INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – AJES ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO INFANTIL. LINGUAGEM: A AQUISIÇÃO DE LEITURA E ESCRITA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DOS ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL MANOEL BANDEIRA. Josiane Câdido de Sousa Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo ALTA FLORESTA/2011 INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – AJES ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO INFANTIL. LINGUAGEM: A AQUISIÇÃO DE LEITURA E ESCRITA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DOS ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL MANOEL BANDEIRA. Josiane Câdido de Sousa Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo “Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Psicopedagogia com Ênfase em Educação Infantil.” ALTA FLORESTA/2011 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela força, coragem e iluminação em meu caminho. Agradeço aos que amo pela paciência nos momentos de desanimo. DEDICATÓRIA Dedico a todas as pessoas que amo, principalmente as que convivem comigo como minha mãe e prima, pela compreensão de minha ausência em momentos importantes, pela força e incentivo para vencer os obstáculos e seguir em frente. RESUMO Como ocorre a aquisição da leitura e escrita no processo de alfabetização pelos alunos? Qual o tempo necessário para que ocorra a aprendizagem pelos alunos? Qual o papel do professor no ensino/aprendizagem? Essas são algumas das temáticas desta investigação que devo por objetivo investigar a aquisição de leitura e escrita no processo de alfabetização pelos alunos da Escola Estadual Manoel Bandeira. Esse estudo foi subsidiado por autores como HOLT (2007), CAGLIARI (1989), PCN (1997), Escola Ciclada (2000). A análise ocorreu através de diagnóstico com todos os alunos, dos quais quatro foram selecionados de acordo com maior e menor grau de dificuldade de aprendizagem. O diagnóstico possibilitoume conhecer as perspectivas de aprendizagens dos meus alunos, bem como o meu processo de ensino/aprendizagem. E a partir deste estabelecer intervenções para auxiliar o aluno na aquisição de sua aprendizagem. Percebi que cada criança possui uma forma e um tempo diferenciado de aprender isto deve ser compreendido e respeitado pelo professor. A realização deste trabalho proporcionou-me uma visão mais ampla sobre o processo ensino/aprendizagem dos alunos, uma vez que a pesquisa sobre a aprendizagem mostra que para aprender é necessário que se possa pensar o objeto inteiro, isto é o aluno na sua complexidade de conflitos até obter sua aprendizagem. As investigações apontam para o saber priorizar quais aspectos devem ser abordados ao longo do processo de alfabetização: compreender do sistema de escrita e o que está envolvida nessa aprendizagem pressupõe entender que a escrita representa a fala. Palavras chaves: – aluno – professor – aprendizagem. SUMÁRIO INTRODUÇÃO...........................................................................................................06 CAPÍTULO I - REFERENCIAL TEÓRICO 1.1 - Um olhar sobre a concepção de infância......................................................09 1.2 - O mundo da escrita e sua historicidade........................................................11 1.3 - O processo de alfabetização.........................................................................12 1.4 - Ler e escrever no processo de alfabetização...............................................14 1.5 - A avaliação como instrumento de acompanhamento no desenvolvimento da aprendizagem................................................................................................16 1.6 - O erro como pressuposto para o certo.........................................................18 1.7 – O professor como mediador de aprendizagem............................................20 1.8 – A escola Manoel Bandeira e seus objetivos.................................................21 CAPÍTULO II - LINGUAGEM: A AQUISIÇÃO DE LEITURA E ESCRITA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DOS ALUNOS DA ESCOLA MANOEL BANDEIRA.................................................................................................................24 2.1 A pesquisa............................................................................................................24 2.2 – A criança em processo de aprendizagem.........................................................24 2.3 - O conhecimento que a criança apresenta sobre a escrita no processo inicial da alfabetização..............................................................................................................25 2.4 – Os alunos em processo de desenvolvimento na aprendizagem.......................29 2.5 – O resultado final do processo de ensino/aprendizagem no período letivo de 2009............................................................................................................................34 2.6 – A leitura como passaporte para a escrita..........................................................40 2.7 – Como avaliar uma criança em processo de aprendizagem..............................41 2.8 – O professor e suas múltiplas facetas no processo ensino/aprendizagem........43 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS...........................................................................48 INTRODUÇÃO Poucas áreas do Ensino têm conhecido tantas mudanças quanta a alfabetização. Isso se deve a visão sobre a criança e sua forma de obter conhecimento ao longo dos anos. Se o problema do aprendizado encontrava-se na repetição mecânica de sílabas e palavras a proposta hoje recai sobre atividades de escrita em que as crianças são deixadas livres, para que possam registrar as palavras conforme as suas próprias convicções de como grafá-las e incentivados a comparar sua produção com a de outros colegas ou outros registros próprios anteriores em um processo de revisão, ou autocorreção e reflexão, o que proporciona a criança formar bases para um conhecimento mais sólido. Nesse processo de alfabetização renovada a criança se apropria de lógicas subjacentes à escrita,o que permite a ela escrever qualquer palavra que deseje, levando a um resultado muito mais criativo e elaborado. O mesmo se pode dizer com relação à leitura, no lugar do pseudotexto, isto é, aqueles criados com propósito didático, as crianças são estimuladas a descobrir palavras em gêneros variados e comparar suas hipóteses de escrita e associar letras ao som da fala. Para chegar a aprendizagem a criança utiliza-se de vários mecanismos, como por exemplo, o erro inevitável, uma vez que através dele a criança constrói conhecimentos fundamentais sobre a leitura e a escrita. Através do erro a criança experiência a oportunidade de vivenciar, expressar a sua realidade no processo de desenvolvimento/aprendizagem. Conforme FERREIRO e TEBEROSKY, In: Nova Escola (2003 p. 12), o erro é construtivo e “pode ser considerado elo articulador de novos saberes na construção do conhecimento”. O erro além de ser parte do processo de aprendizagem, revela o nível de conhecimento sobre a escrita e leitura que a criança detém no momento apresentando-se como subsídio para adoção de intervenções pelo professor. Sobre esse aspecto PAREDES, apud Nova Escola, (2003, p. 12), diz que “atrás de resultados aparentemente lógicos inaceitáveis, ou, pelo menos incompleto, há um rico processo de construção de conhecimentos”. Nessa perspectiva o objetivo deste trabalho é investigar como ocorre a aquisição de leitura e escrita no processo de alfabetização dos alunos da Escola Estadual Manoel Bandeira com ramificações pautadas no: permitir a compreensão e fun- 07 cionamento comunicativo e mais possibilitar ao aluno o conhecimento da relação que existe entre a fala e a escrita e por fim compreender a natureza do sistema de escrita e o que esta inserida nessa aprendizagem com a problemática voltada para como ocorre a aquisição da leitura e escrita no processo de alfabetização pelos alunos da Escola Estadual Manoel Bandeira no decorrer do ano letivo de 2009. A hipótese inicial deste trabalho era de que a aprendizagem deve ocorrer na aproximação máxima entre a intenção de dizer, o que efetivamente se escreve e a interpretação de quem lê. No decorrer do trabalho fica nítido essa hipótese, uma vez, que conforme vão aderindo a leitura e a escrita os alunos vão se preocupando cada vez mais com a escrita, para que quem lê seus escritos possa compreender-los. Embasando-me nesses conhecimentos adotei uma metodologia que permeia as atividades de análises com fundamentos é importante possibilitar ao aluno construir uma atitude investigativa diante do conhecimento. Dessa forma ao apresentar os resultados aos alunos, procuro oferecer uma seleção de fatos a serem observados, comparados entre si, analisados visando possibilitar-lhes a construção do conhecimento sobre a língua e a linguagem e a escrita desta. O movimento pedagógico exposto neste trabalho é o da ação-reflexão-ação, onde há um repensar sobre os conteúdos e estes sistematizados e reinvestidos em novas produções de leitura de leitura e escrita. Isso acontece pelo fato de das pesquisas educacionais centrarem-se no como se aprende, já que o docente ensina melhor quando melhor compreende o processo pelo qual se aprende. Preocupada com essa questão e, sobretudo, com os problemas técnicos relativos à fala e a escrita no processo de alfabetização, aplicando princípios linguísticos na interpretação e solução dos mesmos, viso uma mudança que possa colocar o aluno no lugar do sujeito no processo do próprio conhecimento. Minha proposta não é inovadora, tampouco uma metodologia pronta e acabada, mas uma estratégia que oferece ao professor subsídios para conhecer os alunos e os processos envolvidos na aprendizagem destes. Baseada numa metodologia que considere a necessidade de reflexão sobre a linguagem escrita; que entenda a linguagem verbal não apenas como instrumento 08 de comunicação privilegiado, mas perceba também sua estrutura e organização interna. Minha intenção não é polarizar preocupações; mas ter o conhecimento de que a ação educativa é o resultado de uma relação intrínseca entre o ensino e a aprendizagem, onde um aspecto determina o outro numa inter – relação. Assim só é possível contribuirmos mais para a aprendizagem quando conhecemos o processo pelo qual passa o nosso aluno. “A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará a ao seu tamanho original ’’ (EINSTEIN apud Nova Escola 2004 p.66). De posse desse conhecimento, me dispus a buscar informações através de pesquisas bibliográficas para um maior enriquecimento sobre o tema para investigar a linguagem, na aquisição de leitura e escrita no processo de alfabetização dos alunos da Escola Estadual Manoel Bandeira. Logo após parti para o trabalho de análise e coleta de informações, como registros próprios e amostras de registros das crianças. Procurei informações a respeito do assunto junto a livros e revistas e em autores como HOLT (2007), PAREDES (2004), PCN (1997), CALGLIARI (1989) entre outros. Após a coleta de dados, sistematizei e analisei os mesmos, subsidiados pelo referencial, para elaboração do relatório final. O presente trabalho está estruturado desta forma: a introdução apresenta, de forma geral, o tema da pesquisa, no capítulo I, referencial teórico que subsidiou o desenvolvimento da pesquisa; no capítulo II, a análise a respeito da linguagem, aquisição de leitura e escrita no processo de alfabetização dos alunos da Escola Manoel Bandeira. E as considerações finais apresentam reflexões e sugestões sobre a temática pesquisada. CAPÍTULO I REFERÊNCIAL TEÓRICO 1.1 UM OLHAR SOBRE A CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA. “... Mais do que ensinar a ver de certa forma. É desejar que se veja de muitas formas” (MENESES, 2005, p. 66) O redimensionamento da educação escolar pressupõe a compreensão dos significados atribuídos à infância na esfera da cultura e da vida social contemporânea, uma vez que a educação, como processo, depende nas suas manifestações de uma postura diante do conhecimento e da sociedade, onde estes são imprescindíveis para analise do processo educativo e sua compreensão. Para compreendermos como ocorre o processo ensino/aprendizagem e suas implicações retemo-nos a análise de como a criança vem sendo pensado desde a antiguidade até o presente momento, onde o que se discute é como a educá-lo e discipliná-lo no mundo moderno em que nos encontramos. Farei essa discussão tendo como subsidio o livro Escola Ciclada de Mato Grosso. Conforme ARIÊS (1981), até o século XVI, a infância era concebida como um período transitório da vida humana, que deveria ser superado, assim que as crianças independem dos cuidados adultos não havia um “sentimento de infância”, como acomodações roupas ou brinquedos para ela, dessa forma, confundiam-se com os adultos. (MATO GROSSO, 2000, p.30). Para entendermos melhor essa visão sobre as crianças, remetemo-nos a etimologia da palavra infância que é proveniente do latim infans e significa aquele que não fala, sem linguagem. Sob essa perspectiva Descartes afirma que a infância caracteriza-se pelo aprisionamento da alma no corpo, o que torna o homem propício não há razão. Já no século XVII a criança passa a ser um sujeito singular diferente dos adultos o que Ariès “denomina de sentimento moderno de infância” caracterizado por práticas sociais diversas, que são: a paparicação e a necessidade de educar a criança mediante a moralização. (MATO GROSSO, 2000, p. 31). 10 Diante dessa nova visão de infância a educação torna-se uma necessidade urgente com educadores preocupados com técnicas e métodos voltados à disciplina e controle de costumes. Nesse contexto surge a Psicologia do desenvolvimento tendo a criança e o adolescente como organismos biológicos em fase de maturação, desvinculados da cultura e da vida social, junto a essa visão surgem os testes psicológicos com finalidade de expor as competências intelectuais e lingüísticas bem como suas habilidades. Nesse sentido a inteligência passa a ser como dizia Binet, “a inteligência que mede o meu teste” (SANTOS, 1998, p.38). Entre as décadas de 20 a 60 surge a Psicologia Comportamental o behaviorismo defendido por Watson e Skinner. Nessa teoria a criança e o adolescente são sujeitos passivos, modelados. Na educação a aprendizagem é observável, onde o professor manipula e assegura a aprendizagem do aluno, esse por sua vez “passa ser o de receptor do conhecimento e dele espera a aceitação de metas preestabelecidas”. (SANTOS, 1998, p.67). Na década 70, segundo MATO GROSSO (2000), ocorre uma reviravolta com o construtivismo defendido por Jean Piaget e Vigotsky a criança surge como o sujeito ativo e cognoscente, capaz de construir o próprio conhecimento. Sob essa nova visão de infância e adolescência Benjamim diz que é possível um resgate do passado que ressignifica o presente e o futuro, trazendo o novo, dando a infância o lugar a crítica por excelência diante da possibilidade de fazer o que não se podia, por que era reprimido ou proibido. Assim “os momentos plenitude da infância e da adolescência se projetam como iluminações, como oportunidades de se redimir o mal-estar na cultura adulta.” (MATO GROSSO, 2000, p.35). A infância e a adolescência, adquirem uma nova importância, tornam-se alvos para o consumo, energia vital do capitalismo “ser criança é ter um corpo que consome coisas de crianças”. (Id IBID). A mídia, a tecnologia e o consumo ganha mais espaço dia-após-dia o que gera um distanciamento cada vez maior entre crianças e adolescentes dos adultos. Diante de tudo isso, 11 surge outros problemas: ausentes – pais e mais ingressados no mercado de trabalho, professores que já não falam a mesma língua das crianças e dos adolescentes o que os tornam cada vez mais individualizados. 1.2 O MUNDO DA ESCRITA E SUA HISTORICIDADE. A escrita, segundo CAGLIARI (1989), possui três fases distintas a pictórica, a ideográfica e a alfabética. possui três fases distintas a pictórica, a ideográfica e a alfabética. Na fase pictórica, a forma de comunicação acontece por desenhos ou pictogramas, sendo consideradas as primeiras formas de escrita. Essas formas de escrita podem ser vista em Ojibwa da América do norte e nas civilizações astecas. Já na fase ideográfica os desenhos ganham outras formas, chamados ideogramas, que ao longo da evolução foram perdendo seus traços mais representativos, tornando-se simples convenções da escrita. Essas representações foram características das civilizações egípcias e mesopotâmicas e chinesas. As letras ao qual compõe nosso alfabeto hoje, segundo CAGLIARI (1989), vieram desse tipo de evolução, que após inúmeras transformações. Primeiro surgiram os silabários, que eram um conjunto de sinais para representar cada sílaba. Os fenícios utilizaram vários sinais de escrita egípcia, construíram um inventário de caracteres com som consonantal, onde não era necessária a escrita das vogais, sendo as palavras conhecidas apenas como consoantes. Os gregos utilizam-se do sistema de escrita fenícia, juntaram vogais e consoantes, criaram o sistema de escrita alfabético. Posteriormente, a escrita grega foi adaptada pelos romanos, que após várias transformações, hoje temos o nosso alfabeto. Conforme CAGLIARI (1989, p. 112) “A escrita seja ela qual for, sempre foi uma maneira de representar a memória coletiva religiosa, mágica, científica, política, artística e cultural.” 12 O sistema de escrita, encontra-se dividido em dois grupos. O sistema de escrita com base no significado (escrita ideográfica) e os sistemas significantes (escrita fonográfica). Os sistemas significantes são, em geral pictóricos, baseados nos significados que querem transmitir, e nos conhecimentos culturais. Já o sistema de escrita os sistemas significante depende dos elementos sonoros de uma língua para ser lido e decifrado assim: Todo sistema de escrita tem um compromisso direto ou indireto com os sons de uma língua, e como as línguas inexoralmente mudam com tempo, transformando a forma fônica das palavras, a escrita começa a ser de difícil leitura (...). (CAGLIARI, 1989 p.115). Estamos numa era, onde tudo muda frequentemente, com a escrita também não é diferente, esta passa por reformulações e modificações na grafia, acentuação entre outros, por isso as crianças encontram muitas dificuldades pois, “a relação entre as letras e os sons da fala é sempre mais complicada pelo fato de a escrita não ser espelho da fala e por que é possível ler o que está escrito de diversas maneiras.” (ID IBID). As crianças nos seus registros usam recursos especiais da escrita para representar alguns sons da fala sob o seu ponto de vista. Para começar a escrever, as crianças não precisam estudar a gramática, pois já dominam a língua portuguesa na sua modalidade oral. A dificuldade está simplesmente no fato de as crianças não conhecerem a forma ortográfica das palavras após seus primeiros contatos com o alfabeto. Se tiver que ensinar a forma ortográfica para depois permitir que as crianças escrevam, usando somente às palavras aprendidas, isso ocasionará um bloqueio no uso da linguagem pela criança, com consequências sérias para suas atividades. Na continuidade, esse método leva o aluno a se sentir impedido de escrever o que acha que deve e como gostaria, chegando ao ponto de colocar o aluno em situações complicadas na produção de textos escritos. (IBID p.122). Refletindo sobre as características do sistema de escrita, podemos constatar a distancia que há entre a fala e a escrita, porém, a escrita é entendida como representação da fala. 1.3 O PROCESSO ALFABETIZAÇÃO. A partir de 1970, (In Revista Nova Escola, 2003, p. 12), com as pesquisas de Ana Teberosky e Emília Ferrero a visão sobre a criança começou a mudar, pois 13 segundo elas, as crianças desde cedo estabelecem hipóteses sobre a escrita, através de leituras de desenhos, pinturas, histórias lidas por alguém etc. E só então, depois elas percebem que as letras representam os sons dos grafemas. Conforme FERREIRO (2003. p.23): A alfabetização não é um estado, mas um processo que tem início bem cedo e não termina nunca (...) nós não somos igualmente alfabetizados para qualquer situação de uso da língua escrita. É notável que a idéia dos alunos evolua e que são seres criativos, qualquer emoção, qualquer objeto pode se transformar em um estímulo para que sua imaginação percorra o mudo do faz-de-conta. Assim ignorar que as crianças pensem e tenham condições de escrever desde cedo é retrocesso. Assim, a alfabetização não se restringe apenas a condição e decodificação de grafemas, mas sim uma ação de tornar de tornar “alfabetos” de formar leitores críticos para sobreviver com a sociedade como processo de construção progressiva. “a alfabetização plena é aquela que engaja o leitor principalmente na descoberta de um mundo cheio de atrações, desafios, sentimentos novos, profundos, repletos de prazer.” (autor desconhecido apud. ALMEIDA 1992 p.14). Adentrando mais sobre esse assunto FREIRE, apud GADOTTI (2005, p.48), diz que a alfabetização “possibilita uma leitura crítica da realidade, constitui-se como um instrumento de resgate da cidadania”. Portanto, a alfabetização á a análise mais profunda do que vem a ser ler e escrever, buscando identificar qual sua origem, qual seu desenvolvimento, suas ações com o pensamento ligado à linguagem oral e com o mundo. De acordo com FREIRE, apud GOMES (2005, p. 23), “A alfabetização é parte das situações concretas e cotidianas vividas pela população com o objetivo declarado de conscientização.” O conhecimento cognitivo das crianças depende tanto do conhecimento individual quanto do sócio-cultural, assim não ensinamos uma criança, mas esta pertence a uma determinada classe social onde se efetivará sua aprendizagem. Segundo MARICATO e JACINTO, apud GOMES (2005, p. 23), A alfabetização longe de ser um aprendizado mecânico, é uma produção cultural entre outro. E quanto mais os professores trabalharem essa produção cultural inter- relacionada com as outras dimensões da cultura, mais forte estarão contribuindo para abrir caminhos rumo ao fim da exclusão social. 14 No entanto, sabemos que novos tempos exigem novas mudanças, e que conforme estas vão acontecendo é necessário que a escola acompanhe. Só a alfabetização não é suficiente para que o indivíduo se desenvolva, eis que surge o letramento com novas implicações. O letramento implica habilidades várias como: capacidade de ler e escrever para atingir diferentes objetivos para informar ou informar-se, para interagir com os outros, para imergir no imaginário, no estético, para ampliar conhecimentos, para seduzir ou induzir, para divertir-se para orientar-se, para apoio a memória, (...) atitudes de inserção efetiva no mundo da escrita, tendo interesse e prazer em ler e escrever, sabendo utilizar a escrita para encontrar ou fornecer informações e conhecimento escrevendo de forma diferenciada, segundo as circunstâncias, os objetivos e o interlocutor. (RIBEIRO, 2004, p.91-2) As práticas de letramento envolvem a maneira como os participantes se comportam num determinado evento, tanto social quanto cultural, determinando suas interpretações para dar sentido ao uso da leitura e escrita em uma situação particular. Letramento é mais do que a codificação e decodificação de fonemas e grafemas, pois o uso e a prática contínua desses termos: Desse modo, o letramento tem por objetivo investigar não somente quem é alfabetizado, mas também quem não é alfabetizado e, nesse sentido desliga-se de verificar o indivíduo e centralizar-se no social. (TFOUNI, 2004 p.910). Por ser um processo amplo o letramento é uma prática que sempre estará em processo de mudança para atingir novas demandas sociais do saber e da tecnologia. 1.4 LER E ESCREVER NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO. A criança nos primeiros anos de vida, constrói o pensamento diante daquilo que vê, ouve, sente, através de gestos e da linguagem oral. Dessa forma a criança depara com um mundo cheio de atrações (letras, palavras, frases e textos) e se engajará nesse mundo muito mais facilmente se puder participar integralmente dele. Segundo RIBEIRO (2004 p.50) “pertence à cultura escrita significa, portanto, a soma dos conhecimentos individuais no uso da leitura e da escrita”. Assim, quanto maior o contato com a escrita, maiores lhe serão a capacidade e a oportunidade do sujeito de realizar tarefas. Ler escrever são atos 15 inteligentes de encontrar significados por meio de símbolos gráficos, não são, portanto, atos mecânicos, mas uma aquisição cognitiva, linguística. De acordo com POSSARI E NEDER (2001, p.65) “Ler no processo interativo significa escolher, optar, hibridar, decidir, montar, colar, ressignificar. São atos précodificados, os resultados dependem das leituras e são imprevisíveis”. A leitura e a escrita ora pode difundir idéias, ora pode ocultar, garantindo o poder somente aqueles que a ela tem acesso, pois as habilidades se desenvolvem ao longo da vida, á medida que surgem os obstáculos. “A leitura conduzirá à liberdade do espírito, à atividade intelectual crítica e autônomo. Ou seja, conduzirá a uma consciência cartesiana, em que se manifesta a razão equilibrada do sujeito universal” (RIBEIRO, 2004 p.48) A prática da leitura e escrita é vista como instrumento de capacitação para a competição. Então, ler e escrever representa uma forma de ser capaz de tirar proveito tanto no espaço social, quanto nas situações profissionais. Por essa razão a alfabetização requer reflexões. Conforme o PCN (BRASIL, 1997 p.66) A principal delas é que não se deve ensinar a escrever por meio a práticas centradas apenas na codificação de sons em letras. Ao contrário e preciso oferecer aos alunos inúmeras oportunidades de aprenderem a escrever em condições semelhantes às que caracterizam a escrita fora da escola. É necessário que a criança aprenda os aspectos da escrita, o princípio alfabético e normas ortográficas. Para isso É preciso fazer com os alunos expliquem suas suposições de como se escrevemos palavras, reflitam sobre possíveis alternativas de grafia, comparem com a escrita convencional e tomem progressivamente consciência do funcionamento da ortografia. (IBID, p.85) Partindo desse princípio as regras gramáticas possibilitem a organização dos elementos linguísticos nas palavras compreendidos pela criança. Assim, ensinar a gramática passa a ser trabalhá-la no sentido de que se possa ampliar o conhecimento de língua, construindo gramáticas de outros dialetos. É necessário que se ensine tanto a gramática da modalidade oral do dialeto considerado padrão, quanto a gramática da modalidade escrita do dialeto de prestígio. (MATO GROSSO, 2000, p.125). Eis o conhecimento, ao qual o professor deve obter e mais, saber que. [...] aprendizado não é desenvolvimento; entretanto, o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que de outra forma, 16 seriam impossíveis de acontecer. Assim, o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas. (VYGOTSKY apud. MATO GROSSO, 2000, p.39). Nessa perspectiva a aprendizagem mobiliza o desenvolvimento e ambos se efetivam na cultura. Para Vygotsky desenvolvimento e aprendizagem se interagem. Já que não há como se desenvolver sem que haja aprendizado. A avaliação de acordo com a escola Manoel Bandeira “deve ter caráter investigativo, diagnostico contínuo e processual, propondo-se com a aprendizagem dos alunos e rompendo a lógica classificatória (...).” (PPP, 2010, p.56). A avaliação não está para medir ou classificar quem sabe ou quem não sabe, mas para estabelecer métodos de evolução para aqueles que ainda não aprendem. 1.5 A AVALIAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE ACOMPANHAMENTO NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM. A avaliação tem como objetivo possibilitar ao aluno re-investir nos seus conhecimentos e tomar consciência das suas aprendizagens, a fim de que se possa monitorar sua produção para que se obtenha uma melhor qualidade no aprendizado. Nesse contexto: Os critérios de avaliação devem ser compreendidos: por um lado, como aprendizagens indispensáveis ao final de um período, por outro, como referências que permitem se comparados aos objetivos do ensino e ao conhecimento prévio com que o aluno iniciou a aprendizagem a análise de seus avanços ao longo do processo, considerando que as manifestações desses avanços não são lineares, nem idênticas. (BRASIL, 1997, p.97). Na prática pedagógica como um todo, a avaliação deve orientar a ação do professor no sentido de adequá-la às possibilidades de aprendizagem dos alunos e às suas necessidades, tomando como objetivo o projeto pedagógico da escola. De acordo com GUEDES In: REVISTA Criança (2006, p.12). Acompanhar o desenvolvimento da criança ajuda o professor a rever e aprimorar seu trabalho. Neste sentido a criança nos leva a avaliar nossa própria ação pedagógica e também a instituição na qual estamos inseridos. Afinal, avaliar é o movimento de pensar tudo o que envolve nossa prática e buscar caminhos de torná-la cada vez mais carente e mais contextualizada. A avaliação é, portanto um ato que sugere reflexão e transformação; pois “É ela que possibilita o acompanhamento da criança em todos os momentos vividos na 17 Educação Infantil, contribuindo com o seu avanço na ampliação do conhecimento de si e do mundo”. (GUEDES In: REVISTA Criança 2006, p.12). A avaliação deve ser pautada num caráter investigativo ao longo do processo de aprendizagem, fornecendo pistas para o professor sobre as aprendizagens já efetivadas, quanto as que ainda estão em processo de desenvolvimento sem perder de vista que: Um processo relacionado a um critério específico pode manifestar-se de diferentes formas, em diferentes alunos. E uma mesma ação pode, para o aluno, indicar avanço em relação a um critério estabelecido e, para outro não. Por isso, além de necessitarem de indicadores precisos os critérios de avaliação devem ser tomados em seu conjunto, considerados de forma contextual e muito mais analisados à luz dos objetivos que realmente orientam o ensino oferecido ao aluno. E se propósito é avaliar também o processo, além do produto, não há nenhum instrumento de avaliação da aprendizagem melhor do que buscar identificar porque o aluno teria dado as respostas que deu às situações que lhe foram propostas. (BRASIL,1997 p.95.96) Sobretudo a avaliação deve partir da observação minuciosa sobre o aprendizado e exige critérios que devem ser construídos no coletivo, considerando objetivos, conteúdos, parâmetros e competências destinadas ao ciclo. Quanto ao professor cabe a ele saber que: Avaliar não é uma tarefa simples ou rápida. Exige discernimento, ponderação, programação. Dessa maneira o uso de registros pelo professor sobre o que se aprende, como aprende e o que significa para o mesmo esta aprendizagem, propicia ao professor e ao mesmo tempo ao aluno situações de reflexões e transformação de sua ação, nos quais o professor como “ praticum reflexiva” proposta por Shon (1992) tem a possibilidade de construir-se como tal. (MATO GROSSO, 2000, p.182) Por essa é indispensável que o professor adote como metodologia avaliativa o registro para que tanto lhe enquanto educador possa traçar novas propostas pedagógicas quanto o aluno possa acompanhar seu desenvolvimento GUEDES DIZ que: “Um aspecto significativo da prática avaliativa é o registro (escrito, fotográfico, ou outro). Registrar o vivido pela criança permite que acompanhemos suas conquistas e avanços.” (In: REVISTA Criança 2006 p.13) Sobre esse mesmo assunto GUEDES utiliza-se das palavras de HOFFMANN para afirmar que: A avaliação é uma forma de conhecer/investigar o movimento das crianças e, a partir desta investigação, pensar formas de intervenção que possam favorecer o desenvolvimento e a ampliação dos conhecimentos da criança. Avaliar é comprometer-se com a criança seu sucesso e suas conquistas. (Id. IBID. p.12) 18 Ao acompanhar o processo de aprendizagem dos alunos, o professor pode também acompanhar o seu processo de ensino e estabelecer intervenções com novas organizações/reorganizações na sua metodologia de ensino. Ao se avaliar os alunos o professor deve ter conhecimento de que: Os critérios utilizados na avaliação deverão, portanto, respeitar o tempo que o educando necessita para alcançar determinados conhecimentos, os seus limites, as suas potencialidades ainda, as diversidades na sala de aula. Neste processo a avaliação deve garantir a construção dos conceitos e dos processos percorridos pela problematização, pelo confronto e ampliação das referencias teóricas e reelaboração de novas sínteses. (MATO GROSSO, 2000, p.182). Para finalizar esse assunto, avaliar é compreender o processo pelo qual passa os alunos até chegar na aprendizagem e é sobretudo o conhecimento da nossa metodologia de ensino. 1.6 O ERRO COMO PRESSUPOSTO PARA O CERTO. Compreender a linguagem escrita supõe tomá-la como objeto de conhecimento, visto que “o processo apropriação de um conceito científico, a relação da criança com o objeto do conhecimento é mediado, tendo como suporte sempre um ao outro conceito.” (MATO GROSSO, 2000, p.43) Dessa forma a ação educativa é uma inter-relação entre o ensino e a aprendizagem, onde um aspecto determina o outro, por isso, é necessário que os alunos compreendam que a escrita representa a fala, isto há uma relação entre o que se fala e o que se escreve nesse sentido o mais importante, é o que os alunos são capazes de produzir e fazer significar a partir desse conhecimento, tendo a linguagem como processo de interação que: Permite entender as primeiras aprendizagens como processo de construção, em que as crianças redescobrem a escrita, fazendo hipóteses, podendo compreender não apenas como a escrita é representada graficamente, mas também sobre o que ela representa. Dessa forma a alfabetização não será reduzida ao desenvolvimento de capacidades relacionadas à recepção, memorização ou treino de habilidades sensório motoras. É muito mais: é permitir à criança entender que a linguagem é a manifestação de sua existência com o mundo, que com a linguagem ela (criança) constrói sua identidade e realiza suas interlocuções”. (IBID, p.116 117). Sabemos, portanto que a apropriação da escrita convencional das palavras não é um processo fácil para crianças visto que conforme Emília Ferrero e Ana 19 Teberosky, apud GARCIA (2001 p.2) “as crianças têm suas próprias hipóteses acerca do modo como se organiza a escrita, antes mesmo de terem sido ensinados formalmente a ler e escrever.” Por isso até se chegar a escrita convencional das palavras, a criança passa pelo processo de erros gramaticais, ocultações de letras, visto que é assim que se dá o processo de sua aprendizagem. Os erros, no entanto aparecem como subsídio para se chegar ao certo. As crianças são completamente capazes de falar, ler, escrever e fazer muitas outras coisas, se não forem apressadas, envergonhadas ou ameaçadas para que notem e corrijam a maior parte de seus próprios erros. No começo elas tendem a ver esses erros não como coisas mal feitas de modo indevido, mas apenas como coisas feitas de forma diferente da esperada. (HOLT, 2007 p.293). A criança não tem medo de cometer erros. É paciente. Ela reconhece que através dos erros que se chegará a resposta esperada, por isso se arrisca, consegue tolerar uma quantidade extraordinária de incertezas, confusões anseiam por coisas novas, por novas habilidades, por essa razão é que tem energia, determinação e paciência para aprender tudo que aprende. É essencial perceber que as crianças aprendem independentes, não em bandos: que elas aprendem por interesse e curiosidade, não para agradar ou satisfazer os adultos que estão no poder; e que elas devem estar no comando de sua própria aprendizagem, decidindo por si mesmo o que e como querem aprender. (IBID, p.295). De um modo geral sabemos que é a criança quem decide sua aprendizagem, mas para se obter essa aprendizagem o erro é inevitável. Para CAGLIARI, apud MATO GROSSO (2000, p.168) “escola é lugar de se aprender e aprender incluir errar. Errar faz parte do processo pedagógico”. E através do erro permeia as aprendizagens. Os adultos porém perdem essa visão. Como diz HOLT (2007 p.133) A maioria de nós e suficiente educada para não ficar apontando erros a outros adultos, mas poucos denós estão prontos a manter nossos bons modos com as crianças. Elas é que, no entanto, mas precisam de cuidados ao mencionar seus erros, pois para ela (criança), sua condição de desamparo, agilidade e falta de jeito para fazer as coisas que adultos fazem não é engraçadinha, mas humilhante, e desejam ser lembradas dela o mínimo possível. Por essa razão ao se propor um atividade qualquer de escrita a criança é necessário que lhe dê o seu tempo, para que execute sua atividade, pense e repense como desenvolvê-la, pois: 20 leva algum tempo para que as crianças se acostumem às formas das letras e das palavras, até que possam reconhecê-la ou distingui-las de outras num piscar de olhos. Por isso devemos dar-lhe todo o tempo do mundo e não ficar surpresos e nem perturbados com o que passa nos parecer uma excessiva lentidão ou um erro estúpido. (HOLT, 2007,p.150). A ansiedade e o fato de estar desenvolvendo um teste levam a criança ao medo de fracassar, de ser punida e descriminada, reduz a capacidade de percepção, atenção e memória da criança o que permite ao professor pensar que a criança sabe enquanto ela não sabe. O que precisamos lembrar a respeito dessa capacidade que as crianças têm de tomar consciência dos erros, encontrá-los e corrigi-los é que demora para que ela comece a funcionar e também para que se estiverem sob pressão ou ansiosas, essa capacidade não funciona de jeito nenhum. (IBID p.161). Então é muito importante que o professor evite corrigir erros imediatamente ou exigir respostas rápidas, pois ao apontarmos tão logo os erros das crianças eles continuarão acontecendo e se corrigirmos sua capacidade de auto-avaliação e autocorreção não se desenvolverão. Conforme Rubens Alves, apud. PAREDES (2004 p. 78) o saber sedimentado nos poupa dos riscos da aventura de pensar (...) ao aprender as respostas certas, os alunos desaprendem a arte de se aventurar e de errar, sem saber que, para uma resposta certa, milhares de tentativas erradas devem ser feitas. espero que haverá um dia em que os alunos serão avaliados também de vôos. (...) poucos se dão conta de que o fascínio muito maior se encontra no poder da palavra para fazer a metamorfose do corpo. É no lugar onde a palavra faz amor com o corpo que começa os mundos ... Essas belas palavras de Rubens Alves sintetizam no que acredito e mais o respeito à diversidade dos alunos favorece a sua criatividade e o prazer de aprender. 1.7 O PROFESSOR COMO MEDIADOR DE APRENDIZAGENS. Ao longo do processo de aprendizagem o professor deve tomar decisões quanto à sua forma de organização didática e o conteúdo a ser apresentado ou retomado em função das necessidades dos alunos. PAREDES (2004 p.23), deixa claro que (...) O professor deixa de ser um mero transmissor de conhecimentos e se envolve no processo mesmo de aprender; interagindo e buscando junto com os alunos as respostas para as mais diversas situações problemas. 21 Trabalhar de forma construtivista-interacionista, implica em ver cada situação pedagógica como um problema, ou seja, problematizar o pedagógico para dar ensejo às descobertas, às soluções. Nada está pronto. Tudo esta por fazer junto. Nesse sentido o professor não é mais o mero observador e transmissor, mas um observador participante. Se pensarmos em nossa prática docente não só como processo de transmissão de informações, mas também num processo que constitui o indivíduo como sujeito, nossa prática pedagógica não poderá ser construída sem uma profunda reflexão e reajustes de estratégias. É necessário pensá-la (pratica pedagógica) num contexto social, político e cultural, buscando entender as relações que aí se estabelecem. Assim: O professor deixa de ser aquele que passa as informações para virar quem, numa parceria com as crianças, prepara todos para que elaborem sem conhecimento. Em vez de despejar conteúdos em frente à classe, ele agora pauta seu trabalho no jeito de fazer a garotada desenvolver formas de ampliar esse conhecimento no dia-a-dia” (PELLEGRINI, In Nova Escola. 2003, p.27) Qualquer que seja o instrumento adotado pelo professor, o importante é compreender o processo de aprendizagem de seus alunos e mostrar caminhos para uma intervenção que vise melhoras. Nessa perspectiva o que deve se buscar é (...) entender o processo de produção dos alunos e não somente seus resultados finais; deve-se olhar o sucesso e o insucesso e reconstruir o processo de produção de resposta do aluno, o que permitirá determinar o local e a incidência do erro. (SOUZA, apud LACERDA, 1995 p.77) Quando o professor percebe os erros, ele poderá reexaminar o conteúdo e a sua metodologia e ter claro de que: A mente humana é um mistério. E, em certa medida, provavelmente sempre será. Nunca avançaremos muito em educação enquanto não percebermos isso e abandonarmos a ilusão de que podemos conhecer, medir e controlar o que se passa dentro da mente das crianças...”(HOLT 2007, p.298). Diante de tudo o que o educador precisa fazer é trazer o máximo do mundo para dentro de da sala de aula, oferecer as crianças ajuda e orientação, ouvi-las e deixá-las livres o resto elas farão por si só. Guimarães Rosa, apud. PAREDES (2004 p.76) diz que “mestre não é quem ensina, mas aquele que de repente, aprende.” Será que ensinamos mais, ou aprendemos mais? 1.8 A ESCOLA MANOEL BANDEIRA E SEUS OBJETIVOS PARA O ENSINO. 22 A escola Manoel Bandeira, localizada à Rua 06 de agosto, 287, Bairro Setor Norte I, município de Alta Floresta/MT surgiu no ano de 1987, devido à grande demanda populacional da comunidade local. Inicialmente funcionava como extensão da Escola Estadual Vitória Furlani da Riva, tendo como diretora nomeada, a professora Maria Lídia dos Santos, que efetivou o nome da instituição em homenagem ao poeta Manoel Carneiro de Souza Bandeira Filho. Esta escola foi criada pelo Ato Governamental Nº 175/87, reconhecida pela portaria 3277/92 SEDUC, DO Nº 21075 de 29/12/97, como escola de 1º Grau. A Escola obteve renovação de conhecimento do Ensino Fundamental Regular pela portaria Nº 177/03 CEEI publicada no D.O de 20/08/03 organizadas em ciclos de formação nos moldes do projeto – Escola Ciclada de Mato Grosso funcionando em três ciclos em nove fases. A escola conta com uma Sala de Recursos no período matutino e vespertino conforme pareceres 004/2005 e 215/2006 – SEDUC – MT, com a finalidade de atender alunos matriculados no ensino regular com necessidades especiais. Foi implantada em 2006 a modalidade Educação de Jovens e Adultos – EJA no período noturno para possibilitar aos alunos da comunidade com distinção idade/série o direito a escolaridadeobrigatória. A escola possui cerca de 618 alunos matriculados divididos entre os períodos matutino, vespertino e noturno, e cerca de 30 profissionais entre técnicos administrativos, educacionais, professores, nutrição, vigias, coordenadores e direção. A escola tem como prioridade o reconhecimento de que as diferenças sociais são marcantes em todo o país e determinam diferentes necessidades na aprendizagem. Para a escola o principal é que “(...) o aluno possa ser sujeito de sua própria formação, em um processo interativo em que intervêm alunos, professores e conhecimentos.” (PPP 2010 p.4) Entre os objetivos da escola, destaca aqueles que condizem com a proposta de linguagem. Objetivo Geral 23 A escola inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Objetivos específicos - Desenvolver a capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita. - Desenvolver a capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimento e habilidades e a formação de atitudes e valores. CAPÍTULO II LINGUAGEM: A AQUISIÇÃO DE LEITURA E ESCRITA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DOS ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL MANOEL BANDEIRA. 2.1 A PESQUISA Nesta pesquisa, optei por um estudo mais sistematizado e aprofundado sobre a aquisição de leitura e escrita no processo de alfabetização dos alunos da Escola Manoel Bandeira. O estudo constitui-se como base para esse relatório, onde o desenvolvimento foi previamente realizado com estudos bibliográficos, que fundamentaram o referencial teórico. Apliquei uma sondagem composta por palavras e frases a cada três meses no decorrer do ano de 2009 com todos meus alunos. Dos dezessete alunos selecionei quatro, devido ao maior e menor grau de dificuldades na leitura e na escrita, aos quais analisarei seu desenvolvimento no decorrer do trabalho. Após o levantamento dos dados, estes foram analisados com base nos autores como: HOLT (2007), CAGLIARI (1989), BRASIL (1997), RIBEIRO (2004) entre outros, que subsidiaram meu estudo para a elaboração do relatório final. Os analisados foram denominados como (A1, A2, A3, A4), procurei não repetir analises que tenha contextos parecidos. 2.2 A CRIANÇA EM PROCESSO DE APRENDIZAGEM. Para compreendermos como ocorre a aquisição da leitura e escrita no processo de alfabetização é necessário conhecermos as transformações pelas quais a concepção de infância sofreu ao longo da história da humanidade. A criança que antes era tida como aquele que não falava sem linguagem, um período transitório da vida humana, hoje cede lugar ao ser criativo pensante, capaz de construir o próprio conhecimento. Aquele ser que nas décadas de 20 a 60 eram sujeitos passivos, receptores de conhecimentos, modelados pelo professor, agora torna a peça fundamental no processo de aprendizagem, isto significa dizer que para ensinar uma criança o professor precisa primeiramente descobrir o seu processo volitivo. Assim, a 25 realização pessoal passa a ser um estado criado a partir de um dado valor, pelo qual o indivíduo torna-se sujeito de suas ações. Fatores estes que contribuirão para a busca de sua autonomia e liberdade pessoal. O processo volitivo, ou seja, a vontade de aprender é quem determinará o rendimento na sua aprendizagem. É desta maneira que inicia toda aprendizagem, a necessidade de busca e procura, para desvelar algo desconhecido é a disposição que conduz qualquer indivíduo ao aprender. Nessa perspectiva remetimo-nos as palavras de HOLT (2007 p.293) É essencial perceber que as crianças aprendem independentes, não em bandos; que elas aprendem por interesse e curiosidade, não para agradar ou satisfazer os adultos que estão no poder, e que elas devem estar no comando de sua própria aprendizagem, decidindo por si mesmos o que e como querem aprender. Portanto, sabemos que uma criança de posse da ação volitiva de aprender, encontrará uma parcela bem maior de felicidade para aprender, mas sua aprendizagem ocorrerá através do erro. O erro é inevitável para uma criança em processo de aprendizagem, pois através dele que a criança chega à aprendizagem, e é na escola que essa ação se concretiza como diz CAGLIARI (apud. Escola ciclada 2000 p.168) “a escola é lugar de se aprender e aprender incluir errar. Errar faz parte do processo pedagógico.” Por esta razão é importante que já nos primeiros instantes na alfabetização o aluno começa a ter contato com a língua escrita, para que ele tenha presente desde o principio que ele já é ser de falante e usuário de linguagem. A função da escola é de aplicar as possibilidades desse aluno e não restringi-las abrindo novas fontes de possibilidades para que ocorra a tão almejada aprendizagem. Numa analise da infância no decorrer do tempo podemos dizer de acordo com a Escola Ciclada (MATO GROSSO, 2000, p.35) “que os momentos de plenitude da infância e da adolescência se projetam como iluminações, como oportunidade de se redimir o mal – estar na cultura adulta.’’ E também como processo de reflexão sobre o repensar do valor da criança e do conhecimento que traz consigo. 2.3 O CONHECIMENTO QUE A CRIANÇA APRESENTA SOBRE A ESCRITA NO PROCESSO INICIAL DA ALFABETIZAÇÃO. 26 Sabemos que, desde muito cedo a criança já obtém conhecimento de tudo o que esta a sua volta “ignorar que elas também tenham noção de leitura e escrita é um retrocesso.’’ (FERRERO 2001, p.23) Observamos à baixo a noção de escrita das palavras realizadas pela A1. Nessas tentativas de escrita, a criança não procura copiar, mas a representar o que ela imagina o que seja a escrita. Algumas crianças superam essa etapa antes mesmo de ir para a escola, mas muitas só tem a possibilidade de vivenciá-la ao ingressarem na alfabetização . Observando a escrita da criança, podemos verificar a presença de garatujas como entre outras. Quando ao dizer que esta escrevendo a criança desenha algumas letras agrupadas de forma aleatória ,ela já possui uma idéia do que seja a escrita, isto é, sabe que se escreve como determinados sinais ,mesmo que não saiba que estes sinais possuem uma ordem de colocação e significação . Com base nos escritos da escola ciclada (MATO GROSSO, 2000, p.116 e 117) é necessário permitir as primeiras aprendizagem (grafia) dos alunos como o processo de construção, em que as crianças redescobrem a escrita, fazendo 27 hipóteses, podendo compreender não apenas como a escrita é representada graficamente ,Mas também sobre o que ela representa .Vendo por este ângulo a alfabetização não pode ser reduzida ao desenvolvimento de capacidades relacionadas á percepção ,memorização ou treino de habilidade sensório motoras. É muito mais, permitir á criança, a compreensão de que a linguagem é a manifestação de sua existência com o mundo, e de posse da linguagem ela poderá construir sua identidade e suas interlocuções. Aprofundando mais nos escrito da A1 podemos verificar além das garatujas, letras do alfabeto ora de forma cursiva ora de cabeça para baixo isso leva me a crer que a criança não possui uma noção do alfabeto completo nem a forma adequada de escrever ,mas conhece algumas letras que o compõem e que para escrever é necessário a utilização das letras pertencentes a ele. Observando que a noção das letras do alfabeto ainda é muito pequena pelo aluno, tanto que ele repete as mesma letras em quase todas as palavras (MEN). Assim podemos classificar este aluno em fase inicial como pré –silábico, mas sem perde de vista que : para começar a escrever, as crianças não precisam estudar a gramática, pois já dominam a língua portuguesa na sua modalidade oral. A dificuldade esta simplesmente no fato de as crianças não conhecerem a forma ortográfica das palavras, após seu primeiro contato com o alfabeto” (CAGLIARI, 1989, p.122). Vejamos a grafia das mesmas palavras e frases por outro aluno que chamarei de A2. 28 Ao contrario do A1, nota-se que não há garatujas nos seus registros e que as letras usadas para grafar as palavras realmente compõem a grafia correta das palavras. Este aluno encontra-se na fase silábico, porém na escrita das frases encontra maior dificuldade, chegando a ser pré-silábico. Isso vai de acordo com o PCN (BRASIL, 1997, p.95) Um progresso relacionado a um critério específico pode manifestar-se de diferentes formas, em diferentes alunos. Em uma mesma ação pode para o aluno indicar avanço em relação a um critério estabelecido e para outro não. Um aspecto interessante que ocorre com a maioria dos alunos na fase da alfabetização é a confusão que fazem na escrita das palavras, tanto na troca de lugares das letras, como no caso da escrita da palavra BIO por BOI pela A2, como na palavra KAVLO ao invés de CAVALO pelo A3. Essa confusão acontece por que “a relação entre as letras e os sons da fala é sempre complicada pelo fato da escrita não ser espelho da fala e por que escrito de diversas maneiras.” (CAGLIARI 1989 p.115) 29 Este aluno bem como o A4 que não apresentarei na análise, devido a aproximação do nível da escrita do A3, apresenta uma maior relação entre a fala e a escrita. É possível compreender que o aluno reconhece o alfabeto e que apesar da fase inicial já consegue grafar as palavras de forma silábico-alfabéticas bem mais aproximadas da grafia correta do que os demais analisados, enquanto que na frase o aluno encontra-se entre o silábico e silábico-alfabético. Essa análise tem importância muito relevante para que: Os alunos explicitem suas suposições de como se escrevem as palavras, reflitam sobre possíveis alternativas de grafia, comparem com a escrita convencional e tomem progressivamente consciência do funcionamento da ortografia. (BRASIL, 1997, p.85) A oportunidade livre para escrever as palavras conforme seu conhecimento, abre espaço para que a criança reflita, comparem seus resultados com o dos demais colegas e com a escrita convencional, o que lhe permitirá compreender sua evolução ao longo do processo de alfabetização. 2.4 OS ALUNOS EM PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO NA APRENDIZAGEM Comparando com os dados anteriores, convido você leitor a analisar comigo o desenvolvimento dos alunos três meses após a primeira analise, constata-se que já houve uma evolução significativa no desenvolvimento do aluno, pois já não aparecem mais garatujas, nem as letras de cabeça para cabeça, ou repetições das mesmas letras para todas as palavras. Percebe-se que a criança já obtém uma noção de que cada palavra exige uma grafia diferenciada, isto equivale dizer para ela que, todas as palavras não são escritas da mesma forma, do mesmo jeito que a fala não é igual para todas as palavras. 30 Nesta analise, a palavra pato aparece de forma correta, talvez isso se deve ao fato de ser uma palavra com a qual a criança lida convencionalmente, não que eu tenha me empenhado em fazer com que as crianças aprendessem a grafar as palavras de forma correta, em hipótese alguma tive esse propósito, pois tenho a visão de que: (...) se tiver que ensinar a forma ortográfica para depois permitir que as crianças escrevam, usando somente as palavras aprendidas, isso ocasionará um bloqueio no uso da linguagem pela criança, com consequências sérias para suas atividades. Na continuidade, esse me todo leva o aluno a se sentir pedido de escrever o que acha que deve e como gostaria, chegando a ponto de colocar o aluno em situações complicadas na produção de textos escritos. (CAGLIARI, 1989 p.122) Por outro nota-se que embora a grafia da palavra pato esteja correta nas outras letras não há nenhuma relação com a escrita das palavras, ou seja, a criança permanece no nível silábico o que me deixou em completo desespero já que a metade do ano se passou e a criança continua sem relacionar com as letras. Sem saber o que fazer busquei referências nas palavras de HOLT (2007, p.150) onde ela afirmava que leva algum tempo para que a criança se acostume as formas das letras e das palavras até que possam reconhecê-la ou distingui-la de outras. Por isso é importante dar a criança todo o tempo do mundo e não ficar surpresa nem perturbada com o que possa nos parecer uma excessiva lentidão ou erro estúpido. Veja outro aluno: 31 Ao olhar essas escritas e comparar com a anterior do mesmo aluno a situação é de desespero para a professora, pois a primeira vista é possível apontar um retrocesso na aprendizagem do aluno, mas a situação não pode ser observada apenas por esse aspecto. Como no caso da A1 o aluno A2 também grafa corretamente a palavra PATO e as palavras KOAL (cavalo) HOLI (gato) tem fundamentos na escrita, KOAL aparece as letras da palavra cavalo e a troca do KA pelo K e H ao invés de CA são confusões próprias de 90% dos alunos na alfabetização, uma vez que na leitura do alfabeto essas letras aproximam do som da palavra falada pela professora. Isso ocorre porque “o processo de apropriação de um conceito cientifico, a relação da criança com o objeto do conhecimento é mediada tendo como suporte sempre um outro conceito ’’(MATO GROSSO, 2000, p.43) Nesse sentido ao escrever a criança utiliza-se dos conhecimentos e conceitos que já traz consigo e transpassa para o papel aquilo que acredita ser. As crianças são completamente capazes de falar ,ler ,escrever fazer muitas outras coisas ,se não forem apressadas ,envergonhadas ou ameaçadas para que não tem e corrigir a maior parte de seus erros.No começo elas tendem a ver esses erros não como coisas mal feitas ou jeitos de modo indevido,mas apenas como feitas de forma diferentes da esperada. (HOLT, 2007, p.293). Com estas palavras de HOLT podemos descrever bem o que as crianças expressam as palavras elefante, girafa, boi, as letras usadas para escrever a palavra não tem relação nenhuma com a escrita convencional, mas o tamanho e quantidade de letras expressa o tamanho do animal. Ao escrever tantas letras para os animais a criança revela que o animal é grande, portanto a grafia do seu nome também deveria ser grande .Neste caso a criança terá um longo caminho a percorrer até descobrir que a grafia das palavras não tem nenhuma relação com o tamanho do objeto ,neste caso , do animal.Esse conhecimento com certeza mais rápido do que se espera ela o construirá já que encontra-se em processo de alfabetização e conforme FERREIRO (2001, p.23), “Alfabetização não é um estado ,de mas um processo que tem inicio bem cedo e não termina nunca”(...) Observe o próximo aluno: 32 Este aluno pode-se considerar alfabético, apesar de algumas trocas de letras e silabas. Alguns erros ortográficos refletem uma transição fonética, nem se relacionam diretamente com a fala. São erros de troca, acréscimo ou inversão de letras, esse fato acontece porque o aluno não domina bem o uso de certas letras e silabas. Esse tipo de erro deve ser levado em consideração, pois a criança faz uma aproximação muito grande da letra e silaba certa , não escolhendo uma letra que não tem nada a ver com o som que quer representar , por exemplo :A3 XICAFA – GIRAFA POI - BOI PE - BEBE Outro fator curioso são as palavras PE por BEBE. Na primeira escrita a criança confunde o som de PE por BE , enquanto na segunda vez ,ela escreve BE, mas não tem conhecimento de que a silaba se repete BEBE.Para ela escrever a mesma silaba é ser repetitivo , por isso evita escrever já que apropria-se do conhecimento de que cada som possui a sua silaba própria. 33 Até engajar-se no mundo da escrita o aluno passa por vários processos e cada processo favorece a sua aprendizagem. “Pertence à cultura escrita significa; portanto, a soma dos conhecimentos individuais no uso da leitura e da escrita.” (RIBEIRO, 2004 p.50) Com o próximo aluno os erros são bem parecidos. Exemplo: KAVTO – CAVALO HTO – GATO ELFOTE – ELEFANTE BOSI – BOI Outro ponto relevante que merece destaque no registro da criança é o fato de escrever BOSI por BOI, isso leva-me a pensar que a criança não observou seu registro acima, ou não relacionou a palavra escrita com a frase. Esses tipos de erros são comuns entre os alfabetizandos, são erros que aos poucos vão sendo dissipados 34 O que precisamos lembrar a respeito dessa capacidade que as crianças têm de tomar consciência dos erros, encontrá-los e corrigi-los é que demora para que ela comece a funcionar e também que se estiverem sob pressão ou ansiosas, essa capacidade não funciona de jeito nenhum. (HOLT, 2007 p.161) Deixar a criança livre para que ela mesma descubra seus erros é a melhor solução, caso a criança encontre dificuldades para perceber, oferecer materiais da escrita convencional das palavras, para que ela compare com o que escreveu, pode ser uma saída para sanar a dificuldade do aluno. Ma ao realizar esse tipo de intervenção é necessário ter muito cuidado para que não cometa o erro de (...) ensinar a escrever por meio de práticas centradas apenas na codificação de sons em letras. Ao contrário é preciso oferecer aos alunos inúmeras oportunidades de aprenderem a escrever em condições semelhantes às que caracterizam a escrita fora da escola. (BRASIL,1997, p. 66). Mais do que ensinar as crianças a ver de uma forma, a escrita e a leitura é preciso ensiná-la a ver de muitas formas e arriscar-se na construção de seu próprio conhecimento. 2.5 O RESULTADO FINAL DO PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM NO PERÍODO DO ANO LETIVO 2009. Esse resultado não inclui apenas a criança, os processos pelo qual passou no decorrer do ano letivo até chegar a este nível de aprendizagem, mas inclui também o meu repensar sobre minha pratica pedagógica. Conforme GUEDES, In Revista Criança 2006 p.12) Acompanhar o desenvolvimento da criança ajuda o professor a rever e aprimorar seu trabalho. Neste sentido a criança nos leva também a avaliar nossa própria ação pedagógica e também a instituição na qual estamos inseridos. Afinal, avaliar é o movimento de pensar tudo que envolve nossa pratica e buscar caminhos de torná-la cada vez mais coerente e mais contextualizada. Acompanhar o desenvolvimento dos meus alunos me fez ir a luta de metodologias diferenciadas e proporcionar momentos diferenciados de leitura e escrita, os resultados finais veremos a seguir. 35 Se compararmos esta sondagem com a sondagem anterior do aluno, verificamos que houve uma grande evolução na sua aprendizagem. Este que anteriormente traçava letras desordenadamente sem nenhuma referência do som das letras, isso se dava ao princípio de que “as crianças têm suas próprias hipóteses acerca do modo que se organiza a escrita, antes mesmo de terem sido ensinadas formalmente a ler e escrever” (Teberosky e Ferrero, apud GARCIA 2001, p.2) ao longo do processo de alfabetização seus conhecimentos vão se transformando e a criança passa a perceber que a escrita esta diretamente relacionada a fala. SOUZA, apud LACERDA, (1995 p.77) comenta algo interessante sobre esse assunto (...) Entender esse processo de produção dos alunos e não somente de seus resultados finais; deve-se olhar o sucesso e insucesso e reconstituir o processo de produção da resposta do aluno, o que permitirá determinar o local e a incidência do erro. Este aluno, por exemplo, que até a metade do ano causava-me desespero, após o terceiro trimestre, já encontrava-se lendo e escrevendo com maior facilidade, sua evolução foi rápida, o que eu não havia conseguido fazer com que ele compreendesse o processo ensino/aprendizagem nos seis primeiros meses, nos três últimos meses a criança foi melhor do que o esperado. 36 HOLT dizia em seu livro: como as crianças aprendem (2007, p.298) palavras que caracterizam os perfis das crianças, as quais eu gosto muito. A mente humana é um mistério. E, em certa medida, provavelmente sempre será. Nunca avançaremos muito em educação, enquanto não percebermos isso e abandonarmos a ilusão de que podemos conhecer, medir e controlar o que se passa dentro da mente das crianças ... Com estas palavras podemos resumir o progresso das duas crianças A1 e A2. Lembra aquela que apresentou um retrocesso no meio da investigação, veja o quanto ele aprendeu, lê e grafa palavras, frases pequenas textos com muita facilidade. Não relaciona mais escrita ao tamanho do objeto (animal) como aconteceu com o A1, o A2 . 37 O desenho destes alunos já era esperado, uma vez que desde a primeira observação já constatei que seus processos de aprendizagem encontra-se mais evoluído em relação aos demais, e ao contrario do A1 e A2 em nenhum momento houve diminuição no seu rendimento, da forma como começaram foram até o final. Aprendiam com facilidade e em pouco tempo, já estavam lendo e escrevendo com influência. Mas importante do que ressaltar a aprendizagem dos alunos é compreender suas diferenças e saber que nenhuma criança aprende da mesma forma que a outra e tampouco com a mesma rapidez .Isso equivale dizer que : Os critérios de avaliação devem ser compreendidos por um lado como aprendizagem indispensáveis ao final de um período, por outro como referencia que permitem – se comparados aos objetivos do ensino e ao conhecimento prévio com que o aluno iniciou a aprendizagem a analise de seus avanços ao longo do processo considerando que as manifestações desse avanço não são lineares , nem idênticas. (BRASIL, 1997 p.97). No fim do ano, os resultados foram apresentados aos alunos e aos seus pais, que juntos sentaram, analisaram o processo no decorrer do ano, a sensação era de euforia e curiosidades por parte dos alunos, enquanto os pais observaram orgulhosos, elogiavam seus filhos. Juntos país e filhos, apontavam os avanços e retrocessos (quando havia), erros e acertos. Ao final prometeram guardar com carinho aqueles registros, pois era uma forma de mostrar o processo de seus filhos 38 e os seus conceito iniciais da escrita .Com estes relatos dos pais compreendi a importância da avaliação escrita a partir dos conceitos pré – estabelecidos pela criança . “É ela que possibilitara o acompanhamento da criança em todos os momentos vividos na Educação Infantil, construindo com seu avanço na ampliação do conhecimento de si e do mundo ’’. (GUEDES, In Revista Criança, 2006, p.12). Enquanto desenvolverá minha avaliação minha preocupação contava não apenas na codificação e decodificação do fone mas e grafemas mas numa ‘‘alfabetização plena, aquela que engaja o leitor principalmente na descoberta de um mundo cheio de atrações, desafios, sentimentos novos ,profundos ,repletos de prazer ’’. (ALMEIDA 1992 p.14). Durante todos os anos letivos, pesquisei, busquei informações em livros, revistas, internet, com pessoas com mais experiência no ramo da alfabetização, e pude constatar que não há uma receita pronta , para alfabetizar, já que os alunos são os únicos e diferenciados e devem ser respeitados mas suas particularidades .Para alfabetizá-las nosso conhecimento deve ir alem do espaço da escola ,é abrir espaço e obter conhecimento sobre sua família ,sua vida fará do espaço escolar e cultura da qual fazem parte . A alfabetização longe de ser um aprendizado mecânico ,é uma produção cultural entre outro . E quanto mais os professores trabalharem essa produção cultural inter-relacionadas com as outras dimensões da cultura ,mais forte estarão contribuindo para abrir caminhos rumo ao fim da exclusão social. (MARICATO e JACINTO, apud GOMES, 2005, p 23). No entanto só a alfabetização não da conta de atender as necessidades que o ser humano tem cada vez maior num mundo onde a tecnologia cada dia exige mais conhecimento, mais informação. Diante das implicações em que rotula a alfabetização a codificação e decodificação de grafemas ,surgem discussões e conceitos que reconhece que só a alfabetização não e o suficiente para atender a demanda de conhecimento que o ser humano deve possuir .Então surge o letramento : O letramento implica habilidades varias como ,capacidade de ler e escrever para atingir diferentes objetivos para informar ou informar – se ,para interagir com os outros para imergir no imaginário ,no estético ,para ampliar conhecimentos para seduzir ou induzir para dividir – se ,para orientar – se para apoio a memória .(...)atitudes de inserção efetiva no mundo da escrita , tendo interesse e prazer em ler e escrever ,sabendo utilizar a escrita para encontrar ou fornecer informações e conhecimentos escrevendo da forma diferenciada ,segundo as circunstancias ,os objetivos e o interlocutor. (RIBEIRO, 2004 p.91-92) 39 Dessa forma a escola tem a missão de alfabetizar letrado. Os dias paradigmas (alfabetização e letramento) deve fazer parte do dia-a-dia na escola e preparar o aluno para as mais diversas situações cotidianas. Conceituando de forma mais breve pode-se dizer de acordo com FREIRE, apud GADOTTI, (2005, p. 48 ), que a alfabetização ‘‘ possibilita uma leitura critica da realidade, constitui-se como instrumento de resgate da cidadania.’’ enquanto que o letramento tem por objetivo investigar não somente quem é alfabetizado, mas também quem não é alfabetizado e nesse sentido, “desliga-se de verificar o individuo e centraliza-se no social.’’ (TFOUNI, 2004, p. 9-10). Embora tenha função um pouco diversificados alfabetização e letramento devem estar sempre juntos para que se tenha uma alfabetização de qualidade e possa garantir a criança um conhecimento maior sobre o mundo que o cerca . Voltando a falar sobre a gramática, deve ou não de ser ensinada a gramática na alfabetização? Segundo a fonte Escola Ciclada (MATO GROSSO, 2000, p.125) a gramática deve ser ensinada no sentido de ampliar o conhecimento da língua, construindo gramática de outros dialetos. É importante ensinar tanto a gramática da modalidade oral do dialeto padrão, quando a gramática da modalidade escrita do dialeto de prestigio. O ensino da gramática deve ter inicio assim que o estudante começa a entender o sistema é de escrita alfabética, isto é quando ele tiver aprendido, o valor sonoro das letras, mas o professor não .Deve aprender-se somente a esse detalhe ou exigir que a criança escreva tudo concreto desde o inicio .É Necessário dar-lhe o tempo necessário para que ela construa seu próprio aprendizado. Sobre o aprendizado VYGOTSKY in: MATO GROSSO (2000 p.39) diz que: (...) aprendizado não é desenvolvimento, entanto, o aprendizado adequadamente organizando resultado em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que de outra forma seriam impossíveis de acontecer. Assim, o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas. O aprendizado se constrói de melhor forma, quando se tem oportunidade de errar, de comparar e de construir o acerto através do erro. Essa forma ficará registrada no cérebro da criança e dificilmente será esquecida por ela, o que não acontecera se ela aprender a grafar a palavra correta desde o início isso impedira que ela entre em conflito com seu raciocínio, porque a palavra e escrita dessa forma 40 e não de outra? Quando o conhecimento da gramática acontece através do erro, isso fica mais nítido para as crianças. 2.6- A LEITURA COMO PASSAPORTE PARA A ESCRITA Alfabetizar-se não significa apenas ler e escrever, mas transforma essa pratica em experiência de vida. Nesse sentido, o objeto da alfabetização e o domínio do ato de ler e escrever. Mas é preciso analisar o que vem a ser ler e escrever, qual sua origem, seu desenvolvimento, com a linguagem oral e com o mundo. A linguagem oral é, sem duvida, o caminho para a aquisição da linguagem escrita, portanto é preciso estimular o enriquecimento da linguagem oral, pois a capacidade de comunicação é essencial e fundamental para o desenvolvimento da capacidade de raciocínio. É através da linguagem oral que a criança se expressa espontaneamente, adquire o habito de ouvir e organizar o pensamento, elementos essências para a alfabetização. Com o tempo a criança começa a perceber que alem da linguagem oral, também há outra forma de comunicação como a leitura e escrita. É importante que ao começar a escrever a criança tenha conhecimento de que leitura e escrita caminham juntas e uma esta relacionada a outra e mais que “a leitura conduzira a liberdade do espírito , a atividade intelectual critica e autônoma . Ou seja, “conduziria a uma consciência cartesiana, em que se manifesta a razão equilibrada do sujeito universal.’’ (RIBEIRO, 2004 p.48) Ler envolve mais do que decodificar símbolos e grafemas é necessário interpretar o que se lê e buscar o contexto da situação, pois a leitura consiste na interação é no sentido que cada um atribui a ele. Assim quem compreende faz relações possíveis trazendo referencias anteriores. Ler no processo interativo significa escolher, optar, hibridar, decidir, montar, colar ressignificar. São atos, pré-codificados os percursos são pré-ordenados, os resultados dependem da leitura e são imprevisíveis. (POSSARI E NEDER, 2001, p.65). 41 Essa informação vai de encontro com os objetivos da escola, onde o “objetivo geral foca-se nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana como finalidade de pleno desenvolvimento do educando ,seu preparo para o exercício de cidadania e qualificação para o trabalho ’’ (PPP 2010 p.5), “os objetivos específicos completam essa visão e centram-se na capacidade de aprender, tendo como meias básicas o domínio da leitura e da escrita e em vida a aquisição de conhecimento e habilidade e a formação de atitudes e valores”. (Id. IBID). A escola preocupa-se em não apenas alfabetizar mas também em letras seus alunos, isso fica bem clara em seus objetivos e mais, a escola oferece instrumento para que “o aluno possa se sujeito de sua própria formação .em um processo interativo em que intervém, alunos, professores e conhecimento’’ (Id. IBID p.4) A missão de colocar em pratica esses objetivos do professor, e é muito cobrado pela direção da escola. 2.7 COMO AVALIAR UMA CRIANÇA EM PROCESSO DE APRENDIZAGEM? A resposta talvez seja simples, avaliar o que a criança produz e o significado que ela atribui a essa produção. Mas na pratica, a situação não é tão simples assim, é obvio que o professor terá de avaliar a produção do aluno ,mas mais do que terá que oferecer subsídios para que o aluno tenha progresso no processo ensino /aprendizagem. A avaliação não é apenas uma atribuição de nota ou aprovação e reprovação, mas um instrumento da qual o professor disponibiliza para refletir sobre sua pratica pedagógica e estabelecer novas intervenções e metodologias para obter o objetivo esperado, a aprendizagem dos seus alunos. Para HOFMANN, In: REVISTA Criança (2006, p.12) A avaliação é uma forma de conhece /investigar o movimento das crianças e, a partir destas investigações pensar formas de intervenções que possam favorecer o desenvolvimento da criança . Avaliar é comprometer-se com a criança seu sucesso e suas conquista. 42 Avaliar é conhecer o processo pela qual a criança adquire conhecimento. Esse conhecimento pode ser adquirido rápido pela criança ou não, uma vez que os conhecimento não são adquiridos da mesma forma por todas as crianças, o que equivale dizer que cada criança tem seu tempo para aprender, por essa razão: Os critérios de avaliação deverão, portanto, respeitar o tempo que o educando necessita para alcançar determinado conhecimentos, os seus limites, as suas potencialidades ainda a diversidade presente na sala de aula. Neste processo a avaliação deve garantir a construção dos conceitos e dos processos percorridos pela problematizarão, pelo conforto das referencias teóricas e reelaborarão de novas sínteses. (MATO GROSSO, 2000, p.182). Através da avaliação é possível compreender o processo conflitante pelo qual a criança passa ate optar por uma determinada grafia para uma palavra. Sobre esse o PCN (BRASIL, 1997, p.95 - 96) tem muito a construir. os critérios de avaliação devem ser tomados em seu conjunto considerados de forma contextual ,e muito mais analisados a luz dos objetivos que realmente orientarão o ensino oferecido ao aluno.E se o propósito é avaliar também o processo ,alem do produto ,não há nenhum instrumento de avaliação da aprendizagem melhor do que busca identificar porque o aluno teria dado as respostas que deu as situações que lhe foram propostas. A avaliação no seu contexto ,deve partir de uma observação criteriosa sobre os diversos aspectos que envolve o processo ensina / aprendizagem .A avaliação dos alunos remete também a avaliação do professor , mas sabemos que avaliar não é uma tarefa simples ou rápida .Exige discernimento ,ponderação ,programação .O uso de registros pelo professor propícia a ele e ao aluno situações de reflexão e transformação de sua ação (MATO GROSSO, 2000, p.182) Fato este que requer do professor o autoconhecimento de seus alunos e experiência adquirida ao longo de SUS profissão para potencializar, atualizar, propor e buscar novas medidas na sua ação pedagógica. Essa perspectiva vai de encontro com os objetivos de avaliação da Escola Manuel Bandeira, onde o PPP (2010, p.56) afirma que a avaliação deve ter um caráter investigativa ,diagnostica ,continuo e processual propondo-se com a aprendizagem dos alunos e rompendo a lógica classificada . “Assim a avaliação não é um caráter classificatória, mas assume um caráter investigativo para propor novas medidas de ensino“. 43 2.8 O PROFESSOR E SUAS MÚLTIPLAS FACETAS NO PROCESSO ENSINO /APRENDIZAGEM Desde o primeiro momentos na escola é papel do professor ajudar seus alunos a refletir sobre sua escrita. Assim, ele leva a criança a perceber que as regras ortográficas são complexas e que ira desafiá-lo por toda vida . O desafio maior do professor é elaborar situações didáticas que permitem a turma compreender as conexões entre a língua e a ortografia . Outro fato muito importante para o professor é saber respeitar o ritmo de cada criança e preparar estratégias de ensino que privilegiam as atividades diferenciadas. Para isso o professor deve tornar-se um observador participante, consciente ate que, assim como seus alunos também encontra–se em processo de aprendizagem . Conforme PAREDES (2004, p.23) (...) O professor deixa de ser mero transmissor de conhecimento e se envolve no processo mesmo de aprender, interagindo e buscando junto com os alunos as respostas para mais diversas situações problemas. Trabalhar de forma construtiva – integracionistas, implica ver cada situação pedagógica como um problema, ou seja, problematizar o pedagógico para dar ensejo as descobertas, as situações nada esta pronta. Tudo esta por fazer junto. Neste sentido o professor não é mais o mero observador e transmissão, mas um observador-participante. Ser um observador participante é ter objetivos claros de ensino é fazer com que seus alunos compreendam seus objetivos. A criança deve saber sempre o que vai aprender ,para que aprender ,e onde utilizar o que aprender .Quando o professor discute com os estudantes os objetivos de uma atividade ou unidade de ensino da meios para que eles acompanham o próprio desenvolvimento .Tal atitude faz com que : O professor deixa de ser aquele que passa as informações para virar que, numa parceria com as crianças prepara todos para que elaborem seu conhecimento. Em vez de despejar conteúdos em frente á classe, ele agora pauta seu trabalho no jeito de fazer a garotada desenvolver formas de aplicar esse conhecimento no dia-a-dia. (PELLEGRINI, In Nova Escola 2003, p.27). Observando e analisando os alunos diariamente é possível estabelecer maneiras de fazer com que todos os alunos aprendam. 44 Para que a observação se transforma em aprendizagem é essencial conhecer cada aluno e suas necessidades, isso proporcionará ao professor pensar em caminhos e metodologias para que todos os seus alunos alcance no objetivo esperado, ou seja, repensar sua ação pedagógica, num tempo posterior a ela. Neste momento a professora se distancia do vivido, podendo com essa distancia, olhar para seus atos de uma outra forma, revendo os caminhos articulados os objetivos gerais da educação e da realidade concreta de seus alunos . Eu diria que ser professor não é tarefa fácil como muitos acreditam ser. Ser professor é acima de tudo a representação do amor. Somente com amor é capaz de perpetuarmos numa profissão tão gratificante mais ao mesmo tão inquietante. É impossível manter-se passivo diante de tantos conflitos diários. Qual metodologia utilizar com o aluno X. O que deve fazer para o aluno Y aprenda números, e por si fazer os conflitos com os quais deparamos diariamente. Mas como se disse anteriormente nessa profissão não se resume em preocupações tem o seu lado gratificante quando conseguimos fazer com que os alunos com maiores dificuldades aprendam esse é um valor incomparável para nós. Sabermos até obter 100% de resultados é difícil e poucos conseguem esse feito, somente com muito amor, dedicação e paciência é possível chegar a esse percentual tão estimado. O que acontece na maioria das vezes é que conforme vamos tornando adultos vamos esquecendo e o mecanismo do raciocínio que as crianças possuem. Rubens Alves, apud. PAREDES (2004 p.78) com palavras magníficas sobre esse assunto. Para ele: O saber sedimentado nos poupa dos riscos da aventuras de pensar. (...) ao aprender as respostas certas, os alunos desaprendem a arte de se aventurar e de errar, sem saber que, para uma resposta certa, milhares de tentativas erradas devem ser feitas. Espero que haverá um dia em que os alunos serão avaliados também pela ousadia de seus vôos! (...) Poucos se dão conta de que fascínio muito maior se encontra no poder da palavra para fazer as metamorfoses do corpo. É no lugar onde a palavra faz amor com o corpo que começam os mundo... Essas belas palavras de Rubens Alves sintetizam o amor que possuo pelo erro da criança, o amor que ampliou muito mais com o desenvolvimento desse projeto. Ao compreender o processo pelo qual a criança passa até obter aprendizagem, compreendi também o meu processo ensino/aprendizagem. E para 45 falar a verdade aprendi mais do que as crianças. Amo o que faço, faço por amor e com prazer exerço minha profissão. CONSIDERAÇÕES FINAIS “Mestre não é aquele que ensina, mas aquele que de repente aprende” (Guimarães Rosa, apud PAREDES (2004 p.76). Reconhecer a importância dessa frase é reconhecer que eu enquanto professora não detenho o poder muito menos o saber mas que me, despoja a perdê-lo para que junto com meus alunos fizéssemos imergir um saber múltiplo, construído e conquistado junto na mais diversas situações cotidianas . Compreendi que enquanto educadora jamais devo abusar do meu potencial de conhecimento e superioridade e achar que as crianças devem ser modeladas de acordo com minhas convicções, mas , ao contrário proporcionar espaço para que as crianças demonstrem suas diferenças e potencialidade e construa seu próprio conhecimento. Ao lidar com a diferença, percebi os diversos fatores que estão envolvidos nesse processo, como a falta, os limites, o saber e não-saber e muitos outros. São esses fatores, ou melhor, dizendo a forma com o qual eu tratá-los é que ajudara ou não, a criança a lidar com o desejo, a vontade de aprender (processo volitivo) Conhecer o processo pelo qual a criança aprender alem de ser instigante levou-me a avaliar a minha própria pratica pedagógica e repensar sobre minha metodologia de ensino. Esse repensar sobre a pratica pedagógica levou-me a adotar metodologia diferenciada em várias situações como o uso de material, dourada, alfabeto móvel, quebra-cabeça silábico, auto ditado entre outros e uma maior compreensão sobre a natureza do erro da criança. Ao longe do desenvolvimento do trabalho é evidente que a forma e o tempo do aluno de aprender são diferenciados e deve ser respeitado, sobretudo. Para compreender o sistema de escrita a criança precisa entender que as letras são utilizadas para escrever, representando os sons que falam, isto equivalem dizer que não são quaisquer letras que se usa para representar um som. Esse é um conhecimento no qual a criança vai construir do ao longo do processo da alfabetização, mas que deve ser abordada desde o inicio pelo professor para que a 47 criança compreenda a natureza da gramática o quanto antes.é importante que a criança saiba que a escrita seja ela qual for ,sempre foi uma maneira de representar e memória coletiva religiosa ,mágica ,cientifica ,política ,artística e cultural. (CAGLIARI 1989, p.112). Mais do que compreender o sistema de aquisição de leitura e escrita dos alunos é necessário alfabetizá-lo não somente nos sentido de codificar e decodificar sistemas, mas principalmente prepará-los para a letramento para torná-lo cidadãos críticos, para viver e conviver em sociedade e saber fazer uso da leitura e escrita e através deles fazer a valer a lei que comanda o país .Dessa forma “o letramento tem por objetivo investigar não somente quem é alfabetizado e, nesse sentido desliga-se de verificar o individuo e centraliza–se no social.’’ (TFOUNI , 2004 p.910). Esse é o foco que todo professor deve possuir e que tenho me empenhando, não somente alfabetizar os alunos mas também liderá-los, isto é prepará-los para se sobressair em sociedade . Portanto ressaltar que a analise não é suficiente para prepara nenhum aluno, mas uma base para conhecê-lo e estabelecer-me todos de auxiliá-lo em suas dificuldades. Entre o percurso que inicia até a alfabetização plena e o letramento concreto ainda há muito caminho a ser percorrido pela criança. Mas se ele encontrar referencias nesse caminho, certamente ele chegará a esse resultado mais rápida do que se espera .Para isso o aluno terá de avançar ,romper fronteiras ,andar não somente pelos caminhos desconhecidos,admitir determinados . conhecidos infinitos ,mas possibilidade aventurarpara se se em caminhos conseguir objetivos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS ALMEIDA, Paulo Nunes. Pipoca: método lúdico de alfabetização. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 1992. BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa. Brasília: SEF, 1997. CACLIARI - Luís Carlos. Alfabetização e linguística. São Paulo: Scipione 1989. EINSTEIN, Albert sou professor, sou Índio. In: Revista Nova Escola, Editora Abril, 2004. EINSTEIN para crianças. In: Revista Nova Escola, Editora Abril, 2005. FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. Trad. Horácio Gonzáles (et. al) 24. ed. 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