ATENDIMENTO À FAMÍLIA NO AMBIENTE HOSPITALAR: UMA
AÇÃO DE HUMANIZAÇÃO
Camila de Freitas Dutra 1
Maria de Lourdes Mattos Barreto 2
Naíse Valéria Guimarães Neves 3
Monique do Val de Souza 4
Edna Miranda Mayer 5
Maria Cristina Cupertino 6
Luciana Grasiéle Nogueira 7
Maria Aparecida Resende Marques 8
RESUMO
O presente trabalho refere-se ao projeto em andamento, desenvolvido no Hospital São Sebastião - HSS em
Viçosa/MG. Iniciou-se a partir da experiência vivenciada por estagiárias da Economia Doméstica no setor da
Brinquedoteca desta Instituição. Durante o desenvolvimento deste foi possível conhecer como as famílias são
importantes na recuperação da criança doente, e ainda, como estas carecem de informações sobre higiene, saúde,
dentre outras. Objetivamos neste estudo fortalecer a atenção à saúde das crianças internadas na pediatria do HSS,
por meio da criação de um Programa de Apoio à Família das mesmas, realizando ações de intervenção junto às
famílias durante o período de internação da criança e pós-internação, no seu ambiente domiciliar. Foram
realizadas diversas estratégias para trocas de informações com os/as acompanhantes das crianças. Observamos
que os/as mesmos/as têm sede de informações uma vez que durante as ações propostas demonstraram muito
interesse e satisfação durante a realização das atividades. Com base na experiência vivenciada durante o primeiro
ano de realização do projeto podemos inferir que foi possível realizarmos um trabalho integrado de cunho
participativo e cooperativo, onde todos/as faziam parte do processo. Isso funcionou como um grande estímulo
para a bolsista e a equipe de estagiárias do projeto.
PALAVRAS-CHAVES: Família. Humanização. Saúde.
1
Graduanda do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa – UFV/MG. Bolsista PIBEX.
2009. E-mail: [email protected]
2
Profª Associada do Departamento de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa –
UFV/DED/MG. E-mail: [email protected]
3
Profª Assistente II do Departamento de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa –
UFV/DED/MG. E-mail: [email protected]
4
Graduanda do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa – UFV/MG. Bolsista PIBEX
2008. E-mail: [email protected]
5
Graduanda do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa – UFV/MG. Membro da
Equipe do Projeto PIBEX . E-mail: [email protected]
6
Graduanda do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa – UFV/MG. Membro da
Equipe do Projeto PIBEX. E-mail: [email protected]
7
Graduanda do Curso de Educação Infantil da Universidade Federal de Viçosa – MG, Membro da Equipe do
Projeto PIBEX. E-mail: [email protected].
8
Economista Doméstica, Coordenadora da Brinquedoteca do Hospital São Sebastião – Viçosa -MG. E-mail:
[email protected].
1 INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta o relato de uma experiência vivenciada por meio do
desenvolvimento do projeto de extensão intitulado: “A Família Inserida no Contexto
Hospitalar Enquanto Acompanhante de Crianças Internadas na Pediatria do Hospital São
Sebastião em Viçosa/MG” que foi gestado a partir da atuação de 2 (duas) estagiárias do curso
de Economia Doméstica da UFV, no setor da Brinquedoteca do Hospital São Sebastião de
Viçosa – MG. Durante o período de estágio foi possível conhecer várias realidades sobre
família e como estas eram importantes no processo de recuperação da criança. Em vários
momentos ficaram explícitos alguns problemas enfrentados por profissionais do Hospital no
que se referia ao/a acompanhante das crianças internadas na pediatria do HSS9, dentre eles:
falta de informação dos/as acompanhantes em relação à recuperação da criança, problemas
com relação à higiene, alimentação, dentre outros.
O ambiente hospitalar tem como característica ser um local com um acentuado nível
de estresse e de traumatização psicológica dos/as internados/as, uma vez que, em um mesmo
ambiente podem ser tratadas pessoas com diferentes tipos de enfermidades. Com isso a dor de
uma pessoa pode ser vivenciada por outras pessoas que estejam no mesmo lugar. Além disso,
o ambiente hospitalar é um local sujeito a ação de microrganismos, no ar, na água e em
superfícies inanimadas, que podem ou não ser prejudiciais a saúde do/a paciente. Sendo assim
este ambiente está muito mais susceptível a ocorrências de infecções.
A hospitalização representa para a criança medo do desconhecido, sofrimento físico
com os procedimentos e sofrimento psicológico relacionado a todos os sentimentos novos que
possa vivenciar. Já para a família/acompanhante, significa o sentimento de perda da
normalidade, de insegurança na função de progenitores, de alteração financeira no orçamento
doméstico, de dor pelo sofrimento do/a filho/a (OLIVEIRA e COLLET, 1999).
Além dos aspectos psicológicos que são possíveis de ressaltar, vale também explicitar
os aspectos sociais, como por exemplo, a falta de informação dos/as acompanhantes das
crianças internadas no Sistema Público de saúde (SUS) no Hospital São Sebastião/Viçosa-MG
(HSS), em relação às noções básicas de higiene, saúde, educação das crianças, importância do
brincar e também dos serviços oferecidos por esse hospital durante o período de internação
do/a paciente.
9
Hospital São Sebastião
Outro fato que chamou a atenção foi o das mães/acompanhantes não respeitarem a
dieta prescrita pelo médico para a criança no período de internação. Algumas ofereciam às
crianças, balas, refrigerantes, salgadinhos, dentre outros alimentos, que em alguns casos,
poderia agravar o quadro clinico da criança, sendo quase inexistente o oferecimento de
alimentos saudáveis como frutas e sucos naturais. Em muitos momentos presenciamos as
mães/acompanhantes alimentando as crianças no corredor da pediatria, e às vezes sentadas no
chão.
Diante do exposto, visando disponibilizar informações e formação, decidimos
desenvolver ações de intervenção junto aos/as acompanhantes das crianças internadas no setor
da pediatria do Hospital São Sebastião. Estas ações, segundo Szymanski (2001), pressupõe a
possibilidade da família adotar novas formas de convivência que favoreçam o
desenvolvimento pessoal de todos os seus membros. A autora acrescenta que não podemos
esquecer que o primeiro direito da criança e do adolescente é o da proteção à vida e à saúde,
mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o
desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
Diante das reflexões explicitadas objetivamos a proposição de um projeto de
intervenção visando contribuir para o aprimoramento do atendimento Hospitalar, sobretudo
das crianças e famílias atendidas pelo SUS no Hospital São Sebastião de Viçosa, fortalecendo
a atenção à saúde das crianças internadas por meio da criação de um Programa de Apoio à
Família das crianças internadas na pediatria do HSS, realizando ações de intervenção junto a
essas famílias durante o período de internação da criança. Especificamente pretendemos,
informar aos/as acompanhantes das crianças internadas, questões referentes à higiene pessoal
e dos alimentos, microrganismos e o que podem causar, como prevenir seus filhos/as de
doenças como: gripe, resfriado, diarréia, etc., também pretendemos contribuir com a
humanização do Hospital São Sebastião realizando ações onde os/as pacientes, suas famílias e
os/as servidores/as do Hospital sintam-se valorizados.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Segundo PEDROSO (2007), no século XIX, “a pediatria surge como especialidade,
mas a separação dos pais já era vista, nesta época como um obstáculo à internação. Em
decorrência disso surge os hospitais especiais para crianças, com atividades de recreação e
amplo acesso dos pais”. No entanto, no final do mesmo século, devido as dificuldades de
controle e prevenção de infecções cruzadas, foram adotadas medidas rígidas de esterilização e
controle das visitas. Já nas décadas de 40 e 50, foi demonstrado que a hospitalização conjunta
não contribuía para o aumento do risco infeccioso; de acordo com o autor, diversos /as
pesquisadores/as demonstraram diminuição dos índices de infecção hospitalar, dos custos,
dias de internação, da morbitalidade e dos fracassos cirúrgicos. Sendo assim, os programas de
internação conjunta passaram a ser considerados barreiras à disseminação das infecções.
A internação conjunta contribui para uma maior interação entre a equipe que trabalha
no hospital e os pais. Este maior contato com os pais possibilita a “obtenção de informações
seguras sobre o/a paciente, possibilita também que as enfermeiras dediquem tempo maior à
assistência das crianças mais graves ou que estão sem pais”. Além disso, permite auxiliar
os/as pais e mães garantindo a terapêutica correta após a alta da criança.
Segundo FERNANDES et al (2006) :
...é fundamental compreender a família como mediadora da criança/adolescente no hospital,
já que, ela é porta-voz das preocupações e sentimentos daqueles que acompanham,
transmitindo à equipe os sinais e as mensagens enviadas pela criança/adolescente. Estes
sinais podem auxiliar os profissionais a rever sua conduta e promover mudanças na
assistência, adequando o mundo do hospital às necessidades da criança (s.p.) .
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) garante a permanência em tempo
integral do pai, mãe ou responsável nos casos de internação de criança ou adolescente. Essa
inserção da família no ambiente hospitalar fez surgir novas demandas com as quais os/as
profissionais precisam interagir, entre elas, mudar o foco da atenção da doença para o cuidado
e um cuidado que seja inclusivo, pensando na criança/adolescente e sua família. (MACHADO
et al)
De acordo com MACHADO et al:
Os profissionais precisam entender que os pais também tem suas necessidades físicas
(repouso, alimentação, etc.) e emocionais (atenção, orientação, apoio psicológico) e
precisam ser preparados para participar do cuidado durante a hospitalização e após a alta
(2005,s.p.)
Acolher e compartilhar informações com as famílias significa compartilhar as idéias e
os cuidados. Dessa forma, busca-se a incorporação das observações feitas pelos familiares no
plano de cuidados da criança/adolescente.
É importante ressaltar que trabalhar com crianças significa trabalhar também com seus
pais e mães, especialmente com sentimentos e atitudes. Segundo OLIVEIRA e COLLET
(1999), a relação dos pais e filhos/as define e dirige o nível de tensão emocional da criança. A
insegurança, indecisão e ansiedade, levam os pais e mães a mudar de comportamento, o que é
percebido pela criança, que busca sua segurança no padrão de cuidados ao qual está
acostumado.
FERNANDES et al (2006) acrescenta:
A experiência da utilização das atividades grupais para o cuidado às famílias, surge da
necessidade que este grupo específico têm, visto que, pouco tem sido feito no sentido de
acolher os familiares no período de internação do filho, saber suas reais necessidades,
angústias, medos, sentimentos em relação ao filho e estratégias para o cuidado da criança ou
adolescente (s.p.)
A hospitalização representa para a criança medo do desconhecido, sofrimento físico
com os procedimentos e sofrimento psicológico relacionado a todos os sentimentos novos que
possa vivenciar. Já para a família, significa o sentimento de perda da normalidade, de
insegurança na função de progenitores, de alteração financeira no orçamento doméstico, de
dor pelo sofrimento do filho.(OLIVEIRA e COLLET). As autoras ainda relatam que a
formação do profissional enfermeiro se dá no sentido de que desenvolva sua prática
profissional inserido numa equipe de saúde onde a ação de cada profissional forma o conjunto
de atenção à saúde que a população necessita, ou seja, numa prática multi e interdisciplinar.
Para que a assistência bio-psico-sócio-cultural-ambiental-familiar ocorra é necessário a
participação de outros profissionais, tais como médicos, assistente social, psicólogo,
nutricionista, fonoaudiólogo, além do enfermeiro, é importante a participação destes
profissionais possibilitando a complementaridade de ações que resultem em eficácia e
eficiência na prestação de cuidados físicos e psicológicos à criança na unidade de alojamento
conjunto pediátrico.
3 METODOLOGIA
O presente trabalho apresenta projeto em andamento, iniciado a aproximadamente 15
meses na pediatria do Hospital São Sebastião em Viçosa-MG.
O Hospital São Sebastião está situado na cidade de Viçosa MG, Zona da Mata Norte.
É uma instituição filantrópica e segundo dados de dezembro de 2008, possui
aproximadamente 280 servidores. O corpo clínico era composto de 90 médicos e 1 cirurgião
dentista em seu quadro funcional. (Relatório HSS, 2008).
Organizado em diferentes setores, ressaltaremos aqui o setor da Pediatria. Este é
dividido em duas áreas: uma sala de recreação que também é utilizada para as refeições, e a
área dos leitos. Nesta área não existe divisões entre os 11 leitos distribuídos num mesmo
ambiente. Em casos de doenças mais graves separa-se o leito dos demais por meio de
biombos e nos casos extremos a criança é transferida para quartos em outros setores do
hospital. As crianças internadas na pediatria são atendidas pelo Sistema Único de Saúde.
O Hospital São Sebastião conta com uma Brinquedoteca que funciona desde 1993,
oferecendo às crianças internadas no setor da pediatria, um programa de atividades lúdicas,
planejadas especificamente para atendê-las.
Para a realização das atividades deste projeto, utilizamos tanto o espaço da pediatria,
como o da Brinquedoteca. Até o momento, foram utilizados, para a realização do projeto:
fichas de cadastro das crianças internadas e de seu/a acompanhante; folders contendo
informações sobre higiene pessoal e dos alimentos, prevenção de doenças como: gripe,
resfriado, diarréia, etc.; ações de preservação do enxoval da pediatria; questionário aplicado
nas visitas domiciliares.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este projeto ainda está em andamento, no entanto, é possível apresentar alguns
resultados preliminares. As atividades já realizadas vão desde palestras e círculos de discussão
sobre temas diversificados, até estratégias de humanização como o Correio da Vida, Doutores
do Sorriso e também visitas às casas das famílias que utilizaram os serviços do SUS no HSS.
As palestras sobre higiene pessoal transmitiram aos/as acompanhantes conceitos sobre
o que são microorganismos e o que eles podem causar as pessoas, seguido de informações
sobre como realizar adequadamente a higiene pessoal (tomar banho, cortar as unhas, escovar
os dentes, lavar os cabelos e penteá-los, etc.), também palestras sobre higiene dos alimentos
foram ministradas, nestas foi possível abordar como realizar a lavagem e armazenamento dos
alimentos, principalmente os que são oferecidos pelos acompanhantes dentro da pediatria.
Outros assuntos que foram abordados em forma de palestra foram as doenças
respiratórias (gripe, resfriado e bronquite), diarréia e parasitos (piolhos), nestas discussões foi
explicitado a prevenção de cada uma das doenças, e a necessidade de procurar um médico em
casos de patologia ou mesmo suspeita, para que aconteça a notificação e o tratamento. Foi
possível observar que as crianças internadas no HSS, em sua maioria, possuíam alguns destes
problemas, e é baixo o nível de informação dos acompanhantes sobre estas questões.
Em todas as palestras apresentadas, foram relatados, pelos acompanhantes, fatos
cotidianos sobre o tema abordado ou mesmo expressões de surpresa e de susto. Em uma
palestra sobre higiene pessoal, uma senhora de 54 anos disse: “Se eu lavar meu banheiro com
água fervendo eu mato esses bichinhos?”
Os assuntos escolhidos para serem expostos neste local surgiram a partir das
observações coletadas pela equipe de estagiárias do setor da Brinquedoteca e de sugestões dos
/as funcionários/as do hospital, que visualizavam a necessidade de informar os /as
acompanhantes.
Outra ação realizada foram os cursos de culinária junto aos/as acompanhantes das
crianças. Para realização desta atividade produzimos um livro de receitas para ser entregue
durante os cursos. Para a construção deste livro, buscamos receitas de baixo custo e alto valor
nutritivo. A decisão por utilizar esta estratégia se deu devido ao sentimento de necessidade da
equipe do projeto ao perceber que só as palestras não estavam sendo suficientes para abordar
alguns assuntos junto aos/as acompanhantes e que eles precisavam de oficinas práticas para
que pudessem refletir e compreender melhor as questões relativas à higiene e saúde. Para
nossa surpresa, essa estratégia não foi bem aceita pelos/as acompanhantes presentes durante
aquele momento de internação da criança. Diante desse fato, surgiu a grande questão: como
vamos conseguir interagir com essas pessoas de forma que elas sintam necessidade de
conhecer novas coisas e assim contribuir para o sucesso de recuperação das crianças
hospitalizadas?
Novas reuniões com a equipe coordenadora do projeto foram realizadas para tentarmos
pensar em novos caminhos e novas estratégias para atingirmos nossos objetivos.
Dentre algumas ações decidimos realizar círculos de discussão. Utilizando essa
estratégia percebíamos que os/as acompanhantes se sentiam mais a vontade para falar sobre o
momento que estavam passando com seus/as filhos/as e assim levantavam suas dúvidas a
respeito de muitos assuntos que as inquietavam, em relação à doença do/a seu filho/a,
sobrinho/a, neto/a, etc.
Outra preocupação do projeto era com a humanização no setor pediátrico, pois os
acompanhantes se sentiam muito sozinhos e segundo eles/as “com muita vontade de
conversar com alguém”, com isso foi criado o CORREIO DA VIDA10. Esse correio
funcionava da seguinte forma: levávamos mensagens positivas aos/as acompanhantes. Todas
as mensagens eram personalizadas e continham o nome da pessoa que estava acompanhando a
criança internada. Chegávamos à pediatria e convidávamos todos para participar do correio
10
O CORREIO DA VIDA foi uma estratégia de ação criada pela bolsista de extensão (PIBEX), Monique do Val
de Souza e a colaboradora do projeto Maria Cristina Cupertino.
chamando um/a a um/a. Antes de entregarmos a mensagem para a pessoa, líamos o que estava
escrito para elas. A atividade foi tão bem recebida e aceita por aquelas pessoas que tivemos, a
pedido dos/as próprios/as funcionários/as do hospital, que realizar a mesma atividade com
os/as enfermeiros/as da pediatria. Após a mensagem entregávamos uma folha em branco e
um lápis e pedíamos para que eles escrevessem ou desenhassem sobre o que sentiram com o
recebimento da mensagem.
Por meio de desenhos e, ou frases as pessoas relatavam o quanto tinham gostado de
receber a mensagem. Assim, através desta atividade, a equipe do projeto conseguiu uma
maior aproximação e confiança dos/as acompanhantes, o que facilitou o diálogo sobre os
assuntos abordados nos círculos de discussões. O mesmo foi feito em outros setores do
hospital, onde levávamos aos/as funcionários/as as mensagens do correio, que era realizado
todas as semanas na pediatria e uma vez por mês em outro setor do hospital. Este trabalho nos
propiciou maior proximidade com os/as funcionários/as uma vez que, a partir dessa
experiência, os/as mesmos/as passaram a valorizar mais o trabalho que fazíamos na pediatria.
Outra atividade realizada pela equipe do projeto com a preocupação relativa à
humanização é a colaboração em grupo denominado DOUTORES DO SORRISO, este grupo
visita a pediatria e outros setores do hospital periodicamente, com o intuito de divertir as
pessoas internadas. Para isso os/as participantes do grupo vestem-se de palhaços e realizam
dinâmicas com os/as internados/as e com os/as acompanhantes. Todos os integrantes do grupo
participam de cursos de capacitação para que esta atividade seja realizada de maneira
divertida e também ética.
Um dos objetivos do projeto é o de realizar visitas as famílias das crianças internadas,
porém encontramos muita dificuldade para que as mesmas ocorressem, devido ao grande
número de famílias que são atendidas e a falta de informações corretas no que se refere ao
endereço desses/as usuários/as. Outro fator que dificulta esse tipo de ação é o número
reduzido de estagiárias que compõem a equipe do projeto.
Sabemos que esta é uma estratégia importante, pois no ambiente hospitalar pudemos
observar que os acompanhantes nem sempre concordavam em participar das atividades, com
seus filhos/as passando por um momento de sofrimento. Com isso organizamos todos os
dados sobre as famílias que já haviam sido atendidas no HSS, separando-os por bairros.
Aleatoriamente selecionamos um bairro chamado Nova Viçosa, neste bairro foram atendidas
no HSS quatro famílias neste período.
Como instrumento para coletar informações sobre a família, durante a visita
domiciliar, utilizamos um questionário onde perguntamos sobre a água que abastecia a casa, o
destino do esgoto, se existem animais de estimação e onde eles ficavam, dentre outras
questões pertinentes, para que pudéssemos verificar se existe relação entre as causas das
doenças mais comuns que chegam até a pediatria do HSS e o ambiente domiciliar do doente.
Nestas visitas observamos que em todas as casas visitadas havia animais de estimação
dentro de casa; em uma das casas que fomos não havia portas, nem janelas, além de ter muito
entulho do lado de fora, acumulando poeira e permitindo que a casa ficasse úmida. Uma
destas famílias tem criança que já foi internada com quadro de anemia e glicose baixa.
Segundo a mãe, a criança estava sendo alimentada com muito doce para que a glicose pudesse
subir, aproveitando a oportunidade informamos a esta mãe que ela não poderia dar açúcar à
criança sem a prescrição de um nutricionista e sugerimos que ela procurasse atendimento
urgente com este/a profissional.
O diálogo com as famílias são de grande relevância, pois através destes podemos
melhorar as atividades de forma a termos um resultado positivo, e também para que possamos
perceber estes resultados, é desta forma que esperamos que este projeto cresça alcançando
muitas famílias da comunidade de Viçosa com qualidade.
5 CONCLUSÃO
Ao falarmos em saúde da criança, não falamos apenas em bem estar físico, mas
também, no bem estar social, para que isto aconteça, faz-se necessário apoio não somente à
criança; deve-se incluir também a família, que quando bem amparada ajuda na recuperação da
mesma. Por isto, projetos e trabalhos nesta área são importantes para fortalecer a atenção dos
/as profissionais para o setor da pediatria, enfocando as crianças e seus acompanhantes,
tornando o tempo de estadia neste local menos difícil. Para isto necessitam de ajuda externa,
como de entidades, estagiários, para que se desenvolvam as atividades, além das relações
geradas serem um meio eficaz de trocas de conhecimentos.
As dificuldades vivenciadas durante a realização das atividades foram o espaço
reduzido (as atividades estavam acontecendo dentro da pediatria da instituição, pois o espaço
da brinquedoteca estava sendo reformado, e a escassez de bibliografia relacionada a este tema
em estudo. Diante disso fica difícil podermos analisar estas ações utilizando estudos feitos
nesta área. Com isso fica a sugestão de novas pesquisas relacionadas a este assunto.
REFERÊNCIAS
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Guimarães; CUPERTINO, Maria Cristina; MARQUES, Maria Aparecida R.; CARMO,
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Enquanto Acompanhante de Crianças Internadas na Pediatria do Hospital São
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SZYMANSKI, Heloisa. A relação família/escola: Desafios e perspectivas. Brasilia-DF:
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