Outros nomes yorubá: Àgbàdó funfun, Àgbàdó pupa, okà,
yangan, erinigbado, erinkà, eginrin àgbado, elépèè, ìjèéré (Verger
1995:737).
Venerado companheiro, o àgbàdó (milho) é consagrado não
só aos Orisá da caça (Odé), mas também está ligada ao culto
de Osalá, Ogún, Sangò e outros.
Vegetal gún (quente), utilizado para atrair prosperidade e
boa sorte.
Descrição:
Trata-se de uma planta herbácea de alto porte (até 2,5
metros de altura), pertencente à família das Pascias (Gramíneas),
caracterizada por apresentar caules eretos com folhas alternadas,
largas, lanceoladas, com bainhas, de margem áspera e cortante;
flores masculinas reunidas em panículas terminais, e femininas
séseis, reunidas em espigas de tamanho grande rodeadas por
brácteas membranosas entre as que emergem numerosos estilos
filiformes.
O fruto aparece em cariópside, redondo, brilhante, de cor
amarelada, inserido no eixo engrossado da inflorescência.
História:
O milho constituiu o cereal mais importante da América
devido a importância dos amidos na alimentação e a indústria.
Tem-se encontrado restos fósseis do pólen de milho que datam
de 6.000 - 6.500 anos de antiguidade. Na América começaram
a cultivar a partir do século XV, existindo algumas referências de
seu conhecimento pelos astecas.
Os nativos peruanos extraíam desta planta alcaloides os
quais eram utilizados em cerimoniais religiosos. Cristóvão
Colombo levou em 1502 amostras deste cereal para a Espanha,
e dali ganhou uma rápida expansão até ao sul da Europa, norte
de África e Oeste de Ásia.
A partir de sua chegada à América do Norte, se expande
finalmente à China durante o século XVI.
Uso Ritualístico:
Pertencem aos Orixás Ogun, Oxossi, Xangô, Yemonjá,
Oxalá e outros.
As sementes são de uso básico nas casas de candomblé,
seja na culinária dos Orixás, seja na alimentação cotidiana da
comunidade.
6 z REVISTA AGEN AFRO Nº 1
O milho branco (Àgbàdó Funfun) - é empregado no preparo
de acaçá (manjar envolvido em folha de bananeira) e ebô (milho
cozido) para Oxalá, Iemanjá e outros Orixás.
O milho vermelho - Àgbàdó Pupa - serve para fazer o acaçá
vermelho (para Exú e Ogun), o Axoxó (milho cosido) para Oxossi,
Logum Edé e Ogun.
O milho alho (milho de pipoca) - Àgbàdó kékeré, para
Obaluaiyé, Nàná e Oxún.
O milho verde em espiga é próprio de Oxossi, sendo
também oferecido a Ayirá, no ritual da fogueira. Serve, também,
para fazer uns bolinhos semelhantes ao acarajé, que são
apreciados por Yewá.
A planta toda é atribuída a Oxossi, e as folhas são usadas
em defumação de terreiros e para “lavar os assentamenos de
Exú” para atrair prosperidade e fartura.
A água do milho branco cozido é utilizada em banho
calmante.
A espiga usada como Yteque (amuleto), dependura na
porta da cozinha ou copa, sem que lhe retire a palha, fazendose uma alça de palha que capeia a espiga e deixando-se a
metade, no sentido do comprimento, descoberta, ficando os
grãos à vista. É um modo de atrair fartura de alimentos.
Os grãos são utilizados nos terreiros, no preparo de várias
iguarias que são ofertadas aos Òrìxà, tais como:
Ègbo, ègboyá, axoxo, àdun, guguru, akasá branco, akasá
de leite, egidi (akasá de milho amarelo), ekó etc.
Sassanha:
Kini àgbàdo á mú bó? Igba omo.
Kini àgbàdo á mú bó? Igba asó.
Orí’re ni ti àgbàdo.
Àgbàdo rin hòhò l’óko.
O kó ‘re bó wá ‘lé.
Orí’re ni ti àgbàdo
O que o milho está trazendo de
volta? Duzentas crianças.
O que o milho está trazendo de
volta? Duzentas roupas.
O milho traz boa sorte.
O milho vai para o campo.
E retorna para casa com boa sorte.
O milho traz boa sorte.
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