Janayna Carvalho (IC-CNPQ)
Priscila Côrtes (IC-Banco Santander)
Prof. Dra. Heliana Mello (FALE/UFMG)
1
O corpus C-ORAL-BRASIL
C-ORAL-ROM (CRESTI-MONEGLIA, 2005):
quatro corpora comparáveis das quatro principais
línguas românicas europeias
Compilação e composição: variedades diatópica
(Belo Horizonte / MG) e diafásica (máximo de
situações diferentes possível)
O corpus C-ORAL-BRASIL
A teoria da língua em ato (CRESTI, 2000)
Enunciado: menor unidade linguística que pode ser
interpretada pragmaticamente
Unidades tonais ou informacionais: internas ao
enunciado
Prosódia: interface entre dois domínios, o da ação
(ilocução) e o da expressão lingüística (enunciado)
3
O corpus C-ORAL-BRASIL
Processo de transcrição e segmentação
//: fim do enunciado
/: fim de uma unidade tonal
+: enunciado interrompido
[/n]: problema de execução (retracting)
O WinPitch (www.winpitch.com): permite a
visualização da curva prosódica e o alinhamento
do som ao texto
4
Modalidade
“Envolvimento do falante com o conteúdo de sua
própria locução” (BALLY, 1942)
A atuação do Modus sobre o Dictum
A divisão tripartite (CRESTI, 2002):
Alética
Epistêmica
Deôntica
Modalidade
• Alética
“Um cisne pode ser negro” (TUCCI, 2007)
“Um leopardo deve ser malhado” (TUCCI, 2007)
Avaliação do estado de coisas com relação a
possibilidade e necessidade em termos de verdade.
Estende-se a habilidade e capacidade.
Modalidade
• Epistêmica
“Júlio pode ter partido” (TUCCI, 2007)
“Devem ser os sete” (TUCCI, 2007)
Avaliação do estado de coisas com relação a
possibilidade e necessidade segundo conhecimentos e
crenças do falante.
Modalidade
• Deôntica
“Não se pode abandonar a pessoa sozinha” (TUCCI,
2007)
“Marco deve partir hoje” (TUCCI, 2007)
Avaliação do estado de coisas com relação ao seu grau
de obrigatoriedade e de permissão. Estende-se a
volição.
O corpus de análise
12 textos de 1500 palavras em média
5 diálogos
138 enunciados modalizados em 1696 enunciados
7 monólogos
112 enunciados modalizados em 877 enunciados
Porcentagem total de modalização (250
enunciados modalizados em 2573 enunciados
completos): 9,71%
9
O corpus de análise
10
As ocorrências no corpus de análise
11
A modalidade na escrita e a
modalidade na fala
As estratégias de modalização na literatura: verbos
modais, verbos de significação plena, advérbios e
adjetivos em posição predicativa, nome modalizador,
categorias gramaticais do verbo (NEVES, 2006)
O escopo da modalidade
Na escrita: a proposição
Na fala: a unidade informacional
Mais de um índice na mesma unidade: vigência do princípio
de composicionalidade
Mais de um índice no mesmo enunciado, em UI diferentes: o
escopo da modalidade na fala é a unidade informacional
12
Aspectos qualitativos
13
As ocorrências no corpus de análise
As estratégias modalizadoras
Verbos (no presente, no pretérito imperfeito e no perfeito do
indicativo, no infinitivo): dever, poder, achar, acreditar, acontecer,
ver, conseguir, precisar, pensar, dar, parecer
Advérbios ou locuções adverbiais: talvez, certamente, realmente, às
vezes, também, logicamente, sinceramente, com certeza,
completamente, sem dúvida, possivelmente
Adjetivos em posição predicativa: (é) lógico, é provável, é importante
Construções modais: tem condição (de), tem chance de, o que
acontece, ter que, ficar imaginando, ficar pensando, (é) para + inf., dá
para + inf., ter certeza, vai saber, tem jeito
Futuro do pretérito: ia ser, ia dar, seria
Futuro: vou + inf.
Condicionais
Outros: (é) verdade, digamos, na verdade, de certa forma, na realidade
14
As ocorrências no corpus de análise
Verbos 48,92%
Advérbios 6,42%
Adjetivos 1,42%
Construções modais 22,14%
Futuro do pretérito 3,21%
Futuro 1,07%
Condicionais 13,21%
Outros 3,57%
15
As ocorrências no corpus de análise
VERBOS
Achar (42,75% - 59 ocorrências de “achar” em 138
ocorrências de verbos):
*FLA: ou cê acha muito // (epistêmica)
*HMB: mas eu acho um / prato / muito legal // (epistêmica)
*HMB: eu acho pesada // (epistêmica)
*LUA: eu acho que / uma coisa também que ajudaria nisso / era
[/1] era se as [/1] as coordenações nas escolas fossem melhor / né
// (epistêmica)
16
As ocorrências no corpus de análise
VERBOS
• Poder (35,5%):
*REN: a gente pode levar um outro qualquer // (alética)
*LUZ: porque eu acho que no mesmo concurso cê nũ pode
fazer duas // (deôntica)
*MAR: podia fazer até esse detalhe de <pontilhado> aqui
por baixo // (epistêmica)
*JOR: uma empresa tem a sua despesa administrativa
tributária fiscal / é lucro bruto pa poder projetar o lucro
líquido // (alética)
17
As ocorrências no corpus de análise
VERBOS
Dever (9,4%):
*MAI: o diâmetro dea deve dar uns [/1] uns quarenta a
cinqüenta centímetro de [/1] de &s [/2] de grossura / o diâmetro
dela // (epistêmica)
*LUZ: ela já deve ter deixado aí // (epistêmica)
18
As ocorrências no corpus de análise
VERBOS
Dar
*GET: eu tenho que levar ela embora / porque ali já nũ dá
mais // (alética)
19
As ocorrências no corpus de análise
ADVÉRBIOS ou locuções adverbiais
Às vezes
*SHE: às vezes lá em casa tá precisando de fazer uma compra e
tudo / né // (epistêmica)
Realmente
*HMB: as pessoas falam que [/1] que / é / igual a gente faz
mexido aqui // que é o resto de comida // mas assim não // a
gente vai + na Espanha realmente es fazem isso / né // (alética)
*MAR: aí já dá um outro realce / realmente // (alética)
*HRM: realmente é // (epistêmica)
20
As ocorrências no corpus de análise
ADJETIVOS EM POSIÇÃO PREDICATIVA
Verdade
*LAU: é verdade / Luzia // (alética)
Lógico
*SHE: do que que eu vou fazer naquele dia lá / lógico que nũ é
em cima da hora / né // (epistêmica)
21
As ocorrências no corpus de análise
CONSTRUÇÕES MODAIS
Tem condição
*SHE: vendo / assim / que tem condição // (alética)
Ter que
*HMB: ela tem que falar / assim / de que que ela gosta //
(deôntica)
*GET: vou ter que transferir ela // (deôntica)
É pra + inf.
*CAR: aí entrou todo mundo em parafuso / todo mundo ficou /
desesperado / quando [/1] quando ligaram / falaram que era pra
/ levar de volta // (deôntica)
22
As ocorrências no corpus de análise
Dá pra + inf.
*FAB: e / dá pra fazer escuro / sem perder a definição / e
manter as peças de fora clara // (alética)
*CAR: porque até aí / essas criança até dez anos / o [/1] o
mundo que nós tamo vivenos hoje / com dez ano já dá pa
ver que dá trabalho // (alética)
Ter certeza
*LUZ: eu tive certeza absoluta que eu nũ era daqui quando eu
saí // (epistêmica)
Vai saber
*MAR: vai saber / né // (epistêmica)
23
As ocorrências no corpus de análise
FUTURO DO PRETÉRITO
*FAB: <esse> já seria melhor / aqui no caso // (epistêmica)
*CAR: e eu achei que ia me dar trabalho // (epistêmica)
24
As ocorrências no corpus de análise
FUTURO
Vou + inf.
*HMB: se ela gosta de carne / se ela gosta de peixe / se
ela gosta de frango / se ea gosta de verdura / e quem
nũ fala nada / pode ser qualquer coisa / normalmente
/ nũ dá certo // porque / aí / eu vou sugerir de
acordo com [/1] com [/1] com o que eu penso //
(epistêmica)
25
As ocorrências no corpus de análise
OUTROS
Na realidade
*GET: na realidade ela só produz um [/3] só produz a cenoura
// (alética)
Na verdade
*BAL: na verdade <ocê até viu // (epistêmica)
26
As ocorrências no corpus de análise
Estratégias textuais
CONDICIONAIS: “No domínio epistêmico, as condicionais
expressam a idéia de que o conhecimento do evento ou do estado de
coisas expresso na prótase seria uma condição suficiente para o
estabelecimento da conclusão expressa na apódose.” (FERRARI, 2008)
*HRM: dona Helô / então / me fala / <por exemplo / se
eu> fosse / planejar / assim / um [/1] um jantar // me
fala uma sugestão //
ASSIM: conexão, reiteração do material e
“modalizador epistêmico quase-asseverativo”
(Castilho, 1996)
As ocorrências no corpus de análise
A maioria das condicionais encontradas no trabalho
se distribui em duas unidades informacionais e a
primeira unidade tem escopo sobre a outra. Isso
articula a expressão de probabilidade, característica
da modalidade epistêmica, com a de certeza absoluta
e com a hipótese já expressa pela modalidade
epistêmica na primeira unidade informacional:
*SHE: porque / se nũ tiver nũ funciona //
28
As ocorrências no corpus de análise
*CAR: porque eu / também / se fosse pela mãe nũ
levaria não //
Cabe ressaltar que as estruturas são condicionais no
que se refere à significação, pois as estruturas
sintáticas nem sempre correspondem a “se X, então Y”
*CAR: o que tivesse de ser minha / vinha na minha
mão //
29
As ocorrências no corpus de análise
Estratégias textuais
MAIS DE UM VALOR MODAL NO MESMO ENUNCIADO
E-e em unidades diferentes (acontece 2 vezes)
E-e na mesma unidade (4 vezes)
E-e-e em unidades diferentes (3 vezes)
E-d na mesma unidade (1 vez)
E-d em unidades diferentes (1)
D-d em unidades diferentes (1)
D-d-d em unidades diferentes (1)
D-a na mesma unidade (1)
D-d-a em unidades diferentes (1)
30
As ocorrências no corpus de análise
E-e em unidades diferentes (acontece 3 vezes)
*MAI: ele nũ é muito parente chegado não / mas &t [/1]
deve ser / deve ser //
E-e mesma unidade (acontece 4 vezes)
*SHE: não / trinta reais / aí eu &j [/2] eu [/1] eu fico
imaginando que e’ fica pensando assim / Nossa //
31
As ocorrências no corpus de análise
E-e-e em unidades diferentes (acontece 3 vezes)
*SHE: e eu acredito que depois que eu terminar o
EDUCONLE / eu acho que aí eu vou tar mais madura
ainda / acho que mais preparada //
*LUA: e aí / então / acho que a primeira pergunta que
eu queria fazer / é aquela / né //
32
As ocorrências no corpus de análise
E-d em unidades diferentes (acontece 1 vez)
*HMB: que eu acho <que azeite> é um [/2] é um
ingrediente / que cê não pode usar qualquer um //
D-d em unidades diferentes (acontece 1 vez)
*HMB: &he / &he / cê tem que pegar os frutos do mar e
&s [/1] tem que ter um certo conhecimento //
33
As ocorrências no corpus de análise
D-d-d em unidades diferentes (acontece uma vez)
*HMB: cê tem que ir colocando / ter <aquele> sentimento
de // e ver se tá bom / se tá / no ponto / se nũ tá /
<entendeu> //
D-a na mesma unidade (acontece 1 vez)
*MAI: aí / deu a noite / e a mulher nũ podia sair pa poder
/ ir atrás de alguém //
34
As ocorrências no corpus de análise
D-d-a em unidades diferentes
*CAR: porque / primeiro eu tive que / contecer uma
tragédia comigo / que tive que perder minha filha / que é
um retratinho que tá ali na estante / comigo / ela abraçada
em mim / pra / eu / &he / chegar a essa conclusão pa
mim pegar uma filhinha pa mim criar //
35
Outros estudos sobre modalidade
Neves (1996) aponta índices de expressão da
modalidade encontrados nos dados do Projeto
“Gramática do Português Falado”
Apesar de haver algumas coincidências (o uso
relativamente estratégico de modalidade como um
articulador textual), a presença de nomes na fala culta é
muito mais maciça se comparada com os índices da fala
coloquial.
Castilho (1996) também observa que o escopo de
advérbios na fala culta é, muitas vezes, local, não
incidindo, portanto, sobre toda a proposição
36
Outros estudos sobre modalidade
Na fala coloquial, há ainda mais particularidades quanto
ao escopo que o presente trabalho não explorou
quantitativamente, mas que são existentes:
*SHE: mas em relação ao tempo eu penso muito nisso
assim / de / ter / né //
Isso mostra que, na fala, a articulação da informação em
critérios pragmático-situacionais é muito mais
importante que a articulação sintática. Isso afeta,
inclusive, a expressão da modalidade.
37
Conclusões
A modalidade, na língua falada, tem características
próprias
Possui uma expressão verbal e adverbial mais
significativa que a nominal
São importantes descrições que se detêm em registros
específicos para caracterizar a noção de “modalidade”
como um todo e discutir sua relação com outras
noções como a polissemia e operadores gramaticais
38
Referências bibliográficas
AUSTIN, J. How to do things with words. Oxford: Clarendon, 1962.
BYBEE, PERKINS & PAGLIUCA. The evolution of grammar. Chicago: The University of
Chicago Press, 1994.
CASTILHO, Ataliba T. e CASTILHO, Célia M. M. 1993. Advérbios modalizadores. In: ILARI,
Rodolfo (org.). Gramática do português falado. Campinas, São Paulo: Ed. Da UNICAMP. pp.
213-261.
CRESTI, E. Corpus di italiano parlato. Firenze: Accademia della Crusca, 2000, 2 voll.
CRESTI E. Illocuzione e modalità. In: Beccaria, P. – Marello, C. (eds.). La parola al testo.
Scritti per Bice Mortara-Garavelli. Torino: Ed. dell'Orso, 2002, pp. 133-145.
CRESTI, E. – MONEGLIA, M. C-ORAL-ROM. Integrated Reference Corpora for Spoken
Romance Languages. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, 2005.
CRESTI, E. - MONEGLIA, M. C-ORAL-ROM. Comparing Romance Languages in
Spontaneous Speech Corpora. In: Silva, T. C. – Mello, H. R. (eds.). Conferências do V
Congresso Internacional da Associação Brasileira de Lingüística. Belo Horizonte: UFMG, 2007.
FERRARI, L. V. Reportar condicionais: uma questão de ponto de vista. Revista de Estudos da
Linguagem, v. 16, 2008.
t´HART, J. – COHEN, A. – COLLIER, R. A perceptual study on intonation: an experimental
approach to speech melody. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.
39
Referências bibliográficas
MACWHINNEY, B. J. The CHILDES Project. Tools for Analyzing Talk. Mahwah, NJ: Lawrence
Erlbaum, 2 voll., 2000.
MARTIN, Ph., WinPitch (www.winpitch.com).
MONEGLIA, M. Specifications on the C-ORAL-ROM Corpus.
http://lablita.dit.unifi.it/coralrom/papers/Specifications-CORALROM.pdf, 2000.
MONEGLIA, M.-CRESTI, E. L’intonazione e i criteri di trascrizione del parlato, in Bortolini
U., Pizzuto E. (Orgs). Il progetto CHILDES Italia. Pisa: Del Cerro, 1997.
NEVES, Maria Helena de Moura. Imprimir marcas no enunciado. Ou: A modalização na
linguagem. In: NEVES, Maria Helena de Moura. Texto e Gramática. Editora Contexto, 2006.
p.151-221.
NEVES, M. H. M. A modalidade. In: Ingedore G. Villaça Koch. (Org.). Gramática do português
falado VI : Desenvolvimentos. Campinas: UNICAMP/FAPESP, 1996, v. VI, p. 163-199.
NUYTS, Jan. Epistemic modality, language and conceptualization: a cognitive-pragmatic
perspective. Amsterdam / Philadelphia: John Benjamins Publishing, 2001. 428p.
NUYTS, Jan. The modal confusion: On terminology and the concepts behind it. In: KLINGE,
Alex; MULLER, Henrik H. Modality: Studies in form and function. Oakville: Equinox
Publishing Limited, 2005. p. 5-37.
PALMER, Frank R. Mood and Modality. 2.ed. Cambrige: Cambridge University Press, 2001
[1986]. 236p.
40
Referências bibliográficas
R Development Core Team (2008). R: A language and environment for statistical computing.
R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. ISBN 3-900051-07-0, URL
http://www.R-project.org.
SWEETSER, E. From etymology to Pragmatics: Metaphorical and cultural aspects of semantic
structure. Cambridge: Cambridge University Press, 1990. 174p.
TUCCI, Ida. L’espressione lessicale della modalità nel parlato spontaneo. Analisi del corpus CORAL-ROM Italiano. 2007. 322f. Tese de doutorado (Doutorado em Lingüística). Università
degli Studi di Firenze, Firenze, 2007.
TUCCI, I. L'espressione della modalità nel parlato: i verbi modali nei corpora italiano e
spagnolo C-ORAL-ROM. In: Korzen, I. (ed.). Lingua, cultura e intercultura. Atti del VIII
convegno internazionale della SILFI (Copenaghen 22-26 giugno 2004). Copenhagen:
Samfundslitteratur Press, 2005, pp. 295-308.
TUCCI, I. La modalizzazione nel parlato spontaneo. Relazione tra espressioni lessicali della
modalità e unità d’informazione. In: M. Pettorino, A. Giannini, M. Vallone, R. Savy (eds). La
comunicazione parlata. Atti del Convegno Internazionale (Napoli 23-25 febbraio 2006).
Napoli: Liguori, 2008b, pp. 447-64.
TUCCI, I. La Modalità nel parlato spontaneo e il suo dominio di pertinenza. Una ricerca
corpus-based (C-ORAL-ROM Italiano). In: Actes du XXVe Congrès International de
linguistique et de philologie romanes (Innsbruck 3-8 septembre 2007). In press.
ULISSES, Andrea. A unidade informacional de Apêndice no português do Brasil. Dissertação de
Mestrado (Orientador T. Raso) 2008.
VON FINTEL, Kai. Modality and Language. In: Borchert, Donald M. Encyclopedia of
Philosophy. 2 ed. MacMillan. 2006.
Download

Janayna Carvalho (IC-CNPQ) Priscila Côrtes (IC