GROSSO, 2000, p.182)
Por essa é indispensável que o professor adote como metodologia avaliativa
o registro para que tanto lhe enquanto educador possa traçar novas propostas
pedagógicas quanto o aluno possa acompanhar seu desenvolvimento
GUEDES DIZ que: “Um aspecto significativo da prática avaliativa é o registro
(escrito, fotográfico, ou outro). Registrar o vivido pela criança permite que
acompanhemos suas conquistas e avanços.” (In: REVISTA Criança 2006 p.13)
Sobre
esse
mesmo assunto
GUEDES utiliza-se
das
palavras
de
HOFFMANN para afirmar que:
A avaliação é uma forma de conhecer/investigar o movimento das crianças
e, a partir desta investigação, pensar formas de intervenção que possam
favorecer o desenvolvimento e a ampliação dos conhecimentos da criança.
Avaliar é comprometer-se com a criança seu sucesso e suas conquistas.
(Id. IBID. p.12)
18
Ao acompanhar o processo de aprendizagem dos alunos, o professor pode
também acompanhar o seu processo de ensino e estabelecer intervenções com
novas organizações/reorganizações na sua metodologia de ensino.
Ao se avaliar os alunos o professor deve ter conhecimento de que:
Os critérios utilizados na avaliação deverão, portanto, respeitar o tempo que
o educando necessita para alcançar determinados conhecimentos, os seus
limites, as suas potencialidades ainda, as diversidades na sala de aula.
Neste processo a avaliação deve garantir a construção dos conceitos e dos
processos percorridos pela problematização, pelo confronto e ampliação
das referencias teóricas e reelaboração de novas sínteses. (MATO
GROSSO, 2000, p.182).
Para finalizar esse assunto, avaliar é compreender o processo pelo qual
passa os alunos até chegar na aprendizagem e é sobretudo o conhecimento da
nossa metodologia de ensino.
1.6 O ERRO COMO PRESSUPOSTO PARA O CERTO.
Compreender a linguagem escrita supõe tomá-la como objeto de
conhecimento, visto que “o processo apropriação de um conceito científico, a
relação da criança com o objeto do conhecimento é mediado, tendo como suporte
sempre um ao outro conceito.” (MATO GROSSO, 2000, p.43)
Dessa forma a ação educativa é uma inter-relação entre o ensino e a
aprendizagem, onde um aspecto determina o outro, por isso, é necessário que os
alunos compreendam que a escrita representa a fala, isto há uma relação entre o
que se fala e o que se escreve nesse sentido o mais importante, é o que os alunos
são capazes de produzir e fazer significar a partir desse conhecimento, tendo a
linguagem como processo de interação que:
Permite entender as primeiras aprendizagens como processo de
construção, em que as crianças redescobrem a escrita, fazendo hipóteses,
podendo compreender não apenas como a escrita é representada
graficamente, mas também sobre o que ela representa. Dessa forma a
alfabetização não será reduzida ao desenvolvimento de capacidades
relacionadas à recepção, memorização ou treino de habilidades sensório
motoras. É muito mais: é permitir à criança entender que a linguagem é a
manifestação de sua existência com o mundo, que com a linguagem ela
(criança) constrói sua identidade e realiza suas interlocuções”. (IBID, p.116 117).
Sabemos, portanto que a apropriação da escrita convencional das palavras
não é um processo fácil para crianças visto que conforme Emília Ferrero e Ana
19
Teberosky, apud GARCIA (2001 p.2) “as crianças têm suas próprias hipóteses
acerca do modo como se organiza a escrita, antes mesmo de terem sido ensinados
formalmente a ler e escrever.”
Por isso até se chegar a escrita convencional das palavras, a criança passa
pelo processo de erros gramaticais, ocultações de letras, visto que é assim que se
dá o processo de sua aprendizagem. Os erros, no entanto aparecem como subsídio
para se chegar ao certo.
As crianças são completamente capazes de falar, ler, escrever e fazer
muitas outras coisas, se não forem apressadas, envergonhadas ou
ameaçadas para que notem e corrijam a maior parte de seus próprios erros.
No começo elas tendem a ver esses erros não como coisas mal feitas de
modo indevido, mas apenas como coisas feitas de forma diferente da
esperada. (HOLT, 2007 p.293).
A criança não tem medo de cometer erros. É paciente. Ela reconhece que
através dos erros que se chegará a resposta esperada, por isso se arrisca,
consegue tolerar uma quantidade extraordinária de incertezas, confusões anseiam
por coisas novas, por novas habilidades, por essa razão é que tem energia,
determinação e paciência para aprender tudo que aprende.
É essencial perceber que as crianças aprendem independentes, não em
bandos: que elas aprendem por interesse e curiosidade, não para agradar
ou satisfazer os adultos que estão no poder; e que elas devem estar no
comando de sua própria aprendizagem, decidindo por si mesmo o que e
como querem aprender. (IBID, p.295).
De um modo geral sabemos que é a criança quem decide sua
aprendizagem, mas para se obter essa aprendizagem o erro é inevitável. Para
CAGLIARI, apud MATO GROSSO (2000, p.168) “escola é lugar de se aprender e
aprender incluir errar. Errar faz parte do processo pedagógico”. E através do erro
permeia as aprendizagens. Os adultos porém perdem essa visão. Como diz HOLT
(2007 p.133)
A maioria de nós e suficiente educada para não ficar apontando erros a
outros adultos, mas poucos denós estão prontos a manter nossos bons
modos com as crianças. Elas é que, no entanto, mas precisam de cuidados
ao mencionar seus erros, pois para ela (criança), sua condição de
desamparo, agilidade e falta de jeito para fazer as coisas que adultos fazem
não é engraçadinha, mas humilhante, e desejam ser lembradas dela o
mínimo possível.
Por essa razão ao se propor um atividade qualquer de escrita a criança é
necessário que lhe dê o seu tempo, para que execute sua atividade, pense e
repense como desenvolvê-la, pois:
20
leva algum tempo para que as crianças se acostumem às formas das letras
e das palavras, até que possam reconhecê-la ou distingui-las de outras num
piscar de olhos. Por isso devemos dar-lhe todo o tempo do mundo e não
ficar surpresos e nem perturbados com o que passa nos parecer uma
excessiva lentidão ou um erro estúpido. (HOLT, 2007,p.150).
A ansiedade e o fato de estar desenvolvendo um teste levam a criança ao medo de
fracassar, de ser punida e descriminada, reduz a capacidade de percepção, atenção
e memória da criança o que permite ao professor pensar que a criança sabe enquanto ela não sabe.
O que precisamos lembrar a respeito dessa capacidade que as crianças
têm de tomar consciência dos erros, encontrá-los e corrigi-los é que demora
para que ela comece a funcionar e também para que se estiverem sob
pressão ou ansiosas, essa capacidade não funciona de jeito nenhum. (IBID
p.161).
Então é muito importante que o professor evite corrigir erros imediatamente
ou exigir respostas rápidas, pois ao apontarmos tão logo os erros das crianças eles
continuarão acontecendo e se corrigirmos sua capacidade de auto-avaliação e
autocorreção não se desenvolverão.
Conforme Rubens Alves, apud. PAREDES (2004 p. 78)
o saber sedimentado nos poupa dos riscos da aventura de pensar (...) ao
aprender as respostas certas, os alunos desaprendem a arte de se
aventurar e de errar, sem saber que, para uma resposta certa, milhares de
tentativas erradas devem ser feitas. espero que haverá um dia em que os
alunos serão avaliados também de vôos. (...) poucos se dão conta de que o
fascínio muito maior se encontra no poder da palavra para fazer a
metamorfose do corpo. É no lugar onde a palavra faz amor com o corpo que
começa os mundos ...
Essas belas palavras de Rubens Alves sintetizam no que acredito e mais o
respeito à diversidade dos alunos favorece a sua criatividade e o prazer de
aprender.
1.7 O PROFESSOR COMO MEDIADOR DE APRENDIZAGENS.
Ao longo do processo de aprendizagem o professor deve tomar decisões
quanto à sua forma de organização didática e o conteúdo a ser apresentado ou
retomado em função das necessidades dos alunos.
PAREDES (2004 p.23), deixa claro que
(...) O professor deixa de ser um mero transmissor de conhecimentos e se
envolve no processo mesmo de aprender; interagindo e buscando junto com
os alunos as respostas para as mais diversas situações problemas.
21
Trabalhar de forma construtivista-interacionista, implica em ver cada
situação pedagógica como um problema, ou seja, problematizar o
pedagógico para dar ensejo às descobertas, às soluções. Nada está pronto.
Tudo esta por fazer junto. Nesse sentido o professor não é mais o mero
observador e transmissor, mas um observador participante.
Se pensarmos em nossa prática docente não só como processo de
transmissão de informações, mas também num processo que constitui o indivíduo
como sujeito, nossa prática pedagógica não poderá ser construída sem uma
profunda reflexão e reajustes de estratégias. É necessário pensá-la (pratica
pedagógica) num contexto social, político e cultural, buscando entender as relações
que aí se estabelecem. Assim:
O professor deixa de ser aquele que passa as informações para virar quem,
numa parceria com as crianças, prepara todos para que elaborem sem
conhecimento. Em vez de despejar conteúdos em frente à classe, ele agora
pauta seu trabalho no jeito de fazer a garotada desenvolver formas de
ampliar esse conhecimento no dia-a-dia” (PELLEGRINI, In Nova Escola.
2003, p.27)
Qualquer que seja o instrumento adotado pelo professor, o importante é
compreender o processo de aprendizagem de seus alunos e mostrar caminhos para
uma intervenção que vise melhoras.
Nessa perspectiva o que deve se buscar é
(...) entender o processo de produção dos alunos e não somente seus
resultados finais; deve-se olhar o sucesso e o insucesso e reconstruir o
processo de produção de resposta do aluno, o que permitirá determinar o
local e a incidência do erro. (SOUZA, apud LACERDA, 1995 p.77)
Quando o professor percebe os erros, ele poderá reexaminar o conteúdo e a
sua metodologia e ter claro de que:
A mente humana é um mistério. E, em certa medida, provavelmente sempre
será. Nunca avançaremos muito em educação enquanto não percebermos
isso e abandonarmos a ilusão de que podemos conhecer, medir e controlar
o que se passa dentro da mente das crianças...”(HOLT 2007, p.298).
Diante de tudo o que o educador precisa fazer é trazer o máximo do mundo
para dentro de da sala de aula, oferecer as crianças ajuda e orientação, ouvi-las e
deixá-las livres o resto elas farão por si só.
Guimarães Rosa, apud. PAREDES (2004 p.76) diz que “mestre não é quem
ensina, mas aquele que de repente, aprende.”
Será que ensinamos mais, ou aprendemos mais?
1.8 A ESCOLA MANOEL BANDEIRA E SEUS OBJETIVOS PARA O ENSINO.
22
A escola Manoel Bandeira, localizada à Rua 06 de agosto, 287, Bairro Setor
Norte I, município de Alta Floresta/MT surgiu no ano de 1987, devido à grande
demanda populacional da comunidade local. Inicialmente funcionava como extensão
da Escola Estadual Vitória Furlani da Riva, tendo como diretora nomeada, a
professora Maria Lídia dos Santos, que efetivou o nome da instituição em
homenagem ao poeta Manoel Carneiro de Souza Bandeira Filho.
Esta escola foi criada pelo Ato Governamental Nº 175/87, reconhecida pela
portaria 3277/92 SEDUC, DO Nº 21075 de 29/12/97, como escola de 1º Grau.
A Escola obteve renovação de conhecimento do Ensino Fundamental
Regular pela portaria Nº 177/03 CEEI publicada no D.O de 20/08/03 organizadas em
ciclos de formação nos moldes do projeto – Escola Ciclada de Mato Grosso
funcionando em três ciclos em nove fases.
A escola conta com uma Sala de Recursos no período matutino e vespertino
conforme pareceres 004/2005 e 215/2006 – SEDUC – MT, com a finalidade de
atender alunos matriculados no ensino regular com necessidades especiais.
Foi implantada em 2006 a modalidade Educação de Jovens e Adultos – EJA
no período noturno para possibilitar aos alunos da comunidade com distinção
idade/série o direito a escolaridadeobrigatória.
A escola possui cerca de 618 alunos matriculados divididos entre os
períodos matutino, vespertino e noturno, e cerca de 30 profissionais entre técnicos
administrativos, educacionais, professores, nutrição, vigias, coordenadores e
direção.
A escola tem como prioridade o reconhecimento de que as diferenças
sociais são marcantes em todo o país e determinam diferentes necessidades na
aprendizagem.
Para a escola o principal é que “(...) o aluno possa ser sujeito de sua própria
formação, em um processo interativo em que intervêm alunos, professores e
conhecimentos.” (PPP 2010 p.4)
Entre os objetivos da escola, destaca aqueles que condizem com a proposta
de linguagem.
Objetivo Geral
23
A escola inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Objetivos específicos
- Desenvolver a capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno
domínio da leitura, da escrita.
- Desenvolver a capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de
conhecimento e habilidades e a formação de atitudes e valores.
CAPÍTULO II
LINGUAGEM: A AQUISIÇÃO DE LEITURA E ESCRITA NO PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO DOS ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL MANOEL BANDEIRA.
2.1 A PESQUISA
Nesta pesquisa, optei por um estudo mais sistematizado e aprofundado
sobre a aquisição de leitura e escrita no processo de alfabetização dos alunos da
Escola Manoel Bandeira. O estudo constitui-se como base para esse relatório, onde
o desenvolvimento foi previamente realizado com estudos bibliográficos, que
fundamentaram o referencial teórico.
Apliquei uma sondagem composta por palavras e frases a cada três meses
no decorrer do ano de 2009 com todos meus alunos. Dos dezessete alunos
selecionei quatro, devido ao maior e menor grau de dificuldades na leitura e na
escrita, aos quais analisarei seu desenvolvimento no decorrer do trabalho.
Após o levantamento dos dados, estes foram analisados com base nos
autores como: HOLT (2007), CAGLIARI (1989), BRASIL (1997), RIBEIRO (2004)
entre outros, que subsidiaram meu estudo para a elaboração do relatório final.
Os analisados foram denominados como (A1, A2, A3, A4), procurei não
repetir analises que tenha contextos parecidos.
2.2 A CRIANÇA EM PROCESSO DE APRENDIZAGEM.
Para compreendermos como ocorre a aquisição da leitura e escrita no
processo de alfabetização é necessário conhecermos as transformações pelas quais
a concepção de infância sofreu ao longo da história da humanidade. A criança que
antes era tida como aquele que não falava sem linguagem, um período transitório da
vida humana, hoje cede lugar ao ser criativo pensante, capaz de construir o próprio
conhecimento.
Aquele ser que nas décadas de 20 a 60 eram sujeitos passivos, receptores
de conhecimentos, modelados pelo professor, agora torna a peça fundamental no
processo de aprendizagem, isto significa dizer que para ensinar uma criança o
professor precisa primeiramente descobrir o seu processo volitivo. Assim, a
25
realização pessoal passa a ser um estado criado a partir de um dado valor, pelo qual
o indivíduo torna-se sujeito de suas ações. Fatores estes que contribuirão para a
busca de sua autonomia e liberdade pessoal.
O processo volitivo, ou seja, a vontade de aprender é quem determinará o
rendimento na sua aprendizagem. É desta maneira que inicia toda aprendizagem, a
necessidade de busca e procura, para desvelar algo desconhecido é a disposição
que conduz qualquer indivíduo ao aprender. Nessa perspectiva remetimo-nos as
palavras de HOLT (2007 p.293)
É essencial perceber que as crianças aprendem independentes, não em
bandos; que elas aprendem por interesse e curiosidade, não para agradar
ou satisfazer os adultos que estão no poder, e que elas devem estar no
comando de sua própria aprendizagem, decidindo por si mesmos o que e
como querem aprender.
Portanto, sabemos que uma criança de posse da ação volitiva de aprender,
encontrará uma parcela bem maior de felicidade para aprender, mas sua
aprendizagem ocorrerá através do erro. O erro é inevitável para uma criança em
processo de aprendizagem, pois através dele que a criança chega à aprendizagem,
e é na escola que essa ação se concretiza como diz CAGLIARI (apud. Escola
ciclada 2000 p.168) “a escola é lugar de se aprender e aprender incluir errar. Errar
faz parte do processo pedagógico.”
Por esta razão é importante que já nos primeiros instantes na alfabetização
o aluno começa a ter contato com a língua escrita, para que ele tenha presente
desde o principio que ele já é ser de falante e usuário de linguagem.
A função da escola é de aplicar as possibilidades desse aluno e não
restringi-las abrindo novas fontes de possibilidades para que ocorra a tão almejada
aprendizagem.
Numa analise da infância no decorrer do tempo podemos dizer de acordo
com a Escola Ciclada (MATO GROSSO, 2000, p.35) “que os momentos de plenitude
da infância e da adolescência se projetam como iluminações, como oportunidade de
se redimir o mal – estar na cultura adulta.’’ E também como processo de reflexão
sobre o repensar do valor da criança e do conhecimento que traz consigo.
2.3 O CONHECIMENTO QUE A CRIANÇA APRESENTA SOBRE A ESCRITA NO
PROCESSO INICIAL DA ALFABETIZAÇÃO.
26
Sabemos que, desde muito cedo a criança já obtém conhecimento de tudo o
que esta a sua volta “ignorar que elas também tenham noção de leitura e escrita é
um retrocesso.’’ (FERRERO 2001, p.23)
Observamos à baixo a noção de escrita das palavras realizadas pela A1.
Nessas tentativas de escrita, a criança não procura copiar, mas a
representar o que ela imagina o que seja a escrita. Algumas crianças superam essa
etapa antes mesmo de ir para a escola, mas muitas só tem a possibilidade de
vivenciá-la ao ingressarem na alfabetização .
Observando a escrita da criança, podemos verificar a presença de garatujas
como
entre outras. Quando ao dizer que esta escrevendo a criança desenha
algumas letras agrupadas de forma aleatória ,ela já possui uma idéia do que seja a
escrita, isto é, sabe que se escreve como determinados sinais ,mesmo que não
saiba que estes sinais possuem uma ordem de colocação e significação .
Com base nos escritos da escola ciclada (MATO GROSSO, 2000, p.116 e
117) é necessário permitir as primeiras aprendizagem (grafia) dos alunos como o
processo de construção, em que as crianças redescobrem a escrita, fazendo
27
hipóteses, podendo compreender não apenas como a escrita é representada
graficamente ,Mas também sobre o que ela representa .Vendo por este ângulo a
alfabetização não pode ser reduzida ao desenvolvimento de capacidades
relacionadas á percepção ,memorização ou treino de habilidade sensório motoras.
É muito mais, permitir á criança, a compreensão de que a linguagem é a
manifestação de sua existência com o mundo, e de posse da linguagem ela poderá
construir sua identidade e suas interlocuções.
Aprofundando mais nos escrito da A1 podemos verificar além das garatujas,
letras do alfabeto ora de forma cursiva
ora de cabeça para baixo isso leva me a
crer que a criança não possui uma noção do alfabeto completo nem a forma
adequada de escrever ,mas conhece algumas letras que o compõem e que para
escrever é necessário a utilização das letras pertencentes a ele.
Observando que a noção das letras do alfabeto ainda é muito pequena pelo
aluno, tanto que ele repete as mesma letras em quase todas as palavras (MEN).
Assim podemos classificar este aluno em fase inicial como pré –silábico, mas sem
perde de vista que :
para começar a escrever, as crianças não precisam estudar a gramática,
pois já dominam a língua portuguesa na sua modalidade oral. A dificuldade
esta simplesmente no fato de as crianças não conhecerem a forma
ortográfica das palavras, após seu primeiro contato com o alfabeto”
(CAGLIARI, 1989, p.122).
Vejamos a grafia das mesmas palavras e frases por outro aluno que
chamarei de A2.
28
Ao contrario do A1, nota-se que não há garatujas nos seus registros e que
as letras usadas para grafar as palavras realmente compõem a grafia correta das
palavras.
Este aluno encontra-se na fase silábico, porém na escrita das frases
encontra maior dificuldade, chegando a ser pré-silábico. Isso vai de acordo com o
PCN (BRASIL, 1997, p.95)
Um progresso relacionado a um critério específico pode manifestar-se de
diferentes formas, em diferentes alunos. Em uma mesma ação pode para o
aluno indicar avanço em relação a um critério estabelecido e para outro não.
Um aspecto interessante que ocorre com a maioria dos alunos na fase da
alfabetização é a confusão que fazem na escrita das palavras, tanto na troca de
lugares das letras, como no caso da escrita da palavra BIO por BOI pela A2, como
na palavra KAVLO ao invés de CAVALO pelo A3. Essa confusão acontece por que
“a relação entre as letras e os sons da fala é sempre complicada pelo fato da escrita
não ser espelho da fala e por que escrito de diversas maneiras.” (CAGLIARI 1989
p.115)
29
Este aluno bem como o A4 que não apresentarei na análise, devido a
aproximação do nível da escrita do A3, apresenta uma maior relação entre a fala e a
escrita. É possível compreender que o aluno reconhece o alfabeto e que apesar da
fase inicial já consegue grafar as palavras de forma silábico-alfabéticas bem mais
aproximadas da grafia correta do que os demais analisados, enquanto que na frase
o aluno encontra-se entre o silábico e silábico-alfabético.
Essa análise tem importância muito relevante para que:
Os alunos explicitem suas suposições de como se escrevem as palavras,
reflitam sobre possíveis alternativas de grafia, comparem com a escrita
convencional e tomem progressivamente consciência do funcionamento da
ortografia. (BRASIL, 1997, p.85)
A oportunidade livre para escrever as palavras conforme seu conhecimento,
abre espaço para que a criança reflita, comparem seus resultados com o dos demais
colegas e com a escrita convencional, o que lhe permitirá compreender sua
evolução ao longo do processo de alfabetização.
2.4 OS ALUNOS EM PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO NA APRENDIZAGEM
Comparando com os dados anteriores, convido você leitor a analisar comigo
o desenvolvimento dos alunos três meses após a primeira analise, constata-se que
já houve uma evolução significativa no desenvolvimento do aluno, pois já não
aparecem mais garatujas, nem as letras de cabeça para cabeça, ou repetições das
mesmas letras para todas as palavras. Percebe-se que a criança já obtém uma
noção de que cada palavra exige uma grafia diferenciada, isto equivale dizer para
ela que, todas as palavras não são escritas da mesma forma, do mesmo jeito que a
fala não é igual para todas as palavras.
30
Nesta analise, a palavra pato aparece de forma correta, talvez isso se deve
ao fato de ser uma palavra com a qual a criança lida convencionalmente, não que eu
tenha me empenhado em fazer com que as crianças aprendessem a grafar as
palavras de forma correta, em hipótese alguma tive esse propósito, pois tenho a
visão de que:
(...) se tiver que ensinar a forma ortográfica para depois permitir que as
crianças escrevam, usando somente as palavras aprendidas, isso
ocasionará um bloqueio no uso da linguagem pela criança, com
consequências sérias para suas atividades. Na continuidade, esse me todo
leva o aluno a se sentir pedido de escrever o que acha que deve e como
gostaria, chegando a ponto de colocar o aluno em situações complicadas na
produção de textos escritos. (CAGLIARI, 1989 p.122)
Por outro nota-se que embora a grafia da palavra pato esteja correta nas outras letras não há nenhuma relação com a escrita das palavras, ou seja, a criança
permanece no nível silábico o que me deixou em completo desespero já que a metade do ano se passou e a criança continua sem relacionar com as letras. Sem saber o que fazer busquei referências nas palavras de HOLT (2007, p.150) onde ela
afirmava que
leva algum tempo para que a criança se acostume as formas das letras e
das palavras até que possam reconhecê-la ou distingui-la de outras. Por
isso é importante dar a criança todo o tempo do mundo e não ficar surpresa
nem perturbada com o que possa nos parecer uma excessiva lentidão ou
erro estúpido.
Veja outro aluno:
31
Ao olhar essas escritas e comparar com a anterior do mesmo aluno a
situação é de desespero para a professora, pois a primeira vista é possível apontar
um retrocesso na aprendizagem do aluno, mas a situação não pode ser observada
apenas por esse aspecto. Como no caso da A1 o aluno A2 também grafa
corretamente a palavra PATO e as palavras KOAL (cavalo) HOLI (gato) tem
fundamentos na escrita, KOAL aparece as letras da palavra cavalo e a troca do KA
pelo K e H ao invés de CA são confusões próprias de 90% dos alunos na
alfabetização, uma vez que na leitura do alfabeto essas letras aproximam do som da
palavra falada pela professora. Isso ocorre porque “o processo de apropriação de
um conceito cientifico, a relação da criança com o objeto do conhecimento é
mediada tendo como suporte sempre um outro conceito ’’(MATO GROSSO, 2000,
p.43)
Nesse sentido ao escrever a criança utiliza-se dos conhecimentos e
conceitos que já traz consigo e transpassa para o papel aquilo que acredita ser.
As crianças são completamente capazes de falar ,ler ,escrever fazer muitas
outras coisas ,se não forem apressadas ,envergonhadas ou ameaçadas
para que não tem e corrigir a maior parte de seus erros.No começo elas
tendem a ver esses erros não como coisas mal feitas ou jeitos de modo
indevido,mas apenas como feitas de forma diferentes da esperada. (HOLT,
2007, p.293).
Com estas palavras de HOLT podemos descrever bem o que as crianças
expressam as palavras elefante, girafa, boi, as letras usadas para escrever a palavra
não tem relação nenhuma com a escrita convencional, mas o tamanho e quantidade
de letras expressa o tamanho do animal. Ao escrever tantas letras para os animais a
criança revela que o animal é grande, portanto a grafia do seu nome
também
deveria ser grande .Neste caso a criança terá um longo caminho a percorrer até
descobrir que a grafia das palavras não tem nenhuma relação com o tamanho do
objeto ,neste caso , do animal.Esse conhecimento com certeza mais rápido do que
se espera ela o construirá já que encontra-se em processo de alfabetização e
conforme FERREIRO (2001, p.23), “Alfabetização não é um estado ,de mas um
processo que tem inicio bem cedo e não termina nunca”(...)
Observe o próximo aluno:
32
Este aluno pode-se considerar alfabético, apesar de algumas trocas de
letras e silabas. Alguns erros ortográficos refletem uma transição fonética, nem se
relacionam diretamente com a fala. São erros de troca, acréscimo ou inversão de
letras, esse fato acontece porque o aluno não domina bem o uso de certas letras e
silabas. Esse tipo de erro deve ser levado em consideração, pois a criança faz uma
aproximação muito grande da letra e silaba certa , não escolhendo uma letra que
não tem nada a ver com o som que quer representar , por exemplo :A3
XICAFA – GIRAFA
POI - BOI
PE - BEBE
Outro fator curioso são as palavras PE por BEBE. Na primeira escrita a
criança confunde o som de PE por BE , enquanto na segunda vez ,ela escreve BE,
mas não tem conhecimento de que a silaba se repete BEBE.Para ela escrever a
mesma silaba é ser repetitivo , por isso evita escrever já que apropria-se do
conhecimento de que cada som possui a sua silaba própria.
33
Até engajar-se no mundo da escrita o aluno passa por vários processos e
cada processo favorece a sua aprendizagem. “Pertence à cultura escrita significa;
portanto, a soma dos conhecimentos individuais no uso da leitura e da escrita.”
(RIBEIRO, 2004 p.50)
Com o próximo aluno os erros são bem parecidos.
Exemplo:
KAVTO – CAVALO
HTO – GATO
ELFOTE – ELEFANTE
BOSI – BOI
Outro ponto relevante que merece destaque no registro da criança é o fato
de escrever BOSI por BOI, isso leva-me a pensar que a criança não observou seu
registro acima, ou não relacionou a palavra escrita com a frase.
Esses tipos de erros são comuns entre os alfabetizandos, são erros que aos
poucos vão sendo dissipados
34
O que precisamos lembrar a respeito dessa capacidade que as crianças
têm de tomar consciência dos erros, encontrá-los e corrigi-los é que demora
para que ela comece a funcionar e também que se estiverem sob pressão
ou ansiosas, essa capacidade não funciona de jeito nenhum. (HOLT, 2007
p.161)
Deixar a criança livre para que ela mesma descubra seus erros é a melhor
solução, caso a criança encontre dificuldades para perceber, oferecer materiais da
escrita convencional das palavras, para que ela compare com o que escreveu, pode
ser uma saída para sanar a dificuldade do aluno. Ma ao realizar esse tipo de
intervenção é necessário ter muito cuidado para que não cometa o erro de
(...) ensinar a escrever por meio de práticas centradas apenas na
codificação de sons em letras. Ao contrário é preciso oferecer aos alunos
inúmeras oportunidades de aprenderem a escrever em condições
semelhantes às que caracterizam a escrita fora da escola. (BRASIL,1997, p.
66).
Mais do que ensinar as crianças a ver de uma forma, a escrita e a leitura é
preciso ensiná-la a ver de muitas formas e arriscar-se na construção de seu próprio
conhecimento.
2.5 O RESULTADO FINAL DO PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NO
PERÍODO DO ANO LETIVO 2009.
Esse resultado não inclui apenas a criança, os processos pelo qual passou
no decorrer do ano letivo até chegar a este nível de aprendizagem, mas inclui
também o meu repensar sobre minha pratica pedagógica.
Conforme GUEDES, In Revista Criança 2006 p.12)
Acompanhar o desenvolvimento da criança ajuda o professor a rever e
aprimorar seu trabalho. Neste sentido a criança nos leva também a avaliar
nossa própria ação pedagógica e também a instituição na qual estamos
inseridos. Afinal, avaliar é o movimento de pensar tudo que envolve nossa
pratica e buscar caminhos de torná-la cada vez mais coerente e mais
contextualizada.
Acompanhar o desenvolvimento dos meus alunos me fez ir a luta de
metodologias diferenciadas e proporcionar momentos diferenciados de leitura e
escrita, os resultados finais veremos a seguir.
35
Se compararmos esta sondagem com a sondagem anterior do aluno,
verificamos que houve uma grande evolução na sua aprendizagem. Este que
anteriormente traçava letras desordenadamente sem nenhuma referência do som
das letras, isso se dava ao princípio de que “as crianças têm suas próprias hipóteses
acerca do modo que se organiza a escrita, antes mesmo de terem sido ensinadas
formalmente a ler e escrever” (Teberosky e Ferrero, apud GARCIA 2001, p.2) ao
longo do processo de alfabetização seus conhecimentos vão se transformando e a
criança passa a perceber que a escrita esta diretamente relacionada a fala.
SOUZA, apud LACERDA, (1995 p.77) comenta algo interessante sobre esse
assunto
(...) Entender esse processo de produção dos alunos e não somente de
seus resultados finais; deve-se olhar o sucesso e insucesso e reconstituir o
processo de produção da resposta do aluno, o que permitirá determinar o
local e a incidência do erro.
Este aluno, por exemplo, que até a metade do ano causava-me desespero,
após o terceiro trimestre, já encontrava-se lendo e escrevendo com maior facilidade,
sua evolução foi rápida, o que eu não havia conseguido fazer com que ele
compreendesse o processo ensino/aprendizagem nos seis primeiros meses, nos
três últimos meses a criança foi melhor do que o esperado.
36
HOLT dizia em seu livro: como as crianças aprendem (2007, p.298) palavras
que caracterizam os perfis das crianças, as quais eu gosto muito.
A mente humana é um mistério. E, em certa medida, provavelmente sempre
será. Nunca avançaremos muito em educação, enquanto não percebermos
isso e abandonarmos a ilusão de que podemos conhecer, medir e controlar
o que se passa dentro da mente das crianças ...
Com estas palavras podemos resumir o progresso das duas crianças A1 e
A2.
Lembra aquela que apresentou um retrocesso no meio da investigação, veja
o quanto ele aprendeu, lê e grafa palavras, frases pequenas textos com muita
facilidade. Não relaciona mais escrita ao tamanho do objeto (animal) como
aconteceu com o A1, o A2 .
37
O desenho destes alunos já era esperado, uma vez que desde a primeira
observação já constatei que seus processos de aprendizagem encontra-se mais
evoluído em relação aos demais, e ao contrario do A1 e A2 em nenhum momento
houve diminuição no seu rendimento, da forma como começaram foram até o final.
Aprendiam com facilidade e em pouco tempo, já estavam lendo e
escrevendo com influência.
Mas importante do que ressaltar a aprendizagem dos alunos é compreender
suas diferenças e saber que nenhuma criança aprende da mesma forma que a outra
e tampouco com a mesma rapidez .Isso equivale dizer que :
Os critérios de avaliação devem ser compreendidos por um lado como
aprendizagem indispensáveis ao final de um período, por outro como
referencia que permitem – se comparados aos objetivos do ensino e ao
conhecimento prévio com que o aluno iniciou a aprendizagem a analise de
seus avanços ao longo do processo considerando que as manifestações
desse avanço não são lineares , nem idênticas. (BRASIL, 1997 p.97).
No fim do ano, os resultados foram apresentados aos alunos e aos seus
pais, que juntos sentaram, analisaram o processo no decorrer do ano, a sensação
era de euforia e curiosidades por parte dos alunos, enquanto os pais observaram
orgulhosos, elogiavam seus filhos. Juntos país e filhos, apontavam os avanços e
retrocessos (quando havia), erros e acertos. Ao final prometeram guardar com
carinho aqueles registros, pois era uma forma de mostrar o processo de seus filhos
38
e os seus conceito iniciais da escrita .Com estes relatos dos pais compreendi a
importância da avaliação escrita a partir dos conceitos pré – estabelecidos pela
criança . “É ela que possibilitara o acompanhamento da criança em todos os
momentos vividos na Educação Infantil, construindo com seu avanço na ampliação
do conhecimento de si e do mundo ’’. (GUEDES, In Revista Criança, 2006, p.12).
Enquanto desenvolverá minha avaliação minha preocupação contava não
apenas na codificação e decodificação do fone mas e grafemas mas numa
‘‘alfabetização plena, aquela que engaja o leitor principalmente na descoberta de um
mundo cheio de atrações, desafios, sentimentos novos ,profundos ,repletos de
prazer ’’. (ALMEIDA 1992 p.14).
Durante todos os anos letivos, pesquisei, busquei informações em livros,
revistas, internet, com pessoas com mais experiência no ramo da alfabetização, e
pude constatar que não há uma receita pronta , para alfabetizar, já que os alunos
são os únicos e diferenciados e devem ser respeitados mas suas particularidades
.Para alfabetizá-las nosso conhecimento deve ir alem do espaço da escola ,é abrir
espaço e obter conhecimento sobre sua família ,sua vida fará do espaço escolar e
cultura da qual fazem parte .
A alfabetização longe de ser um aprendizado mecânico ,é uma produção
cultural entre outro . E quanto mais os professores trabalharem essa
produção cultural inter-relacionadas com as outras dimensões da cultura
,mais forte estarão contribuindo para abrir caminhos rumo ao fim da
exclusão social. (MARICATO e JACINTO, apud GOMES, 2005, p 23).
No entanto só a alfabetização não da conta de atender as necessidades que
o ser humano tem cada vez maior num mundo onde a tecnologia cada dia exige
mais conhecimento, mais informação. Diante das implicações em que rotula a
alfabetização a codificação e decodificação de grafemas ,surgem discussões e
conceitos que reconhece que só a alfabetização não e o suficiente para atender a
demanda de conhecimento que o ser humano deve possuir .Então surge o
letramento :
O letramento implica habilidades varias como ,capacidade de ler e escrever
para atingir diferentes objetivos para informar ou informar – se ,para
interagir com os outros para imergir no imaginário ,no estético ,para ampliar
conhecimentos para seduzir ou induzir para dividir – se ,para orientar – se
para apoio a memória .(...)atitudes de inserção efetiva no mundo da escrita ,
tendo interesse e prazer em ler e escrever ,sabendo utilizar a escrita para
encontrar ou fornecer informações e conhecimentos escrevendo da forma
diferenciada ,segundo as circunstancias ,os objetivos e o interlocutor.
(RIBEIRO, 2004 p.91-92)
39
Dessa forma a escola tem a missão de alfabetizar letrado. Os dias
paradigmas (alfabetização e letramento) deve fazer parte do dia-a-dia na escola e
preparar o aluno para as mais diversas situações cotidianas.
Conceituando de forma mais breve pode-se dizer de acordo com FREIRE,
apud GADOTTI, (2005, p. 48 ),
que a alfabetização ‘‘ possibilita uma leitura critica
da realidade, constitui-se como instrumento de resgate da cidadania.’’ enquanto que
o letramento tem por objetivo investigar não somente quem é alfabetizado, mas
também quem não é alfabetizado e nesse sentido, “desliga-se de verificar o
individuo e centraliza-se no social.’’ (TFOUNI, 2004, p. 9-10). Embora tenha função
um pouco diversificados alfabetização e letramento devem estar sempre juntos para
que se tenha uma alfabetização de qualidade e possa garantir a criança um
conhecimento maior sobre o mundo que o cerca .
Voltando a falar sobre a gramática, deve ou não de ser ensinada a gramática
na alfabetização?
Segundo a fonte Escola Ciclada (MATO GROSSO, 2000, p.125)
a gramática deve ser ensinada no sentido de ampliar o conhecimento da
língua, construindo gramática de outros dialetos. É importante ensinar tanto
a gramática da modalidade oral do dialeto padrão, quando a gramática da
modalidade escrita do dialeto de prestigio.
O ensino da gramática deve ter inicio assim que o estudante começa a
entender o sistema é de escrita alfabética, isto é quando ele tiver aprendido, o valor
sonoro das letras, mas o professor não .Deve aprender-se somente a esse detalhe
ou exigir que a criança escreva tudo concreto desde o inicio .É Necessário dar-lhe o
tempo necessário para que ela construa seu próprio aprendizado.
Sobre o aprendizado VYGOTSKY in: MATO GROSSO (2000 p.39) diz que:
(...) aprendizado não é desenvolvimento, entanto, o aprendizado
adequadamente organizando resultado em desenvolvimento mental e põe
em movimento vários processos de desenvolvimento que de outra forma
seriam impossíveis de acontecer. Assim, o aprendizado é um aspecto
necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções
psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas.
O aprendizado se constrói de melhor forma, quando se tem oportunidade de
errar, de comparar e de construir o acerto através do erro. Essa forma ficará
registrada no cérebro da criança e dificilmente será esquecida por ela, o que não
acontecera se ela aprender a grafar a palavra correta desde o início isso impedira
que ela entre em conflito com seu raciocínio, porque a palavra e escrita dessa forma
40
e não de outra? Quando o conhecimento da gramática acontece através do erro,
isso fica mais nítido para as crianças.
2.6- A LEITURA COMO PASSAPORTE PARA A ESCRITA
Alfabetizar-se não significa apenas ler e escrever, mas transforma essa
pratica em experiência de vida.
Nesse sentido, o objeto da alfabetização e o domínio do ato de ler e
escrever. Mas é preciso analisar o que vem a ser ler e escrever, qual sua origem,
seu desenvolvimento, com a linguagem oral e com o mundo.
A linguagem oral é, sem duvida, o caminho para a aquisição da linguagem
escrita, portanto é preciso estimular o enriquecimento da linguagem oral, pois a
capacidade de comunicação é essencial e fundamental para o desenvolvimento da
capacidade de raciocínio.
É através da linguagem oral que a criança se expressa espontaneamente,
adquire o habito de ouvir e organizar o pensamento, elementos essências para a
alfabetização.
Com o tempo a criança começa a perceber que alem da linguagem oral,
também há outra forma de comunicação como a leitura e escrita.
É importante que ao começar a escrever a criança tenha conhecimento de
que leitura e escrita caminham juntas e uma esta relacionada a outra e mais que “a
leitura conduzira a liberdade do espírito , a atividade intelectual critica e autônoma .
Ou seja, “conduziria a uma consciência cartesiana, em que se manifesta a
razão equilibrada do sujeito universal.’’ (RIBEIRO, 2004 p.48)
Ler envolve mais do que decodificar símbolos e grafemas é necessário
interpretar o que se lê e buscar o contexto da situação, pois a leitura consiste na
interação é no sentido que cada um atribui a ele.
Assim quem compreende faz relações possíveis trazendo referencias
anteriores. Ler no processo interativo significa escolher, optar, hibridar,
decidir, montar, colar ressignificar. São atos, pré-codificados os percursos
são pré-ordenados, os resultados dependem da leitura e são imprevisíveis.
(POSSARI E NEDER, 2001, p.65).
41
Essa informação vai de encontro com os objetivos da escola, onde o
“objetivo geral foca-se nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana como finalidade de pleno desenvolvimento do educando ,seu preparo para
o exercício de cidadania e qualificação para o trabalho ’’ (PPP 2010 p.5), “os
objetivos específicos completam essa visão e centram-se na capacidade de
aprender, tendo como meias básicas o domínio da leitura e da escrita e em vida a
aquisição de conhecimento e habilidade e a formação de atitudes e valores”. (Id.
IBID).
A escola preocupa-se em não apenas alfabetizar mas também em letras
seus alunos, isso fica bem clara em seus objetivos e mais, a escola oferece
instrumento para que “o aluno possa se sujeito de sua própria formação .em um
processo interativo em que intervém, alunos, professores e conhecimento’’ (Id. IBID
p.4)
A missão de colocar em pratica esses objetivos do professor, e é muito
cobrado pela direção da escola.
2.7 COMO AVALIAR UMA CRIANÇA EM PROCESSO DE APRENDIZAGEM?
A resposta talvez seja simples, avaliar o que a criança produz e o significado
que ela atribui a essa produção. Mas na pratica, a situação não é tão simples assim,
é obvio que o professor terá de avaliar a produção do aluno ,mas mais do que terá
que oferecer subsídios para que o aluno tenha progresso no processo ensino
/aprendizagem.
A avaliação não é apenas uma atribuição de nota ou aprovação e
reprovação, mas um instrumento da qual o professor disponibiliza para refletir sobre
sua pratica pedagógica e estabelecer novas intervenções e metodologias para obter
o objetivo esperado, a aprendizagem dos seus alunos.
Para HOFMANN, In: REVISTA Criança (2006, p.12)
A avaliação é uma forma de conhece /investigar o movimento das crianças
e, a partir destas investigações pensar formas de intervenções que possam
favorecer o desenvolvimento da criança . Avaliar é comprometer-se com a
criança seu sucesso e suas conquista.
42
Avaliar é conhecer o processo pela qual a criança adquire conhecimento.
Esse conhecimento pode ser adquirido rápido pela criança ou não, uma vez que os
conhecimento não são adquiridos da mesma forma por todas as crianças, o que
equivale dizer que cada criança tem seu tempo para aprender, por essa razão:
Os critérios de avaliação deverão, portanto, respeitar o tempo que o
educando necessita para alcançar determinado conhecimentos, os seus
limites, as suas potencialidades ainda a diversidade presente na sala de
aula. Neste processo a avaliação deve garantir a construção dos conceitos
e dos processos percorridos pela problematizarão, pelo conforto das
referencias teóricas e reelaborarão de novas sínteses. (MATO GROSSO,
2000, p.182).
Através da avaliação é possível compreender o processo conflitante pelo
qual a criança passa ate optar por uma determinada grafia para uma palavra.
Sobre esse o PCN (BRASIL, 1997, p.95 - 96) tem muito a construir.
os critérios de avaliação devem ser tomados em seu conjunto considerados
de forma contextual ,e muito mais analisados a luz dos objetivos que
realmente orientarão o ensino oferecido ao aluno.E se o propósito é avaliar
também o processo ,alem do produto ,não há nenhum instrumento de
avaliação da aprendizagem melhor do que busca identificar porque o aluno
teria dado as respostas que deu as situações que lhe foram propostas.
A avaliação no seu contexto ,deve partir de uma observação criteriosa sobre
os diversos aspectos que envolve o processo ensina / aprendizagem .A avaliação
dos alunos remete também a avaliação do professor , mas sabemos que avaliar não
é uma tarefa simples ou rápida .Exige discernimento ,ponderação ,programação .O
uso de registros pelo professor propícia a ele e ao aluno situações de reflexão e
transformação de sua ação (MATO GROSSO, 2000, p.182)
Fato este que requer do professor o autoconhecimento de seus alunos e
experiência adquirida ao longo de SUS profissão para potencializar, atualizar, propor
e buscar novas medidas na sua ação pedagógica.
Essa perspectiva vai de encontro com os objetivos de avaliação da Escola
Manuel Bandeira, onde o PPP (2010, p.56) afirma que a avaliação deve ter um
caráter investigativa ,diagnostica ,continuo e processual propondo-se com a
aprendizagem dos alunos e rompendo a lógica classificada . “Assim a avaliação não
é um caráter classificatória, mas assume um caráter investigativo para propor novas
medidas de ensino“.
43
2.8 O PROFESSOR E SUAS MÚLTIPLAS FACETAS NO PROCESSO ENSINO
/APRENDIZAGEM
Desde o primeiro momentos na escola é papel do professor ajudar seus
alunos a refletir sobre sua escrita. Assim, ele leva a criança a perceber que as
regras ortográficas são complexas e que ira desafiá-lo por toda vida .
O desafio maior do professor é elaborar situações didáticas que permitem a
turma compreender as conexões entre a língua e a ortografia .
Outro fato muito importante para o professor é saber respeitar o ritmo de
cada criança e preparar estratégias de ensino que privilegiam as atividades
diferenciadas.
Para isso o professor deve tornar-se um observador participante, consciente
ate que, assim como seus alunos também encontra–se em processo de
aprendizagem .
Conforme PAREDES (2004, p.23)
(...) O professor deixa de ser mero transmissor de conhecimento e se
envolve no processo mesmo de aprender, interagindo e buscando junto com
os alunos as respostas para mais diversas situações problemas. Trabalhar
de forma construtiva – integracionistas, implica ver cada situação
pedagógica como um problema, ou seja, problematizar o pedagógico para
dar ensejo as descobertas, as situações nada esta pronta. Tudo esta por
fazer junto. Neste sentido o professor não é mais o mero observador e
transmissão, mas um observador-participante.
Ser um observador participante é ter objetivos claros de ensino é fazer com
que seus alunos compreendam seus objetivos. A criança deve saber sempre o que
vai aprender ,para que aprender ,e onde utilizar o que aprender .Quando o professor
discute com os estudantes os objetivos de uma atividade ou unidade de ensino da
meios para que eles acompanham o próprio desenvolvimento .Tal atitude faz com
que :
O professor deixa de ser aquele que passa as informações para virar que,
numa parceria com as crianças prepara todos para que elaborem seu
conhecimento. Em vez de despejar conteúdos em frente á classe, ele agora
pauta seu trabalho no jeito de fazer a garotada desenvolver formas de
aplicar esse conhecimento no dia-a-dia. (PELLEGRINI, In Nova Escola
2003, p.27).
Observando e analisando os alunos diariamente é possível estabelecer
maneiras de fazer com que todos os alunos aprendam.
44
Para que a observação se transforma em aprendizagem é essencial
conhecer cada aluno e suas necessidades, isso proporcionará ao professor pensar
em caminhos e metodologias para que todos os seus alunos alcance no objetivo
esperado, ou seja, repensar sua ação pedagógica, num tempo posterior a ela. Neste
momento a professora se distancia do vivido, podendo com essa distancia, olhar
para seus atos de uma outra forma, revendo os caminhos articulados os objetivos
gerais da educação e da realidade concreta de seus alunos .
Eu diria que ser professor não é tarefa fácil como muitos acreditam ser.
Ser professor é acima de tudo a representação do amor. Somente com amor
é capaz de perpetuarmos numa profissão tão gratificante mais ao mesmo tão
inquietante. É impossível manter-se passivo diante de tantos conflitos diários. Qual
metodologia utilizar com o aluno X. O que deve fazer para o aluno Y aprenda
números, e por si fazer os conflitos com os quais deparamos diariamente. Mas como
se disse anteriormente nessa profissão não se resume em preocupações tem o seu
lado gratificante quando conseguimos fazer com que os alunos com maiores
dificuldades aprendam esse é um valor incomparável para nós. Sabermos até obter
100% de resultados é difícil e poucos conseguem esse feito, somente com muito
amor, dedicação e paciência é possível chegar a esse percentual tão estimado.
O que acontece na maioria das vezes é que conforme vamos tornando
adultos vamos esquecendo e o mecanismo do raciocínio que as crianças possuem.
Rubens Alves, apud. PAREDES (2004 p.78) com palavras magníficas sobre
esse assunto. Para ele:
O saber sedimentado nos poupa dos riscos da aventuras de pensar. (...) ao
aprender as respostas certas, os alunos desaprendem a arte de se
aventurar e de errar, sem saber que, para uma resposta certa, milhares de
tentativas erradas devem ser feitas. Espero que haverá um dia em que os
alunos serão avaliados também pela ousadia de seus vôos! (...) Poucos se
dão conta de que fascínio muito maior se encontra no poder da palavra para
fazer as metamorfoses do corpo. É no lugar onde a palavra faz amor com o
corpo que começam os mundo...
Essas belas palavras de Rubens Alves sintetizam o amor que possuo pelo
erro da criança, o amor que ampliou muito mais com o desenvolvimento desse
projeto. Ao compreender o processo pelo qual a criança passa até obter
aprendizagem, compreendi também o meu processo ensino/aprendizagem. E para
45
falar a verdade aprendi mais do que as crianças. Amo o que faço, faço por amor e
com prazer exerço minha profissão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Mestre não é aquele que ensina, mas aquele que de repente aprende”
(Guimarães Rosa, apud PAREDES (2004 p.76). Reconhecer a importância dessa
frase é reconhecer que eu enquanto professora não detenho o poder muito menos o
saber mas que me, despoja a perdê-lo para que junto com meus alunos fizéssemos
imergir um saber múltiplo, construído e conquistado junto na mais diversas situações
cotidianas .
Compreendi que enquanto educadora jamais devo abusar do meu potencial
de conhecimento e superioridade e achar que as crianças devem ser modeladas de
acordo com minhas convicções, mas , ao contrário proporcionar espaço para que as
crianças demonstrem suas diferenças e potencialidade e construa seu próprio
conhecimento. Ao lidar com a diferença, percebi os diversos fatores que estão
envolvidos nesse processo, como a falta, os limites, o saber e não-saber e muitos
outros.
São esses fatores, ou melhor, dizendo a forma com o qual eu tratá-los é que
ajudara ou não, a criança a lidar com o desejo, a vontade de aprender (processo
volitivo)
Conhecer o processo pelo qual a criança aprender alem de ser instigante
levou-me a avaliar a minha própria pratica pedagógica e repensar sobre minha
metodologia de ensino.
Esse repensar sobre a pratica pedagógica levou-me a adotar metodologia
diferenciada em várias situações como o uso de material, dourada, alfabeto móvel,
quebra-cabeça silábico, auto ditado entre outros e uma maior compreensão sobre a
natureza do erro da criança.
Ao longe do desenvolvimento do trabalho é evidente que a forma e o tempo
do aluno de aprender são diferenciados e deve ser respeitado, sobretudo.
Para compreender o sistema de escrita a criança precisa entender que as
letras são utilizadas para escrever, representando os sons que falam, isto equivalem
dizer que não são quaisquer letras que se usa para representar um som. Esse é um
conhecimento no qual a criança vai construir do ao longo do processo da
alfabetização, mas que deve ser abordada desde o inicio pelo professor para que a
47
criança compreenda a natureza da gramática o quanto antes.é importante que a
criança saiba que a escrita seja ela qual for ,sempre foi uma maneira de representar
e memória coletiva religiosa ,mágica ,cientifica ,política ,artística e cultural.
(CAGLIARI 1989, p.112).
Mais do que compreender o sistema de aquisição de leitura e escrita dos
alunos é necessário alfabetizá-lo não somente nos sentido de codificar e decodificar
sistemas, mas principalmente prepará-los para a letramento para torná-lo cidadãos
críticos, para viver e conviver em sociedade e saber fazer uso da leitura e escrita e
através deles fazer a valer a lei que comanda o país .Dessa forma “o letramento
tem por objetivo investigar não somente quem é alfabetizado e, nesse sentido
desliga-se de verificar o individuo e centraliza–se no social.’’ (TFOUNI , 2004 p.910).
Esse é o foco que todo professor deve possuir e que tenho me empenhando,
não somente alfabetizar os alunos mas também liderá-los, isto é prepará-los para se
sobressair em sociedade .
Portanto ressaltar que a analise não é suficiente para prepara nenhum
aluno, mas uma base para conhecê-lo e estabelecer-me todos de auxiliá-lo em suas
dificuldades.
Entre o percurso que inicia até a alfabetização plena e o letramento concreto
ainda há muito caminho a ser percorrido pela criança. Mas se ele encontrar
referencias nesse caminho, certamente ele chegará a esse resultado mais rápida do
que se espera .Para isso o aluno terá de avançar ,romper fronteiras ,andar não
somente
pelos
caminhos
desconhecidos,admitir
determinados .
conhecidos
infinitos
,mas
possibilidade
aventurarpara
se
se
em
caminhos
conseguir
objetivos
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