Pontifícia Universidade Católica – PUC RIO
Departamento de Química
LABMAM – Laboratório de Estudos Marinhos e Ambientais
AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DA QUALIDADE DA ÁGUA NA RPPN BOA ESPERANÇA- TINGUÁ,
RJ
Aluno: Larissa de Souza Pinto Nogueira
Orientador: Angela de Luca Rebello Wagener
Co-Orientador: Adriana Haddad Nudi
Rio de Janeiro-RJ
2015.1
AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DA QUALIDADE DA ÁGUA NA RPPN BOA ESPERANÇA- TINGUÁ,
RJ
1. Introdução
O crescimento da população mundial estimula o aumento das atividades industriais, comerciais e
agropecuárias. O desenvolvimento dessas atividades, de forma não sustentável, contribui para a contaminação
dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos em decorrência do lançamento de rejeitos contendo metais,
matérias orgânicas, fertilizantes, pesticidas, óleos, percolados tóxicos de lixões, entre outros.
Consequentemente, além da escassez, a sociedade mundial está se deparando com a queda da qualidade das
águas em taxas muito acentuadas. (SARAIVA et. al, 2009).
De acordo com a Resolução nº 357 de 2005 do CONAMA (Conselho Nacional Meio Ambiente) quanto
às diretrizes ambientais acerca dos corpos d’água, uma série de considerações presentes nesta resolução são
de suma importância para assegurarem a qualidade da água, mesmo que para diferentes destinações. A
exemplo, do que está previsto pela Legislação: “CONSIDERANDO que a água integra as preocupações do
desenvolvimento sustentável, baseado nos princípios da função ecológica da propriedade, da prevenção, da
precaução, do poluidor-pagador, do usuário-pagador e da integração, bem como no reconhecimento de valor
intrínseco à natureza”.
A avaliação da qualidade da água pode ser realizada caracterizando determinados parâmetros como:
oxigênio dissolvido, coliformes termotolerantes, pH, demanda bioquímica de oxigênio (DBO5,20),
temperatura da água, turbidez, resíduo total, nitrogênio total e fósforo total (ANA_Agência Nacional de
Águas, 2009). Sendo esses dois últimos, nutrientes de extrema importância para esta avaliação, uma vez que,
muitos compostos químicos presentes nos corpos d’água possuem estes elementos em suas composições. Em
paralelo às análises químicas, é possível determinar qualitativamente o estado de conservação de ecossistemas
que contém corpos d’água. O Protocolo de Avaliação Rápida de Rios-PAR (Callisto et al., 2002; Bizzo et al.,
2014) é uma destas ferramentas pois, auxilia o monitoramento ambiental de cursos hídricos partir de
informações coletadas no local, gerando assim um diagnóstico do meio em que se encontra o rio.
O PAR é aplicado avaliando as características da água, do solo, ocupação de margens, erosão,
assoreamento, cobertura vegetal, “frequência de rápidos”, que diz respeito sobre o aumento da sequência de
corredeiras e indicando a alta qualidade de habitat e diversidade de fauna (Barbour et al., 1999) e ainda
“qualidade dos remansos”, que através dos padrões de velocidade e profundidade do rio, remetem a
diagnósticos sobre a qualidade e diversidade da fauna local, entre outros parâmetros importantes para a
geração de dados, que segundo Rodrigues et al. (2008) representam a qualidade dos ecossistemas fluviais, de
forma rápida e sem a necessidade altos gastos e profissionais especializados no assunto.
Mesmo com alguns parâmetros pré-determinados que são utilizados para avaliação da qualidade da
água, há uma série de outros estudos que devem ser realizados no âmbito de caracterização de corpos d’água
acerca da presença de metais pesados, HPAs e pesticidas, por exemplo.
Pesticidas são comumente utilizados no Brasil e muitas vezes em quantidades exacerbadas. Dentre os
empregados na agricultura destacam-se os herbicidas, que correspondem à maior parcela comercializada
mundialmente (UETA et al., 2001). Os herbicidas são agentes biológicos ou substâncias químicas que agem
matando ou suprimindo o desenvolvimento de espécies daninhas (ROMAN et al., 2007). O problema é que
muitas destas moléculas têm grande probabilidade de contaminar os recursos hídricos, graças a características
como alto potencial de deslocamento no perfil do solo (lixiviação), elevada persistência no solo, baixa a
moderada solubilidade em água. (ALMEIDA et al., 2006; SILVA et al., 2006).
Ecotoxicologia é a ciência que estuda efeitos das substâncias naturais ou sintéticas sobre organismos
vivos, populações e comunidades, animais ou vegetais, terrestres ou aquáticos, que constituem a biosfera,
incluindo assim a interação das substâncias com o meio nos quais os organismos vivem num contexto
integrado (PLAA, 1982). Alguns organismos aquáticos são extremamente sensíveis às mudanças que ocorrem
no ambiente em que vivem, tendo um papel muito importante nos estudos de biomonitoramento e
consequentemente na avaliação da qualidade da água, sendo assim, eles são fundamentais para os estudos
ecotoxicológicos, desempenhando o papel de bioindicadores.
Os bioindicadores são definidos como qualquer resposta a um contaminante ambiental ao nível
individual, medidos no organismo ou matriz biológica, indicando um desvio do status normal que não pode
ser detectado no organismo intacto. Ou seja, são medidas de fluidos corporais, células, tecidos ou medidas
realizadas sobre o organismo completo, que indicam, em termos bioquímicos, celulares, fisiológicos,
compartimentais ou energéticos, a presença de substâncias contaminantes ou a magnitude da resposta do
organismo alvo (LIVINGSTONE, 1993).
Na região de estudo, além de possuir vários dutos onde são transportados gases de empresas
petrolíferas que podem, caso ocorram algum tipo de sinistro, atingir os corpos d´´agua presentes na área, há
também muitas plantações adjacentes e consequentemente, pode ocorrer o uso de pesticidas, que com o
processo de erodibilidade do solo, de taxas de transporte superficial e subsuperficial dos elementos químicos
dissolvidos e de sedimentos carreados para os cursos de água, pode estar ocorrendo processo de contaminação
desses corpos d’água e ainda há a questão da volatilização desses compostos, o que pode afetar em diferentes
intensidades estes ecossistemas aquáticos, dependendo do gradiente de concentração formado por esta
volatilização.
2. Objetivos
Gerais:

Avaliar o corpo d’água do Rio Boa Esperança, que corta a Reserva Particular do Patrimônio
Natural no bairro de Tinguá (RPPN PUC-Rio) no município de Nova Iguaçu- Rio de Janeiro.
Específicos:

Aplicar o Protocolo de Avaliação Rápida de Rios nos pontos selecionados como ferramenta de
screening inicial do estado ambiental da área de estudo

Determinar os parâmetros físico-químicos: oxigênio dissolvido, coliformes termotolerantes,
pH, demanda bioquímica de oxigênio (DBO5,20), temperatura da água, turbidez, resíduo total,
nitrogênio total e fósforo total), e a partir destes dados determinar o índice de Qualidade da
Água (IQA) nos pontos amostrados

Determinar os níveis iniciais de alguns poluentes orgânicos (hidrocarbonetos e pesticidas) nas
matrizes água, solo e biota (peixes)

Comparar os resultados dos parâmetros determinados com os preconizados pelas agências
reguladoras nacionais para classificação da área (se impactada ou não).

Aplicar ensaios com biomarcadores (micronúcleo, vermelho neutro e cometa) nas amostras de
peixes para testar a viabilidade celular
3. Metodologia
3.1 Área de estudo
A PUC-Rio recebeu como doação em 2011 uma área de conservação ambiental denominada como
Campus-Tinguá, que é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN-Tinguá). Atualmente diversos
estudos em Ecologia, Conservação, Química Ambiental, Geoambientais, dentre outros, e principalmente de
Educação Ambiental são desenvolvidos na área. O local de pesquisa é no entrono desta reserva
(22°35'27.37"S/43°24'20.67"O), inserido no Município de Nova Iguaçu no estado do Rio de Janeiro. Faz parte
da URG Tinguá (Unidade Regional de Governo), que é composta por 5 bairros (Tinguá, Montevidéu,
Adrianópolis, Rio d'Ouro e Jaceruba).
A paisagem de Tinguá reflete seus ciclos econômicos e suas resultantes ambientais expressas na
composição de suas florestas e das áreas que hoje constituem o sistema de espaços livres de ocupação:
pastagens, campos antrópicos, matas degradadas e margens de rios ocupadas. As propriedades rurais
predominam na região e o número de habitantes é bem inferior comparado ao centro de N. Iguaçu, mas uma
ocupação menos densa também acarreta transformações. O município teve um grande destaque durante
o século XIX por conta da estação de trem fundada em 1883 e que foi desativada em 1964.
Segundo estudos prévios realizados na região em 2009 pelo Núcleo de Interdisciplinar de Meio
Ambiente da PUC-Rio, algumas espécies encontradas podem indicar forte ação antrópica: garapas (Apuleia
leiocarpa), embaúbas (Cecropia hololeica), jabuticabeiras (Myrciaria cauliflora), jameleiros (Syzingium
jambolana), cambucazeiros (Marlierea edullis), fruta-pão (Artocarpus altilis) e jaqueiras (Artocarpus
heterphyllus).
3.2 Coleta de material
Primeiramente foi realizada uma pesquisa de campo para a elaboração de um desenho amostral, de
modo a avaliar possíveis impactos oriundos das atividades locais (hoteleira e agropecuária). Foram definidos
cinco pontos de coleta ao longo do Rio Boa Esperança (Fig.1), que passa por várias propriedades, sendo o
primeiro ponto dentro da Reserva Biológica de Tinguá (P1); o segundo foi sob uma ponte onde havia trânsito
de pessoas, veículos e casa de eventos (P2). O ponto três (P3) foi coletado próximo a uma agrofloresta; o
ponto 4 é o localizado na própria RPPN – PUC-Rio (P4) e o cinco, localizado na área urbana de Tinguá (P5).
Figura 1: Local de estudo (área demarcada corresponde ao Rio Boa Esperança)
Posteriormente objetivou-se uma abordagem qualitativa da área com a aplicação do questionário PAR.
No local, foram determinadas a temperatura da água; pH da água e solo, além da medição dos fluxos de água.
As informações foram coletadas através de questionários preconizados por Callisto et al. (2002).
Para a coleta das amostras para determinação dos parâmetros oxigênio dissolvido (OD), coliformes
termotolerantes, pH, demanda bioquímica de oxigênio (DBO5,20), temperatura da água, turbidez, resíduo
total, nitrogênio total e fósforo total, seguiu-se o protocolo estabelecido pelo LABAGUAS-PUC-Rio. Para o
OD, no local foram adicionados todos os reagentes (R1, R2 e R3) relacionados ao método. Para os demais
parâmetros, foram coletados dois frascos, sendo que um deles acidificado previamente para preservação das
amostras. Todas as amostras foram mantidas sob refrigeração até a chegada à PUC.
Para a determinação de BTEX, amostras de água foram coletadas em frascos de 40 mL, previamente
acidificados com HCl. As amostras foram analisadas por GCPID (Cromatografia Gasosa com detector de
fotoionização) da Thermo Finigan.
Para a determinação de metais e compostos orgânicos no solo, as amostras para metais foram coletadas
em frascos plásticos e as para compostos orgânicos em recipientes de alumínio, previamente descontaminados.
As amostras foram congeladas até análise.
A princípio planeja-se a realização de duas coletas em diferentes períodos: Julho de 2015 e Janeiro de
2016 para comparação entre períodos seco e úmido.
Para os peixes foi empregado o método de coleta ativa com auxílio de redes de mão, puçás e peneiras.
E no laboratório realizadas as análises químicas (HPAs) e os biomarcadores (MN, VN e EC) empregando os
protocolos necessários.
Observação: Até o presente momento serão apresentados neste relatório os resultados do PAR, IQA e
BTEX. As determinações de HPA, pesticidas e biomarcadores ainda estão sendo processadas.
4. Resultados
PAR
Com relação ao Protocolo de Avaliação Rápida de Rios (PAR) que foca a diversidade dos pontos
analisados, as áreas avaliadas apresentaram a seguinte classificação de acordo com a pontuação prédeterminada por Callisto et al. (2002), Tabela 1. A classificação resume em de 0 a 40: “áreas consideradas
impactadas”, de 41 a 60: “áreas alteradas” e de 61 a 100: “áreas naturais”.
Tabela 1: Diagnóstico para cada ponto de coleta de acordo com cada pontuação atribuída.
PONTOS DE COLETA
1 (Controle)
2 (Ponte depois do hotel)
3 (Japonês)
4 (RPPN PUC)
5 (Cidade)
S
-22.57889
-22.58556
-22.58778
-22.58833
-22.59250
O
-43.39361
-43.40139
-43.40306
-43.40722
-43.41417
PONTUAÇÕES DIAGNÓSTICO
88
Área natural
44
Área alterada
61
Área natural
52
Área alterada
28
Área impactada
Dentre os resultados obtidos, percebem-se claramente várias diferenças entre os pontos coletados
mediante as características abordadas pelo PAR, principalmente entre o ponto 1, utilizado como controle
(dentro de uma mata densa) e o P5, localizado na parte mais urbana do bairro. O P1, diagnosticado como área
natural, está localizado dentro da Reserva Biológica do Tinguá e pôde-se observar uma cobertura vegetal
maior no leito, a água bem transparente, sem odor e o único sem alterações antrópicas, de acordo com o
preconizado no questionário PAR. O ponto 5 apresenta moradias nas adjacências do rio, o despejo de lixo e
esgoto doméstico (14 pontos de lançamento no trecho amostrado), além disto, a retirada parcial de vegetação
aquática influenciou bastante nos parâmetros avaliados, sendo assim o diagnóstico desta área foi tido como
“impactado”.
Ressalva-se que embora o ponto 3 tenha sido classificado como natural, sua pontuação foi limite ao
estabelecido como área alterada. Visualmente a densidade de vegetação no entorno deste ponto era menor que
da área controle e o tipo também, pois não se trata de uma área de floresta e sim uma propriedade agrícola e a
largura do rio neste ponto também era inferior ao P1 (3.50m e 1.80m, respectivamente).
Em todos os pontos amostrados as extensões de rápidos não eram tão expressivas, sendo mais
acentuada apenas no P1. Em comparação ao P1 e com relação ao que se estabelece no protocolo, o P2
apresentou uma disponibilidade de habitats insuficiente e isto implica diretamente na diversidade de espécies
presentes no trecho, e o P5 recebeu uma pontuação ainda menor, apresentando menos de 10% de habitats
diversificados. Não foi observado nenhum peixe no período em que a coleta de água e solo foi realizada neste
trecho, diferentemente dos outros pontos, nos quais observou-se alguns espécimes de peixes e outros animais,
porém a quantidade também variou, sendo o P1, aparentemente mais abundante, porém uma amostragem mais
detalhada e específica poderia ser conduzida, com o intuito de corroborar essas observações rapidamente
pontuadas. Nos pontos 2, 4 e principalmente 5 havia um odor característico de esgoto tanto na água, quanto
no sedimento.
No P2, observou-se um bambuzal extenso na margem do rio, bananeiras e outras espécies exóticas. O
P1 apresentava uma grande diversidade em relação à vegetação ripária, grande parte nativa, porém existiam
algumas espécies exóticas, assim como no entorno do rio, principalmente por se tratar de um trecho localizado
dentro de uma mata de vegetação densa. Nos outros trechos, observou-se alguns pontos de desflorestamento
e uma clara redução da vegetação ripária em relação ao P1, sendo que no P5, essas características estavam
muito mais acentuadas. Muitas espécies vegetais exóticas foram observadas nas margens dos diferentes
trechos avaliados e o impacto das atividades antrópicas era perceptível nos outros pontos.
O questionário com os resultados dos cinco pontos é apresentado a seguir.
P1
P2
P3
P4
P5
Protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade de Habitats em trechos de baciais hidrográficas. Fonte: Callisto et al.(2002)
Parâmetros
1.Tipo de ocupação
das margens do corpo
d'água (principal
atividade)
2. Erosão próxima
e/ou nas margens do
rio e assoreamento em
seu leito
4 pontos
2 pontos
0 ponto
NOTAS
NOTAS
NOTAS
NOTAS
NOTAS
Vegetação Natural
Campo de patagem/
agricultura/monocultura/
Reflorestamento
Residencial/Comercial/
Industrial
4
2
2
2
0
Ausente
Moderada
Acentuada
2
2
2
2
0
Ausente
Alterações de origem
doméstica (esgoto, lixo)
Alterações de origem
industrial/urbana (fábricas,
siderurgias, canalização do
curso do rio
4
2
2
2
2
Parcial
Total
Ausente
2
2
4
4
4
5. Odor da água
Nenhum
Esgoto (ovo podre)
Óleo/industrial
4
2
4
2
2
6. Oleosidade da água
7. Transparência da
Água
Ausente
Moderada
Abundante
4
4
4
4
0
Transparente
Turva/cor de chá-forte
Opaca ou colorida
4
2
4
2
2
8. Odor do sedimento
9. Oleosidade do
fundo
Nenhum
Esgoto (ovo podre)
Óleo/industrial
4
2
4
2
2
Ausente
Moderada
Abundante
4
4
4
4
2
10. Tipo de Fundo
Pedras/cascalho
Lama/Areia
Cimento/canalizado
4
2
2
2
2
Parâmetros
5 pontos
3 pontos
2 ponto
0 ponto
11. Tipos de fundo
Mais de 50% com
habitats
diversificados;
pedaçoes de troncos
submersos; cascalho
ou outros habitats
estáveis
30 a 50% de habitats
diversificados; habitats
adequados para a manutenção
das populações de organismos
aquáticos
10 a 30% diversificados;
disponibildade de habitats
insufuciente; substratos
frequentemente modificados
Menos de 10% de habitats
diversificados; ausência de
habitats óbvia; sustrato rochoso
instável para fixação dos
organismos
5
2
3
3
0
3. Alterações
Antrópicas
4. Cobertura vegetal
no leito
Protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade de Habitats em trechos de baciais hidrográficas. Fonte: Callisto et al.(2002)
P1
P2
P3
P4
P5
NOTAS
NOTAS
NOTAS
NOTAS
NOTAS
12. Extensão de
rápidos
Rápidos e
corredeiras bem
desenvolvidas;
rápidos tão largos
quanto o rio e com o
comprimento igual
ao dobro da largura
do rio
13. Frequência de
rápidos
Rápidos
relativamente
frequentes; distância
entre rápidos
dividida pela largura
do rio entre 5 e 7
14. Tipos de
substratro
seixos abundantes
(prevalecendo em
nascentes)
seixos abundantes; cascalho
comum
fundo formado
predominantemente por
cascalho; alguns seixos
presentes
15. Deposição de lama
entre 0 e 25% do
fundo coberto por
lama
entre 25 e 50% do fundo
coberto por lama
entre 50 e 75% coberto por
lama
mais de 75% coberto por lama
5
0
5
2
0
16. Depósitos
sedimentares
Menos de 5% do
fundo com
deposição de lama;
ausência de
deposição nos
remansos
Alguma evidência de
modificação no fundo,
principalmente como aumento
de cascalho, areia ou lama; 5 a
30 % do fundo afetado; suave
deposição de remansos
deposição moderada de
cascalho novo, areia ou
lama nas margens; entre 30
e 50% do fundo afetado;
deposição moderada de
remansos
grandes depósitos de lama,
maior desenvolvimnto nas
margens; mais de 50% do fundo
modifcado; remansos ausentes
devido à deposição de
sedimentos
3
0
2
2
0
17. Alterações nos
canais do rio
Canalização
(retificação) ou
dragagem auente ou
mínima; rio com
padrão normal
alguma canalização presente,
normalmente próximo à
construção de pontes;
evidencia de modificações há
mais de 20 anos
alguma modificação
presente nas duas margens;
40 a 80% do rio modificado
margens modificadas; acima de
80% do rio modificado
5
3
5
2
2
Rápidos com a largura igual à
do rio, mas com comprimento
menor que o dobro da largura
do rio
Trechos rápidos podem
estar ausentes; rápidos não
tão largos quanto o rio e seu
comprimento menor que o
dobro da largura do rio
Rápidos ou corredeiras
inexistentes
2
0
0
0
0
Rápidos não frequentes;
distância entre rápidos dividida
pela largura do rio entre 7 e 15
Rápidos ou corredeiras
ocasionais; hábitats
formados pelos contornos
do fundo; distância entre
rápidos dividida pela largura
do rio entre 15 e 25
Geralmente com lâmina d'água
"lisa" ou com rápidos rasos;
pobreza de hábitats; distância
entre rápidos dividida pela
largura do rio maior que 25
5
5
3
5
5
fundos pedregoso; seixos ou
lamoso
2
0
2
0
0
Protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade de Habitats em trechos de baciais hidrográficas. Fonte: Callisto et al.(2002)
P1
P2
P3
P4
P5
NOTAS
NOTAS
NOTAS
NOTAS
NOTAS
18. Características do
fluxo das águas
Fluxo relativamente
igual em toda a
largura do rio;
mínima quantidade
de substrato exposta
lâmina d'água acima de 75% do
canal do rio; ou menos de 25%
do substrato exposto
lâmina d'água entre 25 e
75% do canal do rio, e /ou
maior parte do substrato nos
"rápidos" exposto
lâmina d'água escassa e
presente apenas nos remansos
5
2
3
3
3
19. Presença de mata
ciliar
Acima de 90% com
vegetação ripária
nativa, incluindo
árvores, arbustos ou
macrófitas; mínima
evidência de
desflrestamento;
todas as plantas
atingindo altura
normal
entre 70 e 90% com vegetação
ripária nativa; desflorestamento
evidente mas não afetando o
desenvolvimento da vegetação;
maioria das plantas atingindo a
altura "normal"
entre 50 e 70% com
vegetação ripária nativa;
desflorestamento óbvio;
trechos com solo exposto ou
vegetação eliminada; menos
da metade das plantas
atingindo a altura "normal"
menos de 50 % da mata ciliar
nativa; desflorestamento muito
acentuado
5
2
2
2
0
20. Estabilidade das
margens
margens estáveis;
evidência de erosão
mínima ou ausente;
pequeno potencial
para problemas
futuros. Menos de
5% da margem
afetada
moderadamente estáveis;
pequenas áreas de erosão
frequentes. Entre 5 e 30% da
margem com erosão
moderadamente instável;
entre 30 e 60% da margem
com erosão. Risco elevado
de erosão durante enchentes
Instável; muitas áreas com
erosão; ferquentes áreas
descobertas nas curvas do rio;
erosão óbvia enre 60 e 100% da
margem
5
2
2
3
0
21. Extensão de mata
ciliar
Largura da
vegetação ripária
entre
MODIFICADO NO
RELATÓRIO
Largura da vegetação ripária
entre MODIFICADO NO
RELATÓRIO
Largura da vegetação ripária
entre MODIFICADO NO
RELATÓRIO
Largura da vegetação ripária
entre MODIFICADO NO
RELATÓRIO
5
2
2
2
2
22. Presença de
plantas aquáticas
pequenas macrófitas
aquáticas e ou
musgos distriuídos
pelo leito
macrófitas aquáticas ou algas
filamentosas ou musgos
distribuídos no rio, substrato
com perifiton
algas filamentosas ou
macrófitas em poucas
pedras ou alguns remansos,
perifiton abundante e
biofilme
ausência de vegetação aquática
no leito do rio ou grandes
bancos macrófitas (p. ex.
aguapé)
5
2
0
2
0
Total
88
44
61
52
28
Parâmetros físico-químicos
A tabela 2 apresenta o resumo dos resultados dos parâmetros físicos e físico-químicos
obtidos nos cinco pontos estudados, e a tabela 3, alguns ânions por cromatografia de íons. De um
modo geral, os resultados dos parâmetros físicos apresentam a área com ausência de influências
antropogênicas, com exceções. O ponto 4 apresentou valores acima dos limites estabelecidos
pela portaria 2914 para a cor aparente e turbidez. Quanto aos demais parâmetros, todas as
amostras ficaram abaixo dos limites preconizados pelos órgãos balizadores nacionais.
Tabela 2. Resultados dos parâmetros físicos e físico-químicos das amostras de água
coletadas na RPPN-Tinguá em julho de 2015.
Parâmetros Físicos e Físico-químicos
VMP
Ensaio
Aspecto
natural
P1
Límpido
e ncolor
P2
Límpido
e ncolor
P3
Límpido
e ncolor
P4
Límpido
e ncolor
P5
Límpido
e ncolor
Unidade
LQ
Metodologia
RDC
274
Port.
MS
2914
-
N.A.
Visual
-
-
-
Odor a frio
Sólidos em
suspensão
Ausente
Ausente
Ausente
Ausente
Ausente
-
N.A.
Sensorial
-
-
-
Presente
Presente
Presente
Presente
Presente
-
N.A.
-
5,5
12
12,6
16,7
14,3
uH
<0,2
-
15
uH
-
Cor aparente
Cor real
3,9
3,9
4,4
5,3
4,7
uH
<0,2
-
-
-
Turbidez
<1
4
3
6
3
uT
<1
-
5 uT
-
pH a 25ºC
7,586
7,177
7,073
7,063
7,108
N.A.
-
-
-
Condutividade
45,5
50
58,3
55
68,5
x106
mhos
cm-1
Visual
NBR
13798-97
NBR
13798-97
MB3227-90
ASTM
D1293-12
<1,3
ASTM
D1125-95
-
-
<11,2
Calculado
-
Sólidos totais
dissolvidos
Dureza Total
em CaCO3
Dureza
permanente
em CaCO3
Dureza
temporária
em CaCO3
Alcalinidade
Total em
CaCO3
Carbonato em
CO32Bicarbonato
em HCO3-
CONAMA
396
-
39,2
42,1
47,3
45,2
53,8
mg L-1,
calc.
9,8
10,6
12,6
12,2
14,5
mg L-1
<0,10
Calculado
-
1000
mg
L-1
500
mg
L-1
-
-
-
-
-
mg L-1
<0,10
Calculado
-
-
-
9,8
10,6
12,6
12,2
14,5
mg L-1
<0,10
Calculado
-
-
-
12,3
12
15,2
13,9
16,5
mg L-1
<1,00
-
-
-
<1,50
<1,50
<1,50
<1,50
<1,50
mg L-1
<1,50
-
-
-
15
14,6
18,5
17
20,1
mg L-1
<1,50
-
-
-
ASTM
D1067-11
ASTM
D1067-11
ASTM
D1067-11
1000
mg L-1
-
Estes resultados se correlacionaram qualitativamente com os resultados obtidos no
questionário PAR, pois de um modo geral, os valores obtidos para os pontos 1, 3, 2, 4 e 5 apresentaram
com raras exceções, um gradiente crescente dos parâmetros avaliados.
Tabela 3. Resultados de ânions por cromatografia de íons das amostras de água coletadas na
RPPN-Tinguá em julho de 2015.
Ânions por cromatografia de íons
Ensaio
P3
P4
P5
Fluoreto (F-)
0,04
0,04
0,04
0,04
0,04
<0,01
-
1,5
1,5
(Cl-)
3,45
3,88
4,27
4,04
5,17
<0,01
-
250
250
0,027
0,025
0,026
0,027
0,029
<0,01
-
-
-
50
10*
10*
ASTM 432711
Nitrato (NO3-)
2,12
2,79
2,22
2,31
2,47
(PO43-)
<0,01
<0,01
<0,01
<0,01
0,013
<0,01
-
-
-
Sulfato (SO42-)
1,52
1,76
2,54
2,3
3,15
Legenda: ND- Não determinado * Nitrato como N
<0,01
-
250
250
Fosfato
mg L-1
Metodologia
CONAMA
396
P2
Brometo (Br-)
LQ
RDC274
P1
Cloreto
Unidade
VMP
Port. MS
2914
<0,01
Quanto aos resultados dos ânions fluoretos, cloretos, brometos, nitratos, fosfatos e sulfatos,
nenhuma amostra apresentou níveis próximos aos estabelecidos pelas normas.
BTEX
A tabela 4 apresenta os resultados de BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos) nas
amostras de água coletadas nos cinco pontos no presente trabalho, bem como os limites de
detecção e de quantificação da metodologia utilizada. As amostras foram coletadas em triplicatas
em cada ponto e a determinação realizada por cromatografia gasosa com detector de ionização
de chama. A quantificação foi realizada com padronização externa com os padrões de benzeno,
tolueno, etilbenzeno e xilenos.
Tabela 4. Resultados de BTEX das amostras de água coletadas na RPPN-Tinguá em julho de
2015. Valores expressos em ng mL-1.
Limite Quantificação
Limite Detecção
P1
P2
P3
P4
P5
Benzeno
< 1,00
< 0,49
< 0.49
< 0.49
< 0.49
< 0.49
< 0.49
Tolueno
< 1,00
< 0,17
<LQ
<LQ
<LQ
<LQ
<LQ
Etilbenzeno
< 1,00
< 0,08
<LQ
<LQ
<LQ
<LQ
<LQ
m/p xileno
< 2,00
< 0,19
< 0.19
< 0.19
< 0.19
< 0.19
< 0.19
O-xileno
< 1,00
< 0,08
< 0.08
<LQ
<LQ
<LQ
<LQ
Todas as amostras apresentaram valores abaixo dos limites de quantificação e de
detecção, e portanto conclui-se que as áreas avaliadas não estão impactadas por estes compostos.
5. Conclusões
Pelos resultados qualitativos obtidos pelo protocolo PAR, foi possível diferenciar os pontos
amostrados. Visualmente o ponto 5, localizado na área urbana de Tinguá apresentava grandes
alterações antrópicas. Este protocolo é fácil, rápido e de baixo custo em avaliações iniciais e
contínuas em monitoramentos ambientais.
Houve correlação entre os resultados qualitativos do PAR com os químicos, pois observou-se
basicamente as mesmas tendências entre os pontos analisados. Porém, em termos de valores
limites preconizados pelos órgãos legisladores, todas as áreas estão isentas de contaminação.
Ressalva-se que ainda estão sendo processadas outras análises químicas que podem fornecer
novas informações, pois são marcadores moleculares de contaminação por petróleo
(hidrocarbonetos) e esgoto (esteróis).
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AGÊNCIA
NACIONAL
DE
ÁGUAS
(Brasil)
(ANA).
Disponível
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Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para seu enquadramento.
Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf Acessado em: 05
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TINGUÁ, RJ Aluno: Larissa de Souza - PUC-Rio