Direitos do paciente à luz da
legislação brasileira
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1) O paciente tem direito a atendimento humano,
atencioso e respeitoso, por parte de todos os
profissionais de Saúde. Tem direito a um local digno e
adequado para seu atendimento;
2) o paciente tem direito a morte digna e serena,
podendo optar ele próprio (desde que lúcido), a família
ou responsável, por local ou acompanhamento, e ainda
se quer ou não o uso de tratamentos dolorosos e
extraordinários para prolongar a vida;
3) o paciente tem direito a dignidade e respeito, mesmo
após a morte. Os familiares ou responsáveis devem ser
avisados imediatamente após o óbito;
4) o paciente tem direito a não ter nenhum órgão
retirado de seu corpo sem sua prévia aprovação;
Aproximação da Morte
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Proporcionar conforto é o objetivo
primário da equipe de enfermagem à
pessoa agonizante;
Dependerá das circunstâncias, estado
emocional e crenças, bem como do grau de
sensibilidade e preparo da equipe que
presta atendimento;
Deve-se envolver a família e pessoas
próximas nos cuidados.
FMT - Enfermagem - T IV - 3º
semestre - Dez/09
ETAPAS DO PROCESSO DE MORRER
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ETAPA DA NEGAÇÃO
Essa primeira fase é determinada por uma série de
comportamentos e atitudes do paciente que tendem a
negar ou a minimizar sua situação;
A pessoa reage utilizando um mecanismo de defesa para
reduzir sua angústia;
Esse tipo de negação se caracteriza por observações
como: “não pode ser que isto esteja acontecendo
comigo”, “o médico equivocou-se quanto ao meu
diagnóstico”, ou qualquer outra expressão que reflita a
dificuldade para aceitar uma realidade.
ETAPAS DO PROCESSO DE MORRER
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ETAPA DA RAIVA
Quando não se pode continuar mantendo a primeira
atitude, que é a negação, passa-se à expressão de
sentimentos de ira, raiva, inveja ou ressentimento;
A reação violenta é observada no ambiente mais
próximo do sujeito, sua família e os que cuidam dele.
Geralmente descarrega a sua rebeldia, a sua cólera nas
pessoas que mais ama.
Nessa fase é importante que as pessoas que cuidam
dele percebam que a agressividade ou crítica nada tem a
ver com eles, mas é a expressão das dificuldades vividas
pelo paciente.
ETAPAS DO PROCESSO DE MORRER
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ETAPA DA BARGANHA
Durante essa fase, o paciente pode fazer determinadas
promessas ou contrapartidas caso os seus desejos sejam
satisfeitos, essas promessas estão relacionadas às
crenças da pessoa e a seus sentimentos de culpa. Pode
pactuar com Deus ou qualquer outra pessoa superior na
qual creia.;
É assim que começam as promessas, as súplicas, as
chantagens etc., com a finalidade de alongar o seu
tempo de vida;
Diferentemente da anterior, é uma etapa silenciosa, que
às vezes não é percebida pelas pessoas que rodeiam.
ETAPAS DO PROCESSO DE MORRER
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ETAPA DA DEPRESSÃO
Essa etapa coincide com o momento no qual o paciente
se dá conta do avanço da sua doença e das dificuldades
que acarreta o seu estado físico. Surge assim uma
intensa sensação de perda e torna-se potente uma
intensa reação de depressão, diante da consciência de
que vai perder tudo e todos;
O silêncio, as lágrimas, o semblante triste, o olhar
perdido e as expressões de autocomiseração são
manifestações que permitem identificar facilmente que o
paciente está passando por uma fase depressiva
generalizada.
ETAPAS DO PROCESSO DE MORRER
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ETAPA DA ACEITAÇÃO
Nessa última fase o paciente aceita o seu destino de
maneira consciente e serena, preparando-se para a
morte. Deixa de lutar, e o interesse pelas pessoas que o
cercam diminui consideravelmente, habitualmente o
paciente deseja estar sozinho e não demonstra nem o
desespero nem a raiva das etapas anteriores, sinal de
que parece estar em paz, aguardando o momento da
morte;
Nesse momento, a família do paciente necessita de mais
compreensão e ajuda do que o próprio paciente, para
poder despedir-se dele e passar por seu próprio
processo de luto.
ETAPAS DO PROCESSO DE MORRER
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NECESSIDADES ESPIRITUAIS
Muitos dos pacientes agonizantes encontram grande
ajuda e consolo em suas crenças religiosas. É importante
conhecer as necessidades espirituais de um paciente que
enfrenta a morte e esforçar-se para que seja assistido
conforme sua crença.
Alterações que antecedem a morte
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Neurológicos: agitação psicomotora, estado de
inconsciência, diminuição ou abolição de
reflexos, relaxamento muscular, queda da
mandíbula, incapacidade de deglutição, acúmulo
de
secreção
orofaríngea,
relaxamento
esfincteriano e midríase.
Cardiocirculatório e respiratório: pulso filiforme,
hipotensão arterial, choque, taquicardia ou
bradicardia, dispnéia acentuada, respiração
ruidosa e irregular, cianose, equimoses, pele
pálida e fria, sudorese fria e viscosa.
Cuidados paliativos
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“Da mesma forma que existe uma
preparação para o nascimento, é preciso
ter uma diante da morte”.
O objetivo do grupo de cuidados paliativos
é preparar o enfermo e seus familiares
para uma passagem tranquila.
Cuidados paliativos
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O primeiro passo é aliviar a dor do doente. Se
não há mais meios de tratar a enfermidade, a
idéia é controlar ao máximo os sintomas e
diminuir a agonia.
Como há muitos pacientes que preferem ficar
em casa, a assistência pode ser prestada a
domicílio.
"O sofrimento somente é intolerável quando
ninguém cuida"
(Cicely Saunders)
FMT - Enfermagem - T IV - 3º
semestre - Dez/09
O Enlutado
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Sintomas físicos, que são decorrências
fisiológicas normais do enlutamento:
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Solidão e isolamento;
A forte intensidade do luto às vezes acompanhado
por sentimentos de pânico ou idéias suicidas;
Medo do colapso nervoso, muitas vezes referido após
a experiência de ver ou ouvir o morto;
Falta de um espaço para a expressão de culpa ou
raiva, uma vez que a família está enlutada e, muitas
vezes, não oferece espaço para essas manifestações.
O que fazer...
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Escute - Seja “rápido no ouvir”, uma das
coisas mais prestimosas que podemos
fazer é partilhar a dor da pessoa enlutada
por escutar.
Inspire confiança - Assegure-lhes que
fizeram tudo o que era possível (ou aquilo
que sabe ser verdadeiro e positivo).
O que não fazer...
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Não evite o contato com eles por não saber o
que dizer ou fazer;
Não se precipite em aconselhá-los a desfazer-se
dos objetos pessoais do falecido antes de
estarem dispostos a fazer;
Não os pressione para deixarem de sentir pesar;
Não evite mencionar a pessoa falecida;
Não se precipite em dizer: “Assim foi melhor”.
Realizando os cuidados
terminais
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Objetivo último da medicina "curar às vezes,
aliviar freqüentemente e confortar sempre“
(Adágio Francês do século XVI)
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Geralmente o médico comunica o óbito a família.
É necessário lembrar que o cadáver merece todo
respeito e consideração, e que sua família deve
ser atendida com toda a atenção, respeitando-se
sua dor e informando-a cuidadosamente, de
modo compreensível, sobre os procedimentos a
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serem realizados.
semestre - Dez/09
Realizando os cuidados
terminais
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Após a constatação do óbito inicia-se o preparo
do corpo: limpeza e identificação, evitar odores
desagradáveis e saída de secreções e sangue e
adequar a posição do corpo antes que ocorra a
rigidez cadavérica.
Durante o ritual de preparo do corpo, as cortinas
em torno dele devem ser cerradas ou os
biombos colocados ao redor do leito, evitando
mal-estar aos demais clientes do lado, que
muitas vezes percebem o ocorrido por
intermédio da linguagem não-verbal que a
equipe utiliza.
Realizando os cuidados
terminais
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A equipe de enfermagem deve anotar no
prontuário a hora da parada cardiorrespiratória,
as manobras de reanimação e os medicamentos
utilizados, a hora e a causa da morte, assim
como o nome do médico que constatou;
Nos casos de trauma (arma de fogo, arma
branca, acidentes de qualquer tipo, suicídio), os
cadáveres devem ser encaminhados ao IML,
sem tamponamento, com uma guia especial.
Neste caso não preenchimento de atestado de
óbito.
Cuidados Terminais
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Colocar biombos em volta do leito se for enfermaria;
proporcionar ambiente calmo, arejado, silencioso.
Quanto à integridade de pele e mucosas: manter o
paciente limpo, seco, confortável, livre de odores,
mudança de decúbito, tendo-se o cuidado de manter o
alinhamento correto do corpo, em cama confortável e
com grades, massagem de conforto, higiene oral
frequente, mantendo os lábios lubrificados, higiene
ocular com água boricada e proteção se estiver sem
reflexo palpebral (pode-se ocluir os olhos, abaixando-se
as pálpebras e colocando tira fina de esparadrapo, ou
proteger com gaze umedecida em água boricada),
manter curativos limpos.
Cuidados Terminais
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Manter o controle dos sinais vitais, sondas, drenos,
eliminações, venóclise. Zelar pela permeabilidade das
vias aéreas superiores, retirar prótese dentária, aspirar
secreção orofaríngea e endotraqueal, umidecer o ar
inspirado.
Observar e anotar qualquer anormalidade, notificando a
enfermeira ou médico. O conforto, o apoio e o
encorajamento são essenciais, tanto para o paciente
como para os familiares. Contudo, a maneira de abordálos vai depender das circunstâncias, do estado
emocional em que se encontram, da concepção filosófica
e também do grau de sensibilidade e preparo da equipe.
Cuidados Terminais
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Estar ciente de que a audição é o último
sentido que se extingue, de maneira que a
equipe deve zelar por uma atitude de
respeito, propiciando ambiente calmo,
sem tecer comentários alusivos a sua
doença ou que possam ferir a sua
sensibilidade.
Cuidados Terminais
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A assistência ao corpo de um paciente após a morte
deve ser prestada com dignidade e respeito,
independentemente do procedimento a ser seguido.
Os profissionais da equipe de enfermagem extrapolam a
dimensão do cuidar e do cuidado para além do momento
de morte já que a eles cabem o cuidado com o corpo
pós-morte.
O decreto 94.406/87, que regulamenta a Lei nº
7.498/86, que dispõe sobre a regulamentação do
exercício da Enfermagem em nosso país, determina:
Cuidados Terminais
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“Art. 11– O auxiliar de Enfermagem executa as
atividades auxiliares, de nível médio atribuídas a equipe
de Enfermagem, cabendo-lhe:
VIII – Participar dos procedimentos pós-morte.”
O Código de ética dos profissionais de Enfermagem
(Resolução COFEN nº 311/2007), em sua Seção I, das
relações com a pessoa, família e coletividade; das
responsabilidades e deveres dos profissionais de
enfermagem, afirma:
“Art. 19 – Respeitar o pudor, a privacidade e intimidade
do ser humano, em todo seu ciclo vital, inclusive nas
situações de morte e pós-morte.”
TIPOS DE ÓBITO
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Definido – quando a causa da morte é
conhecida;
Mal-definido – quando a causa da morte é
desconhecida. O corpo é submetido à autópsia;
Caso de polícia – tem comprometimento legal.
São óbitos decorrentes de acidentes e
agressões, o corpo é encaminhado ao Instituto
Médico Legal (IML).
Preparo do Corpo
Preparo do Corpo
Preparo do Corpo
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DETALHES
CORPO
IMPORTANTES
AO
PREPARAR
O
Observar à hora, fechar os olhos, elevar ligeiramente a
cabeceira deixando os membros alinhados, colocar a
prótese dentária se houver, retirar sondas, drenos,
cateteres, cânulas e etc. Retirar da cama travesseiro e
roupas extras, cobrir o corpo com um lençol, reunir o
material para o preparo do corpo.
Preparo do Corpo
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FINALIDADES:
Deixar o corpo limpo e asseado, colocar
em boa posição, evitar a saída de gases,
evitar mal odor, evitar a saída de sangue e
excreções, preservar a aparência natural
do corpo, preparar o corpo para o funeral,
facilitar a identificação do corpo.
Preparo do Corpo
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MATERIAL
Bandeja, que deve ser colocada em um carrinho ou
mesa auxiliar, contendo: uma bacia com água, duas
etiquetas com os dados do falecido, uma cuba-rim com
pinça anatômica, esparadrapo, ataduras, luvas de
banho, gaze ou pedaço de pano, luvas de procedimento,
algodão, absorvente, saco plástico para resíduos,
alfinetes de segurança ou fita crepe, tesoura, material de
curativo, avental, lençóis, hamper, biombos, roupas
limpas para o sepultamento.
Preparo do Corpo
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MÉTODO DE PREPARO
Cercar o leito com biombos, colocar o avental e calçar as
luvas de procedimento e outros equipamentos de proteção
individual (EPI), com máscara e óculos caso necessário;
Retirar todos os travesseiros, deixando o cadáver em decúbito
dorsal horizontal;
Trazer o material, colocando a bandeja na mesa de cabeceira
ou aproximar o carrinho ou mesa auxiliar;
Retirar sondas, drenos, cateteres e trocas os curativos,
fixando-os bem;
Soltar as roupas de cama;
Retirar a roupa do corpo colocando-a no hamper (Caso seja
do paciente, guardar pertences para entregar a família);
Preparo do Corpo
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Lavar o corpo mantendo-o coberto com o lençol;
Tamponar orelha e orofaringe (Boca e faringe). Na
orelha, introduzir o algodão o mais profundamente
possível;
Para a região orofaríngea tracionar a língua para frente.
Com a pinça introduzir o algodão de modo a bloquear a
orofaringe;
Tamponar o ânus e a vagina (Caso seja o sexo
feminino), introduzindo algodão, e externamente colocar
o absorvente ou algodão para coletar urina ou fezes;
Colocar uma das etiquetas no peito do falecido fixando
com esparadrapo ou outra fita adesiva;
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Vestir a roupa a ser usada para o sepultamento;
Enfaixar o queixo, pés e mão usando ataduras;
Virar o corpo em decúbito lateral e estender o lençol
sobre o colchão;
Envolver o corpo com o lençol;
Colocar a segunda etiqueta presa com alfinete ou fita
adesiva no lençol, a altura peito, com as informações
viradas para o lençol, impossibilitando a leitura
indesejável ao transportar o cadáver; Colocar o corpo
sobre a mesa (sem colchonete) e transportá-lo ao
necrotério;
Providenciar a limpeza e a ordem do material;
Tirar o avental, as luvas e lavar as mãos;
Anotar no prontuário “óbito”, horário e outros dados do
interesse.
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OBSERVAÇÕES
Se o paciente tiver prótese dentária colocá-la
imediatamente após a morte;
Fechar os olhos, fazendo compressão nas pálpebras ou
colocando compressas de gaze embebida em água fria,
gelada ou éter;
Se houver curativo, substituir por curativo limpo;
O tamponamento só pode ser efetuado após a
assinatura do atestado de óbito;
Nas etiquetas devem constar: nome, leito, clínica, data e
hora do falecimento e o nome de quem preparou o
corpo do falecido;
Se o morto tiver objetos de uso pessoal (aliança, relógio,
etc.). Entregar a família ou a seção competente;
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O corpo deve permanecer no necrotério até que seja
feita a necropsia ou o enterro;
Zelar para que a família seja imediatamente avisada. Dar
apoio emocional e orientação para o funeral se
necessário.
Nos locais onde a funerária faz o tamponamento a
técnica descrita acima deve ser reavaliada.
No caso de portador de HIV ou de outra doença
transmissível:
Usar avental, luvas, óculos e máscara;
Manipular o corpo o mínimo possível;
Envolver o corpo em lençol e plástico (para o
transporte), quando apresentar possibilidade de
extravasamento de secreções, colocando o rótulo
“RISCO DE CONTAMINAÇÃO”. A urna deve permanecer
fechada.
OBRIGADO
Espera-se que a equipe de enfermagem,
mediante o cuidado profissional, desenvolva
suas ações objetivando não somente assistir o
ser humano no instante sublime que é seu
nascimento, mas se comprometer com esse
momento desconhecido em sua essência, ou
seja, o momento da morte.
Prof. Euler Esteves Ribeiro, M.D., Ph.D.
FMT - Enfermagem - T IV - 3º
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MORTE - Universidade Castelo Branco