Muitos nomes de destaque no Estado são de enfermeiros. Drª Marinêze Araújo Meira, enfermeira, é presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Mato Grosso
(COSEMS/MT), diretora adjunta de Relações Institucionais e Parlamentares do Conselho
Nacional de Secretários Municipais de Saúde e secretária de Saúde de Diamantino. Participa,
portanto, das definições de políticas de saúde nos âmbitos municipal, estadual e nacional.
COREN-MT - O que representa
uma enfermeira estar no comando
do Conselho de Secretarias
Municipais de Saúde do Estado?
Drª. Marinêze - Eu acho que a
Enfermagem, que a própria formação,
ela tem um campo muito amplo de atuação. E o que a gente quer mudar no SUS?
É tirar o foco da doença, da assistência e
quem tem essa visão
é o enfer meiro.
Porque a saúde não é
feita só de médico e
remédio. Esse perfil
facilita muito trabalhar com a f o rmulação de políticas.
COREN-MT - Fale um pouco para
nós sobre o COSEMS.
Drª. Marinêze - O COSEMS tem como objetivo o fortalecimento do SUS,
principalmente em nível municipal.
Ajudar os gestores a cumprir seu papel.
Em nível de Estado e, com essa lógica,
ajudar a formar as políticas nacionais. O
que tem de decidir para o país, a decisão
primeira é tripartite. O COSEMS leva as
necessidades do Estado para serem discutidas e incluídas na realidade nacional.
Ele tem o papel de dizer 'essa política,
dessa forma, não será eficaz em nosso
Estado'. Mas nós [diretoria do
COSEMS formada por presidente, vice-presidente e secretária-geral] não decidimos nada sozinhos, temos um
Colegiado. A gente tem também 16 vices regionais que, além de trazer as demandas regionais para o COSEMS, ainda leva as decisões para os regionais. Na
realidade, a gente tem uma capilaridade
nos 141 municípios. [...] Nós conseguimos, então, formular políticas que contemplem cada região. O COSEMS dá diretrizes.
COREN-MT - Na sua opinião, o que
a levou à presidência do Cosems?
Drª. Marinêze - Eu acredito que tenha
sido a atuação no Sistema. Eu trabalho
no SUS desde 1984. Já fui enfermeira da
assistência, diretora de Escritório
Regional de Saúde de Diamantino e de
Cuiabá, já fui diretora do Distrito
Sanitário, assessora da Secretaria de
Saúde de Cuiabá, coordenadora estadual
de Saúde da Família, assessora da
Secretaria de Estado de Saúde e, recentemente fui convidada para assumir a saúde de Diamantino.
Eu acho que com essa vivência, a gente
acaba sendo reconhecida. Os prefeitos
precisam de pessoas
na saúde que trabalham com afinco, porque a saúde é muito visada. A saúde elege
gestores quando vai
bem e derruba prefeitos quando é ruim.
COREN-MT Quais políticas de saúde, na sua opinião, são prioridade para Mato Grosso e o que o COSEMS
têm feito para alcançar esse objetivo?
Drª. Marinêze - Prioridade para os municípios de Mato Grosso: formação e qualificação de recursos humanos. Como é
que quero melhorar o serviço, mudar as
políticas, a assistência, se não temos pessoas para fazer o serviço nessa nova forma? Outra prioridade hoje é fortalecer a
atenção básica dos municípios. Reduzir o
encaminhamento para outros municípios por meio da Saúde da Família. Reduzir
a mortalidade infantil. Se a gente não tratar a família de risco, a seqüela é muito maior, que aí vem a violência e aí já viu, né?
Outra prioridade é o financiamento da saúde. Não só pela necessidade de mais recursos, como também para melhorar os
gastos.
COREN-MT - A senhora é membro
do CONASEMS. Como a senhora avalia a Saúde de MT diante do quadro
nacional e quais políticas nacionais
de saúde devem ser aplicadas?
Drª. Marinêze - Em termos de estrutura
organizacional, Mato Grosso está muito
avançado. Mato Grosso tem um sistema
regionalizado de saúde. Os municípios já
se organizam através de consórcio e agora que o Ministério começou a reconhecer e incentivar o consórcio. Agora quanto ao serviço de saúde, nós temos um pacto que norteia o Estado, a União e os municípios. Mas uma coisa é o que está no
papel e outra coisa é trabalhar, definir como implantar esse pacto. As prioridades,
definidas nesse pacto são fortalecimento da Atenção Básica, Saúde do Idoso,
Saúde Mental, e a redução da mortalidade por câncer de colo de útero, da mortalidade materna e infantil e de doenças
infecciosas como dengue, hanseníase e
malária.
COREN-MT - Como você enxerga a
enfermagem? A profissão executa de
forma satisfatória o seu papel?
Drª. Marinêze - Eu acho que a
Enfermagem cada dia ocupa mais espaço, mas depende muito de cada profissional. Acho que nós temos bons profissionais, que fazem a diferença. Acho que
essas lutas têm fortalecido a
Enfermagem e acho que ela tem uma
boa atuação. A profissão conquistou muito espaço e tem muito espaço para conquistar ainda. Mas me preocupa a qualidade da formação, porque está aumentando muito os cursos. Tem que estudar
a abertura de curso e ter uma regulação
mais rígida. Porque se não tiver um controle, cai a qualidade nos trabalhos da categoria.
COREN-MT - O que é e como ser
um enfermeiro-gestor? Qual é o papel do profissional de enfermagem
na saúde pública?
Drª. Marinêze - O profissional não é
preso ao corporativismo e na gestão isso
é muito importante. Como o enfermeiro
também não é preso à assistência, ele se
torna gestor. Hoje não podemos pensar
a saúde sem o enfermeiro, tanto na assistência, quanto na gestão. O enfermeiro é
mais acessível à mudança. É uma questão de perfil. O enfermeiro é o profissional com quem você pode discutir vigilância, promoção, não só a preocupação
com a doença.
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